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Teoria do Conhecimento e Filosofia da

Ciência IV
Metamorfoses do empirismo:
Hempel e Neurath
ou: A quadratura do Círculo
(de Viena)
Unidade 1 – Parte 2
Prof. Dr. Valter Alnis Bezerra
Universidade de São Paulo
Departamento de Filosofia
FLF-0469
O contexto da discussão

A estrutura das teorias científicas


O contexto da discussão
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas
Exemplos: Herbert Feigl – “A visão ‘ortodoxa’ de teorias:
Comentários para defesa assim como para crítica”

Fonte: John
Losee, A
Historical
Introduction to
the Philosophy
of Science
(4a. ed., Oxford
University
Press, 2001)
Contexto
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas – Uma síntese
Fonte: Frederick Suppe (ed) – The structure of scientific

(1) Existe uma linguagem de primeira ordem L (passível de


ampliação com operadores modais), em termos da qual se
formula a teoria, e um cálculo lógico K, definido em termos de
L.

(2) As constantes não-lógicas de tipo descritivo e os


predicados de L (“termos”) dividem-se em duas classes
disjuntas:
(a) um vocabulário observacional VO, que contém
somente termos observacionais (VO deve conter ao
menos uma constante individual);
theories (1974, 1977)

(b) um vocabulário teórico VT, que contém os termos


não-observacionais ou teóricos.

(Para manter uma terminologia homogênea, pode-se referir à


classe dos termos lógicos de L como sendo o vocabulário
lógico VL.)
Contexto
(Parêntese: o teórico e o observacional)

Exemplos de entidades, objetos ou processos tradicionalmente


considerados como:
Observáveis Teóricos / inobserváveis

Água Campo elétrico


Madeira Elétron
Metal Átomo
Núcleo celular Função de onda quântica 
Satélite natural Ego, superego, id (em psicanálise)
Aglomerado de galáxias Estruturas cognitivas (em psicologia)
Cadeias estímulo-resposta Big Bang
(em psicologia behaviorista)
Contexto
(Parêntese: o teórico e o observacional)

Exemplos de propriedades tradicionalmente consideradas como:

Observáveis Teóricas / inobserváveis


[No máximo, podemos detectar a sua presença apenas
indiretamente, através dos seus efeitos — se e quando
isso for possível]
Cores (p. ex. vermelho) Dualidade / Complementaridade
Quente / Frio partícula-onda
(somente se detecta cada um dos aspectos
À esquerda de
separadamente, nunca os dois juntos)
Em contato com Superposição de estados quânticos
Mais comprido que (raiz do paradoxo conhecido como o “gato de
Schrödinger”)
Sobre / sob
Duro / mole
Flutuar / afundar
Horário / anti-horário
Contexto
(Parêntese: o teórico e o observacional)

Exemplos de grandezas tradicionalmente consideradas como:

Observáveis Teóricas / inobserváveis

Pressão, Volume e Spin de uma partícula


Temperatura (detectado indiretamente através do experimento de
Stern-Gerlach)
(as variáveis termodinâmicas clássicas)
Comprimento de onda Energia
(detectada através do trabalho que ela realiza)
Distância Função potencial, p.ex. “V(x)”
Velocidade Tensor de curvatura do espaço-tempo
Aceleração (em teoria da relatividade)
Ângulo de espalhamento
Grau de adaptação dos
organismos
(em teoria da evolução)
Contexto
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas – Uma síntese (cont.)
(3) A linguagem L se divide nas seguintes sublinguagens, e o cálculo K
nos seguintes subcálculos:
(a) A linguagem observacional LO é uma sublinguagem de L que
não contém quantificadores nem operadores modais, e contém
termos de VO, mas nenhum termo de VT. O cálculo associado KO é
a restrição de K a LO e deve ser tal que todo termo não-VO (isto é,
não primitivo) de LO esteja explicitamente definido em KO; além
disso, KO deve admitir ao menos um modelo finito. [Questão da
consistência.]
(b) A linguagem observacional logicamente ampliada LO’ não
contém termos VT e pode ser considerada como formada a partir
de LO adicionando-lhe os quantificadores, operadores, etc. Seu
cálculo associado KO’ é a restrição de K a LO’.
(c) A linguagem teórica LT é a sublinguagem de L que não contém
termos VO; seu cálculo associado KT é a restrição de K a LT.
Estas sublinguagens, se reunidas, não esgotam L, pois L também
contém enunciados mistos — isto é, enunciados nos quais aparecem ao
menos um termo de VT e um de VO. Ademais, supõe-se que cada uma
das sublinguagens anteriores tem seu próprio conjunto de predicados
e/ou variáveis funcionais, e que LO e LO’ partilham o mesmo conjunto,
que é distinto do de L .
Contexto
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas – Uma síntese
(4) LO e seus cálculos associados recebem uma interpretação
semântica que satisfaz as seguintes condições:
(a) O domínio de interpretação consta de eventos ou
coisas concretas e observáveis. As relações e
propriedades da interpretação devem ser diretamente
oberváveis.
(b) O valor de cada variável de LO deve ser designado
por uma expressão de LO.

Segue-se que qualquer das interpretações de LO e KO,


ampliada mediante regras veritativas adicionais apropriadas,
se tornará uma interpretação de LO’ e KO’. Pode-se entender
as interpretações de LO e KO como interpretações semânticas
parciais de L e K, e se requer, além disso, que não se dê
nenhuma interpretação semântica observacional de L e K
diferente daquelas.
Contexto
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas – Uma síntese
(5) Uma interpretação parcial dos termos teóricos e dos
enunciados de L que os contenham pode ser conseguida
mediante as seguintes duas classes de postulados:
(a) os postulados teóricos T (isto é, os axiomas da teoria),
nos quais só aparecem termos de VT;
(b) as regras de correspondência C, que são enunciados
mistos.

As regras de correspondência C devem satisfazer as seguintes


condições:
(i) o conjunto de regras C deve ser finito;
(ii) C deve ser logicamente compatível com T;
(iii) C não deve conter termos extra-lógicos que não
pertençam a VO ou a VT;
(iv) cada regra de C deve conter, de maneira essencial, ao
menos um termo de VO e ao menos um termo de VT.

Seja T a conjunção dos postulados teóricos e C a conjunção das


regras de correspondência. Então a teoria científica baseada em
L, T e C consiste na conjunção de T • C e pode ser designada
abreviadamente por TC.
O contexto da discussão
A concepção standard ou ortodoxa de teorias
científicas

(1) FORMALISMO SEM FORMALISMO COM


INTERPRETAÇÃO = (2) INTERPRETAÇÃO =
TEORIA MATEMÁTICA TEORIA CIENTÍFICA
Conceitos primitivos Conceitos físicos primitivos

Conceitos derivados SISTEMA Conceitos físicos derivados

Postulados ou axiomas DE Leis / hipóteses científicas

Regras de inferência INTERPRE- (idem)

Teoremas TAÇÃO Conseqüências dedutivas

— Conseqüências testáveis
empiricamente 
conseqüências dedutivas
O contexto da discussão
Regras de correspondência e base empírica (1)

PRIMEIRA FASE DO
POSITIVISMO LÓGICO
Definições explícitas
Definições operacionais

“Solo da observação”
O contexto da discussão
Regras de correspondência e base empírica (2)

CARNAP [1936/1937]
Sentenças de redução
Pares de redução
Sentenças de redução bilaterais
Cadeias de redução
INTERPRETAÇÃO PARCIAL

Q1  (Q2  Q3)

R1  (R2  Q1)

S1  (S2  R1)
S4  (S5  R1)
O contexto da discussão
Regras de correspondência e base empírica (3)

POPPER
Enunciados básicos
Convencionalismo da base
empírica
Metáfora da palafita sobre o
pântano

Hipóteses falseadoras
Contexto
Teses do empirismo lógico que receberam as
maiores críticas
Em: CARRILHO, M. M. (ed) – Epistemologia: posições e
Texto central: PUTNAM, H. “O que as teorias não são”.

 Empirismo reducionista (criticado por Quine em “Dois dogmas


do empirismo”)
 Critério empirista de significado (criticado por Hempel em
“Problems and changes...”)
 Dicotomia teórico-observacional (criticada por Putnam, Hanson
e Feyerabend)
 Dicotomia analítico-sintético (não inventada pelo positivismo
lógico, mas essencial para os seus propósitos, e criticada por
Quine em “Dois dogmas do empirismo”)
 Distinção entre contexto da descoberta e contexto da
críticas, pp. 299-326.

justificação (criticada pelos “amigos da descoberta” nos anos


80)
 Rejeição da metafísica como carente de significado (criticada
por Popper e outros)
Contexto
Teses do empirismo lógico que receberam as
maiores críticas (cont.)

 Verificacionismo e indutivismo (criticados por Popper via


falseacionismo e dedutivismo)
 Vulnerabilidade aos problemas do holismo teórico (“tese
Duhem-Quine”) e da subdeterminação empírica (o que não é
exclusividade do positivismo lógico)
 Excessivo “teoria-centrismo”, dando pouca atenção outros
elementos do sistema do conhecimento científico (analogias,
modelos, valores, etc)
 Descoberta dos paradoxos da confirmação (Hempel e
Goodman)
 Noções de redução e explicação afetadas pelos problemas da
inconsistência e da variância de significado (apontados por
Feyerabend em “Explanation, reduction and empiricism”)
 Concepção de progresso atrelada ao pressuposto da
comensurabilidade (criticado por Kuhn e Feyerabend)
Contexto
Posições do empirismo lógico que sofreram as
maiores revisões
 (Auto-)crítica ao critério empirista de significado demasiado
rígido, e posterior migração para uma concepção holista de
significado (Hempel)
 “Princípio de tolerância” de Carnap relativo aos diferentes
modos de reconstrução filosófica (em Logical Syntax of
Language)
 Crítica à noção de teste conclusivo, e formulação da noção de
“quebra de confiança” (Neurath)
 A tese de que a ciência não se limita às teorias, mas se
estrutura em sistemas mais ricos e complexos (as
“enciclopédias-modelo”) (Neurath)
 A epistemologia coerentista (não-fundacionalista) de Neurath
 A noção de que mesmo a base empírica da ciência (formada
por “enunciados protocolares”) é revisável (Carnap, Neurath)
 Admissão da função essencial desempenhada pelos termos
teóricos na ciência e descoberta da sua redutibilidade
incompleta e do seu “significado excedente” (Carnap)
 Reinserção dos valores na concepção de ciência (Hempel)
Contexto
Principais legados filosóficos / científicos do
empirismo lógico

 Pleno conhecimento e uso intensivo das novas ferramentas


da lógica na análise filosófica
 Elevado padrão de rigor e caráter sistemático
 Primeira concepção sistemática de estrutura das teorias
científicas adequada às teorias científicas contemporâneas
 Primeira concepção sistemática de redução teórica (E.
Nagel)
 Formulação de uma concepção geral de explicação científica
(o modelo D-N, de Carl Hempel) – Debate sobre a amplitude
do seu âmbito de aplicação (p. ex. História? Sociologia?)
 Colocação, de maneira precisa, do debate sobre o estatuto
cognitivo dos termos teóricos e das teorias científicas
(realismo vs. instrumentalismo)
 Identificação de dificuldades inerentes às noções de teste,
teoricidade, observabilidade e à estrutura da interface teoria-
experimento
Contexto
Principais legados filosóficos / científicos do
empirismo lógico (cont.)

 Estudo aprofundado das questões relativas à lógica indutiva


e teoria da probabilidade
 Consolidação de uma agenda de questões epistemológicas
como a relação entre teoria e realidade, a base empírica da
ciência, o problema do significado, a racionalidade, o
problema da indução
 Uma imagem filosófica de ciência que procurou se adequar
às novas teorias científicas do século XX (relatividade, teoria
quântica, síntese clássica em Biologia, teoria da informação)
 Contribuiu para consolidar os campos de pesquisa da
filosofia do espaço-tempo, dos fundamentos da mecânica
quântica e da filosofia da probabilidade.
 Proporcionou inspiração para uma corrente relevante, a
“Interpretação de Copenhagen” da MQ
 Proporcionou inspiração para outra vertente relevante, a
psicologia behaviorista
W. V. Quine e Donald Davidson
A desconstrução do empirismo prossegue
Quine
O problema do input e do output no empirismo

«Creio que ... pode ser mais útil dizer que a epistemologia segue
em frente, embora em uma nova configuração e com um estatuto
esclarecido. A epistemologia, ou algo semelhante a ela,
simplesmente encontra seu lugar como um capítulo da psicologia
e, portanto, da ciência natural. Ela estuda um fenômeno natural,
a saber, um sujeito físico humano. Esse sujeito humano recebe
um certo input experimentalmente controlado – por exemplo,
certos padrões de radiação em frequências selecionadas – e,
após um certo tempo, emite como output uma descrição do
mundo tridimensional e de sua história. A relação entre o input
ralo [meager] e o output torrencial é uma relação que somos
impelidos a estudar, de certo modo, pelas mesmas razões que
sempre impulsionaram a epistemologia;a saber, para ver como a
evidência se relaciona com a teoria, e de que maneiras a teoria
da natureza que alguém possui transcende toda a evidência
disponível.»

 W. V. O. Quine, “Epistemologia naturalizada”, trad. V. A.


Bezerra.
Quine
Input ralo e output torrencial

Input “magro” Output torrencial

Foto: Aleksandr Rodtchenko


Quine (& Hempel, Duhem, Lakatos, Laudan...)
Subdeterminação empírica

Como chegar a uma decisão?

T1 T2 T3

Base empírica TN
(Resultados
Observacionais)
Quine reencontra Neurath
O analítico e o sintético

A visão tradicional:
Uma dicotomia nítida entre analítico e sintético.
Quine reencontra Neurath
O analítico e o sintético

A visão de Quine:
A distinção analítico/sintético não é
uma dicotomia, mas sim uma questão de grau.
Quine
Os dois dogmas do empirismo – 1

 Primeiro dogma: Distinção analítico/sintético

Podemos dizer que Quine coloca em questão as distinções entre


teoria, formalismo matemático, linguagem e base empírica.
 QUINE, W. v. O. “Dois dogmas do empirismo” (1953). Trad. por Marcelo G.
S. Lima. Em: Os Pensadores - Ryle, Strawson, Austin, Quine (2ª ed.), pp.
231-248. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
 “Two dogmas of empiricism”. Em: W. v. O. Quine – From a logical point of
view - Nine Logico-Philosophical Essays (2nd rev. ed.) , pp. 20-46.
Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1980.

Mais tarde, Hilary Putnam (1968) irá perguntar, nessa linha:


“A lógica é empírica?”

Lógica Geometria
______________ :: _______________
Mecânica quântica Teoria da relatividade
Quine
Os dois dogmas do empirismo – 2

 Segundo dogma: O reducionismo de significado


Hume, Carnap, Wittgenstein – Critério de significado
 “Dada uma idéia, somos capazes de mostrar de quais
impressões deriva essa idéia?”
 “Um enunciado possui significado cognitivo se não for
analítico e for { testável em princípio | traduzível para uma
linguagem empirista | interpretável empíricamente } ”
 “O significado de um enunciado é o seu método de
verificação”

A visão de Quine sobre (2):

O todo da ciência é a unidade de significado,


e não os enunciados isolados

Notar a conexão com Hempel (ver Unidade 1, Parte 1)


Donald Davidson
O terceiro dogma do empirismo

A noção de esquemas conceituais que são diferentes não é inteligível


– nem tampouco a noção de esquemas conceituais que são
idênticos!

Isso acontece porque a diferenciação entre esquemas conceituais


repousa, em última análise, sobre o “terceiro dogma do empirismo”
(depois do dogma da dicotomia analítico / sintético e do dogma do
reducionismo de significado).

 Trata-se do dogma do dualismo entre esquema conceitual e


realidade.
Donald Davidson
O terceiro dogma do empirismo
 Distinção entre esquema conceitual e realidade não-interpretada

conceitos
Conceitos

Esquema
conceitual

Conceitos

REALIDADE

DOMÍNIO A CONJUNTO DE ASPECTOS 

CONJUNTO DE
ASPECTOS 

CONJUNTO DE ASPECTOS  DOMÍNIO B


Donald Davidson
O terceiro dogma do empirismo
Donald Davidson
O terceiro dogma do empirismo

DAVIDSON, Donald – “Sobre a própria ideia de um esquema conceitual” (1974). Trad. por
Celso R. Braida. In: BRAIDA, C. S. (org) – Antologia de ontologia (textos selecionados),
pp. 5-26. Florianópolis: Rocca Brayde, 2011.
Donald Davidson
O terceiro dogma do empirismo

Pergunta: que implicações a crítica davidsoniana tem para


projetos tais como:

 A distinção entre formalismo e interpretação (cf. acima);


 Regras de correspondência (idem);
 Critério empirista de significado;
 Distinção teórico/observacional;
 A nitidez da distinção entre uma epistemologia empirista e
outras epistemologias.

 Que implicações isso tem para a teoria do conhecimento


científico?
 Que empirismo será esse – se é que ainda se trata de um
empirismo?
 Que implicações isso pode ter para a discussão sobre
incomensurabilidade entre paradigmas (Thomas Kuhn)?
Donald Davidson
Uma epistemologia coerencial
Textos centrais: DAVIDSON, D. – “Belief and the basis of

A epistemologia de Davidson é um sistema conceitual


complexo.
meaning” (1974); “A coherence theory of truth and

Ela inclui argumentos a respeito das seguintes teses:

 A indeterminação da crença (por analogia com a


indeterminação da tradução de Quine);
 O princípio de caridade na interpretação e na atribuição de
sistemas de crenças;

 E, com base nas teses acima, estes argumentos:


 A crítica ao terceiro dogma do empirismo;
knowledge” (1989).

 Uma estratégia de argumentação contra o ceticismo.


Endereços

http://sites.google.com/site/filosofiadacienciausp/
http://filosofiadacienciausp.wordpress.com/

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