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especial

Novela uma paixão nacional POR PIERO VERGÍLIO

Produções
ão é exagero dizer que na noite de 06 de janeiro de
1989 o Brasil literalmente parou. Naquela época, a
imprensa destacou que “bares ficaram vazios, teatros e
cinemas queixaram-se do movimento reduzido; o trânsito
fluía surpreendentemente bem para uma sexta-feira”. A brasileiras
conquistam
explicação para esta situação atípica é simples: milhões de
telespectadores estavam curiosos para descobrir quem
matou Odete Roitman, personagem da atriz Beatriz
Segall na novela “Vale Tudo”.
Mais de 20 anos depois, a trama escrita por milhões de
espectadores.
Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères – que
retratava a obsessão da jovem Maria de Fátima (Gloria Pires) em vencer
na vida a qualquer custo – volta a ser notícia. Isso porque, desde o início de
outubro, a novela está sendo transmitida na TV por assinatura. É difícil prever
a repercussão que a descoberta da identidade do assassino terá (devo advertir Além de
entreter, tramas
ao leitor que não espere encontrar tal informação nesse texto), mas por outro
lado não se pode negar que a reprise é um sucesso.
O recém-criado Viva, da Globosat, ocupa a liderança de audiência entre
os canais pagos durante a exibição alternativa de “Vale Tudo”, ao meio-dia,
conforme dados divulgados pelo Ibope. Os telespectadores que não estão em servem como
ponto de partida
casa neste momento e desejam acompanhar os capítulos, têm ainda outra
chance. A única ressalva é o horário, no mínimo ingrato: 0h45min. Mesmo
assim, por várias vezes, a novela figurou entre os assuntos mais comentados
do Twitter, principalmente durante a madrugada.
Tais evidências reforçam a ideia de que uma boa história é atemporal. para refletir
sobre temas
Na mesma linha, fica evidente a afinidade do público com este gênero de

>
entretenimento ficcional. Apesar da comprovada queda de audiência registra-
da nos últimos anos, as novelas ainda são o “carro-chefe” da programação das
emissoras: para se ter uma ideia, se consideradas apenas as tramas nacionais,
13 produções estão no ar atualmente, entre inéditas e reprises. importantes
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especial Rubens de Falco e
Lucélia Santos em “A
TV Globo

Escrava Isaura”, novela


da Globo que foi vista
por milhões de pessoas
em todo o planeta

Regina Duarte e Lima Duarte,


inesquecíveis como Viúva Porcina
Entre um infantil e outro e Sinhozinho Malta, de “Roque
Em algumas pessoas, esse é um hábito que começa a Santeiro”, um clássico da TV brasileira
se desenvolver ainda na infância. O fisioterapeuta Eduardo
Secco assistia ao “Xou da Xuxa”, na Globo; aos clássicos da
TV Cultura e ao “Clube da Criança”, na Manchete. Entre um
programa e outro, acompanhava o “Vale a Pena Ver de Novo”. Motivo para puxar conversa
“Minha mãe sempre gostou da faixa de reprises e eu acabava Outra que não esconde o seu encantamento pelo tema é a
conferindo as tramas ao lado dela. A primeira lembrança de bancária e personal stylist Aline Reis. “A novela funciona como
uma telenovela vem daí: Malu Mader, como a Duda, de ‘Top uma companhia para muita gente; é motivo para puxar conversa
Model’, que, desde então, é minha atriz preferida, embora e até mesmo uma referência. Ao se ouvir um ‘te ligo depois da
tenha suas limitações”, sentencia. novela’, as pessoas já sabem qual é horário. As tramas levam
Aos 23 anos, Eduardo lembra que, ainda criança, se esforçou para dentro das casas um mundo novo, diferente. Isso é o que
para aprender a ler e assim poder conferir os resumos das nove- mais me fascina”, empolga-se.
las nos jornais, que a tia – apontada como a principal incentiva- Aline revela-se uma admiradora da atriz sorocabana Eliane
dora dessa paixão – comprava especialmente para essa finalida- Giardini, por quem diz sentir um carinho imenso. Para ela, o
de. Essa ligação era tão forte que quando ela faleceu, em 2006, elenco é um dos principais atrativos de uma trama. “Fujo sem
o fisioterapeuta passou um bom tempo de luto, sem acompanhar pensar de uma produção protagonizada por alguém que eu não
uma trama sequer. gosto. Cito também a contextualização histórica e cronológica,
Para nosso entrevistado, vários fatores são decisivos para o que considero importantíssima. Às vezes, parece que os autores
sucesso de uma produção, embora ele não esconda sua preferên- acham que o público não percebe que datas são citadas e o
cia pelo enredo. “De nada adianta a novela possuir outros atra- tempo passa”.
tivos se não tiver uma boa história para contar. Foram os casos, A personal stylist acredita que a integração entre a história
por exemplo, de ‘Três Irmãs’ e ‘Tempos Modernos’. Bom elenco, exibida na TV e outras mídias é positiva. Ela – que adora saber o
produção impecável, autores competentes. Mas eram tramas sem que vai acontecer antecipadamente – confessa que era “desespe-
história alguma, que iam do nada para lugar nenhum”, opina. rador” ver nas revistas a frase “a emissora não forneceu o resumo
Apesar de não ser de obcecado pelas tendências lançadas pe- do capítulo”. Simultaneamente, Aline também destaca os blogs
las novelas, ele admite que, por várias vezes, usou camisa social e redes sociais, como o Twitter, por meio do qual o público pode
por fora da calça, assim como o Edu (Reynaldo Gianecchini), em interagir com os personagens como se eles fossem reais (falare-
“Laços de Família”. O corte de cabelo, na época, também era o mos mais sobre isso adiante).
mesmo utilizado pelo personagem. “A mesma trama despertou “Hoje em dia, a novela está nos celulares com TV dentro
meu interesse por fisioterapia, ao acompanhar as sessões reali- dos ônibus na volta para a casa, nos notebooks e computadores:
zadas pelo Paulo, interpretado por Flávio Silvino. Atualmente, as pessoas podem a qualquer momento assistir ao capítulo que
tenho usado várias camisetas listradas, como as do Sinval (Kayky perderam ou mesmo rever uma determinada cena. Mesmo com
Brito), de ‘Passione’”, confessa. tantas facilidades, as produções de antigamente costumam ficar
Eduardo relata que já ouviu algumas insinuações precon- na nossa memória afetiva. Tudo da infância parece melhor, e
ceituosas, mas, em contrapartida, esse hábito já lhe rendeu bons com as novelas não seria diferente”, arremata.
frutos. “Ganhei, por duas vezes, promoções do site da TV Globo. Por fim, Aline revela que participa de grupos de discussão e
E venci também o ‘Vídeo Game’, quadro apresentado dentro do comunidades sobre o tema na internet. Ela fez bons amigos e já
‘Vídeo Show’, pela Angélica. Essa minha paixão por novelas fez teve a oportunidade de conhecer alguns pessoalmente, nos cha-
com quem eu partisse para os roteiros também: foi em contato mados “orkontros”. “Muita gente não entende: ser tachado de
com noveleiros amigos que consegui uma chance de produzir um noveleiro não raramente é pejorativo, visto como algo de menor
texto meu, em parceria com uma escola de formação de atores importância; enquanto que um cinéfilo ou um grande apreciador
de Curitiba”, orgulha-se. de música são extremamente valorizados”.

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TV Globo
TV Globo

Beatriz Segall e Nathalia Timberg em cena de


“Vale Tudo”, clássico que, 20 anos depois,
volta a ser sucesso, mas na TV por assinatura
Regina Duarte e a filha Gabriela,
protagonistas de “Por Amor”,

TV Globo/Zé Paulo Cardeal e TV Globo/Alex Carvalho


drama que mexeu com a opinião
pública por conta da troca de bebês

Emoções fracionadas
Jornalista e pesquisador em teledramaturgia, Fábio Costa
acredita que a novela é um gênero popular porque o brasileiro
se deixa seduzir pelas histórias contadas e aprecia esta forma de
se narrar: parcelada, fracionada, com emoções constantes em
porções diárias. “É algo que dá certo há 60 anos”, frisa. Segundo
ele, não há uma fórmula pré-definida para o sucesso de uma
determinada trama.
“Janete Clair, que sem favor algum pode ser chamada de a
maior novelista brasileira, dizia que não sabia exatamente o por-
quê de suas histórias fazerem tanto sucesso, talvez fosse pela sua
forma de compreender o que o público queria ver, a emoção que
esperava sentir. Isso faz muito sentido”, argumenta. Por outro
lado, Fábio – que também já participou do ‘Vídeo Game’ e de
um quiz comandado por Silvio Santos – atribui a boa aceitação a
um conjunto de fatores. Murilo Benício e
Segundo ele, nas produções que deram “muito certo”, é Alexandre Borges
recorrente ouvir coisas como “tudo fluiu bem na novela” ou “a fazem sucesso no
equipe estava integrada e havia química”. Como exemplo, o remake de “Ti-ti-
jornalista cita “Roque Santeiro” – sua trama preferida, como ti”, sucesso das
ele faz questão de frisar – que reunia uma boa história, com 19h na Globo
romance, suspense e comédia no ponto exato, além de um bom
elenco e uma direção adequada. “A estes elementos, soma-se um
momento sociopolítico mais do que adequado para a exibição.
Não deu outra: foi um fenômeno”, ressalta.
Questionado sobre uma eventual perda de qualidade com
o decorrer do tempo, o jornalista não hesita em opinar. “Esse
saudosismo é muito normal. Se hoje dizem por aí que as novelas
de antigamente é que eram boas e o mesmo não se aplica às
tramas inéditas em exibição, daqui a 20 anos acharão o mesmo
das produções atuais – e isso será dito pelas mesmas pessoas”,
profetiza, aos risos.
Ao contrário de Aline, Fábio não gosta de saber dos aconte-
cimentos com antecedência, pois “mata a surpresa e a emoção,
que são fundamentais e ajudaram a fazer do gênero o que é”.
Gênero este que ele acredita exercer uma influência “assombro-

>
sa” sobre o público, moldando os seus atos. Por fim, o jornalista
agradece pela oportunidade diária de poder acompanhar o
desempenho de grandes atores. “Sem desmerecer o cinema ou o
teatro, a telenovela tem seu valor, e não é pouco”, finaliza.

ZunZunZum 19
AgNews
especial

TV Globo/João Miguel Jr.


O casal mais famoso das novelas,
Tarcísio Meira e Glória Menezes,
viveu dezenas de histórias de amor
na TV; um dos maiores sucessos
foi a primeira versão de “Irmãos
Coragem” e, recentemente,
em “Páginas da Vida”

Só depois da novela História do casal idoso de “Mulheres


Apaixonadas” (Carmem Silva e Oswaldo
Louzada) movimentou até o Congresso
Como foi dito no início deste texto, o último capítulo de Nacional, que aprovou o Estatuto do Idoso
uma novela mobiliza telespectadores. Mesmo quando há algum
imprevisto, eles dão um jeito de acompanhar o desfecho dos E para os telespectadores, que têm mais opções. “A telenovela
personagens. A gerente administrativa Maria Guilhermina ainda é o produto de maior audiência na televisão, e os exe-
Pereira se lembra de uma situação marcante, ocorrida no final cutivos entendem isso. Por isso os investimentos nos últimos
de “Caminho das Índias”. “Estávamos fazendo um churrasco anos, principalmente na Record, que tenta se equiparar à Rede
em casa, quando a operadora de TV apresentou um problema e Globo”, opina.
a emissora saiu do ar, bem na hora em que a trama ia começar. Sua paixão pelo tema o motivou a criar o projeto, que
Todos então foram para a cozinha, que é pequena e ficou lotada, começou modesto, mas aos poucos foi crescendo. Hoje, mais de
onde havia outro aparelho. Ninguém se importou em ficar de dez anos depois, o Teledramaturgia possui mais de 900 títu-
pé”, recorda. los catalogados em seu banco de dados – com informações de
Guilhermina conta que a primeira novela que acompanhou elenco, sinopses, trilhas sonoras, curiosidades de bastidores, fotos,
foi a versão original de “Selva de Pedra”, de Janete Clair – na etc. – tornando-se uma referência para profissionais, estudantes
casa da vizinha, diga-se de passagem, pois naquela época ou apenas aficionados pelo gênero.
(início da década de 70), sua família ainda não tinha televi- Nilson, que também é autor do “Almanaque da Telenovela
são. Desde então, foram vários cortes de cabelo inspirados em Brasileira”, explica que o livro não é apenas uma compilação do
personagens, além de alguns acessórios, como as famosas meias conteúdo disponível na internet. “No site, a pesquisa é ordenada
Lurex, muito utilizadas pela protagonista Júlia (Sônia Braga) de por obra. No almanaque, por sua vez, a segmentação é por tema,
“Dancin’Days”. e por isso se desdobra e dá margem a novas reflexões sobre o
Foi a partir desta trama que ela desenvolveu uma “paixão assunto. Além disso, é fartamente ilustrado e não segue uma se-
inexplicável” por Antonio Fagundes que, coincidentemente, era quência linear: pode ser aberto a qualquer página, para o deleite
o par romântico de Regina Duarte em “Por Amor”. A reporta- do leitor”, pondera.
gem fez essa correlação porque a gerente elege a cena da troca Apesar disso, Nilson frisa que, tanto o site quanto o livro não
de bebês, na história de Manoel Carlos, como a mais marcante são seu ganha-pão. Sua profissão nada tem a ver com o universo
que ela já assistiu. “Durante dias, fiquei pensando se eu teria a das novelas: ele trabalha com informática e leva esse hábito, que
mesma atitude da protagonista: amei e odiei Helena várias vezes, cultiva desde pequeno, como um hobby. Embora leia sobre todas
até entender que esse foi um gesto motivado por amor. Daí o as tramas – já que precisa se manter atualizado – confessa que,
título da novela”. dentre as produções que estão no ar, a única que acompanha
Apesar de se considerar uma apreciadora do tema, ela não com frequência é “Ti-ti-ti”.
esconde certa decepção com as tramas atuais, marcadas, segun- Ele lembra que a função de uma novela não se restringe a
do Guilhermina, por uma repetição de temas, autores e atores divertir. “Acho importante quando a trama, além de entreter,
inexperientes e nem sempre talentosos. “Nossos grandes artistas cumpre um papel social, informando ou levantando discussões
são, em sua maioria, pessoas com mais idade a quem eu tiro meu de âmbito nacional. É a mistura da ficção com a realidade.
chapéu, como por exemplo, Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Faz com o que a simbiose, a identificação do público seja ainda
Tony Ramos e Laura Cardoso”. maior, quando o seu dia-a-dia, real, é mostrado numa obra
Mesmo assim, a gerente continua assistindo – mas só as ficcional. E mais importante de tudo: informa, educa, mobili-
produções da Rede Globo, como ela faz questão de ressaltar: za”, defende.
embora ache que a concorrência ainda vai chegar lá, Guilher-
mina acredita que a emissora carioca ainda reina absoluta nesse Diverte e conscientiza
quesito. A jornalista Daniela Costa, por sua vez, não tem tanta Quem compartilha dessa opinião é o doutor em Teledrama-
certeza disso: ela acompanha e gosta bastante das novelas da turgia Brasileira e Latino-Americana pela USP – que também é
Record, que, em sua opinião, vem conquistando gradativamente autor de diversos livros sobre o tema – Mauro Alencar. Ele cita
“merecido espaço na teledramaturgia”. um exemplo prático da influência da novela sobre a sociedade.
Daniela, que sonha em trabalhar na produção de uma Em 2003, quando Manoel Carlos abordou a situação dos idosos
novela, elege “Zazá” (Globo), como sua trama favorita. “Gravei no Brasil em “Mulheres Apaixonadas”, por meio dos personagens
o último capítulo, mesmo tendo assistido, só para ficar revendo Flora (Carmem Silva) e Leopoldo (Oswaldo Louzada), a reper-
depois. Antes disso, em um churrasco na época de escola, cheguei cussão foi tão intensa que movimentou o Congresso a aprovar o
a levar uma TV portátil para o local, só para não perder a nove- Estatuto de Idoso, que estava esquecido desde 1997.
la: acho que eu era meio doida”, diverte-se. Mauro lembra ainda que várias tendências são lançadas, até
mesmo fora do país. “Em Cuba, por exemplo, ‘Paladar’, nome
Quanto mais, melhor da cadeia de restaurantes da personagem Raquel Acioli (Regina
O criador do site Teledramaturgia (www.teledramaturgia. Duarte, em Vale Tudo), passou a designar qualquer lanchonete
com.br), Nilson Xavier, acredita que essa concorrência é boa para da Ilha. Na Rússia, a palavra ‘hacienda’ (fazenda, em espanhol)
todos: para os profissionais, por abrir mais frentes de trabalho. foi incorporada ao vocabulário para designar ‘casa de campo’

20 ZunZunZum
em função da exibição de ‘Escrava Isaura’ (produção da
Rede Globo de 1976)”.
O estudioso acredita que a novela é um retrato,
“sempre muito interessante” da época em que vivemos.
Ele elogia as produções atualmente no ar e avalia a
Elas fizeram história
aposta cada vez mais constante em remakes, produzidos
desde que o cubano Félix Cignet vendeu pela primeira
A pedido da ZZZ, Nilson Xavier e Mauro Alencar elaboraram
vez, para outras emissoras, “O Direito de Nascer”, no uma lista com as produções que mais marcaram a teledra-
início da década de 60. “São clássicos que precisam ser maturgia brasileira, seja por representarem uma evolução
recontados para um novo público, com a visão de novos no gênero, índice de audiência ou quaisquer outros critérios
profissionais envolvidos, caso do atual sucesso das sete: que julgassem relevante. Esse ranking é baseado na prefe-
‘Ti-ti-ti’, unida com outra grande novela de Cassiano rência dos dois entrevistados.
Gabus Mendes, ‘Plumas e Paetês’”, sentencia.
Falando em “Ti-ti-ti”, a produção é um bom
exemplo da integração entre a trama da TV e as novas 1. O Direito de Nascer (Tupi, 1965) – o primeiro grande
mídias. Sob essa perspectiva, os personagens como @ sucesso nacional. Movimentou milhares de pessoas a
JacquesLeclair e @Victorvalentim também estão no assistirem a uma apresentação do último capítulo ao
vivo, no Maracanãzinho no Rio, e, depois, no Ginásio do
Twitter. No microblog, há também um perfil da revista
Ibirapuera em São Paulo.
Moda Brasil (@Revistamodabr) e outro, institucional,
da própria novela (@Tititi_oficial). A isso, soma-se a 2. Redenção (Excelsior, 1966) – primeira cidade cenográfica
ampliação de recursos disponíveis nos sites oficiais, como e primeiro sucesso de um texto genuinamente nacional.
por exemplo, a disponibilização de cenas extras. 3. Beto Rockfeller (Tupi, 1968) – o divisor de águas na
Mauro defende que é preciso acompanhar os mo- história de nossa telenovela, inaugurou o “jeito brasileiro”
vimentos sociais, tecnológicos e saber que é muito im- de se contar uma novela (misturando drama e humor).
portante o quê e o quanto se fala de uma determinada 4. Irmãos Coragem (Globo, 1970) – unindo o garimpo com
telenovela. “Não podemos analisar apenas os índices de a vida urbana através do futebol, a novela conquistou
audiência com base no veículo televisão, já que o público o Brasil de norte a sul. Atraiu a audiência masculina e
espalhou-se para outras plataformas de comunicação; infanto-juvenil, no ano do tricampeonato mundial de
ou seja, além do televisor, está cada vez mais presente futebol.
em revistas, jornais, rádios e nas novíssimas mídias do 5. Bandeira 2 (Globo, 1971) – ousada produção ambien-
século XXI. Se atentarmos para esse redirecionamento, tada em Ramos, Zona Norte do Rio. Mostrou ao Brasil
perceberemos que não há queda alguma”. aspectos da sociedade jamais imaginados anteriormente
Assim como milhares de outros telespectadores, ele na história da telenovela mundial.
também tem uma cena que ficou marcada em sua me- 6. O Primeiro Amor (Globo, 1971) e Uma Rosa com Amor
mória. “Viajava com a família para o nordeste. Estava (Globo, 1972) – abertura da telenovela para crianças e
no saguão do hotel que possuía um televisor imenso adolescentes marcando o início do merchandising. Com
(como uma mobília, comum à época, 1976), quando Uma Rosa com Amor as aberturas de novela conhece-
todos pararam para assistir à novela “Escrava Isaura” ram um significativo avanço em suas produções.
em que, numa festa de gala, é revelada a verdadeira 7. Selva de Pedra (Globo, 1972) – marco absoluto da
condição da protagonista: escrava! Todos ficaram per- moderna telenovela brasileira, sedimentando a indústria
plexos: foi muito impactante”, recorda. da teledramaturgia no Brasil e as relações desta com a
Para encerrar esta reportagem, voltemos ao começo. imprensa.
Mauro aponta as razões, pelas quais segundo ele, “Vale 8. O Bem-Amado (Globo, 1973) – avanço na utilização de
Tudo” vem fazendo tanto sucesso, mesmo depois de externas, primeira produção em cores, primeiro produto
duas décadas. “Lamentavelmente, várias questões tra- da televisão brasileira a ser exportado.
tadas pelos autores ainda são atuais. Adiciono, é claro, a 9. Escalada (Globo, 1975) – além dos fortes traços rea-
trama muito bem urdida e equilibrada entre as diversas listas, a novela dividiu-se em três fases, mostrando o
classes sociais representadas nessa grande novela, um envelhecimento dos protagonistas.
verdadeiro retrato do Brasil em fins da década de 1980
10. Escrava Isaura (Globo, 1976) - ponto alto das produções
e que ainda hoje, em vários aspectos, encontra eco na de época que abriu o caminho do fechadíssimo mercado
caótica sociedade em que vivemos”. estrangeiro.
11. Guerra dos Sexos (Globo, 1983) – o exemplo mais
perfeito de comédia na teledramaturgia brasileira.
12. Roque Santeiro (Globo, 1985) – A fictícia cidade de Asa

link+
Branca (onde se desenrolava a história) representava um
micro-cosmo do Brasil. A novela havia sido censurada
pelo Regime Militar nos anos 70, e com o fim do regime
pôde finalmente ser levada ao ar.
No novo site da ZZZ www.zunzunzum.com.br ,
você confere mais curiosidades sobre as novelas 13. Vale Tudo (Globo, 1988) – Crítica ao jeitinho brasileiro
e alguns vídeos com cenas antológicas e várias e à mania do brasileiro de querer se dar bem com o
aberturas que fizeram história na TV. mínimo esforço, não importando os meios.

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