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ESCOLA SECUNDÁRIA CACILHAS-TEJO

Teste Educação Literária, 12º ano Português, curso profissional, módulo 9

Nome: Mauro__________________________ nº ___ turma: 12º I Avaliação __7,2_________

Professora: Vanda Guerreiro


LEITURA E GRAMÁTICA

Lê o texto seguinte.

1 À aldeia chamam-lhe Azinhaga, está naquele lugar por assim dizer desde os alvores da
nacionalidade (já tinha foral no século décimo terceiro), mas dessa estupenda veterania nada ficou,
salvo o rio que lhe passa mesmo ao lado (imagino que desde a criação do mundo), e que, até onde
alcançam as minhas poucas luzes, nunca mudou de rumo, embora das suas margens tenha saído um
5 número infinito de vezes. A menos de um quilómetro das últimas casas, para o sul, o Almonda, que é
esse o nome do rio da minha aldeia, encontra-se com o Tejo, ao qual (ou a quem, se a licença me é
permitida), ajudava, em tempos idos, na medida dos seus limitados caudais, a alagar a lezíria quando
as nuvens despejavam cá para baixo as chuvas torrenciais do Inverno e as barragens a montante,
pletóricas, congestionadas, eram obrigadas a descarregar o excesso de água acumulada. A terra é
10 plana, lisa como a palma da mão, sem acidentes orográficos dignos de tal nome, um ou outro dique
que por ali se tivesse levantado mais servia para guiar a corrente aonde causasse menos dano do que
para conter o ímpeto poderoso das cheias. Desde tão distantes épocas a gente nascida e vivida na
minha aldeia aprendeu a negociar com os dois rios que acabaram por lhe configurar o caráter, o
Almonda, que a seus pés desliza, o Tejo, lá mais adiante, meio oculto por trás da muralha de choupos,
15 freixos e salgueiros que lhe vai acompanhando o curso, e um e outro, por boas ou más razões,
omnipresentes na memória e nas falas das famílias. Foi nestes lugares que vim ao mundo, foi daqui,
quando ainda não tinha dois anos, que meus pais, migrantes empurrados pela necessidade, me
levaram para Lisboa, para outros modos de sentir, pensar e viver, como se nascer eu onde nasci
tivesse sido consequência de um equívoco do acaso, de uma casual distração do destino, que ainda
20 estivesse nas suas mãos emendar. Não foi assim. Sem que ninguém de tal se tivesse apercebido, a
criança já havia estendido gavinhas e raízes, a frágil semente que então eu era havia tido tempo de
pisar o barro do chão com os seus minúsculos e mal seguros pés, para receber dele, indelevelmente, a
marca original da terra, esse fundo movediço do imenso oceano do ar, esse lodo ora seco, ora
húmido, composto de restos vegetais e animais, de detritos de tudo e de todos, de rochas moídas,
25 pulverizadas, de múltiplas e caleidoscópicas substâncias que passaram pela vida e à vida retornaram,
tal como vêm retornando os sóis e as luas, as cheias e as secas, os frios e os calores, os ventos e as
calmas, as dores e as alegrias, os seres e o nada. Só eu sabia, sem consciência de que o sabia, que nos
ilegíveis fólios do destino e nos cegos meandros do acaso havia sido escrito que ainda teria de voltar à
Azinhaga para acabar de nascer.
30 Durante toda a infância, e também os primeiros anos da adolescência, essa pobre e rústica aldeia,
com a sua fronteira rumorosa de água e de verdes, com as suas casas baixas rodeadas pelo cinzento
prateado dos olivais, umas vezes requeimada pelos ardores do Verão, outras vezes transida pelas
geadas assassinas do Inverno ou afogada pelas enchentes que lhe entravam pela porta dentro, foi o
berço onde se completou a minha gestação, a bolsa onde o pequeno marsupial se recolheu para fazer
da sua pessoa, em bem e talvez em mal, o que só por ela própria, calada, secreta, solitária, poderia ter
sido feito.
José Saramago, As Pequenas Memórias, Alfragide, Editorial Caminho, 2006.

1
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. O texto de Saramago versa sobre

(A) a sua infância.

(B) as suas origens.

(C) a vida da sua aldeia.

(D) as memórias da sua aldeia.

2. Na opinião de Saramago, Azinhaga e Lisboa apresentam

(A) a mesma necessidade de pensamento e de ação.

(B) a mesma forma de pensamento e de ação.

(C) formas semelhantes de pensamento e de ação.

(D) formas distintas de pensamento e de ação.

3. A frase «Sem que ninguém de tal se tivesse apercebido, a criança já havia estendido gavinhas e raízes,
a frágil semente que então eu era havia tido tempo de pisar o barro do chão com os seus minúsculos e
mal seguros pés, para receber dele, indelevelmente, a marca original da terra» (ll. 20-23) revela que
Saramago tem

(A) uma forte ligação à terra onde nasceu.

(B) uma ténue ligação à terra onde nasceu.

(C) uma ligação frágil à terra onde nasceu.

(D) uma ligação superficial à terra onde nasceu.

4. No segmento «os sóis e as luas, as cheias e as secas, os frios e os calores, os ventos e as calmas, as
dores e as alegrias, os seres e o nada» (ll. 25-26), o autor utiliza a

(A) comparação.

(B) metáfora.

(C) antítese.

(D) sinestesia.
5. O último parágrafo do texto é predominantemente

(A) expositivo.

(B) descritivo.

(C) argumentativo.

(D) narrativo.

6. O uso de parênteses em «À aldeia chamam-lhe Azinhaga, está naquele lugar por assim dizer desde os
alvores da nacionalidade (já tinha foral no século décimo terceiro), mas dessa estupenda veterania nada
ficou, salvo o rio que lhe passa mesmo ao lado (imagino que desde a criação do mundo)» (ll. 1-3)
justifica-se pela introdução de

(A) uma explicação e um comentário, respetivamente.

(B) uma transcrição e uma explicação, respetivamente.

(C) uma conclusão e um comentário, respetivamente.

(D) uma enumeração e um comentário, respetivamente.

7. A oração sublinhada em «o Almonda, que é o nome do rio da minha aldeia, encontra-se com o Tejo»
(ll. 5-6) é

(A) subordinada substantiva relativa.

(B) subordinada adjetiva relativa restritiva.

(C) subordinada adjetiva relativa explicativa.

(D) subordinada adverbial consecutiva.

8. Identifica o recurso expressivo presente em «Essa pobre e rústica aldeia».

9. Indica a função sintática dos elementos sublinhados em «o Almonda, que é esse o nome do rio da
minha aldeia, encontra-se com o Tejo» (ll. 5-6).

10. Classifica os deíticos presentes em «como se nascer eu onde nasci tivesse sido consequência de um
equívoco do acaso» (ll. 18-19).

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