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ECOCLIMAT 2006

07 Junho 2006

António Feio
www.fortifeio.pt

ARQUITECTURA BIOCLIMÁTICA
centre pompidou richard rogers

BREVE CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE O CRESCENTE INTERESSE NA ARQUITECTURA BIOCLIMÁTICA


Vitra firestation zaha hadid sendai mediateca toyo ito

A tomada de consciência da importância da arquitectura para ajudar a resolver os problemas ditos de “ecologia” é actualmente um assunto
intensamente debatido no meio arquitectónico.
Neste debate, parece não haver consenso na definição da relação que deverá existir entre arquitectura, ecologia e ciências do ambiente

De um lado da polémica, encontra-se o grupo “antropocêntrico” que tem por fundamentais, conceitos estéticos e valores sociais.

Do outro lado temos um grupo “ecocêntrico” (em oposição ao significado de antropocêntrico), que acredita numa nova maneira de pensar os
edifícios, e numa capacidade de projectar que contribua para resolver a actual situação de crise ambiental, possibilitando ao mesmo tempo uma
reconciliação entre Homem e Natureza.

Nesta discussão, referências históricas são regularmente evocadas para justificar posições. É frequentemente chamado à mesa da discussão o
facto de a Natureza ou os Organismos servirem de inspiração em diferentes épocas a vários arquitectos de referência, ou pelo contrário afirmar
que estiveram ausentes do processo criativo em determinada obra de relevo.
No entanto, como adverte Peder Anker (Center for development and Environment da Universidade de Oslo), é surpreendentemente reduzido o
número de “história da arquitectura e ecologia”, e os poucos exemplos que existem referem-se quase exclusivamente a “arquitectura ecológica”
dos anos sessenta e setena.
Roger Boltshauser Martin Rauch permaculture f.Miller gaia norway

Este estado de coisas, na comunidade de arquitectos , leva ainda a outra interpretação frequente, que afirma que a viragem da
arquitectura em direcção à ecologia faz parte de uma MODA recente.
No entanto, poder-se-á contra-argumentar que existem inúmeras referências à ciência e conceitos ecológicos no debate
arquitectónico, desde o principio do século XX.
O que existe também é uma variação e uma evolução, no do que é a percepção da ecologia e da Natureza, que resulta em conceitos
de desenho extremamente diversos.
Seria muito interessante quantificar, fundamentando em exemplos históricos, qual o peso que o dono de obra ou o promotor de
edifícios construídos, tem realmente no resultado da arquitectura final e ainda, até onde a argumentação e o conceito do arquitecto
não é anulado no processo de construção. Haverá certamente exemplos para ilustrar casos em que o promotor dá indicações para se
produzir uma construção com desenho e perspectiva ecológicas, sendo o contrário, uma situação também comum.
Falling Water Frank Lloyd Wright
fotografia de António Feio
Farnsworth House Ludwig Mies van der Rohe
fotografia de António Feio
nasa www.nasa.gov/mission_pages/exploration/multimedia/jfa18834.html

seta inside aft torpedo


http://uboat.net/gallery/index.html?gallery=U505A&img=3

Existe ainda outra irónica particularidade, concluir que há uma relação muito forte entre a engenharia militar e ecologia. A investigação
sobre como desenvolver ecossistemas em compartimentos fechados para permitir a sobrevivência de humanos, foi activamente
usada no desenvolvimento de abrigos militares subterrâneos e submarinos militares.

Desde que despertámos para o facto de o planeta Terra se comportar como uma “nave espacial” ou uma enorme construção
ecológica, ajudados também por Buckminster Fuller, que tinha por objectivo promover os seus “domes” e a gestão ambiental e
introduziu o conceito de “spaceship earth”. Muitos ecologistas convictos encorajam-nos a pensar globalmente (“think globaly”) e
entender a terra como um enorme ecossistema.
Epcot Center Fuller geodesic dome structure
Biosphere II desert Biosphere II ocean
http://biology.kenyon.edu/slonc/bio3/2000projects/carroll_d_walker_e/biosphereplans.html

Representações desta “nave”, como o projecto “Biosphere II” no “Arizona, USA” e o projecto
“Eden” em “Cornwall, England”, concretizam a ideia de construir um microcosmos do mundo,
dentro de um edifício museu que é também uma unidade de investigação.
No limite, foi a investigação sobre as possibilidades de criar condições de sobrevivência de
humanos em cápsulas espaciais, que foi depois transposta para a Terra como um assunto de
sobrevivência da Humanidade dentro da “spaceship earth”.

Fazendo uma transposição desta escalada de causas e efeitos para voltar ao que é indicado
eden cornwall www.edenproject.com/3440.htm
como sendo a génese deste seminário, introduziria o conceito de “nave-espacial-projecto”, ou
“spaceship-project”, para defender que é necessário entender as várias fases do projecto e o
relacionamento dos vários intervenientes, como se de um ecossistema se tratasse. A
sobrevivência deste sistema determina a eficiência do edifício final – do ponto de vista
energético ou outro qualquer ponto de vista quantificável.
world trade center, NY, USA
DESPERTAR PARA O PROBLEMA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Há pelo menos 30 anos que a comunidade cientifica chama a atenção para o
estado de crise ambiental. A consciência da iminente ruptura das “fontes” de
petróleo e energias fósseis existe desde que foram divulgados as noções de “Peak
oil” e demonstrado que é consumido mais petróleo do que o que é possível extrair
e produzir.
No entanto, é ainda genericamente aceite a associação do valor do consumo de
energia (TEPs) per cápita, ao grau de desenvolvimento de uma pais. Esta situação
parece-me urgente inverter.
Se já existem modelos de avaliação de índices económicos sensíveis à utilização
de energia renováveis, é necessário apresentar esses modelos, para produzir pelo
menos um efeito pedagógico na opinião pública.

A nível mundial, e em particular, em Portugal, só nestes últimos anos foi iniciado o


debate sobre a necessidade de controlar os gastos energéticos também nos
edifícios. Só nos últimos 5 anos, com a progressiva desestabilização do panorama
político internacional e particularmente nos últimos dois anos com a consciência
da crise económica potenciada pelos sucessivos aumentos da cotação do
petróleo, assistimos a uma vontade consertada de obter resultados imediatos na
melhoria dos índices de eficiência energética dos edifícios.
Na nossa sociedade, para o bem ou para o mal, o que motiva a mudança de
orientações e prioridades, é a confrontação com a rotura do sistema económico,
não a preocupação ambiental.
É neste contexto que chegamos finalmente ao reconhecimento da importância do
que é, nos dias de hoje, denominado por Arquitectura Bioclimática.
ARQUITECTURA BIOCLIMÁTICA

A definição clássica de arquitectura é baseada na tríade de Vitruvisus : utilitas,


fermitas, venustas, que pode ser traduzido literalmente para: função, estrutura,
beleza.

Nos dias de hoje, ainda é esta, a definição que paira no subconsciente de grande
parte dos promotores e utilizadores finais de edifícios .
Adicionando a este facto, o nosso fascínio nato pela técnica e a fé na
inesgotabilidade dos recursos naturais, percebemos porque é que as “boas
práticas” patentes nas construções ancestrais e vernaculares foram
progressivamente abandonadas.
casa/castelo Portugal, algures no Minho
A definição de arquitectura bioclimática, tem como princípio fundamental a
integração conceptual e construtiva no contexto ambiental climatérico e biológico.
As raízes desta arquitectura são a arquitectura tradicional ou vernacular, que por sua
vez assenta no empirismo e consequentes artes de construir ancestrais. Assim, os
conceitos básicos são importados de uma época (que é “hoje”, em alguns pontos
do planeta!) em que a inexistência de tecnologias de climatização e iluminação
artificiais implicavam uma construção eficiente, optimizada para o local de
implantação.
As construções vernaculares, ao contrário de grande parte da arquitectura, não
existem graças a abstracções formais a cujo processo de elaboração foi
posteriormente atribuído um método construtivo.
Em arquitectura existe uma forte vontade em usar a construção como meio de
comunicar a intenção primordial, seja ela compositiva, iconográfica ou ideológica.
De facto, construção é a aparência e tem uma participação directa na determinação
do carácter emocional dos espaços.
Na arquitectuta vernacular, não se trata de aparência mas sim da existência. muro em pasta
No vernacular estamos perante um artefacto físico que nele tem contida a aplicação de granito no Norte de Portugal
continuada evolução tecnológica e social em que foi construído e desenvolvido.
Uma espécie de herança genética.
Nesse sentido, a construção vernacular é cada vez mais difícil de definir, e tende
talvez para a extinção. A globalização e a tecnologia da informação tornou a
condição de identidade local imensamente mais complexa.
Arquitectura Bioclimática, não é mais do que um rótulo, relativamente recente,
(compreensivel no contexto mercantilista contemporâneo) para identificar uma
série de atitudes no processo de projecto. A grande vantagem deste rótulo é a
definição de uma área do saber, que implementa uma progressiva
sistematização e evolução dos objectivos a que se propõe: projectar com o
potencial energético do local de implantação.
O objectivo primeiro deverá ser a sustentabilidade na construção. Aqui
poderemos também definir uma nova tríade:
zero emission city Kronsberg, hannover 1 > melhoria em fase de projecto dos parâmetros de eficiência energética,
diminuindo necessidade de iluminação, ventilação e climatização artificiais;
2 > substituição do consumo de energia convencional por energia renovável;
3 > análise da “pegada ambiental” na construção, que implica utilização de
materiais que minimizem o impacto ambiental (gastos de energia na extracção,
transporte, aplicação, aspectos de saúde, emissões poluentes, etc...) e na vida
útil (sistemas de tratamento de resíduos, reutilização selectiva de águas, etc...)

ENERGIA SOLAR
Pode-se genericamente afirmar que a principal fonte de energia para trabalhar
em arquitectura bioclimática é a energia solar.
Grande parte das decisões de projecto para controlar o aproveitamento desta
energia, que nos chega como “radiação global” é fruto do profundo
Casa Solar Porto Santo Gunther Ludewig conhecimento dos comportamentos dos mais diversos materiais, quando
expostos às radiações e ainda o conhecimento dos processos de trocas de
energia entre os materiais e o ar que preenche os vazios nos edifícios.
Conceitos de termodinâmica, dinâmica de fluidos, noções de física de materiais,
como condução, convecção, radiação, inércia térmica, alteração de fase e
estados (etc...) são incorporados em sistemas de construção, mais ou menos
complexos, ditos high-tech ou low-tech, para atingir os objectivos.
cartas solares geometria solar
PRÁTICAS DE PROJECTO / PROJECTO NA PRÁTICA

As publicações dedicadas a este tema, têm normalmente uma secção dedicada


a explanar as técnicas e regras práticas de projecto.
É vulgar deparar com afirmações do género, fachadas Norte só podem ter vãos
de pequenas dimensões, ou, a implantação deverá ser rectangular e disposta
longitudinalmente no sentido Este-Oeste.
Todas as regras definem um modelo que muitas vezes é totalmente incompatível
com as solicitações reais. Não poderemos no entanto, abandonar os objectivos
da arquitectura bioclimática, apenas por não cumprir uma, ou outra regra base.
Pelo contrário, devemos procurar compensar todo o sistema, implementando
soluções correctivas.

Algumas das variáveis que produzem resultados que pretendemos controlar em


fase de projecto, são:
> orientação dos volumes edificados;
> localização relativa de implantação num terreno;
> distribuição dos espaços interiores de acordo com as funções previstas;
> distribuição de vãos e a orientação das fachadas em que são aplicados;
> sistemas de ganho directo;
> sistemas de ganho indirecto;
> efeito de estufa;
> “parede de trombe” (ventiladas ou não) ou os “jardins de inverno” ou “estufas
anexas”;
> atenção às possibilidades de utilizar ventos dominantes, associados a
técnicas de ventilação de compartimentos;
> aproveitamento geotérmico;
> água quente solar;
> controle da humidade relativa em cada compartimento;
> a inclusão, ou proximidade de planos de água;
> distribuição de vegetação de folha caduca e folha persistente, para
sombreamento sazonal ou definitivo;
> aproveitamento de coberturas mais ou menos inclinadas, para plantação de
vegetação rasteira
> (...)

Conceitos Bioclimáticos para os Edifícios em


Portugal Helder Gonçalves e João Mariz Graça
BIO-DIVERSIDADE ARQUITECTÓNICA
Um dos principais entraves ao avanço da tecnologia de clonagem de seres vivos, continua a ser a
consequente ausência da bio-diversidade. A continuidade e sobrevivência de uma espécie, pode depender
exclusivamente desse factor natural. A identidade biológica é o que permite, em caso de epidemia, que alguns
elementos sobrevivam, por possuírem ou desenvolverem defesas naturais que a maioria não possui.
Paralelamente ao que acontece com os seres vivos, em arquitectura, a ausência de diversidade pode
significar, a curto prazo, uma situação de ruptura, uma situação de implosão generalizada.
Enquanto a sociedade ocidental, a diversos níveis comerciais, evoluiu para sociedade de consumo, a
arquitectura dos edifícios de habitação continua uma relíquia do sistema de produção do pré-guerra, ou seja,
o produto é adquirido como é.
Situação esta que é evidentemente má para os utilizadores, porque são à partida afastados da flexibilidade
arquitectural, da possibilidade de personalizar de acordo com diferentes maneiras de viver. Para o mercado da
construção em geral, também é mau, porque entrega sistemas residenciais completamente acabados que
são muitas vezes indesejados e constituem um entrave à diversidade.
Um edifício dito bioclimático não implica um investimento de obra acrescido, não implica um investimento em
gadgets nem sistemas de domótica específicos. Construtivamente não necessita de mais, nem menos, do que
um edifício construído convencionalmente.
Um dos factores chave para o sucesso do projecto bioclimático, é a compreensão de que não existe uma
solução óptima, aplicável a todas as situações.
Existem, sim, ferramentas e a obrigação de as usar de adequadamente.

geotics geotermia
algumas referências bibliográficas:
- dossier de acompanhamento da acção de formação em Arquitectura Bioclimática, SRN-Ordem dos Arquitectos
dezembro de 2003
- M. Collares Pereira, Energias Renováveis – A opção inadiável, SPES, 1998
- H. Gonçalves et al., Edifícios Solares Passivos em Portugal. INETI, 1997
- E. Mazria, The Passive Solar Energy Book, Rodale Press, 1979
- P. Achard, R. Gicpuel, European Passive Solar Handbook, Commission European Communities, 1986
- Comunicação da Comissão, ENERGIA PARA O FUTURO:FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS, Livro Branco para
uma Estratégia e um Plano de Acção comunitários.
- Conceitos Bioclimáticos para os Edifícios em Portugal Helder Gonçalves e João Mariz Graça, INETI, 2004
- Reabilitação energética da envolvente de edifícios residenciais, ADENE - Agência para a Energia, 2004
- http://www.gsd.inesc-id.pt/~pgama/ab/Relatorio_Arq_Bioclimatica.pdf
- http://www.sum.uio.no/staff/panker/ankerprosjekt.html
- http://www.eco-union.org

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