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Eletrotécnica II

Não pode ser reproduzido, por qualquer meio, sem autorização por escrito do SENAI Itajaí/SC.
Eletrotécnica II

Equipe Técnica:

Organizador:
José Vanderley Machado

Coordenação:
Rogério Oliveira de Mattos

Solicitação de Apostilas :

SENAI SC : Eletrotécnica II
Itajaí: SENAI/SC, 2008. 116 páginas

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


www.sc.senai.br

Henrique Vigarani, 163


Barra do rio CEP 88305-555
Itajaí – SC
Fone (47) 3341-2900

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Eletrotécnica II

SUMÁRIO
1.1 – Resistor 5
1.1.1 – Características dos resistores 6
1.1.1.1 – Simbologia do resistor 6
1.1.1.2 – Resistência ôhmica 6
1.1.1.3 – Potência 6
1.1.1.4 – Percentual de tolerância 6
1.1.2 – Tipos de resistores 7
1.1.2.1 – Resistor de filme de carbono 7
1.1.2.2 – Resistor de carvão 7
1.1.2.3 – Resistores de fio 7
1.1.3 – Resistores conforme construção 7
1.1.3.1 – Resistores fixos 7
1.1.3.2 – Resistores ajustáveis 7
1.1.3.3 – Resistores variáveis 8
1.1.4 – Código de cores para resistores 8
1.1.4.1 – Interpretação do código de cores 8
1.1.5 – Varistor 9
1.1.6 – Termistor PTC 10
1.1.7 – Termistor NTC 10
1.1.8 – LDR 10
1.2 – Capacitor ou condensador 11
1.2.1 – Capacitância 12
1.2.2 – Unidade de medida 13
1.2.3 – Tensão de trabalho 13
1.2.4 – Tipos de capacitores 13
1.2.4.1 – Capacitores fixos despolarizados 13
1.2.4.2 – Capacitores ajustáveis 13
1.2.4.3 – Capacitores variáveis 13
1.2.4.4 – Capacitores eletrolíticos 13
1.2.5 – Identificação de capacitores 14
1.2.5.1 – Capacitor cerâmico 14
1.2.5.2 – Capacitor de poliéster 14
1.2.6 – Capacitor nos circuitos C.C. 15
1.2.6.1 – Constante de tempo do capacitor 15
1.2.7 – Capacitores nos circuitos C.A. 16
1.2.8 – Reatância capacitiva 17
1.2.9 – Associação de capacitores 17
1.2.9.1 – Capacitores em série 17
1.2.9.2 – Capacitores em paralelo 18
1.2.10 – Capacitância indesejada 19
1.3 – Indutor 20
1.3.1 – Indutância 20
1.3.2 – Unidade de medida 20
1.3.3 – Tensão de trabalho 20
1.3.4 – Tipos de indutores 21
1.3.4.1 – Indutor de núcleo de Ar 21
1.3.4.2 – Indutor com núcleo de ferrite ou ferro pulverizado 21
1.3.4.3 – Indutor com núcleo toroidal 21
1.3.4.4 – Indutor moldado 21
1.3.4.5 – Indutor protegido 21
1.3.4.6 – Indutor de ferro laminado 22
1.3.4.7 – Indutor filtro de choque 22
1.3.4.8 – Indutor (bobina ou choques para radiofreqüência RF) 22

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Eletrotécnica II

1.3.5 – Indutores no circuito C.C 22


1.3.5.1 – Constante de tempo para indutor 23
1.3.6 – Indutor no circuito C.A. 24
1.3.7 – Reatância indutiva 24
1.3.8 – Associação de indutores 25
1.3.8.1 – Indutores em série 25
1.3.8.2 – Indutores em paralelo 25
1.3.8.3 – Indutância indesejada 26
1.4 – Transformadores 27
1.4.1 – Símbolos de transformadores 27
1.4.2 – Enrolamentos primário e secundário 27
1.4.3 – Rendimento de transformador 28
1.4.3.1 – Perdas por histerese 28
1.4.3.2 – Perdas por correntes parasitas ou corrente de Foucault 29
1.4.3.3 – Perdas no enrolamento 30
1.4.4 – Transformadores trifásicos 30
1.4.5 – Enrolamento de pequenos transformadores e bobinas, calculo simplificado 31
1.4.5.1 – Escolha do núcleo 32
1.4.5.2 – Determinação do número de espiras de cada enrolamento 33
1.4.5.3 – Espessura do fio 33
2 – Corrente alternada 37
2.1 – Formas de onda 37
2.1.1 – Tipos de formas de onda CA 39
2.2 – Freqüência 40
2.3 – Período 41
2.4 – Comprimento de onda 41
2.5 – Fase 42
2.5.1 – Diferença de fase ou defasagem 43
2.6 – Outros termos que caracterizam uma corrente alternada 43
2.7 – Valores típicos de corrente alternada 44
2.7.1 – Valor médio 44
2.7.2 – Valor eficaz 45
2.7.3 – Conversão de valores 46
2.8 – A onda senoidal (tensão e correntes induzidas) 47
2.8.1 – Gerando a onda senoidal 48
2.8.2 – Graus mecânicos e graus elétricos 49
2.9 – Gerador CA 51
2.9.1 – Tensão gerada 52
2.9.2 – Freqüência de geração 52
2.10 – Vantagens da corrente alternada 52
2.11 – Corrente alternada trifásica 52
2.11.1 – Geração da corrente alternada trifásica 53
2.11.2 – Conexão delta ou triângulo 54
2.11.3 – Conexão estrela ou Y 56
2.11.3.1 – Sistema estrela a quatro fios 58
2.12 – Vantagens de um sistema trifásico 59
2.13 – Potência em circuitos resistivos CA 60
2.14 – Potência em circuitos defasados 61
2.15 – Fasores 63
2.16 – Funções trigonométricas no triângulo retângulo 66
2.17 – Potência ativa e potência aparante 70
2.18 – Fator de potência 72
2.19 – Números complexos 74
2.19.1 – Conversão entre as formas retangular e polar 75
2.19.2 – Operações com números complexos 75

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Eletrotécnica II

2.19.2.1 – Adição e subtração com números complexos 75


2.19.2.2 – Multiplicação e divisão com números complexos 75
3 – Circuitos RLC 77
3.1 – Impedância 77
3.2 – Adição de fasores 77
3.3 – Resolução de circuitos 78
3.3.1 – Circuitos RC série 78
3.3.2 – Circuitos RC paralelo 83
3.3.3 – Circuitos RL série 86
3.3.4 – Circuitos RL paralelo 88
3.3.5 – Circuitos RLC série 89
3.3.6 – Circuitos RLC paralelo 91
3.4 – Admitância 93
3.5 – Condutância 94
3.6 – Suscpetância 94
4 – Fator de potência 95
4.1 – Características especiais das cargas indutivas 95
4.2 – Fundamentos do fator de potência 96
4.3 – Por que preocupar-se com o fator de potência 96
4.4 – O que fazer para melhorar o fator de potência 97
4.5 – Quanto é possível economizar instalando capacitores 98
4.5.1 – Redução nas contas de energia elétrica 99
4.5.2 – Tarifa binômia ou convencional 99
4.5.3 – Tarifas horo-sazonais 99
4.5.4 – Tarifa horo-sazonal com fator de potência mensal 100
4.5.5 – Tarifa horo-sazonal com fator de potência horário 100
4.5.6 – Aumento na capacidade elétrica do sistema 100
4.5.7 – Indústrias com baixo fator de potência são as mais beneficiadas pelos capacitores 100
4.5.8 – Melhoria nos níveis de tensão 101
4.5.9 – Diminuição de perdas elétricas 101
4.6 – Como escolher os capacitores certos para a minha aplicação 102
4.6.1 – Instalação individual versus instalação em bancos 102
4.6.2 – Considere as necessidades especificas da sua instalação 102
4.6.3 – Tipo de carga 103
4.6.4 – Tamanho da carga 103
4.6.5 – Regularidade da carga 103
4.6.6 – Capacidade da carga 103
4.7 – Quantos kVAr eu preciso 104
4.7.1 – Dimensionando capacitores para cargas individuais 104
4.7.2 – Dimensionando capacitores para instalações internas 104
4.8 – Onde devo instalar os capacitores 106
4.8.1 – Junto à carga 106
4.8.2 – Junto ao transformador 106
4.8.3 – Instalação de capacitores em motores de velocidade variável e tensão reduzida 107
4.9 – Como utilizar capacitores em circuitos com ambiente não linear, com harmônicas 107
4.9.1 – Banco de capacitores e transformadores podem criar ressonância 108
4.9.2 – Reduzindo a distorção harmônica 109
4.10 – Quais são as exigências de manutenção dos capacitores 109
5 – Teoremas (Thévenin e Norton) 110
5.1 – Teorema de Thévenin 110
5.2 – Teorema de Norton 113
6 – Referências bibliográficas 116
7 – Identificação das alterações 116

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Eletrotécnica II

1 - Componentes:

1.1 – Resistor
Um resistor (chamado de resistência em alguns casos) é um dispositivo elétrico
muito utilizado em eletrônica, com a finalidade de limitar a corrente em um circuito que
tem como consequência a transformação da energia elétrica em energia térmica
(chamado efeito joule), a partir do material empregado, que pode ser de filme de
carbono, carvão ou fio.
A medição crítica de um resistor é a resistência, que serve como relação da
tensão para corrente e que é medida em ohms (Ω), uma unidade SI. Vamos
exemplificar:
- Um componente tem uma resistência de 1 ohm se a tensão aplicada a seus
terminais fizer percorrer uma corrente de intensidade de 1 ampere, o que é equivalente à
circulação de 1 coulomb de carga elétrica, aproximadamente 6.241506 x 1018 elétrons
por segundo.
A relação entre tensão, corrente e resistência, através de um objeto é dada por
uma simples equação, Lei de Ohm:

Onde V é a tensão em volts, I é a corrente que circula através de um objeto em amperes,


e R é a resistência em ohms. Se V e I tiverem uma relação linear -- isto é, R é constante -
- ao longo de uma gama de valores, o material do objeto é chamado de ohmico.
Um resistor ideal é um componente com uma resistência elétrica que
permanece constante independentemente da tensão, frequência ou corrente elétrica que
circular pelo mesmo. Mas os resistores reais introduzem alguma indutância e
capacitância quando utilizados em circuitos que apresentam variação de frequência,
mudando o comportamento dinâmico do resistor na equação ideal.
Os resistores podem ser fixos ou variáveis. No caso dos variáveis são chamados
de potenciometros, trimpot, trimmer ou reostados. O valor nominal é alterado ao girar
um eixo ou deslizar uma alavanca. No caso do potenciometros rotativos, você pode ter
uma limitação de angulo de operação inferior a 360° ou ter um multi-voltas.
Apresentam valor ohmico de forma linear ou logaritimica.
O valor de um resistor de carbono pode ser facilmente determinado de acordo
com as cores que apresenta na cápsula que envolve o material resistivo, ou então usando
um ohmímetro.
Alguns resistores são longos e finos, com o material resistivo colocado ao
centro, e uma perna de metal ligada em cada extremidade. Este tipo de encapsulamento
é chamado de encapsulamento axial. Resistores de potência maior são feitos mais
robustos para dissipar calor de maneira mais eficiente, mas eles seguem basicamente a
mesma estrutura. Ver foto abaixo.

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Eletrotécnica II

Nos últimos anos a eletrônica têm evoluído de forma avassaladora diminuindo


cada vez mais o tamanho dos circuitos. Diminuição no tamanho físico de um circuito
significa diminuição do tamanho dos componentes que compõem o mesmo. Por esta
razão todos os equipamentos eletrônicos atuais usam os minúsculos componentes
denominados SMD (superficial monting device) ou dispositivos de montagem
superficial.
Tais componentes são soldados do mesmo lado das trilhas da placa de circuito
impresso. Um resistor SMD, por exemplo, é três vezes menor que um convencional. Já
um transistor é duas ou três vezes menor. Desta forma o tamanho de uma placa de
circuito impresso fica metade de uma placa para componentes convencionais. Porém os
componentes convencionais ainda são usados trabalhando em conjunto com os do tipo
SMD.
A maioria dos resistores usa um padrão de listras coloridas para indicar sua
resistência. Os SMD seguem um padrão numérico. As cápsulas geralmente são marrons,
azuis ou verdes, embora outras cores sejam encontradas ocasionalmente, como o
vermelho escuro ou cinza escuro.

1.1.1 - Características dos Resistores


Os resistores possuem características elétricas importantes, através das quais se
distinguem uns dos outros:

1.1.1.1 – Simbologia do resistor

1.1.1.2 - Resistência Ôhmica


É o valor específico de resistência do componente. Os resistores são fabricados
em valores padronizados, estabelecido por norma, nos seguintes valores base:

10 - 12 - 15 - 18 - 22 - 27 - 33 - 39 - 47 - 56 - 62 - 68 – 82

A faixa completa de valores de resistência se obtém multiplicando-se os valores base


por:
0,01 - 0,1 - 1 - 10 - 100 - 1K - 10K - 100K

1.1.1.3 – Potência
Define a capacidade de dissipação de calor do resistor , sendo esse valor um
produto da tensão e da corrente a que ele está submetido, podendo ser desde ⅛ Watts até
alguns bons Watts. Caso não seja devidamente observado está dissipação teremos
mudanças drásticas e até em alguns casos a ruptura do elemento resistivo (queima).
1.1.1.4 – Percentual de tolerância
Os resistores estão sujeitos a diferenças no seu valor específico de resistência,
devido ao processo de fabricação, o percentual de tolerância indica a variação que o
componente pode apresentar em relação ao valor padronizado impresso em seu corpo.
Estas diferenças resultam em inúmeras faixas, como podemos constatar a seguir:
a) ± 20% (resistores de 04 faixas)
b) ± 10% (resistores de 04 faixas)
c) ± 05% (resistores de 04 faixas)
d) ± 02% (resistores de 05 faixas)

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Eletrotécnica II

e) ± 01% (resistores de 05 faixas)


f) ± 0.5% (resistores de 05 faixas)
g) ± 0.25% (resistores de 05 faixas)
h) ± 0.1% (resistores de 05 faixas)
Os resistores com 20%, 10% e 5% de tolerância são considerados comuns, os abaixo de
2% são considerados de precisão.

1.1.2 – Tipos de resistores


Existem três tipos de resistores quanto a constituição:
a) Resistores de filme de carbono;
b) Resistores de carvão;
c) Resistores de fio.

1.1.2.1 – Resistor de filme de carbono


Também é conhecido como resistor de película, sendo constituído por um corpo
cilíndrico cerâmica, cujo o qual é depositado uma fina camada espiral de material
resistivo que determina seu valor ôhmico. Após o deposito da camada de filme de
carbono, o mesmo recebe um revestimento que dá acabamento na fabricação e isola o
filme da ação da umidade.
Umas das principais características deste tipo de resistor são a precisão e estabilidade do
valor resistivo.

1.1.2.2 – Resistor de Carvão


É constituído por um corpo de porcelana. No interior deste são comprimidas
partículas de carvão que definem a resistência do componente. Os valores deste tipo de
resistor não são precisos.

1.1.2.3 – Resistores de fio


Constitui-se de um corpo de porcelana que serve de base. Sobre este corpo é
enrolado um fio especial (níquel-cromo) cujo a seção e o comprimento determinam o
valor do resistor. Devido este tipo de construção podemos trabalhar com maiores
valores de corrente, produzindo assim uma grande quantidade de calor quando em
funcionamento.

1.1.3 – Resistores conforme construção

1.1.3.1 – Resistores fixos


São resistores cujo valor ôhmico já vem definido de fábrica, não sendo possível
altera-los.

1.1.3.2 – Resistores ajustáveis


São resistores que permitem a atuação sobre seu valor ôhmico, possibilitando a
mudança de valore conforme nossa necessidade em sua faixa de utilização. Uma vez
definido o valor, o resistor é lacrado e não se atua mais sobre o mesmo.
É utilizado em pontos de ajuste ou calibração em equipamentos específicos.
Em baixa potência temos também esse tipo de resistor, sendo denominado de
trimpot ou trimmer, podendo ser de uma ou várias voltas, ângulo superior a 360°.

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1.1.3.3 – Resistores variáveis


São resistores que permitem a atuação sobre o seu valor ôhmico, sendo
utilizados onde se necessite de um constante ajuste da resistência. A classificação
utilizada para estes é de potenciômetro. Estes resistores são empregados em controle de
volume de equipamentos, ajustes de ganhos em instrumentos e outros.

1.1.4 – Código de cores para resistores


O valor ôhmico dos resistores e sua tolerância conforme modelo de fabricação
vem impresso em forma de anéis coloridos.
A cor de cada anel, espaçamento entre anéis e a sua posição de impressão, nos
fornece dados pelo qual conseguimos distinguir os resistores.

1.1.4.1 – Interpretação do código de cores


Temos atualmente no mercado resistores de quatro e cinco anéis, a leitura dos
mesmos é realizada da seguinte forma, independente do modelo.
O primeiro anel a ser lido é aquele que estiver mais próximo de uma das
extremidades e demais na seqüência.

Resistores de Quatro Anéis


O código é composto da seguinte forma:

1° anel = 1° número significativo ;


2° anel = 2° número significativo;
3° anel = multiplicador (número de zeros);
4° anel = tolerância.
1° anel 2° anel 3° anel 4° anel
Cor
Valor ôhmico Valor ôhmico Multiplicador Tolerância
Preto 0 0 X1
Marrom 1 1 X 10
Vermelho 2 2 X 100
Laranja 3 3 X 1K
Amarelo 4 4 X 10K
Verde 5 5 X 100K
Azul 6 6
Violeta 7 7
Cinza 8 8
Branco 9 9
Ouro X 0,1 ± 5%
Prata X 0,01 ± 10%
Sem cor ± 20%
Exemplo:
Amarelo, violeta, vermelho, ouro = 4700 ohms com tolerância de ± 5%

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Resistores de Cinco anéis


O código é composto da seguinte forma:

.
1° anel = 1° número significativo ;
2° anel = 2° número significativo;
3° anel = 3° número significativo;
4° anel = multiplicador (número de zeros);
5° anel = tolerância.

Cor 1° anel 2° anel 3° anel 4° anel 5° anel


Valor ôhmico Valor ôhmico Valor ôhmico Multiplicador Tolerância
Preto 0 0 0 X1
Marrom 1 1 1 X 10 ± 1%
Vermelho 2 2 2 X 100 ± 2%
Laranja 3 3 3 X 1K
Amarelo 4 4 4 X 10K
Verde 5 5 5 X 100K ± 0,5%
Azul 6 6 6 ± 0,25%
Violeta 7 7 7 ± 0,1%
Cinza 8 8 8 ± 0,05%
Branco 9 9 9
Ouro X 0,1
Prata X 0,01
Sem cor
Exemplo:
Amarelo, violeta, laranja, azul, vermelho = 473000000 ohms com tolerância de ± 2%

1.1.5 – Varistor (Metal Oxido Varistor ou M.O.V)


É um tipo especial de resistor que apresenta dois valores de resistência muito
diferentes. Um valor muito alto de resistência quando se encontra operando na tensão
nominal ou abaixo desta que foi especificado. Um valor baixo de resistência se
submetido a tensão superior a especificação. Com isto servindo como supressor de
surtos de tensão no sistema, comumente chamado de para-raios de linha.

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1.1.6 – Termistor PTC (Coeficiente de temperatura positivo)


É um resistor termicamente sensivel, feito de material cerâmico a base de
titanato de bário. A elevação de sua resistência elétrica é fortemente influenciada pelas
condições de dissipação de potência do componente, assim como pela variação da
temperatura ambiente (normalmente adota-se a temperatura de 25°C como referência).
Algumas aplicações do PTC:
- Sensores de temperatura.
- PTC de aquecimento, utilizado em equipamentos de aquecimento como
desumidificador de papel, chapas para cabelo.
- Proteção de motores e transformadores, usado junto ao enrolamento das
bobinas, indicando assim a temperatura cujo ao qual estão submetidos.
- Para surtos de corrente, quando acontece um curto-circuito ou uma condição de
elevação da corrente, o PTC sofre uma mudança do valor de sua resistência, elevando a
mesma, com isto limitando o fluxo de corrente no circuito.

1.1.7 – Termistor NTC (Coeficiente de temperatura negativo)


É um resistor termicamente sensivel, feito de material cerâmico a base de
titanato de bário. A diminuição de sua resistência elétrica é fortemente influenciada
pelas condições de dissipação de potência do componente, assim como pela variação da
temperatura ambiente (normalmente adota-se a temperatura de 25°C como referência).

1.1.8 – LDR (Light Dependent Resistor – Resistor variável conforme incidência de luz)
É um tipo de resistor cujo valor ôhmico varia conforme a intensidade da
incidência de radiação eletromagnética do espectro da luz, sendo sensível as seguintes
faixas deste espectro: Infravermelho (IR), Luz visível e Ultravioleta (UV).
É constituído de sulfeto de cádmio (CdS) ou seleneto de cádmio (CdSe). Quando
temos uma boa intensidade luminosa sua resistência é de aproximadamente 100 ohms e
quando temos a ausência da mesma a sua resistência gira em torno de 1 Mega ohms.
O LDR é utilizado em sensores foto-elétricos (fotocélulas) que controlam o
acendimento de poste de iluminação e luzes em residencias.

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1.2 – Capacitor ou condensador

Um capacitor é um componente que armazena energia num campo elétrico, esta


energia armazenada é proveniente de um desequilíbrio interno de carga elétrica.
A primeira forma de capacitor foi a Jarra de Leyden, esta jarra foi inventada na
Universidade de Leiden na Holanda. A mesma era composta de um recepiente de vidro
coberto com metal. A cobertura interna era conectada a uma vareta que saia da jarra e
terminava em uma bola de metal.
Quanto a forma construtiva, os capacitores se consistuem de duas placas que
armazenam cargas opostas. Estas duas placas são condutoras e são separadas por um
material isolante (dielétrico). A carga é armazenada na superfície das placas, no limite
com o dielétrico. Devido ao fato das placas armazenarem cargas iguais, porém opostas,
a carga total no dispositivo é sempre zero. Por melhor que seja a qualidade do material
do capacitor em função do tempo teremos uma pequena corrente de fuga, com isto
diminuindo a carga armazenada.

Como podemos observar na figura acima, o que ocorre com o campo elétrico
estabelecido no capacitor é uma analogia das linhas de fluxo que atuam entre os pólos
magnéticos de um imã. O campo elétrico exerce sua força em qualquer carga dentro de
seu campo de atuação. Uma partícula carregada negativamente, como um elétron, é
forçada contra a placa positiva do capacitor. Fazendo com isto que o isolante (dielétrico)
fique sobre uma pressão causada pela força do campo eletromagnetico. Desta forma
temos uma orientação da direção dos elétrons em relação a placa positiva, afastando-os
da placa negativa. Com este caminho orbital modificado do elétron, temos um aumento
do nível energetico do mesmo. É desta forma que o capacitor consegue armazenar sua
energia (carga).
A corrente cessa, uma vez que o capacitor está carregado. Desta forma temos
uma nova fonte de energia.
Um capacitor carregado pode ser desconectado da sua fonte original de
alimentação DC e usado como uma nova fonte de energia. Caso seja conectado um
voltimetro aos terminais do capacitor, ele indicará a tensão. Se um resistor for
conectado a este capacitor, a corrente circulará através do mesmo. Contudo, como o

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Eletrotécnica II

capacitor é uma fonte limitada de energia, a alimentação desta carga não perdurará
muito tempo.
Mesmo não sendo uma fonte de grande autonomia o capacitor pode provocar
um choque elétrico a um usuário, que dependendo da tensão armazenada e capacitância
pode ser muito severo, inclusive levando a obito o usuário.
Na eletrônica os capacitores por nos permitirem a separação de sinais de corrente
alternada, mas bloquearem corrente contínua, são utilizados para acoplamento AC.

1.2.1 – Capacitância
A capacitância de um capacitor é determinada por quatro fatores:
a) Área das placas;
b) Distância entre as placas;
c) Tipo de material dielétrico;
d) Temperatura.

Em aplicações cotidianas a temperatura no capacitor é a menos significante das


quatro relacionadas acima, mas na maioria das aplicações críticas, tal qual nos circuitos
com osciladores, é muito importante esta característica.
A capacitância do capacitor é diretamente proporcional à area de suas placas. Se
todos os demais fatores permanecerem os mesmo e dobrarmos a area das placa, teremos
a capacitância dobrada. Mas a capacitância é inversamente proporcional a distância
entre as placas. Caso a distância entre as placas seja dobrada, a força do campo
eletromagnetico é consideravelmente diminuida, com isto a quantidade de energia
armazenada no capacitor decresce, por consequência a capacitância também.
Um elemento fundamental na determinação da capacitância do capacitor é o
material isolante (dielétrico) cujo o qual o mesmo é fabricado. Alguns materiais quando
sujeitos a um campo elétrico apresentam menores distorções moleculares que outros,
com isto tornando-se melhores acumuladores de energia. Exemplo a MICA apresenta
uma constante dielétrica 5 (cinco) vezes superior ao AR.

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1.2.2 – Unidade de medida


A unidade de medida da capacitância é o “Farad” que é representado pela letra
“ F ”, mas a unidade “Farad” é muito grande para aplicações cotidianas, o que nos leva
a utilizar seus submúltiplos, tais como micro, nano e pico Farad:
Valores típicos de capacitores:
1.0F 1.1F 1.2F 1.3F 1.5F 1.6F 1.8F 2.0F
2.2F 2.4F 2.7F 3.0F 3.3F 3.6F 3.9F 4.3F
4.7F 5.1F 5.6F 6.2F 6.8F 7.5F 8.2F 9.1F
Para obter os demais valores basta multiplicar por: 10-6,10-9 ou 10-12.

1.2.3 – Tensão de trabalho


É a máxima tensão de trabalho (em Volts) que o capacitor pode suportar entre
suas placas sem deteriorar seu dielétrico. Se a tensão no capacitor for elevada além do
valor de projeto, o dielétrico pode não se romper imediatamente. Contudo, sua
expectativa de vida será consideravelmente diminuída.

1.2.4 – Tipos de capacitores


Os capacitores podem basicamente serem classificados em 04 famílias.

1.2.4.1 – Capacitores fixos despolarizados


Apresentam capacitância fixa, como são despolarizados podem tanto ser
utilizados em C.A. como em C.C.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 14


Eletrotécnica II

1.2.4.2 – Capacitores ajustáveis


São capacitores que permitem ajuste em sua capacitância, alterando-a dentro de
uma determinada faixa. São utilizados em alguns controles remotos, calibração de
osciladores de recepção e transmissão de ondas de rádio.

1.2.4.3 – Capacitores variáveis


São capacitores que permitem ajuste em sua capacitância, mais diferentemente
dos ajustáveis, o usuário pode constantemente regula-lo. São utilizados nos
sintonizadores de rádio.

1.2.4.4 – Capacitores eletrolíticos


São capacitores de alto valor de capacitância mais com volume compacto. Há
grande diferença entre os capacitores eletrolíticos dos demais é que o mesmo tem seu
material isolante (dielétrico) em um preparo químico chamado de eletrólito que oxida
pela aplicação de tensão elétrica. Não podemos nos esquecer que este tipo de capacitor é
polarizado, caso haja inversão teremos a danificação do mesmo e o usuário estará
sujeito a ferimentos. Sendo assim estes capacitores não podem ser utilizados em
circuitos alimentados em C.A. sem a devida despolarização.

1.2.5 – Identificação de capacitores


Temos no mercado uma grande gama de capacitores variando deste alguns pF
até alguns F e desde baixa tensão até alguns milhares de volts. Em geral, quanto mairo a
a capacitância e a tensão elétrica, maior o tamanho físico do capacitor (como
consequência o preço também). A tolerância em geral para os capacitores comuns de
mercado é de 5% ou 10%. Os capacitores são frequentemente classificados pelo tipo de
material dielétrico utilizado. São estes:
- Cerâmica (valores aproximadamente abaixo de 1µF)
- Poliestireno (geralmente em pF)
- Poliéster (valores aproximadamente entre 1nF até 1µF)
- Polipropileno (baixas perdas e resistentes a avarias)
- Tântalo (valores aproximadamente abaixo de 100µF)
- Eletrolíticos (aproximadamente de 0,1µF até 24000µF)

1.2.5.1 – Capacitor cerâmico

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Eletrotécnica II

1.2.5.2 – Capacitor de poliester

Cor 1° anel 2° anel 3° anel 4° anel 5° anel


Valor Valor Multiplicador Tolerância Tensão
Preto 0 0 20%
Marrom 1 1 X 10 250V
Vermelho 2 2 X 100
Laranja 3 3 X 1K 400V
Amarelo 4 4 X 10K
Verde 5 5 X 100K 630V
Azul 6 6 X 1000K
Violeta 7 7
Cinza 8 8
Branco 9 9 10%

1.2.6 – Capacitores nos circuitos C.C.


Num circuito C.C. contendo somente a capacitância do capacitor ligado de
forma direta aos terminais da fonte de alimentação sem um resistor em série a este
capacitor, como imagem abaixo:

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Eletrotécnica II

Temos que o mesmo é carregado por um surto de corrente. Uma vez terminado
este surto, não haverá mais circulação de corrente. O capacitor, um vez carregado, será
para a fonte de alimentação como uma carga desaclopada.
A amplitude deste surto de corrente é basicamente controlada pela resistência
interna dos componentes do circuito, tanto fonte como capacitor. Este surto permanece
por um período de tempo extremanente pequeno. Devido ao seguinte efeito:

1.2.6.1 – Constante de tempo do capacitor


O tempo solicitado para um capacitor ficar carregado ou descarregado é
determinado pela sua resistência interna e capacitância. Temos então a seguinte formula
para esta constante de tempo:
Constante de tempo (T) = resistência interna (R) x capacitância (C)

Quando um capacitor está carregando, a constante de tempo representa o tempo


requerido para o capacitor carregar a 63,2% da tensão da fonte de alimentação em cada
ciclo . Durante a próxima constante de tempo, o capacitor carrega outros 63,2% da
tensão residual disponivel da fonte. Com isto verificamos que ao fim de duas constantes
de tempo, o capacitor está com 86,5% da carga [primeira constante 63,2% + segunda
constante (63,2% x 36,8 % da tensão restante da fonte) = 86,5%]. Ao fim da terceira
constante, o capacitor está com 95% da carga [segunda constante 86,5% + terceira
constante (63,2% x 13,5% da tensão restante da fonte) = 95,0%]. E assim até a quinta
ou sexta constante, cuja as quais o capacitor é considerado totalmente carregado .
Na descarga do capacitor temos a mesma lógica, só que inversa. E assim até a
quinta ou sexta constante, cuja as quais o capacitor é considerado totalmente
descarregado .

1.2.7 – Capacitores nos circuitos C.A.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 17


Eletrotécnica II

Podemos observar através dos desenhos ao


lado como um capacitor controla a absorção de
corrente no circuito, adiantando a mesma em 90° em
relação a tensão. A forma de onda cheia representa a
tensão da fonte de alimentação aplicada aos terminais
do capacitor. A forma de onda pontilhada representa a
corrente drenada e descarregada pelo capacitor na
fonte de alimentação e lida no amperímetro.
No primeiro quarto de ciclo da onda de tensão,
devido ao fato do capacitor estar totalmente
descarregado e o máximo fluxo magnético, temos a
máxima absorção de corrente pelo mesmo. Quando
atingimos o valor máximo de tensão neste ¼ de ciclo,
não temos fluxo magnético, por consequência temos
nenhuma drenagem de corrente da fonte e também
devido a equalização da tensão da fonte com a do
capacitor.
No segundo quarto de ciclo da onda de tensão,
devido a redução da tensão da fonte, temos uma DDP
entre ela e o capacitor. Com isto provocando a
descarga da energia armazenado no capacitor a fonte,
neste momento o capacitor é uma fonte de energia.
Quando atingirmos a tensão zero, teremos a máxima
absorção de corrente pela fonte de alimentação
fornecida pelo capacitor, provocando assim a total
descarga do mesmo.
O que ocorre nos próximos dois quartos de ciclo (terceiro e quarto) é a mesma analogia
que os dois primeiros quartos de ciclo (primeiro e segundo). Só que em sentido reverso
de polarização, como desenhos acima.
1.2.8 – Reatância capacitiva
A oposição que o capacitor apresenta a passagem da corrente alternada é
chamada de reatância capacitiva, que simbolicamente é representada por XC. Como a
reatância é uma oposição a passagem da corrente a unidade base dela é também o ohm
(Ω).
Apesar de ser expressa em ohm (Ω) a mesma não pode ser medida com um
ohmímetro. Deve sim ser calculada usando a formula da lei de Ohm ou a de reatância
capacitiva. Na formula da lei de Ohm substituimos o R por XC, então temos:
VC VC
XC = ------ IC = ------ VC = IC x XC
IC XC

Fórmula da reatância capacita:


1
XC = ------------
2πfC

Exemplo de calculo de reatância capacitiva.


- Qual é a reatância de um capacitor de 0,01 µF em 400 Hz?
1
XC = ------------------------------------ Î 39808 Ω

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Eletrotécnica II

2 x 3,14 x 400 x 0,01 x 10-6

- Qual é a reatância de um capacitor de 0,005 µF em 400 Hz?


1
XC = ------------------------------------ Î 79617 Ω
2 x 3,14 x 400 x 0,005 x 10-6

- Qual é a reatância de um capacitor de 0,01 µF em 800 Hz?


1
XC = ------------------------------------ Î 19904 Ω
2 x 3,14 x 800 x 0,01 x 10-6

1.2.9 – Associação de capacitores

1.2.9.1 – Capacitores em série


Quando os capacitores são ligados em série, a sua capacitância total é menor do
que a capacitância do menor capacitor no circuito, observe as fórmulas abaixo:

Fórmula para vários capacitores ligados em série com valores variados de capacitância:
1
CT = -------------------------------------------
1 1 1
------ + ------- + ------- + outros...
C1 C2 C3
Fórmula somente com dois capacitores:
C1 x C2
CT = ----------------
C1 + C2

Fórmula com inumeros capacitores ligados em série com mesmo valor de capacitância:
C
CT = ------
n

Exemplo:
- Qual é a capacitância totla de um capacitor de 0,001 µF em série com um capacitor de
2000 pF?

(0,001 x 10-6) x (2000 x 10-12)


CT = ---------------------------------------------- Î 0,667 nF
(0,001 x 10-6) + (2000 x 10-12)

A reatância dos capacitores ligados em série é calculada conforme fórmula abaixo:


XCT = XC1 + XC2 + XC3

1.2.9.2 – Capacitores em paralelo


Quando os capacitores são ligados em paralelo, a sua capacitância total é
somatoria da capacitância de todos os capacitores nos circuito, observe a fórmula
abaixo:

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Eletrotécnica II

CT = C1 + C2 + C3 + outros...

Só que a reatância capacitiva destes capacitores é tratada como resistências em


paralelo, observe fórmulas abaixo:

Fórmula para várias reatâncias ligadas em paralelo:


1
XCT = -------------------------------------------
1 1 1
------ + ------- + ------- + outros...
XC1 XC2 XC3

Fórmula somente com duas reatâncias:


XC1 x XC2
XCT = ----------------
XC1 + XC2

Fórmula com inumeras reatâncias ligadas em paralelo com mesmo valor:


XC
XCT = ------
n

Exemplo:

- Determine a corrente total, a corrente em C1, a capacitância total e a reatância em cada


capacitor e a total do circuito abaixo:

CT = 0,2 µF + 0,3 µF Î 0,5 µF

1
XCT = --------------------------------------------- Î 318, 47 Ω
2 x 3,14 x (1 x 103) x (0,5 x 10-6)

1
XC1 = ---------------------------------------------- Î 796,17 Ω
2 x 3,14 x (1 x 103) x (0,2 x 10-6)

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Eletrotécnica II

1
XC2 = ---------------------------------------------- Î 530,78 Ω
2 x 3,14 x (1 x 103) x (0,3 x 10-6)

100V
IT = -------------- Î 314 mA
318,47Ω

100V
IC1 = -------------- Î 125,6 mA
796,17Ω

1.2.10 – Capacitância indesejada


Quando temos duas superfícies condutoras separadas por um isolante existe a
formação de uma capacitância. Neste caso todo circuito elétrico ou eletrônico tem
alguma capacitância intrínseca, por exemplo:
a) Um condutor isolado e um chassi de metal;
b) Dois condutores num cabo elétrico;
c) Os terminais de entrada e saída de um transistor;
d) Duas espiras de uma bobina e outras...
Dependendo do valor da capacitância e da freqüência de funcionamento do circuito, está
capacitância pode ou não influenciar no bom funcionamento do circuito. Em circuitos
de baixa freqüência não temos influencias perceptíveis, mas nos de alta podemos ter.

1.3 – Indutor
O indutor é geralmente construído como uma bobina (em forma espiral) de
material condutor, seu núcleo pode ser de ar ou qualquer outro material não-magnético
ou pode ter um núcleo de material magnético.
Existem outros nomes para os indutores conforme sua aplicação, como choque,
reatores e bobinas.

1.3.1 – Indutância
O indutor apresenta uma propriedade elétrica que é chamada de indutância, esta
se opõe a mudança na amplitude da corrente do circuito cujo ao qual está inserida. A

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Eletrotécnica II

indutância é o resultado da tensão induzida no condutor. Os fatores de determinação da


indutância são os seguintes:
a) O número de espiras do condutor;
b) O espaçamento entre as espiras do condutor;
c) O diâmetro do núcleo da bobina;
d) O tipo do material do núcleo;
e) Resistência do condutor em corrente continua;
f) Corrente do condutor;
g) Tensão de serviço.

O núcleo do indutor é o material que ocupa o espaço interno formado pelas espiras
do indutor. A indutância sofre uma interferência direta da intensidade de corrente
percorrida no núcleo, devido as propriedades magnéticas do mesmo.

1.3.2 – Unidade de medida


A unidade base para a indutância é o henry, esta é definida em termos da fcem
produzida quando a corrente está variando sua intensidade em um condutor. O símbolo
que representa a indutância é a letra “ L ”.
Valores típicos de indutores:
1.0H 1.1H 1.2H 1.3H 1.5H 1.6H 1.8H 2.0H
2.2H 2.4H 2.7H 3.0H 3.3H 3.6H 3.9H 4.3H
4.7H 5.1H 5.6H 6.2H 6.8H 7.5H 8.2H 9.1H
Para obter os demais valores basta multiplicar por: 10-3 ou 10-6.

1.3.3 – Tensão de trabalho


Devemos observar a especificação da tensão indicada no indutor para que não
mudemos muito a relação Volts/espira e também para que não ocorra o sobre
aquecimento do indutor, pois conforme a lei de Ohm [ I = V/R ] e a potência dissipada é
[ P = R x I2 ], a medida que a tensão sobe, temos a subida da corrente no indutor de
forma proporcional. Mas a potência dissipada fica em função do quadrado da corrente.
Com esta elevação podemos mudar as características isolantes do verniz no condutor e
ocorrer o curto entre espiras ou contra o núcleo. Quando temos indutores com núcleo
laminados principalmente temos que ter cuidado redobrado, pois o núcleo é um
componente físico e eletricamente conectado ao chassi do equipamento que muitas
vezes está aterrado.

1.3.4 – Tipos de indutores


A classificação dos indutores é feito pelo tipo de material utilizado no seu
núcleo, que pode ser formado de material magnético ou não magnético. Os indutores
também são classificados em fixos ou variáveis. A maneira mais simples de variar a
indutância é através do ajuste da posição do material no núcleo da bobina. Teremos o
melhor rendimento da indutância quando o tarugo magnético for exatamente
posicionado no interior da bobina.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 22


Eletrotécnica II

1.3.4.1 – Indutor de núcleo de Ar


Este indutor é o mais básico de todos, pois é constituído de um pedaço de fio
com inúmeras voltas, apresenta geralmente valores de indutância não superiores a 5mH.
São utilizados em freqüências altas (radiofreqüências) ou em equipamento especial, em
que se deseja evitar os efeitos de temperatura associados com os núcleos magnéticos.

1.3.4.2 – Indutor com núcleo de ferrite ou ferro pulverizado


Estes indutores apresentam uma indutância inferior a 200mH, seu núcleo é reto,
com isto o fluxo magnético se estende através do ar bem como através do material de
que ele é constituído e geralmente são utilizados em freqüências acima da faixa audível
(20 kHz).

1.3.4.3 – Indutor com núcleo toroidal


A grande vantagem deste indutor, está no fato de seu fluxo magnético ficar
somente concentrado dentro do núcleo, é o indutor ideal. Pelo seu formato circular as
espiras tem que ser enroladas manualmente no núcleo. Este tipo de indutor apresenta
elevado valor de indutância em comparação com seu tamanho compacto.

1.3.4.4 – Indutor moldado


Com o objetivo de proteção mecânica do enrolamento, este indutor tem o
formato semelhante ao resistor. Pode apresentar ou não núcleo magnético.

1.3.4.5 – Indutor protegido


Este indutor após sua fabricação é encapsulado em material magnético (capa
protetora), criando assim uma gaiola de Faraday, evitando desta forma a interferência de
outros campos magnéticos sobre este indutor.

1.3.4.6 – Indutor de ferro laminado


É basicamente o mais conhecido todos, pois este sistema é o utilizado nos
transformadores desde baixa até extra alta-tensão na nossa freqüência industrial (60 Hz).
Estes indutores apresentam uma faixa aproximadamente entre 0,1 a 100H.

1.3.4.7 – Indutor filtro de choque


É utilizado em uma ampla gama de equipamentos como filtro de fonte de
potência. Existem basicamente dois tipos de filtros: o alisante e o oscilante.

1.3.4.8 – Indutor (bobina ou choques para radiofreqüência RF)


Como o próprio nome já especifica este indutor é muito utilizado em
radiofreqüência. O seu núcleo ser não magnético ou magnético e também pode ser um
indutor fixo ou variável dependendo da aplicação.

1.3.5 – Indutores no circuito C.C.


Quando utilizamos um indutor em um circuito C.C. puro, o mesmo trata este
indutor como uma resistência, pois em corrente continua não temos reatância indutiva.
Vamos explicar melhor este fenômeno:
- Ao conectarmos um resistor em um circuito C.C. a corrente atinge seu valor
máximo em uma pequena fração de tempo e quando realizamos a abertura do mesmo, a
corrente cessa instantaneamente, criando uma fcem muito pequena, ver figura abaixo.

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Eletrotécnica II

- Ao conectarmos um indutor em um circuito C.C. a corrente sobe mais


lentamente no circuito, devido à fcem (força contra eletro motriz) do indutor e esta
corrente fica limitada pela resistência em corrente continua do condutor do indutor.
Geralmente o tempo de carga é inferior a 1 segundo dependendo da indutância. Quando
realizarmos a abertura do circuito a fcem do indutor impede a corrente de ir a zero
instantaneamente. O indutor provoca um fenômeno chamado, golpe indutivo, este golpe
ocorre devido ao fato da fcem do indutor torna-se muito maior do que a tensão da fonte
de alimentação. Devido a esta grande diferença de potencial (DDP) entre os terminais
da chave, ocorre a ionização e por conseqüência o arco elétrico e a queima dos contatos.
Podemos amenizar esta queima colocando vários contatos desta chave ou equipamento
em série com isto diminuindo a tensão induzida em cada jogo de contato ou podemos
colocar um capacitor em paralelo com o contato da chave ou equipamento para diminuir
os transitórios de interrupção do circuito.

1.3.5.1 – Constante de tempo para indutor


O que vamos abordar agora é uma analogia do item 1.2.6.1 que abordava carga e
descarga no capacitor, agora vai ser carga e descarga em um indutor.
O tempo solicitado para um indutor ficar carregado ou descarregado é
determinado pela sua resistência interna e indutância. Temos então a seguinte formula
para esta constante de tempo:
Indutância (L)
Constante de tempo (T) = ---------------------------------
Resistência interna (R)
Esta constante de tempo para um circuito RL é definida como o tempo
necessário em que a corrente vai demorar para atingir 63,2% de sua corrente total.
Durante a próxima constante de tempo, o indutor carrega outros 63,2% da corrente total.
Com isto verificamos que ao fim de duas constantes de tempo, o indutor está com
86,5% da corrente total [primeira constante 63,2% + segunda constante (63,2% x 36,8%
da corrente total restante) = 86,5%]. Ao fim da terceira constante, o indutor está com
95% da carga [segunda constante 86,5% + terceira constate (63,2% x 13,5% da corrente
total restante) = 95%]. E assim até a quinta ou sexta constante, cuja quais o indutor é
considerado totalmente carregado.
Na descarga do indutor temos a mesma lógica, só que inversa. E assim até a
quinta ou sexta constante, cuja quais o indutor é considerado totalmente descarregado.

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Eletrotécnica II

1.3.6 – Indutor no circuito C.A.

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Eletrotécnica II

Podemos observar através dos desenhos ao


lado como um indutor controla a absorção de
corrente no circuito, atrasando a mesma em 90° em
relação a tensão. A forma de onda cheia representa
a tensão da fonte de alimentação aplicada aos
terminais do indutor. A forma de onda pontilhada
representa a corrente drenada e descarregada pelo
indutor na fonte de alimentação e lida no
amperímetro.
No início do primeiro quarto de ciclo da
onda da tensão é quando a mesma está com seu
valor máximo, observar figura, neste instante não
temos variação de fluxo magnético, por
consequência não temos nenhuma drenagem de
corrente da fonte.
A medida que a tensão diminui, temos
variação do fluxo, por consequência corrente no
sistema. Quando a tensão passa pelo zero, temos a
maior variação de fluxo no sistema, em contra
partida temos o pico máximo de corrente drenada.
No segundo quarto de ciclo da onda de
tensão, devido inversão do ciclo da tensão, temos
uma mudança no sentido do fluxo de eletrons entre
a fonte e o indutor. Com isto provocando a
descarga da energia magnética armazenado no
indutor a fonte, neste momento o indutor é uma
fonte de energia. Quando atingirmos a tensão
máxima negativa, teremos a máxima absorção de
corrente pela fonte de alimentação fornecida pelo
indutor, provocando assim a total descarga do
mesmo.
O que ocorre nos próximos dois quartos de ciclo (terceiro e quarto) é a mesma analogia
que os dois primeiros quartos de ciclo (primeiro e segundo). Só que em sentido reverso
de polarização.

1.3.7 – Reatância indutiva


A oposição que o indutor apresenta a passagem da corrente alternada é chamada
de reatância indutiva, que simbolicamente é representada por XL. Como a reatância é
uma oposição a passagem da corrente a unidade base dela é também o ohm (Ω).
Apesar de ser expressa em ohm (Ω) a mesma não pode ser medida com um
ohmímetro. Deve sim ser calculada usando a formula da reatância indutiva e devemos
ficar atentos que a mesma é diretamente proporcional à frequência e à indutância. Caso
seja dobrado algum destes valores, automática a reatância dobra.
Isto ocorre pelos seguintes fatos:
- Com uma variação maior da frequência, consequentemente temos uma rápida
variação da corrente. Aonde teremos uma maior fcem e reatância.
- Com uma reatância maior, maior variação do fluxo.

Fórmula da reatância indutiva:

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Eletrotécnica II

XL = 2πfL

Exemplo de cálculo de reatância indutiva.


- Qual é a reatância de um indutor de 3H em 120 Hz?
XL = 2 x 3,14 x 120 x 3 Î 2260,8 Ω

- Qual é a reatância de um indutor de 6H em 120 Hz?


XL = 2 x 3,14 x 120 x 6 Î 4521,6 Ω

- Qual é a reatância de um indutor de 3H em 240 Hz?


XL = 2 x 3,14 x 240 x 3 Î 4521,6 Ω

1.3.8 – Associação de indutores

1.3.8.1 – Indutores em série


Os indutores quando estão associados em série tanto sua indutância e reatância
indutiva tem o mesmo comportamento que as resistências. As fórmulas ficam da
seguinte maneira:
LT = L1 + L2 + L3 + outras...
XLT = XL1 + XL2 + XL3 + outras.
XLT = 2πfLT

Tensão sobre indutores em série:


L1 L2 L3
VL1 = -------- VL2 = --------- VL3 = --------- + outras...
LT LT LT

Calcule a indutância total e reatância indutiva total em 60 Hz de uma bobina de 3H


conectada em série com uma bobina de 5H.
LT = 3 + 5 Î 8H
XLT = (2 x 3,14 x 60 x 3) + (2 x 3,14 x 60 x 5) Î 3014,4 Ω ou
XLT = 2 x 3,14 x 60 x 8 Î 3014,4 Ω

1.3.8.2 – Indutores em paralelo


Os indutores quando estão associados em paralelo tanto sua indutância e
reatância indutiva tem o mesmo comportamento que as resistências. As fórmulas ficam
da seguinte maneira:
- Para dois indutores:
L1 x L2 XL1 x XL2
LT = -------------- XLT = ------------------
L1 + L2 XL1 + XL2
- Para vários indutores iguais em paralelo:
L XL
LT = ------ XLT = ---------
n n

- Para vários indutores com valores diversos em paralelo:

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Eletrotécnica II

1 1
LT = ------------------------------------- XLT = ---------------------------------------
1 1 1 1 1 1
---- + ---- + ---- + outros... ----- + ------ + ------ + outros...
L1 L2 L3 XL1 XL2 XL3

Calcule a indutância total e reatância indutiva total, corrente total e a corrente dos
indutores do circuito cujo qual temos um indutor de 0,4H conectado em paralelo com
um indutor de 600mH com uma frequência de 20 kHz e tensão da fonte de alimentação
40V.
0,4 x 0,6
LT = ---------------- Î 0,24H
0,4 + 0,6

XL1 = 2 x 3,14 x 20000 x 0,4 Î 50240Ω

XL2 = 2 x 3,14 x 20000 x 0,6 Î 75360Ω

50240 x 75360
XLT = ------------------------ Î 30144Ω
50240 + 75360

40V
IT = -------------- Î 1,3269 mA
30144Ω

40V
I1 = ---------------- Î 0,7961 mA
50240Ω

40V
I2 = --------------- Î 0,5307 mA
75360Ω

1.3.8.3 – Indutância indesejada


Todo condutor em qualquer circuito elétrico ou eletrônico (inclusive trilhas de
placas de circuito impresso) em forma retilínea ou em forma de bobina (resistor de fio)
apresenta uma indutância intrínseca.
Dependendo do valor desta indutância e da freqüência de funcionamento do
circuito, está pode ou não influenciar no bom funcionamento do circuito. Em circuitos
de baixa freqüência não temos influencias perceptíveis, mas nos de alta podemos ter.
Para amenizarmos estes efeitos no caso dos resistores de fio podemos enrolar metade
das espiras no sentido horário e a outra metade em sentido anti-horário. Com isto os
efeitos dos campos magnéticos se compensaram mutuamente.

1.4 – Transformadores

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Eletrotécnica II

Através da interação do fluxo magnético entre duas ou mais bobinas temos um


transformador com ou sem núcleo. Os tranformadores (trafos) podem ser de potência,
medição, de sinal, de multiplos enrolamentos, isoladores e auto transformadores.
Geralmente os transformadores são compostos de núcleo de ferro, carretel aonde é
alojado as bobinas, bobinas primárias e secundárias e terminais ou buchas dependendo o
nível de tensão, materiais isolantes e carcaça.
Pelo efeito da indutância mútua é que o transformador trabalha, como podemos
observar no desenho a seguir.

1.4.1 – Símbolos de transformadores


Como podemos observar existem vários tipos de transformadores e seus simbolos
correspondentes. Quando utilizamos um transformador em que seus enrolamentos estão
protegidos com blindagem de alumínio, cobre ou outros materiais não-magnéticos, esta
proteção é destinada à proteção contra campo elétrico e não magnético.

1.4.2 – Enrolamentos primário e secundário


O enrolamento primário converte a energia elétrica entregue aos seus terminais
em energia magnética e o secundário converte a energia magnética em energia elétrica
novamente. Ambos os enrolamentos estão eletricamente isolados entre si, mas
magneticamente conectados. Algumas vezes a tensão do enrolamento secundário é igual
o do primário, este tipo de transformador é chamado de isolador. É utilizado em alguns
casos para proteção do usuário em uma determinada máquina, evitando assim choques,
pois seu secundário esta isolado e não aterrado, não permitindo assim correntes de fuga
para a terra. Ou como filtro evitando alguns transitorios do sistema a máquina que esta
acoplado.
Conforme a configuração dos enrolamentos do transformador (trafo) o mesmo
pode ser:
Um trafo elevador Î A tensão de saída do secundário é superior a do primário.
Um trafo abaixador Î A tensão de saída do secundário é inferior a do primário.

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Eletrotécnica II

Um trafo misto Î Conforme o tap selecionado a tensão de saída do secun-


dário pode tanto ser inferior ou superior a tensão do enrolamento primário.

A relação de espiras determina se o trafo é abaixador ou elevador de tensão. Se o


número de espiras do primário for maior do que a do secundário, o mesmo é abaixador.
Caso o número de espiras do primário for menor do que a do secundário, o mesmo é
elevador de tensão.

1.4.3 – Rendimento do transformador


Um transformador em regime de trabalho aquece-se porque tanto o núcleo de
ferro como as suas bobinas de cobre convertem uma pequena parcela da energia elétrica
em forma de energia calorífica.
O cálculo do rendimento do transformador é realizado da seguinte forma:
Ps Ps = Potência secundária
Rendimento (%) = --------- x 100
Pp Pp = Potência primária

O transformador apresentará seu melhor rendimento, acima de 95%, quando


estiver sendo utilizado em sua capacidade nominal. Quando estamos utilizando um trafo
com carga reduzida, o rendimento do mesmo diminui porque a circulação de correntes
parasitas e de perda não diminui na mesma proporção que a corrente da carga. E quando
o mesmo esta a vazio (sem carga) atua como um simples indutor.

Existem basicamente 03 (três) tipos de perdas mensuraveis no trafo:


1.4.3.1 – Perdas por histerese
Esta perda é causada pelo magnetismo residual, vamos explicar melhor:
Todos os corpos são compostos de partículas minúsculas, as moléculas, que
podem ser tanto polares como apolares.
Estas moléculas polares apresentam uma força magnética, ou seja, comportam-
se como se fossem pequenos imãs, por este motivo este tipo de material é chamado de
ferro-magnético.
Quando o entreferro do transformador esta sujeito a ação do campo magnético
das bobinas adquire características magnéticas, ou seja, fica magnetizado ou imantado.
Isto vem a acontecer devido à orientação em um único sentido dada às moléculas
pelo campo magnético.
Desta forma, o campo magnético do corpo será a soma dos campos de todas as
moléculas.
Para uma melhor compreensão observemos a ilustração abaixo que representa o
comportamento de material do tipo ferro-magnético e não ferro-magnético.

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Eletrotécnica II

Quando um corpo ferro-magnético é colocado sob a ação de um campo


magnético, ao aumentarmos este, a densidade do fluxo magnético também é elevada.
Ao aumentarmos a intensidade do campo, a densidade do fluxo aumenta segundo o
trecho “0-a”. Ao diminuirmos o campo, ao invés do fluxo diminuir progressivamente
até atingir o ponto “0”, este diminui pelo trecho “a-b”. Ao ser invertido a polaridade do
campo, o fluxo continuará a diminuir até atingir o ponto “c”, e assim sucessivamente.
Caso a intensidade do campo esteja dentro do limite “x-y” da curva, a
magnetização do corpo poderá ser retirada totalmente, neste intervalo o processo é
reversível e a perda por histerese é considerada normal. Mas caso a intensidade do
campo esteja fora deste limite “x-y” da curva, teremos uma acentuada perda por
histerese, devido a saturação ou magnetização permanente do núcleo provocada por
uma corrente excessiva nos enrolamentos do transformador.

1.4.3.2 – Perdas por correntes parasitas ou corrente de Foucault


A variação do fluxo magnético nas bobinas do transformador induz uma tensão
no núcleo do mesmo. Esta tensão induzida causa a circulação de uma corrente
denominada de corrente de Foucault. Caso o núcleo do transformador fosse massiço
esta corrente seria de intensidade considerável, pois a resistência seria praticamente
zero, por este motivo o núcleo é laminado.
Estas lâminas apresentam uma fina camada de óxido, este óxido apresenta uma
resistência consideravel. Fazendo com que a corrente de perda seja reduzida, com isto
reduzindo a potência dissipida no núcleo.

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Eletrotécnica II

1.4.3.3 – Perdas no enrolamento


Esta perda é diretamente proporcional a resistência no condutor, então para
minimizarmos este tipo de perda, na medida do possivel devemos utilizar condutores de
bitola tão grande quando o possível. Somente ficando limitados pela área das janelas no
núcleo onde a bobina deverá ser enrolada.

1.4.4 – Transformadores trifásicos


O transformador trifásico pode ser montado se associando 03 (três)
transformadores monofásicos ou se construindo um especifico.
A estrutura de um transformador trifásico é ilustrada abaixo. O fluxo na fase 1
(coluna 1) é igual ao fluxo na fase 2 mais o fluxo na fase 3. O fluxo da fase 2 é igual ao
fluxo da fase 3 mais o fluxo da fase 1 e assim por diante. Isot porque o fluxo, como a
corrente em cada fase, está defasado em 120°.

Os enrolamentos primário e secundário de um transformador trifásico tanto


podem ser conectados em estrela ou triângulo. O secundário não precisa
obrigatoriamente ter a mesma configuração de ligação do enrolamento primário.

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Eletrotécnica II

Se uma conexão no enrolamento primário for realizada de forma incorreta, tanto


na ligação estrela ou na triângulo, isto provocará um aumento excessivo da corrente,
podendo causar a destruição do enrolamento, caso não haja proteção de sobrecorrente.

1.4.5 – Enrolamento de pequenos transformadores e bobinas, calculo simplificado


O cálculo do fio a ser usado em cada enrolamento assim como do número de
espiras depende de diversos fatores, como por exemplo a tensão do primário e a
potência do secundário.
Quanto maior a potência que deve ser transferida para o enrolamento secundário,
maior deve ser o componente.
A principal dificuldade de enrolar um pequeno transformador ou choque de filtro
não é propriamente o cálculo, mas sim o trabalho cansativo de enrolar milhares de
voltas de fio num carretel de plástico ou outro material.

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Eletrotécnica II

Um transformador típico de saída pode chegar a ter mais de 10000 voltas de fio
fino como 0 32, que além de ser difícil de trabalhar é extremamente delicado podendo
arrebentar ao menor descuido.
Para facilitar o trabalho dos enroladores de transformadores e bobinas existem
máquinas simples como a bobinadeira, que além de proporcionar um movimento seguro
do carretel, possibilitando assim a obtenção de bobinas sem encavalamento de fios,
ainda tem como recurso adicional um contador mecânico de voltas.
O contador mecânico impede que o enrolador se perca na contagem das voltas
ou tenha dificuldades em caso de paradas para descanço.
A máquina bobinadeira tem além disso como vantagem a possibilidade de
admitir carretéis de diversas dimensões, o que significa que praticamente qualquer tipo
de bobina pode ser enrolada.

1.4.5.1 – Escolha do núcleo


Partimos nos nossos cálculos do núcleo em “F” ou ainda “E” e “I” que são os
mais comuns, com lâminas de ferro doce (ferro-silício).
A seção do núcleo, dada por S, é determinada pela potência do transformador,
ou seja o valor resultante do produto da tensão pela corrente do enrolament secundário.
Se tivermos mais de um enrolamento secundário devemos considerar a soma das
potências.

Assim, um transformador de 12 V x 2 A terá uma potência de 12x2 = 24 VA.

A seção pode ser calculdad com aproximação pela fórmula:


S = 1,1 x √P
Onde : S Î é a seção do núcleo em centímetros quadrados.
P Î é a potência em VA.
Observe que a seção S é dada pelo produto a x b.
Partindo do exemplo que seria um transformador de 12 V x 2 A a seção seria de
S = 1,1 x √24
S = 1,1 x 4,9
S = 5,39 cm2

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Eletrotécnica II

Levando-se em conta que as chapas do transformador são finas e que na


aglomeração para formação do núcleo existe um espaço perdido entre elas, é preciso
compensar isso com um certo acréscimo no valor encontrado. Recomendamos um
acréscimo de 15 a 20%, o que nos possibilita “ arrendondar” o valor encontrado para
6 cm2.

1.4.5.2 – Determinação do número de espiras de cada enrolamento


Para o cálculo das espiras partimos de duas fórmulas iniciais:
N1 = V1 / ( f x S x 4,4 X B x 10-8 )
N2 = V2 / ( f x S x 4,4 X B x 10-8 )
Onde : N1 Î número de espiras do enrolamento primário
N2 Î número de espiras do enrolamento secundário
V1 Î tensão do enrolamento primário
V2 Î tensão do enrolamento secundário
f Î frequência da rede em Hertz (60 Hz no Brasil)
B Î indução magnética em Gauss
S Î seção do núcleo em centímetros quadrados.
A indução em Gauss é uma indicação do fluxo magnético por centímetro
quadrado no núcleo. Este valor é determinado pela permeabilidade do ferro usado
através da fórmula:
B = µH
Onde : µ Î é a permeabilidade do ferro usado no núcleo
H Î é o campo magnético
Se você possuir um manual de fabricante de chapas para transformadores,
poderá facilmente ter as tabelas para cada tipo os valores adotados de B. No entanto, o
que se sabe para o caso de aproveitamento de chapas comuns é que teremos um cálculo
com boa precisão com valores em torno de 12000 Gauss. Isso ocorre porque os núcleos
comuns possuem coeficientes de indução entre 8000 a 14000 Gauss, sendo os maiores
os mais comuns. Se o valor adotado for muito alto, o que ocorre é uma possível
saturação do núcleo com absorsão indevida de energia e perda de rendimento quando a
corrente cresce.
Sugerimos que, na dúvida, adote valores de 10000 ou 12000 na fórmula. Valores
menores resultarão em transformadores volumosos.
Apliquemos estes valores no nosso transformador exemplo de 12 V x 2 A.
N1 = 110 / ( 60 x 6 x 4,4 x 12000 x 10-8 )
N1 = 110 / 0,19
N1 = 578 espiras
Este será o enrolamento primário.
Para o secundário teremos:
N2 = 12 / ( 60 x 6 x 4,4 x 12000 x 10-8 )
N2 = 12 / 0,19
N2 = 63 espiras
Obtidas as espiras dos dois enrolamentos devemos pensar na sua espessura.

1.4.5.3 – Espessura do fio


A espessura dos fios usados depende diretamente da intensidade da corrente que
os percorre. Esta corrente pde ser calculada facilmente a partir da tensão e da potência,
caso não a tenhamos.
Veja que o fio de cobre admite uma densidade máxima de corrente dada a sua
própria resistividade. Assim, se tal densidade for superada, existe o perigo de

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Eletrotécnica II

sobreaquecimento com a consequente queima do componente. Do mesmo modo,


devemos considerar que a espessura do fio mais o comprimento do enrolamento, dada
pelo número de espiras, são responsáveis por uma resistência, a resistência do
enrolamento na qual pode haver perda de potência.
Podemos elaborar uma tabela aproximada em que a densidade de corrente
máxima é determinada pela potência do transformador:

Potência (W) Densidade máxima em Amperes por mm2


Até 50 4
50 à 100 3,5
100 à 200 3
200 à 400 2,5

Aplicamos então a seguinte fórmula para determinar a seção dos fios que devem ser
usado em cada enrolamento:
S=I/D
Onde : S Î é a seção do fio em mm2
I Î é a intensidade da corrente em A
D Î é a densidade de corrente (segundo tabela em A / mm2 )
Para o nosso transformador, levando em conta primeiramente o enrolamento
secundário, temos:
I=2A
D = 4 A / mm2 (valor da tabela acima)
S=2/4
S = 0,5 mm2
Para o enrolamento primário temos de calcular a corrente. Partimos então da
fórmula:
P=VxI
24 = 110 x I
I = 24 / 110
I = 0,218 A
A seção do fio deve ser então:
S=I/D
S = 0,218 / 4
S = 0,05 mm2
A tabela a seguir nos permite escolher os fios que deverão ser usados a partir da
numeração AWG.
Temos então que o fio de seção 0,5 mm2 mais próximo é o de número 20. Já o
fio de 0,05 para o enrolamento primário é o 30.
Tudo isso nos permite estabelecer exatemente as condições de enrolamento do
transformador:
Î Enrolamento primário: 578 espiras de fio 30 AWG.
Î Enrolamento secundário: 63 espiras de fio 20 AWG.
Î Seção do núcleo: 6 cm2
Î Potência: 24 VA.

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Eletrotécnica II

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Eletrotécnica II

Para pequenos transformadores usam-se fios redondos até o n° 10 AWG, além


do qual se prefere o emprego de condutores quadrados ou retangulares. Em certos casos,
para tornar o enrolamento de mais fácil execução, substituem-se os condutores de
elevada seção por 2 condutores agrupados em paralelo.
Caso o carretel sobre o qual são enroladas as bobinas não seja o de plástico,
podemos faze-lo em cartolina ou prespann, colado em várias camadas até alcançar a
espessura desejada. Sua forma pode ser obtida por meio de molde de madeira.
Entre as camadas de fios é colocada uma folha de papel isolante. A fim de
garantir o isolamento das bobinas, os fios não são enrolados até a extremidade do
carretel, ficando entre esta e o término da camada um pequena distância que depende
das dimensões do transformador.
A separação entre o enrolamento (bobina) primário e secundário é feita com uma
camada de cartolina grossa ou várias camadas de cartolina fina, com espessura
proporcional à tensão do enrolamento de alta tensão.
Ao se executar o enrolamento das bobinas é aconselhável enrolar primeiro a
bobina de alta tensão, pois esta sendo de fio fino, se adapta mais às curvas apertadas nos
vértices do carretel, sendo também economicamente mais viavel, pois com o diametro
menor próximo ao carretel, gastaremos menos deste fio por kilo. Porque quanto mais
fino o fio, mais elevado seu valor em quilo.

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2 – Corrente alternada
2.1 - Formas de onda
Uma forma de onda elétrica é representada por uma linha em um gráfico, figura
abaixo, item a). A linha é produzida marcando pontos no gráfico e unindo-os. Os pontos
representam o valor de alguma grandeza elétrica em instantes diferentes. A amplitude e
a polaridade das grandezas elétricas (tensão ou corrente) são indicadas no eixo vertical
do gráfico. O tempo é marcado no eixo horizontal.

A forma de onda mostrada na figura acima, item a), pode representar a tensão
através do resistor no item b). A única coisa a mudar seria a unidade no eixo vertical.
Para a forma de onda de corrente, a unidade seria em ampères.
Na figura acima, item a), a forma de onda está sempre acima da linha de
referência zero. Isto significa que a polaridade da tensão é sempre positiva em relação a
alguma referência. Ou, no caso da forma de onda de corrente, significa que o sentido de
corrente nunca inverte. Em outras palavras, o item a) é uma forma de onda de uma
corrente ou tensão contínua pura (estável). A amplitude da tensão ou corrente varia
somente quando o circuito é ligado ou desligado.
A figura abaixo mostra outras formas de onda comuns. A corrente contínua
flutuante no item a) é a do tipo produzido por um amplificador a transistor. A forma de
onda pulsativa no item b) representa o tipo de corrente ou tensão produzida por uma
bateria carregada. Note que a corrente contínua pulsativa cai, periodicamente, a zero,
enquanto a corrente contínua flutuante nunca chega a zero. No item c) mostra um tipo
de corrente alternada. A forma de onda CA cai abaixo de zero. Isto significa que ser
inverter a sua polaridade de tensão e que muda o sentido da corrente.

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Eletrotécnica II

2.1.1 - Tipos de formas de onda CA


O tipo mais comum de forma de onda é a onda seno, mostrada na figura abaixo,
item a). Uma corrente alternada com este tipo de forma de onda é chamada corrente
alternada senoidal. (A tensão e a corrente que chegam às nossas casas e indústrias é
senoidal). Uma onda senoidal pura tem um formato muito específico e pode ser definida
matematicamente.
As fórmulas baseadas nas ondas senoidais são usadas para resolver problemas
em circuitos em que circulam a corrente alternada senoidal.
No item b) ilustra uma onda quadrada – forma de onda CA que é usada
extensivamente nos circuitos de computadores. Na onda quadrada, a amplitude e o
sentido da corrente e da tensão não variam periodicamente.
A forma de onda dente de serra do item c) é usada em receptores de televisão,
receptores de radar e outros dispositivos eletrônicos. As tensões e correntes dente de
serra são usadas nos circuitos que produzem a imagem na tela do televisor.

Existem, ainda, outras formas de onda. De fato, a corrente alternada pode ser
produzida eletronicamente em uma infinidade de formas de onda. A música eletrônica é
criada pela produção e mistura de ampla variedade de formas de onda.

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2.2 - Freqüência
Quando uma onda de corrente alternada, varia de zero até alcançar o máximo
positivo, retornando a zero e crescendo em sentido negativo, para voltar novamente a
zero, onde depois de passar pelo máximo negativo, diz-se que foi completado um ciclo.

A freqüência de uma corrente alternada é o número de ciclos que essa corrente


alternada completa em 1 segundo.
A freqüência se expressa em ciclos por segundo e a unidade internacional de
freqüência é o Hertz que equivale a 1 ciclo por segundo:
1 Hertz (Hz) = 1 ciclo por segundo (C/S)
O conceito de freqüência, significa que quanto mais rapidamente gire a armação
de um gerador, maior número de ciclos por segundo irá gerar, portanto, a freqüência da
tensão de saída será mais elevada.
Se o gerador elementar que conhecemos, gira a uma velocidade de 5 revoluções
por segundo, a freqüência será de 5 Hz (5 C/S). Se gira a 50 revoluções por segundo, a
freqüência será de 50 Hz (50 C/S).

A freqüência da rede de energia elétrica de corrente alternada no Brasil é de 60


Hz. Em outros países, a freqüência tem valores que vão de 25 a 125 Hz.
Em casos especiais, a freqüência das fontes de energia elétrica podem ser mais
altas, como no caso de sistemas elétricos de aviões, onde a freqüência utilizada é
geralmente de 400 Hz.

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Eletrotécnica II

Os múltiplos do Hz são:
1 kiloHertz (kHz) = 1000 Hz
1 megaHertz (MHz) = 1.000.000 Hz
1 gigaHertz (GHz) = 1.000.000.000 Hz

2.3 - Período
O tempo gasto por uma corrente alternada, para cumprir um ciclo completo, se
chama período e se expressa em segundos. Representa-se geralmente pela letra T.

Se temos, por exemplo uma corrente alternada cuja freqüência é de 10 Hz,


significa que em um segundo se completam 10 ciclos, portanto, o período T dessa
corrente alternada será de 0,1 segundo. Se a freqüência for de 50 Hz, o período será de
1/50 segundos, isto é, 0,02 segundos.
O que foi dito anteriormente, significa que para encontrar o período T de uma
corrente alternada qualquer que se conhece a freqüência, basta dividir a unidade de
tempo pela freqüência. Assim:
1
T = ------- (segundos)
f

2.4 - Comprimento de onda


Já que a corrente tem uma velocidade definida, aproximadamente 300.000.000
metros por segundo, só pode percorrer uma determinada distância em determinado
tempo. Tendo em vista, que o período determina o tempo de demora para ocorrer um
ciclo, pode-se calcular até onde pode chegar a corrente no tempo determinado pelo
período dessa corrente alternada.
Esta distância recebe o nome de comprimento de onda.
Anteriormente dissemos que o período de uma corrente alternada cuja freqüência
é de 50 Hz, é de 0,02 segundos. Logo, a distância que a corrente pode percorrer nesse
espaço de tempo será de 6.000 quilometros. Isto é, o comprimento de onda e de 6.000
Km.
Tendo-se em vista, que o comprimento de onda de uma corrente alternada
depende do período T e da velocidade com que o impulso elétrico percorre o condutor,
pode-se calcular da seguinte maneira:
Comprimento de onda = velocidade de corrente x T

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Eletrotécnica II

Já que a velocidade da corrente é de 300.000.000 metros por segundo e o


período T = 1 / f, então a equação para determinar o comprimento de onda é:
c
λ = ------
f

O comprimento de onda λ tem uma relação inversa com a frequência, a


velocidade de repetição de qualquer fenómeno periódico. O comprimento de onda é
igual à velocidade da onda dividida pela frequência da onda. Quando se lida com
radiação electromagnética no vácuo, essa velocidade é igual à velocidade da luz 'c', para
sinais (ondas) no ar,essa velocidade é a velocidade a que a onda viaja. Esta relação é
dada por:

λ = comprimento de onda de uma onda sonora ou onda electromagnética;


c = velocidade da luz no váculo = 299.792,458 km/s ~ 300.000 km/s =
300.000.000 m/s ou
c = velocidade do som no ar = 343 m/s a 20 °C (68 °F);
f = frequência da onda 1/s = Hz.

O conhecimento do comprimento da onda não tem importância nas aplicações de


potência de corrente alternada, porém, tem muito, em telecomunicações.
Geralmente se representa o termo comprimento de onda, por intermédio da letra
grega lâmbda (λ).

2.5 - Fase
Sabemos que a tensão de saída de um gerador de corrente alternada varia em
forma senoidal. Quando se colocam dosi geradores de C.A. para funcionar, cada um irá
gerar uma tensão senoidal ou ciclo completo, depois de cada resolução. Se ambos
funcionam na mesma velocidade e começam a funcionar no mesmo instante, as duas
formas de onda começarão e terminarão ao mesmo tempo, passando simultaneamente
pelos valores de zero e máximo. Diz-se, então, que as formas de onda coincidem entre si
e que as duas tensões estão em fase.

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Eletrotécnica II

Do que foi dito anteriormente, pode-se deduzir que o termo fase se utiliza para
expressar relações de tempo entre tensão e corrente alternada.
Quando duas correntes ou tensões estão em fase, não quer dizer que seus valores
são iguais que os valores de zero e máximos (em um sentido ou em outro), se alcançam
no mesmo instante.
A relação de fase entre duas tensões alternadas, enter duas correntes alternadas o
entre a tensão e a corrente correspondente, expressa-se em graus (º).

2.5.1 - Diferença de fase ou defasagem


Se o par de geradores que colocamos antes, como exemplo, não funcionam ao
mesmo tempo, ainda que suas velocidades sejam iguais, as formas de suas tensões de
saída não passarão de forma simultânea pelos valores zero e máximo. Diz-se então, que
ambas tensões estão defasadas, ou que existe uma diferança de fase entre elas.
A magnitude da diferença de fase depende do atraso entre uma e outra.
A diferença de fase se mede em graus, e já que um período ou ciclo completo
mede 360º, uma diferença de fase, com meio ciclo, terá uma defasagem de 180º e uma
diferença de fase de um quarto de ciclo, terá uma defasagem de 90º.
A defasagem pode ser adiante ou atraso, segundo a posição relativa de uma
forma de onda, em outra no gráfico. Assim, por exemplo, diz-se que uma corrente atrasa
90º em relação à tensão, quando esta passa por todos os valores do ciclo, um quarto do
ciclo antes que a corrente.

2.6 - Outros termos que caracterizam uma corrente alternada


A esta altura de nosso estudo a maioria dos termos utilizados na prática, para
expressar as características de uma tensão ou uma corrente alternada. No entanto, além
das expressões ciclo, período frequência, comprimento de onda, diferença de fase,
existem outros termos que também se utilizam com muita frequência e que devemos
conhecer. Por exemplo, à metade de um ciclo de corrente alternada pode ser chamar
uma alternância, semiciclo, ou também, semiperíodo.
Um termo de grande importância é a amplitude. Utiliza-se para designar o valor
máximo positivo ou negativo que a corrente alternada alcança em cada ciclo. Logo, a
amplitude de uma C.A. é a distância enter o eixo de zero até o ponto mais alta da onda
sobre o eixo.
A amplitude também se conhece como valor de pico.

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Eletrotécnica II

O valor de pico a pico é a amplitude total da onda de C.A., considerando tanto os


valores positivos como os negativos. E evidente que este valor é o dobro do valor de
pico.

2.7 - Valores típicos de corrente alternada


O valor de uma tensão ou corrente alternada está em mudança constante, por este
motivo não é nada fácil explicá-lo.
Existe uma série de valores que podem-se expressar relacionados com uma onda
de corrente alternada.
O valor mais evidente é o valor máximo ou amplitude da onda, tanto em sentido
negativo como positivo.
Em todo caso, um valor qualquer da onda de C.A, tomando em um instante
qualquer, será um valor instantâneo. Existem vários instantâneos que é interessante
conhecer, que iremos descobrindo à medida que avançamos no estudo deste assunto.

2.7.1 - Valor médio


O valor médio de uma C.A., é sempre igual a zero. Isto é sempre verdade
quando se considera um ciclo completo, isto é, a alternância positiva e negativa de um
ciclo de C.A.
Porém, se fizermos a média de todos os valores instantâneos de uma só
alternância, por exemplo, a positiva, o valor obtido não será zero.

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Eletrotécnica II

Para uma onda senoidal pura, o valor médio de um semiciclo será 0,637 do valor
máximo. Para a tensão, esta relação se expressa dessa maneira:
Eméd = 0,637 x Emáx.
Por exemplo, se a tensão máxima em um circuito de C.A. é de 100 V, a tensão
média será:
Eméd = 0,637 x 100 Î 63,7 volts
A corrente méda é calculada da mesma forma.
Iméd = Imáx. x 0,637
Deve-se ter cuidado de não confudir o valor médio que corresponde ao ciclo
médio, que é o que temos calculado, com o valor médio do ciclo completo. Já que
ambos semiciclos são idêntics, porém de sentido oposto, o valor médio de ambos é o
mesmo, exceto que têm sinais opostos, razão pela qual a média de um ciclo completo é
igual a zero.

2.7.2 - Valor eficaz


O valor eficaz ou valor efetivo de uma corrente alternada, é aquele valor que em
um circuito com uma só resistência, produz a mesma quantidade de calor que produziria
uma corrente continua com o mesmo valor.
Suponhamos, por exemplo, uma corrente alternada cujo valor eficaz é de 1
ampére, que flui por uma resistência de 10 Ohms. O valor gerado será exatamente o
mesmo que o produzido por uma corrente contínua de 1 ampére, ao circular pela mesma
resistência.

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Eletrotécnica II

O valor efetivo ou eficaz também se denomina raiz média ao quadrado ou valor


RMS, devido à forma em que se obtem.
O valor eficaz ou Vrms, é a raiz quadrada da média das raizes quadradas de
todos os valores instantâneos de meio ciclo de uma onda de C.A.
No caso de uma onda senoidal pura, o valor é igual a 0,707 vezes o valor
máximo. Isto se expressa pela seguinte relação:
Eef = 0,707 x Emáx.
Por exemplo, para uma tensão alternada, cujo valor máximo é de 100 volts, o
valor eficaz será de 70,7 volts. Isto indica que uma resistência ligada a uma fonte que
proporciona 100 volts C.A. máx., produzirá a mesma quantidade de calor, quando se
liga uma fonte de C.C de 70,7 volts.
O valor eficaz é o mais utilizado em aplicações de C.A., por exemplo, a tensão
da rede de energia elétrica que se utiliza em todos os lugares, é de 220 volts eficazes.
Logo, o valor máximo da rede será de 220 / 0,707, isto é, 311 volts.

2.7.3 - Conversão de valores


Quando se trabalha com circuitos de C.A., será necessário, às vezes, converter os
valores de tensão ou correntes medidas, em outros valores que nos interessam.

Por exemplo, os instrumentos comuns de medida indicam o valor eficaz da


tensão alternada, portanto, se desejamos conhecer o valor de pico ou máximo de uma
tensão, teremos que fazer um cálculo aritmético para encontrar o valor que nos
interessa.
Logo abaixo, algumas fórmulas que permitem a conversão dos valores tipicos ca
C.A. em outros

Cálculo de valores de tensão


Eméd.. = 0,637 x Emáx.
Eef. = 0,707 x Emáx.
Emáx. = 1,52 x Eméd.
Emáx. = 1,41 x Eef.

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Eletrotécnica II

Cálculo de valores de corrente


Iméd.. = 0,637 x Imáx.
Ief. = 0,707 x Imáx.
Imáx. = 1,52 x Iméd.
Imáx. = 1,41 x Eef.

Para trabalhar com valores de pico a pico, deve-se recordar que uma tensão ou
corrente, tem um valor pico a pico que é o dobro do valor máximo ou pico a pico.
Assim:
Epp. = 2 x Emáx.
Ipp. = 2 x Imáx.

2.8 - A onda senoidal (Tensão e Corrente Induzidas)


Quando um condutor corta um campo magnético, uma tensão é induzida neste
condutor. Esta tensão causa a circulação da corrente se o circuito estiver fechado.
Portanto, podemos dizer que a corrente é induzida no condutor.
A amplitude da tensão induzida é função da quantidade de fluxo cortado pelo
condutor por unidade de tempo, que é, por sua vez, determinada pelos seguintes fatores:
1) A velocidade do condutor.
2) A densidade do fluxo.
3) O ângulo no qual os condutores cortam o fluxo magnético.
Na figura a seguir, item a) nenhuma tensão ou corrente é induzida quando o
condutor se move paralelamente ao fluxo porque nenhuma linha de fluxo o corta.
Quando o movimento é de 45º com o fluxo, como no item b), alguma tensão é induzida
porque algum fluxo é cortado pelo condutor. Para determinada velocidade do condutor,
há uma corrente induzida máxima quando o movimento é 90º em relação ao fluxo,
como mostra o item c).

O sentido da corrente induzida (ou a polaridade de uma tensão induzida) é


determinada por dois fatores:
1) A direção na qual o condutor está se movendo.
2) A polaridade do campo magnético ou da direção do fluxo.

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Eletrotécnica II

A próxima figura mostra as quatro combinações possíveis do movimento e


polaridade do condutor.

O sentido da corrente induzida pode ser determinado usando-se a regra da mão


direita, ilustrada na figura abaixo. Nesta figura, o dedo polegar indica a direção do
movimento do condutor, o dedo indicador (apontando diretamente) está alinhado com a
direção do fluxo e o dedo médio, a 90º dos outros dois dedos, indica a direção de
circulação da corrente. Aplicando a regra da mão direita a figura anterior, seu dedo
médio apontará para dentro da página para todos os diagramas com um X no condutor.

2.8.1 - Gerando a onda senoidal


Uma onda senoidal é gerada quando um condutor é movimentado em sentido
giratório num campo magnético. O condutor deve girar em um circulo perfeito e numa
velocidade constante. O campo magnético deve ter uma densidade de fluxo uniforme. A

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Eletrotécnica II

geração de uma onda senoidal é ilustrada na figura abaixo. Na posição 1, o condutor


está se movendo paralelamente ao fluxo e nenhuma tensão é induzida nele. A direção
instantânea do condutor é indicada pela seta. Como o condutor gira da posição 1 para a
posição 2, ele começa a cortar o fluxo em um pequeno ângulo.
Então, uma pequena tensão é induzida no condutor. A corrente produzida por
esta tensão está circulando para fora desta página, em nossa direção, como indicado
pelo ponto (.) no condutor. Quando o condutor gira para as posições 3 e 4, o fluxo no
condutor aumenta. Na posição 4, o condutor está se movendo perpendicularmente ao
fluxo. O condutor, agora, corta o máximo fluxo por unidade de tempo. Portanto, está
sendo produzida a tensão máxima, neste instante, como mostra o item b). É produzido o
pico positivo da onda senoidal. À medida que o condutor se move para as posições 5 e
6, menos fluxo corta este condutor. Isto porque a direção do movimento do condutor faz
o ângulo diminuir e então o condutor corta menos linhas de fluxo por unidade de tempo.
Quando o condutor atinge a posição 7, nenhuma tensão está sendo produzida. Foi
produzida a primeira alternação (meio ciclo positivo) da onda senoidal. Note no item a)
que a direção na qual o condutor corta o fluxo é invertida quando o condutor deixa a
posição 7. Então, a polaridade da tensão induzida é invertida e se inicia o ciclo negativo.
Na posição 10, está sendo produzida a tensão de pico negativo no condutor. Finalmente,
quando o condutor retorna à posição 1, a tensão induzida cai para zero. O primeiro ciclo
é completado; foi produzida uma onda senoidal. Cada rotação completa do condutor
produz um ciclo de onda senoidal.

2.8.2 - Graus mecânicos e graus elétricos


Na figura acima, item a), o condutor gira 360º (uma revolução), produzindo
umaonda senoidal de um ciclo. O eixo horizontal, portanto, deve ser indicado em graus
em vez de unidades de tempo. Isto é feito na próxima figura para doze posições do
condutor na figura anterior. Pode ser visto que a onda senoidal atinge seu valor máximo
entre 90º e 270º. Seu valor é zero em 0º (ou 360º) e 180º. Quando os graus são
empregados para marcar o eixo horizontal de uma forma de onda, eles são chamados

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Eletrotécnica II

graus elétricos. A alternação de uma onda senoidal contém 180º elétricos; um ciclo
contém 360º elétricos.

A vantagem em marcar o eixo horizontal em graus em vez de unidades de tempo


é que os graus elétricos independem da frequência. Enquanto um ciclo tem 360º,
independente de sua frequência, o período e o tempo são totalmente dependentes dela.
Quando o eixo horizontal é marcado em segundos, os números são diferentes para cada
frequência. Então, o uso de graus elétricos é muito mais conveniente e prático.
Na figura anterior o número de graus elétricos é igual ao número de graus
mecânicos. Isto é, o condutor gira 360º mecânicos para produzir 360º elétricos da onda
senoidal.
Esta estreita relação entre os graus mecânicos e elétricos não é essencial. De
fato, a maioria dos geradores CA produz mais de um ciclo por rotação.
A próxima figura mostra um campo magnético produzido por dois pares de de
pólos magnéticos. Este campo produz dosi ciclos por rotação do condutor. A cada 45º
de rotação (posição 1 para a posição 2, por exemplo), produzem-se 90º elétricos. O
condutor na figura corta o fluxo sob o pólo sul e o pólo norte para cada 180º de rotação.
Isto produz um ciclo (360º elétricos) para cada 180º mecânicos.

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2.9 - Gerador CA
Na seção precedente vimos como um condutor se movimentando dentro de um
campo magnético produz uma tensão CA. Agora, observaremos como esta tensão pode
ser conectada à carga.
As partes elétricas essenciais de um gerador CA são mostradas na figura abaixo,
item a). Este tipo de gerador é chamado gerador elementar e é composto de uma única
espira formada por dois condutores. O gerador comercial consiste em muitas espiras em
série e em paralelo formando uma bobina. O conjunto de bobina é chamado
enrolamento, que é confeccionado em torno de um núcleo de aço silício, e a esse
conjunto dá-se o nome de armadura. O enrolamento da armadura é composto de muitas
bobinas (bobinas da armadura).

Na figura acima, item a), a espira é formada pelos condutores ab e cd e se move


através de um campo magnético. A tensão induzida na parte superior (condutor ab) da
espira auxilia a tensão induzida na parte inferior (condutor cd) da espira. Ambas as
tensões formam a corrente na mesma direção através da carga. O item b), mostra a
corrente entrando no condutor ab e saindo no condutor cd e usa as identificações
desenvolvidas nas seções anteriores. Novamente, um esboço mostra que as tensões e
correntes induzidas nos condutores da espira rotativa se reforçam entre si.
Note no item a), que o condutor cd sempre faz contato com o anel coletor 1, que
é soldado ao terminal do condutor cd e gira com ele. Note ainda que a escova 1 está
apoiada em cima do anel coletor 1 e é positiva em relação à outra escova quando a
espira está na posição mostrada. Ela permanece positiva até que a espira gire mais 90º.
Após isso, a escova 1 se torna negativa e assim permanece enquanto o condutor cd
estiver sob influência do pólo sul. Então ela permanece negativa nos próximos 180º.
Após esses 180º, a escova se torna novamente positiva enquanto o condutor se move
sob a influênca do pólo norte. Então a polaridade dos terminais de um gerador CA de
dois pólos se inverte em cada 180º elétricos.
No item a), o campo magnético do gerador é criado por um ímã permanente.
Nos geradores comerciais, o campo magnético e criado por um eletroimã. O
enrolamento de campo é alimentado através de uma fonte CC, de modo que a
polaridade do campo nunca muda. Nos geradores de elevada potência, as bobinas
(enrolamentos) são fixas. Em vez de rotativas, elas são estacionárias e o campo
magnético gira em torno delas. O resultado final é o mesmo: a tensão é induzida nestes
enrolamentos.

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2.9.1 - Tensão gerada


Como previamente determinado, a tensão induzida em um condutor rotativo é
determinada pela densidade de fluxo e pela velocidade de rotação. No gerador, o
enrolamento rotativo consiste em bobinas de várias espiras ligadas em série e/ou
paralelo. A tensão induzida em cada espira da bobina auxilia a tensão induzida em
outras espiras. Então, a tensão de saída do gerador é dependente de:
1) O número de espiras das bobinas rotativas (armadura).
2) A velocidade na qual as bobinas se movimentam.
3) A densidade de fluxo do campo magnético.

2.9.2 - Frequência de geração


A velocidade na qual as bobinas do gerador giram influencia a frequência bem
como a tensão de saída do gerador. A frequência da onda senoidal produzida pelo
gerador é determinada pelo número de pólos do campo magnético e pela velocidade
rotacional das bobinas (rotações por minuto do eixo do gerador).
Um gerador de dois pólos, com o da figura anterior, produz um ciclo a cada
rotação. Se este gerador gira a 60 rotações por minuto (rpm), que é igual a 1 rps, a
frequência é de 1 Hz (um ciclo por segundo). Um gerador de quatro pólos, numa
velocidade de 60 rpm, produz uma frequência de 2 Hz. A formúla para calcular a
frequência de saída de um gerador é:
rpm
Frequência = ---------- x par de pólos
60

Onde a frequência f é da em hertz.

Qual é a frequência de um gerador de seis pólos girando numa velocidade de 1200 rpm?
Dado : Par de pólos = 3 e velocidade = 1200 rpm
Calcular :f
rpm
Conhecido : f = ----------- x par de pólos
60
1200
Solução : f = ----------- x 3 Î 60 Hz
60
Resposta : A freqüência de saída do gerador é de 60 Hz.

2.10 - Vantagens da corrente alternada


É mais fácil transformar corrente alternada de um nível de tensão para outro do
que transformar corrente contínua. Esta é a principal razão por que a energia elétrica é
distribuída na forma de corrente alternada. Nas áreas rurais, as linhas de transmissão de
potência pode ser operadas em alta tensão ( mais de 500.000 Volts). Quando a linha de
transmissão se aproxima do centro de consumo, a tensão deve ser reduzida (por um
transformador) para uns poucos milhares de volts. Esta tensão mais baixa é então
distribuída a alguns consumidores.
Outra vantagem da corrente alternada é que os motores CA são menos
complexos que os motores CC. A maioria dos motores CA é construída sem escovas e
comutadores. Isto reduz, acentuadamente, a incidência de manutenção nos motores CA.

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2.11 - Corrente alternada trifásica


A eletricidade é produzida em uma instalação de geração de potência (usina)
elétrica na forma de corrente alternada trifásica. A fase é muitas vezes abreviada com a
notaçãoΦ. Portanto, trifásico é algumas vezes escrito como 3Φ. Num sistema trifásico,
figura abaixo, cada fase é uma onda senoidal. Cada fase é defasada em 120º elétricos
das outras duas fases. A fase 2 na figura inicia seu ciclo positivo 120º depois da fase 1
mas 120º antes da fase 3.

Uma inspeção da figura acima mostra que a soma algébrica das três fases em
qualquer instante é zero. Por exemplo, em 60º, a fase 1 tem +8,66V, a fase 2 tem -8,66V
e a fase 3 é zero. Em 150º, a fase 1 e a fase 2 tem +5V, enquanto a fase 3 tem -10V.
Novamente a soma algébrica é zero. Em 260º as tensões positivas das fases 2 e 3
somadas são iguais em módulo, mas de sinal contrário à tensão da fase 1. Tome
qualquer instante de tempo que você deseje e compare as três fases. Você concluirá que
a soma de duas das três fases é sempre igual em amplitude à terceira fase, mas de sinal
contrário.

2.11.1 - Geração da corrente alternada trifásica


Na figura abaixo, suponha três condutores afastados de 120º girando num campo
magnético. Se cada condutor está eletricamente isolado dos outros dois e tem seu
próprio anel coletor e escovas, então cada um produz uma onda senoidal. As três ondas
senoidais estão defasadas em 120º elétricos entre si. Em outras palavras, temos um
gerador trifásico.

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Eletrotécnica II

O desenho da figura acima representa o início (grau elétrico zero da fase 1) das
formas de onda da figura anterior. Na figura acima o terminal reticulado de uma espira é
considerado como ponto de referência para esta fase.
Note que cada fase tem seu próprio ponto de referência. Então, a fase 2 é agora
negativa e ficará mais negativa quando o gerador girar mais uns poucos graus. A fase 1
é agora zero e ficará positiva, e a fase 3 é positiva, mas decrescerá em valor. Note como
isto concorda com a figura anterior. Quando a fase 1 na figura anterior se torna positiva,
a fase 3 torna-se menos positiva e a fase 2 torna-se mais negativa. Na figura acima, após
o gerador girar 90º, a fase 1 estará no seu pico positivo, a fase 3 será negativa (e
aumentando em valor) e a fase 2 estará menos negativa.
As três fases de um gerador podem ser conectadas, e, então, a carga pode ser
conectada somente a três condutores. E somente três condutores são necessários para
transportar a potência trifásica da geração para o local de consumo. As três fases de um
gerador são conectadas em delta, triângulo ou estrela.

2.11.2 - Conexão delta ou triângulo


Uma conexão delta é mostrada na figura abaixo. Nesta, cada símbolo do gerador
representa uma das fases do gerador trifásico. O ponto no terminal do símbolo do
gerador representa o terminal de referência do enrolamento de fase. Note que nesta
conexão os terminais de referência do gerador nunca são conectados juntos. A discussão
seguinte supõe um sistema balanceado. Isto é, toas as tensões de fase são iguais e todas
as cargas conectadas nos terminais são também equilibradas.

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Eletrotécnica II

Na conexão delta, as três fases são conectadas em uma malha contínua.


Nenhuma corrente circula pela malha até que uma carga seja aplicada aos terminais do
gerador. Isto porque a soma de duas tensões quaisquer é igual em amplitude e oposta
em sinal à outra fase. Por exemplo, as tensões nas fases 1 e 2 se somam entre si e a
soma é 10 V, o que é exatamente igual aos 10 V da terceira fase, ou seja, da fase 3.
Ainda que as tensões trifásicas se compensem entre si dentro de uma malha
contínua, cada tensão de fase individual é prontamente disponível. A tensão senoidal
completa produzida pela fase 1 do gerador está disponível entre as linhas 1 e 3, observe
figura acima. A fase 2 está disponível entre 1 e 2, e a fase 3 entre as linhas 2 e 3. Então,
as três fases podem servir uma carga em três linhas.
Note na figura acima que a tensão entre qualquer duas linhas é exatamente igual
a qualquer uma das tensões de fase. Em outras palavras, as tensões de linha e as de fase
são as mesmas. Para uma conexão delta.
Vlinha = Vfase

Quando se conecta a carga em um gerador em delta, como na figura abaixo, a


corrente elétrica circula na carga, linhas e enrolamentos de fase. Contudo, as correntes
de linha e de fase não são iguais. Com cargas iguais conectadas, a corrente de linha é √3
vezes maior do que a corrente em cada fase. Para uma conexão delta
Ilinha = √3Ifase

As correntes de fase e as de carga são iguais. Portanto, as correntes de linha são


também √3 vezes maiores do que as de carga. As correntes de linha não são iguais às de
fase porque cada linha drena a corrente de duas fases. As correntes de quaisquer duas
fazes estão defasadas 120º entre si.
Note, na figura acima, que não está indicada nem a polaridade da tensão nem a
direção da corrente, porque, num sistema CA, a polaridade e a direção se invertem
periodicamente. Supõe-se que a corrente e a tensão estão em valores eficazes porque
elas não são especificadas de outro modo.
Lembre-se dos seguintes pontos sobre uma conexão delta equilibrada:
1) Nenhuma corrente circula no enrolamento de fase antes da conexão
da carga.
2) A tensão de linha e a de fase são iguais.
3) A corrente de linha é √3 vezes maior do que a corrente de fase ou do
que a corrente de carga.

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2.11.3 - Conexão estrela ou Y


A figura abaixo mostra um gerador e uma carga trifásica conectados em estrela.
Novamente neste diagrama cada símbolo do gerador representa uma fase do gerador
trifásico. As tensões e correntes estão indicadas em valores eficazes. Na conexão estrela
com cargas equilibradas, todas as correntes são as mesmas. Para uma conexão estrela,
temos:
Ilinha = Ifase

Contudo, note que as tensões de linha são √3 vezes maiores do que as tensões de
fase. Para uma conexão estrela, temos:
Vlinha = √3Vfase

A tensão entre duas linhas quaisquer é o resultado da soma de duas tensões de


fase. Desde que as duas fases são defasadas em 120º elétricos, seus valores não podem
simplesmente ser adicionados algebricamente.
Adicionar as tensões de fase para obter as tensões de linha é um processo um
pouco mais complicado pelos diferentes pontos de referência usados para estas tensões.
Basear-se na figura abaixo, auxiliará você a entender os pontos de referência e adicionar
as tensões de fase. No item b), mostra que a fase 1 é de +0,5V em 30º elétricos. O que
significa “+0,5V”? Nada, a menos que tenha um ponto de referência. (Lembre-se, a
tensão é a diferença de energia potencial entre dois pontos.) O ponto de referência para
todas as três tensões de fase é o centro da estrela na figura abaixo, item a). Com este
ponto de referência estabelecido, as tensões obtidas do gráfico da forma de onda no item
b) têm significado. Em 30º, as fases 1 e 3 têm +0,5V positivo em relação ao centro da
estrela. A fase 2 está 1 V negativo em relação ao centro da estrela. Estas tensões e
polaridades são marcadas no diagrama da figura abaixo, item a). As tensões
instantâneas das fases 1 e 2 estão em série entre as linhas 1 e 2. Estas duas tensões
(fases 1 e 2) são adicionadas entre si neste instante. Juntas elas produzem 1,5 V enter as
linhas 1 e 2. A 30º as fases 1 e 2 estão em polaridades opostas. Contudo, quando
conectadas em estrela, as duas tensões se auxiliam entre si. Também as fases 1 e 3 estão
em oposição série. Suas tensões momentâneas se compensam entre si para fornecer uma
tensão zero resultante entre as linhas 1 e 3.
Na figura estamos observando os valores instantâneos tomados a 30º na forma
de onda trifásica. Estes valores instantâneos são diferentes para cada instante da forma
de onda. Se todos os valores possíveis entre duas linhas são traçados num gráfico, o
resultado é a onda senoidal √3 vezes maior do que a onda senoidal das fases. Ao traçar a
forma de onda da tensão de linha é necessário um ponto de referência. A seleção deste

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Eletrotécnica II

ponto é arbitrária. Vamos selecionar a linha 1 como ponto de referência. Então podemos
traçar uma forma de onda de tensão de linha somando as formas de onda das tensões de
fase 1 e 2. Esta forma de onda é mostrada na figura abaixo, item a). A próxima figura,
no item b) lista alguns dos valores instantâneos usados para traçar a forma de onda de
tensão de linha.

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Eletrotécnica II

Na figura acima, a tensão de linha está atrasada 30º da tensão da fase2. Isto é, o
pico negativo da tensão de linha ocorre 30º após o pico negativo da tensão de fase 1.
Suponha que a linha 2 foi usada como ponto de referência para a tensão de linha
na figura anterior. Então a polaridade da tensão de linha terá iniciado positiva antes que
negativa. Na figura acima a forma de onda da tensão de linha seria completamente
invertida – ela iniciaria em +0,866 V em vez de -0,866 V. A tensão de linha estará
adiantada da tensão de fase 1 de um ângulo de 30º.

Em resumo, as principais características de um sistema trifásico equilibrado


conectado em estrela são:
1) As correntes de linha e de fase são iguais.
2) A tensão de linha é √3 vezes maior do que a tensão de fase.
3) A tensão de linha e a tensão de fase estão defasadas em 30º.

2.11.3.1 - Sistema estrela a quatro fios


A figura abaixo ilustra um sistema estrela a quatro fios. Nesta figura, o símbolo
do gerador para cada fase foi substituído pelo símbolo da bobina, que representa uma
das fases do gerador trifásico. Esta é uma maneira mais tradicional de representar um
gerador trifásico. O quarto fio do sistema estrela vem do centro comum da conexão dos
enrolamentos de fase. (Esta conexão comum é chamada ponto comum estrela). Ele é
chamado fio neutro porque é conectado eletricamente à terra. Então, o quarto fio é
neutro (não tem tensão) em relação à terra.

Com a carga trifásica balanceada, o fio neutro não transporta nenhuma corrente.
Contudo, ele é necessário quando se necessita alimentar uma carga monofásica. Neste
caso tanto a carga monofásica quanto a carga trifásica são conectadas aos sistemas
estrela.
Uma inspeção da figura acima revela a principal característica do sistema estrela
a quatro fios – ele pode suprir todas as tensões requeridas por uma pequena instalação
industrial. A tensão monofásica em 127 V é obtida entre o neutro e qualquer linha; as
tensões bifásicas de 220 V podem ser obtidas entre duas linhas quaisquer; e tensões
trifásicas de 220 V são obtidas pelas três linhas. As tensões comuns no sistema estrela a
quatro fios, no Brasil, são de 127/220 V e 220/380V. O primeiro valor, em cada caso, é
a tensão monofásica e o segundo valor é a tensão trifásica. Note que a tensão trifásica é
√3 vezes maior do que a tensão monofásica.

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2.12 - Vantagens de um sistema trifásico


O sistema trifásico tem as seguintes vantagens em relação ao sistema
monofásico:
1) Torna mais eficiente o uso do cobre.
2) Fornece uma carga mais constante para o gerador.
3) Opera um motor menos complexo e fornece um conjugado mais
constante.
4) Produz uma tensão e corrente com menos ripple quando retificada.

Suponha um sistema trifásico e um sistema monofásico distribuindo a mesma


quantidade de potência em um mesmo comprimento de linha. Um sistema monofásico
requer, aproximadamente, 1,15 vezes mais cobre do que o sistema trifásico para a
potência das linhas.
A potência requerida por uma carga resistiva é igual a RI². Com uma corrente
monofásica, a potência requerida do gerador segue as variações de corrente. Então, a
carga no gerador vai do zero à potência máxima e retorna a zero em cada alternação.
Com as correntes trifásicas pelo menos duas das três fases estão fornecendo corrente (e
então potência) em qualquer instante. A carga num gerador trifásico nunca se reduz a
zero. Uma carga mais uniforme fornece uma operação mecânica mais regular do
gerador.
A maioria dos motores CA pode partir somente se o seu campo magnético se
comporta como se estivesse girando. Com a corrente alternada monofásica, este campo
magnético girante é criado através de um circuito auxiliar no motor. Uma vez que o
motor trifásico, o campo magnético girante é criado pelas três fases. Nenhuma chave
interna (ou mecanismo para operá-la) é necessária para o motor trifásico, que tem um
conjugado mais uniforme porque pelos menos duas fases estão sempre produzindo
campos magnéticos.
A corrente alternada pode ser convertida em corrente contínua pelo processo
conhecido como retificação. Os resultados da retificação da corrente alternada
monofásica e trifásica são ilustrados na figura abaixo. A retificação da corrente
alternada monofásica produz uma corrente contínua pulsativa na qual a corrente,
periodicamente, se reduz a zero. Contudo, quando a corrente alternada trifásica é
retificada, a corrente contínua nunca se reduz abaixo de 0,866 do seu valor máximo
(valor de pico). Evidentemente, o sistema trifásico produz uma saída CC com muito
menos ripple que no caso anterior.

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Eletrotécnica II

2.13 - Potência em circuitos resistivos CA


Quando a carga de uma fonte CA contém somente resistências, a corrente e a
tensão estão em fase. Em fase significa que as duas formas de onda chegam aos seus
valores máximo positivo, aos seus valores de zero e aos valores máximo negativo no
mesmo instante. A corrente na figura abaixo está em fase com a tensão. A carga
resistiva no item a) pode representar um aquecedor elétrico ou um ferro de passar. Com
a corrente contínua, a potência é o produto da corrente e da tensão. Com a corrente
alternada, os valores da corrente e da tensão variam com o tempo. Em qualquer instante,
a potência é igual à corrente neste instante multiplicada pela tensão do mesmo instante.
Como mostrado no item b), o produto da corrente e da tensão instantânea é a potência
instantânea. Traçando todas as potências instantâneas produz-se uma forma de onda de
potência. Contudo, note que a forma de onda de potência é sempre positiva para as
tensões e correntes em fase entre si. Uma corrente negativa multiplicada por uma tensão
negativa dá uma potência positiva. Isto significa que a carga resistiva está convertendo
energia elétrica em energia calorífica durante todo o ciclo. Para um circuito puramente
resistivo, podemos estabelecer:

P Î VI Î i²R Î -------
R
Onde V e I são a tensão e a corrente

Na figura acima, qual é a potência absorvida pela carga resistiva?


Dados : V = 3,1 V I = 1,2 A
Calcular :P
Conhecido : P = VI
Solução : P = 3,1 x 1,2 Î 3,72 W

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Eletrotécnica II

Resposta : A potência absorvida é de 3,72 W

Um resistor de 400 Ω é conectado a uma fonte CA de 100 V. Qual é a potência


absorvida pelo resistor?
Dados : V = 100 V R = 400 Ω
Calcular :P

Conhecido : P = -------
R
Solução : P = 100² / 400 Î 25 W
Resposta : O resistor dissipa 25 W.

O cálculo de potência no circuito resistivo CA não é diferente dos cálculos no


circuito CC.

2.14 - Potência em circuitos defasados


Um circuito CA pode conter uma carga que não seja composta somente de uma
resistência pura. A carga pode conter também reatância – nome dado à oposição à
corrente causada pelos capacitores e indutores.
Embora a reatância se oponha à corrente, em circuitos CA ela é diferente da
resistência. Ela causa uma defasagem de 90º entre a corrente e a tensão. Isto é, ela causa
uma mudança de fase. A reatância de um capacitor, chamada de reatância capacitiva,
causa um avanço da corrente em relação à tensão. Na figura abaixo, item a), a tensão é
zero no tempo zero. Neste instante, porém, a corrente já chegou ao seu valor máximo
positivo. Então, a corrente está adianta da tensão em 90º.

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Os indutores produzem a reatância indutiva, cujo efeito faz a corrente se atrasar


da tensão em 90º. Na figura acima, item b), a tensão já chegou a seu valor máximo
positivo quando a corrente está somente iniciando seu ciclo positivo.
As cargas contendo somente capacitância ou indutância causam uma defasagem
entre corrente e tensão de exatamente 90º. Como mostram as figuras acima, item c) e d),
as cargas contendo uma combinação de resistência e reatância causam uma defasagem
de menos de 90º entre a tensão e a corrente.
O ângulo de fase exato é determinado pelas quantidades relativas da resistência e
da reatância.
Um bom exemplo de uma carga combinada é um motor elétrico. Ele contém
tanto a indutância quanto a resistência. Quando um pequeno motor CA está sem carga
em seu eixo, a defasagem entre tensão e corrente é de aproximadamente 70º. Quando o
motor é carregado, ele age mais como se fosse uma resistência e a defasagem se reduz
para aproximadamente 30º. Num circuito puramente resistivo a defasagem é zero.
Para os circuitos onde ocorre defasagem, o cálculo da potência não é
simplesmente um produto da tensão vezes a corrente. Na figura abaixo, são dados três
exemplos de defasagem, nos quais são mostradas as potências resultantes. Em alguns
momentos, a corrente e a tensão estão com polaridades opostas, produzindo, nesta parte
do ciclo, uma potência negativa. O que significa uma potência negativa? Significa que a
carga não está solicitando potência; ao contrário, ela está retornando potência para a
fonte durante este período de tempo. Contudo, a potência ativa usada pela carga é a
diferença entre a potência positiva e a potência negativa. Note também na figura abaixo
que quanto maior a defasagem entre tensão e corrente, menor a potência ativa solicitada
da fonte. Numa defasagem de 90º, nenhuma potência ativa e, consequentemente,
nenhuma energia são solicitadas da fonte.
Desde que as reatâncias indutiva e capacitiva causam uma defasagem de 90º,
podemos concluir que as reatâncias não absorvem potência ativa. Somente as
resistências absorvem potência ativa.

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Eletrotécnica II

Portanto, nos circuitos com cargas combinadas, podemos obter várias conclusões
(figura abaixo). A parte resistiva de uma carga solicita potência ativa (usa a potência
ativa). Na parte resistiva, a corrente e a tensão estão em fase e a potência é simplificada:
P = VI.

A reatância não consome potência. A corrente e a tensão estão defasadas em 90º


e as relações de fase entre a tensão e a corrente são determinadas pelas relação entre a
resistência e a reatância.
Necessitamos determinar uma maneira de calcular a parte da corrente e da
tensão total que é associada com a resistência de carga e então conheceremos a potência
real da carga combinada com qualquer defasagem. Portanto, vamos desenvolver uma
técnica de representar a corrente ou a tensão em uma parte resistiva e uma parte reativa.
Vamos fazê-lo através de uso de fasores e das relações no triângulo retângulo.

2.15 - Fasores
Desenhar formas de onda senoidais para mostrar a amplitude e a defasagem é
um processo lento e trabalhos. Uma técnica bastante simplificada para tal é o uso de
fasores.
Um fasor é uma linha cuja direção representa o ângulo de fase em graus
elétricos e cujo comprimento representa a amplitude da grandeza elétrica. Os fasores
são bastante similares aos vetores estudados em matemática e física. Em eletricidade e
eletrônica o termo fasor é usado para enfatizar que a posição da linha muda com o
tempo quando a onda se move através de seu ciclo de 0º a 360º. Na figura abaixo, o
fasor representa uma corrente de 10 A em 60º. Pela convenção, 0º elétrico está do lado
direito do eixo horizontal.

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Eletrotécnica II

A figura abaixo mostra os fasores de duas tensões defasadas em 45º. Na figura,


os dois fasores devem usar a mesma escala desde que eles representam tensão. Por
conveniência, o fasor de um grupo é desenhado na linha de 0º. Este fasor se torna a
referência pela qual os outros fasores são relacionados.

Lembre-se de que os fasores se movimentam com o tempo e, por convenção,


giram no sentido anti-horário. Mostrando a tensão V1 na linha 0º, ele interrompe seu
movimento neste instante. É claro, o movimento de V2 também é interrompido naquele
mesmo instante. Então, a relação de fase entre V1 e V2 é sempre a mesma.

Desde que o movimento dos fasores é no sentido anti-horário, o fasor V2 na


figura acima está atrasado do fasor V1 (fasor de referência) em 45º.

Na próxima figura são mostrados um fasor tensão e um fasor corrente. Desde


que a corrente e a tensão são grandezas diferentes, estes dois fasores podem usar escalas
diferentes para suas amplitudes. O diagrama de fasor mostra que a corrente pode ser
encontrada representando a corrente em dois pequenos fasores. Um deles representa a
corrente da parte resistiva da carga. Ele está em fase com o fasor tensão. O outro
pequeno fasor representa a corrente da parte reativa da carga. Ele está defasado em 90º
da tensão. Os dois pequenos fasores estão defasados em 90º.

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Eletrotécnica II

A idéia de representar um fasor em dois pequenos fasores é ilustrada na figura


abaixo. Nesta figura, estamos usando fasores porque as posições e amplitudes não
variam com o tempo. Um vetor de 500 newtons (N) de força é exercido numa mola na
direção nordeste. Na figura abaixo, item a), no primeiro caso, a força é criada por uma
pessoa puxando na direção nordeste com uma força de 500 N. No segundo caso, item
b), uma pessoa puxa para o norte com uma força de 300 N e outra pessoa puxa para
leste com uma força de 400 N. O resultado final é uma força de 500 N na direção
nordeste. O efeito da mola é o mesmo em ambos os casos.

Os vetores no item b) representam duas forças fazendo um ângulo de 90º entre


si. Contudo, eles podem igualmente representar qualquer outra grandeza que tenha
amplitude e direção. Então, eles podem ser fasores representando o componente
resistivo de corrente e componente reativo de corrente num circuito elétrico.
As amplitudes dos componentes resistivo e reativo podem ser determinadas
graficamente, conforme figura abaixo. Neste diagrama, V está na linha de referência 0º.
A corrente total IT é de 5 A e ela está adiantada da tensão em 36,9º. O primeiro passo é
desenhar o fasor original IT na escala e ângulo corretos. Então, desenhar uma linha
vertical (linha 1) da extremidade do fasor IT até o eixo horizontal. A linha 1 deve ser
paralela ao eixo vertical. A interseção da linha 1 com o eixo horizontal localiza
exatamente a extremidade do fasor componente resistivo da corrente (IR). A
extremidade do fasor componente reativo da corrente, IX, é encontrada desenhando a
linha 2 da extremidade do fasor IT até a interseção com o eixo vertical. A linha 2 deve
ser paralela ao eixo horizontal. Finalmente, as amplitudes dos componentes resistivo e
reativo da corrente são medidas na mesma escala para medir IT. A corrente de 4 A nesta
figura representa o componente resistivo da corrente em fase com a tensão. Esta é a

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Eletrotécnica II

corrente usada para calcular a potência ativa quando uma corrente total de 5 A se
adianta 36,9º da tensão total.

2.16 - Funções trigonométricas no triângulo retângulo


Na figura acima as correntes determinadas pelo método gráfico são tão precisas
quanto o próprio desenho. Para a maioria das aplicações o método gráfico é bastante
preciso. Contudo, ele é lento e bastante enfadonho. Vamos desenvolver uma maneira
mais fácil e rápida de determinar estas correntes, ou seja, empregaremos as propriedades
do triângulo retângulo. Na figura acima o fasor componente reativo da corrente tem
exatamente o mesmo comprimento da linha 1. Note que ele está em paralelo com a linha
1. Então a linha 1 pode ser substituída pelo fasor componente reativo da corrente como
foi feito na figura a seguir. Aí os três fasores corrente formam um triângulo retângulo.
Pode-se, então, entender por que precisamos saber como trabalhar com os triângulos
retângulos.

O triângulo retângulo da figura acima é redesenhado na próxima figura. Os


novos termos são usados para descrever qualquer triângulo retângulo. O símbolo θ (letra

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Eletrotécnica II

grega teta) é usado para indicar o ângulo que será usado para analisar o triângulo. No
diagrama de fasores da figura abaixo é o ângulo de avanço da corrente em relação à
tensão. O lado adjacente é sempre o menor dos dois lados do ângulo θ. O lado em
oposição ao ângulo θ é chamado lado oposto. O maior lado de um triângulo retângulo é
sempre a hipotenusa.

A soma dos três ângulos internos de um triângulo qualquer é igual a 180º. Isto
significa que o ângulo específico θ para o triângulo retângulo também determina os
outros ângulos. Então, as únicas diferenças possíveis num triângulo retângulo de mesmo
ângulo θ são os seus lados (figura abaixo). Os triângulos ABG, ACF e ADE têm o
mesmo ângulo θ. Somente seus lados são diferentes.

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Eletrotécnica II

Na figura acima os lados e a hipotenusa aumentam proporcionalmente. Quando


a hipotenusa tem seu comprimento multiplicado por dois, os lados oposto e adjacente
também devem ser multiplicados por dois. Por exemplo, todos os lados do triângulo
ACF são duas vezes maiores do que os lados correspondentes do triângulo ABG. Os
lados do triângulo ADE são quatro vezes maiores do que os correspondentes lados do
triângulo ABG.
Desde que os lados de um triângulo retângulo variam proporcionalmente, a
relação entre quaisquer dois lados permanece constante. Na figura acima, o lado BG
dividido pelo lado AG é exatamente igual ao lado CF dividido pelo AF. O lado oposto
dividido pelo lado adjacente é uma constante para todos os triângulos retângulos que
têm o mesmo ângulo θ. A mesma afirmativa pode ser feita para qualquer outra
combinação de lado (incluindo a hipotenusa) de um triângulo retângulo.
As relações dos lados de um triângulo retângulo são chamadas funções
trigonométricas. Três das funções trigonométricas mais comuns usadas na eletricidade
são mostradas na figura acima. A relação do lado oposto para o lado adjacente é
denominada tangente do ângulo θ, abreviada tg θ. A relação entre o lado adjacente e e a
hipotenusa é chamada cos θ, que é abreviatura para co-seno de θ. A relação entre o lado
oposto ao ângulo θ para a hipotenusa é chamada sen θ, abreviatura para seno de θ.
Para cada novo valor do ângulo θ, existe um valor específico para o seno, a
tangente e o co-seno.

Qual é o comprimento do lado adjacente de um triângulo retângulo cuja hipotenusa vale


7 cm e o ângulo θ é de 40 graus?
Dados : hipotenusa = 7 cm e θ = 40º
Calcular : Lado adjacente
Lado adjacente
Conhecido : cos θ = ------------------------
hipotenusa

Solução : Da fórmula do co-seno, temos Lado adjacente = hipotenusa x cos θ


Valor do cos 40º Î 0,766.
Então, lado adjacente = 7 cm x 0,766 = 5,362 cm
Resposta : O lado adjacente tem 5,362 cm de comprimento.

Num circuito elétrico, a hipotenusa pode ser representar a corrente total, e o lado
adjacente, o componente resistivo da corrente (conforme figura abaixo). Neste caso:
Componente resistivo da corrente
cos θ = ----------------------------------------------
corrente total

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Agora vamos usar as funções do triângulo retângulo para resolver um problema


elétrico.

Num circuito a corrente se adianta da tensão em 25º. A corrente total é 8,4 A. Qual é o
valor do componente resistivo da corrente?
Dados : θ = 25º e IT = 8,4 A
Calcular : Componente resistivo da corrente
Conhecido : cos θ = IR / IT
Solução : Da fórmla do co-seno:
IR = IT x cos θ
cos 25º = 0,906 Então,
IR = 8,4 x 0,906 Î 7,610 A
Resposta : O componente resistivo da corrente é 7,61 A.

Note que o co-seno varia de 1 a 0 em uma variação entre 0º e 90º. Em outras


palavras, em 0º o lado adjacente e a hipotenusa têm o mesmo comprimento e o cos θ é
1. Em 90º, o lado adjacente se reduz a 0 e o cos θ é 0. Referindo-nos à figura anterior,
podemos ver que não existe um componente resistivo da corrente quando o ângulo é
90º. Quando o ângulo θ é igual a 0, não existe componente reativo da corrente. Note,
então, que o cos θ nos diz qual parte, ou porcentagem, da corrente total está em fase
com a tensão. Isto é, o cos θ é a porção da corrente total que é resistiva. Por exemplo,
quando θ é 45º, cos θ é 0,707. Portanto, 0,707 da corrente total é o componente resistivo
da corrente. Esta porção (0,707) da corrente usa a potência ativa.
Como o cos θ determina a quantidade do componente resistivo, ele é incluído na
fórmula para o cálculo da potência. A fórmula de potência é:

P = V x I x cos θ

Esta é a fórmula geral para a potência ativa e é a fórmula correta para todos os
tipos de circuito. Entretanto, quando um circuito contém somente resistências, cos θ é
igual a 1. Portanto, o cos θ poderá ser desprezado quando estivermos trabalhando
somente com resistências (circuito resistivo puro).

Um motor ligado em 220 V drena 12 A. A corrente atrasa da tensão em 35º. Qual é a


potência de entrada do motor?
Dados : V = 220 V I = 12 A θ = 35º
Calcular :P
Conhecido : P = V x I x cos θ
Solução : cos 35º = 0,819
P = 220 x 12 x 0,819 Î 2162 W.
Resposta : A potência requerida pelo motor é 2162 W.

No desenvolvimento das equações de potência, temos sempre mostrado a


corrente defasada da tensão, sendo a tensão tomada como a linha de referência zero.
Então, nós dividimos (representamos) a corrente total em duas partes: o componente
resistivo e o componente reativo. Isto é também possível e comum para a corrente
mostrada na linha zero de referência e a tensão em algum outro ângulo. Neste caso, a
tensão total seria separada em um componente resistivo e um componente reativo. O
diagrama de fasor para este caso é ilustrada na figura abaixo. Neste caso, ainda usamos

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Eletrotécnica II

cos θ. E poderemos calcular a potência ativa total, tomando por base o componente
resistivo da tensão e o valor total da corrente e o co-seno do ângulo θ.

Num circuito elétrico a tensão se adianta da corrente em 73º. A tensão é 80 V e a


corrente é de 4 A. Qual é a potência dissipida?
Dados : θ = 73º V = 80 V I=4A
Calcular :P
Conhecido : P = V x I x cos θ
Solução : cos 73º = 0,292
P = 80 x 4 x 0,292 Î 93,4 W
Resposta : A potência dissipada pelo circuito é de 93,4 W.

2.17 - Potência ativa e potência aparente


Anteriormente, calculamos a potência ativa nos circuitos CA. Isto é, a potência
consumida pelo circuito e transformada em uma outra forma de energia. Podemos
determinar a potência ativa no circuito medindo-a com um wattímetro. Um wattímetro –
medidor elétrico – é construído de modo que ele leva em conta a defasagem existente
entre a corrente e a tensão.
Conhecer a potência aparente de um circuito é tão importante, às vezes, quanto a
potência ativa. A potência aparente é a potência presente em um circuito quando a
tensão e a corrente são medidas separadamente. A potência aparente é o produto da
tensão e da corrente, independentemente do ângulo de fase entre elas. Num circuito
contendo resistência e reatância, a potência aparente é sempre maior do que a potência
ativa.
A potência aparente é calculada pela fórmula
S=VxI

A unidade base da potência aparente é o voltampère (VA), para indicar que não
é a potência ativa, cuja unidade é watts. Um watt de potência ativa significa que a

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Eletrotécnica II

energia elétrica é convertida em energia calorífica à taxa de 1J/s. Um voltampère de


potência aparente converte menos que 1J/s. O quanto “menos” depende do grau de
defasagem entre a tensão e a corrente.

Determine a potência aparente para o circuito que a tensão se adianta da corrente em


73º. A tensão é 80 V e a corrente é de 4 A?
Dados : V = 80 V I=4A
Calcular :S
Conhecido :S=VxI
Solução : S = 80 x 4 Î 320 VA
Resposta : A potência aparente do circuito é de 320 VA.

Observe atentamente as fórmulas para a potência aparente e para a potência


ativa:
S=VxI
P = V x I x cos θ

Note que a única diferença entre as duas é que a potência ativa inclui o termo cos
θ. Combinando estas duas fórmulas, temos:

cos θ = P / S

Esta relação torna mais fácil determinar o fator de potência e, então, a relação de
fase entre a corrente e a tensão. Tudo que precisamos conhecer é a corrente, a tensão e a
potência ativa. Todas as três grandezas são facilmente medidas, como mostra a figura
abaixo. Com os valores medidos de corrente e tensão, podemos calcular a potência
aparente. Então, com a potência ativa medida e a potência aparente calculada, podemos
chegar a cos θ. Após calcular o valor de cos θ, podemos usar a tabela das funções
trigonométricas para encontrar o ângulo θ.

Na figura acima suponha que o wattímetro indique 813 W, o voltímetro 220 W e o


amperímetro 6 A. Qual é o ângulo de fase entre a corrente e a tensão?
Dados : P = 813 W V = 220 V I = 6ª
Calcular : O ângulo θ
Conhecidos : S = V x I e cos θ = P / S
Solução : S = 220 x 6 Î 1320 VA
cos θ = 813 / 1320 Î 0,616
convertendo o valor de 0,616 de co-seno, encontramos o ângulo de 52º
Resposta : A corrente e a tensão estão defasadas em 52º ( θ = 52º ).

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Eletrotécnica II

Se o componente reativo da carga no exemplo acima fosse uma indutância, a


corrente se atrasaria da tensão em 52º. Se o componente fosse a capacitância, a corrente
se adiantaria da tensão do mesmo ângulo. Os diagramas dos fasores para ambos os
casos são desenhados na figura abaixo.

2.18 - Fator de potência


A relação entre a potência ativa e a potência aparente num circuito é conhecida
como fator de potência (FP). Desde que esta relação também dá cos θ, o fator de
potência é justamente outra maneira de especificar o cos θ.

Matematicamente, podemos escrever:

FP = cos θ = P / S

O fator de potência, portanto, é uma maneira de indicar a porção da corrente e da


tensão total que estão produzindo potência. Quando a corrente a tensão estão em fase, o
fator de potência é igual a 1; a potência ativa é igual à potência aparente. Quando a
corrente e a tensão estão defasadas em 90º, o fator de potência e igual a zero. Então, o
fator de potência de um circuito pode ter qualquer valor entre 0 e 1. O fator de potência,
geralmente, é expresso como uma porcentagem e, desse modo, pode variar de 0 a 100%.

Um motor elétrico drena 18 A de corrente de uma fonte de 240 V. Um wattímetro


conectado ao circuito indica 3024 W. Qual é o fator de potência do circuito?
Dados : I = 18 A V = 240 V P = 3024 W
Calcular : FP = P / S e S=VxI
Solução : S = 240 x 18 Î 4320 VA
FP = 3024 / 4320 Î 0,7

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Eletrotécnica II

Resposta : O fator de potência é de 0,7 ou 70%.

O fator de potência é muito importante para a companhia concessionária de


energia elétrica, e sua importância pode ser melhor abordada através de um exemplo.
Suponha uma concessionária entregando energia a duas fábricas diferentes. Ambas as
companhias estão localizadas à mesma distância do centro de distribuição e recebem
potência na mesma tensão (4700) e requerem a mesma potência ativa (1,5 MW). Porém,
a fábrica A usa uma grande quantidade de cargas reativas (motores) e opera com um
fator de potência de 60%. A fábrica B usa geralmente cargas resistivas (aquecedores) e
opera com um fator de potência de 96%. Para atender à fábrica A, a companhia
concessionária de energia fornece a seguinte potência aparente:

S = P / FP = 1500000 / 0,6 = 2500000 VA Î 2,5 MVA

Para suprir esta carga, os condutores devem transportar a seguinte corrente:

I = S / V = 2500000 / 4700 Î 532 A

A fábrica B consome a mesma potência ativa que a fábrica A e, portanto, paga


pela mesma quantidade de energia. A fábrica B, contudo, requer a seguinte potência
aparente:

S = P / FP = 1500000 / 0,96 = 1562500 VA Î 1,56 MVA

Isto é, quase 1 MVA a menos que o requerido pela fábrica A. A corrente drenada
pela fábrica B é de:

I = S / V = 1562500 / 4700 Î 332 A

Novamente, a fábrica B drena menos corrente do que a A (332 A contra 532 A)


para obter exatamente a mesma potência ativa. A fábrica B, portanto, gasta menos com
condutores.

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Eletrotécnica II

As companhias concessionárias, bem como os consumidores, projetam seus


sistemas de transmissão e distribuição de acordo com a potência aparente e a corrente
que ela supre. Desde que os consumidores pagam pela potência ativa consumida, as
companhias concessionárias encorajam o uso de sistemas de alto fator de potência. O
fator de potência pode ser melhorado (ou corrigido) inserindo-se, por exemplo, uma
reatância oposta à causa do baixo fator de potência. Então, um fator de potência em
atraso pode ser melhorado inserindo-se um equipamento ou dispositivo de fator de
potência adiantado, como um capacitor, no sistema.

2.19 - Números complexos


Um número complexo tem duas dimensões, sendo ma real e outra imaginária.
Por isso, eles devem ser representados num plano cartesiano formado por um
eixo horizontal real Re e por um eixo vertical imaginário Im.
Define-se unidade imaginária o número j, tal que:

j = √-1 ou j² = -1

Assim, pode-se obter resultados positivos e negativos (Re ou Im) a partir de um


número imaginário elevado a uma potência, como também pode-se extrair a raiz de
números negativos (Re).

Considere um número complexo Ċ locado num ponto qualquer do plano


cartesiano.
Há duas formas de representar analiticamente esse mesmo número complexo:

Ċ = a + jb (forma retangular)
(forma polar)

Em que :
Ċ Î número complexo ( o ponto . caracteriza-o como número complexo )
a Î componente real ( positiva ou negativa )
b Î componente imaginária ( positiva ou negativa )
C Î ( ou |C| ) módulo do número complexo (sempre positivo)
θ Î fase do número complexo (positiva ou negativa, a partir da referência
Re+)

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Eletrotécnica II

2.19.1 - Conversão entre as formas retangular e polar


Várias expressões entre os elementos que compõem um número complexo
podem ser obtidas por meio do Teorema de Pitágoras e das relações trigonométricas
aplicadas ao triângulo retângulo formado no plano cartesiano:

Elementos da forma retangular Elementos da forma polar

Componente real Îa = C. cos θ Módulo de Ċ Î C = √a² + b²

Componente imaginária Îb = C. sen θ Fase de Ċ Î θ = arctg b / a

Por meio destas expressões, é possível converter um número complexo da forma


retangular na polar e vice-versa.

Mas cuidado!
Nas calculadoras, as funções arco cosseno, arco seno e arco tangente operam, cada uma,
apenas em dois quadrantes específicos.

2.19.2 - Operações com números complexos


Considere os números complexos seguintes:

Ċ1 = a1 + jb1 ≡

Ċ2 = a2 + jb2 ≡

2.19.2.1 - Adição e subtração com números complexos


Para realizar as operações adição e subtração com números complexos, a melhor
opção é converte-los primeiramente na forma retangular. Assim, tais operações tornam-
se bastante simples, conforme mostramos em seguida.

Na adição, determina-se a soma algébrica das componentes reais e das


imaginárias, assim tendo o número complexo resultante.

Ċ1 + Ċ2 = (a1 + a2) + j(b1 +b2)

Na subtração, determina-se a subtração algébrica das componentes reais e das


imaginárias, assim tendo o número complexo resultante.

Ċ1 - Ċ2 = (a1 - a2) + j(b1 - b2)

2.19.2.2 - Multiplicação e divisão com números complexos


Para realizar as operações multiplicação e divisão com números complexos, a
melhor opção é converte-los primeiramente na forma polar. Assim, tais operações
tornam-se bastante simples, conforme mostramos em seguida.

Na multiplicação, determinam-se o produto dos módulos e a soma algébrica das


fases, obtendo o número complexo resultante.

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Eletrotécnica II

Na divisão, determinam-se o quociente entre os módulos e a subtração algébrica


das fases, obtendo o número complexo resultante.

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3 – Circuitos RLC

3.1 – Impedância

A oposição combinada à corrente devido à resistência e à reatância é chamada


impedância e sua notação é Z. Assim como a resistência e a reatância, a impedância
também tem a unidade base em Ohms (Ω).
Num circuito que contém resistência e reatância, a corrente e a tensão não estão
em fase nem defasadas exatamente em 90º. Se o circuito contém resistência e
capacitância, a corrente se adianta da tensão. Se ele contém resistência e indutância, a
corrente se atrasa em relação à tensão. Quando o circuito contém resistência, indutância
e capacitância (R, L , C), as relações de fase dependem dos valores relativos de L e C.
Os circuitos contendo resistência e reatância têm uma potência aparente maior
do que a potência ativa. Seu fator de potência é menor do que 1 (menor do que 100%).
Os motores, microfones, alto-falantes e fones de ouvido são exemplos de cargas
elétricas e eletrônicas comuns que possuem impedância. Estas cargas particulares
possuem reatância indutiva e resistência.

3.2 – Adição de fasores

Na figura a seguir, item a) suponha que desejamos adicionar gráfica ou


matematicamente os fasores Y1 e Y2. Primeiramente, faremos isto de modo gráfico e
depois desenvolveremos o método matemático.
A adição gráfica dos fasores na figura , item a) é ilustrada no item b). O processo
envolve a construção de um retângulo. A linha 1 é desenhada da extremidade do fasor
Y1 paralela ao fasor Y2, e a linha 2 é desenhada da extremidade do fasor Y2 paralela ao
fasor Y1. O ponto no qual as linhas 1 e 2 se cruzam é a extremidade do fasor resultante
YT.
Os três fasores da figura, item b) podem ser rearranjados na configuração
mostrada no item c). Este rearranjo simplesmente substituiu a linha 2 pelo fasor Y1. Isto
é possível porque a linha 2 e o fasor Y1 são paralelos e têm o mesmo comprimento.

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Eletrotécnica II

O rearranjo dos fasores no item c) produz um triangulo retângulo, que é


redesenhado na próxima figura com a denominação dos lados. Você já está
familiarizado com as funções trigonométricas listadas nesta figura. Elas são indicadas
aqui simplesmente como uma revisão e fácil referência para este tópico. Também são
listadas nesta figura as fórmulas para as relações dos lados de um triângulo retângulo.
Esta relação, conhecida como teorema de Pitágoras, aplica-se a todos os triângulos
retângulos independentemente do tamanho ou do ângulo θ. Então, conhecendo o
comprimento de qualquer dos dois lados de um triângulo retângulo, pode-se calcular o
comprimento do terceiro lado usando-se a fórmula:
(hipotenusa)² = (lado oposto)² + (lado adjacente)²

Suponha que Y1 representa uma corrente de 6 A e Y2 representa 8 A. Qual é o valor da


corrente total YT?
Dados : Y1 = I1 = 6 A e Y2 = I2 = 8 A
Calcular : YT = IT
Conhecido : YT = √Y1² + Y2²
Solução : IT = √I1² + I2² Î √6² + 8² Î √36 + 64 Î √100 Î 10 A
Resposta : A corrente total é de 10 A.

3.3 – Resolução de circuitos

A não ser que determinado de outro modo, vamos supor que os componentes dos
circuitos são ideais, isto é, os resistores contêm somente resistência, e os capacitores
contêm somente capacitância. Os resistores reais geralmente têm pequenas quantidades
de indutância e capacitância, e os capacitores reais têm pequenas quantidades de
resistência e indutância.

3.3.1 – Circuitos RC série


A figura abaixo mostra um circuito RC série e o diagrama de fasores que
representa sua tensão e impedância. Num circuito série existe somente um caminho para

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Eletrotécnica II

a corrente. A corrente capacitiva, resistiva e total são a mesma corrente, e o fasor


corrente é, muitas vezes, usado como fasor referência no circuito série, item b).
Em qualquer circuito, o componente resistivo de tensão e o de corrente estão em
fase.
Isto significa que o fasor tensão resistivo, VR no item b), tem a mesma direção
que IT. A corrente no capacitor adianta-se da tensão através do capacitor de um ângulo
de 90º. Outra maneira é dizer que a tensão se atrasa da corrente de um ângulo de 90º.
Então, o fasor tensão capacitivo, VC no item c), é traçado 90º atrasado do fasor corrente.
Lembre-se de que os fasores giram na direção anti-horária de acordo com a convenção.
Os fasores VR e VC podem ser adicionados para obter o fasor VT que estabelece
o ângulo θ, o que mostra quanto a corrente da fonte IT se adianta da tensão da fonte VT.
Como VC é maior do que VR, o ângulo θ é maior do que 45º.
Também no item b) concluímos que XC deve ser maior do que R, pois:
1) IR = IC
2) A lei de Ohm aplica-se individualmente ao resistor e ao
capacitor.
3) A lei de Ohm estabelece que a tensão e a resistência ou a
reatância são diretamente proporcionais se a corrente é mantida
constante.

Então, se VC é maior que VR, XC deve ser maior do que R.


No item c) mostra que a resistência e a reatância capacitiva são também
defasadas em 90º.Isto era esperado. As corrente no resistor e no capacitor estão em fase,
mas suas tensões estão defasadas. Portanto, XC e R devem também estar defasadas em
90º.

Os fasores dos itens b) e c) podem ser redesenhados a fim de formar triângulos,


como mostra na próxima figura; e usando-se o teorema de Pitágoras para calcular VT e
Z, temos:
VT = √ VR² + VC² e Z = √R² + XC²

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 80


Eletrotécnica II

A relação entre R e XC na figura anterior, item c) deve ser igual à relação entre
VR e VC no item b).

VR e VC
IT = ---------- IT = ----------
R XC

Portanto :
VR VC
IT = --------- = --------
R XC

Transpondo os termos:
VR R
IT = --------- = --------
VC XC

Desta maneira, o co-seno de θ pode ser calculado:


Lado adjacente VR R
Cos θ = ---------------------- = --------- = --------
hipotenusa VC XC

Calcular a impedância do circuito abaixo:

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 81


Eletrotécnica II

Dados : C = 1 µF
R = 1000 Ω
f = 100 Hz
Calcular :Z
Conhecidos : Z = √R² + XC²
1
XC = ----------
2πfC
Solução : 1
XC = ----------------------------- Î 1592 Ω
2π x 100 x 1 x 10-6

Z = √1000² + 1592² Î 1880 Ω


Resposta : A impedância do circuito é 1880 Ω

Podemos checar facilmente a nossa resposta. Verifique a figura anterior e note


que Z é menor do que a soma aritmética de R e XC. Desde que 1880 é maior do que
1592, mas menor do que 2592, isto parece ser uma resposta razoável.
A impedância pode ser usada na lei de Ohm exatamente como a resistência e a
reatância. Por exemplo, a impedância e a tensão da fonte podem ser usadas para
encontrar a corrente total e utiliza-se a corrente para calcular as tensões individuais.

Calcular a corrente IT, a tensão resistiva VR e a tensão capacitiva VC para o circuito da


figura anterior.

Dados : VT = 40 V
R = 1000 Ω
XC = 1592 Ω (resposta exercício anterior)
Z = 1880 Ω (resposta exercício anterior)
Calcular : IT, VC e VR
Conhecido : Lei de Ohm
Solução : 40
IT = -------- Î 0,0213 A (21,3 mA)
1880
VR = 0,0213 x 1000 Î 21,3 V
VC = 0,0213 x 1592 Î 33,9 V
Resposta : A corrente no circuito é de 21,3 mA, a tensão no resistor é de 21,3 V e a
tensão no capacitor é de 33,9 V.

Podemos verificar nossa resposta checando se o fasor soma de VR e VC é igual à


tensão da fonte VT:
VT = √ 21,3² + 33,9² Î 40 V
Desde que o valor calculado de VT concorda com os valores dados, não
cometemos qualquer erro em nossos cálculos. Podemos continuar nosso estudo do
circuito determinando a potência e o ângulo θ.

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Eletrotécnica II

Calcular o ângulo θ e a potência ativa total para o circuito da figura anterior.

Dados :R = 1000 Ω
VT = 40 V
Z = 1880 Ω
IT = 21,3 mA
Calcular : ângulo θ e P
Conhecidos : cos θ = R / Z e fórmulas de potência
Solução : cos θ = 1000 / 1880 Î 0,532 Î 58º (convertendo de
coseno em graus)
PT = V x I x cos θ Î 0,0213 x 40 x 0,532 Î 0,453 W
Resposta : A corrente se adianta da tensão em um ângulo de 58º e a potência ativa
no circuito é de 0,453 W

No calculo acima poderíamos encontrar a potência ativa total sem primeiro


calcular o ângulo θ. Num circuito somente a resistência dissipa potência ativa. Por
conseguinte, a potência dissipada pelo resistor (PR) deve ser igual à potência ativa total.
Então:
PT = PR = IR x VR = 0,0213 x 21,3 Î 0,454 W

Esta resposta concorda com a do calculo anterior respeitando, evidentemente, as


aproximações permitidas. Lembre-se de que PT = PR para todos os circuitos. Poderíamos
ter encontrado o cos θ usando as relações de tensão. Isto seria igual a:
VR 21,3
cos θ = --------- = ---------- Î 0,533
VT 40
Novamente, a resposta concorda com a obtida no calculo anterior.

Na figura de nossos exercícios se a freqüência da fonte está descrescendo, o que


aconteceria com o ângulo θ, com a impedância e com a distribuição de tensão? A
resposta para estas questões é ilustrada na figura a seguir.

Os itens a) e b) mostram os diagramas para os circuitos operando em 100 Hz e 50 Hz,


respectivamente. Quando a freqüência decresce, a reatância do capacitor cresce. Isto
causa um acréscimo na impedância e um correspondente decréscimo na corrente. Menos

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 83


Eletrotécnica II

corrente significa menos tensão através do resistor. Contudo, a tensão capacitiva


aumenta porque sua reatância cresce proporcionalmente mais do que a corrente
decresce. O resultado final é que o circuito é mais capacitivo do que antes. O ângulo θ
aumentou e a potência ativa no circuito decresceu.
Quando a freqüência aumenta, os resultados estão no item c), são justamente
opostos; o circuito torna-se mais resistivo, θ decresce e a potência ativa aumenta.

A próxima figura ilustra o que acontece quando se substitui o capacitor de 1µF


de nossos cálculos.

Os diagramas desta figura, item a) mostram a situação com o capacitor original


(1 µF). Quando a capacitância decresce, item b), os efeitos são os mesmos de quando a
freqüência decresce. Isto porque a reatância capacitiva é inversamente proporcional à
capacitância e à freqüência. Uma capacitância decrescente causa um aumento da
reatância capacitiva, ou seja, θ torna-se maior. Aumentando a capacitância, decresce a
reatância capacitiva e o circuito torna-se mais resistivo, item c).

3.3.2 – Circuitos RC paralelo


Num circuito paralelo, como na figura abaixo, item a), a tensão é a mesma
através de todos os componentes. Obviamente, VR, VC e VT estão em fase. Portanto, o
fasor tensão é usado com o fasor referência, item b), na resolução de circuitos RC
paralelo. A corrente capacitiva está adiantada da tensão capacitiva de um ângulo de 90º.
Então o fasor IC é desenhado 90º à frente do fasor tensão. A corrente resistiva está em
fase com a tensão resistiva. O fasor IR está em fase com o fasor VT. Adicionando os
fasores IC e IR temos o fasor IT. Desde que o circuito tem capacitância, a corrente IT se
adianta da tensão da fonte VT.

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Eletrotécnica II

A impedância no circuito, no item a), pode ser encontrada usando-se a lei de


Ohm:
VT
Z = ----------
IT

Deve-se calcular IT antes de se determiner Z. Calcula-se o valor de IT


empregando o teorema de Pitágoras; e expressando os lados do triângulo em termos de
corrente, temos:
IT = √IC² + IR²

Calcular a impedância do circuito acima:


Dados : VT = 60 V
C = 0,02 µF
f = 400 Hz
R = 27 kΩ
Calcular :Z
Conhecidos : Lei de Ohm
1
XC = ------------ e IT = √IC² + IR²
2πfC
Solução : 1
XC = ------------------------------- Î 19894 Ω
2π x 400 x 0,02 x 10-6

60
IC = ------------ Î 3,0 mA
19894

60
IR = ----------- Î 0,00222 A (2,22 mA)
27000

IT = √0,003² + 0,00222² Î 0,00373 A (3,73 mA)

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Eletrotécnica II

60
Z = --------------- Î 16100 Ω
0,00373
Resposta : A impedância do circuito é de 16,1 kΩ

Observe, neste exemplo, que a impedância é menor do que a reatância capacitiva


e menor do que a resistência porque a reatância e a resistência estão em paralelo e
defasadas em 90º.
A impedância de um circuito RC paralelo pode também ser calculada a partir da
resistência e da reatância. A fórmula é :
XC x R
Z = -------------------
√XC² + R²

Esta fórmula oferece o mesmo resultado que o método da lei de Ohm. Portanto,
podemos usa-la para checar a resposta encontrada no exercício anterior.
19894 x 27000
Z = ----------------------------
√19894² + 27000²

Desde que os dois métodos fornecem a mesma resposta (com as aproximações


permitidas), concluímos que não houve erro de cálculo.

Os efeitos na variação da f ou C num circuito RC paralelo são ilustrados na


figura a seguir. Note que o efeito no ângulo θ é exatamente oposto ao efeito no circuito
RC série. O aumento em C ou f causa decréscimo na reatância, menor impedância,
maior corrente e um grande ângulo θ. Se C ou f decresce, tem-se um efeito oposto.

O valor do cos θ pode ser calculado através dos valores das correntes ou das
potências. As fórmulas são:

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 86


Eletrotécnica II

cos θ = P / S e cos θ = IR / IT

Estas são, também, as fórmulas para o fator de potência. Uma vez determinado o
cos θ, o ângulo θ pode ser determinado usando-se uma calculadora ou a tábua das
funções trigonométricas. Podemos encontrar o fator de potência do circuito anterior
usando os valores de IR e IT.

cos θ = FP = IR / IT = 0,00222 / 0,00373 Î 0,595 ou 59,5%

Como a corrente total está adianta da tensão, o fator da potência do circuito é


59,5% adiantado.

3.3.3 – Circuitos RL série


Os circuitos RL série, conforme figura abaixo, causam o atraso da corrente em
relação à tensão da fonte. Isto é mostrado no item b), onde VT está adiantado de IT (o
fasor referência). As mesmas fórmulas gerais usadas para os circuitos RC série são
também empregadas para os circuitos RL série; simplesmente substitua C por L e XC
por XL. Assim:
Z = √R² + XL² VT = √VR² + VL²

VR R P
cos θ = ------- = ------- = -------
VT Z S

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Eletrotécnica II

Determine a impedância e a tensão através da indutância e do resistor do circuito


acima.
Dados : VT = 50 V f = 50 kHz L = 10 mH R = 2700Ω
Calcular : Z e VL
Conhecidos : Z = √R² + XL², XL = 2πfL e Lei de Ohm
Solução : XL = 2π x 50 x 10³ x 10 x 10-3 Î 3141 Ω
Z = √2700² + 3141² = 4142Ω
50
IT = --------- Î 0,012 A Î 12 mA
4142
VL = 0,012 x 3141 Î 37,9 V
VR = 0,012 x 2700 Î 32,4 V
Resposta : A impedância do circuito é 4142 Ω, a tensão através do indutor é 37,9 V
e a tensão através do resistor é 32,4 V.

Os circuitos série RL e RC respondem pela mudança na freqüência exatamente


na forma oposta, porque a reatância indutiva é diretamente proporcional à freqüência,
enquanto a reatância capacitiva é inversamente proporcional à freqüência. Aumentando
a freqüência de um circuito RL série ocorre um aumento de XL, um aumento de Z, m
decréscimo em IT, um descréscimo em VR, um aumento de VL e um aumento do ângulo
θ. A reatância indutiva é também diretamente proporcional à indutância. Por isso, o
aumento da indutância tem o mesmo efeito do aumento da freqüência.

Nos circuitos série RL e RC, a potência e o ângulo θ são determinados da mesma


maneira. A diferença nos dois tipos de circuito é que a corrente se atrasa da tensão no
circuito RL, enquanto no circuito RC a corrente se adianta da tensão, veja figuras
abaixo.

Muitos motores pequenos e motores monofásicos CA partem através de fase


dividida entre dois circuitos RL. Estes motores têm dois enrolamentos separados. O
enrolamento principal, também chamado enrolamento de potência ou de funcionamento,
emprega condutores de maiores diâmetros e tem, portanto, uma pequena resistência. Ele
pode ser representado por um pequeno resistor em série com um indutor ideal, veja
figura acima, item a). Desde que o enrolamento de potência tem uma pequena
resistência e uma elevada reatância, sua corrente se atrasa em relação à tensão, item b).
O enrolamento de partida possui condutores de menor diâmetro e tem menos espiras

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 88


Eletrotécnica II

que o enrolamento de potência. Portanto, o enrolamento de partida tem uma resistência


maior e uma indutância menor do que o enrolamento de potência, fazendo a corrente no
enrolamento de partida se atrasar menos da tensão do que o a corrente que circula no
enrolamento de potência. Então, a corrente no enrolamento de partida está defasada da
corrente no enrolamento de potência, item b). Esta defasagem nas correntes produz um
campo magnético resultante suficiente para partir o motor. Uma vez que o motor partiu,
uma chave, item a) – desconecta o enrolamento de partida do restante do circuito. O
motor continua a girar somente através do enrolamento de potência.

3.3.4 – Circuitos RL paralelo


A figura abaixo mostra um circuito RL paralelo e seu diagrama de fasores. Estes
circuitos podem ser tratados como os circuitos RC paralelos, existindo, basicamente,
somente duas diferenças entre os dois:
1) No circuito RL, a corrente se atrasa da tensão, ao passo que no circuito RC a
corrente se adianta da tensão.
2) Os dois circuitos respondem de maneiras opostas à variação na freqüência e
indutância ou capacitância. No circuito RL paralelo, quando f ou L está aumentando, a
impedância aumenta. Isto resulta numa corrente indutiva e corrente total decrescente e
no ângulo θ também decrescente. As fórmulas a seguir são as mais indicadas para os
cálculos com os circuitos RL paralelo:
IT = √IL² + IR²
VT XL x R P IR
Z = -------- = ---------------- e cos θ = ------ = ------
IT √XL² + R² S IT
Note que estas fórmulas são as mesmas usadas para os circuitos RC paralelos,
exceto que L é substituído por C.

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Eletrotécnica II

Para o circuito da figura acima, calcule a corrente total e a impedância.


Dados : VT = 50 V f = 50 kHz L = 10 mH R = 2700 Ω
Calcular : IT e Z
Conhecidos : Lei de Ohm, XL = 2πfL e IT = √IL² + IR²
Solução : 50
IR = ----------- Î 0,0185 A Î 18,5 mA
2700
XL = 2π x 50 x 10³ x 10 x 10-3 Î 3142 Ω
50
IL = ----------- Î 0,0159 A Î 15,9 mA
2700
IT = √0,0185² + 0,0159² Î 0,0244 A Î 24,4 mA
50
Z = ------------- Î 2049 Ω
0,0244
Resposta : A corrente é de 24,4 mA e a impedância é de 2049 Ω.

3.3.5 – Circuitos RLC série


As técnicas empregadas para resolver circuitos RL e RC podem ser combinadas
para resolver circuitos RLC, como o da figura abaixo, item a). Contudo; os circuitos
RLC têm algumas características não-usuais. Por exemplo, uma tensão ou corrente
reativa pode ter um valor mais elevado que a tensão ou corrente da fonte.
No item b), a tensão indutiva e a tensão capacitiva estão defasadas entre si em
180º. Adicionando estes dois fasores tensão, resulta em VX, tensão reativa resultante.
Vx é então adicionada a VR para determinar a tensão total da fonte. Os fasores reatância
e resistência são adicionados na mesma seqüência, determinando a impedância.

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Eletrotécnica II

No item b) veja que VL é maior do que VT. À primeira vista, pode parecer uma
exceção da lei de tensão de Kirchhoff; contudo, não é.
Em qualquer instante, a soma das tensões instantâneas do resistor, do capacitor e
do indutor é igual à tensão da fonte. Em outras palavras, as três tensões nunca têm a
mesma polaridade no mesmo instante. Esta idéia é ilustrada na figura abaixo. No item
a), a queda de tensão em L, C e R é o resultado da corrente série circulando através de
cada componente. Contudo, a tensão no indutor L está defasada em 180º em relação à
tensão no capacitor C. Isto significa que as duas tensões estão diretamente em oposição
entre si. O resultado é uma tensão reativa resultante, como mostra o item b) através da
combinação de L e C.

No item a) tanto tensão indutiva quanto a tensão capacitiva são maiores do que a
tensão da fonte. Se uma tensão individual excede a tensão da fonte, então a reatância
individual excede a impedância. Isto é comum nos circuitos RLC série.
Nos circuitos série, a impedância e a tensão totais podem ser calculados com o
auxílio das seguintes fórmulas:

Z = √(XL – XC)² + R² e Z = VT / IT e VT = √(VL – VC)² + VR²

Nestas fórmulas, VL – VC é o mesmo que VX na figura anterior, item b),


e XL – XC é o mesmo que X.

O fator de potência (cos θ) e o ângulo θ do circuito RLC série podem ser


encontrados usando-se as mesmas fórmulas para os circuitos RL e RC série.

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Eletrotécnica II

Calcular a impedância e a tensão através da resistência para o circuito da figura abaixo.

Dados : VT = 10 V f = 50 kHz L = 5 mH C = 0,005 µF R = 1000 Ω


Calcular : Z e VR
Conhecidos : Lei de Ohm 1
Z = √(XL – XC)² + R² XL = 2πfL XC = ----------
2πfC
Solução : XL = 2π x 50 x 10³ x 5 x 10-3 Î 1570 Ω
1
XC = ------------------------------------- Î 673 Ω
-6
2π x 50 x 10³ x 0,005 x 10
Z = √(1570 – 637)² + 1000² Î 1368 Ω
10
IT = --------- Î 0,0073 A Î 7,3 mA
1368
VR = 0,0073 x 1000 Î 7,3 V
Resposta : A impedância é 1368 Ω, e a tensão através da resistência é 7,3 V.

3.3.6 – Circuitos RLC paralelo


A figura a seguir mostra um circuito RLC paralelo e seu diagrama do fasor
corrente. A corrente IC pode exceder a corrente total porque a corrente indutiva e a
corrente capacitiva estão defasadas entre si em 180º. De fato, ambas as correntes podem
exceder a corrente total. Por exemplo, no item a), se L cai pela metade, a corrente
indutiva dobra, tanto a corrente IX quanto a corrente IT decrescem e, então, IL e IC
excedem IT.
As fórmulas para resolver os circuitos RLC paralelo são:
IT = √(IL – IC)² + IR² cos θ = IR / IT = P / S

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Eletrotécnica II

Calcular os valores de IT e Z para o circuito da figura acima. (Note que XL e XC têm os


mesmos valores do exercício anterior.)
Dados : VT = 10 V R = 1000 Ω XL = 1570 Ω XC = 637 Ω

Conhecidos : Lei de Ohm IT = √(IC – IL)² + IR²


Solução : 10
IC = ---------- Î 0,0157 A Î 15,7 mA
637
10
IL = ----------- Î 0,0064 A Î 6,4 mA
1570
10
IR = ----------- Î 0,0010 A Î 10 mA
1000
IT = √(0,0064 – 0,0157)² + 0,01² Î 0,0137 A Î 13,7 mA
10
Z = ------------ Î 730 Ω
0,0137
Resposta : A impedância é 730 Ω, e a corrente é 13,7 mA.

O circuito RLC paralelo do exercício acima e o circuito RLC série do tópico


anterior têm o mesmo valor dos componentes. Eles também têm a mesma fonte de
tensão e a mesma freqüência. Como esperado, o circuito paralelo tem menos
impedância e drena mais corrente que o circuito série. A inspeção dos diagramas do
fasor mostra outra diferença entre os circuitos RLC série e paralelo – um deles é
indutivo e o outro capacitivo. No circuito RLC série, item b), note que a corrente da
fonte se atrasa da tensão da fonte. Então, este circuito é indutivo. Já no circuito RLC
paralelo, item b), a corrente da fonte se adianta da tensão da fonte. Então, este circuito
paralelo, usando os mesmos componentes do circuito série, é capacitivo. Em ambos
circuitos, XL é maior do que XC. Se XC fosse maior que XL, então o circuito série seria
capacitivo e o circuito paralelo seria indutivo, veja figura abaixo.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 93


Eletrotécnica II

3.4 – Admitância
Simbolizada Y é o inverso da impedância. Ela é medida S (siemens).
Ela é definida por:

Onde:
- Y é a admitância em “S”
- Z é a impedância em “Ω”

Sendo a impedância uma resistência complexa, e a condutância G o inverso da


resistência, a admitância é uma condutância complexa.
A parte real da admitância é a condutância, e sua parte imaginária é a
susceptância:

A magnitude da admitância é dada por:

Onde:
G é a condutância em “S”
B é a susceptância em “S”.

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Eletrotécnica II

3.5 – Condutância
Condutância elétrica é o recíproco da resistência elétrica. A unidade derivada do
“SI” de condutância é o siemens (símbolo “S”, igual a Ω-1). Em setembro de 1885,
Oliver Heaviside criou esse termo.
Condutância elétrica não deve ser confundida com condutividade elétrica, que é
uma característica especifica de um material e recíproca a resistividade elétrica.
Condutância, G, é relacionado a susceptância, B, e admitância, Y, pela equação:

Onde:
Y é a admitância, medida em siemens
G é a condutância, medida em siemens
é a unidade imaginária
B é a susceptância, medida em siemens

A magnitude de admitância é dada por:

3.6 – Susceptância
Susceptância (B) é a parte imaginária da admitância, sendo dada em mhos. No
“SI”, é medida em siemens. Em junho de 1887, Oliver Heaviside utilizou o termo
“permitância” que posteriormente se tornou susceptância.
Para uma porção de um circuito que tenha uma corrente senoidal, e diferença de
potencial da mesma freqüência, a susceptância é a razão da corrente eficaz, para a
diferença de potencial eficaz, esta razão é multificada pelo seno da diferença de fase
angular entre estes valores.

Onde:
Y é admitância, medida em siemens (SI)
G é a condutância, medida em siemens

B é a susceptância, medida em siemens

A admitância (Y) é o inverso da impedância (Z)

Onde:

Z é a impedância, medida em ohms


R é a resistência, media em ohms
X é a reatância, medida em ohms
A susceptância não é o inverso da reatância
A magnitude da admitância é dada por:

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Eletrotécnica II

4 - Fator de potência

4.1 - Características especiais das cargas indutivas


A maioria das cargas dos modernos sistemas de distribuição de energia são
indutivas. Exemplos incluem motores, transformadores, reatores de iluminação e fornos
de indução, dentre inúmeros outros.
A principal características das cargas indutivas é que elas necessitam de um
campo eletromagnético para operar. Por esta razão, elas consomem dois tipos de
potência elétrica:
1) Potência ativa (kW) para realizar o trabalho de gerar calor, luz, movimento,
etc...
2) Potência reativa (kVAr) para manter o campo eletromagnético.
A potência ativa é medida em Watts (W) ou kiloWatts (kW) e pode ser medida
num kilowattímetro. A potência reativa não produz trabalho útil, mas circula entre o
gerador e a carga, exigindo do gerador e do sistema de distribuição uma corrente
adicional. A potência reativa é medida em kiloVolt-Amperes-reativos (kVAr).

A potência ativa e potência reativa, juntas, formam a potência aparente. A


potência aparente é medida em kiloVolt-Amperes (kVA).
Um triangulo retângulo é frequentemente utilizado para representar as relações
entre kW, kVAr e kVA.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 96


Eletrotécnica II

4.2 - Fundamentos do fator de potência


O fator de potência é a relação entre potência ativa e potência reativa. Ele indica
a eficiência com a qual a energia está sendo usada. Um alto fator de potência indica uma
eficiência alta e inversamente um fator de potência baixo indica baixa eficiência.
Para determinar o fator de potência (FP) divida a potência ativa (kW) pela
potência aparente (kVA):
kW
FP = ----------
kVA
Por exemplo, se uma máquina operatriz está trabalhando com 100 kW e a
energia aparente consumida é 125 kVA, divida 100 por 125, você chegará a um fator de
potência de 0,80.
Nota: O fator de potência num sistema não-linear não respeita as fórmulas acima
se não forem instalados filtros ou indutores nos equipamentos que geram harmônicas.

4.3 - Por que preocupar-se com o fator de potência?


Um baixo fator de potência indica que você não está utilizando plenamente a
energia paga. No exemplo acima, com um fator de potência de 80%, a sua máquina está
aproveitando apenas 80% da energia fornecida pela concessionária. Isto quer dizer que
apenas 80% da corrente que entra na máquina está produzindo trabalho útil.
Na figura a seguir, os triângulos demonstram como os kVA diminuem com a
melhoria do fator de potência. Com um fator de potência de 70%, precisamos de 142
kVA para produzir 100 kW. Com um fator de potência de 95%, apenas 105 kVA são
usados. Um outro modo de ver o problema é que, com um fator de potência de 70%,
precisamos 35% a mais de corrente para fazer o mesmo trabalho.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 97


Eletrotécnica II

A figura abaixo mostra os efeitos de vários valores de fator de potência sobre um


sistema elétrico com uma demanda de 100 kW em 480 Volts.

A tabela mostra que com um fator de potência de 100%, a bitola dos cabos
necessários é de 1/0. O mesmo sistema, com um fator de potência de 60%, necessita de
cabos com bitola 4/0.

4.4 - O que fazer para melhorar o fator de potência?


Você pode melhorar o fator de potência adicionando capacitores de potência ao
seu sistema de distribuição de energia.
Quando a potência aparente (kVA) é maior que a potência ativa (kW), a
concessionária precisa fornecer, além da corrente útil (ativa), uma corrente reativa. Os
capacitores atuam como geradores de corrente reativa, reduzem a corrente que o seu
sistema retira da redá da concessionária.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 98


Eletrotécnica II

Um fator de potência de 95% oferece o máximo retorno.


Teoricamente, os capacitores poderiam suprir 100% das necessidades de
potência reativa. Na prática porém, a correção do fator de potência para
aproximadamente 95% traz o maior retorno.
A figura a seguir mostra a demanda de potência aparente num sistema antes e
depois de colocar capacitores. Instalando capacitores e melhorando o fator de potência
para 95%, a potência aparente é reduzida de 142 kVA para 105 kVA – uma redução de
35%.

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Eletrotécnica II

4.5 - Quanto é possível economizar instalando capacitores?


Capacitores de potência oferecem vários benefícios:
A – Redução nas contas de energia elétrica.
B – Aumento na capacidade elétrica do sistema.
C – Melhoria nos níveis de tensão.
D – Diminuição de perdas elétricas.

4.5.1 - Redução nas contas de energia elétrica


Sua concessionária de energia elétrica fornece potência ativa (kW) e potência
reativa (kVAr) para a sua instalação na forma de potência aparente (kVA). Apesar da
potência reativa (kVAr) não ser registrada no seu medidor de potência ativa, o sistema
de transmissão e distribuição da concessionária precisa ser grande o suficiente para
fornece-la. As concessionárias são obrigadas a repassar aos consumidores,
evidentemente, o custo de ter de instalar maiores geradores, transformadores, cabos,
chaves e etc...
Você verá, a seguir, que capacitores podem economizar dinheiro para você,
independentemente do seu enquadramento tarifário.

4.5.2 - Tarifa Binômia ou Convencional


Neste sistema tarifário, a concessionária cobra a demanda de potência ativa
(kW), o consumo de energia ativa (kWh) e adiciona uma cobrança extra a título de
ajuste de fator de potência. O ajuste é um índice multiplicador que é aplicado sobre os
faturamentos de demanda e consumo. A fórmula abaixo mostra como as concessionárias
calculam o ajuste do fator de potência>
FPref
$fp = ($demanda + Sconsumo) * ( ---------- -1)
FP

Onde:
$demanda = Faturamento relativo à demanda
$consumo = Faturamento relativo ao consumo
FPref = 0,92 de acordo com a última Portaria em vigor
FP = Fator de potência registrado

Assim, se seu fator de potência for de 0,83, sua concessionária cobrará um ajuste
de fator de potência que elevará o valor de sua conta de energia em 11%, conforme
fórmula abaixo:
0,92
$fp = ($demanda + Sconsumo) * ( ---------- -1)
0,83

$fp = ($demanda + Sconsumo) *( 0,11 )

É importante lembrar que as concessionárias somente cobram o ajuste quando


seu fator de potência é medido abaixo do nível de referência 0,92. Isto significa que sua
empresa não receberá qualquer bônus se registrar fator de potência acima de 0,92.

4.5.3 - Tarifas Horo-Sazonais


Nas tarifas horo-sazonais, cada dia é dividido em um períoro de ponta e outro
fora de ponta, e cada ano é dividido em meses úmidos ou secos. Os períodos de ponta,

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 100


Eletrotécnica II

determinados por cada concessionária, são três horas consecutivas entre as 17 e 22


horas. A grande maioria das concessionárias brasileiras determina o horário de ponta
como o intervalo das 17:30 às 20:30 horas, ou das 18 às 21 horas. Os meses secos são
os meses de maio a novembro, e os meses úmidos são de dezembro a abril.

4.5.4 - Tarifa horo-sazonal com fator de potência mensal


Se sua empresa e tarifada horo-sazonalmente e tem fator de potência apurado
pelo total de energia ativa e reativa consumido ao longo do mês, a concessionária
aplicará, para cada posto tarifário (ponta e fora de ponta), o mesmo critério já discutido
anteriormente para o caso de tarifa binômia ou convencional.
Portanto, se sua empresa registrar 0,83 de fator de potência no horário de ponta,
pagará ajuste de fator de potência no valor de 11% dos faturamentos de demanda e
consumo para o horário de ponta. Como as regras são análogas para o período fora de
ponta, se o fator de potência registrado for de 0,83 em ambos os postos tarifários, a
concessionária cobrará ajustes de fator de potência equivalentes a um acréscimo de 11%
no total da fatura.

4.5.5 - Tarifa horo-sazonal com fator de potência horário


Nos casos de apuração do fator de potência pelo pior valor medido de hora em
hora, ao longo do mês, as cobranças de ajustes são significativamente maiores.
A determinação precisa destes valores, entretanto, depende das
aproximadamente 730 medições de fator de potência feitas no mês. A experiência que
obtivemos após a análise de casos similares em diversos consumidores, nos permite
afirmar que a apuração do fator de potência num aumento de 20 a 40% no valor dos
ajustes de fator de potência.
Assim, se seu fator de potência médio mensal se situa em torno de 0,83, sua
concessionária cobrará ajustes de fator de potência que significarão um aumento de 13 a
15% em sua conta de eletricidade.

4.5.6 - Aumento na capacidade elétrica do sistema


Capacitores de potência aumentam a capacidade do sistema de carregar potência.
Melhorando o fator de potência de uma carga, automaticamente se reduz os kVA.
Portanto, você pode, adicionando capacitores, aumentar a potência útil (kW) do seu
sistema, sem aumentar os (kVA).
O mesmo princípio se aplica para reduzir as correntes em instalações
sobrecarregadas. Corrigir o fator de potência de 75% para 95% resulta em corrente 21%
menor para os mesmos kW de potência útil. Em outras palavras: para operar uma carga
com fator de potência de 75%, precisamos de 26,7% mais corrente, e com um fator de
potência de 65%, precisamos de mais 46,2%.

4.5.7 - Indústrias com baixo fator de potência são as mais beneficiadas pelos
capacitores
O fator de potência baixo é resultado da operação de motores com pouca carga.
Isto ocorre com freqüência em processos nos quais a carga varia muito, e para os quais
o motor escolhido atende a carga máxima, como por exemplo: serras circulares,
moedores, transportadores, compressores, retificas, prensas, etc. Exemplos de situações
onde ocorre baixo fator de potência (30% a 50%) incluem uma retifica de superfície
fazendo um corte leve, um compressor em alivio, e uma serra circular esperando pelo
material a cortar.

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Eletrotécnica II

As seguintes indústrias costumam apresentar baixo fator de potência:


- Serrarias 45-60%
- Plásticos (especialmente extrusoras) 55-70%
- Maquinas operatrizes e prensas 60-70%
- Galvanização, têxteis, químicas, cervejarias 65-75%
- Hospitais, silagnes, fundições 70-80%

Ao incluir capacitores nos seus planos de construção e expansão, você poderá


reduzir o tamanho dos transformadores, barramentos, chaves, etc..., e conseguir uma
redução significativa no investimento necessário.
A figura a seguir nos mostra o quando de kVA pode ser liberado pela melhoria
de fator de potência. Aumentando o fator de potência de 70% para 90%, você ganha
0,32 kVA por kW. Numa carga de 400 kW, 128 kVA são liberados.

4.5.8 - Melhoria nos níveis de tensão


A queda de tensão provocada pela excessiva demanda de corrente, causa
sobreaquecimento e torna os motores mais fracos. Com a diminuição no fator de
potência, a corrente da linha aumenta agravando a queda de tensão. Adicionando
capacitores ao seu sistema, e obtendo melhores níveis de tensão, você aumenta a
eficiência, a performance e a vida útil de seus motores.

4.5.9 - Diminuição de perdas elétricas


As perdas causadas pelo baixo fator de potência são devidas a corrente reativa
que flui no sistema, e que pode ser eliminada pela correção do fator de potência.
As perdas de potência em Watts num sistema de distribuição são calculadas pelo
quadrado da corrente multiplicado pela resistência do circuito (I²R). Para calcular a
redução de perdas elétricas:
FP original
Redução de Perdas(%) = 100 – 100 x (-----------------)
FP corrigido

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Eletrotécnica II

4.6 - Como escolher os capacitores certos para a minha aplicação?


Depois de decidir que a correção do fator de potência pode trazer-lhe benefícios,
você precisa escolher o tipo, o tamanho e a quantidade de capacitores para a sua
instalação.
Há dois tipos básicos de instalações com capacitores: instalações com
capacitores individuais ligados em cargas senoidais ou lineares, e instalações com
bancos de capacitores fixos ou automáticos ligados na subestação de entrada de energia
ou de distribuição.

4.6.1 - Instalação individual versus instalação em bancos


As vantagens que resultam da ligação individual dos capacitores junto às cargas
são:
- Controle completo. Os capacitores não causam problemas quando muitas
cargas estão desligadas.
- Não requer comutação separada. O motor sempre trabalha junto com o
capacitor.
- Maior eficiência dos motores devido a melhor utilização da potência e redução
nas quedas de tensão.
- Motores e capacitores, em conjunto, podem ser relocados mais facilmente.
- Facilidade de escolha do capacitor correto para cada carga.
- Menores perdas na linha.
- Aumento da capacidade de corrente do sistema.

As vantagens da instalação de bancos de capacitores ligados na sub-estação de


entrada são:
- Menor custo por kVAr.
- Menor custo de instalação.
- Melhoria do fator de potência geral da instalação, eliminando quaisquer tipos
de cobranças pelo uso de kVAr.
- O controle automático assegura a dosagem exata da potência de capacitores
ligada a qualquer momento, e eliminando possíveis sobretensões.

Resumo das vantagens e desvantagens com capacitores individuais, bancos


fixos, bancos automáticos e combinação.

Método Vantagens Desvantagens


Capacitores individuais Tecnicamente eficiente e Custo de instalação alto.
flexível.
Bancos fixos Mais econômico, poucas Menor flexível, requer
instalações. chaves ou contatores.
Bancos automáticos Melhor para cargas variáveis, Custo mais alto do
previne sobretensões, baixo equipamento.
custo de instalação.
Combinação O mais prático para grande Menos flexível.
número de motores.

4.6.2 - Considere as necessidades específicas da sua instalação


Para decidir qual é o tipo de instalação de capacitores que melhor atende as
necessidades do seus sistema, você terá que pesar as vantagens e desvantagens de cada
opção, e considerar as variáveis de operação, incluindo tipo, tamanho, capacidade e

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Eletrotécnica II

regularidade da carga, métodos de partida dos motores e tipo de tarifação de energia


elétrica.

4.6.3 - Tipo de carga


Se a sua instalação tem muitos motores acima de 25 HP, normalmente é
vantajoso instalar um capacitor por motor e comandar o motor e o capacitor juntos. Se a
sua instalação tem um grande número de pequenos motores, menores que 10 HP, você
pode instalar os capacitores no barramento de um grupo de motores. Frequentemente, a
melhor solução para plantas com motores grandes e pequenos, é utilizar ambos os tipos
de instalação.

4.6.4 - Tamanho da carga


Instalações com grandes cargas podem se beneficiar de todos os tipos de
instalação combinados: capacitores individuais, em grupos, em bancos fixos, e em
bancos automáticos. Uma instalação pequena, por outro lado, poderá necessitar de
apenas um capacitor na entrada de energia.

As vezes, a correção com capacitores é necessária apenas em pontos isolados.


Este pode ser o seu caso se você tem máquinas de solda, aquecimento indutivo, ou
acionamentos em corrente continua. Se um transformador que alimenta uma carga de
baixo fator de potência tem seu fator de potência corrigido, o fator de potência geral da
instalação poderá subir a ponto de dispensar capacitores adicionais.

4.6.5 - Regularidade da carga


Se a sua planta opera 24 horas por dia e tem uma demanda constante, capacitores
fixos são a solução mais econômica. Se a demanda é determinada por turnos de oito
horas, cinco dias por semana, você vai precisar de bancos automáticos para reduzir a
capacitância durante a as horas de demanda baixa.

4.6.6 - Capacidade de carga


Se os seus transformadores estão sobrecarregados, ou se você deseja adicionar
carga em linhas já carregadas, os capacitores devem ser ligados às cargas. Se o seu
sistema tem capacidade de corrente sobrando, você pode instalar os capacitores junto
aos transformadores de entrada. Se a carga da sua instalação varia muito, a melhor
solução é a instalação de bancos automáticos.

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Eletrotécnica II

4.7 - Quantos kVAr eu preciso?


A unidade utilizada para dimensionar a aplicação de capacitores é o kVAr, que
corresponde a 1000 volts-amperes de energia reativa. O valor nominal do capacitor
indica quantos kVAr ele fornece.

4.7.1 - Dimensionando capacitores para cargas individuais


Para escolher a potência do capacitor aplicável a motores individuais, use a
Tabela 1, mostrada a seguir. Simplesmente escolha a coluna da rotação e a linha da
potência HP. A tabela indica o valor do capacitor para atingir um fator de potência de
95%. A tabela também indica a porcentagem de redução da corrente após a instalação
do capacitor.

4.7.2 - Dimensionando capacitores para instalações inteiras


Se você sabe o total de KW demandado pela sua instalação, o fator de potência
atual e fator de potência desejado, você pode utilizar a tabela 2 para selecionar a
potência dos capacitores.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 105


Eletrotécnica II

Como utilizar a tabela 2


1. Encontre o fator de potência atual na coluna da esquerda.
2. Procure horizontalmente o valor de fator de potência desejado.
3. Multiplique o valor encontrado pela demanda ativa em kW.

Exemplo: Sua instalação consome 410 kW, tem fator de potência de 73%, que
você deseja aumentar para 95%.
Neste caso: 1 – Encontre 0,73 na coluna da esquerda.
2 – Movimente-se horizontalmente até a coluna 0,95.
3 – Multiplique 0,607 por 410 = 249
Conclusão: Você precisa em torno de 250 kVAr para corrigir o fator de potência
para 95%.

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Eletrotécnica II

Se você não souber o seu fator de potência atual, você deverá calcula-lo antes de
usar esta tabela, usando a fórmula abaixo:
kW
FP = ---------
kVA

4.8 - Onde devo instalar os capacitores?

4.8.1 - Junto à carga


Como os capacitores são geradores de kVAr, o melhor lugar para instala-
los é junto aos motores, onde os kVAr estão sendo consumidos. Existem três opções
para instalar capacitores junto a um motor. Com a ajuda da figura a seguir e do texto
que segue, determine qual é a melhor opção para cada motor.

Local A – Entre o motor e o relé térmico.


- Nas instalações novas onde a faixa de ajuste do relé térmico pode ser escolhida
em função da corrente reduzida.
- Motores já instalados que não necessitarão de mudanças no ajuste de
sobrecarga.

Local B – Entre o contator e o relé térmico.


- Motores já instalados com ajustes de sobrecarga acima da especificação de
corrente para os capacitores.

Local C – Na linha, antes do contator.


- Motores que são “pulsados” ou sofrem reversão.
- Motores de velocidade variável.
- Chaves que desligam e religam durante o ciclo.
- Motores sujeitos a partidas freqüentes.
- Motores de grande inércia, onde o conjunto motor/capacitor, mesmo desligado,
pode tornar-se um gerador com auto-excitação.

4.8.2 - Junto ao transformador de entrada


Para corrigir o fator de potência total de uma instalação, os bancos de
capacitores podem ser instalados na entrada de energia, desde que as condições de carga
e o tamanho do transformador permitam. Se o total de kVAr é muito grande, alguns
capacitores podem ser instalados junto a motores ou barramentos secundários.

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Eletrotécnica II

Quando os capacitores são ligados a barramentos, a centros de controle


de motores (CCMs), ou a painéis de controle, é imperativa a instalação de uma chave e
de uma proteção contra sobre-corrente.

4.8.3 - Instalação de capacitores em motores de velocidade variável e tensão reduzida


A seqüência abaixo mostra esquematicamente cinco situações encontradas
frequentemente na industria e apresenta soluções de como deve ser feita a instalação dos
capacitores.

4.9 - Como utilizar capacitores em circuitos com ambiente não-linear, não senoidal
(com harmônicas)?
Até bem pouco tempo atrás, todas as cargas eram lineares, com a corrente
acompanhando a curva senoidal da tensão. Ultimamente, o número de cargas não
lineares, que utilizam pulsos de corrente numa freqüência diferente de 60 Hz, tem
aumentado significativamente.
Exemplos de equipamentos lineares e não-lineares:

Cargas lineares Cargas não-lineares


Motores Acionamentos em corrente contínua
Lâmpadas incandescentes Acionamentos com inversores de
freqüência

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Eletrotécnica II

Cargas resistivas Controladores programáveis, fornos de


indução, iluminação a arco,
computadores, nobreak, etc...

O aumento das cargas não lineares provocou distorções harmônicas nos sistemas
de distribuição elétricos. Embora os capacitores não sejam geradores de harmônicas,
eles podem agravar o problema.
A existência de correntes harmônicas é um problema especifico de cada
instalação. Ela resulta de relações complexas entre todos os equipamentos eletro-
eletrônicos da instalação e portanto é muito difícil de prever e modelar.
Uma discussão sobre acionamentos de freqüência variável (AFV) poderá ajudar
a explicar o problema das harmônicas. Um AFV utiliza uma fonte chaveada para
controlar a saída de potência. Num AFV de seis pulsos, o controle liga seis vezes por
ciclo tentando simular uma onda senoidal. A medida que o tempo entre pulsos muda, o
motor recebe uma freqüência aparente variável e muda sua velocidade de acordo.
Essas mudanças na freqüência aparente levam a dois problemas: grandes picos
de tensão, e formas de onda de corrente distorcidas. Os picos de tensão são geralmente
muito rápidos e não afetam equipamentos que não utilizam a passagem por zero da
tensão para sincronismo. A onda senoidal distorcida é a “geradora de harmônicas”.
As harmônicas causam um ruído adicional na linha, e esse ruído gera calor. O
aumento de temperatura pode provocar falhas em disjuntores. Os capacitores de
potência sofrem o mesmo problema. A sobrecarga térmica faz queimar os fusíveis dos
capacitores. Portanto, os fusíveis fornecem um aviso que há problemas de harmônicas
na instalação.

4.9.1 - Bancos de capacitores e transformadores podem criar ressonância


Bancos de capacitores instalados na entrada de energia podem criar perigosas
condições de ressonância. Nessas condições, as harmônicas geradas por equipamentos
não lineares podem ser amplificadas para valores absurdos.
Você pode estimar a freqüência de ressonância utilizando a seguinte fórmula:
kVAsys
h = √(-------------)
kVAr

kVAsys = Capacidade de curto-circuito do sistema.


kVAr = Soma das potências kVAr dos capacitores instalados na rede
h = o número da harmônica em relação à fundamental de 60 Hz.

Quando “h” está próximo dos valores das harmônicas mais fortes presentes no
sistema e geradas pelos equipamentos não lineares, por exemplo 3, 5, 6, 11, ..., então a
ressonância do circuito aumenta consideravelmente a distorção harmônica.
Por exemplo, se o sistema tem um transformador de 1500 kVA com impedância
de 5,5% e a capacidade de curto-circuito do sistema é de 48000 kVA, então kVAsys seria
igual a 17391 kVA.
Se neste caso forem instalados capacitores totalizando 350 kVAr, “h” seria:
17391
h = √(-------------) Î 7,0
350

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Eletrotécnica II

Pelo fato de “h” cair justamente na sétima harmônica, esses capacitores


poderiam criar uma condição de ressonância que seria perigosa se houvesse
equipamentos não lineares ligados ao sistema. Neste caso, os capacitores só poderiam
ser instalados em conjunto com filtros de harmônicas.

4.9.2 - Reduzindo a distorção harmônica


A co-existência de equipamentos não lineares e capacitores é possível. Você não
precisa abdicar dos benefícios da melhoria do seu fator de potência quando há muitos
controles eletrônicos de potência e computadores.
Para reduzir as harmônicas:
- Evite as harmônicas impares: 5, 7, 11 e 13.
- Dimensione reatores para filtrar localmente certos problemas de harmônicas.
- Utilize filtros e reatores apropriados.

4.10 - Quais são as exigência de manutenção dos capacitores?


Os capacitores não tem partes móveis que possam se desgastar e não exigem
manutenção, exceto a verificação periódica dos fusíveis. Se existem condições de
sobretensão, harmônicas, surtos de chaveamento, ou vibrações, os fusíveis devem ser
verificados mais frequentemente.
Os capacitores em operação normal apresentam um leve aquecimento
perceptível com o toque. Se a caixa estiver fria, verifique se os fusíveis estão queimados
ou se alguma chave está desligada. Verifique também se há caixas abauladas pela
pressão interna ou tampas abauladas que assinalam que o interruptor de segurança foi
acionado.

Especificações para capacitores:


Potência de placa kVAr:
Tolerância + 15%, - 0%

Resistores de descarga:
Os capacitores para 600 V ou menos devem ter sua tensão reduzida
abaixo de 50 V em 1 minuto depois de desligados. Capacitores acima de 600 V, devem
reduzir a carga em 5 minutos.

Operação contínua:
Até 135% da potência nominal (placa) kVAr, incluindo os efeitos da
voltagem em 110% (= 121% em kVAr), 15% de tolerância na capacitância e tensões
harmônicas acima da freqüência fundamental (60 Hz).

Teste de rigidez dielétrica:


O dobro da tensão nominal em CA, ou uma tensão CC 4,3 vezes a tensão
CA nominal para sistemas não metalizados.

Proteção contra sobrecorrentes:


Fusíveis entre 1,65 e 2,5 vezes a corrente nominal, para evitar a ruptura
da caixa. Não elimina a exigência de proteção contra sobrecorrente nos três condutores
não aterrados.

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Eletrotécnica II

Exceção:
Quando o capacitor é ligado entre o motor e o relé térmico, não é
obrigatório o uso de chaves com fusíveis ou disjuntores. Entretanto, recomendamos
firmemente a utilização de fusíveis quando de instalações em recintos fechados, e na
possibilidade da existência de trabalhadores ao redor da instalação.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 111


Eletrotécnica II

5 – Teoremas (Thévenin e Norton)


5.1 – Teorema de Thévenin
Todo circuito composto por elementos lineares pode ser substituído por um
gerador de força eletromotriz ETh em série com uma resistência RTh, constituindo o
gerador equivalente de Thévenin, ver figura abaixo.

Neste gerador, a f.e.m. ETh corresponde à tensão entre dois pontos de um


elemento específico, retirado do circuito, e resistência interna do gerador de Thévenin
RTh corresponde à resistência equivalente entre as mesmas partes, considerando as
fontes de tensão curto-circuitadas.
Para exemplificar, consideremos o circuito abaixo, no qual determinamos a
corrente e a tensão no resistor R5 = 910 Ω, utilizando o gerador equivalente de
Thévenin.

Para determinar o gerador equivalente de Thévenin, devemos retirar o resistor


R5, deixando os pontos A e B em aberto. A tensão ETh será a tensão entre os pontos A e
B. O circuito, nestas condições, é mostrado abaixo.

Para calcular a corrente na malha, aplicaremos as leis de Kirchhoff:

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 112


Eletrotécnica II

12 – 330I1 – 3 – 100I1 – 470I1 – 100I1 = 0


9 – 1000I1 = 0
I1 = 9 mA

A tensão entre os pontos A e B é a soma das tensões E2 e VR4. Portanto,


podemos escrever que:
ETh = E2 + VR4 ou ETh = 3 + 100 x 9 x 10-3 Î 3,9 V

A resistência RTh será obtida considerando as fontes E1 e E2 curto-circuitadas,


como sendo a resistência equivalente entre os pontos A e B. O circuito, nestas
condições, é visto na figura abaixo.

Na figura acima, temos R1, R2 e R3 associados em série e em paralelo com R4.


Portanto, podemos escrever que:
(R1 + R2 + R3) x R4 (100 + 330 + 470) x 100
RTh = ------------------------------ RTh = --------------------------------- Î 90 Ω
R1 + R2 + R3 + R4 100 + 330 + 470 + 100

Podemos agora representar o gerador equivalente de Thévenin com os valores


obtidos, conforme mostra figura abaixo.

Para calcular a corrente e a tensão no resistor R5 = 910 Ω, devemos conecta-lo


entre os pontos A e B do gerador equivalente de Thévenin, servindo como carga deste.
Essa situação é vista na figura abaixo:

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 113


Eletrotécnica II

Aplicando a lei de Ohm, calculamos os parâmetros desejados:


3,9
I = -------------- Î 3,9 mA V = 910 x 3,9 x 10-3 Î 3,55 V
90 + 910

Esse método pode ser repetido para qualquer outro elemento do mesmo circuito
a ser considerado igualmente, sendo que o gerador equivalente de Thévenin obtido terá
outros parâmetros em função da nova situação.

5.2 – Teorema de Norton


Todo circuito composto por elementos lineares pode ser substituído por um
gerador de corrente IN em paralelo com uma resistência RN, constituindo o gerador
equivalente de Norton, visto na figura abaixo.

Neste gerador, a fonte de corrente IN corresponde à corrente que circula em um


curto-circuito, substituindo um elemento especifico do circuito, e a resistência RN
corresponde à resistência equivalente entre os pontos do mesmo elemento, sendo este
retirado do circuito, estando as fontes de tensão curto-circuitadas.
Para exemplificar, consideremos o circuito da figura abaixo no qual
determinaremos a corrente e a tensão no resistor R5 = 910 Ω, utilizando o gerador
equivalente de Norton.

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 114


Eletrotécnica II

Para determinar o gerador equivalente de Norton, devemos retirar o resistor R5,


substituindo por um curto-circuito. A corrente IN é a que circulará por esse curto-
circuito, ou seja, igual a I2. O circuito, nestas condições, é mostrado na figura abaixo.

Para calcular essa corrente, aplicaremos as leis de Kirchhoff:


12 – 3 – (330 + 100 + 470 + 100)I1 + 100I2 = 0
- 1000I1 + 100I2 = - 9
3 – 100I2 + 100I1 = 0
100I1 – 100I2 = - 3

Resolvendo o sistema de equações, obteremos a corrente I2 = 43,34 mA, que é a


corrente do gerador equivalente de Norton.
A resistência RN será idêntica à obtida no método válido para o gerador
equivalente de Thévenin. Portanto RN = 90 Ω.
Podemos agora representar o gerador equivalente de Norton com os valores
obtidos, conforme mostra figura abaixo.

Para calcular a corrente e a tensão no resistor R5 = 910 Ω, devemos conecta-lo


entre os pontos A e B do gerador equivalente de Norton, servindo como carga deste.
Essa situação é vista na figura abaixo.

Aplicando a lei de Ohm, temos que:


90 x 910
V = IN x Req V = 43,34 x 10-3 x -----------------
90 + 910
3,55
V = 3,55V I = ------------- Î 3,9 mA

SENAI de Itajaí (SC) – A indústria do conhecimento Página 115


Eletrotécnica II

910

Da mesma forma que o teorema de Thévenin, este método pode ser repetido para
qualquer outro elemento do mesmo circuito a ser considerado igualmente.

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Eletrotécnica II

6 – Referências bibliográficas

Capuano, Francisco Gabriel, 1955-


Laboratório de Eletricidade e Eletrônica / Francisco Gabriel Capuano, Maria
Aparecida Mendes Marino – 15 Ed. São Paulo : Érica, 1988

Markus, Otávio, 1960 –


Circuitos Elétricos: Corrente contínua e Corrente Alternada: Teoria e Exercícios /
Otávio Markus – 7ª ed. – São Paulo: Érica, 2007.

Fowler, Richard J.
Eletricidade: princípios e aplicações / Richard J. Fowler; tradução José Mariano
Gonçalves Lana; revisão técnica Antonio Pertence Jr. – São Paulo: Makron Books, 1992

Caderno técnico da empresa Schneider Electric Brasil Ltda,


site: http://www.schneider-electric.com.br/ .

7 – Identificação das alterações

REV. DATA RESPONSÁVEL ALTERAÇÕES


0 06 / 02 / 08 Vanderley Machado Elaboração da apostila

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