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Segundo Aristóteles (Apud Auroux, 1998:97), os sons emitidos pela voz são
símbolos dos estados da alma, e estes, representações desses sons; podemos dizer que a
realidade provoca a geração de um signo que será representado por outro signo. A partir
disso, temos uma tríade: natureza física das coisas, idéias provocadas pela realidade e
representação dessa realidade.
interpretante
signo objeto
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A segunda categoria, que trata das relações entre o signo e o objeto apreendido,
é composta de três constituintes: ícone, índice e símbolo.
Canção Excêntrica
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Vejamos:
andar +
embaraçar
perder
pensar +
projetar-se +
gerar +
começar +
(não) animar-se
(não) fazer
fazer +
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Esse levantamento mostra que, apesar de o sujeito admitir sua derrota diante da
vida, as ações realizadas por ele que traduzem insucesso são quantitativamente
inferiores às ações marcadas, de alguma forma, pela positividade. Logo, isso poderia
nos levar a concluir que, embora não reconheça ( do que faço, arrependida) o eu-lírico
não deixou de realizar algo.
Tomando como ponto de partida o título da poesia, podemos dizer que este texto
é eminentemente persuasivo. A autora, através de estratégias próprias do discurso
argumentativo-persuasivo, procura justificar o porquê de a poesia intitular-se Canção
Excêntrica. A noção de causalidade, que não se limita somente aos instrumentos
próprios, está clara no desenvolvimento do texto. A conjunção e, mesmo sendo um
conector coordenativo, traduz uma noção de causalidade implícita; conotando a idéia de
conseqüência: “Em números me embaraço / e perco sempre a medida” (v.3-4);
“projeto-me num abraço / e gero uma despedida” (v.7-8). A conjunção se, que introduz
os versos 5 e 9, encerram declarações hipotéticas que confirmam o eterno desencontro
do sujeito — “se penso encontrar saída/.../projeto-me num abraço e gero uma
despedida; se volto sobre meu passo,/´já distância perdida). As proposições não são
verdadeiras, porém, a idéia conseqüente será verdadeira se a antecedente o for, as ações,
se realizadas, certamente resultarão em decepção.
O Dicionário Aurélio (1986), registra como acepção para a palavra ida os termos
partida , jornada da ida; para o verbo ir, entre os vários termos, há os sentidos:
deslocar-se, andar, percorrer, seguir. O vocábulo aço, dentre outras acepções é
definido como: aquilo que é duro, resistente, rígido. Associando esses sentidos ao texto
estudado, poderíamos abstrair que o sujeito se empenha em uma ida para o desenho da
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vida, porém suas tentativas são frágeis diante da dureza, da rigidez dos obstáculos,
tornando duro, resistente ao sentimento seu próprio coração: “Meu coração, coisa de
aço,” (v.11).
Segundo Monteiro (1991), a vogal /a/ se associa a algo grande, enquanto que a
vogal /i/ está ligada à noção de pequenez, estreitamento (cf. macro x micro). A noção de
grandeza pode ser associada também ao vocábulo ando que inicia o poema: “Ando à
procura de espaço”. Deduz-se daí que, inicialmente, o sujeito possuía força e
determinação em seus propósitos, entretanto, diante das adversidades, esse estado de
espírito apagou-se no coração do eu-lírico, que agora se mostra descrente, exausto e
arrependido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS