Вы находитесь на странице: 1из 3

DIA 22 DE ABRIL DE 2020 – CELEBRANDO 20 ANOS DA CARTA DA TERRA

Aos colegas educadores/as do curso técnico e aos educandos/as

Abdalaziz de Moura, educador popular, fundado do Serta.

Hoje, 22 de abril é celebrado o dia da MÃE TERRA. Até o final do século passado era o dia da
TERRA, mas a partir da Assembleia da ONU de 2009, o nome foi mudado de Dia da Terra, para
Dia da Mãe Terra. Não foi só uma questão semântica, mas de uma revisão do pensamento. Foi
o reconhecimento pela ONU que somos todos, humanos e demais viventes, filhos e filhas da
Terra. Tudo isso foi uma evolução da Carta da Terra, que hoje está fazendo 20 anos da sua
publicação. Mas a semente foi plantada em 1992 na Eco-92.

Tive o privilégio de participar dos primeiros debates em uma das tendas da ECORIO-92. A ideia
era construir um documento que não defendesse apenas os Direitos Humanos, definidos em
1948, mas também os direitos dos demais seres do planeta terra. Esta semente germinou
durante três anos até 1995, quando foi criada uma Comissão Internacional para uma ampla
consulta a todos os povos. Durante cinco anos de escuta e negociação, finalmente foi
publicada em 2000 como um grande consenso mundial. (Ver cartadaterrabrasil.com.br)

Este ano, celebramos em plena Pandemia por conta do novo Corona Vírus. O que não se pode
fazer por nossa mãe de mobilização, encontros, eventos comemorativos, pode ser
compensando pela profundidade das reflexões, estudos e compromissos que assumimos na
quarentena para com ela. O tempo está favorável para se pensar no cuidado com a Mãe Terra,
como até então não houvesse outro mais propício. As produções de textos, vídeos, artigos,
entrevistas, live sobre o cuidado com a Mãe Terra nunca foi tanta como agora!

Aproveitando deste embalo pretendo mostrar um elemento específico para nossa reflexão,
que é sobre a oportunidade e a responsabilidade da agroecologia neste momento de
Pandemia. Uma pergunta que não falta nas entrevistas nos jornais, tv e mídias é como vai ser
o retorno? Como vai ficar a saúde? A economia? O trabalho? O emprego, as bolsas de valores,
a educação? Enfim, como vai ser depois que a Pandemia passar? Muitos arriscam a desenhar
cenários de todos os tipos. E aí surge uma provocação e uma convocação para a agroecologia.

AGREOCOLOGIA COMO FILOSOFIA

Com os educadores/as do Serta e educandos/as sempre venho mostrando que a agroecologia


além de ser entendida como ciência, movimento social e prática, ela é entendida também
como filosofia. Inúmeras são as mensagens, textos, vídeos, conversas onde as pessoas estão se
perguntando pelo significado e sentido dos acontecimentos. O que quer dizer esta pandemia?
Tem alguma aprendizagem para os humanos? Qual o sentido da vida, do dinheiro, da saúde,
do trabalho, das riquezas, da educação, das tecnologias? E as sequelas? O que vai vir depois?

Há inúmeras iniciativas pelo mundo agora com o intuito de aprender lições, de enxergar algo
positivo neste alvoroço, de ressignificar as coisas, a convivência de todos os viventes, humanos
e não humanos. A dimensão filosófica da agroecologia poderá ser um laboratório, um cultivo,
de exemplos, de modelos, de referência para quem quiser repensar o mundo, reinventar
novas relações com a Mãe Terra, reconstruir valores sobre outras bases filosóficas. Estudantes
e educadores/as de cursos de agroecologia podem fazer mutirões de práticas, de design.

Nas escolas, nas propriedades, nas associações, nos movimentos sociais, nas gestões das
empresas públicas e privadas, na política, na educação, na saúde, no consumo, nas mídias a
carência por modelos e referências é grande, pois os modelos são conhecidas por poucos que
descobriram e acreditaram na agroecologia. O momento torna-se convocante para todos estes
grupos ganharem consistência, substância, estrutura e organização para se expandirem, se
tornarem conhecidos, apresentarem-se em espaços mais amplos.

AGROECOLOGIA COMO CIÊNCIA

A construção da ciência em descobrir vacinas, remédios, equipamentos, conhecer o vírus,


produzir meios de superação do problema está sendo intensa. Universidades, Centros de
pesquisas, empresas e hospitais, empresários e governos tentando se associar nestas
pesquisas Há quem entre nesta jogada com o mesmo espírito de antes da Pandemia.
Desenvolver ciência para ganhar dinheiro em cima da Pandemia. A agroecologia desenvolve a
ciência a serviço do bem viver e bem estar do planeta, para criar relações amorosas com a Mãe
Terra.

Aí está uma oportunidade para quem produz ciência no campo da agroecologia apresentar
suas iniciativas, seus resultados, comprovar que agroecologia não é romantismo, nem só ideia
de grupos holísticos, espiritualistas, ong, comunidades solidárias, produtores de base
agroecológica, consumidores conscientes, produção para quintais. Quais poderão ser nossos
desenhos para produzir para a humanidade? Como a tecnologia pode se colocar a serviço?
Como dar escala às nossas experiências? Muitos querem e não sabem onde, o que, quando,
fazer.

AGROECOLOGIA COMO MOVIMENTO SOCIAL

É outra dimensão da agroecologia que ganha força na rua, no bairro, nos sítios, nas empresas,
nas feiras, nas escolas, nos movimentos sociais, políticos, culturais, espirituais, científicos,
étnicos, raciais, feministas... As pessoas e as instituições estão carentes das inspirações para
reinventar o mundo e as suas criaturas. As mobilizações que os adeptos da agroecologia serão
capazes de fazer poderão oferecer um cardápio de oportunidades para que as “espadas se
transformem em relhas dos arados e as lanças em foices para ceifar o trigo” (Isaías, cap.4).

É a utopia que um dia as armas possam ser transformadas em meios para salvar as vidas e não
para matar o outro. Só uma consciência universal sensibilizada pela crise da Pandemia pode
trazer de volta este sonho que nos inspira e nos ilumina. Quando a agroecologia transforma
problema em solução, fragilidade em força, semiárido em jardins, propriedades improdutivas
em exemplos de produção saudável, os pobres em agentes transformadores, lixo em adubo
está iluminando o mundo! Agora, mais do que antes, é hora de ampliar esta luz!

AGROECOLOGIA COMO PRÁTICA

É a quarta dimensão da agroecologia. Filosofar, fazer ciência, mobilizar corações e mentes só


pode desembocar em ações concretas, em mudanças significativas na vida das pessoas entre si
e entre os demais viventes do Planeta! A mídia toda hora está trazendo inspirações, iniciativas
inovadoras, transformadoras. Resta agora acumular força e ampliar as vozes e os gritos para
sermos ouvidos em outros patamares. Se não quiserem nos ouvir, ouvirão novos coronas com
custos infinitamente mais caros!

Se acharem pouco o grito e o gemido da Mãe Terra violentada, então preparem se para o pior!
Se não construirmos novos cenários, voltarão os anteriores a Pandemia, e aí, vai ser pior:
concentrar riquezas com os PIB crescente já era ruim. Imagine com os PIB em baixa! Imagine a
corrida para ocupar as terras indígenas! Para explorar os trabalhadores para recuperar o
prejuízo da Pandemia! As guerras para recuperar as lideranças ameaçadas! Vejamos se com
nossas práticas mais sistematizadas, possamos ser luz para o mundo!

Вам также может понравиться