Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Lê-se por vezes nos manuais portugueses de filosofia uma referência vaga e confusa
a uma distinção entre a ética e a moral. O objectivo destas páginas é esclarecer esta distinção.
A pretensa distinção entre a ética e a moral é intrinsecamente confusa e não tem
qualquer utilidade, razão pela qual não é utilizada pelos melhores especialistas actuais em ética.
Mas persiste tenazmente no discurso de muitos estudantes, talvez porque tenha sido das poucas
coisas apesar de tudo compreensíveis que aprenderam nas aulas de ética.
A pretensa distinção seria a seguinte: a ética seria uma reflexão filosófica sobre a
moral. A moral seria os costumes, os hábitos, os comportamentos dos seres humanos, as regras
de comportamento adoptadas pelas comunidades. Antes de vermos por que razão esta distinção
resulta de confusão, perguntemo-nos: que ganhamos com ela?
Em primeiro lugar, não ganhamos uma compreensão clara das três áreas claras da
ética: a ética aplicada, a ética normativa e a metaética. A ética aplicada é a disciplina ética que
trata de problemas concretos da ética, como o aborto ou a eutanásia, os direitos dos animais, ou a
igualdade. A ética normativa trata de estabelecer, com fundamentação filosófica, regras ou
códigos de comportamento ético, isto é, teorias éticas de primeira ordem. A metaética é uma
reflexão sobre a natureza dos próprios juízos éticos: pergunta coisas como "O que quer dizer
‘bem moral’?"; na metaética apresentam-se teorias éticas de segunda ordem.
A diferença entre primeira ordem e segunda ordem é a seguinte. Se eu faço uma
teoria sobre o comportamento ético que determine os princípios mais gerais do comportamento
ético, estou a apresentar uma teoria de primeira ordem; é uma teoria que visa estabelecer
afirmações éticas, como "O bem é o que dá prazer". Mas se eu apresentar uma teoria de segunda
ordem, estarei a reflectir sobre o tipo de afirmações que faço na minha teoria de primeira ordem.
Irei perguntar coisas como "O que quer dizer "bem" na afirmação anterior?".
Em segundo lugar, não ganhamos qualquer compreensão prévia da natureza da
reflexão filosófica sobre a ética. Não ficamos a saber que tipo de problemas constitui o objecto
de estudo da ética. Nem ficamos a saber muito bem o que é a moral.
Em conclusão, nada ganhamos com esta pretensa distinção.
Mas, pior, trata-se de uma distinção indistinta, algo que é indefensável e que resulta
de uma confusão. O comportamento dos seres humanos é multifacetado; nós fazemos várias
coisas e temos vários costumes e nem todas as coisas que fazemos pertencem ao domínio da
ética, porque nem todas têm significado ético. É por isso que é impossível determinar à partida
que comportamentos seriam os comportamentos morais, dos quais se ocuparia a reflexão ética, e
2
que comportamentos não constituem tal coisa. Fazer a distinção entre ética e moral supõe que
podemos determinar, sem qualquer reflexão ou conceitos éticos prévios, quais dos nossos
comportamentos pertencem ao domínio da moral e quais terão de ficar de fora. Mas isso é
impossível de fazer, pelo que a distinção é confusa e na prática indistinta.
Vejamos um caso concreto: observamos uma comunidade que tem como regra de
comportamento descalçar os sapatos quando vai para o jardim. Isso é um comportamento moral
sobre o qual valha a pena reflectir eticamente? Como podemos saber? Não podemos. Só
podemos determinar se esse comportamento é moral ou não quando já estamos a pensar em
termos morais. A ideia de que primeiro há comportamentos morais e que depois vem o filósofo
armado de uma palavra mágica, a "ética", é uma fantasia. As pessoas agem e reflectem sobre os
seus comportamentos e consideram que determinados comportamentos são amorais, isto é, estão
fora do domínio ético, como pregar pregos, e que outros comportamentos são morais, isto é, são
comportamentos com relevância moral, como fazer abortos. E essas práticas e reflexões não
estão magicamente separadas da reflexão filosófica. A reflexão filosófica é a continuação dessas
reflexões.
Só as pessoas para quem a ética é apenas um conjunto de palavras opacas escritas em
textos obscuros de grandes filósofos mortos, cuja compreensão é praticamente nula, podem
aceitar este artificialismo. Mas isso é uma traição ao projecto original de reflexão crítica da
filosofia e é apenas mais uma maneira de fazer que a filosofia nunca seja acerca de nada. A
filosofia da arte não é sobre a arte, a filosofia da religião não é sobre Deus e a ética,
inevitavelmente, não é sobre o que as pessoas realmente fazem, mas sobre uma palavra mágica
que só os iluminados percebem o que é.
Fonte
MURCHO, Desidério. Ética e moral: uma distinção indistinta. Crítica, [s.l.],. 2004.
3
Juízo é o ato mental pelo qual atribuímos, com caráter de necessidade, certa
qualidade a um ente. Liga-se o sujeito a um predicado. Esta ligação pode ser imperativa (é) ou
indicativa (deve ser).
Fazemos juízos de realidade e juízos de valor sobre tudo e sobre todos que nos
cercam e que, para cada um de nós, tem algum interesse, ou seja, todas as coisas e pessoas frente
às quais não nos mantemos indiferentes.
Esses processos mentais são naturais da raça humana, e automáticos em nossas
mentes e podem expressar uma realidade (“Esta caneta existe. Ela é azul”; “o fogo queima”; “a
água é líquida”) ou um valor (“esta moça é linda”; “dias chuvosos são ótimos para se ficar na
cama”; “você agiu mal ao negar ajuda àquela senhora”).
O juízo de realidade é aquele que se faz sobre a natureza real da coisa (a prata é um
metal). Já o juízo de valor é o processo pelo qual imprimimos mentalmente ao objeto adjetivos e
apreços relativos ao nosso estado de atração ou de repulsa (este colar de prata é maravilhoso),
sob parâmetros positivos ou negativos de utilidade/inutilidade, bondade/maldade,
beleza/fealdade, justiça/injustiça, etc.
Mas o que são valores? Embora a preocupação com os valores seja tão antiga como a
humanidade, só no século XIX surge uma disciplina específica, a teoria dos valores ou axiologia
(do grego rodos, "valor"). A axiologia não se ocupa dos seres, mas das relações que se
estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia.
Diante dos seres (sejam eles coisas inertes, ou seres vivos, ou ideias etc.) somos
mobilizados pela afetividade, somos afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou
provocam nossa repulsa. Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos
indiferentes.
Valores são, num primeiro momento, herdados por nós. O mundo cultural é um
sistema de significados já estabelecidos por outros, de tal modo que aprendemos desde cedo
como nos comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como, quando e quanto falar em
determinadas circunstâncias; como andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando
desnudá-lo; qual o padrão de beleza; que direitos e deveres temos. Conforme atendemos ou
transgredimos os padrões, os comportamentos são avaliados como bons ou maus.
A partir da valoração, as pessoas nos recriminam por não termos seguido as formas
da boa educação ao não ter cedido lugar à pessoa mais velha; ou nos elogiam por sabermos
4
escolher as cores mais bonitas para a decoração de um ambiente; ou nos admoestam por termos
faltado com a verdade.
Nós próprios nos alegramos ou nos arrependemos ou até sentimos remorsos
dependendo da ação praticada. Isso quer dizer que o resultado de nossos atos está sujeito à
sanção, ou seja, ao elogio ou à reprimenda, à recompensa ou à punição, nas mais diversas
intensidades, desde "aquele" olhar da mãe, a crítica de um amigo, a indignação ou até a coerção
física (isto é, a repressão pelo uso da força).
O “VALOR” é o elemento moral do Direito, toda obra humana é impregnada de
sentido ou valor. O Direito protege e procura realizar valores ou bens fundamentais da vida
social, notadamente a Vida, a Solidariedade, a Liberdade, a Honra, a Dignidade, a Ordem, a
Segurança, a Paz, a Justiça. São esses valores que informam à consciência do indivíduo o que é
bom (valioso) e o que é mau (desvalioso).
Mas toda norma é regra de conduta que postula um dever, seja esta norma de ordem
moral ou jurídica. Há, portanto, uma conexão indissolúvel entre o dever e o valioso, pois todas as
normas, morais, religiosas, jurídicas, são inspiradas na moral, portanto nos valores. Quando se
pergunta “__ O que devemos fazer?”, só se poderá responder a tal questionamento depois de
saber a resposta à pergunta “__ O que é valioso neste caso?”.
Fica a pergunta: se o Direito e a Moral têm como ponto comum a regulação da ação
humana, quais são os limites que separam essas duas forças normativas?
O Direito e a Moral
Nesta matéria, devemos lembrar que a compreensão da mesma está em distinguir as
duas coisas sem separá-las. Quanto ao conteúdo, percebemos que o Direito e a Moral, tem como
ponto comum a ação humana.
Muitas são as teorias sobre as relações entre o Direito e a Moral. Vamos estudar as
principais delas:
TEORIA DE THOMASIUS (Séc. XVII até XVIII) - O Jurista alemão criou uma
diferenciação prática:
Direito – só cuidava da ação humana depois de exteriorizada, sua área ficava limitada ao
“foro externo”.
Moral – dizia respeito àquilo que está no plano da consciência, ação que se desenrola no
“foro íntimo”, sem a interferência de ninguém. Ações Íntimas.
D M
M
D
Haveria um campo de ação comum a ambos, sendo o Direito envolvido pela Moral.
“Tudo o que é jurídico é moral mas nem tudo o que é moral é jurídico”.
Crítica: Segundo esta teoria o Direito implantado por inteiro na moral ou seja, todas
as normas jurídicas se contêm no plano moral, e na realidade nem tudo que é jurídico é moral.
Exemplos: Sociedade Comercial onde apenas um sócio trabalha e ambos recebem o mesmo
quinhão. É moral? Não, mas é direito. Ou... Regras de Ordem Técnica que nada tem com a
moral, como a exigência de os condutores de veículos obedecerem a mão direita. Isso não poderá
influir no campo moral. Ainda - prazos do CPC, como para contestação - não influem na vida
moral.
7
D M
A Ética
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. É uma ciência,
pois tem objeto próprio, leis próprias e método próprio. O objeto da Ética é a moral, um dos
aspectos do comportamento humano.
Não se confundem a Ética e a Moral. Ética é a teoria ou ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade, enquanto a moral designa um arcabouço de valores positivos e
válidos na sociedade, fundamentando-se nos costumes. Moral é um conjunto de normas não
jurídicas que se formam com a repetição, adquiridas com o passar do tempo.
Tanto a ética quanto a moral envolvem a filosofia, a história, a psicologia, a religião,
a política, o direito, e toda uma estrutura que cerca o ser humano em suas relações interpessoais.
Não se confunde a Ética (tampouco a moral) com o Direito. O Direito, conforme já
vimos em disciplina propedêutica (IED), pode ser entendido como ciência, como norma e como
valor. Aqui pegamos a definição dogmática (o direito norma) para diferenciá-lo da moral (pela
coercibilidade presente no direito e ausente na moral); e da Ética (por ser esta apenas uma
ciência que tenta captar, explicar e orientar a aplicação das normas do direito, e também das
normas morais).
Assim, diferenciando Ética, Moral e Direito, a melhor apuração científica conclui
que:
CLASSIFICAÇÃO DA ÉTICA
Em primeira análise cumpre-nos compreender que a Ética possui uma grande divisão
de nosso interesse acadêmico: Ética Geral e Ética Aplicada.
A Ética Geral analisa e estuda as normas sociais que atingem toda a coletividade.
Esse ramo corresponde a uma abordagem ampla e mais abrangente e aberta da conduta ética,
considerando-se, para tanto, o conjunto de preceitos ACEITOS numa determinada cultura, época
e local, não pelo cosenso da população, mas sim pela maioria predominante. A ética geral é base
e fundamento para a formação da ética aplicada ou especializada.
A Ética Aplicada se restringe a apreciação de normas morais e códigos de ética
especificados em determinados segmentos da sociedade, pois estão relacionados ao
comportamento de grupos, coletividades, categorias de pessoas. Leva em conta o interesse
específico por ramo de atividade ou grupo de pessoas envolvido. Ex: ética ecológica,
profissional, familiar, política e empresarial.
A ética profissional (deontologia) está diretamente ligada à ação laboral, somada à
ação moral. É, portanto, parte da ética aplicada e se destina a verificar as normas que comandam
o relacionamento humano nas atividades profissionais. Da Ética Aplicada que nos interessa
(Deontologia Jurídica) nos deteremos em outro ponto do programa.
Ética é reflexão teórica, algo que transcende a prática moral, desconstruindo-a,
reformulando-a e fundando-a. Mas pode também ter sentido normativo (não legislativa, mas
como função crítica das normas).
Por isso, como saber filosófico a ética pode ser dividida em dois grandes ramos: a
ética normativa; e a metaética.
A ética normativa se concentra no estudo histórico-filosófico ou conceitual de
moralidade. Analisa as normas morais praticadas e aquelas não praticadas na sociedade, focando-
se nas normas sociais e na moralidade positiva.
Já a metaética é o estudo crítico dos sistemas éticos, ou seja, seu objeto é a própria
ética normativa. Seu objetivo é entender a natureza das propriedades éticas, enunciados, atitudes
e juízos.
10
segundo alguns doutrinadores, é aquilo que nos faz sentir bem; e imoral o que nos faz sentirmos
mal. Portanto, o intucionismo, para esta corrente, também conduziria a esse estado de espontânea
descoberta do que é certo e do que é do que é errado. Exemplo: não seria necessário consultar
um código para saber que matar é contra a natureza humana, contra a razão e senso comum dos
seres racionais.
Já a corrente relativista acredita seja este conhecimento de ordem empírica, vale
dizer, a cada tempo e para cada sociedade e até individualmente para cada pessoa, o que é certo e
o que é errado será decifrado pela experiência e conhecimento sobre os valores que atualmente
são válidos, aceitos pela sociedade da época ou até mesmo pela subjetividade.
A melhor doutrina entende, portanto, que a absoluta autonomia da vontade, onde
cada qual faça o que quiser em todos os setores da vida, justificando seus atos pela moral
subjetiva, não só parece ilógico, mas irracional e perigoso. Um teor mínimo de sensatez é
suficiente para o convencimento de que o relativismo ético é um grande risco para a humanidade.
Para melhor compreensão, as doutrinas morais são agrupadas em quatro
denominações (ou escolas éticas): ética empírica; ética de bens; ética formal; e ética valorativa.
1. Ética empírica
A) Ética Anarquista
O vocábulo anarquista originou-se do grego, que significa ‘sem governo’. Traduz-se
através de uma inspiração primária instintiva para a liberdade, tendo direito o homem de usufruir
de toda a liberdade de agir, sem limitação de normas, de espaço e de tempo. O anarquismo
repudia toda norma e todo valor, convencionalismos sociais, religião, tudo constitui exigência
arbitrária. Modernamente, o anarquismo pode se apresentar como anarquismo individualista ou
como anarquismo comunista ou libertário. Coincidem ambos em dois pontos: 1. a liberdade
absolutista é a aspiração suprema do indivíduo; 2. toda organização da sociedade deve
desaparecer, por contrariar as exigências da natureza.
12
B) Ética Utilitarista
Deriva do Utilitarismo (ou Positivismo Inglês).
O vocábulo utilitarista se presta a vários sentidos, tantos quantos se possa atribuir ao
vocábulo “utilidade”. Jeremy Bentham foi quem formulou o mais disseminado conceito de
utilidade. Para ele, entende-se por utilidade aquela propriedade, em qualquer objeto, mediante a
qual tende a produzir benefício, vantagem ou prazer, bem ou felicidade. Porém essa ideia foi
difundida antes por Hobbes, Locke e Dave Hume, entre outros filósofos. Francis Hutcheson,
autor menos citado, afirma que “a melhor ação é a procura da maior felicidade.” Em linhas gerais
o utilitarismo se caracteriza por considerar bom o que é útil.
A Ética utilitarista preceitua que os meios, por si, são instrumentos da ação, que não
requerem justificação, sendo falsa a afirmação de que “os fins justificam os meios”.
Passa a ser, então, uma “ética de fins”, pois os meios levam a finalidades úteis, não nefastas.
John Stuart Mill(1806-1873), difusor do utilitarismo junto com Jeremy Bentham(1748-1832),
ensina que o objetivo da ética é a felicidade do maior número de pessoas.
Mill afirmava que a felicidade é o fim desejável e que todas as outras coisas são desejáveis como
meios para atingir essa finalidade.
C) Ética Ceticista
Ceticismo é a corrente de pensamento que se contrapõe ao dogmatismo. Enquanto o
dogmatismo afirma a possibilidade de atingir-se a verdade com certeza e originalmente sem
limites, o ceticismo implica uma constante atitude dubitativa, em todos os graus e formas de
conhecimento, convertendo a ‘incerteza’ em característico essencial dos enunciados, tanto da
ciência quanto da Filosofia.
O cético não crê em coisa alguma, sem se deter a qualquer dogma. Aliás, não julga,
não toma partido algum, de afirmar, ou negar. De certa maneira, remonta à frase de Sócrates: “Só
sei que nada sei.”
Porém, duvidar de tudo sempre leva a alguma coisa?
D) Ética Subjetivista
A origem do subjetivismo se encontra em Protágoras, para quem “o homem é a
medida de todas as coisas.” Analisando esse postulado cada homem é a medida do real. Em
outras palavras a verdade não é objetiva mais há tantas verdades quanto os sujeitos
cognoscentes. A teoria de Protágoras conduziria ao agnosticismo (impossibilidade de se
conhecer tudo aquilo insuscetível de comprovação empírica, portanto, afirma a impossibilidade
de conhecer a natureza última das coisas). Todas as opiniões parecem verdadeiras igualmente, e
se tudo é verdade, nada é certo, pois o que a uma pessoa parece evidente a outra parece falso.
Na prática, o subjetivismo divide-se em: individualista e social.
O subjetivismo ético social pretende ser uma teoria objetiva, onde os valores éticos
seriam produzidos pela apreciação coletiva. Assim se uma parcela considerável da humanidade
considera algo valioso, então isso será realmente valioso. Mas a maioria também pode errar (os
maiores erros da história se originaram de transe coletivo).
No subjetivismo ético social (também chamado subjetivismo ético específico),
busca-se o consenso, como uma imensa enquete de “Big Brother”. Busca-se objetividade por
meio do consenso, bastando a voz da maioria. Contudo, muito cuidado nessa hora. O senso
comum e os preconceitos batem forte nesse momento, o que pode levar a consequências
funestas, como a perseguição de minorias étnicas ou a conflitos de religião.
Para o subjetivismo ético social os valores éticos provêm de apreciação coletiva. Se
algo é considerado válido para alguém, só é realmente verdadeiro, se assim o for para outrem.
Porém, se assim o fosse, não teríamos, na sociedade, condutas reprováveis, pois tudo o que fosse
bom, verdadeiro e justo, assim o seria para todos.
3. Ética Formal
A ética empírica e a ética dos bens referem-se aos resultados da conduta humana. Já
a ética formal, cujo principal representante é o alemão Immanuel Kant (1724-1804), preceitua
que o significado do comportamento moral está na pureza da vontade e na retidão dos propósitos
16
do agente considerado, e não nos resultados externos. Aliás, magistralmente, Kant faz uma
diferenciação entre moralidade (foro íntimo, liberdade interna, autonomia) e legalidade (foro
externo, liberdade externa, heteronomia).
Kant, em sua contribuição para a ética, retirou as ideias de prazer e de utilidade da
moral. No campo moral, a conduta só é valiosa se sua motivação é o reconhecimento ao bem. No
entanto, se agiu para obter algo em troca, não se trata de ação moralmente positiva. Já no Direito
o valor supremo é a liberdade. “Sob influência de Cristiano Tomásio, distinguiu a moral do
Direito, entendendo que a primeira se ocuparia com o motivo da ação, que deveria identificar-se
com o amor ao bem, enquanto para o segundo o relevante seria o plano exterior das ações. Os
direitos naturais, que identificou com a liberdade, poderiam ser conhecidos a priori pela razão e
independeriam da legislação externa. O Direito Positivo, em contrapartida, não se vincula sem
uma legislação externa.
Para a filosofia valorativa, o valor moral não se baseia na ideia de dever, mas dá-se o
inverso: todo dever encontra fundamento em um valor. Só deve ser aquilo que é valioso e tudo o
que é valioso deve ser. A noção de valor passa a ser o conceito ético essencial. E valor não
arbitrariamente convencionado. Pois o que é valioso vale por si, ainda quando seu valor não seja
conhecido nem apreciado. É nossa consciência que nos adverte da existência dos valores.
Contudo, os valores não foram criados pela consciência, mas descobertos por ela. Só pode ser
descoberto o que já existe.
17
em determinada situação só para concluir uma negociação aparentemente favorável. Você deve
sempre gerar confiança e credibilidade, fatores básicos na ética negocial.
4. GERE OPÇÕES Estude suas alternativas na fase de preparação da negociação e
gere um leque de opções a serem apresentadas. Isto facilitará seu desempenho e ajudará a
quebrar eventual insensibilidade do outro lado na busca de uma solução eticamente satisfatória.
5. ESTEJA DISPOSTO A DIZER NÃO Mesmo que aparente ser desconfortável não
hesite em dizer não quando determinado momento mostra que os fatos não estão corretos do
ponto de vista ético. Esta negativa não deverá parecer um confronto e sim mostrará sua
disposição e força interior, gerando mais respeito e disposição para o que é legítimo.
6. PROCURE CONHECER AS LEIS O Brasil é um país pródigo em instrumentos
legais. É realmente um cipoal a ser desvendado. Neste contexto convém você procurar se
familiarizar pelo menos com as leis que diretamente possam afetar sua ação na negociação.
Algumas das mais pertinentes são o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8087), a do pregão
eletrônico nas licitações (lei 10520) e os próprios códigos civil e penal. É oportuno lembrar que
os códigos de ética das instituições profissionais (OAB,CRA,CREA,CRM,etc) podem fornecer
interessantes subsídios para quem negocia. Nos casos da necessidade de maior aprofundamento
convém você buscar a participação de um advogado especializado e de confiança. Esta ação é
igualmente importante se você negociar internacionalmente: procure conhecer as leis locais!
7. USE SURPRESAS MODERADAMENTE Um processo de negociação bem
planejado é a chave para evitar a utilização de muitas atitudes surpreendentes na reunião e ajuda
a estabelecer um clima de confiança e profissionalismo. Surpresas podem ter algum efeito
positivo e gerar valor a seu resultado desde que alicerçadas em fatos concretos.
8. MATERIALIZE A REGRA DE OURO Se você quer ser reconhecido com um
negociador competente e acima de tudo ético lembre-se desta regra de ouro: trate sempre o outro
negociador da mesma forma como você gostaria de ser tratado por ele! Isto humaniza o processo
e ajuda a construir um relacionamento sólido e efetivamente profissional, pautado pelo respeito e
pela honestidade que afinal caracterizam um ambiente ético na negociação.