PLANEJAMENTO EDITORIAL Prof.

Elizeu Silva 17/03/2020

Tema: Teoria da Responsabilidade elizeu@umc.br
Social da Mídia.
Contexto: Valores e Dilemas Editoriais
Unidade V do Programa de Ensino
Permanecerei disponível para atendimento, via e-mail, no dia e horário regular das
aulas. Nesta primeira semana, excepcionalmente, permanecerei disponível na quarta-
feira, dia 18/03, das 8h às 9h30 (7ºA) e das 20h30 às 22h (7ºB).
Planejamento Editorial
Responsabilidade Social do Jornalismo
Unidade 05
Responsabilidade Social do Jornalismo

Há 62 anos, em 27 de A Comissão, presidida pelo ○ Unidade II: O papel do

março de 1947, era então reitor da Universidade editor: valores e
publicado nos Estados de Chicago, Robert M. dilemas editoriais
Unidos o primeiro volume Hutchins, e formada por 13
○ 2.2 A empresa como
que resultou do trabalho personalidades dos mundos
negócio X
empresarial e acadêmico, foi
da Hutchins Commission – responsabilidade social
uma iniciativa dos próprios
A free and responsible
empresários e foi por eles
press (Uma imprensa livre
financiada.
e responsável).
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Criada em 1942 como resposta a uma onda crescente de críticas à imprensa,

a Comissão tinha como objetivo formal definir quais eram as funções da
mídia na sociedade moderna. Na verdade, diante da crescente
oligopolização do setor e da formação das redes de radiodifusão (networks),
se tornara impossível sustentar a doutrina liberal clássica de um mercado de
idéias (a marketplace of ideas) onde a liberdade de expressão era exercida
em igualdade de condições pelos cidadãos.
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A saída foi a criação da ‘Teoria da Responsabilidade Social da Imprensa’.

Centrada no pluralismo de ideias e no profissionalismo dos jornalistas,
acreditava-se que ela seria capaz de legitimar o sistema de mercado e
sustentar o argumento de que a liberdade de imprensa das empresas de
mídia é uma extensão da liberdade de expressão individual.
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Nos anos pós Segunda Grande Guerra, a responsabilidade social se

constituiu como um modelo a ser aplicado às empresas em geral e às
empresas jornalísticas estadunidenses, em particular, e começou a ser
introduzido através de códigos de auto-regulação estabelecidos para o
comportamento de jornalistas e de setores como rádio e televisão. O
modelo está, portanto, historicamente vinculado aos interesses dos grandes
grupos de mídia.
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A responsabilidade social se baseia na crença individualista de que qualquer

um que goze de liberdade tem certas obrigações para com a sociedade, daí
seu caráter normativo. Na sua aplicação à mídia, é uma evolução de outra
teoria da imprensa – a Teoria Libertária – que não tinha como referência a
garantia de um fluxo de informação em nome do interesse público.
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A Teoria da Responsabilidade Social, ao contrário, aceita que a mídia deve

servir ao sistema econômico e buscar a obtenção do lucro, mas subordina
essas funções à promoção do processo democrático e a informação do
público (‘o público tem o direito de saber’).
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Para responder às críticas que a 1.
imprensa recebia, a Hutchins
Commission resumiu as
exigências que os meios de
comunicação teriam de cumprir 2.
em cinco pontos principais:
Propiciar relatos fiéis e exatos,
separando notícias (reportagens
objetivas) das opiniões (que deveriam
ser restritas às páginas de opinião);
Servir como fórum para intercâmbio de
comentários e críticas, dando espaço
para que pontos de vista contrários
sejam publicados;
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3. Retratar a imagem dos vários grupos

com exatidão, registrando uma
imagem representativa da sociedade,
sem perpetuar os estereótipos;
4. Apresentar e clarificar os objetivos e
valores da sociedade, assumindo um
papel educativo;
5. Distribuir amplamente o maior número
de informações possíveis.
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Esses cinco pontos se tornariam a origem dos critérios profissionais

do chamado ‘bom jornalismo’ – objetividade, exatidão, isenção,
diversidade de opiniões, interesse público – adotado nos Estados
Unidos e ‘escrito’ nos Manuais de Redação de boa parte dos jornais
brasileiros.
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Liberdade de imprensa vs. responsabilidade da imprensa

Analistas estadunidenses consideram que a Hutchins Commission
talvez tenha sido a responsável por uma mudança fundamental de
paradigma no jornalismo: da liberdade de imprensa para a
responsabilidade da imprensa. Teria essa mudança de paradigma de
fato ocorrido?
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No Brasil, certamente, os
empresários de mídia
continuam a defender seus
interesses como se
estivéssemos nos tempos da
velha doutrina liberal (que,
de fato, nunca vivemos).
O discurso da liberdade de imprensa e da
autoregulação praticado no Brasil é
historicamente anterior à Hutchins Commission.
Basta que se considere, por um lado, a
concentração da propriedade e a ausência de
regulação na mídia e, por outro, as enormes
dificuldades que enfrenta até mesmo o debate
de temas e projetos com potencial de alterar o
status quo legal.
Responsabilidade Social do Jornalismo

As recomendações da Hutchins Commission, se adotadas

pelos grupos de mídia no Brasil, representariam um avanço
importante. Para nós, a teoria da responsabilidade social da
imprensa permanece atual, mesmo 62 anos depois.
Referência

LIMA, Venício A. A responsabilidade social da mídia. Observatório da

Imprensa. Publicação digital. Disponível em
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/a-
responsabilidade-social-da-midia/. Consulta em 17/03/2020