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"Extremamente informativo, pratico e interessante. A SOLUÇÃO QUADRANTE deve ser lido por
todos executivos encarregados de diretrizes de marketing c estratégia de vendas. O leitor receberá
ferramentas valiosas, basicamente analíticas, apresentadas em um formato de novela realista."
"Anos antes de ler A SOLUÇÃO QUADRANTE, eu provei, em primeira mão, o Sistema Quadrante
de Howard Stevens fazendo um de seus testes de vendas. É um sistema extraordinário. Eu apliquei a
outros e recebi sua aplicação. Tão valiosa quanto foi na Eleinenco e na carreira de David, A
SOLUÇÃO QUADRANTE tem sido valiosa na minha própria carreira e na admissão de pessoal de
vendas de sucesso."
"lnacreditavelmente interessante e dinâmico. O primeiro livro de negócios que cobre o 'como fazer'
e ainda mantém seu interesse constantemente. A abordagem de bom senso da novela fez-me viver a
estória enquanto ela se desenrolava. Nós vamos aplicar os valiosos princípios em nosso negócio."
"Se o mais enigmático mistério que você enfrenta é o de como movimentar vendas, você vai ficar
contente por descobrir que A SOLUÇÃO QUADRANTE dá a resposta."
"Vender nos anos 90 requer novas idéias e abordagens. A SOLUÇÃO QUADRANTE oferece novas
perspicácias e um processo a seguir para ter sucesso na nova era."
"As questões desafiadoras para o sucesso de vendas nos anos 90 podem ser encontradas dentro de A
SOLUÇÃO QUADRANTE, um livro de novela informativo para ser lido por todas as pessoas de
vendas."
Tradução de
Claudine y Fullmann
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
93-3227 CDD-813.5
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Impressão numero
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Para
AGRADECIMENTOS................................................................... vi
PREFÁCIO .................................................................................. ix
A NOVELA..................................................................................... 1
EPILOGO................................................................................. .219
PÓS-ESCRITO......................................................................... 225
Claudiney Fullmannn
Fui trabalhar na Elemenco numa época em que poucos tinham noção de que
ela era uma empresa emperrada pelo peso do seu próprio sucesso. Para a
maioria, inclusive para grande parte dos nossos gerentes e funcionários,
Elemenco era um nome glamouroso no ramo da eletrônica e da informática.
Todos achavam que éramos uma empresa sólida e, ao mesmo tempo,
interessante, uma empresa meio célebre, passando apenas por uma breve
calmaria, antes de juntarmos nossaenergiae alcançarmos níveis estonteantes
de desempenho e lucro. Bem, foi por causa dessa calinaria que eu fui
contratado. Os meses se passaram e o presidente da Elemenco, Reed
Morrison, começou a duvidar de que o plano de marketing vigente pudesse
afastar o marasmo. Já tínhamos trabalhado juntos e ele achava que eu podia
ajudar. Não sabia disso tudo quando cheguei, mas trouxe algumas idéias
inovadoras. Foi assim que tive a chance de dar minha contribuição.
perdendo mercado, quero poder dizer “Alto lá, vejamos o que o futuro nos
reserva! " Certo? Concorda comigo? Vamos fazer com que a atenção dela se
volte para os novos produtos que estão por vir.
— Tudo bem, como o quê?
— Vamos lá, David, acorde! disse ele.
Foi até à mesa e apagou o cigarro num grande cinzeiro âmbar, onde
já havia outras quatro ou cinco pontas.
— Sobre o que você acha que deveríamos falar? Ainda não
conhece os produtos? Temos de falar sobre a nova Rede 720. Temos de falar
sobre o novo 486, que vamos lançar. Mais o PowerCase, e temos de falar
também do PowerSeat para as companhias aéreas. Vamos falar sobre a nova
cadeia de lojas a varejo e sobre como... Bem, não vamos falar sobre isso, a
menos que se ventile o assunto.
Ele deu um puxão e abriu a primeira gaveta da mesa, tirou um pacote
de antiácido, desembrulhou-o e colocou duas pastilhas brancas na boca. Seu
rosto estava rubro.
— E o novo software de rastreameiito para a Apogee? perguntei.
Devemos falar sobre isso?
— Certamente, isso pode, disse Gene. Olha, quero falar principal-
mente sobre nossa maior eficiência nas vendas, sobre a nova organização de
vendas mais enxuta e... bem, você sabe, sobre a implantação da nova visão
empresarial, venda de sistemas de soluções, sobre a postura agressiva de
marketing e todo esse blá, blá, blá. Tudo bem?
Eu não disse nada.
— Ollie, falarei a maior parte do tempo, talvez o tempo todo. Mas,
em todo caso, você estará pronto para dizer algumas palavras otimistas sobre
os novos desenvolvimentos. E não tenha medo de exagerar um pouquinlio.
Em seguida, sorriu meio sem graça.
— Tenho certeza de que vai dar tudo certo, disse ele. E não ligue se
eu parecer um pouco insistente. Você vai ver que sou apenas um cara
veemente. Tudo bem?
— Não se preocupe, disse eu. Quando será a entrevista?
— A qualquer momento, disse Gene. O relações públicas acabou de
telefonar. Estão a caminho.
— Bem, então é melhor ficar por aqui.
— Quer um café? perguntou Gene.
4 HOWARD STEVENS E JEFF COX
— Não, obrigado.
Ele saiu, xícara na mão. Fiquei olhando pelajanela, a do lado oeste,
que oferecia uma linda vista dos andares intermediários da Sears Tower,
além do meu reflexo no vidro. Cabelo escuro e olhos escuros, terno escuro,
gravata escura, camisa branca e rosto branco. Calça um pouco apertada, das
idas a tantos restaurantes. Ver-me inesperadamente deu-me uma sensação de
calma e confiança. Era capaz de enfrentar a situação, tanto Gene Cherson
quanto a jornalista. Já tinha passado por coisas piores.
Temos de mostrar a eles um céu azul. Com frases como essa,
não era a toa que a empresa estivesse mal. Cheguei a pensar se minha vinda
para a Elernenco não tinha sido um erro.
Reed Morrison estivera no meu encalço há anos para que viesse
para Chicago. Na década de 1970, tínhamos trabalhado juntos na Califórnia,
na IJK, meu, nosso, ex-empregador. Ele era o encarregado da produção e eu
comecei como engenheiro de produtos. Isso foi antes da minha ida para a área
de marketing. De qualquer forma, Reed e eu desenvolvemos um respeito
recíproco. Ele tinha me apoiado na solução de alguns problemas de qualida-
de e projeto, e minha equipe e eu criamos uma linha de produtos de grande
sucesso.
Como chefe de operações, Morrison teve desafios maiores na
Elernenco. O tempo passou e, um dia, após sua nomeação como novo
presidente da Elemenco, ele me telefonou. Perguntou-me se eu queria mudar
de emprego, mas eu estava tão bem que recusei sua proposta. Passaram-se
dois anos e nos encontramos por acaso, numa feira em Las Vegas, jantamos
juntos e repetiu sua oferta. Àquela altura, achei que já estava na hora de
mudar. Fui a Chicago visitá-lo um mês depois e Gene me entrevistou, mas
foi Morrison quem realmente me contratou (talvez um outro motivo para
atritos com Gene). Bem, isso foi no final do outono; agora, era inverno e ali
estava eu.
Gene voltou com seu café, sentou-se a mesa e acendeu outro
cigarro. Estava frio e silencioso e nenhum de nós disse uma palavra. Em
seguida, ecoaram vozes do outro lado do corredor e bateram suavemente à
porta aberta.
Foi um jovem num terno azul-escuro quem bateu a porta. Ao seu
lado, havia uma mulher num elegante tailleur cinza. Seu cabelo, de
comprimento "profissional", era tingido de um louro intenso e usava óculos
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com grandes lentes claras, por trás dos quais encontravam-se olhos grandes,
claros e cinzentos. Tinha quase trinta anos, pensei, talvez trinta e poucos.
Numa mão levava uma pasta de couro de alça e, nos ombros, a bolsa.
Gene, imediatamente, adotou um tom entusiasmado e disse com
uma voz retumbante:
— Oi, Brian, vamos entrando!
Brian começou a fazer as apresentações.
— Lynne, este é Gene Cherson, nosso vice-presidente de marketing
e vendas. Gene, esta é Lynne Welsey, do Journal.
Gene apertou a mão de Lynne e, em seguida, disse:
— E este é David Kepler. Ele é nosso novo gerente de desenvolvi-
mento de produtos e pedi para que ficasse conosco. David, você conhece
Brian, nosso gerente de RP?
Já o tinha visto algumas vezes no corredor, mas não tínhamos sido
apresentados. Apertei a mão de Brian e da jornalista.
Numa das extremidades do escritório de Gene havia uma sala de
visita — duas poltronas, uma mesa de centro, um sofá, abajures etc. Todos
sentaram, Lynne e Brian no sofá, Gene e eu nas duas poltronas. Lynne tirou
um gravadorzinho e um bloco amarelo da pasta e colocou o gravador na mesa
de centro.
Falamos um pouco sobre o tempo, enquanto ela estava arrumando
as coisas e, em seguida, ela olhou para Gene e disse:
— Vejamos se tenho os dados certos. Para início de conversa, Sr.
Cherson, como definiria sua empresa?
Gene colocou a mão momentaneamente no queixo, como se esti-
vesse ponderando uma resposta, e disse:
— Como você já deve saber, a Elemenco fabrica e comercializa
produtos eletrônicos, de antenas parabólicas a software, passando por cabos
para computadores, telefones celulares e... bem, várias outras coisas. Mas eu
definiria nosso negócio como venda de soluções de sistemas, de acordo com
as necessidades eletrônicas de nossos clientes.
Poxa! Não foi tranqüilo? E ele seguiu por esse caminho, proferindo
um discurso que poderia ter feito a um cliente em potencial. Ele era muito
bom! Contou a jornalista como a Elemenco começou na década de 1950,
fabricando transistores e circuitos eletrônicos, e falou sobre alguns dos
"primeiros" produtos da história do ramo, sobre como tudo isso evoluiu para
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os computadores e comunicação de dados nas décadas de 1970 e 1980.
Lynne continuou sentada, inclinando-se eventualmente, um olhar
simpático no rosto, ouvindo tudo, com o bloco no colo. Tomava nota de vez
em quando, deixando as palavras de Gene fluirem passivamente para o
gravador. Percebi que não usava aliança.
— Portanto, nós realmente abarcamos todo o espectro, disse Gene.
Com vendas anuais de cerca de um bilhão de dólares, somos um gigante de
porte médio nos sistemas de computação e de comunicação eletrônica de
qualidade para todos: de pessoas físicas a empresas multinacionais.
— Como descreveria a sua estratégia de marketing global? pergun-
tou Lynne. Ou, uma pergunta conhecida, onde gostaria de ver sua empresa
daqui a, digamos, cinco anos?
— Bem, francamente, estamos lutando pela liderança no mercado,
disse ele. Nosso plano, na verdade, é nos tornarmos uma loja de departamen-
tos, ou se preferir, uma loja de computadores e comunicações, ou como
queira chamá-la, da próxima década em diante.
Ele se levantou e começou a andar pelo escritório enquanto ia
falando, gesticulando fluidamente, como se sua energia não o deixasse ficar
parado. Como disse, ele era um homem enorme, com mais de um metro e
oitenta e com dez a quinze quilos acima do peso. Quando andava de um lado
para o outro, enchia a sala.
— ... Portanto, nosso futuro será caracterizado pela manutenção da
base sólida que construímos com o passar dos anos e pela expansão em novas
áreas de crescimento.
— E por falar em expansão, disse Lynne, o que me diz da aquisição
daquela cadeia de lojas de computadores? Como é que estão se saindo?
— Bem, muito bem. A Elemenco tomou um caminho novo e
seguro, disse Gene.
"Seguro? Pelo amor de Deus, Gene."
— Mas essas lojas não vendem computadores para pequenas
empresas e usuários? É sair bastante do caminho que vocês conhecem, não
acha? perguntou Lynne.
— Na verdade, não. Ainda se trata de eletrônica e é esse o nosso
ramo, disse Gene.
— Você não acha que as necessidades de contas de grandes
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empresas diferem, consideravelmente, das de pequenas empresas, para não
falar das pessoas físicas?
— Bem, se somos capazes de satisfazer as necessidades complexas
de um cliente da lista das 500 maiores empresas da Fortune, por que não
conseguiremos satisfazer também as de pequenos clientes? disse Gene. Na
verdade, se os resultados forem compatíveis com o nosso otimismo, pode-
remos crescer muito na área de varejo. Afinal de contas, o que é importante
para todos os clientes, sejam eles grandes empresas, pequenas empresas ou
pessoas fisicas, é um produto de qualidade a um preço razoável. E é esse o
compromisso da Eleinenco, oferecer isso em todos os mercados que compe-
timos.
Lynne ainda estava concordando, mas percebi uma caída no canto
direito da sua boca. Ela estava ficando cética, enquanto Gene continuava
falando, tentando convencê-la.
— Não importa quem sejam os clientes, eles querem valor ....
E ele continuou com uma conversa agradável que atenuava o fato
de que a cadeia de varejo tinha ido da mediocridade ao vermelho no final do
último trimestre. A cada mês que passava, assemelhava-se mais e mais a um
grande fracasso.
— Portanto, voltando ao seu negócio principal, disse Lynne, diga-
me uma coisa: qual foi o problema na negociação com a Northern Airline?
Ela fez a pergunta num tom casual, como se fosse uma amiga que
quisesse apenas saber.
— Problema? Não sei de nenhum problema, disse Gene. Nós
éramos um, dentre os vários fornecedores considerados na licitação.
— Tenho informações de que era um contrato de 320 milhões de
dólares em três anos, disse ela. Partindo do princípio de que vocês desejam
crescer, não é difícil perder um negócio como esse?
— Claro, era um negócio que gostaríamos de ter fechado, mas ...
— Mas foi parar nas mãos do seu maior concorrente, disse ela.
— Maior naquela área de produto, não maior em termos gerais,
disse ele.
— Independente disso, vocês não conseguiram fechar a venda. Era
um contrato grande e quem ganhou foi um concorrente.
— É verdade, mas não me sinto muito mal por causa desse negócio
em particular. Afinal de contas, estávamos correndo juntos na reta final e
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nossa tecnologia realmente é superior ...
— Então deve ter sido muito frustrante, disse Lynne, cortando-o.
Quero dizer, saber que são superiores, mas mesmo assim não conseguir
fechar o negócio. Como é que isso foi acontecer?
— Você tem que perguntar isso ao cliente, disse Gene.
— Na verdade, já perguntei, e eles realmente confirmaram que sua
tecnologia é superior, sua reputação pela qualidade é boa e tudo mais. Mas
o contato que tenho lá dentro saiu pela tangente quando pedi que me desse
uma razão clara de não ter fechado com vocês. Ele só disse que a confiança
da empresa no seu concorrente era maior, embora tecnicamente ele não fosse
tão bom. Como explica isso?
A sala mergulhou em silêncio por alguns segundos. Gene parecia
aflito e bastante pálido. Como se estivesse entregando os pontos, foi até sua
mesa e pegou o antiácido novamente.
— Posso interromper, Gene? perguntei. Realmente acho que não
podemos falar em nome dos nossos concorrentes. Obviamente, não sabemos
o que constava da sua proposta nem o que prometeram.
— E, de qualquer forma, prosseguiu Gene, quem pode dizer o que
passa pela mente de um cliente quando toma uma decisão de compra?
— Esse não foi o único contrato grande que vocês perderam no ano
passado, respondeu Lynne. Muito antes, teve o contrato com a National
Motors, um dos seus melhores e mais antigos clientes, que foi parar nas mãos
de outro concorrente.
— Bem, isso acontece. Tudo o que tenho a dizer é que, um dia é da
caça e o outro é do caçador, disse Gene. Também já tivemos nossos sucessos.
E recitou meia dúzia de nomes de grandes empresas com as quais estávamos
fazendo negócios.
— Tudo bem, mas veja os últimos três anos, Sr. Cherson. Não
houve nenhum crescimento real durante este período. Seus lucros do terceiro
trimestre diminuíram consideravelmente. E, ultimamente, fontes do setor
dizem que a participação da Elemenco no mercado vem diminuindo em
quase todas as categorias de produto. Que declínio veremos nas vendas e
rentabilidade da Elemenco no ano passado?
Desta vez, Brian tentou salvar-nos, dizendo que não podíamos
comentar isso, pois os resultados do quarto trimestre só seriam anunciados
daqui a uma ou duas semanas. De qualquer jeito, estávamos muito na
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defensiva. Não seria uma entrevista muito amigável.
— Mas vocês devem estar esperando uma queda, não? insistiu ela.
— Bem, é verdade que encontramos certa retração no mercado,
disse Gene.
— Mas mesmo num mercado em recessão, muitos dos seus concor-
rentes parecem não ter tido os mesmos problemas que vocês.
— Bem, com toda sinceridade, há fatores complicadores para nós,
disse Gene. Por exemplo, passamos por uma reorganização substancial da
nossa área de marketing e vendas e este pode ter sido um deles.
Mas Lynne não desistia.
— Tem alguma coisa que não bate, Sr. Cherson. Vocês estão me
dizendo que ambicionam uma posição de liderança no mercado, que têm toda
essa tecnologia excelente e qualidade maravilhosa e que estão tentando
expandir em novas áreas e, no entanto, os números mostram o contrário. Se
seus produtos e tecnologia são realmente superiores, e ninguém com quem
falei duvida de que sejam pelo menos altamente competitivos, por que isso
não está se refletindo nas vendas?
Gene estava numa enrascada. Os clichês fluentes da empresa não
estavam dando certo. Ela estava fazendo exatamente o tipo de pergunta que
nem Gene nem qualquer outra pessoa da Elemenco poderia responder. Olhei
para Gene e realmente comecei a sentir pena dele. Será que Morrison, para
não levar a culpa, havia transferido a entrevista para Gene de propósito, para
colocá-lo em dificuldades? A confiança que Gene demonstrara antes havia
evaporado. Ele esfregou os dedos da mão esquerda e riu forçadamente.
— Você parece a diretoria, disse Gene. Sério, embora ...
Gene olhou para Brian e depois para mim, desesperado por ajuda.
Brian olhou para o chão e não disse nada; portanto, fui socorrê-lo.
— Vamos olhar o lado positivo.
— Quer dizer que há um lado positivo? perguntou Lynne.
— Claro que sim, disse, pensando se estava mentindo ou não. —
Apesar das suas críticas, temos muitas coisas a nosso favor.
Comecei a tagarelar sobre os avanços no desenvolvimento de
produtos, como a Rede 720 e o Powerseat ... que esperamos lançar muito ...
bem, logo.
— O que é o PowerSeat? perguntou ela.
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— O PowerSeat tem recursos semelhantes a um produto já existen-
te, o PowerCase ...
— E quais são eles?
— O Powercase é uma pasta equipada com fax, telefone celular e
computador pessoal. Grande parte dos circuitos é VLSI, embutidos na
carcaça da pasta, que é feita de materiais compostos. É leve, muito resistente
e muito poderoso. Podemos mostrar-lhe um.
— Não, tudo bem, disse ela. Basta um press release.
Brian tomou nota.
— E o PowerSeat, continuei, tem os mesmos recursos, só que
embutidos no assento do passageiro no avião. Pelo menos, é esse o conceito.
— Entendi, disse ela.
— Portanto, com nova tecnologia e novos produtos, devemos
conseguir a liderança do mercado que Gene mencionou.
— Um minuto, disse Lynne. Se os produtos que vocês já têm são
tão bons, por que não vendem? E se não conseguem vender o que já têm no
mercado, vai adiantar alguma coisa lançar novos produtos? O problema de
crescimento da sua empresa não tem a ver com marketing e vendas?
Estava prestes a responder, tentar, pelo menos, quando Gene ine
interrompeu.
— Tudo bem, disse num tom confessional, eu diria que qualquer
declínio recente, se os números do ano realmente mostrarem isso, deveu-se,
em grande parte, as ineficiências do nosso marketing e vendas. Houve uma
época, e isso não tem muito tempo, que tínhamos quatro ou cinco vendedores
telefonando para o mesmo cliente. Causava confusão para os clientes e não
era uma forma muito eficiente em termos de custos para nós.
Lynne começou a escrever.
— Portanto, passamos por uma reorganização total da área de
marketing e vendas. No ano passado, consolidamos escritórios e distritos,
enxugamos a gerência média e introduzimos novos sistemas, como telema-
rketing, para ajudar-nos a gerar possíveis vendas em todos os nossos
mercados. Como resultado, obtivemos eficiência em termos de custo e de
operação.
Lynne estava concordando.
— E como foi a reação do pessoal de vendas?
— Bem, fizemos algumas coisas para eles também, disse Gene.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 11
Introduzimos um plano de recompensas novo em folha, que unifica os níveis
de pagamento e benefícios para todos os funcionários da Elemenco. Também
reorientamos as técnicas usadas pelos nossos vendedores. Agora, todos os
vendedores são responsáveis pela venda de todos os produtos e serviços da
Elemenco. Isso deve criar desafios e oportunidades mais profissionais para
o pessoal de vendas e permitir maior eficiência.
Gene tirou um lenço do bolso de trás e enxugou a testa. Estava
andando ao lado da mesa.
— Portanto, em resumo, unificamos e melhoramos uma série de
aspectos da nossa organização de marketing que talvez estivessem nos
atrasando. Estamos procurando desenvolver uma visão empresarial em toda
essa nova organização.
— Chamamos de a Esbelta e Ágil Máquina de Marketing do Gene,
disse Brian.
— Verdade? disse Lynne, olhando incrédula para a enorme circun-
ferência de Gene. Que bonitinho! E fez algumas anotações no seu bloco.
— E, continuou Gene, agora estamos com uma postura bastante
agressiva para o crescimento futuro por meio de soluções de sistemas e com
nossa nova organização de marketing e vendas.
Lynne franziu a testa e disse:
— Mesmo assim, Sr. Cherson, pelo que entendi, a sua nova
organização já existe há algum tempo e parece que ainda não rendeu nenhum
resultado. Como vocês vão se recuperar não apenas da perda de alguns
grandes contratos, mas da queda geral em vendas, que os analistas do setor
estão prevendo?
— Realmente acho que é questão de tempo até que estejamos a todo
vapor, por assim dizer. O que você tem visto, acho, é o resultado de ... bem,
da confusão da reorganização, que agora é coisa do passado. Nos meses que
se seguem, tenho certeza de que nos verá recuperando nossa posição.
— Urna das coisas que os analistas do setor têm dito ultimamente,
disse Lynne, é que vocês só têm conseguido manter sua fatia de mercado
concedendo grandes descontos e que grande proporção das suas vendas é
volume pelo simples volume. O que tem a dizer sobre isso?
— Eu diria que, na verdade, alguns dos nossos preços são agressi-
vos, disse Gene. Nos dias de hoje, têm de ser, não acha? Uma das coisas que
fizemos para o pessoal de vendas é dar-lhes mais liberdade para tomar
12 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Fui até o meu andar, o 49°, para pegar os recados telefônicos e meu
casaco. Foi quando me dei conta que, se fosse assumir o lugar de Gene, era
melhor descobrir o que constava da sua agenda. Portanto, passei pela minha
sala e fui até a extremidade sudeste do andar. Rose, sua secretária, já tinha
ido embora. Todas as secretáriasjá tinham ido. A porta da sala de Gene estava
fechada, mas não estava trancada.
Tive que deixar meus olhos se adaptarem, pois as luzes da sala
estavam apagadas. A luz fraca e azulada da tarde do final de janeiro entrava
pelas duas janelas. Lá fora, o sol já tinha se posto e tinha começado a nevar.
Sua mesa ainda estava no meio da sala. Eu tinha ajudado um dos
paramédicos a afastá-la para que pudessem entrar com a maca. Tive um
sentimento de que não deveria estar ali, mas descobri o interruptor das luzes
do teto e comecei a procurar sua agenda. Não estava na sua mesa; portanto,
abri a primeira gaveta e lá estava ela, atrás da caixa de antiácido.
Estava nos seus planos tirar umas férias na próxima semana.
Provavelmente precisava descansar. A maioria das outras coisas na sua
A SOLUÇÃO QUADRANTE 23
agenda eram atividades normais: algumas reuniões programadas para o
relatório anual, uma grande reunião com a agência de propaganda, uma ida
ao barbeiro no dia 28, esse tipo de coisa. Portanto, passei os olhos pela
agenda, pensando sobre o que cancelaria e o que não cancelaria e anotei as
datas importantes num pedaço de papel.
Coloquei a agenda de volta e estava prestes a sair quando olhei para
a mesa de centro, Alguma coisa brilhante chamou minha atenção. Era o
gravadorzinho dajornalista. Peguei-o. A fita tinha ido até o fim e parado. Ela
deve tê-lo esquecido no meio do pânico e confusão depois que Gene caiu no
chão. Na parte de trás, coladaacima do compartimento das pilhas, havia uma
etiqueta: Por favor, devolva a Lynne Wesley. Embaixo havia seu endereço
comercial e telefone.
Apaguei as luzes e voltei para o meu escritório, levando comigo o
gravador. Telefonei para o número. Quando Lynne atendeu, disse quem era
e houve uma breve pausa até que ela se lembrasse. Disse-lhe que havia
esquecido o gravador e ouvi-a mexendo nas suas coisas, verificando instin-
tivamente que ele não estava lá.
— Preciso mesmo desse gravador o quanto antes, disse ela. Posso
passar pelo seu escritório hoje à noite?
— Não vou estar aqui por muito tempo. Tenho de me encontrar com
umas pessoas daqui a mais ou menos uma hora, disse eu.
— Talvez pudesse encontrá-lo em algum lugar, disse ela.
Quase disse que me encontrasse no bar do outro lado da rua, mas
percebi que não era sensato ter uma jornalista por perto. Pedi-lhe que
escolhesse o lugar. Ela falou o nome de um restaurante.
— O mais cedo que posso chegar é às sete, disse-lhe. Ou então você
pode passar aqui amanhã.
— Não, as sete está bom, disse ela.
— Até logo.
Uma coisa boa de ser novo num emprego é que ninguém telefona
para você. Não havia nenhum recado para mim; por isso, não fiquei muito
mais tempo por ali. Peguei o casaco, desci de elevador até a portaria,
atravessei a rua e fui até o bar.
Encontrei-os numa mesa comprida, no fundo, divididos em dois
grupos. Na extremidade mais próxima, estavam três dos cinco gerentes de
vendas, dos quais um era Ann Lansky. Na outra extremidade, estava metade
24 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
do pessoal de marketing. Os chefes dos departamentos de comunicações de
marketing, recursos humanos, administração e pesquisa estavam lá, junto
com alguns assistentes, mais Brian, o cara de RP. Quem não estava lá quando
eu cheguei era Jim Woller.
Quando estava indo até a mesa, Ann Lansky gritou:
— Olha lá nosso herói!
— Por que está me chamando de herói?
— Se colocar seus lábios na boca de Gene Cherson não o .qualifica
como herói, então não sei o que o qualificaria, disse Ann.
— Ah, você ouviu essa história.
— Mas é claro. Estamos sugando todos os detalhes sangrentos de
Brian, desde que chegamos, disse Ann.
Ela estava segurando um copo de vinho branco e seu ânimo parecia
de certa forma recuperado. Sentei na última cadeira disponível, que estava
na cabeceira, posição que sempre chamei de "a cadeira do papai", com Ann
à minha esquerda e os outros dois gerentes de vendas a minha direita.
— Sabe, fazendo uma retrospectiva, ele era um potencial infartado
ambulante, disse Brian. Gordo. Um trabalho altamente estressante. Adorava
uns martinis. A única atividade física que fazia era jogar golfe uma ou duas
vezes por mês. Fumava alguns maços de cigarro por dia.
— E sobreviveu, disse Ann. Talvez ainda haja esperança para o
resto de nós.
Alguém cutucou meu braço.
— Acho que não nos conhecemos, disse o cara a minha direita,
estendendo a mão. Meu nome é Bud Bowman.
Já o conhecia; ouvira-o falar durante a reunião.
— Certo, você é o gerente da região sudeste, disse eu. Sou David
Kepler.
O homem mais ài direita chamava-se Greg Heindekker, gerente da
região nordeste. Ele também se apresentou. Perguntei sobre os outros
gerentes; Greg disse que seus vôos estavam programados para cedo e que já
estavam a caminho do aeroporto.
— E Jim Woller? Ele não vem? perguntei.
— É melhor ele aparecer, disse Bud. Ele disse que ia pagar a conta.
— Ficou preso numa ligação, disse Ann. Mas ele vem.
Era a minha chance. Eles provavelmente falariam com um pouco
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mais de liberdade sem Woller por perto.
— O que acharam da reunião? perguntei aos três.
Bud balançou a cabeça, inclinou-se na minha direção e disse:
— Vou ser franco com você. Não sei o que pensar. Mas vou lhe dizer
uma coisa: Morrison não sabe do que está falando se pensa que não estamos
nos esforçando. Porque estamos. Todos os dias, meu pessoal, gente boa,
experiente, sai por aí batendo de porta em porta, dando telefonemas, fazendo
apresentações, cuidando do cliente.
Foi a vez de Ann falar.
— Foi exatamente isso que quis mostrar na reunião. Como é que
Morrison pode me dizer que não sou boa gerente, quando tenho situações que
me são impostas de fora que ditam como gerenciar minha região?
— Bem, o que você faria de diferente? perguntei-lhe. Quero dizer,
é óbvio que há um problema. Temos de gerar vendas. Se tivesse carta branca,
o que faria?
Ann recostou-se na cadeira, pensativa, enquanto os outros dois se
entreolharam, sem saber ao certo se queriam ou não dizer alguma coisa. Em
seguida, Bud se antecipou.
— Vou lhe dizer do que precisamos, disse ele. Temos de gerar
volume. É esse ox da questão. Isso quer dizer que temos de diminuir o preço
de muitos produtos que estamos vendendo. Precisamos de descontos maio-
res, Não somos competitivos em metade das coisas da nossa linha de
produtos.
— Espera um minuto, disse Greg. Não vamos vender uma Rede 720
complexa, novinha em folha, baixando o preço.
— Por que não? O preço é sempre um problema, argumentou Bud.
— O preço pode ser um problema, mas nem sempre é o fator
determinante numa venda, disse Greg.
— É, mas me diz uma coisa. Quantos 386 e terminais para PC tem
no depósito? disse Bud. Quantos você poderia vender se pudesse abaixar uni
pouco o nosso alto preço de lista?
— Vou lhe dizer uma coisa, disse Greg, se você começar a baixar
os preços, é justamente por aí que o seu negócio irá: ladeira abaixo. Digo-lhe
mais: nesse ramo, é preciso ter uma boa qualidade, alta tecnologia, serviço
de primeira e excelente imagem. E os preços têm de ser condizentes.
26 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Bud estava sacudindo a cabeça o tempo todo que Greg estava
falando.
— Não é isso que ouço dos clientes, disse Bud.
— É mesmo? Que cliente não quer qualidade?
— É claro que querem qualidade. Querem confiabilidade. Querem
tudo que você falou mais um preço menor.
Agora era vez de Greg sacudir a cabeça.
— Impossível, Bud. Não tem como. Algumacoisanão bate. Se você
vende o produto certo para as pessoas certas, não precisa de desconto.
— Dá um tempo, Greg. Vamos encarar a realidade.
— Mas estou encarando arealidade. Quer um exemplo? A Rede 720
é o exemplo perfeito. Vendemos três esse ano e não fechamos nenhuma
venda por causa do preço. Quer saber como se vende? Primeiro, não se vende
para o departamento de processamento de dados. Como não foram eles que
pensaram na rede primeiro, eles não vão comprá-la. E se tivessem pensado
num sistema como a Rede 720, provavelmente achariam que poderiam criar
um sozinhos com os PCs que já têm. Não, vende-se a 720 para o diretor-
executivo e para os gerentes de operações do cliente. Você mostra que está
oferecendo aeles umavantagem competitiva. E você os convence de que têm
a tecnologia de ponta.
— Ah, tecnologia de ponta, uma ova, disse Bud. A maioria dos
nossos clientes não quer tecnologiade ponta. Você diz "tecnologia de ponta"
e eles ficam com medo. Não precisam disso. Estão cansados de ouvir falar
disso. E, por falar nisso, eu também. Ei, Brian!
Brian olhou para o final da mesa.
— Precisamos de um dos seus criadores de palavras para inventar
outra expressão para "tecnologia de ponta". Já estamos fartos dessa.
— Tecnologia avançada, disse Brian.
— Não, já estou cansado dessa também, disse Bud. Em seguida,
virou-se para mim (pensei que certamente me diria algumas sábias palavras
finais) e perguntou:
— O que está bebendo, David?
— Vou tomar uma cerveja, disse.
— Ei, Emily! gritou Bud.
— Que vendedor! disse Brian. Não mora aqui, mas já sabe o nome
da garçonete.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 27
— Olha, vou lhe dizer uma coisa: já fechei muita venda na vida
porque me lembrava do nome das pessoas. Emily, traz outra rodada para
gente, por favor, e traga uma cerveja para o meu amigo David.
— Chope? perguntou Emily.
— Não, traz para ele uma ,_____ e disse o nome de unia cerveja
importada cara. Ele merece. Teve um dia difícil.
— Está vendo! disse Greg. Por que não pediu que trouxesse a água
suja mais barata que tivesse? Não, você pediu a marca mais cara, mais
famosa.
— Isso não tem nada a ver, disse Bud.
Durante isso tudo, Ann ficou calada, ouvindo. Não porque fosse
tímida; enfrentar Morrison da forma que tinha enfrentado na reunião provava
que não era. Ainda estava, acho, refletindo sobre a pergunta que fiz. Olhei
nos seus olhos.
— Qual é o problema, na sua opinião? perguntei-lhe.
Estava pronto para ouvir o que ela tinha a dizer quando, do outro
lado da mesa, uma nova voz intrometeu-se:
— Vou lhe dizer qual é o problema! Os orçamentos para propagan-
da não são suficientes!
Era Nick Dominica, gerente de propaganda e promoção de vendas.
— Esta empresa nunca dedicou os recursos necessários à propagan-
da e promoção de vendas, disse Nick. Precisamos de mais espaço de
propaganda, maior presença nas convenções.. ,
— Não, não, não, o problema não é esse, interrompeu Greg, com a
voz no volume máximo. A propaganda pode expor o produto. A propaganda
pode gerar algumas possibilidades de vendas. Mas a propaganda não vende
o produto. As pessoas vendem o produto.
Esse e outros chavões começaram a voar loucamente daqui e dali.
Jane O’Shea, gerente de pesquisa de marketing, reclamou que
ninguém levava a sério suas pesquisas sobre clientes, que obviamente eram
caras, mas que era necessário fazer mais dessas pesquisas.
Em seguida, Brian tentou dizer alguma coisa sobre publicidade.
Mas foi interrompido por Clinton Jones, gerente de recursos humanos; ele
achava que a resposta estava num melhor treinamento em técnicas de vendas
para os vendedores.
Roger Newburg, gerente de administração, disse que tudo isso era
28 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
besteira. Roger achava que estavam pagando muito para a força de vendas,
que poderiam aguentar uma pequena queda em vendas se pudessem segurar
a lucratividade.
— E ainda digo outra coisa: todo mundo deve receber comissão,
todo mundo, disse Roger, batendo na mesa com o lado da mão, como se a
estivesse cortando.
Ann, que há muito tinha desistido de falar o que achava ser o
problema, disse:
— Roger, metade do meu pessoal não poderia viver de comissão.
E a discussão continuou, todo mundo dando sua opinião, todo
mundo favorecendo seus interesses velados, ninguém procurando (e muito
menos tendo) uma visão mais ampla. Decidi ficar fora por enquanto. Os
olhos de Ann e os meus se encontraram e percebi que ela achava a discussão
tão fútil quanto eu.
— Você não conseguiu dizer o que pensava, disse-lhe.
— Provavelmente disse o suficiente na reunião. Falei demais, na
verdade.
— Tenho certeza de que todo mundo te perdoará e esquecerá se
você apresentar melhores resultados da próxima vez.
As frustrações do dia pareciam prestes a ferver e a transbordar.
— Como é que vou fazer isso? perguntou ela. Estou gerenciando
minha região exatamente de acordo com o novo plano e olha o que está
acontecendo. E quem tem que se acusar e levar a culpa?
Ela se conteve antes de prosseguir. Senti pena dela. Parecia comple-
tamente desnorteada. Ficamos calados enquanto os outros matraqueavam.
Nós dois tinhamos perdido interesse pelo que eles tinham a dizer. Aim
levantou seu copo e depois olhou para mim novamente. Ela queria falar, mas
também queria mudar de assunto.
— Morrison disse que você veio da IJK. O que fazia lá? perguntou
ela.
— Era gerente de marketing.
— Você veio de vendas?
— Não, comecei como engenheiro de produto e fui parar em
marketing quase que por acaso.
— Verdade? O que aconteceu?
— A empresa estava gastando muito tentando vender aos clientes
A SOLUÇÃO QUADRANTE 29
coisas de que eles não precisavam. Estávainos tendo dificuldade em identi-
ficar as oportunidades de marketing. De qualquer forma, fui nomeado para
uma força-tarefa para descobrir urna solução. Não sabia muito sobre marke-
ting. Li inuito sobre o assunto. Uni dia, me deparei com um conceito que me
deu uma idéia clara do que era marketing. Dei alguns telefonemas, voltei ao
livro e usamos esse conceito para redirecionar a empresa.
— Deu certo? perguntou ela.
— Acho que sim. Houve uni aumento de 50% nas vendas depois de
um ano. Além de bons aumentos na lucratividade. E não foi só a curto prazo.
As vendas ainda estavam subindo quando sai de lá.
— Por isso você tem o selo de aprovação de Morrison.
— Mas eu não estava sozinho. Eu era apenas o ponteiro.
— Cinqüenta por cento é uni aumento incrível, disse ela.
— Bem, aconteceu. Não é impossível se você tiver a oportunidade
e souber o que está fazendo.
— A IJK é uma empresa bem menor que a Elemenco. Você acha que
a mesma coisa poderia dar certo aqui?
— É o que gostaria de descobrir, disse. Mas tenho certeza de que
o mesmo conceito pode ser aplicado aqui, pois é válido para todos os
negócios.
— Que conceito é esse, inuito planejamento estratégico ou coisa
parecida?
— Não, é mais que isso. Por exemplo, seria útil se você, como
gerente de vendas, especificasse os tipos de pessoas de que precisa na sua
força de vendas, a melhor forma de gerar possíveis vendas, como gostaria
que fossem as apresentações, corno desenvolver relacionamentos coin os
clientes, todas as questões de vendas importantes coin as quais você lida.
Também ajuda nos problemas da empresa, como o tipo de imagem que você
precisa projetar.
— Mas o que deu certo na IJK não vai necessariamente dar certo na
Eleinenco, argumentou ela.
— O conceito que usamos parte do princípio de que todos os
negócios são diferentes. É unia das explicações de sua validade.
— Mesmo na minha região?
— Claro.
— Cinqüenta por cento, hein?
30 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Bem, eu não me deteria nesse número, disse eu. Mas é certo que
usar o que aprendemos na IJK proporcionaria melhores resultados do que
você está conseguindo atualmente.
Eu definitivamente tinha atraído seu interesse. As outras pessoas da
mesa estavam ocupadas conversando entre si, mas Ann tinha virado sua
cadeira e estava de frente para mim.
— Como é que tudo isso funcionou na IJK? perguntou ela. O que
você fez para obter esse tipo de ganho?
Bem, tinha sido um dia e tanto. Meu novo chefe tinha gritado
comigo, tinha-o visto ter um infarto, fui atrás da sua ambulância, assisti uma
reunião inescrutável e fui promovido. Estava me sentindo um tanto cansado.
Ann estava falando porque estava angustiada e curiosa sobre a possibilidade
que eu tinha levantado. Tinha ido até ali, mas não tinha certeza se queria
partir para unia discussão pesada sobre marketing. Tentei dar-lhe a explica-
ção mais simples que pudesse imaginar.
— Basicamente, redirecionamos nossos recursos de forma que
satisfizessem as necessidades dos clientes.
— Não tenho muita certeza de que entendi, disse Ann.
— Bem, os clientes têm necessidades, não têm?
— Têm.
— Mas todos têm as mesmas necessidades?
— É claro que não,
— E se suas necessidades não são as mesmas, então devem ser
diferentes. Certo?
Ann pensou um pouco.
— Talvez não sejam as mesmas, mas todos os clientes têm neces-
sidades semelhantes, disse ela.
— Na verdade, não. Nem todos os clientes têm necessidades
semelhantes. Olha, muito disso é bom senso. Se eu quero comer, tenho que
ir ao supermercado e comprar comida. Mas, se quero enriquecer, talvez tenha
que comprar um perfurador de petróleo ou a ferramenta necessária que me
dê meios de gerar dinheiro. Como cliente, o que preciso do caixa do
supermercado e o que preciso do vendedor de perfurador é bastante diferente.
— Bem, colocado dessa forma, isso é óbvio, disse Ann.
— Produtos e serviços diferentes satisfazem necessidades diferen-
tes para clientes diferentes. Isso cria mercados diferentes. E com isso
A SOLUÇÃO QUADRANTE 31
Alta complexidade
Baixa complexidade
Alta complexidade
Alto contato
Baixa complexidade
Baixo contato
A SOLUÇÃO QUADRANTE 33
— Quando o cliente está fazendo uma compra muito complexa,
cursos personalizados e uma série de coisas que podem não dar certo, o
vendedor precisa ter muito contato coni ele durante a compra e
a entrega. Isso é alto contato. Se for uma compra simples — o
cliente tira o produto da caixa, liga e ele funciona — você não
precisa de muita assistência. É uma venda de baixo contato. Está
me entendendo?
— Claro, disse ela.
Mas, para ser enfático, acrescentei:
— Alto contato significa que o cliente precisa de muito
apoio e de um relacionamento mais duradouro e seguro coni o
vendedor. Baixo contato significa que o cliente geralmente tem
confiança em tratar dos problemas sozinho e não precisa ou quer
muito apoio. O relacionamento com o vendedor é relativamente
breve ou temporário.
Virei o guardanapo e girei-o de 90 graus, de forma que não
desenhasse por cima da mesma linha do outro lado.
— Agora vamos dividir o leste do oeste no mapa, disse.
Vamos recorrer a ficção científica e dizer que inventei uni dispositivo
antigravidade. E estou vendendo-o para você. Você saberia como
usá-lo?
— Não, é claro que não.
— Então você seria uma compradora inexperiente.
— Certo.
— Você consideraria meu dispositivo antigravidade de alta tecno-
logia?
— Claro, disse ela.
— Suponhamos que tenham se passado vinte anos e que existam
agora dezenas de fabricantes de dispositivos antigravidade, todo mundo tem
um e o usa diariamente e você agora está comprando o seu quinto. Você seria
uma compradora inexperiente ou experiente?
— Experiente.
— E você ainda pensaria no dispositivo antigravidade como um
equipamento de alta tecnologia?
— Não, acho que poderia chamá-lo de baixa tecnologia, disse ela.
— Dá para ver que você aprende rápido.
34 HOWARD STEVENS E JEFF COX
Desenhei uma linha vertical no guardanapo. A esquerda, coloquei
"cliente inexperiente" e "alta tecnologia". A direita, escrevi "cliente experi-
ente" e "baixa tecnologia" .
alto
contato
alta tecnologia baixa tecnologia
alto contato alto contato
COMPLEXIDADE
te. Terno marrom com uma gravata marrom e cinza. Calças largas em volta
da cintura fina. Cabelos pretos e jeitosos, um pouco comprido demais atrás.
Óculos de armação de arame, pousados num grande nariz.
Richard e Fred sentaram-se juntos. John sentou-se do outro lado da
mesae o resto de nós em volta deles; Jennifer sentou-se na cabeceira, ao lado
de Richard.
A primeira coisa que John fez foi abrir sua proposta e virar para a
última folha, a fim de ver se havia uma lista de preços. (Não havia. Jennifer
colocou-a numa folha separada.) John tentou fazer uma piada. "Acho que é
de graça; não tem preço nenhum aqui", que Jennifer ignorou.
Ela estava direcionando grande parte da sua atenção a Richard,
conversando e sorrindo. Percebi que ela estava fazendo com Richard o que
fizera comigo. De uma forma casual e inofensiva, estava fazendo perguntas
para obter informações que pudessem ser úteis mais tarde. Ann e eu nos
juntamos a conversa.
— Bem, temos algumas coisas para mostrar-lhes essa manhã;
então, que tal começarmos? disse Jennifer por fim.
Ela foi até o pódio e um dos engenheiros foi até o terminal. Diminui-
se a intensidade das luzes. O logotipo da MorrMart surgiu no monitor e, com
uma animação excelente, o logotipo da Elemenco juntou-se a ele na tela.
Jennifer nem falou sobre a Rede 720 nos primeiros dez ou quinze
minutos. Falou da MorrMart, do controle de estoque, da expansão nacional,
das coisas de que a MorrMart precisava para crescer. Falou sobre alguns
casos, mencionou outros clientes grandes que tínhamos, lembrou-os de
coisas que ela sem dúvida já havia dito em outras reuniões. Em seguida, falou
da Rede 720, não como um produto em si, mas como um elemento-chave da
"Solução em Equipe da Elemenco".
Tinha um estilo inteligente, competente, profissional. Ela tinha
mãos bem-torneadas e atraentes e as usava de forma eficaz, fazendo gestos
para enfatizar, apontando determinadas coisas no monitor.
— Uma das coisas mais poderosas da Rede 720 são os seus recursos
de SIG, disse a eles. O que é SIG? Bem, SIG pode combinar mapas e outras
informações geográficas com dados de marketing e estoque, a fim de
permitir uma melhor tomada de decisões gerenciais. Deixem-me mostrar-
lhes.
No monitor, apareceu um mapa dos Estados Unidos.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 75
Um dia depois, saí à tarde com Jennifer para visitar alguns clientes.
Seu território compreendia os bairros da zona oeste da cidade e fomos num
dos carros da empresa.
Consegui virar um pouco o jogo e descobri mais um pouco sobre
A SOLUÇÃO QUADRANTE 79
ela, enquanto dirigia. Era formada em computação pela Cal Tech e tinha feito
mestrado em administração na Stanford. Falamos por um tempo sobre os
vinhos da Califórnia e os restaurantes de São Francisco. Seu pai era dentista
em Sacramento e ela ia para aqueles lados uma ou duas vezes por ano. Vi que
ela estava relaxando, ficando mais a vontade comigo.
— Por falar nisso, achei você ótima ontem na apresentação para a
MorrMart, confessei-lhe.
— Obrigada. Espero que eu possa dedicar-lhes tempo suficiente
para que tudo dê certo.
— Tem alguma dúvida quanto a isso?
— Bem, como todos os outros, eu tenho de servir a um território
relativamente grande e o dia só tem um determinado número de horas,
concluiu Jennifer. De acordo com a política, depois de fechada a venda, eu
devo me afastar e deixar que o pessoal técnico cuide do resto. Já tentei fazer
isso, mas muitas vezes vi a coisa ficar ... bem, você sabe. Quer dizer, afinal
de contas, eles são técnicos e estão entrando no jogo depois de eu ter passado
muito tempo com o cliente. Não conhecem necessariamente todos os
problemas. Detalhes se perdem na transmissão. Existem más interpretações.
As vezes, deixamos a peteca cair. Outras vezes, o cliente espera demais. Vão
me chamar para consertar as coisas, mas aí já estarão chateados. Fora os
custos maiores e o desperdício de dinheiro. Acho que seria muito melhor se
uma pessoa ficasse encarregada do projeto do início ao fim.
— Você não se importaria em envolver-se com a instalação, com
as questões técnicas e tudo mais? perguntei-lhe.
— Não, de jeito nenhum, disse ela. Num caso como a MorrMart,
chego até a preferir que eu tivesse controle absoluto de todo o projeto. Não
sei porquê, mas sou o tipo de pessoa que gosta de acompanhar as coisas até
o fim. Depois que tivermos instalado o sistema e todo mundo estiver
satisfeito, aí eu fico contente e posso tocar para frente. Afinal de contas,
quero continuar progredindo profissionalmente; não quero ficar casada com
os mesmos clientes para sempre. Ao mesmo tempo, vejo meu trabalho não
só como conseguir uma assinatura em um contrato. Acho que é uma
responsabilidade profissional gerenciar toda a interação entre a Elemenco e
o cliente. Só que não é assim que foi definida a política de gerenciamento ou
incentivos.
— Você gosta de vendas? perguntei-lhe.
80 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Ela ainda tinha outra visita a fazer, numa empresa a uns dezesseis
quilômetros dali, chamada Bennet Insurance. O contato era o gerente de
serviços de computação, um cara chamado Gary Bopoth. Enquanto esperá-
vamos por ele, ela me disse que, há duas semanas, havia entregue uma
proposta de uma nova rede de computadores interdepartamental, para
substituir e expandir enormemente a rede que eles já tinham. O velho Gary,
aparentemente, passara a maior parte da reunião tentando provar que sabia
mais sobre redes de computadores do que ela. Quando ela achava já ter
massageado bem o seu ego, por mais chato que isso pudera lhe parecer,
superado suas objeções técnicas e estivera tentando fechar o negócio, Gary
insistira em refletir sobre a questão e falar com alguns outros fornecedores.
— Mas espero poder, fechar o negócio hoje, disse ela,
Vi sinais de dificuldades assim que entramos em seu escritório. Ele
não estava sorrindo. Seu rosto era comprido e ele parecia aborrecido e um
A SOLUÇÃO QUADRANTE 83
Por fim, quando o silêncio instalou-se entre nós, ela disse, quase que
para si mesma:
— Sabe, é engraçado, mas eu sempre me dou melhor com a alta
gerência do que com os caras de informática. Parece que os caras de
informática querem sempre mostrar que sabem mais do que eu.
— Parece que você foi bem de encontro com a síndrome do não-
inventado-aqui, disse eu.
— Exatamente, disse ela. É exatamente isso.
Mas isso não mudou o fato de que havíamos ganho um cliente e
perdido outros dois. Um passo para frente, dois para trás.
Não pense que tudo o que eu fazia o dia todo era andar por aí com o pessoal
de vendas. Durante esse período, meus dias eram longos e atarefados. Estava
as voltas com duas funções, a de Gene e a minha. (E a minha estava ficando
para trás.) Encontrei-me com a equipe responsável pela nossa conta na
agência de propaganda. Reuni-me com a firma que fazia a nossa pesquisa de
mercado. Recebi telefonemas de clientes que estavam zangados conosco por
qualquer ofensa, fútil ou séria. Cheguei até a receber um telefonema de
alguém que gostava de nós e teve o trabalho de nos dizer. Fiz todas as tarefas
normais, e conheci alguns vendedores.
Só trabalho e nada de diversão não é minha idéia de uma vida boa.
Minha meta pessoal geralmente tem sido fazer todo o meu serviço em cerca
de 50 ou 60 horas por semana. Muitas vezes não consigo, mas não fico até
mais tarde no escritório para receber louvores.
Naquela época, eu normalmente trabalhava de doze a quatorze
horas por dia. Não gostava nada disso, mas continuava achando que ver o
esforço de vendas ein primeira mão era importante. Portanto, na semana
seguinte, consegui mais um tempo e procurei Ann novamente.
— Sabe, uma das pessoas com quem acho que você deve trabalhar
é Charlie Summers, disse ela.
— É? Por quê?
— Bem, Charlie já trabalha na área há muito tempo. Ele é um
profissional quando se trata de manter contas. Pode demorar um pouco a
conseguir novos negócios, mas depois que fecha o contrato, ele realmente
cuida de seus clientes. Na verdade, as vezes eu gostaria até que ele não
cuidasse tão bem deles.
88 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Como assim?
— Ali, você sabe, se um dos clientes precisa de alguma coisa,
Charlie descobrirá uma forma de conseguí-la, mesmo que para isso tenha de
burlar algumas políticas. As vezes fico me perguntando se ele trabalha para
a Eleineiico ou para o cliente, disse Ann. É claro que, se eu fosse cliente,
gostaria que ele tratasse da minha conta.
Ela me dissera que, no final do ano anterior, logo após a reorgani-
zação da força de vendas, alguns dos clientes de Charlie descobriram que ele
não ficaria mais encarregado das suas contas. Bem, eles ligaram para a
empresa e ameaçaram parar de fazer negócio conosco.
— Tive de dar uni jeito na divisão dos territórios para deixar todo
mundo contente, explicou Ann. Mesmo alguns dos clientes que não se
encaixaram no território de Charlie, quando têm um problema, ainda ligam
para ele, não para o representante da conta deles. Não conseguem abandonar
o hábito. São muito fiéis. Alguns inudam de emprego e Charlie consegue
vender para eles na nova empresa, mesmo que com isso possamos deixar de
vender para a empresa antiga.
— Tudo bem, disse. Gostaria de conhecer o Charlie.
Ann levou-me pelo corredor até a sala de Charlie, mas ele não estava
lá.
— Sei que está na empresa hoje, afirmou Ann. Vamos dar uma
procurada.
Andamos pelo corredor até que Ann disse:
— Lá está ele.
Ela apontou para a cafeteira, onde quatro ou cinco caras estavam
conversando coni as xícaras na mão. Pelo que Ann havia dito, eu esperava
um super-herói dinâmico. Enquanto andávamos até o grupo, meus olhos se
dirigiram automaticamente para alguns caras altos, bonitões, de porte
atlético, que usavam ternos saídos da alfaiataria, achando que um deles seria
Charlie. Mas o grupo se desfez, esses caras se afastaram e lá estava o
verdadeiro Charlie Summers: um homem magro, indefinível, nos seus
cinqüenta e poucos anos, vestido com um terno comum e umagravata neutra,
um cara para lá de normal.
O grupo dispersou-se e eu e Charlie voltamos para a sua sala, onde
eu lhe dei minha explicação, agora familiar, sobre encontrar-me com clientes
e trabalhar com a força de vendas.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 89
— Quais são?
— Número um: quem é o cliente? E, número dois: o que o cliente
quer? Agora, às vezes, é fácil responder essas perguntas e, outras vezes, não.
Mas se conseguir responder, é tudo o que precisa saber. O resto vem depois.
Você sabe o que fazer e o resto é questão de execução.
— Tudo bem, mas o que você acha que devemos fazer mais
especificamente?
— Acho que devemos fazer coisas para conhecer melhor o cliente.
Se você quer a minha opinião, devemos gastar mais com feiras. Devemos
investir mais, para agradar os clientes, de forma que possamos cultivar
relacionamentos com essas pessoas. Devemos fazer tudo que nos aproxime
mais do cliente, Isso porque, convenhamos, temos bons produtos e serviços,
mas a concorrência também. Conhecer os clientes e cuidar deles — oferecer-
lhes aquele algo mais que é o contato pessoal — é isso o que nos diferencia
do resto.
Disse a ele que fiz a mesma pergunta à Jennifer Hone e que ela
pensava diferente.
— Bem, Jennifer é boa, disse Charlie. Não quero menosprezá-la.
De jeito nenhum. Pelo que sei, ela fez um trabalho e tanto para conseguir a
conta da MorrMart. Mas me parece que ela está sempre querendo reinveiitar
a roda, criando a solução mais elegante. Ela está sempre falando sobre o
projeto. A maioria dos produtos que vendemos não precisam ser reinventa-
dos. Temos apenas que sair a rua e vendê-los.
— Tirando fora o que aconteceu hoje de manhã coni Bob Lilly, o
que você acha de Kevin Duttz? perguntei-lhe.
— Eu gosto do Kevin, mas ele não se envolve pessoalmente com
o cliente. Diria que o problema do Kevin é que ele passa tempo demais no
telefone. Não dá para conhecer as pessoas pelo telefone. Conhecer mesmo,
não. E não se pode vender a maioria dos nossos produtos pelo telefone. Ele
está sempre falando que nós devemos ter iiielhores sistemas para receber
pedidos e reclamações e tal. Bem, os sistemas são ótimos, mas eles não
resolvem todos os nossos problemas. Quero dizer, vendemos equipamento
de informática. Os computadores são máquinas interessantes. Mas quando
é que um computador vai apertar a mão do cliente? questionou Charlie.
— Acho que sei o que quer dizer, disse eu. Por outro lado, ele vende
bastante.
96 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— É, mas veja de onde vem o volume, alertou. Cabos, conectores,
modems, placas, PCs. São produtos que estão prontos na prateleira. Acho
que ele não vendeu nenhuma rede, desde que está conosco. Os produtos que
Kevin gosta de vender são muito sensíveis ao preço. Assim que alguém dá
um preço melhor para os clientes, adeus.
Inclinou-se para frente e falou mais baixo:
— Quando as pessoas fazem negócio comigo, acredite se quiser,
elas pagam mais. Pagam mais do que pagariam a qualquer outro cara, porque
elas me conhecem e confiam em mim. É valor agregado para elas, disse e,
depois, recostou-se.
— Não, não vou dar a elas um preço lá embaixo, mas vou cuidar
delas. Elas sabem que eu vou supervisionar seus pedidos. Vou estar lá
quando elas tiverem um problema. E, poxa, eu também conto piadas, levo
elas a jogos, torno divertido fazer negócio comigo. Mas tenho meus limites.
Não trapaceio nem burlo as leis para fechar unia venda, por exemplo. E
também não minto. Exagero um pouco de vez em quando, é óbvio, e as vezes
o melhor a se fazer é ficar de boca calada. Quer dizer, vou a igreja, mas não
faço parte do coro. Mas, em geral, tenho de ser sincero. Para ser duradouro,
qualquer relacionamento válido deve se basear na honestidade . É a minha
filosofia de vendas: cultivam-se relacionamentos e ganham-se contas. Não
se pode fazer isso só com projetos grandes, como Jennifer faz. E não se pode
ficar preso apenas a volume, como Kevin. Cultive relacionamentos e
conquiste sua fatia de mercado. É simples.
Era bom estar naquele mundo simples com Charlie, por algum
tempo, Era uni lugar onde as pessoas se conheciam, confiavam umas nas
outras, faziam negócios, geravam dinheiro, até se divertiam. Ame seus
clientes; eles o amarão também. Essa era a moral e o lema de Charlie.
— Mas o que você faz quando é preciso mais do que uni relaciona-
mento para obter ou manter um negócio? perguntei-lhe.
Ele não me entendeu.
— Quer dizer, por exemplo, o que você faz coni uni cliente
inexperiente? expliquei. O que você faz quando há uma nova tecnologia?
Como consegue fazer negócio coni alguém que não conhece tudo o que
precisa?
— Bem, vou lhe dizer uma coisa, David, a maioria dos clientes com
quem me dou melhor já entendem de computador. Antigamente, quando
A SOLUÇÃO QUADRANTE 97
comecei a trabalhar nessa área, tinha-se de educar o cliente. Não se faz mais
isso, meus melhores clientes conhecem bem a tecnologia. Nem todo fio ou
chip da máquina, assim como uma pessoa que dirige uni carro não sabe
porquê o carro foi projetado da forma que foi. Mas pelo menos sabem o que
a máquina faz. Conhecem os padrões. Meus clientes sabem o que é uma rede
local e para que serve. Conhecemos ojargão um do outro. Falamos a língua
um do outro. Não preciso treiná-los muito. Sinceramente, alguns sabem até
mais do que eu, admitiu ele.
— Verdade? Isso não lhe deixa envergonhado?
— Não, geralmente não. Na verdade, as vezes levo isso na brinca-
deira. Elogio seu conhecimento técnico. Na maior parte do tempo, não
importa se eles são mais técnicos do que eu. Porque minha tarefa é ajudá-los
afazer as coisas. E isso não exige, necessariamente, que eu seja um cientista
da NASA. Minha função é, acima de tudo, escutar, porque a maioria dos
meus clientes já sabem o que querem. Cabe a mim dar-lhes o que querem.
Ele tinha razão. Tudo que disse estava certo. Desde que estivesse
falando dos seus clientes.
Terminamos o almoço e voltamos ao carro. Perguntei-lhe qual era
o próximo compromisso da agenda.
— Tenho uma reunião as três horas com uni cliente em potencial,
em Rockford, disse ele quando entramos no carro. Mas, antes disso, temos
de pegar o intérprete.
— Jntérprete?
— A reunião é na Haikkyu Manufacturing, explicou-me.
— O fabricante japonês de automóveis?
— Exatamente. Contratei uni intérprete para que possamos conver-
sar com os gerentes japoneses na língua deles.
— Bem pensado, disse a ele.
— Olha, falou Charlie. Fiz isso aqui por conta própria.
Tirou um cartão do bolso da camisa e entregou-o a mim. De um
lado, era um cartão de visita típico da Elemenco mas, do outro, estava
impresso em japonês. Impressionante, considerando-se que estávamos no
meio de Illinois.
— O pessoal de marketing da empresa ajudou? perguntei-lhe.
— Não, a iniciativa foi toda minha. Percebi, depois de ler no jornal,
que havia uma série de empresas estrangeiras ingressando no mercado.
98 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Algumas japonesas, outras alemãs e assim por diante. Fiz algumas pesqui-
sas, alvejei as que gostaria de ter como clientes, fiz levantamentos sobre
diferenças culturais e comecei a telefonar para elas. É claro que, quando
reorganizamos os territórios, fiquei um pouco restrito, mas agora as coisas
estão voltando ao normal.
— Já fez negócio com a Haikkyu antes?
— Não, ainda não, mas é apenas a minha quinta ou sexta reunião
com eles, e você provavelmente já ouviu falar em como os japoneses são
cuidadosos ao escolher fornecedores. Temos de ficar firmes. Nas primeiras
reuniões, nem tentei vender-lhes nada. Só cheguei, disse-lhes quem eu era,
o que nós fazíamos, que coisas poderíamos fazer para eles, tentei conhecê-
los. Finalmente, na quarta reunião, descobri que eles gostavam dos nossos
telefones celulares, mas que queriam acrescentar alguns recursos. Falei coin
o pessoal de engenharia e produção, consegui que fizessem os acréscimos.
Vamos ver o que vai acontecer hoje, se é que vai acontecer alguma coisa.
Pegamos o intérprete numa esquina perto da zona norte da cidade
e nos dirigimos para o lado oeste, saindo de Chicago. O intérprete estudava
na Northwestern e fora criado em Tóquio. Charlie pagava-lhe por reunião.
A fábrica da Haikkyu era nova e sobressaía no meio dos trigais.
Encontramo-nos com cerca de umas doze pessoas, gerentes, engenheiros e
outros funcionários, numa sala de reuniões perto da linha de montagem. Por
uma janela, víamos os automóveis Haikkyu. Eles fabricavam um sedã de
luxo. Os telefones celulares que Charlie estava oferecendo seriam instalados
como uni opcional.
Só umas três pessoas na reunião eram japoneses e todos falavam
inglês. Mesmo assim, parece que gostaram de Charlie ter-se preocupado em
trazer um intérprete. O gerente mais antigo, Sr. Toshimine Sliusliita, parecia
especialmente encantado por Charlie ter-me levado.
No início dareunião, o Sr. Sliushita fez um anúncio bastante formal:
— Temos o prazer de anunciar que a Haikkyu concederá nosso
contrato de telefones celulares a Elemenco. A razão de termos escolhido a
Eleineiico como nosso fornecedor é que vocês são a única empresa america-
na nesse mercado que demonstrou atenção aos valores que nós da Haikkyu
mais apreciamos, como qualidade e disposição em modificar seu projeto
para se adequar aos nossos padrões. Esperamos que esse seja o começo de
um relacionamento duradouro e produtivo entre as duas empresas.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 99
Depois disso, quem não acharia Charlie Summers uni herói? Contei
a história a Reed Morrison na próxima vez que ligou.
— Poxa, esse cara é arespostaaos nossos problemas! exultou Reed.
Por que não fala coni P&D e veja se não podemos fazer uni clone dele? Sério,
se pudéssemos treinar toda anossa força de vendas para que trabalhasse com
os clientes como ele trabalha, eles iam nos adorar!
— Ele é muito bom, concordei. Tenho certeza de que Charlie e
pessoas como ele são parte da solução. Mas não estou certo de que ele seja
a resposta.
— Por que está dizendo isso?
— Conversaremos quando você chegar.
Trabalhei com Charlie, de quando ein quando, durante alguns dias
e conheci-o uni pouco melhor. Charlie adorava as pessoas. Gostava de levar
os clientes para almoçar, para assistirjogos, de pagar uma rodada de driiiques
no final do dia. Certa manhã, entrei na sua sala e vi Charlie lendo o jornal.
Ele viu que unidos assistentes do gerente de processamento de dados, de unia
empresa que ele havia visitado, tinha acabado de ser promovido. Naquela
tarde, havia uma cesta de frutas na mesa do cara. Ele tratava os clientes, pelo
menos os bons clientes, os que eram fiéis a ele, quase como um membro da
família. Compre de Charlie e você fará parte da família. Na sua agenda,
Charlie escrevia até os aniversários e aniversários de casamento de alguns
dos seus melhores clientes, junto com os aniversários da sua esposa e filhos.
Se acontecesse qualquer coisa boa com você no trabalho, Charlie bateria à
porta de sua sala, apertaria sua mão, daria um tapinha nas suas costas, talvez
uma garrafa de champanha ou uísque ou flores ou algo que soubesse ser do
seu agrado. Assim era Charlie.
Saí coin ele para fazer outra visita matutina. O cliente era uma
empresa de restaurantes chamada Santlinni e o principal contato era unia
mulher de nome Martha Beckley. Ela fazia parte da família de Charlie. Em
meados da década de 1970, quando a Elemenco fabricava processadores de
texto dedicados, Charlie tinha vendido a Martha uni sistema completo e
desde então a visitava periodicamente, as vezes vendendo-lhe suprimentos,
atualizações e substituições, às vezes apenas para manter contato. Enviava-
llie cartões de Natal, sabia-se que já lhe dera uma rosa no seu aniversário,
levava-a para almoçar unia ou duas vezes por ano, já llie dera agendas e
100 HOWARD STEVENS E JEFF COX
brindes. Ele manteve contato todo esse tempo e ela permaneceu fiel, pagando
um preço mais alto por fitas de impressora, disquetes e placas de memória
da Elemenco. Agora, finalmente, eles estavam prontos para sucatear todo
aquele equipamento dedicado e comprar um sistema integrado de estações
de trabalho.
— Ela me pediu um orçamento há algumas semanas, contou-me
Charlie. Estou quase 100% certo de que vai fechar com a gente. Você vai ver.
Quando chegamos à sala de Martha, havia duas mulheres nos
esperando. Martha era uma mulher gorducha e sorridente, mais ou menos da
idade de Charlie. A outra nos foi apresentada como Petrina Yarkovic, uma
mulher muito mais jovem, de mais ou menos um metro e meio de altura e que
usava inaquiagem demais.
Após a troca de gentilezas, Martha disse:
— Petrina é minha nova assistente administrativa.
— Parabéns, disse Charlie, voltando-se para Petrina.
— Já que as minhas responsabilidades aumentaram consideravel-
mente, de agora em diante, Petrina ficará encarregada de todas as compras
de equipamento de escritório, disse Martha. Queria apresentar vocês um ao
outro e disse a ela que você tem cuidado da gente esses anos todos.
Alguns minutos depois, Petrina Yarkovic nos levou pelo corredor,
passando pelas datilógrafas e secretárias, até o seu cubículo de 3 por 3 e
sentou-se atrás da sua mesa. Meus Deus, que olhar frio e cheio de poder
administrativo veio daquela mesinha!
— Estudei seus preços, disse Petrina. E acho que estão altos demais.
Charlie, tenho de admitir, foi magnífico. Será que não via o valor
agregado contido naqueles preços? Não estava ciente dos anos de confiabi-
lidade e serviço seguro, da história que a Elemenco tinha junto a Santlinni?
— Pode ser, disse Petrina, mas vocês certamente souberam nos
cobrar por isso. De acordo com meus cálculos, poderíamos ter economizado
quase 18 mil dólares nos últimos cinco anos se tivéssemos comprado nossos
equipamentos e suprimentos de outros.
Charlie prendeu-se ao número, um erro tático, a meu ver, quando
poderia ter insistido no serviço de primeira classe. Mas, tudo bem, já estava
claro que ela estava contra nós. Fiquei pensando se tinha sido um plano de
Martha ou se Petrina estava apenas querendo mostrar sua nova autoridade e
independência.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 101
termos concordado que o acordo era definitivo! Agora ela vai comprar o
equipamento da Mitsugami!
Era como se ele tivesse sido traído. Ele pegou o telefone novamente,
mas coloquei minha mão no disco para que ele não continuasse.
— Espera um minuto, Charlie. O que vai fazer?
— Vou ligar para Martha e ter uma longa conversa coin ela.
Balancei a cabeça.
— Deixa para lá, Charlie, desista. É melhor não fecharmos o
pedido. Olha isso aqui.
Mostrei-lhe os números e expliquei-os para garantir que ele tinha
entendido. Ele afundou na cadeira e suspirou.
— Quinze anos, desabafou. Será que isso não vale nada?
— Você não vai conseguir mantê-los, disse. É unia pena, de certa
forma, mas é a verdade.
— Mesmo assim, vou ligar para Martha, insistiu Charlie. Não só
para ralhar com ela ou coisa parecida. Vou agir com diplomacia. Só quero
manter o contato. Sabe por quê?
— Por quê?
— Espere só. Aposto que o equipamento que estão comprando não
vai dar conta do recado por muito tempo. Mais cedo ou mais tarde, eles vão
ter problemas. E se ela não tiver ninguém do lado do fornecedor para cuidar
dela, vai estar por aqui de problemas. E vai me telefonar.
Era improvável, mas deixei-o sonhar. Antes de sair, Charlie rece-
beu uma ligação da Haikkyu. Eles queriam marcar uma reunião para falar de
uma alteração nos fios de alimentação dos telefones celulares. Charlie abriu
sua agenda.
Na sexta-feira antes de Reed Morrison voltar da Europa, uma tempestade de
neve, quase uma nevasca, estava se dirigindo pelas planícies do norte, rumo
a Chicago. Liberamos o pessoal administrativo um pouco mais cedo,
prevendo grandes engarrafamentos.
No final da tarde, estava em minha sala conversando com Ann
Lansky, que tinha trazido uma lista de todos os vendedores do escritório de
Chicago, dos clientes com quem estavam trabalhando e dos tipos de produtos
que esses clientes tinham comprado nos últimos seis meses. Estávamos
analisando a lista quando fomos interrompidos por uma batida à porta.
Jim Woller estava a porta e com ele, na verdade, a sua frente, estava
outro homem que eu não conhecia.
— David, disse Woller, achei que você gostaria de conhecer Aaron
Abbott.
Aaron caminhou até mim, com amão estendida. Tinha uns cinqüen-
ta e poucos anos, rosto comprido, cabelos num tom grisalho e distinto.
Mesmo naquela hora, vendo-o com os olhos do passado, era capaz de sentir
a energia que ele me passara no nosso primeiro encontro. Ele tinha uni jeito,
uma aura, que dizia que era um sucesso. O brilho sutil das abotoaduras de
ouro, a manicure, o terno inglês e a camisa sob medida (estivera supondo;
tudo parecia fino e caro, quaisquer que fossem os detalhes da sua confecção),
a gravata de seda iinaculada, o corte de cabelo perfeito, ele tinha todas as
nuanças que silenciosamente transformam os caros trajes de executivo
comuns, em algo exclusivo.
— Na verdade, nos encontramos há alguns anos, disse eu.
104 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— É mesmo, agora estou lembrado, disse Aaron.
Para o meu espanto, ele disse o nome da conferência onde nos
encontramos, Aaron era o palestrante e eu fizera parte do público. Jim
Woller, nesse meio tempo, tinha entrado na sala e estava andando de lá para
cá, enquanto eu e Ann apertávamos a mão de Aaron.
Jim estava nitidamente animado:
— Aaron tem notícias maravilhosas para dar-lhe. Notícias fantás-
ticas para todos nós! Espere só até ouvir o que ele tem para contar!
Aaron sentou-se e inclinou-se na nossa direção. Ele também parecia
animado com o que estava prestes a nos revelar.
— Acabei de chegar, disse Aaron, e queria dar-lhe pessoalmente a
notícia de que fechei um contrato de venda do PowerSeat ontem a noite.
— Do PowerSeat?
— Exato. Conhece bem o PowerSeat? Sabe, é basicamente aniesma
teciiologia do PowerCase. Só que é embutido no assento do avião, de forma
que o passageiro, lá no alto, sobrevoando Kansas ou qualquer outro lugar,
possa usá-lo para comunicar-se com o resto do mundo e trabalhar, enquanto
está viajando.
Eu disse:
— Certo, certo, sei o que é o PowerSeat, mas ainda está em
desenvolvimento, não é? Fico surpreso com a sua venda do PowerSeat, pois
acho que ainda não temos nem um protótipo pronto, correto?
— O acordo que eu firmei nos dará esse protótipo. A Elemenco não
precisará desembolsar nem um centavo. Vamos faturar meio milhão de
dólares no ato daassinatura do acordo e mais três milhões de dólares de venda
inicial, se os protótipos funcionarem bem, disse Aaron.
O rosto de Ann mostrava que ela estava impressionada. Eu também.
— Excelente notícia! exclamei. Como é que vai ser isso?
— Vendi a idéia a Eddie Matt, falou Aaron.
Eddie Matt, caso você não saiba, é o dissidente do setor aéreo.
Enquanto quase todo mundo no ramo de compaiihias aéreas tenta conseguir
volume, diminuindo o preço das passagens, Eddie Matt, que começou coni
uma linha de charters, seguiu o caminho oposto, criou uma nova companhia
aérea de luxo chamada Diamond Skies.
Em vez de uma carroça aérea, voa-se em um vagão Pullman alado.
Em vez de fileiras de assentos com todo mundo apertado, você se sente em
A SOLUÇÃO QUADRANTE 105
um ambiente mais para uma sala de visitas ou sala de espera. Alguns dos
assentos podem se transformar em camas; portanto, se você estiver num vôo
transcontinental, pode realmente dormir. As refeições são de dar água na
boca de um gourmet. Metade do avião é feita para oferecer alguma privaci-
dade para aqueles que desejam trabalhar. A outra metade é como um salão
de festas. Ouvi falar que também é possível encontrar algumas pessoas
interessantes a bordo, de astros do rock a executivos de grandes empresas,
o que não é uma forma ruim de se fazer contatos de trabalho de alto nível.
Alguns minutos antes da aterrissagem, os comissários de bordo chamam por
rádio uma limusine ou táxi que o estará esperando, assim que você chegar ao
aeroporto. É quase como ter seu avião particular. Paga-se por tudo isso, é
óbvio. Os preços são altos, mas se você ou sua empresa puder pagar, é uma
excelente companhia aérea.
— Conheço Eddie de outras negociações, dizia Aaron. Ontem a
noite, reservei um lugar num de seus aviões, no mesmo em que sabia que ele
estaria viajando. Sabe, ele voa uma ou duas vezes por semana nos seus
aviões.
— Já ouvi essa história, assenti. Como você sabia em que avião ele
estaria?
— Algumas perguntas discretas, seguiu Aaron. De qualquer forma,
eu tinha um Powercase comigo, também vendi um ao Eddie, para seu uso
pessoal, diga-se de passagem, e comecei a falar com ele sobre seus recursos.
Disse a ele: "Eddie, o que me diz se os assentos dos seus aviões tivessem os
mesmos recursos que o Powercase? Um assento de luxo com eletrônica de
telecomputação sofisticada, de forma que um executivo em viagem pudesse
fazer ligações telefônicas, enviar fax, consultar bancos de dados, redigir
cartas e, em suma, transformar horas desperdiçadas em tempo produtivo?"
Disse que ele poderia dar aos passageiros executivos mais um incentivo para
viajar pela sua companhia. Acrescentaria prestígio à sua companhia aérea,
ao ser o primeiro a oferecer essa tecnologia. E os assentos se pagariam pois,
pelo menos a princípio, ele ofereceria apenas seis ou oito em cada vôo e
cobraria mais por eles.
— Ele gostou da idéia? perguntei.
— Adorou! Ele concordou assim, disse Aaron, estalando os dedos.
Elaboramos um acordo básico, o pessoal do departamento jurídico está
dando uma examinada, e eu usei o PowerCase para imprimi-lo, o que o
106 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
deixou profundamente impressionado. Ele já tinha assinado o acordo
quando sobrevoávamos Denver. Eu fiquei em Los Angeles e voltei logo de
manhã. Mas a venda é nossa!
— Não é fantástico? interrompeu Woller.
— É, claro, confirmei. Muito bom. O que a Diamond Skies ganha
com esse... acordo?
— Eles ganham a instalação de dez protótipos para fazer demons-
trações, mais direitos exclusivos de compra do produto, durante dezoito
meses, esclareceu Aaron.
— Você disse que a gente vai ter meio milhão de dólares para usar
no desenvolvimento? Podemos desenvolvê-lo com essa quantia?
— Me disseram que sim, pois já temos a tecnologia básica, disse ele.
Na esperança de que isso fosse verdade, disse:
— Então está perfeito. Reed Morrison já sabe?
— Tentei contactá-lo de Los Angeles, mas ele não pôde atender.
Estão vendo, se as companhias aéreas tivessem o PowerSeat, ele já saberia
de tudo! exclamou Aaron. De qualquerjeito, há algumas coisas que precisam
ser providenciadas imediatamente; você vai ter de conseguir alguém para
acelerar isso. Aqui estão os contatos na empresa de Eddie Matt, de forma que
vocês possam combinar datas de entrega e instalação e assim por diante.
Ele pegou uma folha de papel com algumas anotações de nomes e
telefones e entregou-a a mim, empurrando-me eficientemente todos os
detalhes do acompanhamento e execução. Parecia estar dizendo "Eu fiz a
parte espetacular; você que faça o resto".
— Qual é seu próximo passo? perguntei ao Aaron. Tem algum
possível cliente na lista?
Antes de Aaron responder, Jim Woller adiantou-se:
— Bem, temos uma possível venda para você, se estiver interessa-
do.
— Claro, estou sempre interessado em novas possibilidades de
vendas, disse Aaron.
— Minha esposa e eu estávamos num jantar ontem à noite e o
assistente do controller da Hurley Commercial Services estava lá. ..
— Conheço a Hurley Commercial, interrompeu Aaron. Para falar
a verdade, conheço Sheldon Hurley, o fundador. Quando eu tinha a minha
firma. Hurley e eu fizemos alguns negócios juntos.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 107
vendas a sua fórmula para o sucesso? E aí? Concorda? O que acha da idéia?
Não quis dizer de forma direta que achava a idéia horrível; portanto,
disse:
— Bem, gosto da idéia de melhorar as técnicas da força de vendas.
— Mas com Aaron Abbott ensinando todo mundo, fazendo com
que todos sejam como ele, disse Woller. O que acha?
— Agradeço a idéia, Jim, mas não vamos transformar a força de
vendas num bando de Aaron Abbott, retruquei.
Woller riu e disse:
— Não digo que a gente possa fazer um clone dele nem nada
parecido. Mas se a gente fizesse com que as pessoas vendessem como ele
vende,.. Quer dizer, pense um pouco, David! Pense no potencial, se todo
mundo pudesse vender como ele!
— Se você conseguisse ensinar todo mundo a vender exatamenle da
forma como Aaron Abbott vende, e não acho que isso seja possível, a
Elemenco decretaria falência em um ano, conclui. Talvez em menos tempo.
— Por quê?
— Por uma série de razões. Para início de conversa, muitos dos
nossos clientes logo passariam a nos odiar, por causa do estilo de vendas de
Aaron, que não oferece alguns dos valores de que eles precisam. Teríamos
problemas de confiabilidade. A maioria dos nossos produtos não venderia
muito bem. Também não poderíamos bancar a remuneração de toda uma
força de vendas feita de pessoas como Aaron. Razões como essas.
— Mas veja Eddie Matt e o PowerCase! Como questionar o
sucesso? espantou-se Woller.
— Aaron Abbott é o que se chama de superfechador.
— É, bem, é disso que a gente precisa: de superfechadores.
— Não, não precisamos. E, de qualquer forma, acha-se super-
fechadores, eles não são fabricados, tornei. É preciso ter um tipo especial de
personalidade para ser um superfechador. Aaron é o tipo de vendedor
perfeito para um determinado tipo de produto e um tipo específico de
mercado. No caso da maioria dos nossos produtos, há pessoas melhores e
estilos de venda melhores.
— Por exemplo?
— Como as três pessoas da região da Ann, coin que venho
trabalhando nas últimas semanas, revelei-lhe.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 171
Ann disse:
— Você quer dizer Charlie ...
— Isso mesmo. Charlie, Jennifer e Kevin, disse eu. Embora possa
dizer de cada um deles o mesmo que disse de Aaron.
— É melhor você explicar isso melhor, disse Ann.
— É, eu também não estou lhe entendendo, ajuntou Woller.
Mas foi aí que meu telefone tocou. Era Robb Jamison, gerente de
contada agência de propaganda e, depois de trinta segundos no telefone com
ele, sabia que a conversa seria demorada. Coloquei a mão sobre o bocal do
telefone.
— Isso vai demorar um pouco. Por que vocês não vão embora antes
de ficarem presos aqui, por causa da neve? sugeri-lhes.
Ann deu até logo e saiu. Antes de Jim sair, acrescentei:
— Semana que vem, vou me encontrar com Reed Morrison para
falar sobre como a força de vendas poderia ser mais eficaz. Gostaria que você
estivesse lá, se possível.
Woller concordou:
— Claro, dá para arranjar um tempo.
Desejei-lhe boa sorte na sua luta contra o mau tempo e voltei a
Robb.
A conversa demorou meia hora. Enquanto conversávamos, olhei
paraaneve do lado de fora dajanela. Nevavamuito. Só conseguiaver as luzes
do outro prédio.
Acendi as luzes pela manhã e seria eu quem as apagaria também. Ia
para "casa", para aquele apartamento estéril da empresa, pois ainda não tinha
achado um lugar para morar. Estivera trabalhando muito e não pudera sair
para procurar um apartamento. Não havia ninguém nem nada na minha vida,
além do trabalho. Que forma boba de viver. Por que estava fazendo isso?
O elevador chegou e eu entrei, senti um frio no estômago enquanto
ele descia e depois senti-o desacelerar, Ia parar em um outro andar e fiquei
realmente aborrecido, pois queria sair sem contratempos. Olhei para os
números e a luz do 22° estava acesa. As portas se abriram e Ann entrou.
— Olha só, você por aqui, saudou ela.
— Você também resolveu abandonar o barco?
— Está pior do que eu pensava, disse ela. De qualquer jeito, tem
alguma coisa em mim que se revolta por trabalhar até tarde na sexta-feira.
112 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Sei exatamente o que é isso.
Ela ficou do outro lado do elevador enquanto descíamos, olhando
para frente, mas achei que ela me olhou uma vez. Foi então que falou:
— Tenho uma pergunta séria a lhe fazer.
— Qual é? encorajei-a.
— Você está com fome? indagou.
Ann e eu decidimos sair para jantar, mas não foi possível. Chega-
mos ao hall do prédio falando sobre aonde ir, o velho bar da esquina ou o novo
restaurante da rua? e, então, paramos como duas estátuas, quando vimos arua
através da porta. Havia um monte, de alguns metros de neve. Na Jackson
Boulevard, um velho Chevrolet estava atolado, as rodas traseiras rodando
incessantemente, enquanto o resto do carro ocasionalmente tremia, sem sair
um centímetro do lugar.
— Trouxeram o saco de dormir? brincou o segurança. A menos que
tenham um carro com tração nas quatro rodas ou um limpa-neve, vocês não
vão a lugar nenhum, disse ele.
— Bem, não podemos ficar aqui, disse Ann.
— Vocês podem sair, tornou o segurança. Afinal de contas,
vivemos num país livre. Mas, com muita sorte, vocês chegam até a esquina.
Ann virou-se para mim:
— O que acha?
A neve, soprando do outro lado das portas, estava praticamente
horizontal. Os postes sacudiam com o vento.
— Para falar a verdade, acho que estamos ilhados, declarei.
— Gostaria pelo menos de comer alguma coisa, reclamou Ann.
— Você acha que vai encontrar algum lugar aberto?
— É preciso mais do que uma nevasca para paralisar Chicago. Se
é para ficarmos ilhados, prefiro ficar ilhada em um bom restaurante.
— Esse raciocínio tem lá o seu mérito, concordei. Vamos.
O segurança balançou a cabeça como se fôssemos loucos, mas
ajudou-nos a abrir uma das portas. Saímos no meio da nevasca. A neve
chicoteava nossos rostos e o vento soprava muito forte. Três passos e
estávamos inclinados, tentando avançar um pouco. Chegamos quase ao
meio-fio, quando senti Ann puxar minha manga.
— Vamos voltar! gritou ela no meu ouvido.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 113
mento profundo e tente entender seus problemas? É claro que não. Ele quer
que Aaron Abbott visite-o e o deixe animado com os AD510s? Não, não há
como animar ninguém com relação ao AD510. O Sr. Macy já tem o pedido
administrativo da produção ou engenharia para comprar esses itens; ele não
precisa de um estímulo forte de Aaron para ter o impulso emocional de
comprar. Para o Sr. Macy, o que importa é o preço, a conveniência e a
transação eficiente. Kevin vai ver Macy e oferece o melhor preço e conve-
niência; Kevin consegue o pedido.
— Algum tempo depois, porque Gene Cherson ou Jim Woller ou
alguém traçou unia linha num mapa, Kevin Duttz vai visitar o escritório de
Arnold Sternholtz na All-Points Express. Stemholtz ouviu falar desses
novos sistemas de comunicações via satélite e está um tanto ou quanto
curioso para adquirir um para sua frota de caminhões. E Kevin, amigável e
solícito, está lá, pronto para tomar nota do seu pedido. Mas, espere aí, é disso
que Sternholtz precisa? De alguém para anotar o pedido? Esses sistemas são
complicados! A tecnologia é nova e ainda está em evolução. Não há nenhum
padrão da indústria. Cada sistema que vendemos tem de ser personalizado.
Um série de coisas podem dar errado e, num sistema multimilionário, os
erros podem custar caro a todos. Agora, se você fosse Arnold Sternholtz,
você gastaria milhões de dólares com uma empresa que mandou Kevin Duttz
visitá-lo?
Ann riu. Ela tinha um sorriso simpático.
— Não. Se eu fosse Sternholtz, acho que não.
— Contudo, Kevin é um ótimo vendedor quando seu estilo tem a
ver com um certo tipo de cliente. Para um vendedor do tipo mostruário, o
cliente certo é aquele cuja empresa não precisa de nós para apoio ou
conhecimento técnico, e nem vai pagar por isso, acrescentei.
— Ou seja, a Lakeside Electronic Controls, mas não a All-Points
Express, emendou Ann.
— Exato. Que tipo de experiência técnica Sternlioltz ou sua
empresa tem em comunicações via satélite?
— Pouca ou nenhuma.
— Certo. Kevin não é engenheiro e não tem nenhuma inclinação a
envolver-se com seus clientes. Portanto, não é a pessoa certa para ajudar
Sternholtz. E nem Charlie Summers. Porque, mesmo que Charlie se envolva
e garanta que todos os detalhes tenham sido atendidos, ele não pode oferecer
A SOLUÇÃO QUADRANTE 123
o know-how técnico sofisticado para orientar e treinar o cliente.
— Mas Charlie não poderia obter as respostas com os nossos
engenheiros e explicar-lhe na reunião seguinte? argumentou Ann.
— Sim, mas você só pode dizer ''vou ver isso para você" um
determinado número de vezes. E tem mais, você está dependendo do cliente
para saber que perguntas formular. Se a tecnologia for nova, o cliente não
sabe quais são as perguntas certas. E, de qualquer forma, se você fosse
Sternholtz, prestes a investir uma grande quantia, não gostaria de estar
conversando em primeira mão com alguém que soubesse das coisas?
— Alguém como Jennifer, adivinhou Ann.
— Exato. Você precisa de um vendedor-consultor como Jennifer.
Ou, porque você está lidando com o presidente de uma empresa que vai
assumir um grande risco, comprometendo a empresa a um novo sistema,
você precisa de um superfechador como Aaron Abbott, avancei. Aaron seria
a pessoa que poderia dar o incentivo emocional para que Sternholtz assumis-
se o compromisso. Jennifer seria capaz de oferecer não apenas um bom
know-how técnico, mas também a paciência e os recursos pessoais para trei-
nar o cliente e lidar com a complexidade. Qualquer um deles provavelmente
teria mais sucesso do que Kevin, que está na extremidade oposta do espectro.
Virei-me para a janela.
— Como está a tempestade?
— Ainda está nevando, respondeu ela.
Realmente estava, e muito.
— Olhe uma coisa.
Desenhei um mapa para ela, organizando o mundo do marketing em
quadrantes formados pelas necessidades do cliente, em termos de teciiologia
e contato.
Alto
Jennifer Hone Charlie Summers
Venda consultiva Venda de relacionamento
(Alta tecnologia, alto contato) (Baixa tecnologia, alto contato)
CONTATO
(Complexidade)
Aaron Abbott Kevin Dutz
Venda de superfechamento Venda de mostruário
(Alta tecnologia, bnixo contato) (Baixa tecnologia, baixo contato)
Baixo
Alta TECNOLOGIA Baixa
(Experiência)
124 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Eu disse:
— Cada um dos estilos de venda, o superfechador, o consultor, o
criador de relacionainentos ou o anotador de pedido cordial, corresponde a
um nicho específico do mercado. E não há um cliente, um produto, um
serviço ou um vendedor que não possa ser encaixado ern algum lugar desse
mapa. Ainda não encontrei nenhum.
Ela refletiu sobre isso.
— Isso realmente se aplica a todas as empresas, a todos os tipos de
negócios?
— Claro, disse eu. Do setor aéreo a bufês, de aparelhos de som a...
Sei lá, qualquer setor de A a Z que você possa imaginar.
— Xilofones, sugeriu ela.
— Bom, prossegui. Mas tem uma coisa estranha coni relação à
Elemenco. Muitas empresas têm muitos produtos e muitos clientes, mas a
maioria dos seus clientes se encontrará em uni ou talvez dois tipos de
mercados. Eles se concentram em, digamos, um tipo de venda de relaciona-
mento em umi mercado de baixa tecnologia e de alto contato, mesmo que os
produtos sejam de setores ligeiramente diferentes. Esse não é o nosso caso.
É por isso que tive sorte em ter trabalhado corn Kevin, Jennifer e Charlie.
— Como assim?
— Percebo agora que estamos em quatro tipos de mercados
diferentes. E é por isso que tive sorte de ter encontrado esses três, agora
quatro, incluindo Aaron, porque todos eles fazem tipos de vendas diferentes
e ine permitiram ver o que aconteceu com o nosso inarketing.
— E o que foi que aconteceu?
— A razão pela qual a Esbelta e Ágil Máquina de Marketing do
Gene não funciona não é por ela ser "esbelta", seja lá o que isso signifique,
mas porque parte do princípio de que todos os vendedores podem ser tudo
para os clientes. Na verdade, ela trata os clientes e vendedores como se
fossem um bem, como peças intercambiáveis. Os vendedores receberam
clientes e territórios para tornar suas visitas ao campo mais eficientes, o que
é um fator, mas um fator menor em comparação a adequá-los aos tipos de
clientes com os quais têm de trabalhar. Olhe só isso aqui.
Na tampa da caixa de pizza, comecei a relacionar os clientes, os
produtos e o tipo de mercado no qual se encaixavam.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 125
Aaron Abbott
Diamond Skies PowerSeat Fechamento
Jennifer Hone
MorrMart Rede 720 Consultiva
Midcontinent Warehouse
Electronics PCs, telefones Mostruário
Bennet Insurance Rede Relacionamento
Cliarlie Summers
Chicago and Midwest
Railroad Rede Relacionamento
Uniritz Telefones Mostruário
Haikkyu Telefones Relacionamento
Santlinni PCs Mostruário
Kevin Duttz
Urbana Systems Cabos Mostruário
Lakeside Electronic
Controls AD510s Mostruário
All-Points Express Sistema de satélite Consultiva
vender qualquer coisa, num bom dia. A questão é a seguinte: por quanto
tempo e com que consistência ele conseguirá isso? É uma questão de
probabilidade. Não é impossível Kevin Duttz vender um produto de alta
tecnologia e baixo contato, mas é improvável que ele tenha sempre sucesso.
E Aaron Abbott pode vender cabo para computador ou qualquer outra coisa,
seguros, sei lá. Mas um cara elegante, animado como Aaron não vai se
adaptar a esse tipo de venda.
Bebi uin pouco de champanhe. Não era de excelente qualidade, não
era nem boa, mas estava caindo bem.
Ann examinou a lista e disse:
— Deu para perceber a resposta a pergunta original, porquê não
queremos uma força de vendas toda composta de Aaron Abbott. Não temos
muitos negócios de alta tecnologia e de baixo contato. Como, então, você a
organizaria?
— Precisamos organizá-la de forma que a abordagem de vendas
natural do vendedor complemente o tipo de produto que ele está vendendo
e adeque-se ao tipo de mercado do cliente, disse a ela. Ou, em outras palavras,
dando contas de relacionamento a vendedores como Charlie Summers.
Damos todos os clientes de mostruário a Kevin Duttz. E assim por diante.
Peguei o bloco de papel onde havia desenhado o quadralite e
comecei a escrever o nome dos clientes.
Alto Jennifer Hone Charlie Summers
Venda consultiva Venda de relacionamento
(Alta tecnologia, alto contato) (Baixa tecnologia, alto contato)
MorrMart Chicago and Midwest RR
All-Points Express Haikkyu
Uniritz
(Mais novos negócios) Bennet Insurance
(Mais desenvolver contas
CONTATO de relacionamento)
(Complexidade) Kevin Duttz
Aaron Abbott Venda de mostruário
Venda de superfechamento (Baixa tecnologia, baixo contato)
(Alta tecnologia, baixo contato) Midcontinent
Diamond Skies Lakeside Electronic
Santlinni
(Mais novos negócios) Urbana Systems
(Mais manter contas
Baixo de telemarketing)
E Morrison disse:
— É, David, por que não podemos apenas fazer com que os vendedo-
res reconheçam a situação e se adaptem as necessidades do cliente: consultoria,
preços menores ou sei lá o que?
Ótimo, pensei. Como é que eu vou sair dessa? Mas respondi com a
maiorsinceridadepossível:
— Tudo bem, é verdade que a curto prazo, ou vez por outra, você
consiga que alguém, cuja verdadeira vocação seja, digamos, venda consultiva,
aja um pouco mais como um superfechador ou como um vendedor de relacio-
namento, quando a situação exigir. Mas, você acha que, digamos, um bom
vendedor de calçados possa ser tão bom vendendo jatos particulares?
— Talvez, disse Woller. Com o treinamento adequado, por que não?
— Porque há questões mais complexas envolvidas: personalidade,
treinamento, experiência, expliquei. A longo prazo, não vai fiincionar, isso é, se
chegar a funcionar. Faça uma analogia com os atletas. Um atleta, mesmo com
alguma orientação técnica, não vai praticar todos os esportes igualmente bem.
Muito de vez em quando, aparece alguém como Bo Jackson, que joga beisebol
e futebol americano, mas ele é uma exceção, um em mil. Mesmo dentro do
mesmo esporte: todos os jogadores de futebol americano não são competentes
em todas as posições; zagueiros fantásticos não podem, de repente, trocar de
posição e tornarem-se atacantes maravilhosos. Uma série de fatores contribuem
para determinar o tipo de atleta que a pessoa vai ser. O mesmo acontece com o
vendedor.
Morrison levantou uma das mãos carnudas, para concluir a discussão.
— Tudo bem, ouvi tudo o que você disse, David. Mas acho que Jim
também tem razão. Não podemos nos arriscar a nos indispor com nossos
clientes, só para provar uma teoria.
— Não estou apenas defendendo uma teoria. Tudo o que contei a
vocês, vi com os meus próprios olhos.
Ele levantou a mão, mais uma vez, e olhou-me:
— Entendi. E acho que sua explicação tem mérito. Eis o que quero que
façamos, prosseguiu Morrison. David, quero que você prossiga com sua audito-
ria. Forme uma equipe, se precisar. Dou minha autorização para qualquer coisa
de que precisar. Crie um piano para o que deseja fazer. Enquanto isso, antes de
arriscarmos nossa reputação, quero que você prove sua teoria primeiro na
região Central. Eles já têm o pior desempenho, de qualquerjeito; portanto, se
138 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
suas idéias não derem certo ... bem, o que teremos a perder? E já que a Central
tem sua base aqui em Chicago, podemos controlar de perto o que está
acontecendo. Se percebermos melhorias significativas, então vamos conversar
sobre fazer o mesmo na empresa como um todo.
Morrison terminou a reunião, mas me pediu para ficar um instante. A
primeira coisa que disse foi:
— Você tem de conseguir um aumento no nosso faturamento.
— Eu gostaria, e muito, repliquei.
— Não sei quanto tempo ainda nos resta,
— Como assim?
— Quero dizer, precisamos de um aumento no faturamento. E logo.
Ele obviamente não queria dizer nada além disso.
— Bem, disse eu. Acho que a idéia de começar com a região Central é
excelente, mas isso significa que 4/5 das nossas vendas não serão afetados por
algum tempo. Vai ser difícil mostrar um aumento esse ano, quando temos ...
bem, como disse antes, tamanha salada.
— Eu poderia ter lhe dado um chute por causa disso, observou
Morrison. Eu realmente aprovei o plano de Cherson. Não posso condená-lo em
público. Fiz até a diretoria acreditar que essa jogada nos ajudaria. O que estou
dizendo? Eu acreditei que era a coisa certa a fazer. Se fizermos mudanças
agora, precisamos fazê-las discretamente. Enquanto isso, preciso daquele au-
mento na receita de vendas, e no faturamento.
— Alguma coisa está ameaçando-o?
Ele não disse nada, mas balançou a cabeça.
— Você não pode falar sobre isso?
Morrison assentiu com a cabeça.
— Vou fazer o possível, prometi a ele.
— Faça mais que isso, ordenou Morrison. Consiga um aumento do
faturamento no próximo trimestre. Se conseguir, vou pensar em tornar seu cargo
permanente.
Ele não ia dizer mais nada, mas eu sabia que alguma coisa importante
estava preocupando-o. No final do dia, soube o que era. Naquela tarde, a
Elemenco liberou o relatório sobre os lucros do quarto trimestre para os
acionistas. Não houve lucro algum. Foi a pior perda trimestral da história da
empresa.
Recebi luz verde de Morrison para mudar a força de vendas da região
Central e não queria perder tempo. Reuni-me com Ann Lansky naquela
mesma tarde.
— A melhor parte de tudo é que temos carta branca, disse a ela. Não
precisamos agir de acordo coni o plano ou com as políticas organizacionais de
Cherson. Precisamos apenas apresentar resultados.
Percebi um leve levantar de seu queixo, devido ao plural. Ela aparen-
temente não se incomodou. Parecia que formávamos realmente uma equipe.
— Tudo bem. Por onde começamos? perguntou ela.
— Vamos fazer uma distinção entre negócios atuais e futuros. Acho
que nossa prioridade número um deve ser cuidar dos nossos atuais clientes.
Precisamos pesquisar a base de clientes que já temos, determinar o tipo de
mercado ein que se encontram e o tipo de vendedor de que cada um precisa.
— Tudo bem, mas como vamos determinar isso? espantou-se. Temos
mais de quinhentos clientes só na grande Chicago e cinco vezes mais no resto da
região. Você vai ter de se encontrar pessoalmente com cada um?
— É óbvio que não poderei fazer isso. Será que podíamos conseguir a
colaboração dos próprios vendedores? Talvez eles pudessem ajudar-nos.
— É uma boa idéia, mas eles não vão saber diferenciar alta tecnologia
de baixa tecnologia, a menos que você lhes dé alguma instrução. Mesmo assim,
como saber se não haverá um julgamento parcial deles?
Pensei por um minuto.
— Bem, falei a ela, na dúvida, nada melhor do que fazer perguntas. O
que podemos fazer é criar um conjunto de perguntas genéricas que nos indica-
rão o tipo de cada cliente. Sem entrar em grandes explicações, vamos distribuir
140 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
essas perguntas ao pessoal da força de vendas e pedir que eles respondam a uni
questionário...
— Não para todos os clientes, espero, objetou Ann. Quero que sobre
tempo para eles venderem esse mês.
— Tudo bem, cada um vai escolher suas dez melhores contas e talvez
seus cinco ou dez atuais potenciais clientes, disse. Depois, no mês que vem, eles
podem nos dar os próxiinos dez ouvinte, e assim por diante. Nesse meio tempo,
vamos tentar educá-los, gradativamente, sobre o que estamos fazendo. Depois
de um tempo, principalmente para os mais espertos, as perguntas se tornarão de
segunda natureza e eles saberão o que procurar.
— E se eles escreverem as respostas erradas? preocupou-se.
Descartei essa hipótese:
— Nem todas as respostas vão estar erradas e não esperamos perfei-
ção. Pelo menos, isso vai fazer coin que as coisas comecem a caminhar na
direção certa. A essa altura, e isso que importa.
Fui para casa naquela noite e comecei a esboçar unia lista de vinte
frases verdadeiras ou falsas, que serviria de teste para descobrir quem se
encaixava aonde. Eis a lista:
Verdadeiro ou falso:
1. Esse cliente depende da nossa reputação de excelência técnica,
e não do seu know-how interno, para avaliar produtos e serviços.
2. Esse cliente reconhece que a qualidade da nossa assistência
técnica e acompanhamento é mais importante do que o preço.
3. Para esse cliente, o preço não importa tanto, desde que as vanta-
gens que prometemos sejam compensadoras.
4. O que estamos vendendo para esse cliente tem de ser projetado
de acordo coni as suas necessidades.
5. O produto que vendemos a esse cliente é fabricado, especial
mente, de acordo com as suas necessidades.
6. Esse cliente tem uni procedimento estabelecido para avaliar e
comprar nossos produtos.
7. Esse cliente pensa que sabe tanto quanto nós sobre o que está
comprando, ou, pelo menos, tanto quanto precisa saber.
8. O produto ou serviço, que vendemos a esse cliente, é tão aceito
e estabelecido que passar sem ele seria uni grande problema.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 141
9. Há três ou mais empresas oferecendo um tipo de produto ou ser-
viço equivalente ao que vendemos a esse cliente.
10. Esse cliente nos faz pedidos de ítens que saem direto da pratelei-
ra.
11. Esse cliente espera um contato regular, não apenas um telefone-
ma ou reunião quando deseja que você anote seu pedido.
12. Foi necessário um tempo relativamente longo para que esse
cliente confiasse em nós.
13. Esse cliente, as vezes, fala sobre negócios ou assuntos pessoais,
que não estão diretamente relacionados à venda imediata.
14. Para esse cliente, o serviço pessoal é mais importante do que
obter o menor preço possível.
15. Esse cliente espera que estejamos cientes de algumas questões
detalhadas, relacionadas a ele, e que prestemos atenção a essas
questões.
16. Fora algum papo esporádico, as conversas com esse cliente con-
centram-se no produto que estamos vendendo a ele.
17. Se esse cliente for comprar de nós, comprará dentro de um ou
dois contatos diretos conosco.
18. Esse cliente coinpra nosso produto "como é" e não espera que o
instalemos, ou adaptemos especialmente as suas necessidades.
19. O contato coin esse cliente destina-se, principalmente, a tornar
mais conveniente e provável para ele fazer um pedido, e não a
discutir status ou aprender novas informações.
20. Depois de anotado o pedido, esse cliente precisará de ajuda de
nossa parte apenas se houver um problema de garantia.
mexeu o tempo todo. Para mantê-lo ocupado, perguntei sobre seu fim de
semana em Palm Beach. Acabou que seu vôo para a Flórida fora cancelado,
mas o danado conseguira lugar no último vôo daquela noite saindo de O'Hara,
que o levara a Atlanta, onde ele pudera pegar uma conexão.
Quando chegamos a Oak Forest, o chefe de pesquisa proporcionou-
nos uma grande visita. A maioria do trabalho ali tinha a ver com refinamentos
feitos em produtos existentes e criação de novas versões desses produtos. A
primeira coisa que vimos foi o computador 486, que a Elemenco estava
desenvolvendo; basicamente uma nova geração mais poderosa da mesma
tecnologia já existente no mercado. Aaron ficou entediado. Mas, no final do
corredor, encontramos um projeto que o deixou bastante animado.
O motivo da sua animação era algo que se parecia com um pedacinho
de vidro. Na verdade, era um novo tipo de cristal artificial. Eu quase não
conseguia vê-lo, no meio de tanto aparato. Por que isso era interessante?
Porque esse pequeno cristal, depois de maiores desenvolvimentos, poderia se
tornar para a computação ótica o que o transistor foi para a computação
eletrônica nos anos 50. Na verdade, o cristal poderia se tornar mais valioso do
que um diamante, ou tão sem valor quanto uma lasca de vidro do mesmo
tamanho. Ninguém teria conhecimento disso, pelo menos nos próximos anos.
Naquela ocasião, tínhamos um equipamento que os engenheiros cha-
mavam de MAXADIL, acrônimo de palavras que eu nunca decorei. Mas era
um "motor" básico que permitiria a um sistema deixar você ligar de casa, a
qualquer hora do dia, discar um código e obter, no sistema, o filme que quisesse
assistir. O MAXADIL podia transmitir simultaneamente 512 filmes, a partir de
um disco a laser, suportar até 32.700 assinantes individuais, pagando por filme
que vissem e, para obter maior capacidade, era possível encadear em forma de
margarida uma série de unidades MAXADIL.
— Não precisa ser um filme, precisa? indagou Aaron.
— Não, disse o engenheiro-chefe. Poderia ser qualquer tipo de pro-
gramação. Videotexto. Programação legal, técnica, educacional, qualquer coi-
sa. Mas os filmes são a maior atração, na nossa opinião.
— Portanto, como cliente, se eu de repente tiver uni desejo incontrolável
de assistir Casablanca as duas da manhã, tudo o que tenho a fazer é digitar o
código e o filme passará na minha televisão? perguntou Aaron.
— Exatamente, desde que faça parte do sistema, explicou o engenhei-
146 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
ro. Você pode assistir aquantos filmes quiser e não precisa devolver as fitas no
diaseguinte.
— Muito interessante, observou Aaron. Muito interessante mesmo.
Ele andou em frente à unidade de teste do MAXADIL, uma caixa
cinza encouraçada, aproximadamente do tamanho de uma geladeira e, visual-
mente, quase tão desinteressante quanto.
— Isso tem muitas possibilidades, disse-me Aaron.
— Quando vocês acham que podemos começar a vender isso? per-
guntei ao engenheiro.
— Essa parte agora é basicamente funcional, respondeu. Estamos
fazendo os testes finais. Diria que precisamos de, pelo menos, mais algumas
semanas.
— Semanas? Você disse semanas? interrompeu Aaron. Bem, o que
estamos esperando? Vamos vender alguns!
— Bem, mas para desenvolver o sistema inteiro ...
— Por que perder tempo desenvolvendo todo o sistema? questionou
Aaron. Temos o ingrediente-chave. Vamos lançá-lo no mercado, deixar que
alguém assuma o risco de desenvolver o pacote inteiro, quem sabe aprender
com seus erros, e depois lançar nossa própria versão, daqui a um ou dois anos.
Ou não, dependendo do mercado.
— As duas opções são arriscadas, disse eu.
— Nossa empresa precisa de vendas agora, enfatizou Aaron.
— Verdade, concordei.
Ele estava animado quando saímos do centro de P&D; ao caminhar-
mos para o carro, suas mãos gesticulavam para lá e para cá.
— Vou dizer-lhe uma coisa, o PowerCase é um bom produto, mas é
café pequeno se comparado a algumas das coisas nas quais poderíamos estar
investindo, afirmou. David, se quisermos que essa empresa cresça, tudo o que
temos a fazer é livrar-nos de coisas como cabos e conectores, a linha de PCs,
até mesmo os telefones celulares. Jogar tudo fora. Isso é tudo tecnologia do
passado. Vendemos hoje e empregamos o capital em tecnologia emergente,
como o MAXADIL.
Era o que eu esperava que dissesse. Se a Elemenco fosse sua, tenho
certeza de que era isso que teria feito. Mas o mercado de um fechador é, muitas
vezes, apenas 1 ou 2% do potencial total. Não tinha muita certeza se um
A SOLUÇÃO QUADRANTE 147
mercado tão pequeno seria capaz de suportar uma empresa do nosso tamanho.
Além disso, havia três outros mercados a considerar.
Componentes de motor
Radar de navegação
Amortecedores padrão
Produção
Quando o maître nos disse que nossa mesa estava pronta, fiquei feliz
por me livrar do assunto. Começamos a contar piadas e histórias e, no geral, nos
divertimos. Mais tarde, fora do restaurante, Joe Willis apertou minha mão,
A SOLUÇÃO QUADRANTE 163
Voltei para minha sala e liguei para Reed Morrison, a fim de descobrir
meu verdadeiro status, mas ele não estava atendendo ninguém. Na verdade,
tentei diversas vezes, mas Morrison só me ligou no final do dia seguinte.
— Qual é o problema? perguntou-me Morrison. Tenho uma série de
coisas para resolver.
Quando perguntei-lhe sobre Gene Cherson e sobre quem seria o di-
retor de marketing, ele disse:
— David, eu tive de devolver-lhe o cargo. Quer dizer, ele estava de
licença médica. O cargo é dele. Ele trabalha na empresa há ... Sei lá, muito
170 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
tempo. Olhe, tente trabalhar com ele. Foi por isso que eu convidei você para
trabalhar conosco.
— Mas ele já está ameaçando desfazer tudo o que eu fiz na Região
Central!exclamei.
— Tudo bem. Voupedir para ele não mexernisso. Mais alguma coisa?
— Para ser sincero, não sei o que vou poder fazer com Gene de volta,
respondi-lhe. Acho que ele vai tentar me sabotar.
Ouvi Morrison suspirar do outro lado da linha,
— Não se preocupe, você está protegido, tranqüilizou-me. Bem,
tenho de desligar. Tenho de fazer outras ligações.
—Ele disse que estamos protegidos, contei a Ann. Vamos tocar para frente.
— O que a volta de Gene significa para você?
—Talvez Gene e eu nunca sejamos amigos, mas desde que Morrison
seja presidente, e desde que apresentemos um aumento nas vendas da sua
região, não temos com o que nos preocupar. Tudo o que me resta fazer é
concentrar-me no nosso projeto e no que eu fui contratado para fazer, desen-
volvimento de produtos. Talvez precise trabalhar menos do que venho traba-
lhando, disse: e, olhando para a bagunça do quarto, acrescentei:
—Talvez sobre até tempo para arrumar minha casa de vez em quando.
Estava ligando para ela do apartamento da empresa, que continuava
sendo minha casa e escritório depois do expediente.
Anndisse:
— Ainda está procurando casa?
— Sim e não. Quero comprar uma casa. Mas não tenho tido tempo de
procurar. Por que está perguntando?
— Porque tem uma à venda aqui por perto. Você gosta de morar na
cidade?
— Bem, sei, com toda certeza, que não quero ter um rancho fora da
cidade. Teria de contratar um jardineiro para cuidar da grama, senão os vizinhos
me expulsariam. Como é que ficou sabendo dessa casa?
— Fica perto daqui, logo depois da esquina. Sou amiga da dona,
explicou-me. Ela foi transferida para Denver. Se quiser, posso providenciar
para que você veja a casa.
— Claro. Por que não?
— Se comprá-la, poderemos ir para o trabalho juntos, de carro,disse ela.
172 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Você sabe como fomentar os boatos, não é mesmo?
Talvez tenha tocado num ponto fraco; ela não disse mais nada. Eu
mudei de assunto.
— Como estão se saindo as equipes, com relação àqueles planos de
negócios que deveriam desenvolver?
— Acho que iião levaram muito a sério, não, arriscou ela.
— Bem, vamos marcar algumas reuniões para que comecem a encarar
a coisa com seriedade.
Conversamos um pouco mais sobre amenidades e depois nos demos
boa-noite. Fui até a cozinha, para ver se havia alguma coisa no freezer que
pudesse descongelar no microondas.
Aaron Abbott passou pela minha sala. Aaron viajava a maior parte do
tempo; portanto, era raro vê-lo. Mas não era uma visita totalmente inesperada.
Conforme havia dito, Gene Cherson estava se mexendo para ver se conseguia
renegociar o contrato com a Diamond Skies. Logo que vi Aaron, percebi que
sua visita tinha alguma coisa a ver com isso. Minhas defesas se armaram
imediatamente, pois não tinha a mínima intenção de me meter nisso.
— Jim Woller e eu vamos almoçar juntos. Por que você não vem
conosco? convidou-me.
Estava pronto para dizer que estaria ocupado, mas saber que Woller
ia também fez-me hesitar. Decidi ser direto.
— Isso tem alguma coisa a ver com a Diamond Skies?
Aaron riu e disse:
— Não, não. Essa questão está sob controle. Quero conversar com
vocês dois sobre alguns novos negócios.
— Que tipo de novos negócios?
— Bem, venha almoçar com a gente e saberá, disse ele. E, como eu
aindaestivessehesitante, insistiu:
— Vamos lá! Prometo que vai valer a pena.
Ele veio para o lado da mesa e pegou minha mão, puxando-me até que
eu me levantasse.
— Vai lhe fazer bem sair da cidade por algumas horas.
— Sair da cidade?
Ele me disse onde iríamos. Era um country club que tinha privilégios
A SOLUÇÃO QUADRANTE 173
recíprocos com seu próprio clube na Nova Inglaterra, mas eu sabia que ficava lá
para cima, perto de Lake Forest.
— É muito longe, não é?
— Não se preocupe. Estaremos produzindo, argumentou. Quero
mostrar-lhealgo.
— Mas o que é?
— Surpresa.
Woller juntou-se a nós no corredor e saímos. No elevador, Aaron
anunciou que ele dirigiria. Andamos com ele até seu carro, que estava na
garagem do prédio. Eu estava esperando um dos tradicionais sedãs da empresa,
mas nos dirigimos a um Audi V8 Quattro preto, um carro de aproximadamente
50.000 dólares.
— É seu? perguntou Woller.
— Nosso, corrigiu ele.
— Todos os vendedores vão ganhar um? perguntei.
Aaron pareceu ler meu pensamento.
— Não, mas não se preocupe. Eu falei com Morrison sobre o assunto.
Ele aprovou. Eu disse a ele que achava que precisávamos de algo com uni
pouco mais de tchã do que o carro típico da empresa, como plataforma de
vendas.
— Como assim?
— Esse é nosso carro de exibição. Vamos lá, entrem.
Jim Woller entrou atrás e eu, no banco da frente. Depois de sentar-se
no banco do motorista, Aaron começou a mostrar as maravilhas do carro.
Havia pedido aos nossos engenheiros de desenvolvimento que mexessem no
painel do carro. O porta-luvas tradicional foi substituído por um compartimento
a chave, na porta do motorista. No painel do lado do passageiro, havia uma
bandeja com uma série de conectores ao fundo. Foi onde Aaron colocou seu
PowerCase, empurrando-o cuidadosamente para que fossem feitas as cone-
xões de energia e dados.
— Olhem só, disse Aaron, apontando para um pequeno joystick que
estava ao lado do rádio.
Logo que ele o tocou, a bandeja começou a mover-se. Os motores
posicionaram o PowerCase de forma que Aaron pudesse usá-lo, enquanto
dirigia. Para o passageiro, eu, nesse caso, ficava apertado. Tinha que manter as
pernas esticadas para não esbarrar na bandeja.
174 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Estão vendo? É um escritório executivo completo, sobre quatro
rodas, afirmou Aaron. Logo que vi o PowerCase e ouvi falar do PowerSeat,
sabia que bastava adaptar a tecnologia ao carro, para ter uma nova mina de
ouro.
Quando saímos da garagem, Aaron ainda estava explicando os recur-
sos. Lá fora, estava um dia chuvoso e úmido de abril. Na estrada, vi que minha
mão direita instintivamente agarrava a maçaneta da porta. Ele era um motorista
destemido, que usava a potência do carro e a direção superior para costurar
pelo tráfego, com a pista molhada.
Logo que o trânsito deu-lhe alguma chance, Aaron começou a usar o
telefone, um dos nossos, por ele transformado, num viva-voz que permitia
discar sem o uso da mão, primeiro para fazer reservas no clube para onde
estávamos indo e depois para trabalhar mesmo. Eu tinha menos curiosidade
pela tecnologia do que pela forma que ele estava usando para vendê-la.
Ouvi enquanto ele tentava marcar alguns encontros na Costa Leste,
para a semana seguinte. Em uma das ligações, a mulher com quem ele estava
falando cortou-o de forma bastante rude e desligou o telefone.
— Isso lhe deixa chateado? perguntei.
—Normalmente, não, disse Aaron. Considero-me um jogador co-mo
Babe Ruth, em termos da minha média de pontos em vendas. Quando Ba-be
Ruth jogava beisebol, geralmente era eliminado ou fazia uma belajogada.
— É mesmo?
— Bem, foi isso que me disseram, falou Aaron. Como vocês sabem,
Babe não é da minha época. De qualquer forma, é assim que me vejo como
vendedor. Ou faço uma bela jogada ou sou eliminado no ato. Felizmente, as
pessoas não se lembram de todas as vezes que fui eliminado. Lembram-se
apenas das belas jogadas.
Pelo que eu deduzi, uma grande porcentagem dos telefonemas era
para possíveis clientes, contatando pessoas que ele nunca tinha visto antes,
embora conhecesse bastante gente através da sua rede de alto nível. Usava seu
nome favoravelmente, e o nosso também. Se alguém reconhecesse seu nome ou
o nosso, isso lhe dava alguns minutos para descobrir se havia uma oportunidade
de venda.
Ele era muito bom. Era capaz de qualificar a pessoa do outro lado da
linha com uma ou duas perguntas, descobrindo se a pessoa ou a empresa tinha
recursos para comprar da gente e se tínhamos alguma coisa que justificasse o
A SOLUÇÃO QUADRANTE 175
tempo que ele gastaria, tentando vender para eles. Ouvi-o usar uma dúzia de
frases, cada uma adaptada ao contexto da conversa, que tanto testavam quanto
seduziam o possível comprador.
Numa determinada altura, ele disse para a pessoa do outro lado da
linha: "Diga-me, o que foi mesmo que você gostou a princípio no atual sistema?'
A resposta foi tecnologia comprovada e custo do sistema. Outra
pergunta indicou que a pessoa estava satisfeita com o desempenho e que
esperava três ou mais anos de serviços do sistema; e, logo depois disso, Aaron
gentilmente concluiu o telefonema.
— Por que você não insistiu com o cara para vê-lo? perguntei-lhe.
— Em primeiro lugar, eu nunca insisto, disse ele. Atraio as pessoas
para a venda, mas nunca insisto, Com base no que o cara disse, eu soube que
ele nunca comprará nada que possa justificar o tempo que eu iria gastar para me
encontrar com ele. Por que gastar o tempo dele e o meu? Quando estou
trabalhando, começo de manhã e vou até ... bem, quando tenho um jantar de
negócios, as vezes até nove, dez horas da noite. Sempre que ligo para uma
pessoa, eu me faço a mesma pergunta: "Vale a pena gastar meu tempo com essa
pessoa?" Se não, passo adiante rapidamente.
E com isso Aaron telefonou a um novo possível cliente, que mencio-
nou estar preocupado, pois sua empresa não conseguia manter contato com as
pessoas que estavam fora, viajando entre os diversos escritórios da empresa.
Aaron marcou um encontro com ele mais para o final da semana.
Nesse meio tempo, Aaron estava usando seu horário de almoço para
vender internamente, para mim e para Woller.
— Sabe, mesmo tendo saído para almoçar, nós três podemos ficar em
contato com o escritório. Podemos consultar os números de uma planilha.
Podemos enviar e receber documentos, aqui mesmo no carro. Deixem-me
mostrar-lhes. Dêem-me alguma coisa que eu possa mandar pelo fax.
Ele estava procurando um pedaço de papel, justo quando ultrapassá-
vamos um caminhão enorme.
— Tudo bem, Aaron, intervi, olhando as enormes rodas girando do
nosso lado. Acredito em você. Já vi um fax funcionando.
— Olhe, Jim, tente fazer uma ligação, insistiu Aaron. Ligue para o
escritório e verifique seus recados. .
Enquanto Jim fazia isso, Aaron dizia:
— Sabe, isso vai ser um estouro. Tenho a intuição de que o escritório
176 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
sobre quatro rodas será a próxima coqueluche.
— O que você quer vender exatamente? perguntou-lhe Jim.
— O pacote inteiro, disse Aaron. Só precisamos da patente do
mecanismo da bandeja para começar a vender o equipamento, a qualquer
revendedor que negocie carros de luxo.
Eu estava dividido; metade de mim tinha dúvidas, a outra metade
queria comprar a idéia.
— Jim, o que você acha? perguntei-lhe.
— Acho que tem potencial.
Finalmente, eu me posicionei:
— Tudo bem, vou conseguir alguém que faça uma análise do ponto de
equilíbrio e vamos ver o que podemos fazer para conseguir colocar o produto
no mercado.
Chegamos ao country club, que obviamente não era no campo, e sim
no subúrbio, e pedimos o almoço. Pedi salmão grelhado, recostei-me e tive a
esperança de que pudesse relaxar e divertir-me. Contudo, havia mais na agenda
de Aaron do que carros para exibição e venda da nossa versão do escritório
sobre quatro rodas.
Jim Woller pediu licença para ir ao banheiro e, assim que ele saiu,
Aaron perguntou-me a queima-roupa:
— Você tem alguma idéia da razão pela qual Gene Clierson está se
metendo no contrato com a Diamond Skies?
— Achei que você tinha dito que isso estava sob controle.
— Eu disse. Queria só saber o que fez com que ele começasse a
questionar o sucesso.
— Você devia perguntar a Jim Woller, apontei. Ele trabalha mais perto
de Gene do que eu.
Eu realmente não queria me envolver.
— Mas eu achei que você talvez tivesse uma idéia mais objetiva,
obstinou-se Aaron.
Depus meu garfo de salada.
— Tudo bem, se você quer saber minha opinião, acho que Gene pensa
que perdeu o controle. Acho que ele está apenas tentando reafirmar sua
influência.
— Bem, ele escolheu uma forma louca de fazê-lo, acusou Aaron. Sabe
que porcentagem do mercado provavelmente compraria, atualmente, unia idéia
A SOLUÇÃO QUADRANTE 177
como o PowerSeat? Cerca de 2%. É a minha estimativa, 2%, se tivéssemos
sorte. E ele querjogar isso fora, porque o negócio não é suficientemente grande!
— Eu sei, concordei com ele. Entendo seu ponto.
— Sabia que entenderia, porque você aprovou o acordo quando lhe
contei, continuou Aaron. Olha só o que eu gostaria de fazer. Gostaria que
trabalhássemos juntos nesse projeto. Sei que Morrison deu imunidade, por
assim dizer, a Região Central com relação ao plano organizacionalde Gene. Sei
disso porque o próprio Morrison sugeriu que eu conversasse coni você. Por que
não sugerimos a Eddie Matt, ou ao seu pessoal técnico, que insistam para que a
assistência técnica seja feita fora de Chicago? Provavelmente, é onde deverá ser
feita, de qualquer forma. Assim, poderíamos dizer que faz parte da suaexperi-
nientação. O acordo ficaintacto, todo mundo sai ganhando.
Estava começando a me envolver, quisesse ou não.
— Tudo bem, concordo. Sei que precisamos do negócio.
— E não há a mínima necessidade de dizer nada disso ao Jim, por ora,
certo?
Nem cheguei a responder, porque Woller estava chegando exatamen-
te naquele momento.
—Claro.
— Sinceramente, não gostaria que você tivesse um PowerCase a
menos que obtivesse um retorno sobre o investimento, concluiu Aaron. Sheldon,
quantas pessoas da sua empresa viajam regularmente e estão fora do escritório
mais de três dias por mês?
— Talvez umas 24, disse Sheldon.
— Portanto, 24 e mais você, acrescentou Aaron. Agora, quero que
você saiba que essa é uma oferta que não faço todos os dias. E estou lhe
fazendo essa oferta hoje; só hoje. Invistaem 25 unidades do PowerCase hoje e
eu deixarei vocês testarem as máquinas sem qualquer compromisso. Experi-
mente durante noventa dias e, se não estiverem usando o equipamento de forma
produtiva, que ajude a aumentar a lucratividade da empresa, compro os 25 de
volta. É uma proposta irrecusávei.
— E quanto a configuração do equipamento? perguntou Sheldon.
— Espero, de coração, que vocês não tenham nenhum problema,
respondeu-lhe Aaron. O PowerCase foi feito tendo em vista a simplicidade.
Nossa documentação foi elogiada por todos os clientes com quem tenho falado
e há uma linha direta de suporte para a qual sua secretária poderá ligar se tiver
uma ou duas dúvidas. Além disso, você tem minha oferta de recompra. Sheldon,
você não pode perder essa, de forma alguma. Estou falando sério! Posso
marcar a entrega para o dia primeiro ou você precisa do equipamento antes?
Uma pausa. Nenhuma palavra de Aaron. Sheldon coçou o queixo
novamente.
— Gostaria de recebê-los antes, se possível, disse ele por fim.
— Deixe-meverificarcomo pessoal daentrega,propôs disse Aaron.
Tive de fazer um esforço consciente para não deixar meu queixo cair.
Ele estava comprando as máquinas! Fiz rapidamente um cálculo mental:
19.000,00 dólares vezes 25 era igual a 475 .000,00 dólares. Meio milhão de dólares
ou quase isso, só por termos parado paraver Sheldon, depois do almoço.
Ao apertar uma tecla, Aaron fez com que o PowerCase imprimisse um
acordo de venda, o que impressionou Sheldon ainda mais, convencendo-o de
que tinha tomado a decisão certa.
— Só preciso da sua assinatura aqui, mostrou Aaron.
E fomos embora. Jim estava esperando no carro. Acho que para
provar que nossos produtos realmente tinham seu mérito, ele chegou até a
trabalhar, lançando mão do telefone.
182 HOWARD STEVENS E JEFF COX
1. Criação de imagem
2. Geração de oportunidade de venda Pré-venda
3. Qualificação
4. Apresentação
5. Respostas às objeções Venda
6. Fechamento
Venda de fechamento
1. Criação da imagem
Projetar e demonstrar alto desempenho, singularidade,
inovação.
Usar pessoas de destaque.
Demonstrar conhecimento de tecnologia de ponta.
3. Qualificação
A maioria dos clientes potenciais questiona a necessidade bási-
ca ou benefício do produto (mercado frio).
Procurar o abre-alas disposto a correr riscos, animado pela
visão de uma grande oportunidade.
O responsável pela decisão final terá controle total do orçamen-
to, que será comprometido à venda.
4. Apresentação
Geralmente face-a-face.
Deve ser teatral, animada.
Demonstrar o produto.
Mostrar a singularidade do produto.
Ajudar os clientes potenciais a se verem gozando dos benefícios
(ou seja, criar o sonho).
Resultado da apresentação: o benefício realmente vale a pena.
5. Resposta às objeções
Objeção: o cliente questiona a necessidade do produto.
188 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
Resposta: os fechadores demonstram a oportunidade e o retor
no sobre investimento, e dão aos clientes potenciais a "permis-
são de comprar".
6. Fechamento
Fazer uma solicitação imediata do pedido.
Oferecer um período de tempo limitado para compra (enfatizar
o risco de perder a oportunidade).
Observar a disponibilidade restrita.
8. Serviço ao cliente
Devolver o dinheiro, substituir o produto se o cliente não estiver
satisfeito.
Venda consultiva
1. Criação da imagem
Usar uma abordagem de equipe de alto nível.
Ser profissional, especializado, competente.
Criar credibilidade técnica.
3. Qualificação
A maioria dos clientes potenciais é indiferente (ou seja, eles a-
creditam nos benefícios de melhores informações e comunica-
ções, mas não têm certeza se a nossa tecnologia é a melhor
forma de conseguir tudo isso).
Os clientes potenciais precisam, pelo menos, estar abertos a
novos métodos de se realizarem os benefícios prometidos.
190 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
4, Apresentação
Demonstrar o conceito inicial aos responsáveis pela tomada
de decisão de alto nível.
Educar o cliente com relação aos conceitos básicos.
Oferecer suporte de história de casos.
Oferecer uma equipe para projetar uma solução feita de acordo
com as necessidades do cliente potencial.
Resultado da apresentação: nossos métodos realmente produ-
zem beneficios/resultados.
5. Resposta às objeções
Objeção: os clientes (principalmente os gerentes de linha)
preocupar-se-ão com a interrupção das operações.
Resposta: você deve convencê-los de que as melhorias longo
prazo serão mais do que compensadoras, apesar do inconveni-
ente da interrupção.
6. Fechamento
Concordar com um conceito ou teste-piloto.
Assinar acordos contratuais.
Desenvolver cronogramas para o projeto aceitáveis para o
cliente.
8. Serviço ao cliente
Projetar e instalar o sistema.
Treinar os usuários do cliente.
Prover acompanhamento de manutenção do sistema.
Monitorar os benefícios, para demonstrar a sábia decisão do
cliente e encontrar área para aprimoramento futuro.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 797
Venda de relacionamento
1. Criação da imagem
Projetar nossa confiabilidade, lealdade aos clientes estabeleci-
dos.
Enfatizar o serviço não-burocrático e pessoal.
Mostrar que somos atenciosos e cordiais e que entendemos que
"eles querem saber o quanto nos importamos, antes de se
importarem com o quanto sabemos".
Demonstrar conhecimento do produto, cliente e mercado.
192 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
2. Geração de oportunidade de venda
Oferecer um serviço de graça (uma auditoria, análise,avaliação,
verificação etc.).
Tratar os clientes potenciais como clientes, até que se tornem
clientes.
3. Qualificação
A maioria dos clientes potenciais acredita nos produtos, mas
não têm certeza se somos os melhores fornecedores (mercado
morno).
A maioria dos clientes potenciais questiona a nossa capacida-
de ou compromisso em oferecer o serviço adicional.
4. Apresentação
Demonstrar recursos.
Cultivarrelacionamentos pessoais.
Demonstrar compromissos pessoais, bem como da empresa.
Oferecer outros relacionamentos com clientes, como prova
confirmatóna.
Resultado da apresentação: somos o melhor fornecedor.
5. Resposta às objeções
Objeção: o cliente provavelmente invocará a objeção "não-
inventado-aqui".
Resposta: convencer o cliente de que oferecemos o que há de
melhor em entrega e das vantagens de fazer negócio conosco.
6. Fechamento
Técnica de fechamento aceitável: um aperto de mão.
Desenvolver relacionamentos pessoais face-a-face.
Resposta rápida as necessidades do cliente.
8. Serviço ao cliente
Técnicas de fornecimento de serviço de primeira linha.
Ênfase na facilidade de acesso aos gerentes de contas-chave.
Linhas diretas e sistemas internos para resposta rápida.
coisa que Charlie tinha feito, quando Bob Lilly teve aquele problema de
software.
Numa determinada altura, Charlie disse:
— No nosso lado do mercado, é tanto uma batalha de corações
quanto uma batalha de mentes.
Venda de mostruário
1. Criação da imagem
Ser visto como o fornecedor dominante.
Observar os padrões: qualidade confiável e aceitável.
Oferecer bom preço e conveniência.
3. Qualificação
Os clientes sabem o que querem ou precisam do produto
(mercado quente).
O mercado questionará os recursos e opções do fornecedor.
Convencer os clientes que oferecemos a melhor forma de
satisfazer suas necessidades.
A SOLUÇÃO QUADRANTE 195
4. Apresentação
Enfatizar o recurso flexível e embalagem opcional.
Incluir catálogos e mostruários nos pontos de venda.
Enfatizar a facilidade ou conveniência da compra e entrega,
bem como a vantagem do preço.
Resultado da apresentação: oferecemos a melhor opção de
compra.
5. Resposta às objeções
Objeção: Compradores, muitas vezes apegados a hábitos
consagrados, podem dizer: "Esta não é a maneira que sempre
fizemos as coisas".
Resposta: convença o cliente de que oferecemos a melhor
opção de compra e faça o comprador ser bem visto na sua
empresa por ter nos dado o pedido.
6. Fechamento
Oferecer promoções de vendas.
Prover serviço de pedidos por telefone.
Manter negociações de contrato anuais.
Aceitar cartões de crédito ou oferecer condições favoráveis.
8. Serviço ao cliente
Aceitar devoluções, providencia substituições.
Automatizar monitoração de entregas, compartilhar informa-
ções.
Fazer previsões sobre uso conjunto.
Indivíduos de destaque
Ênfase em pesquisa e desenvolvimento
A SOLUÇÃO QUADRANTE 213
Ares teatrais
Otimismoeanimação
Esforços de cruzada
— E que tal essa abordagem para nossa empresa? Devemos tentar ser
esse tipo de empresa? Se quisermos nos dar bem com produtos de baixa
214 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
tecnologia e alto contato, como as nossas redes menos avançadas e estações de
trabalho, temos de tentar. Mas não estamos sendo puxados em apenas três
direções, também temos produtos em um quarto mercado, o que significa que
precisamos de um quarto tipo de abordagem.
— O que estou lhes dizendo é que a Elemenco não tem uma aborda-
gem. Somos uma empresasem abordagem, argumentei. E é esse o cerne da
maioria dos nossos problemas. Poderíamos tentar encontrar o equilíbrio certo,
em projeto, marketing, vendas, produção, para cada produto que vendemos.
Mas, na minha opinião, isso seria perda de tempo. Acho que o problema de
estoque, que estamos tendo, é apenas outro sintoma do equívoco global de que
a Elemenco pode ser tudo para todos os clientes. Antes de continuarmos,
precisamos responder a uma pergunta muito mais fundamental: quem somos
nós? Temos de decidir o tipo de empresa que a Elemenco deve ser.
As cabeças se viraram para Morrison, que estava sorvendo tudo isso,
e que finalmente disse:
— Acho que entendo o que você quer dizer, David.
Então, para minha surpresa, ele suspendeu a reunião, para todos,
exceto eu, Gene e Jim. Quando a sala ficou vazia, Morrison pediu-me para
fechar a porta, de forma que tivéssemos privacidade.
— Estamos prestes a discutir algumas estratégias e eu não queria que
algum boato sobre isso circulasse antes da hora, disse Morrison. Quero discutir
isso confidencialmente, só com vocês três. Tudo bem, David. A palavra é toda
sua novamente. O que você recomenda exatamente?
— Tenho um plano específico de quatro etapas, respondi.
— Quais são elas?
A SOLUÇÃO QUADRANTE 215
— Em primeiro lugar, continuamos com a abordagem que adotamos
na Região Central e a expandimos nacionalmente, de modo a incluir as outras
regiões.
— Bom. E que mais?
— Com base na análise que fiz para descobrir onde estamos e onde
não estamos realmente conseguindo nosso ganho, continuei, a segunda etapa
seria concentrar-nos nos clientes das áreas consultiva e de relacionamento.
Tenho alguns números para mostrar-lhes, que servem de base. Mas, em
princípio, precisamos aplicar nossos recursos de forma que nos tornem os
melhores no nosso ramo, no eixo de alto contato.
— Tudo bem. Não estou dizendo que concordo ou discordo, disse
Morrison. Mas continue.
— Em terceiro lugar, sugiro que o PowerCase, e talvez até produtos
afins como o PowerSeat, sejam comercializados por uma empresa separada,
falei. O único vendedor nosso que tem sucesso na venda desses produtos é
Aaron Abbott. E ele é só um. Vamos colocar esses produtos numa companhia
empreendedora, que possa ter sucesso com eles.
— E a quarta etapa?
Eudisse:
— Não estamos gerando dinheiro com o mercado de mostruário.
Nossa cadeia de lojas varejistas é o melhor exemplo disso. Mas veja nossos
outros produtos da categoria de mostruário. Você verá que estamos fazendo
muitas vendas, mas não dinheiro. Por mais estranho que pareça, é onde são
mais fortes as medidas de telemarketing e eficiência, que implementamos. Elas
simplesmente não estão nos ajudando muito. Acho que precisamos vender a
cadeia de lojas varejistas, bem como a linha de cabos para computadores,
nossos computadores mais ultrapassados e todos os outros produtos que têm o
status de commodities. As exceções seriam os produtos aos quais podemos
agregar valor e vender com sucesso em um mercado de relacionamento. O
resto deve ir para empresas que se dão bem em mercados de mostruário, e
devemos investir o dinheiro dessas vendas no aperfeiçoamento das nossas
posições, nos mercados consultivos e de relacionamento.
— O que vai acontecer com gente como Kevin Duttz e a Equipe V?
perguntouJim Woller.
Sugeri fazer uma venda por pacote, de forma que as equipes de
vendas do mercado de mostruário acompanhassem esses produtos. Se não,
216 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
poderíamos treinar alguns desses vendedores para serem um pouco como
Charlie Summers e o pessoal de relacionamento. De qualquer forma, sempre há
demanda de bons vendedores, em qualquer tipo de mercado; qualquer um que
não estivesse bem ajustado na profissão de vendas, não precisaria ficar na fila
de desemprego muito tempo, mesmo que tivéssemos de despedir alguns deles.
— Mas uma coisa está bem clara, disse a eles. Não podemos continu-
ar nos quatro mercados ou mesmo em três. Quando muito, podemos estar em
dois mercados. Acho que a combinação consultoria e relacionamento é a
melhor para a Elemenco. Mas seja um eixo fechamento-consultoria, um eixo
consultoria-relacionamento ou um eixo relacionamento-mostruário, temos de
escolher.
Morrison balançou a cabeça, parecendo concordar. Eu me sentei. Em
seguida, Morrison virou-se para Gene:
— Tudo bem, você ouviu o que o David disse, Gene, começou
Morrison. O plano dele tem seu endosso?
— Não, não tem meu endosso, desaprovou Gene. No ano passado,
nos comprometemos com uma estratégia que dizia que serviríamos a todos os
nossos clientes da melhor forma possível. Acho que seria um grande erro
retroceder agora, só por causa de alguns poucos erros no planejamento e de
alguns contratempos no mercado. É apenas uma questão de tempo.
Morrison olhou para Jim Woller.
— O que você me diz, Jim?
Jim esperou uns dez segundos, antes de abrir a boca.
— Acho que a Região Central mostrou que a idéia do quadrante de
David funciona, disse ele, por fim. E, meu Deus, ela simplesmente junta tudo de
uma forma sensata. Acho que devemos tentar.
A expressão de Gene revelava que ele se sentira traído.
— Desculpe, Gene, mas não temos mais tempo, explicou Jim.
— Concordo, disse Morrison. David, vamos dar uma chance a você.
Quero que sua prioridade número um seja criar uma proposta formal para o que
esboçou aqui. Vou analisá-la rapidamente com meu pessoal e com a diretoria e,
se não houver nenhuma falha aparente, vamos fechar com ela. Dê a si mesmo
um novo cargo na proposta. Diga que você é coordenador especial do ... qual
deve ser o nome? Vamos chamá-lo de Projeto Quadrante.
— Escute, Reed, acho que você deveria esperar um pouco, argumen-
tou Gene. Estamos falando de uma grande mudança em temos estratégicos e
A SOLUÇÃO QUADRANTE 217
As cinco e meia, o céu estava escurecendo e o sol era uma bola vermelha,
prestes a mergulhar nas planícies alaranjadas. Nuvens cinza escuro diretamente
sobre a cidade prometiam neve para a noite. Estávamos numa mesa perto da
janela, no restaurante que fica em cima do edifício John Hancock. Ann estava a
minha frente e Jim Woller estava a seu lado. Eu estava olhando para a grade
ordenada, formada pelas luzes das ruas, brilhantes contra os prédios escuros de
Chicago, e para o caos canalizado do tráfego que fluía.
— Por que está sorrindo? perguntou-me Ann.
— Nada importante, disse eu. Estava me lembrando de uma vez na
Califórnia, quando eu estava dirigindo numa estrada que leva às montanhas.
Estava tentando ultrapassar um cara e ele decidiu apostar corrida comigo. Não
podia ignorá-lo porque a estrada estava ficando estreita, passando de quatro a
duas pistas.
— O que aconteceu?
— Eu retrocedi, contei. Freei e fiquei atrás dele.
— Muito sábio de sua parte, mas por que o sorriso?
— Bem, depois que a estrada estreitou, foi ficando cada vez mais
sinuosa a medida que nos aproximávamos das montanhas. O cara que queria
apostar corrida teve de diminuir a velocidade. Não podia com as curvas. Eu
conhecia a estrada e esperei a hora certa, ultrapassei o cara quando vi que não
vinha ninguém e continuei, feliz da vida. O cara não tentou nem acompanhar meu
ritmo.
— Por que você se lembrou disso? perguntou-me Woller.
Eu dei de ombros.
— Quem sabe? Como eu disse, não é importante. De qualquer forma,
220 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
quando isso terminar, gostaria de que vocês dois ficassem mais um tempo. Vou
comprar uma ou duas garrafas de champanhe.
Os dois pareceram gostar da proposta. No momento, estávamos
todos saboreando copos de club soda e xícaras de café.
— Você não quer começar já? perguntou Ann. Poderia tornar nossas
respostasmuitomaisinteressantes.
— Pode acreditar, com essa mulher, você precisa estar super-ligado,
disse a ela.
Olhei para os elevadores.
— Lá vem eles.
Brian estava trazendo Lynne Wesley até a nossa mesa. Conseguimos
que a entrevista fosse feita durante o jantar, em parte por cordialidade e em
parte por conveniência. Ann e Jim tinham acabado de chegar de viagem e tinham
vindo direto do aeroporto para o restaurante. Eu apresentei Lynne.
— Gostaria de que conhecesse Jim Woller, nosso gerente de vendas
nacional, responsável pelas contas de grandes empresas, no nosso jargão, isso
queria dizer que ele gerenciava as vendas de relacionamento, e Ann Lansky,
gerente de vendas nacional de novos sistemas.
Lynne apertou a mão de todos e, depois de ter sentado, a primeira
coisa que me disse foi “Parabéns”.
— Obrigado, mas por quê?
— Bem, por duas razões, disse Lynne. Primeiro, soube que você foi
promovido depois que nos falamos pela última vez.
— É verdade.
— E acabei de falar com Reed Morrison, continuou ela, que lhe deu
grande parte do crédito pela reviravolta da Elemenco, no final do ano.
— É muita generosidade da parte dele, respondi. Mas realmente acho
que Ann e Jim, bem como os vendedores que estão lá fora, tratando do cliente
diariamente, merecem muito mais crédito do que eu,
— Considerando-se que vocês começaram o ano com dois trimestres
seguidos de perdas, a Elemenco se deu extremamente bem ao apresentar um
lucro líquido de 75 milhões de dólares, disse ela.
— Obrigado, agradeci. É claro, como dissemos, que grande parte
disso veio da nossa nova companhia, a PowerComm.
No final do ano, tínhamos acabado de organizar a nova companhia e
vendemos 75% das ações para Aaron Abbott e alguns investidores. Isso nos
A SOLUÇÃO QUADRANTE 221
deu um ganho de 40 milhões de dólares. Ao manter uma participação de 25%,
a Elemenco continuaria em contato com qualquer nova tecnologia que a
PowerComm desenvolvesse por conta própria e poderíamos adquirir parte
dessa tecnologia, quando amadurecesse e passasse a um mercado consultivo.
Nesse meio tempo, a Elemenco continuaria oferecendo componentes-chave
aos produtos existentes como o PowerCase, que nos deu uma pequena fonte de
renda contínua. Também tínhamos vendido a linha de cabos por uma quantia
relativamente pequena, embora isso fosse aparecer na contabilidade do ano
corrente, e tínhamos outra companhia interessada em comprar nossa cadeia de
lojas varejistas e produtos de computadores pessoais mais antigos.
— Mas os outros 35 milhões de dólares foram gerados da forma
tradicional, não? perguntou Lynne.
— Basicamente, descobrimos uma forma de permitir que nossos
vendedores trabalhassem com tipos de clientes com os quais fossem mais
eficazes, disse eu. Depois de ter dado uma diretriz ao nosso marketing e de ter
começado a usar a abordagem correta, que correspondesse ao que o cliente de
cada mercado precisava, a maioria dos nossos vendedores começou a ter muito
maissucesso.
— Poderia sermais específico?
— Em vez de um vendedor ter um índice de 46% de sucesso, expliquei
a ela, nosso índice de vendas bem-sucedidas aumentou para 82%. E estamos
apenas começando a colher os benefícios disso. Nesse ano, espero ver um
crescimento tremendo e, nos próximos dois anos, não me surpreenderia se
ultrapassássemos 13 bilhão de dólares em vendas, e daí para frente.
O garçom nos trouxe os menus. Enquanto comíamos, desviei a con-
versa cada vez mais para Ann e Jim e deixei-lhes explicar as especificidades
mais detalhadamente. Também soltei algumas declarações sobre alguns dos
novos produtos que seriam lançados: uma Rede 840, que faria tudo o que a 720
fazia, mas que também teria os recursos de comunicação do nosso Sistema
Apogee; uma nova rede padronizada para escritórios, que provavelmente
deixaria o mercado de relacionamento satisfeito por algum tempo; mais uma
rede avançada, baseada na máquina 486, que seria lançada dentro em breve.
Enquanto o garçom tirava os pratos, Lynne disse:
— Uma última pergunta: você ainda espera ajudar a criar a grande
empresa, sobre a qual faloujaneiro passado?
— Mas, é claro, respondi.
222 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
— Mesmotendo vendido grande parte da linha de produtos e abando-
nado uma boa parte do mercado?
— A melhor forma de se criar uma grande empresa é basear-se nas
suas próprias forças. E é exatamente isso que estamos fazendo. Nunca teríamos
chegado lá, se tentássemos ser a empresa de eletrônica e de informática que
servisse a todos. Dessa forma, concentrando-nos em tipos de mercados onde
temos uma vantagem na nossa abordagem de vendas, temos muito mais chance.
— Só lhe digo uma coisa: você conseguiu muito em apenas um ano,
disseLynne.
— Volte no ano que vem; acho que você verá que nos saímos melhor
ainda,propus-lhe.
Lynne insistiu em pagar sua parte, emboraBriantenha tentado fazer de
tudo para acertar por ela. Quando se levantou para sair, ela estendeu a mão.
— Boa sorte, disse ela. Boa sorte para todos vocês.
Eu dei um suspiro de alívio, assim que ela e Brian se foram.
— Essa entrevista foi bem melhor do que a última que demos a ela,
avaliei.
— É, e você não teve de falar nada daquela baboseira de céu azul,
disseWoller.
Euri inicialmente,masdepoisfiqueidesconfiado.
— Como é que você sabe que foi isso que Gene me pediu para fazer?
— É como Gene sempre definia as coisas, contou Woller.
Fiz um sinal para o garçom e, numa conta separado, pedi o champa-
nhe que havia prometido.
— Essa é por minha conta. É meu obrigado pessoal a vocês dois, por
seu trabalho e apoio.
Bebemos o champanhe e falamos um pouco de negócios. Embora o
ano tivesse acabado bem, ainda havia bastante trabalho a ser feito. Com as
vendas decolando, talvezprecisássemos contratar mais vendedores e tínhamos
de nos dedicar ao nosso processo de recrutamento, para saber como selecionar
essas pessoas. Ainda precisávamos tratar das questões relativas as recompen-
sas, de forma que pudéssemos manter os melhores vendedores e evitar os
problemas de rotatividade, que, de certa forma, ainda tínhamos. Tínhamos de
desenvolverum sistemade incentivosque realmentefuncionasse. Etínhamosde
desenvolver novas funções de serviço ao cliente, voltadas aos mercados esco-
lhidos. De qualquer forma, conversamos por um tempo e, depois, Woller se
A SOLUÇÃO QUADRANTE 223
despediu. Ann e eu ficamos lá e terminamos com a garrafa.
— Como vai sua vida amorosa? perguntou-me assim que a conversa
de negócios morreu. Ainda está saindo com a enfermeira? Ou é aquela moça da
agênciadealuguel de carro doaeroporto? Outodas asrespostas acima?
— Nenhuma das respostas acima.
— Verdade? Por quê?
— Não sei. Uma série de razões, disse eu. Algumas não aceitam o
número de horas que trabalho. Com a maior parte delas, não posso falar de
trabalho, que é importante para mim. Elas não entendem ou não estão interessa-
das. E elas não me interessam.
Olhei paraAnn.
— Não do jeito que você me interessa.
Ela pareceu ter ficado chocada. Não falou nada, mas, por baixo da
toalha, senti sua mão tocar a minha, segurá-la por alguns instantes, apertar meus
dedos e, depois, soltá-la. Lá fora, flocos brancos de neve começaram a voar,
passando pela janela.
— É melhor não prolongarmos muito, disse Ann. Lembro-me de uma
outra noite em que bebemos champanhe e que nevava lá fora.
— Pelo menos hoje a comida foi melhor, considerei.
— Eu achei apizza daquelanoite bem boazinha, principalmente levan-
do-se em conta a alternativa que tínhamos.
Dividimosumtáxi atéLincolnPark. A nevetinhaalguns centímetros de
espessura. Quando chegamos à casa de Ann, paguei o táxi e saltei com ela.
Minha casa ficava depois da esquina; dava para andar. Ann subiu até a porta.
Quando acabei de pagar o táxi, juntei-me a ela.
— Podia convidá-lo para entrar, disse ela, mas acho que está tarde.
— Temrazão, concordei.
Ela ficou lá de pé, sem dizer nada.
— Sabe, nesse último ano, realmente passei a gostar muito de você,
revelou-me. Aprendi novas coisas. Experimentei novas coisas no trabalho por
sua causa. Valeu a pena, e cresci muito profissionalmente. Você não é bem um
chefe para mim. É um grande amigo. Mas eu queria que você fosse mais do que
isso.
Ela colocou uma mão no meu braço e inclinou-se para frente, acho
que para me dar um beijo no rosto, mas, ao invés disso, meus lábios foram ao
encontro dos dela e lá ficaram. Ficamos nos beijando, um beijo comprido e
224 HOWARD STEVENS E JEFF Cox
gostoso. Mas terminou e, quando acabou, ela se afastou, mesmo estando
agarrada com as duas mãos às mangas do meu casaco, como se estivesse sem
equilibrio.
— Isso não aconteceu, disse ela quando recuperou o fôlego. E não
pode mais acontecer.
Abriu a porta de casa. Achei que ela ia entrar sem dizer boa-noite. Em
vez disso, virou-se e cutucou meu peito.
— Mas, moço, se algumdia você mudar de emprego... sugeriu ela com
umsorriso.
— É, mas não acho que isso vá acontecer, falei a ela, pelo menos, não
logo. E...
— E de quem é a culpa?
—Como?
— De quem é a culpa, espertalhão? perguntou ela.
Elaestava sorrindo.
— Sabe, se você tivesse deixado Gene Cherson fazer as coisas do
jeito dele, nós não teríamos esse probleminha. A Elemenco teria ido à falência e
nós dois estaríamos trabalhando em empresas diferentes ou estaríamos desem-
pregados, e eu poderia convidá-lo para entrar e na manhã seguinte nós queima-
ríamos nosso seguro-desemprego no café da manhã. Mas, não, você teve de
aparecer e salvar a empresa! Você teve de fazer a Elemenco ficar lucrativa
novamente!
Senti um sorriso triste surgir no canto da minha boca.
— Ainda não me acho totalmente culpado, disse-lhe. Na verdade,
pelo que eu me lembre, você teve alguma coisa a ver com isso,
— E olha a gente agora, soltou ela.
Ela suspirou, abriu a porta e entrou.
Pós- Esc rito
FOCALIZANDO A
SOLUÇÃO QUADRANTE:
TIPOS DE PESSOAS DE
VENDAS E CLIENTES
Que abordagem de marketing e vendas
melhor descreve você (ou seu negocio)?
Venda de Superfechamento:
Marketing de Alta Tecnologia/Baixo Contato 228
Venda Consultiva:
Marketing de AltaTecnologia/Alto Contato 231
Venda de Relacionamento:
Marketing de Baixa Tecnologia/Alto Contato 235
Venda de Mostruário:
Marketing de Baixa Tecnologia/Baixo Contato 239
228 APÊNDICE
Venda de Superfechamento
Marketing de Alta Tecnologia/Baixo Contato
Estilo de Venda:
Teatral
Confiante
Imagem da Empresa:
Oportunista
Inovadora
Moderna
Singular
Atendimento a clientes exclusivos
Foco da Empresa:
Usa indivíduos de alto gabarito (salvador da lavoura)
Enfatiza pesquisa e desenvolvimento inovadores /
revolucionários
Gera otimismo e excitamento
Engaja em esforços cruzados
Clientes Querem:
Oferta de um produto novo ou especial
Instalação e uso simples
Ampliação do ego do comprador
Um incremento de desempenho ligado a singularidade
Uma vantagem competitiva
Qualificação:
Um mercado frio; a maioria dos clientes potenciais questiona as
necessidades básicas ou os benefícios do produto
230 APÊNDICE
Resposta às Objeções:
Objeção: Cliente questionará a serventiado produto
Resposta: Demonstrar oportunidade e retorno sobre investi-
mento e dar ao cliente potencial a “permissão de compra”
Serviço ao cliente:
Quandoclienteficainsatisfeito:
Devolverodinheiro
Substituir o produto/serviço
Venda Consultiva
Marketing de Alta Tecnologia/Alto Contato
Estilo de Venda:
Especialista
Competente
Credibilidade técnica
Instrutor paciente
Habilidade com pessoas
Excelência em serviços
Formador de equipe
Imagem da Empresa:
Especializada
Competente
Alta Tecnologia
Estado da Arte
Atende clientes lideres
Foco da Empresa:
Promove uma imagem corporativa respeitável
Assume responsabilidade total pelos benefícios
Usa a abordagem de orientada para equipe
Enfatiza a excelência de projeto
Educa o cliente em conceitos e aplicações
Clientes Querem:
Um sistema avançado oferecendo:
Um projeto personalizado
Flexibilidade em recursos/opções
Expansibilidade
Desempenho acima dos sistemas padrão
Instalação, treinamento e serviços incluídonavenda
APÊNDICE 233
Melhor Método de Geração de oportunidade de venda:
Distribuir informação educacional gratuita
Colocar artigos destacados emjomais profissionais
Oferecer livretes, seminários e manuais de uso
Qualificação :
Clientes potenciais abertos aos métodos do fornecedor para
atingir benefícios
Resposta às Objeções:
Objeção: Clientes preocupar-se-ão com a interrupção da
operação
Resposta: Convencer o cliente que as inelhorias a longo
prazo serão mais do que compensadoras, apesar do
inconveniente da interrupção
Venda de Relacionamento
Marketing de Baixa Tecnologia / Alto Contato
Estilo de Venda:
Confiável
Leal ao cliente
236 APÊNDICE
Valores Providos Pelas Pessoas de Vendas de Relacionamento:
Experiência Prática
Conhecimento do cliente
Conhecimento do produto
Habilidade de serviço de entrega de alto nível
Advoga cliente em primeiro lugar
Confiabilidade e acessibilidade
Imagem da Empresa:
Cuidadosa
Amigável
Leal, confiável
Atendimento pessoal, não burocrático
Atende clientes estabelecidos
Foco da Empresa:
Domina nichos de mercado
Desenvolve imagem de especialista de produto / serviço
Enfatiza satisfação do cliente
Busca liderança de vendas e serviços
Possui capacidade de produção abrangente
Clientes Querem:
Uma ampla oferta de produtos / serviços aceitáveis:
Um projeto padronizado com flexibilidade em
recursos / opções
Satisfaça especificações de qualidade existentes
Entrega pontual de acordo com cronograma
especificado
Algumas economias de custos
APÊNDICE 237
Desempenho repetitivo
Tecnologia de fácil entendimento
Qualificação:
Cliente Potencial que:
Quer ou precisa do produto
Está procurando pelo melhor fornecedor
Questiona a habilidade do vendedor ou compromisso
de fornecer um serviço extra
Resposta às objeções:
Objeção: Cliente poderá evocar a objeção do “não-
inventado-aqui’’
Resposta: Convencer o cliente de que oferecemos o que há de
melhor em entrega e das vantagens de fazer negócios conosco
Serviço ao cliente:
Prover serviço de entrega de alto nível:
Enfatizar acessibilidade ao gerentes de conta-chave
Instalar linha telefônica especial e sistema
interno de resposta instantânea
Prover representante de vendas na área:
Melhorar aproximação das instalações
Variar opções de inventário / entregas
Automatizar e compartilhar acompanhamento da
produção
Venda de Mostruário
Marketing de Baixa Tecnologia / Baixo Contato
Estilo de Vendas:
Não confrontante
Sistematizado
Imagem da Empresa:
Fornecedor dominante
240 APÊNDICE
Foco da Empresa:
Desenvolve conhecimento da marca e lealdade
Inexoravehente competitivo em custo
Prove promoção contínua de vendas
Enfatiza mídia de propaganda de massa
Provê distribuição própria ou estreito suporte de distribuição
ClientesQuerem:
Oferta de produtos e mercadorias padrões:
Baixo custo
Reposiçãofácil
Disponibilidadeimediata,quandonecessário
Resposta às Objeções:
Objeção: Compradores apegados a hábitos consagrados,
poderão dizer: “esta não é a maneira que sempre
fizemos as coisas”
Resposta: Convencer cliente de que o vendedor lhe oferece
a melhor opção de compra e fazer o cliente ser bem
visto em sua organização por ter nos dados o pedido
ao vendedor