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AFRICANA NA FORMAÇÃO DO
POVO BRASILEIRO
Conteudista
Thiago Rodrigo da Silva
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Eloisa Amanda Rodrigues
Revisão:
José Roberto Rodrigues
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1 INTRODUÇÃO
A importância da presença indígena na formação da sociedade brasileira
contemporânea é uma das principais temáticas que as crianças aprendem nas
escolas de primeiras letras. O dia 19 de abril é comemorado nos anos iniciais do
Ensino Fundamental e mesmo na pré-escola, quando as crianças usam cocares
feitos de papel nas cabeças e aprendem que o índio vive nu, tem várias mulheres
e foi muito importante para a vida brasileira, pois dele vêm muitos hábitos
cotidianos, como tomar banho todo dia e dormir na rede, além de parte de nossa
alimentação. Outra questão que se aprende nos bancos escolares, mas em geral
nos anos finais do ensino básico, é que muitos dos nossos topônimos têm origem
indígena: Maracanã, Morumbi, Paraná, Pacaembu, Paranaguá, Araguaia, etc.
FIGURA 1 – INDÍGENA
Por outro lado, o padre jesuíta Fernão Cardim, autor do livro História
das Gentes e das Terras do Brasil, cuja primeira edição é datada do século
XVI, afirma a visão dos indígenas como canibais, descrevendo em pormenores
o ritual.
Morto o triste, levaram-no a uma fogueira que para isto está
prestes, e chegando a ela, em lhe tocado com a mão dá uma
pelinha pouco mais grossa que véu de cebola, até que todo
fica mais limpo e alvo que nem um leitão pelado, e então se
entrega ao carniceiro ou magarefe, o qual lhe faz um buraco
abaixo do estômago [...]. (CARDIM, 2009, p. 197).
A guerra era uma presença na vida indígena colonial. Por vezes, as guerras
tinham funções sociais específicas, como no caso dos Tupinambás, em relação à
conquista de mulheres da tribo vizinha e do estabelecimento de solidariedades.
Existia também um ritual de paz denominado Kuarup, no qual se realizavam
festividades, danças, trocas de presentes e alianças realizadas através de
casamentos entre membros de tribos distintas (FERNANDES, 2005).
FIGURA 3 – ÍNDIOS
difícil solução, como os suicídios cometidos por jovens de tribos nos Estados
de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Assim como o alcoolismo impera
em algumas aldeias. Porém, existem locais nos quais o acesso às benesses
governamentais, casado com lideranças competentes e responsáveis, gerou
bons resultados. Tribos que possuem acesso à tecnologia, às informações do
mundo globalizado e, ao mesmo tempo, mantendo as suas tradições. Algumas
universidades possuem uma política de cotas para os alunos indígenas. Com
isto se busca assegurar ao indígena uma forma de acesso ao Ensino Superior.
O dia a dia indígena hoje, em muitas tribos, não faz jus às representações
sociais e escolares dos indígenas. O andar nu pelas matas foi substituído, em
muitos casos, pelas roupas e hábitos ocidentais. Assim como a escolarização
está a cada dia aumentando em relação a toda a população, e os indígenas,
apesar de em grau menor, acompanham este processo geral da sociedade
brasileira. A visão estereotipada está cedendo lugar a uma visão mais realista
dos indígenas brasileiros. Esta visão mais realista é auxiliada com as investigações
científicas a respeito dos indígenas.
AUTOATIVIDADE
1 Leia a afirmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 58) e responda:
“O europeu que, forçando a tradição bíblica, fizera do deus dos hebreus o rei
dos homens, agora tinha que incluir aquela indianidade pagã na humanidade
do passado, entre os filhos de Eva expulsos do paraíso, e do futuro, entre os
destinados à redenção eterna”.
Qual a diferença entre as posturas das igrejas cristãs no atual relacionamento
das mesmas com as tribos indígenas?
2 Leia a afirmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 147) e responda:
“Fundado nos princípios políticos de Augusto Comte, mas superando-
os largamente, Rondon e seus companheiros estabeleceram um corpo de
diretrizes que por décadas orientaram uma política indigenista oficial”.
Por que as ações da Missão Rondon e dos sertanistas representaram uma
modificação radical na relação do Estado brasileiro com os indígenas?
3 Leia a afirmação do historiador José Honório Rodrigues (1989, p. 41) e
responda:
“O tupi era a língua doméstica, familiar e corrente dos colonos, e o português a
língua oficial, que as crianças, mamelucos e também filhos de índios aprendiam
nas escolas mas não falavam em casa”.
O que foi o Diretório dos Índios do Grão-Pará e Maranhão?
REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, Luis Felipe de. O Trato dos Viventes. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
BOXER, Charles. O Império Marítimo Português. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
CABRAL, Sérgio. Pixinguinha: uma biografia. Rio de Janeiro: Relmé Dumará, 2000.
CARDIM, Fernão. Tratados da Terra e Gente do Brasil. São Paulo: Hedra, 2009.
CARNEIRO, Edison. O quilombo dos palmares. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
HOLANDA. Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. São Paulo: Brasiliense, 1995.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
RODRIGUES, José Honório. Brasil e África: outro horizonte. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1964.
GABARITO
1 Leia a afirmação do antropólogo Darcy Ribeiro (2005, p. 58) e responda:
“O europeu que, forçando a tradição bíblica, fizera do deus dos hebreus o rei
dos homens, agora tinha que incluir aquela indianidade pagã na humanidade
do passado, entre os filhos de Eva expulsos do paraíso, e do futuro, entre os
destinados à redenção eterna”.
Qual a diferença entre as posturas das igrejas cristãs no atual relacionamento
das mesmas com as tribos indígenas?
R.: As igrejas cristãs possuem, em geral, duas posturas distintas na
relação com as tribos indígenas. Existem aquelas que se mantêm
ligadas ao ideal de evangelização e outras que partem do conceito
antropológico de relatividade cultural e respeito às diferenças. Entre
as que se relacionam aos ideais de evangelização, podemos citar as
igrejas pentecostais (Assembleia de Deus) e vindas ao Brasil com as
missões norte-americanas (batistas e adventistas). O principal órgão da
maior igreja cristã brasileira, a Igreja Católica, é o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi) e se relaciona aos novos métodos antropológicos de
relatividade cultural.