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REDESCOBRINDO O BRASIL
6í Ea\ 500 anos depois
Apoio:
FAPERJ
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BIRTRAND ERASIt
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DINÂMICA REGiONAL BRASILEIRA
Nos ANOSNO\,'ENTA: RuMo À
DeswrrcnaÇÀo Cotr,rpsrlnvaz
Tânia Bacelar
acumulação irdustrial ia impondo uma dinâmica cada vez mais semelhar- das, como fica claro no aÍti8o em que anal.isei a crescente complexidade da
te entre as regiões brasileiras, guardadas apenas as variantes definidas realidade nordestina (Araújo, 1995) e no trabalho onde Sérgio Buarque
pelas especializaçôes produlivas de cada região. Era possÍvel observar rit- identifica profundas diÍerenciaçóes na organização do espaço econômico
mos diferenres (uns maiores, outros menores), mas, se a tendência era da Íegião Norte (Buarque, 1995).
expansiva, a expansão atingia todas as regiões, o mesmo acontecendo se a Essa crescente diferenciação intra-regional em diversas macrorte-
tendência era recessiva. gióes brasileiras teria sido a contrapartida do processo de integração do nter-
Já nas décadas recentes, começavâ a se verificar, no Brasil, um cado tacional, comandado a Wrtir de São Pqulo, segv\do Wilson Cano. Para
modesto movimento de desconcentração espacial da produção nacional. esse autor, bloqueando as possibilidades de "industrializações autôno-
Esse movimento se inicia via ocupação da fronteira agropecuária (anos 40 mas", como sonhara o GTDN para o Nordeste, no Íinal dos anos 50, o
e 50), primeiro no sentido do Sul e depois na direção do Centrooeste, movimento de integração do mercado nacional forçava o su-rgimento de
Norfe e parte oeste do Nordesle. A partir dos anos 70 ele se estende à "complementaridades" inter-regionais e fazia desenvolverem-se "especia-
industria. Na medida em que o mercado nacional se integrava, a indGtria lizações" regionais impoltantes (Cano, 1985). Servem, como exemplos, o
buscava novas localizações, desenvolvendo-se em vários locais das regiões desenvolvimento de pólos como os de eletroeletrônicos na Zona Franca de
menos desenvolvidas do PaÍs, especialmente nas suas áreas mekopolita- Manaus, mineração no Pará, bens intermediários quÍmicos no Nordeste
nas. Êm 1990, o Sudeste caíra para 69% seu peso na indúskia do Brasil, São oriental, têxteis no Ceará e Rio Grande do Norte, entre ouhos.
Paulo recuara sua importância relativa para 49%, enquanto o Nordeste Embora a lógica da acumu.lação Íosse a mesma no imerso território
passava de 5,7"k pa.,a 8,4% seu peso na produção industrial brasileira, do pa ís, como bem destaca Francisco de Oliveira e estivéssemos construin-
entre 1970 e 1990, O mesmo movimenlo de ganho de posição relativa acon- do uma "economia nacional, regionalmente localizada" (Oliveira, 1990), as
tecia com o Sul, Norte e Cenkooeste. Os efeitos da desconcenkação das heterogeneidades intemas às macroregiões não diminuíram. Muito ao
atividades agrícolas, pecuárias e industriais afetaram o terciá o, que tam- conhário, tenderam a se ampliar, nos anos setenta e oitenta. A pÍioridade
bém tendcu à desconcentraçâo. principal era a da integração do mercado intcrno nacional e a cla consoli-
O resultado é que, embora a produção do paÍs ainda apresente um dação da integração Íísico-territorial do paÍs
padrão de localização fortemente concentrado, em 1990 a concentração era - objetivo importante dos
governos m.ilitares, E nesse contexto, da mera articulação comercial entre
menor que nos anos 70. Enhe 1970 e i990, o Sudeste cai de 657o para 600/" as regiões passa-se à integração produtiva comandada pelo 6;rande capital
seu peso no PIB brasileiro, enquanlo o Sul permanece estável, responden- industrial e pelo Estado nacional, como mostra konardo Cuimarães Neto
do por cerca de 77'k da produção nacional, mas o Nordeste, Norte e (Gümarães Neto, 1989). Com ela, as regiões se htegram à mesma lógica
Centro-Oeste ganham importância relativa (juntos, passam de 18% para da acumulação enquanto ficam mais complexas e diferenciadas irterna-
23% sua participação no PIB do Brasil). mente, Assim era o Brasü até os anos oitenta.
Ao mesmo tempo em que constatavam a tendência a desconcentrar a
dinâmica econômica no espaço territorial do País nas últimas décadas,
dive$os esh.rdos enÍâtizam a crescente diferenciação intema das macror- MUDANÇAS RECENTES NA DINÂMICA
regiÕes brasiieiras. Carlos Américo Pachedo, por exemplo, chama atenção ECONÔMICA NACIONAL
para o aumento da hctcrogeneidade inha-regional que acompanhou o
processo recente de desconcenkação e que legou uma coúiguração ao País Num contexto mundial marcado por importantes transformações, o
bastante distinta da que possuía em 1.970. Constata ele que o desenvolvi- ambiente econômico brasileiro sofre grandes mudanças nos anos noventa.
mento da a ricultura e da indúst a " riÍérica" não a as modif lcou a Dentre as principais destacam-se uma polÍtica de abertura comercial inten-
imensão r.uos de o mas kars formou as estruturas produti- sa e rápida, a priorizaçáo à integação competitíoa, rcf.otmas profundas na
vas lvem resu alor nc a o esPa ço ação do Estado e finalmente a implementação de um programa de estabi-
nâclonâ com aumcÀto da hctcro cncidadc intc rna c ccrtas tização quc já cntrou no quarto ano. Paralelamcnte, o setor privado passa
ializações", gerando os mento "ilhas" de ridade, mes- por uma reestruturação produtiva também intensa e muito rápida.
mo em contex estasnacão (Pacheco, 1996). No NoÍdcstc e no Norte, Nesse novo contexto,Íotças trcuns aluafi no sentido dc induzir à drs-
por exemplo, essa diferenciação intema se amplia muito nas últimas déca- coüc?ilruçAo espocíoL abertuÍa comeÍcial podendo favorecer "focos expoÍta-
76 ITEDESCOtsRINDO O BRASI L I NTEG RAÇÀO ECONÔMICÀ 77
doÍes", mudanças tecnológicâs quc rcduzem custos de investimento, cres- múto recentes, os estudos têm convergido para sinalizarenl, no mÍnimo,
cente papel da logÍstica nas dccisões de localização dos estabelecimentos, para a inteEupção do movimento de desconcentraçào do desenvolvimen-
importância da proximidade do cliente final para diversas atividades, ação to na direção das regiões menos desenvolvidas. Alguns autores chegam a
ativa de governos locais oferecendo incentivos, peso de fatores tradicic falar em reconcentração, como é o caso de Clélio Campolina Diniz, para o
nais como mão-de-obra abLuldante, barata e não oÍganjzada (para setores caso da atividade industrial, como se mostrará a seguir. Mesmo sem ir tào
intensivos em mão-de-obra, como con[ecçóes e calçados), entre outro§. longe, estudo recente da Confederação Nacional da lndústria, com base
Enquânto isso, outras forças atuam no sentldo da conceitrdçdo de em dados da Fundação Getulio Vargas, confirma a hipótese de que, no
inacstitnettos \as áreas iá mais dinâmicas e competitivis do paÍs (ver dados mínimo, se interrompeu a desconcentração (CNl, 1997).
no Anexo 2, p.91). Atuam nesse sentido, em especial, os novos requisitos A CNI usa os dados do Programa de Estudos dos Estados da EBAP/
locacionais da acumulação flexÍvel, como: melhor ofcrta de recursos FCV e compara estimativas do PIB real dos diversos Estados e Regiões,
humanos qualificados, maior proximidade com centlos de produção de revelando que enEe 1990 e 1995 a região Sudeste não só deixa de perder
conhecimento e tecnologia, mâior e mais eficiente dotação de inÍrâ- posição relativ.l da produção nacional
estrutura econômica, proximidade com os mercados consumidores de duas últimas décadas
- trajetória que percorrera nas
como volta a ganhar importância na economia
mais alta renda. -
brasileira, o mesmo acontecendo com os Estados de São Paulo e do Rio de
Autores colno Pacheco chamam a atençào também para os condicio- ]aneiro, as duas maiores bases econômicas do País.
nantes da recstrutLtraçào produtiva e cm especial para a íorrna como vcm No caso da indústria, estudos e dados recenles pcrmitem falar de
.t, se daurlo a irrsr,rçrio lrrlr,rrrnr:jorrrrl do llrasil, espccillmentc no quc diz rcsl)ei- lendência a concentÍação do diramismo em deterntinados espasos do ter-
to às estratégias das grandes empresas frente ao cenário da "globalDação" tório brasileiro. Estimativas do PIB industrial por macrorregião, elabora-
da economia mundial. E constatam que, ao contrário do que se poderia das pelo IPEA, constatam que, nos anos noventa, as regiões Sudeste e Sul
c5 perar, a globalização reÍoÍça as estratégias de especialização regionnl deixam de perder posição relativa na produção indrrslrial nacional e vol-
C
o mân, 1994). A nova organização tende a resultar, tam à ampliâÍ sua prcsença nessa ativlalâde, no contexto do pâís, o mcsnto
de um lado, d a ruca a a dâs randes em re- acontecendo com o Estado de São Paulo, onde historicamente se conccn_
sas tores o ars e da res ta dos Estados nacionais ara enfrentar os trara a indústria brasileira (IPEA, 1996 a,).
i'.'l'lilg rLr 'l'artrbiur identiÍicando urla lortc tcndôncia
lSt:lg::lui!,s slutraliz,rç&. à concentração espacial
O fato ó que, nos anos noventa , tende-se a romper o padrão domi- do dinamismo industrjal recente, trabalho elaborado pelo cconomjsta
nante no Rrâsil das Líltimas décadas, onde a prioridade eÍa dada à monta- Clélio Campolina, da UFlr,lC, localizou os atuilis ccnLros Lrrbanos d inâmicos
gem de uma base econô mjca que operava essencialmente no es aço naclo- do paÍs, em termos dc cresciDtenlo indLtslri,ll ConslaloLl qrrc, a grancic
na : enl ora ork'mc11l
9_Il!I! t la L{a [ror ôllcrrtcs ccolrônricos lrn snacio- r)rniori.r rl(,las sc ('ncontrn nrrnt |()lll\) () (lr,r(,c()r (,\,t crtr li,l0 IlrrIizonlt.,
níÀ=1 rt rnL'lltc (l esc(»rc('rrtrilndo t rla-di§Ciir cspaços P(rr úé. vii a Uberlnndià (M(;), dosce na tlircçio dc t\4.rrin6i (l,lt) aló l)orto Alcgre
ricos do Pâís. A ofa, rlo za-se a inse o com a os ocos rnaml- (R5) e retorna a Belo l.lorizontc via ljlorianóPolis (SC), Curitjba (pll) c Sio
cos do aís na cconomia mund ial, em rípida sl oba liza c ao o Esta do
José dos Campos (SP).
nacionil, r sua vez, ue JoSava um I ativo nesse tanto r Das 68 aglomeraçôes urbanas com intcnso dinantisDlo industrial
suas olÍticas ex citamente lonalS, como suas oiiticas ditas de rece e, 79o/o estão situadas nas regiões Sul/Suds51s, lsyo no Nordeste e
corte set ona nacional, como pela ação de suas Es tatais a ora retr r-se apenas 6% no Norte € Centro-Oeste (CampoUna Diniz & Crocco, 1996). Na
sua maioria, são capitais ou cidades de porte médio, muitâs delas bases
PÍ'^ t(rí'í'
h dinâmicas recentes, como Sete Lagoas, Divinópolis, pouso Alegre e Ubá,
As TENDÊNCTAS DE LocALTzAÇÃo DA pRoDUÇÀo
' tl6Í[I ' em Miras Gerais; Araçatuba, Piraçurunga, Jaú e Tatú em São paulo; ou
Pato Branco e Ponta Grossa, no Paraná; enhe oukas, As deseconomias de
No resente, as decisões dominantes tendem a ser as do mercado, aglomeração tiram as maiores Regiões Metropolitanas, Rio e São paulo,
dada a crise o e as novas orienta vernamentai ao lado de desse foco dinâmico industrial, mas essa última concentra cada vez mais o
uma evl en te indefini ão e atomiza a marcado a DolÍtica de comando financeiro da economia nacional.
desenvolv imento Íesional no Brasil. Embora as tendências ainda sejarn É certo que as conseqLiências espirciais dc políticas inrPortnnl,.a aon,o
,\§ ,
78 REDESCOBRIN DO O BR ASI L
TNTECRAÇÀO ECONÔMICA ,-t(0 "' 7s
i
agriculhua, a extração miaeral e a agroirdústria não lêm peso dominante
a de abertura comercial e a de integração competitiya comandada pelo mer-
na composição do PIB brasileiro. i
cado, aliadas a aspectos impolLantes da polÍtica de estabilização (como cârrr
No momento em que a poütica governamentál opta por promover
bio valorizado, juros elevados e prazos curtos de financiamento) têm impac!
uma abertura comercial rápida e intensa, cabe analiÀar as tendências das
tado negativamente em vários segmentos da indústsia instalada no Brasil e
exportações brasileiras, da perspectiva regional. Conlo revelam os dados
afetado especialnente o Sudeste (São Paulq em particular). É certo também
oficiais (MICT/SECEX), em 1995,82% das exportaçõês do Brasil se origi-
que algumas empresas de gêneros industriais mais mão-de-obra interuivos
naram nas regiões Sul/Sudeste. Esse percentual era 68% em 1975 e passa-
têm brrscodo se relocalizâf nô inteÍlor do Nordcste, para competlr com corF
ra para 81,5% em 1990 (Campolina, 1994). O dinamismo maior, no período
cofientes extemos (principalmente com os paGes asiáticos), atraídos pela srr
pós-aberh.rra acelerada, se verifica na base exportadora da Região Su.l, que
peroferta de mão-de.obra e baixos salários, e pela possibiüdade de flexibili-
amplia sua presença no total vendido pelo País ao exterior de 21,5o/o em
zar as relações de habalho (adotardo subcontratação), ao se mudarem.
- Mas esses Íatos não alteram significativamente as tendências e as
1990 para 24,5'k, em'1995.
Nas regiões periféricas, o Centro-Oeste tem reafirmado o diramismo
preferências locacionais identificadas pelos estudos de Campolina Diniz,
de sua base exportadora, crescendo sua modesta participação no total bra-
acima apresentadas. Tendências e preferências que beneficiam as regiôes
sileiro de 1,8% em 1990 para 2,1./. em1995.
mais licas e industrializadas do país (o Sudeste e o Sul). Por sua vez, o Prof.
Tendência oposta se veriJica no Nordeste, que respondia por 17% das
Paulo Haddad tem chamado a atenção para o reforço dado pelo Mercosul
a pqsa tendência de allastar o crescimento indtrstrial para o espaço que fica
exportações brasileiras, em '1975, cai paú 9,6ó/", em 1990, e para 9,1ol., em
abaixo\de Belo Horizonre (Haddad, 1996). 1995. Isso apesar do dinamismo, nessa Região, de segmentos com tendências
: \--No que se refere às aüvidades do s€tor primário, constatava-se que, exportadoras, como a indúsbia de papel e celuJose (BA), química (NE orien_
em décadas anteriores, a fronteira agrÍcola avançara na di_reção do Norte e tal), alumÍnio (MA) e como a fruticulhra (vales do São Frincisco e do Açu).
sobreUdo o CenEo-Oeste. Essa r.ütima região passara de 11% , em196g/20, Um destaque merece o Mercosul, posto que o comércio brasileiro
para 23o/o em \989 / 91, seu peso na produção nacional, Íace ao dinarnismo com os paÍses-membros desse Mercado vem crescendo intensamente nos
intenso da produção de grãos (especialmente soja). No perÍodo mais recen- últihos anos. As tsocas do Brasil com o Mercosu.l pularam de US$ 1,7 bi
te (1991/94), a agricultuÍa gaúa presença na região Sr]], que passa a res- em 1985, para US$ 3,6 bi em 1990, para US$ 8,7 bi em 1993 e alcançam
ponder por 52% da produção brasileira de grãoi, contra 4bol" àbservados US$ 13,1 bilhões, em 1995. Tal dinamismo geral está encobrindo diÍeien_
no triênio 1989/91. Vale destacar que, sozinlo, o Rio Grande do Sd pro- ciações de impactos regionais, visto que:
duz, do total nacional, quantidade que representa quatro vezes a produção
de grãos de todo o Nordeste e 10% a mais do que toda a proàução da . nas tlocas comerciais, as vendas privilegiarn exportaçôes de bens
região Centro.Oeste (Campolina Diniz, 1994). industrializados (o que favorece Sul/Sudeste),
Por sua vez, a fronteira mineral, no seu dinamismo recente, buscou .: . deve-se ampliar a competição com atividades agrícolas e agroin-
áreas como o Pará, que já disputa com Minas Gerais o primeto lugar como dustriais, como grãos, frutas e derivados, laticínios (onde o-s par-
produtor blasileiro de minérios, Goiás (rico em amianto, estanho, fosfato e i ceiros do Brasil são Íortes), têxteis, couro (produtos que o Braiil
lá
nióbio) e Bahia (com ocorências diversificadas). No Nordeste, começa-se a .\Á tem tradição de importar de outros países do MercosLr.l). Com isso,
investir na construçâo de gasodutos, aparecendo com reservas importantes \ esperam-se eÍeitos negativos no Sul e Centro-Oeste (grãos), Minas
de gásnahxal Estados como Búia, Alagoas e Rio Grande do Norte. Sua terF (laticÍnios) e NE (fruticultura),
dência espacial recente foi, portanto, descenkalizadora. Mas as exploraçôes . dêve-se promover uma atticulação comercíal mais intensa dos ,l
recentes não foram induskializântes, como em Minas Gerais, onde se desen- ouhos países do Mercosul com o Sul/Sudeste brasileiro, e
volveu, associado à mineração, um complexo siderúrgico-metalúrgicG. . em termos de investimentos, deve-se Íavorecer nvcstimenl os cru- Aro/. l'r
u
\ri,
mecânico e de produção de material de transportes. Isso porque as novas zados Ê associaçoes de empresas instaladas no este e com ç(\tl$q hrttí,r.
áreas de exploração mineral (como Carajás) tenderam a especializar-se na os demais países do Bloco. Assim, o movimento de iú?gração pto-
produção para exportâção, tendendo a corstituir modelo tipo enclave. drtiua que buscava o Nordeste e o Norte nas décadas ánteriores,
Percebe-se, assim, a diramização de diversos focos dinârrricos em ag_ora tende a se redirecionar para o Mercosul. Vale lembrar que o
diÍelentes subespaços das macrorregiões, contrabalançando a tendência à PIB do Mercosul (sem Chile e sem o Brasil) é mais que o dobro do
concentração do dinamismo industrial. Vale lembrar, no entanto, que a PIB do NE e NOi juntos.
80 REDESCOBRINDO O B RASI L INTEGRAçÃO ECONÔMICA 81
DOS INVESTIMENTOS PRIVADOS papel e cel ose, aproximadamente 13%; a de química, cerca de 16,7o/o: a têx'
r.r.l
1995 (BNDES, 1996). eles existem no Brasil, abr ndo muitos dos brasileiros
O Sudeste, embora registre um percentual na particjpação dos recuÍ- Cabe, portanto, ao Estado naciona a tareÍa de assegrrrar uma dinâmi-
sos aprovados menor do que a sua participação na economia nacional, ca regional mais harmônica, menos seletiva, intcgÍadora ao invés dc Írag-
mentadora do País. É assim qLle se passa em outros países c a té em Blocos dc
f\t i,r
mostra uma tendência ascendente entre 1991 e 1995, que se torna bem mais
Mercado em Íormação, como a União Européia (UE), onde uma Política
patente quando são considerados os valores absolutos dos recursos apro-
ReBional explícita e com instrumentos especíÍicos trata da intcgração dc
vados. O mesmo ocorre com o Sul, com a particularidade de que esta
áreas ou setores menos dinâmicos ou da reestruturação de regiõcs inteiras.
Íegião registra, em todo período, um percentual bem maior do que a sua
E no Brasil, como isso se passa? Observe-se, então, a política de
con[ibúção na geração do produto interno do País.
investimentos comandada pelo Coverno Federal, expressa no programa
tanto
A reconcenEação estaria, assim, beneficiando, sobrehrdo, a Região Sul,
pelo aurnento da sua participação relativa como pelo Íato de regisbar
"Brasil em Ação" ', Itlntlt
Para o que interessa ncsse trabalho, tomcm-se o s prejetos ae inír.r- Nt
um percentual bem maior do que seu peso relativo na economia nacional. .economlcas lnler- !,irrv,htt
estrutura que têm capacidade de deÍinir.lrticulaçõ
Em resumo, os indicadores soble os investimentos industriais reva- regionais ou internacionais, e, portanto, são capa z e inÍluir na organiza-
ü
lentemente rivados su erem, se nãó uma nÍtida reconcen tração das ativi- + (N(t I iíx
ção territorial do Brasil, em tempos de gl obali o, Os demais sào projetos
dades econ micas no Sudes elo menos uma rande s etivi a e clos importantes, mas de impacto ritos a uma ou outra reSião do Nf
às
lnv n no es a onal brasileiro, com as atividades mais estra- País (a exemplo da conclusão d impacto no Nordeste). Por sua
cas e ue definem a dinâmica da ecônomia na clona concentrândo-se elagem territorial do BrasiJ, fica de fu+nr.urnkti
no Sudeste e os demais men sdain ded Y.:!8'^ nde importância pa
, 1.r,1,)ralr'1
/lora dêsse análise o Programa de Desenvolvimento das telecomunicações
capital marcando presença em altuns estados específicos Íora da r s (PAsrgtb or não ler sido apresentado com o detalhe da localização regional
i, '"
l-l t
maÉ induskiá tza ll4,Seus lnv estimentos (orçados em l($ 16 bilhõcs para o biênio) c o Programa 'tt .t
A análise dos projetos prioritários de irúra-estrutura econômica do humanos qualiÍicados, Locais bem-dotados desses akibutos são preferidos
Governo Femando Heüique, estratéticos para a futura organizaçã o terri- para aEair investimentos.
torial do Brasil, revela al Sumas cáÍac as Cabe desde logo destacar que o dispêndio em C&T realizado no Brasil
Portantes
nos anos 90 continua müto baüo (0,7% do PIB), quando comparado aos paÍ-
. têm uma opção prioritária clara pela integração dos espaços dinâ- ses do G7 e a al8urs "bgres" que despendem entre 2 e 3% de seus PIB'S para
r$\ micos do Brasil ao mercado externo, em especial ao Mercosul e ao promover o desenvolvimento cientíJico e tecnológico.
\\\ \\\ restante dâ Américá do Sul, consis(ente com a opção brasilelra de Das 158 instituições de pesquisa câdastradas pelo CNPq,81% eram
promover a integraçdo competitíla. Essa orientação estratégica de natueza pública. E metade se localiza numa única região: o Sudeste. O
secuÍrdariza a integração interna; Nordeste alriga 20% das iÍrstitu.ições cadaskadas (sendo que metade delas
. prioriza dotar de acessibilidade os "focos dirlâmicos,, do Brasil estão em dois Estados: Pemambuco e Bahia). Como se vê é histórica a con-
\ (agrícolas, agÍoinduskiais, agropecuários ou industriais), deixan- centração espacial dos Centro Produtores de Conhecimento no paÍs
do em segundo plano as áreas nlcnos d inâmicas, ou os tÍadicionais (IPEA/ DPRU/CCPR,/Nora Tócnica, 1996).
investimenlos "autônomos", onde o Estado patrocina inÍra- O último levantamento efetuado pelo CNPq registrava 7 mil grupos
estluturas que potencializam dinamismo econômico futuro. Na de pesquisa ativos no País, no primeiro semestre de 1995, fortemente con-
opção atual, o Estado segue o mercado, enquanto com os irvesti- centrados no Sudeste (69ol.) e especialmente em São paulo (40,7% do total
mentos "autônomos" se antecipa a ele. Na opção do,,Brasil em nacional). Considerando@ FoZ uçã) desses grupos, no biênio 1993-94,
Ação", o Coverno busca ampliar a competitividade de espaços que constata-se uma dishibuiç:o-estraíãl aiÍrda màis concentrada no Sudeste
já são competiüvosi que a distribuição dos Grupos de Pesquisa. Â região responde por g55o/o
. concenka os investirnentos no Sul-Sudeste, na fronteLa Noroeste, e dos artigos publicados em periódicos nacionais e estrangeiÍos por pesqui-
em pontos dinâmicos do Nordeste e Norte, se guindo os espaços que sadores do Brasil. A distribüção espacial dos produtos e processos tecnG.
vôm concênhando maior dinarnismo hos o nos rêcentes lógicos desenvolvidos revela, mais üma vez, uma forte concenlração no
Sudeste (com destaque para fuo deJaneiro e São Paulo). por sua vez, a dis-
Mais recentemente, o Governo Federal anunciou a irtenção de deta- tribuição das patentes outortadas para produtos gerados por Grupos de
lhar conhecimento e propor intervenções prioritárias prr" 12 ,,Eiro. Pesquisa no Brasil mostra que, à exceção de pE e DF, neúuma outia Uni-
Nacionais de Integração e Desenvolvimento,.. Embora apresentando avan_ dade da Federação fora do Sudeste e Sul conseguiu tal intento.
,.\ ços em relação às caracleÍísticas locacionais dos projetos do ,,Brasil em Finalmente, em termos [inanceiros, dados Íornecidos pelo CNpq
Açâo", a preocupação ainda está excessil,amente centrada na inserçào para 1994 (último disporuvel) revelam qlre a alocação regional dos gastos
externa do País. em C&T confirm.i que a União tcndc a íortalcccr os mais Íortes, tiimbónr
,,Eixos,, nesse campo, ao concentrar seus Íinanciamentos na base científica e tecn(F
\_+ _ Por sua vez, a abordagem a partir de seria adequada se o
único objetivo das polÍticas públicas do Brasil fosse o de ampliai a compe_ lógica instalada no Sudeste brasileiro (62,1, do total, contra apenas 9,/" no
titividade de áreas di_nâmicas em função de seu atual potencial exportaàor Nordeste, dos quais 1/3 só em Pernambuco).
(Eliezer Batista, por exemplo, tem essa preocupação, e trabalha com a Ora, o papel esperado do Estado, é o de contrabalançar com sua re-
P
noção de Eixos Estratégicos de forma adequada), O alcance desse objetivo sen a a va au a nva os. E não concen rar-se
requer determinados investimentos (sobretudo em inÍra-estrutura que onde o e rivado refere se localizar, onde o dinamismo
amplie a acessibilidade) e pode permitt certas articulações com outias la ló ica do mercado á é mais intenso, onde os novos fatores de com
áreas do paG. Mas essa é uma abordagem muito reskita para dar conta da tiúvidade ásãoa u antes, A pação que daÍ d erlva e so o des-
compleidade regional brasileira e dos mriltiplos objeúvàs a serem perse. tino das chamadas áreas " não-compe vas o ordeste, muitas dela
guidos, como se tentará mostrar adiante. a m icativo con ente como o rân es
árido não eldea focos de a tura i ou
Outro investimento i8ualmente estratégico, Íace ao novo paradigma
área total dessa su aon
tecnológico e produtivo e face às novas condiçôes de concorrãncia ium
mercado mundial em globalização, sâo os realizados na geração e difusão Como ficou claro das análises apresentadas até aqui, no Brasil dos
anos recentes, já no novo contexto de abertura, predomínio da integração
de conhecimentos científicos e tecnológicos e na Íormição dc recursos
tu(o! ,L rur,,r ii,!,1,1,,{., I '(íi'qi
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rit- (ui/i','n\ia)
r! , tu it,-o, Í, f, f1 r-ál
* tr. (-t ffilrt,r 1 REDESCoBRINDo o BRASIL INTEGRAçÀO ECONÔMICA 87
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