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DE EDUCAÇÃO FÍSICA*
Alesandro Anselmo Pereira
Luiz Gonçalves Junior
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
Resumo
A Lei 10.639/2003, que altera a Lei 9394/1996, torna obrigatório o ensino de História e
Cultura Afro–Brasileira e Africana na educaçã o bá sica. No entanto, percebemos uma
lacuna quanto ao cumprimento desta lei dentro das instituições educacionais,
particularmente no componente curricular Educaçã o Física. Assim, o objetivo deste
estudo foi, inicialmente, fazer um levantamento sobre jogos, brincadeiras, danças e
contos de origem africana e afro-brasileira para, em um segundo momento, realizar
aplicaçã o das mesmas em uma intervençã o em aulas do Projeto Recreaçã o da Prefeitura
Municipal de Sã o Carlos, e, finalmente, observar como se dáo desenvolvimento de tais
atividades junto aos participantes e se estas contribuem na formaçã o de identidade negra
positiva de crianças negras e nã o negras e no respeito à diversidade étnico-cultural.
Tratou-se de uma pesquisa qualitativa com coleta de informações realizada por meio do
registro sistemático das observações em diá rio de campo. Consideramos que é possível
vivenciar, de forma reflexiva, a história de diferentes culturas, inclusive a africana, e
que as vivências, os diá logos e a reflexões foram de extrema importâ ncia para
afirmaçã o, compreensã o e respeito de diferentes culturas e identidades.
Introdução
Dia-a-dia as pessoas se deparam com as diferenças existentes e aparentemente
consolidadas pela sociedade, acreditando, por vezes, que situações constrangedoras
desencadeadas através de apelidos, brincadeiras mal intencionadas, especialmente no
ambiente escolar, sã o atitudes corriqueiras, as quais devem ser aceitas como “naturais”
pela força do contexto em que se vive, como, por exemplo, acreditar que afro-
descendentes sã o seres humanos inferiores.
Ao brincar e jogar na rua ou na escola podemos sentir em situações de
acolhimento étnico-cultural: valorizaçã o, receptividade, conforto e alegria. Como
também, em situações de tolhimento étnico-cultural: desvalorizaçã o, constrangimento,
desconforto e tristeza. De um modo ou de outro sã o momentos de aprendizagem que, no
entanto, oscilam entre prazer e dor, devendo as primeiras serem encorajadas e as
segundas banidas de nossa sociedade.
*
Referência: PEREIRA, Alesandro A.; GONÇ ALVES JUNIOR, Luiz; SILVA, Petronilha B. G. e. Jogos
africanos e afro-brasileiros no contexto das aulas de educaçã o física. In: XII Congresso da Association
Internationale pour la Recherche Interculturelle (ARIC): diálogos interculturais: descolonizar o saber e o
poder, 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC, 2009. p.1-18. (ISBN: 978-85-87103-36-9).
A partir de nossa vivência e contato com a Lei 10.639/2003, que altera a Lei de
Diretrizes e Bases da Educaçã o Nacional 9394/1996, tornando obrigatório o ensino de
História e Cultura Afro–Brasileira e Africana na educaçã o bá
sica (BRASIL, 2004) nos
sentimos estimulados e desafiados a desenvolver intervençã o e estudo sobre o tema,
relacionando-o ao contexto da Educaçã o Física, especialmente por percebermos, lacuna
quanto ao cumprimento desta lei no citado componente curricular.
Devido a dificuldades de desenvolvimento da intervençã o em aulas regulares de
Educaçã o Física resolvemos realizar a mesma junto ao Projeto Recreaçã o da Prefeitura
Municipal de Sã o Carlos, o qual ocorre em escolas da rede pública municipal, no
contra-horá
rio das aulas regulares. O citado Projeto atende crianças de 7 a 12 anos,
menos favorecidas economicamente e moradoras das imediações da escola e tem por
premissa trabalho educacional realizado por meio de atividades recreativas, esportivas e
de lazer, tais como: atletismo, nataçã o, tênis de mesa, hip hop, jogos diversos, kung fu e
futebol. Salientamos termos realizado nosso estudo em uma das escolas do Projeto,
localizada no bairro Santa Felícia.
O objetivo deste estudo foi, inicialmente, fazer um levantamento sobre jogos,
brincadeiras, danças, contos, entre outros, de origem africana e afro-brasileira para, em
um segundo momento, realizar aplicaçã o das mesmas em uma intervençã o em aulas do
Projeto Recreaçã o da Prefeitura Municipal de Sã o Carlos, e, finalmente, observar como
se dáo desenvolvimento de tais atividades junto aos participantes e se estas contribuem
na formaçã o de identidade negra positiva de crianças negras e nã o negras e no respeito à
diversidade étnico-cultural.
A luta do Negro
O continente africano e seu povo foi dominado por Portugal entre os séculos XV
e XX. Tal país controlava o comércio de especiarias, se apropriou de recursos na costa
africana e ainda apreendeu negros para o trá
fico de escravos. Somente em 1910, alguns
países deste continente iniciaram seu processo de independência. Portugal resistiu ao
movimento e sofreu uma campanha que o esgotou social e economicamente,
culminando com a Revoluçã o dos Cravos, em 1974, quando todas as colônias
portuguesas na Á frica tornaram-se independentes (ANDRADE, 1992).
A Á frica possui 30 milhões de quilômetros quadrados de superfície e abriga
diversas civilizações, etnias e culturas. Estádividida politicamente em 53 Estados,
sendo que a média relativa per capita é muito baixa na maioria de seus países, sobretudo
entre a populaçã o negra; a minoria branca ainda controla o poder político, a exploraçã o
dos recursos econômicos e a força de trabalho em quase todo continente. Hábaixo
desenvolvimento industrial (ANDRADE, 1992).
Se por um lado tais problemas ainda se fazem presentes, fruto da dominaçã o
européia no período da colonizaçã o, por outro lado, de acordo com Nascimento (citado
por ABRAMOWICZ e col., 2006):
Procedimentos
Na primeira fase do estudo realizamos um levantamento de jogos, brincadeiras
e danças africanos ou afro-brasileiros a partir da nossa vivência, de material
bibliográ
fico ou da internet, bem como da construçã o de atividades lúdicas com enfoque
nas relações étnico-raciais que contribuíssem na formaçã o de uma identidade cultural
negra positiva.
Na segunda fase do estudo realizamos uma intervençã o através vinte aulas junto
ao Projeto Recreaçã o da Prefeitura Municipal de Sã o Carlos, sendo que participaram da
mesma 40 crianças, após diá
logo com elas e seus respectivos pais e responsá
veis sobre
os objetivos do trabalho, procedimentos metodológicos e uso dos dados para divulgaçã o
científica, os quais as autorizaram através da assinatura de termo de consentimento livre
e esclarecido a participar e a nós a divulgar os dados em meios acadêmicos.
O cotidiano da intervençã o foi todo sistematicamente registrado em diá
rio de
campo, que, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), “sã o relatos escritos daquilo que o
investigador ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha e reflectindo sobre os
dados de um estudo quantitativo”.
Resultados
A seguir apresentamos a descriçã o de alguns jogos, entre parênteses a fonte da
atividade, sendo a descriçã o, o objetivo e o resultado por nós escrito com base em nossa
pesquisa, experiência e situações em campo, conforme registro em diá
rios:
Referências
ABRAMOWICZ, A; SILVÉRIO, V. R; OLIVEIRA, F; TEBET, G. G. C. Trabalhando
a diferença na educação infantil. Sã o Paulo: Moderna, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 31ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
SILVA, Vivian P.; CARDOSO, Mariela P. A. Danças populares brasileiras. In: III
Colóquio de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana: o lazer em uma perspectiva
latino-americana, 2007, Sã o Carlos. Anais... Sã o Carlos: SPQMH -DEFMH/UFSCar,
2007.
SOUZA, M. M. África e Brasil africano. Sã o Paulo: Á tica, 2006.