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A ARTICULAÇÃO DO CONCEITO DE CUIDADO E A PRÁTICA

CLÍNICA NA ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA


Camila de Araújo Carrilho¹, Lia Carneiro Silveira²

¹ Universidade Estadual do Ceará, Programa Pós-Graduação de Cuidados Clínicos, bolsista


CAPES/FUNCAP, carrilhocamila@hotmail.com.
² Universidade Estadual do Ceará, Programa Pós-Graduação de Cuidados Clínicos,
silveiralia@gmail.com.

RESUMO. O presente estudo teve o objetivo de identificar como o conceito de cuidado e a prática
clínica de Enfermagem são articulados nos periódicos nacionais. Foi realizado um estudo de revisão
integrativa, no qual foi produzido um levantamento bibliográfico na base de dados Scientific
Electronic Library Online (SciELO), dos quais foram selecionados 29 artigos para compor a
análise. A partir das leituras foram organizadas três categorias: “Cuidado como fazer sistematizado
de Enfermagem”, “Cuidado como manutenção das funções e necessidades do organismo” e o
“Cuidado direcionado para o autocuidado”. A análise demostrou diversas lacunas no que diz
respeito a articulação entre a clínica da enfermagem com o conceito de cuidado humano.
Palavras-chave: Enfermagem; Cuidado; Clínica.

INTRODUÇÃO
A enfermagem é historicamente marcada pela característica central de ser uma profissão
voltada para o cuidado, seja enquanto objeto do processo de trabalho ou como pura essência, o
que varia de acordo com os referenciais teóricos adotados. Esse conceito de caráter complexo
já foi atravessado por diferentes planos epistemológicos, resultando com que até a atualidade
haja uma pluralidade de abordagens na profissão que não delimitam homogeneamente a sua
atuação (SILVEIRA et al., 2013; LEOPARDI; GELBCKE; RAMOS, 2001).
Em meio ao cenário atual de mudanças no século XXI, impera a hegemonia dos
interesses econômicos e supervalorização da tecnociência em sobreposição dos valores
políticos e das relações humanas. Essa problemática se vê refletida na Enfermagem em questão
na qual é constantemente exigido o desempenho de atividades assistenciais, gerenciais e
administrativas, bem como o enfoque fazendo suprimir e tornar pouco efetiva a aplicação do
cuidado humano que deveria perpassar esses fazeres (DOS SANTOS et al., 2017). Inúmeros
autores também vão reconhecer esse distanciamento na prática do enfermeiro da produção do
cuidado, por privilegiar as competências técnicas, inclusive em sua formação (VIEIRA et al.,
2011; PRADO; REIBNITZ, 2004).
A profissão marcada por esse movimento desde sua adequação e legitimação em
conformidade com os parâmetros da ciência, aliada ao modelo de clínica anatomopatológica
que ascendeu desde o século XVIII. A medida que a profissão foi tendo como predominância
a abordagem positivista, surgiram questionamentos acerca de sua centralidade ser voltada para
o cuidado, fazendo com que os pesquisadores da enfermagem buscassem amparo desse conceito
numa perspectiva humanista propostos pela fenomenologia e o existencialismo filosófico.
Logo, muitas teorias de Enfermagem foram elaboradas através da base filosófica em Heidegger.
Nesse ponto, como foi identificado no estudo de Silveira et al. (2013), há um desacordo
entre os princípios humanistas que possuem forte presença na enfermagem com a determinação
do rigor científico, pela tensão existente entre a clínica hegemônica e as concepções de cuidado.
Uma vez que o rigor científico que orienta a prática clínica, busca a obtenção da objetividade,
ou seja, muito comumente há a imposição de uma certa neutralidade e indiferença como a
postura mais adequada do enfermeiro (PRADO; REIBNITZ; GELBCKE, 2006). Diante desse
paradoxo, nos questionamos: Como o conceito de cuidado dialoga com o conceito de clínica?
Ou seja, quando o enfermeiro está inserido na prática clínica, como o mesmo consegue
relacionar o conceito de cuidado?
Sendo assim, apresentamos como objetivo identificar como o conceito de cuidado e a
prática clínica de Enfermagem são articulados nos periódicos nacionais.

METODOLOGIA
Foi realizado um estudo de revisão integrativa, no qual foi produzido um levantamento
bibliográfico na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), por ser uma
plataforma que possibilita acesso às publicações eletrônicas de edições completas de periódicos
científicos.
Foram seguidas todas as etapas necessárias para desenvolver uma revisão integrativa:
elaboração das perguntas norteadoras e objetivos; estabelecimento de critérios de inclusão e
exclusão de artigos; definição das informações extraídas dos artigos selecionados; análise dos
resultados; discussão e apresentação dos resultados.
Na primeira etapa, definimos as questões: Qual o conceito de cuidado que orienta esses
artigos? Como esse conceito dialoga com o conceito de clínica?
Em seguida, foram delimitados os artigos que seriam analisados, utilizando como
critérios de inclusão: apresentar o termo “Cuidado”, “Clínica”, “Enfermagem” em qualquer um
dos campos (título, resumo, palavras-chave ou corpo do texto); estar situado na área da
Enfermagem; ter sido publicado entre o período de 2016 a 2018 no Brasil e estar disponível em
português. Foram excluídos da amostra artigos de revisão integrativa ou estudos teóricos para
ter maior centralidade em estudos clínicos, como também os artigos que vinculavam o conceito
de cuidado relacionado a cuidados paliativos ou cuidados realizados pelos cuidadores ou
parentes familiares.
Após a aplicação desses critérios, foram selecionados 5 periódicos de principal destaque
nacional: Revista Gaúcha de Enfermagem, Revista Anna Nery, Texto & Contexto Enfermagem,
Revista Latino-Americana de Enfermagem e a Revista da Escola de Enfermagem da USP. Ao
total, resultou em 29 artigos selecionados para compor o corpus da análise, que de alguma
maneira apresentavam o conceito cuidado proposto para aplicação na clínica.
Para a síntese e análise dos dados, elaborou-se um instrumento que contemplou os
seguintes itens: título do artigo, objetivos, trechos dos periódicos acerca do cuidado, palavras-
chave e categorias temáticas. Após sucessivas leituras, foram organizadas as categorias
“Cuidado como fazer sistematizado de Enfermagem”, “Cuidado como manutenção das funções
e necessidades do organismo” e o “Cuidado direcionado para o autocuidado”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na categoria “Cuidado como fazer sistematizado de Enfermagem” refere-se aos artigos
que relacionavam a prática do cuidado segundo sistemas de classificações. Em sua maioria
foram encontrados referentes as categorias de cuidados adotadas no PRAXIS® e segundo a
resolução do Cofen 293/2004 e 0527/2016: Cuidados Intensivos (CIn), Semi-Intensivos (CSI),
Alta Dependência (CAD), Cuidados Intermediários (CI), Cuidados Mínimos (CM).
(VANDRESEN et al., 2018) Também foram incluídos artigos que se basearam na classificação
de diagnósticos de enfermagem da Nanda, na Classificação Internacional para prática de
Enfermagem (CIPE®) e no Modelo de Cuidados em Enfermagem.
Os artigos que trouxeram a associação do cuidado como uso da classificação e
dimensionamento dos procedimentos e validação de suma importância para melhoramento da
prática de enfermagem pautada no método científico (CLARES et al., 2016). São apontadas as
vantagens de uma linguagem unificada e melhor organização da rotina e tomada de decisões do
enfermeiro.
Na segunda categoria “Cuidado como manutenção das funções e necessidades do
organismo”, configurou-se como a de maior volume de artigos. Os autores trazem o cuidado de
forma mais específica, voltada para manutenção das funções vitais do paciente, direcionados
para procedimentos no corpo ou baseada na Teoria das Necessidades Humanas Básicas de
Wanda Aguiar Horta, ampliando mais a atuação para aspectos como conforto, segurança e até
ao amor (DE SOUZA NETO et al., 2017). Para o alcance de tais parâmetros e reestabelecimento
homeostático do organismo, os autores que compreenderam essa categoria apontaram em seus
estudos a realização de procedimentos e utilização de instrumentos para a avaliação das
condições de saúde.
Na terceira categoria “Cuidado direcionado para o autocuidado” identificamos os
artigos que relacionam o cuidado a busca por instigar o autocuidado, sendo esse conceito
referente a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem. Segundo o referencial, a sua aplicação
diz respeito a realizar orientações, desenvolvimento de tecnologias e intervenções educativas.
Em todas as categorias os artigos trataram-se, em larga maioria, de estudos transversais
de abordagem quantitativa ou de intervenção clínica. Assim como muitos sustentam a
importância do embasamento científico através da mensuração dos resultados e em evidências
para realização de um cuidado mais seguro. Contudo, foram escassos os artigos que
articulassem um conceito de cuidado humano relacionando com a prática clínica, como poderia
ser manejado e de que trataria esse cuidado que fosse além de corresponder ao desempenho de
atividades de enfermagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do levantamento de artigos, foi possível verificar o legítimo empenho da
Enfermagem no aprofundamento de suas bases científicas a partir de estudos cada vez mais
fundamentados e alinhados às tecnologias. Porém, a produção analisada apresentou diversas
lacunas no que diz respeito a articulação entre a clínica da enfermagem com o conceito de
cuidado, pois ele deixa de ser abordado pelo seu viés humanístico, sendo restrito ao desempenho
de atividades de Enfermagem.

REFERÊNCIAS
CLARES, Jorge Wilker Bezerra et al. Subconjunto de diagnósticos de enfermagem para
idosos na Atenção Primária à Saúde. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 2,
p. 272-278, 2016.
DE SOUZA NETO, Vinicius Lino et al. Proposta de plano de cuidados de enfermagem para
pessoas internadas com Aids. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 51, p. 03204,
2017.
DOS SANTOS, Ariane Gomes et al. O cuidado em enfermagem analisado segundo a essência
do cuidado de Martin Heidegger. Revista Cubana de Enfermería, v. 33, n. 3, 2017.
LEOPARDI, Maria Tereza; GELBCKE, Francine Lima; RAMOS, Flávia Regina Souza.
Cuidado: objeto de trabalho ou objeto epistemológico da enfermagem. Texto & contexto
enferm, v. 10, n. 1, p. 32-49, 2001.
PRADO, Marta Lenise; REIBNITZ, Kenya Schmidt. Salud y globalización: retos futuros para
el cuidado de enfermería. Investigación y educación en enfermería, v. 22, n. 2, p. 104-111,
2004.
PRADO, Marta Lenise; SCHMIDT REIBNITZ, Kenya; LIMA GELBCKE, Francine.
Aprendendo a cuidar: a sensibilidade como elemento plasmático para formação da
profissional crítico-criativa em enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, v. 15, n. 2,
2006.
SILVEIRA, Lia Carneiro et al. Cuidado clínico em enfermagem: desenvolvimento de um
conceito na perspectiva de reconstrução da prática profissional. Escola Anna Nery revista de
enfermagem, v. 17, n. 3, p. 548-554, 2013.
VIEIRA, Alcivan Nunes; SILVEIRA, Lia Carneiro. O cuidado e a clínica na formação do
enfermeiro: saberes, práticas e modos de subjetivação. Escola Anna Nery Revista de
Enfermagem, v. 15, n. 4, p. 776-783, 2011.

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