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PSICOLOGIA – 12º ANO 1

A ENTRADA NA VIDA - EU
A ENTRADA NA VIDA - EU

A MENTE
Etimologicamente, o termo mente vem do latim mèntem, que tem o significado de
pensar, conhecer, entender, e significa também medir, visto que alguém que pensa
não faz mais que medir, ponderar as ideias.

Os gregos utilizavam o termo nous para indicar a mente, a razão, o pensamento, a


intuição.

Durante muito tempo, associou-se a mente apenas à dimensão cognitiva:


 Raciocínio, dedução, abstração juízos, conceitos;
 Manifestação da racionalidade humana;
 Atividade consciente.

Durante o século XX chegou-se à conclusão de que o funcionamento da mente não


se reduz à produção racional, abstrata de conhecimentos.
A mente passou a ser entendida como a manifestação total de processos dinâmicos
que interagem entre si de forma complexa, implicando-se mutuamente.

A mente começou assim a ser vista como um SISTEMA que integra vários
processos (cognitivos, emocionais e conativos).

A MENTE

COGNIÇÃO EMOÇÃO CONAÇÃO

SABER SENTIR AGIR

PERCEPÇÃO EMOÇÃO INTENCIONALIDADE


MEMÓRIA AFECTO TENDÊNCIA
APREDIZAGEM SENTIMENTO ESFORÇO
PSICOLOGIA – 12º ANO 2

A PERCEÇÃO
A perceção é um processo mediante o qual a informação sensorial é ativamente
organizada e interpretada pelo cérebro e que nos ajuda a compreender o mundo à
nossa volta.

SENSAÇÃO PERCEÇÃO
É a deteção e receção dos estímulos nos É a interpretação, organização e
orgãos dos sentidos, que são traduzidos descodificação dos dados sensíveis, feita
em impulsos nervosos que são conduzidos pelo cérebro.
ao Sistema Nervoso Central pera serem
processados pelo cérebro. Seleciona, organiza, interpreta, atribui
sentido.

É um processo mental ativo, embora


dependa da sensação.

A visão que temos do mundo não é uma reprodução, mas sim uma interpretação.
Fazemos uma correção mental, e de modo automático, ao conteúdo da nossa
perceção de modo a manter a regularidade do mundo externo.

Toda a informação sensorial é captada pelos sentidos e enviada para diferenrentes


àreas do cérebro, onde é representada.

Não reproduz o mundo como um espelho, como uma fotografia, porque o cérebro
constrói uma representação mental ou imagem da realidade.

“É no cérebro que a papoila se torna vermelha, que a maçã se torna aromática,


que a cotovia canta.” Oscar Wilde

FATORES INTERNOS À PERCEÇÃO - INERENTES AO SUJEITO

Estruturas fisiológicas Experiências anteriores


Maturação Personalidade
Experiências pessoais Fatores sociais
Cultura Valores
Motivação Necessidades
Atenção Profissão
Memória Aprendizagem
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FATORES EXTERNOS À PERCEÇÃO – INERENTES AO OBJETO

INTENSIDADE TAMANHO CONTRASTE

Tendência a percecionar Tendância para captar Tendência para ser mais


Os estímulos com maior objetos com tamanhos sensível a estímulos que
intensidade. maiores. contrastem no meio.

Brilho forte, um som alto, Figuras grandes num Um brilho na penumbra,


uma cor berrante… desenho. uma erva aromática não
habitual num prato
cozinhado…

SURPRESA E NOVIDADE REPETIÇÃO MOVIMENTO

Muitoutilizado quando se Tendência para prestar Tendência para


pretende chamar a atenção a um estímulo percecionar mas
atenção. novo e repetitivo. facilmente estímulos em
movimento

Um slogan publicitário. Uma bola a rodar para


chamar a atenção de um
gato.

LEIS DA PERCEÇÃO

A teoria da GESTALT foi formulada no início do século XX por um grupo de


Psicólogos alemães (Wertheimer, Kolher e Koffka). Gestalt significa forma,
padrão, configuração.

Este movimento elaborou um conjunto de leis que tentaram explicar como a mente,
de forma imediata, interpreta as informações sensoriais e produz uma perceção
organizada.

PRINCÍPIO DA TOTALIDADE

A principal tese dos gestaltistas é esta: o todo é maior que a soma das partes.
Temos a perceção de formas unificadas e não de peças ou fragmentos.

Assim, só reconhecemos uma melodia ouvindo-a globalmente: isoladas, as notas


musicais nada significam, Uma vez organizada a melodia damos atenção à forma
conjunta e não a notas isoladas.

O mesmo acontece quando estamos a ver um


filme de banda desenhada. Não vemos as
imagens estáticas que são as suas partes mas
o movimento, o filme como um todo.
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CONSTÂNCIA PERCETIVA

A constância percetiva é a capacidade de percecionar um objeto com os seus atributos


básicos, independentes da variedade sensorial com que ele se apresenta.

CONSTÂNCIA DA
DIMENSÃO/TAMANHO.

O reconhecimento de que um objeto


continua a ser o mesmo ou a ter a mesma
dimensão independentemente da sua
imagem na retina mudar.

CONSTÂNCIA QUANTO À COR

Capacidade de percecionar a cor dos


objetos familiares como constante, apesar
da sensação de cor mudar.

CONSTÂNCIA QUANTO À FORMA

A tendência para percecionar um objeto


como tendo uma forma constante mesmo
quando muda a imagem que é projetada na
retina.

"Sem ela [constância percetiva], o nosso mundo percetivo seria caótico. Suponhamos que
os nossos amigos pareciam anões a certa distância e gigantes quando se aproximavam.
Um bebé de colo seria percebido maior que um adulto, a um metro de distância. O
mecânico que tivesse de escolher um parafuso ou uma porca de tamanho apropriado de
entre uma grande variedade, a distâncias diversas dele, enfrentaria uma tarefa
desesperada. À medida que se movesse, mudaria a perceção da grandeza e da forma dos
objetos, tornando-se-lhe impossível confiar no que via ao interpretar a realidade.»
Kendler, Int. à Psicologia
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LEI DA FIGURA-FUNDO

Quando percecionamos, a primeira coisa que fazemos é


separar a figura do fundo. A nossa atenção seleciona
partes da imagem e forma a perceção consoante a escolha
feita.

LEI DO AGRUPAMENTO PERCETIVO


Tendência para agrupar os estímulos recebidos num todo coerente.

PROXIMIDADE

Quando percecionamos um aglomerado


de objetos (estímulos percetivos),
tendemos a ver os objetos que estão
próximos uns dos outros como formando
um grupo ou unidade.

SEMELHANÇA

Os objetos semelhantes ou em posição


semelhante são, por tendência, agrupados
juntos ou vistos como uma unidade.

FECHAMENTO

Figuras incompletas tendem a ser vistas


como completas.
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DISTURBIOS DA PERCEÇÃO

O sujeito ao percecionar estímulos pode atribuir-lhes significações inadequadas,


estabelecendo certa discrepância entre o real e perceção do mesmo.
Tal discrepância pode ser mais ou menos acentuada, permitindo que em certos
casos falemos de falsa perceções, ou de distúrbios percetivos.

Agnosias – se determinadas áreas cerebrais forem afetadas, o indivíduo perde total ou


parcialmente as capacidades percetivas. Existem diversos tipos de agnosias como sejam
a visual, a auditiva e a somatossensorial.

Alucinações – são “perceções sem objeto”, na medida em que o indivíduo que as


experimenta passa por uma experiência psicológica interna que o leva a comportar-se
como se os estímulos externos existissem de facto.

Ilusões – as ilusões percetivas ou sensoriais resultam duma deformação dos estímulos


reais, pois muitas vezes o cérebro engana-se: discrepância entre a grandeza física e a
percetiva. As ilusões mais vulgares são as óticas, as tácteis e as báricas.
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PERCEÇÃO E CULTURA

A visão do mundo à nossa volta é bastante influenciada pela cultura onde vivemos.

O meio onde vivemos tem muita influência no modo como observamos as coisas
e na forma interpretamos o que vemos.

Pessoas que vivem em regiões sem estradas, cujas linhas


convergem num certo ponto, sem casa retangulares com
telhados que fazem ângulos, não estão familiarizadas
com o tipo de indicadores que dão origem a esta ilusão
percetiva.

Os pigmeus que vivem nas densas florestas do Congo raramente veem objetos a longa
distância. O antropólogo Colin Turnbull observou que, quando os pigmeus dessas áreas
viajavam para as savanas e viam búfalos no horizonte, pensavam que os animais eram
pequenos insetos e não volumosos mamíferos. A falta de experiência com objetos distantes
explica a sua incapacidade para percecionar a permanência do tamanho dos objetos.
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MEMÓRIA
A memória é o processo dinâmico que
consiste na codificação, armazenamento
e recuperação de conteúdos mnésicos ou
de informação.

As regiões do cérebro responsáveis pela


memória são o Tálamo, a Amigdala, o
Hipocampo e o Cerebelo.

PROCESSOS BÁSICOS DA MEMÓRIA

Reactualização
Codificação Armazenamento Recuperação

Prepara as informações Trata-se da manutenção da Ocorre quando localizamos


sensoriais para serem informação ao longo do a informação na memória e
armazenadas no cérebro. tempo. a trazemos à consciência.

Consiste na tradução de A melhor forma de o fazer Os testes que os estudantes


dados num código, que consiste em repetir a fazem é um exemplo puro
pode ser acústico, visual ou informação e analisar o de reactualização, pois eles
semântico. significado da nova recordam a informação que
informação relacionando-a foi aprendida, que está
A informação é com a informação já armazenada, para a
introduzida, umas vezes existente na memória. realização do teste.
automaticamente e outras
mediante a repetição ou São também importantes o
elaboração na memória. caráter relevante da
informação e o facto de ser
Depois de codificada, a nova e em pouca
informação é armazenada quantidade de cada vez.
durante um período
variável de tempo.
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PRINCIPAIS SISTEMAS DE MEMÓRIA

Memória sensorial

A memória sensorial é um tipo de memória que tem origem nos órgãos dos
sentidos. Por isso, podemos falar de memória sensorial auditiva (ou ecoica),
visual (ou icónica), olfativa etc.

As informações obtidas pelos sentidos são retidas por um curto espaço de tempo
– entre 0,2 e 2 segundos.

É graças a este tipo de memória que é possível ver um filme (memória sensorial
visual) e perceber um texto que ouvimos (memória sensorial auditiva).

Se a informação não for processada perde-se; se for processada passa para a


memória a curto prazo.

Memória a Curto prazo

A memória a curto prazo é um sistema mnésico ligado a processos de retenção


temporária de informação, podendo esta ser esquecida ou guardada num
sistema de memória a longo prazo.

MEMÓRIA A CURTO PRAZO

MEMÓRIA IMEDIATA MEMÓRIA DE TRABALHO

Forma de memória com fraca capacidade É a área onde se colocam e são utilizados
de armazenamento e reduzida os conteúdos mnésicos necessários em
durabilidade; dados momentos;

É um “armazém” de capacidade limitada; Utilizamos a memória de trabalho sempre


armazena aproximadamente sete itens ou que realizamos uma tarefa, como
peças informativas, ou seja, pequenas conversar com outra pessoa ou fazer um
quantidades de informação (número de teste, por exemplo:
telefone, matrícula de um carro);
Caracteriza-se por ser um espaço ativo de
Consegue manter a informação captada trabalho onde a informação está acessível
durante 20 a 30 segundos. para uso temporário.

Essa capacidade pode ser aumentada se os


itens forem agrupados (+352 22 781 33 45).
PSICOLOGIA – 12º ANO 10

Os dados da memória a curto prazo, se forem processados, passam para a


memória a longo prazo. Para que a informação fique armazenada nesta
memória é preciso que seja repetida e codificada.

Memória a longo prazo

A memória a longo prazo é um tipo de memória relativamente duradoura, na


qual a informação é armazenada para ser utilizada posteriormente.

Para os estudiosos, a M.L.P. tem a capacidade armazenar grandes quantidades


de informação durante longos períodos de tempo.

A informação é armazenada sobretudo mediante uma codificação semântica,


que assenta no significado da informação.

Os conteúdos são codificados como “significados”: os elementos informativos


recém-chegados são associados e integrados em contextos significativos já
formados.
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MEMÓRIA A LONGO PRAZO

Declarativa Procedimental
(não declarativa)
Memórias de factos e de conhecimentos gerais e
episódicos ou acontecimentos pessoais Memória de aptidões
motoras.
Semântica Episódica
È o nosso conhecimento
Onde se armazenam Onde se armazenam do modo como fazer as
factos sem conteúdo informações e factos de coisas.
autobiográfico, caráter essencialmente
conhecimentos gerais autobiográfico. Forma-se pela prática e
como regras, conceitos, pela observação.
normas e leis. É a memória dos
acontecimentos da nossa Exemplos: Andar de
Tem um conteúdo vida. bicicleta; tocar um
informativo geral e instrumento musical,
menos vivencial do que a Está ligada a momentos e lavar os dentes.
episódica lugares paniculares.

Abstrai da relação Exemplos: Viajem de


espácio-temporal. férias; nascimento de um
filho; primeiro beijo.
Exemplos: Saber a capital
da Rússia; fórmulas
químicas; regras
gramaticais.

Memória sensorial Memória a curto prazo Memória a longo prazo

Tempo de  Escassos segundos  De 30 a 60 segundos  Horas, dias, meses,


armazenamento (0,2 a 2 Seg.) anos, toda a vida.
Atenção  Nenhuma/muito  Alguma  Moderada
pouca
Capacidade  Ilimitada: todos os  7 Elementos (+/- 2)  Ilimitada.
dados registados pelos
órgãos dos sentidos.
Exemplos  Quando se vê  Consultamos um  Recordamos a casa
alguma coisa por número da lista onde passávamos as
instantes e nos pedem telefónica e férias na nossa
para recordar um recordamo-lo infância.
pormenor. enquanto o digitamos.
PSICOLOGIA – 12º ANO 12

A MEMÓRIA COMO PROCESSO ATIVO

A memória não retém a informação de forma passiva. Não reproduzimos


fielmente o que adquirimos, o que retivemos: selecionamos, excluímos e
alteramos.

Os materiais da memória sofrem alterações porque muita informação perde-se,


outra transforma-se com o decorrer do tempo e com as experiencias vividas.

FATORES QU INFLUENCIAM A MEMÓRIA

Fisiológicos O bem-estar cerebral, que depende em grande parte da oxigenação dos


tecidos nervosos.
O exercício físico.
A qualidade da alimentação.
A qualidade do sono.

Emocionais Estados emocionais perturbadores, situações de pressão e de stress


dificultam a concentração criando um ruído mental e impedem-nos de
prestar atenção, o que dificulta a memorização.

Culturais É a partir do contexto em que vivemos e das nossas experiências como


membros de uma cultura específica, que construímos as
representações do mundo que influenciam o que memorizamos.

ESQUECIMENTO E MEMÓRIA

O esquecimento é a incapacidade, provisória ou definitiva, de aceder


conscientemente a uma informação adquirida ou a uma experiência vivida no
passado mais imediato ou mais longínquo.

O esquecimento é um processo inerente à memória e não uma doença, embora


lesões e doenças a possam afetar gravemente.

Tem uma função seletiva: sem o esquecimento, muita informação inútil,


desagradável e conflituosa não seria afastada, o que perturbaria a nossa
adaptação à realidade.

Esquecimento regressivo

O esquecimento regressivo ocorre quando surgem dificuldades em reter novos


materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente.

Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e


pode dever-se à degenerescência dos tecidos cerebrais.
PSICOLOGIA – 12º ANO 13

Esquecimento motivado

Como o próprio termo deixa transparecer, o esquecimento motivado significa que


esquecemos porque temos razões (estamos motivados) para esquecer,
habitualmente porque uma recordação é desagradável e perturbadora.

Neste sentido, Freud apresentou uma conceção de esquecimento que decorre da


sua teoria sobre o psiquismo humano, segundo a qual nós esquecemos o que,
inconscientemente, nos convém esquecer.

Este esquecimento resulta de um recalcamento, ou seja, é um modo inconsciente


de as pessoas se libertarem de recordações perturbadoras. É o que acontece com
o esquecimento de situações de medo, dor ou angústia vividas pelo indivíduo.

Interferência das aprendizagens

A interferência é um fenómeno que ocorre quando ao tentarmos recordar algo,


uma informação gravada antes (interferência proactiva) ou depois (interferência
retroativa) da que tentamos recuperar impede o acesso a esta.

Segundo esta explicação, o esquecimento não significa que a recordação de algo


desapareceu, mas sim que outro conteúdo mnésico semelhante ao que tentamos
recuperar provocou uma confusão entre elementos informativos, tornando-se
assim um obstáculo à reactualização da informação pretendida.

Um turista francês na sua primeira viagem a Nova Iorque prepara-se para tomar um
duche. Roda a torneira com a letra C e, como é óbvio, sai água fria. Ora, o rececionista
tinha-lhe dito que C era a sigla de “Cold” (frio). Contudo, este conhecimento recente
foi perturbado por uma aprendizagem anterior que “tomou a dianteira” e, interpondo-
se, provocou uma confusão (C em francês e nos hotéis franceses, mais precisamente
nas suas casa de banho, é a sigla para designar “chaud”, quente).

Fixado um novo número de telefone ou de cartão de crédito, temos dificuldade em


relembrar o anterior.
PSICOLOGIA – 12º ANO 14

IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA

Quase tudo o que se faz depende da memória. Nela repousam os nossos


conhecimentos, os nossos hábitos, a nossa educação, em suma as nossas
aprendizagens.

Se não houvesse retenção dos resultados da prática anterior, cada tentativa de


aprendizagem resultaria no mesmo comportamento da primeira.

Sem memória as aprendizagens teriam de estar constantemente a ser


adquiridas, o que equivaleria a estarmos sempre no ponto zero.

A memória ajuda na adaptação do ser humano ao meio, permite a resolução de


problemas e através dela atribuímos significado às nossas experiências.

Assegura o reconhecimento das nossas experiências passadas, dando


significado ao que vivemos no presente.

Permite-nos reter o passado, responder adequadamente ao presente e


proporciona-nos a possibilidade de projetar o futuro.

Permite construir um “sentimento de si”, um sentimento de identidade pessoal


e coletiva.

DOENÇAS RELACIONADAS COM A MEMÓRIA

Amnésia

Amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações.


Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou
a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em amnésia.

Doença de Alzheimer

Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma forma
de demência. A mais comum é a doença de Alzheimer, na qual predomina a perda
gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais
responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras partes do cérebro.

Outros fatores

A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso


abusivo da cocaína ou de outras drogas, lesões vasculares do cérebro (derrames),
o traumatismo craniano repetido e outras doenças mais raras também causam
quadros de perda de memória.
PSICOLOGIA – 12º ANO 15

Perturbações da memória

As perturbações da memória mais frequentes têm origem em problemas orgânicos – em


resultado, por exemplo, de traumatismos cranianos ou acidentes vasculares cerebrais.
Acontece também serem uma característica do estado de demência.

A amnésia pode também ser induzida pela ingestão prolongada e abundante de


substâncias como o álcool, sedativos, ansiolíticos e hipnóticos, enuncia o Manual de
Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, da American Psychiatric Association.
Também o stress ou um episódio de natureza traumática são capazes de gerar a
incapacidade para recordar informação pessoal verdadeiramente importante. Esta
perturbação da memória sem razões orgânicas, demasiado vasta para ser explicada como
vulgar esquecimento, é conhecida como amnésia dissociativa.

São descritos vários tipos: na amnésia localizada, a pessoa é incapaz de recordar


acontecimentos de um período de tempo circunscrito, geralmente as primeiras horas após
algo perturbador – por exemplo, um sobrevivente ileso de um acidente de viação em que
morreu um membro da família pode não ser capaz de recordar, até dois dias mais tarde,
o que aconteceu; na seletiva a pessoa pode recordar só alguns acontecimentos num
período de tempo – um veterano de guerra pode lembrar-se só de algumas partes de uma
série de combates violentos.

Há ainda três outros tipos de amnésia menos comuns. A generalizada tem a ver com a
incapacidade de recordar toda a vida. São as pessoas com esta perturbação que costumam
aparecer na polícia ou na urgência hospitalar. Já a amnésia contínua implica falta de
capacidade de recordar a partir de um ponto no tempo. E a sistematizada afeta a perda de
memória em relação a certas categorias de informação, como todas as recordações
relativas à família ou uma pessoa em particular.

Catarina Gomes, Público, 2005-05-29


PSICOLOGIA – 12º ANO 16

APRENDIZAGEM

Podemos definir aprendizagem como a modificação ou alteração relativamente


estável do comportamento ou do conhecimento que resulta do exercício,
experiência, treino ou estudo.

APRENDIZAGEM NÃO ASSOCIATIVA

APRENDIZAGEM POR HABITUAÇÃO

Tomás está na biblioteca a ler um livro de Psicologia e a tirar apontamentos. De


repente, uma funcionária do pessoal auxiliar começa a arrastar cadeiras na sala ao lado
para a preparar para uma reunião de professores. A princípio, Tomás fica um pouco
aborrecido e desconcentrado, mas a pouco e pouco deixa de dar atenção ao ruído e, ao
mesmo tempo que a sua concentração no ruído diminui, aumenta a sua concentração
na tarefa que estava a realizar. Esta diminuição na resposta a um estímulo é conhecida
pelo termo habituação.

A habituação é a forma mais básica de aprendizagem e parece estar presente em


todas as espécies, sendo um importante trunfo adaptativo. Sem ela,
responderíamos de modo reflexo ou imediato a sons, imagens e cheiros que
encontrássemos, seríamos incapazes de os ignorar.

A aprendizagem por habituação consiste na diminuição da tendência para


responder a um certo estímulo. Este tipo de aprendizagem dá origem a que o ser
humano consiga ignorar o que lhe é familiar e focar o que realmente lhe interessa

APRENDIZAGEM ASSOCIATIVA

Este tipo de aprendizagem implica a associação de estímulos, ou a associação de


estímulos e respostas. O condicionamento clássico e o condicionamento
operante são tipos de aprendizagem associativa.

CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
No condicionamento clássico, o organismo aprende a associar dois estímulos.
Em resultado dessa associação, o organismo aprende a antecipar
acontecimentos.

Por exemplo, o relâmpago é associado ao trovão; sempre que vemos um


relâmpago, o nosso organismo prepara-se para ouvir um trovão.
PSICOLOGIA – 12º ANO 17

Os realizadores de filmes de terror conhecem o poder do condicionamento


clássico, seja para provocar antecipações do organismo que podem nem sempre
ser correspondidas com os factos, seja para mostrar cenas específicas ainda antes
de organismo se preparar para elas. Chama-se a isto suspense.

Nos primeiros anos do século XX, o fisiologista russo Ivan Pavlov fazia estudos sobre a
digestão. Nas suas experiências, habitualmente dava a comer bocados de carne a um cão,
para provocar a salivação. Por acidente, Pavlov reparou que os bocados de carne não eram
o único estímulo que provocava salivação no cão. O cão salivava em resposta a um
conjunto de estímulos associados ao alimento, como a visão do prato da comida, a visão
do indivíduo que trazia a comida à sala de experiências e o som da porta a fechar-se
quando o alimento chegava. Pavlov reconheceu que as associações do cão destas visões e
sons com a comida era um importante tipo de aprendizagem, a que mais tarde se chamou
condicionamento clássico.

1. Pavlov apresentava a carne ao cão e este salivava (reflexo incondicionado).

2. Em seguida, apresentava a carne acompanhada pelo som de uma campainha (estímulo neutro)
e o cão salivava.

3. Ao ouvir apenas o som da campainha, o cão passava a salivar (reflexo condicionado).


PSICOLOGIA – 12º ANO 18

Estímulo Neutro Estímulo que, antes do condicionamento, não


produz a resposta desejada.

Ex: O som da campainha.

Estímulo Incondicionado Estímulo que desencadeia uma resposta não


(EI) aprendida (RI)

Ex: A carne.

Resposta Incondicionada Resposta inata, automática, mecânica, não


(RI) aprendida, a um E.I.

Ex: Salivar com o cheiro da carne.

Estímulo Condicionado Estímulo neutro que, associado a um estímulo


(EC) incondicionado, passa a provocar uma resposta
semelhante à desencadeada pelo estímulo
incondicionado.

Ex: O som, depois de associado à carne, passa por


si só a provocar a salivação.

Resposta Condicionada Resposta que, depois do condicionamento, segue o


(RC) estímulo que antes era neutro.

Ex: Salivar quando ouve o som.

Decorrentes das experiências realizadas, Pavlov identificou alguns processos que


envolvem o condicionamento:

Aquisição: processo pelo qual a resposta condicionada é aprendida pela


associação entre o estímulo condicionado e estímulo incondicionado.
extinção: diminuição e/ou extinção da resposta condicionada devido à
ausência do estímulo não condicionado (quando o experimentador fazia tocar
a campainha, repetidas vezes, sem apresentar a carne, o cão salivava cada vez
menos, até deixar de salivar)
recuperação espontânea: depois da resposta condicionada parecer extinta,
após um tempo de descanso, se se voltasse a tocar a campainha, o cão voltaria
a salivar, ainda que de forma mais atenuada.
generalização do estímulo: o cão salivava mesmo quando o som emitido era
diferente do da campainha habitualmente usada no condicionamento
discriminação: o cão aprendeu a responder a um toque particular da
campainha, distinguindo-o de outros toques.
PSICOLOGIA – 12º ANO 19

Vejamos, agora, como funciona a aquisição, generalização, discriminação, extinção e


recuperação espontânea no exemplo de uma criança que precisou de ser tratada por um
dentista:
Aquisição: a criança aprende a ter medo (RC) de ir ao dentista, associando a
consulta a uma resposta emocional não aprendida (RI) que resulta da dor que
sente por ter um dente cariado (EI)
Generalização: A criança tem medo do consultório do dentista e de lugares
idênticos, incluindo os consultórios de outros médicos e de adultos que estão lá
dentro vestidos com bata branca, e de odores e sons habituais.
Discriminação: A criança vai com a mãe ao consultório do médico dela (mãe)
e aprende que ele não está associado à dor do EI.
Extinção: A criança vai repetidas vezes ao dentista e não tem qualquer
experiência dolorosa; o medo do consultório do dentista desaparece.
Recuperação espontânea: um novo dente cariado começa a doer e a criança
volta a ter medo de ir ao dentista.

EXEMPLOS DE CONDICIONAMENTO CLÁSSICO

Muitas pessoas emocionam-se com certas canções – que porventura já não


ouviam há muito tempo – porque trazem à memória pessoas e acontecimentos
especiais. O mesmo pode acontecer com perfumes e «after shaves». Estímulos
neutros são associados a pessoas, acontecimentos e situações e adquirem o poder
de suscitar reações e sentimentos semelhantes aos despertados pelos estímulos
originais.

Os homens de negócios costumam reunir-se com os seus clientes em restaurantes


luxuosos e de excelente reputação gastronómica na possível expectativa de que
os produtos ou serviços que querem vender suscitem uma resposta tão positiva
como o bom aspeto e a boa comida do restaurante.

Os coiotes são uma séria ameaça para os rebanhos de ovelhas no Oeste dos EUA.
Por outro lado, o seu extermínio seria uma má medida ecológica porque devoram
outros animais cuja proliferação seria nociva. Como «solução de compromisso»,
dois psicólogos tentaram que eles aprendessem a ter aversão às ovelhas. Deram-
lhes a comer carcaças de ovelha envoltas num fármaco (cloreto de lítio) que
provoca náuseas e vómitos. Depois de muitos vómitos e náuseas, os coiotes
tiveram oportunidade de atacar uma ovelha. Em vez de o fazerem, recuaram,
indispostos, só de a verem.

Há autores que relacionam o uso de drogas ilícitas, resultante de condicionamento


clássico, com a morte por overdose. Com efeito, os utilizadores de drogas têm o
hábito de as consumir em locais bem determinados (quarto de banho, por
exemplo), e adquirem uma resposta condicionada a esses locais. Quando chegam
a esses locais, o corpo começa a preparar-se, por antecipação ao efeito da droga.
Se o consumidor de drogas toma a mesma dose num outro local, de forma
inesperada, (numa discoteca, por exemplo) pode acontecer que o seu corpo não
PSICOLOGIA – 12º ANO 20

consiga preparar-se para esse consumo. Sobretudo no caso de consumo de


heroína, há investigadores que atribuem a morte por overdose, em parte, a esta
falta de preparação do corpo para o consumo, que acontece frequentemente
quando o consumidor altera as suas rotinas.

CONDICIONAMENTO OPERANTE

A aprendizagem por condicionamento operante consiste em associar um comportamento


às suas consequências e efeitos.

O condicionamento operante é uma forma de aprendizagem em que um dado


comportamento de caráter ativo (operante no meio) é reforçado ou enfraquecido tendo
em conta as suas consequências: conforme as consequências da ação, assim ele tenderá a
aumentar ou diminuir (ou a extinguir-se) no futuro.

O condicionamento operante foi estudado por Edward Thorndike (1874-1949) e por


Skinner (1904-1990).

Experiência de Thorndike
1. Colocou um gato no interior de uma gaiola.
A porta só se abria se o animal carregasse
numa alavanca.

2. No exterior colocou um pedaço de comida;


o animal, esfomeado, procurava alcançá-
lo.

3. Nas suas várias tentativas, por acaso,


carregou na alavanca abrindo assim a
gaiola.

4. Nas experiências posteriores, o gato


demorava cada vez menos tempo a
resolver o problema.

Thorndike explicou esta aprendizagem gradual e progressiva através da lei do efeito:


“Respostas ou comportamentos seguidos por consequências ou efeitos satisfatórios tendem a
repetir-se; respostas seguidas por consequências desagradáveis tendem a não se repetir.”
PSICOLOGIA – 12º ANO 21

Experiência de Skinner
1. Colocou um rato na “caixa
operante” ou caixa de Skinner.

2. O animal explora o ambiente


cheirando, deambulando ao acaso
no interior da gaiola.

3. Por acaso aciona a alavanca,


recebendo uma porção de
alimento.

4. Depois de várias tentativas, o rato


acabou por premir
automaticamente a alavanca para
receber o alimento.

Segundo Skinner, um organismo tende a repetir as respostas que têm consequências


favoráveis. O alimento constitui o reforço. Neste caso é positivo, dado que o animal tudo
fará para o obter. O reforço também pode ser negativo.

No reforço positivo, a frequência de um comportamento aumenta por ser


seguido de um estímulo recompensador. Por exemplo, se alguém sorri quando
dizemos “Olá, como estás?” e continuarmos a falar, o sorriso reforça a conversa.

Noutra experiência de Skinner, o chão da gaiola provocava choques elétricos.


Estes paravam quando o rato acionava a alavanca. Aprendia por reforço negativo.
O sujeito evita uma situação dolorosa se se comportar de determinado modo.

Reforço positivo
Comportamento Recompensa Futuro comportamento
O aluno fez os exercícios O professor elogiou esse Aumentou a
dentro do prazo. comportamento. probabilidade de o aluno
fazer os exercícios dentro
do prazo.
O ciclista oleou a corrente A bicicleta anda melhor. O ciclista adquire o hábito
da bicicleta. de olear a corrente da
bicicleta.
Inadvertidamente, o Começa a tocar música Da próxima vez fará o
António carrega num de grande qualidade. mesmo deliberadamente.
botão do painel de
comandos do carro do
amigo.
PSICOLOGIA – 12º ANO 22

Reforço negativo
Comportamento Remoção do estímulo Futuro comportamento
desagradável
O aluno fez os exercícios O professor deixou de Aumentou a
dentro do prazo. ralhar com o aluno probabilidade de o aluno
perante a turma. fazer os exercícios dentro
do prazo.
O ciclista oleou a corrente O público deixou de se rir O ciclista adquire o hábito
da bicicleta. do ruído da bicicleta. de olear a corrente da
bicicleta.
Inadvertidamente, o Desliga-se o MP3, que Da próxima vez fará o
António carrega num estava a reproduzir uma mesmo deliberadamente.
botão do painel de música desagradável.
comandos do carro do
amigo.

APRENDIZAGEM POR OBSERVAÇÃO E IMITAÇÃO

O psicólogo Bandura foi um dos psicólogos que mais se dedicou ao estudo da


aprendizagem social, procurando perceber como é que juntamente com pessoas
que desenvolvem comportamentos socialmente ajustados, outras desenvolvem
condutas que dificultam o relacionamento pessoal e social, como medo e fobias.

Segundo Bandura, a aprendizagem social é feita através da observação das


condutas daqueles com quem convivemos.

A modelação é, segundo Bandura, o processo de aprendizagem social feito com


base na observação e imitação sociais. A imitação decorre por nos identificarmos
com o modelo.

As pessoas constituem-se como modelos e tendem a ser imitadas pelos outros,


devido ao “sucesso”, ao estatuto social, à competência ou poder.

É através da observação e da imitação que as crianças aprendem a falar, a andar


de patins e até a mentir e a ser desonestos.

O adolescente aprende com os outros a gostar da roupa que quer comprar.


Também o adulto imita os outros, por exemplo, na preferência por determinadas
marcas de automóvel ou no modo como decora a sua habitação.

De acordo com Bandura, as pessoas podem aprender diretamente ou


indiretamente.
PSICOLOGIA – 12º ANO 23

A aprendizagem direta é feita através de aquisições por reforço ou castigo direto


em que as consequências positivas ou negativas dos atos recaem sobre o sujeito
que os pratica.

A aprendizagem indireta faz-se por reforço negativo ou castigo indireto ou


vicariante em que os modos de proceder são indicados pela observação das
consequências positivas e negativas que recaem nos outros.

O medo de cobras, de assassinos, de animais selvagens desenvolve-se nas pessoas


não pelo contacto direto com eles, mas pela observação de associações que outras
pessoas fazem entre tais seres e os perigos que representam.

As condutas aprendidas por imitação nem sempre são imediatamente


reproduzidas, ficando simplesmente armazenadas na memória e quando oportuno,
se tiver condições favoráveis, o sujeito reprodu-las.
PSICOLOGIA – 12º ANO 24

INTELIGÊNCIA

Inteligência é a gestão das funções cognitivas e emocionais que permitem ao indivíduo:

Adaptar-se ao seu meio ambiente;


Enfrentar situações novas e resolver problemas;
Aprender a partir da experiência;
Explorar conhecimentos e raciocinar.

O conceito de inteligência contém elementos de relatividade que dificultam a sua medida


e comparação:

Na Papua Nova Guiné, ser-se inteligente significa conhecer os nomes de mais de


dez mil tribos.

Para os habitantes das ilhas Carolinas, a inteligência incorpora a capacidade de


navegar sob a orientação das estrelas.

MEDIR A INTELIGÊNCIA

Alfred Binet (1857-1911) e Thedore Simon (1873-1961 criaram a primeira Escala


Métrica de Inteligência, constituída por testes destinados a medir as capacidades
mentais.

O resultado obtido nos testes indicava a idade mental., isto é, o nível de


desenvolvimento intelectual do indivíduo.

O QI (quociente de inteligência) é a razão da idade mental sobre a idade


cronológica.
PSICOLOGIA – 12º ANO 25

Nas primeiras décadas do século XX, ao serem utilizadas de forma redutora e


abusiva, os testes de inteligência conduziram ou justificaram a discriminação
social e racial. Assiste-se na década de 60, a uma forte contestação ao modo como
estes instrumentos de mediada eram utilizados.

Muitos psicólogos denunciam o facto de os testes terem justificado a


institucionalização da ideia de que os diferentes grupos étnicos, raciais e sociais
correspondiam a diferentes opiniões cognitivas, hereditariamente determinadas e
reflectidas nos resultados QI.

É enfatizado o facto de os testes alimentarem preconceitos culturais ao utilizarem


fundamentalmente a experiência da cultura ocidental.

Por outro lado, são cada vez mais as vezes que contestam a possibilidade de se
avaliar as capacidades intelectuais de uma pessoa através de um número.

TEORIAS DA INTELIGÊNCIA

TEORIA BIFACTORIAL DA INTELIGÊNCIA (Spearman – 1863-1945)

Spearman (1927) desenvolveu uma bateria de testes de vários tipos: de memória,


de percepção, de fluência verbal e de lógica. Aos resultados obtidos pelos sujeitos,
aplicou um método estatístico designado por análise factorial. Através deste meio
seria possível estabelecer correlações entre as aptidões avaliadas pela aplicação
dos testes.

Coloca a hipótese da existência de uma capacidade de inteligência geral – o factor


G – que estaria subjacente aos factores específicos – factores S.

O factor “G” seria uma energia mental essencialmente inata. Os factores “S”
dependeriam da aprendizagem e da ativação do factor “G”.

O factor “G” (inteligência geral) – capacidade para discernir relações complexas,


disponível num mesmo indivíduo no mesmo grau para todos os atos intelectuais.

O factor “S” (inteligência específica) – visual, verbal, numérico, etc., responsável


por atividades intelectuais específicas.

Segundo Spearman, um indivíduo, que atinja desempenhos elevados numa tarefa


que exija o factor “G”, será igualmente capaz de atingir níveis semelhantes de
desempenho em qualquer outra tarefa que exija também o factor “S”.
PSICOLOGIA – 12º ANO 26

TEORIA MULTIFACTORIAL DA INTELIGÊNCIA


(THURSTONE – 1887-1955)

Segundo Thurstone, o cerne da inteligência (factor “G” de Spearman) não residia


num único factor geral, mas na combinação de sete aptidões gerais, que designou
de “aptidões mentais primárias”.

Segundo Thurstone:
• Existem várias (sete) aptidões gerais;
• As sete aptidões gerais são de natureza diferente;
• As aptidões são relativamente independentes entre si;
• Cada aptidão pode entrar com pesos diferentes em diferentes atividades.

AS SETE APTIDÕES GERAIS DE THURSTONE:

1. Compreensão verbal (V), medida através de testes de vocabulário.


2. Fluência verbal (W), medida por testes que exigem que se verbalize o
maior número de palavras começadas por uma determinada letra.
3. Raciocínio (R), medido por testes com tarefas como completar analogias
e séries numéricas.
4. Visualização espacial (S), medida por testes que exigem a rotação mental
de objetos.
5. Aptidão numérica (N), medida por testes de cálculo e por resolução de
problemas de matemática.
6. Memória (M), medida por testes de evocação de palavras e imagens.
7. Rapidez perceptiva (P), medida por testes que exigem o reconhecimento
de subtis diferenças em figuras, ou que se risque, por exemplo, os “as” em
filas de letras.
PSICOLOGIA – 12º ANO 27

TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS (Gardner, 1943)

A teoria das inteligências múltiplas de Gardner baseia-se em estudos sobre:

Os efeitos decorrentes de lesões cerebrais, a existência dos chamados idiots


savants, de sobredotados e de outros indivíduos excepcionalmente dotados em
áreas específicas – independência entre as diferentes capacidades cognitivas.

Observações antropológicas que reforçam a ideia de que diferentes culturas


resolvem problemas análogos de modo distinto – o desenvolvimento de
competências cognitivas são condicionadas por variações culturais.

Conhecimentos adquiridos através das neurociências e da área de investigação


habitualmente designada inteligência artificial.

A variabilidade interindividual do rendimento cognitivo.

TIPOS DE INTELIGÊNCIA – GARDNER


INTELIGÊNCIA Utilizada na leitura de livros, na escrita de textos, bem como
LINGUÍSTICA na compreensão das palavras e do discurso quotidianos.
INTELIGÊNCIA Utilizada para a resolução de problemas matemáticos e na
LÓGICO- diversidade de tarefas que requerem quotidianamente a lógica
MATEMÁTICA inferencial ou proposicional. Implica a capacidade de detectar
padrões e de pensar dedutiva e logicamente
INTELIGÊNCIA Abrange a aptidão de execução, de composição e de
MUSICAL apreciação de padrões musicais Compreende a capacidade de
reconhecer e de compor intensidades musicais, tons e ritmos.

INTELIGÊNCIA Utilizada na realização de planos para cidades ou edifícios,


ESPACIAL na interpretação e compreensão de mapas, na orientação, na
disposição de móveis num determinado espaço ou na
predição da trajectória de um objecto em movimento
PSICOLOGIA – 12º ANO 28

TIPOS DE INTELIGÊNCIA – GARDNER


INTELIGÊNCIA Utilizada na realização de actividades desportivas, na dança
CORPORAL - e, em geral, em todas aquelas actividades em que o controlo
CINESTÉSICA do corpo e a coordenação de movimentos são essenciais.

INTELIGÊNCIA Presente na relação com outras pessoas, permitindo


INTERPESSOAL compreender os seus motivos, desejos, emoções e
comportamentos. É a capacidade de entender e compreender
os estados psicológicos dos demais.

INTELIGÊNCIA Implicada na relação consigo mesmo. É a capacidade de


INTRAPESSOAL aceder aos próprios sentimentos e emoções e de utilizá-los na
orientação do comportamento e da conduta. Desempenha um
papel importante nas mudanças de personalidade associadas
a adaptações existenciais.

INTELIGÊNCIA Utilizada para reconhecer e identificar objectos e seres da


NATURALISTA natureza. Capacidade humana para reconhecer e interessar-
se por animais plantas e outros seres do meio ambiente.

Em 1998, Gardner procedeu a uma revisão da sua teoria de 1995 (ela própria uma
revisão da de 1983), contemplando a possibilidade de um novo tipo de
inteligência, a inteligência existencial, agrupando neste tipo de inteligência a
inteligência interpessoal e a inteligência intrapessoal.

THURSTONE GARDNER

As aptidões primárias que constituem a Cada inteligência é, por si só, uma


inteligência são partes de uma mesma inteligência completa e separada.
inteligência, sendo independentes
apenas na medida em que se aplicam a
problemas diferentes.

As aptidões primárias são aptidões Cada tipo de inteligência contém toda a


simples. complexidade própria da inteligência.

O comportamento inteligente implica a Há múltiplas formas de comportamento


utilização das aptidões primárias e é inteligente.
singular.
PSICOLOGIA – 12º ANO 29

“Nem os gémeos monozigóticos (nem sequer os clones) têm a mesma amálgama de


inteligência. Os indivíduos desenvolvem, a partir das suas experiências únicas, perfis
de inteligência idiossincráticos, próprios de cada pessoa”. (GARDNER, 1998)

TEORIA TRIÁRQUICA DA INTELIGÊNCIA (Sternberg, 1949):

Para Sternberg, há três maneiras distintas de se ser inteligente:

Inteligência criativa – capacidade para ir além dos dados, planear, criar e


inventar ideias novas e originais, que permitem resolver problemas novos.
Inteligência analítica – capacidade para analisar, comparar e avaliar ideias,
resolver problemas conhecidos e tomar decisões.
Inteligência prática – capacidade para transformar a teoria em prática, isto é,
capacidade para transformar as realizações humanas abstractas em produções
práticas.

A teoria triárquica da Inteligência humana procura explicar, numa perspectiva cognitiva


integrada, a relação entre:

Inteligência e mundo interior do indivíduo – mecanismos mentais


subentendidos no comportamento inteligente.
Inteligência e mundo exterior do indivíduo – o emprego dos mecanismos
mentais interiores na vida quotidiana no sentido do ajustamento ao meio.
Inteligência e experiência – o papel mediador da experiência de vida entre os
mundos interno e externo do indivíduo.

INTELIGÊNCIA E MUNDO INTERIOR: COMPONENTES

1. Metacomponentes – processos executivos (metacognição) – usados para


planear, controlar e avaliar a resolução de problemas.

2. Componentes de desempenho – processos de ordem inferior usados para


implementar os comandos das metacomponentes.

3. Componentes de aquisição de conhecimento – processos usados para a


prender a resolver problemas pela primeira vez.
PSICOLOGIA – 12º ANO 30

INTELIGÊNCIA E MUNDO EXTERNO: FUNÇÕES DAS COMPONENTES

1. Adaptarmo-nos aos nossos ambientes particulares.

2. Moldar os ambientes existentes, transformando e criando ambientes.

3. Seleccionar novos ambientes.

INTELIGÊNCIA E EXPERIÊNCIA PESSOAL

1. A experiência anterior interage com os três tipos de componentes do


processamento da informação.

2. À medida que uma tarefa se torna cada vez mais conhecida, muitos dos seus
aspectos podem tornar-se automáticos.

3. Uma tarefa inédita faz exigências à inteligência muito superiores às que são
exigidas por tarefas para as quais desenvolvemos procedimentos
automáticos.

PERSPECTIVA TEÓRICA AUTOR

Valoriza a criatividade, considerando-a como um processo que STERNBERG


exige o equilíbrio e a aplicação dos três aspectos essenciais da
inteligência – criativa, analítica e prática.
O Seu modelo revolucionário estabelece pontes entre a GARDNER
cognição e outros processos mentais, na medida em que inclui
entre outras as inteligências inter e intrapessoal.
Concluiu que o cerne da inteligência não residia num único THURSTONE
factor geral, mas na combinação de sete aptidões gerais, que
seriam factores comuns ao desempenho de determinado grupo
de tarefas.
Todo o comportamento humano inteligente tem por base um SPEARMAN
único factor geral, comum a todas as actividades inteligentes.
PSICOLOGIA – 12º ANO 31

INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE

A que pessoas associamos o termo criatividade? A pintores, dançarinos,


compositores, cientistas. À primeira vista parece que a criatividade está
reservada a uns poucos eleitos e ligada a atividades específicas. Contudo,
aceitar esta perspectiva seria adoptar uma concepção excessivamente restrita
de criatividade.

O facto de poucos de nós podermos ter o grau de criatividade próprios de


génios como Mozart, Picasso, Leonardo da Vinci, Einstein, Frank Loyd
Wright e Fernando Pessoa não significa que sejamos totalmente desprovidos
de tal qualidade.

Os psicólogos que investigam o processo criativo estão convictos de que quase


todos nós manifestamos alguma criatividade e de que somos mais criativos do
que realmente pensamos.

A definição de criatividade varia conforme as culturas mas é geralmente aceite


que ela é a capacidade de pensar de forma inovadora e de encontrar soluções
únicas para problemas.

«Os proprietários de um edifício de vários pisos receberam numerosas queixas


sobre a lentidão dos elevadores. Pediram a opinião de um consultor que,
investigando o problema descobriu, na realidade, que os utentes tinham
frequentemente de esperar vários minutos por um elevador. Contudo, elevadores
mais rápidos custariam milhares de euros, algo incomportável para os recursos
económicos dos proprietários. O consultor procurou uma solução criativa que
reduzisse o número de queixas e custasse umas poucas centenas de euros: sugeriu
que se instalassem espelhos de parede em cada piso junto aos elevadores para que
as pessoas pudessem ver-se enquanto esperavam, além de quadros com as
primeiras páginas de jornais e revistas”.

PENSAMENTO CONVERGENTE E DIVERGENTE

Devemos a Guilford a distinção entre pensamento convergente e pensamento


divergente.

Pensamento convergente

Tipo de pensamento em que a resolução de problemas consiste em encontrar uma


solução única de entre várias alternativas.
O pensamento convergente é uma operação cognitiva de carácter essencialmente
lógico-dedutivo que resolve problemas aplicando esquemas mentais já utilizados
em situações semelhantes às que se colocam no momento.
PSICOLOGIA – 12º ANO 32

Pensamento divergente

Tipo de pensamento que envolve a criação de diferentes soluções para um


mesmo problema ou em que o conteúdo da solução consiste em dispor numa
ordem nova um conjunto de elementos.
O pensamento divergente é um processo mental que se desenvolve afastando-se
de esquemas pré-estabelecidos ou de formas padronizadas de resolução de
problemas.
Robert Sternberg pensa haver evidências de que uma criatividade elevada é
improvável a não ser que o QI de uma pessoa seja, pelo menos, de 120. Contudo,
não existe nenhuma evidência segura de que as pessoas criativas sejam ou mais
ou menos dotadas intelectualmente do que as outras.
PSICOLOGIA – 12º ANO 33

AS EMOÇÕES
EMOÇÃO: uma reação complexa a estímulos externos (mais frequentemente) e também
a estímulos internos, que se traduz em reações fisiológicas, comportamentais, cognitivas,
afetivas, sentimentais e em expressões faciais.

PERSPETIVAS SOBRE AS EMOÇÕES

CHARLES DARWIN

Darwin procurou traços comuns na expressão de emoções em


vários povos, e identificou seis emoções primárias ou
universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto
e o medo;
Considerou que as emoções têm um papel adaptativo
fundamental na história da espécie humana, sendo
determinantes para a sua capacidade de sobrevivência.

PERSPETIVA
EVOLUTIVA
EKMAN

Mais tarde Ekman tentou provar a tese que defendia que povos
diferentes teriam emoções diferentes;
Confirmou a tese de Darwin: há emoções que são universais,
independentes do processo de aprendizagem e da cultura em
que se manifestam;
Não nega a influência da cultura nas emoções, na medida em
que há regras que controlam a sua expressão. Porem, existe um
património comum ao nível das emoções e da sua expressão.

Defendida por William James, que considerava que as emoções


resultariam da consciência das mudanças orgânicas
provocadas por determinados estímulos;
As emoções resultam das perceções do estado do corpo, das
mudanças orgânicas provocadas por estímulos.
PERSPETIVA
FISIOLÓGICA O estado de consciência de emoções como a cólera, a alegria, a
raiva, resume-se à consciência de manifestações fisiológicas.
Exemplo: Posso sentir-me triste se assumir uma expressão facial
de tristeza. (numa situação que nos provoca um choro de tristeza,
só depois é que tomamos consciência da tristeza).
PSICOLOGIA – 12º ANO 34

Afirmam que os processos cognitivos, como as perceções,


recordações e aprendizagens, são fundamentais para se
perceberem as emoções.
É o modo como interpreto determinada situação e a avalio
PERSPETIVA segundo a minha história pessoal, que provoca a emoção.
COGNITIVISTA
Exemplo: Zango-me com uma pessoa porque interpreto o seu
comportamento como ofensivo, (não é o comportamento da
pessoa em si que provoca a minha raiva, mas o facto de eu o
interpretar como tal).

As emoções são processos aprendidos no processo de


socialização, são uma construção social.
As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções
que se podem manifestar e como as manifestar;
Nega a existência de emoções universais: à diversidade cultural
corresponde uma diversidade de emoções e das respetivas
PERSPETIVA expressões.
CULTURALISTA
Exemplo: Em algumas culturas não se admite que os homens
chorem, enquanto que noutras culturas a expressão das
emoções pelo choro é valorizada.
Um desgosto profundo pode ser sentido da mesma forma
idêntica por um japonês, um português, ou um indiano, mas o
modo de o exprimir é diferente.

O CONTRIBUTO DE ANTÓNIO DAMÁSIO

“A palavra emoção traduz, em geral, à mente uma das seis emoções ditas primárias
ou universais: alegria, tristeza, medo, cólera, surpresa ou aversão. (…)”
Damásio, António

António Damásio é neurocientista de formação e como tal partilha da ideia de que


“a mente é o que o cérebro faz”.

É a partir do estudo do cérebro que este autor desenvolve a investigação e a


compreensão da mente utilizando o recurso a novas tecnologias de neuroimagem
que permitem observar a anatomia, o funcionamento e a atividade cerebral.
PSICOLOGIA – 12º ANO 35

Segundo António Damásio é absurdo separar cognição e emoção. O


funcionamento equilibrado da mente só é possível com o contributo da emoção.

Damásio ilustra as suas conceções com os casos de Phineas Gage e Elliot, pessoas
que, em virtude de lesões no córtex pré-frontal, perderam a capacidade de sentir
emoções, manifestando, por consequência, um funcionamento racional que
dificilmente poderemos considerar dentro da normalidade,

O CASO PHINEAS GAGE

Phineas Gage sobreviveu a um acidente de


trabalho que sofreu em 1848, em que uma barra
de ferro lhe atravessou a cabeça.

Cento e cinquenta anos depois, Damásio e


outros cientistas analisaram o esqueleto e
reconstituíram o trajeto seguido pela barra no
cérebro de Phineas Gage. Como se pode ver na
figura, uma porção do córtex pré-frontal foi
danificado.

De acordo com os relatórios médicos da época,


Phineas Gage perdeu quase tida a capacidade
emotiva, bem como os valores por que se regera
até ao acidente. Tendo sido um trabalhador consciencioso, tornou-se desleixado
relativamente à profissão e aos seus hábitos pessoais. Com dificuldade de se concentrar
em qualquer atividade, era incapaz de seguir planos a médio e alongo prazo.

Curioso é constatar que as alterações decorrentes do acidente não se verificaram a nível


fisiológico nem intelectual.

APÓS O ACIDENTE DE PHINEAS GAGE


O QUE PERMANECEU O QUE SE ALTEROU
Estrutura e funcionamento corporal: robustez e Novos traços de personalidade.
capacidades físicas intactas.
Impossibilidade de antecipar o futuro.
Funcionamento da sensibilidade: normalidade das
sensações corporais, exceto a perda de visão do Impossibilidade de elaborar planos.
olho esquerdo.
Incapacidade de fazer escolhas acertadas.
Destreza manual: habilidade no que respeita ao
uso e manuseamento dos objetos. Perda do sentido de responsabilidade perante si e
perante os outros.
Domínio da linguagem: conservação das
capacidades de comunicação e expressão. Alteração nos valores (incapacidade de seguir
princípios éticos).
Funcionamento das capacidades intelectuais:
atenção, perceção e memória em situação de
normalidade.
PSICOLOGIA – 12º ANO 36

O CASO ELLIOT

Submetido a uma cirurgia para remoção de um tumor cerebral, Elliot tinha sofrido danos
no córtex pré-frontal. Daí ter ficado diminuído na sua capacidade emocional: deixou de
reagir à frustração e de sentir prazer com a música e com a arte em geral; raramente se
mostrava irritado, relatando friamente o que lhe aconteceu, desde a cirurgia até às
mudanças da sua vida. Tal como Gage, tem problemas em seguir planos previamente
delineados. É capaz de discutir lógica e prever teoricamente as consequências da adoção
de determinadas estratégias, mas dificilmente delibera acerca da melhor decisão a tomar
na prática. Se eventualmente anuncia uma decisão, rapidamente a abandona. Não
consegue fixar-se num emprego, nem é capaz de saber aplicar as suas economias. O
relacionamento com familiares e amigos deteriorou-se, atingindo o ponto de rutura.

APÓS A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA DE ELLIOT


O QUE PERMANECEU O QUE SE ALTEROU
Capacidades físicas intactas: saúde e robustez. Novos traços de personalidade: frieza,
distanciamento, impassibilidade.
Sentidos e sensações do corpo perfeitos.
Incapacidade de agir sem incentivos.
Simpatia e bom humor.
Incapacidade de tomar decisões e de fazer
Capacidade de linguagem. escolhas acertadas.

Eloquência e capacidades argumentativas. Perda de vista do objetivo principal, valorizando


aspetos secundários.
Conhecimento do mundo e da atualidade.
Uso do livre-arbítrio comprometido.
Capacidades mentais intactas: atenção, perceção,
inteligência, memória, coerência de pensamento. Incapacidade de se comportar como ser social.

Impossibilidade de elaborar planos a médio e


longo prazo.

Os casos clínicos (Cage e Elliot) mostraram que a perda de capacidade de sentir


emoções prejudicou profundamente a vida destas pessoas.

Embora o desempenho em tarefas verbais e de raciocínio lógico-matemático fosse


normal, não eram capazes de tomar decisões práticas, revelavam desinteresse na
relação com os outros.

Damásio mostrou que um reduzido nível de emoção e de paixão é tão prejudicial


como um excesso de emoção. A emoção é tão importante como a razão na tomada
de decisões e subjaz a todos os processos cognitivos.

Segundo Damásio “A mente humana é indissociável do corpo e como tal o ser


humano pensa e age racional e emocionalmente.”

Esta nova conceção fez ruir a tese bissubstancialista de Descartes que separava a
mente do corpo (res cogitans e res extensa) e que dava total independência à
mente.
PSICOLOGIA – 12º ANO 37

Damásio, na sua obra O Erro de Descartes, argumenta que não é possível separar
os processos cognitivos dos emocionais, o corpo e a mente não são entidades
separadas e independentes.

O MARCADOR SOMÁTICO

A hipótese dos marcadores somáticos, enunciada por António Damásio, deve-se


a casos da natureza dos de Gage e Elliot.
No passado aprendemos a associar a certas situações sensações agradáveis ou
desagradáveis, ou seja, determinadas emoções, e essas associações aprendidas
modificam os padrões neuronais ficando, portanto, marcadas.
Quando, mais tarde, somos confrontados com situações semelhantes, o marcador-
somático rapidamente avalia as situações a fim de escolher uma opção.
O marcador somático permite-nos decidir eficientemente num curto intervalo de
tempo. Atua como um sinal de alarme automático que diz: atenção ao perigo
decorrente da escolha de determinada ação.
De acordo com Damásio, pessoas com lesões no lobo frontal têm muita
dificuldade ou são mesmo incapazes de ativar estes marcadores somáticos.

Se vemos um cão com ar feroz a aproximar-se, esta imagem vai ativar o sistema
nervoso simpático:
 O ritmo cardíaco acelera;
 A respiração fica mais rápida;
 A tensão muscular aumenta.
Estas modificações corporais correspondem a uma emoção a que chamamos medo.
Quando vimos o cão, o estado corporal de medo ficou registado, marcado. A
informação guardada será utilizada numa situação semelhante.

TIPOS DE EMOÇÕES

Outro contributo importante de Damásio foi a classificação das emoções, distinguindo


diferentes tipos:

Emoções primárias ou universais – surgem na infância com o intuito de reagir


rapidamente a diferentes estímulos – alegria, tristeza, medo, surpresa,...

Emoções secundárias ou sociais – constituem-se por cima das primárias,


experimentando-se mais tarde. Implicam uma avaliação cognitiva das situações e o
recurso a aprendizagens feitas (córtex pré-frontal) - vergonha, ciúme, culpa, orgulho,...

Emoções de fundo – bem ou mal-estar, calma ou tensão,...


PSICOLOGIA – 12º ANO 38

AFETOS EMOÇÕES E SENTIMENTOS

Os afetos têm a ver com aquilo que nos afeta, são algo de que somos dotados. São
tendências para responder positiva ou negativamente a experiências emocionais
relacionadas com objetos ou pessoas.

Ter afetos é ser dotado da capacidade de dar e de receber, de amar e de ser amado,
de perturbar e de ser perturbado, por exemplo.

Exprimem-se através das emoções e têm uma ligação especial com o passado,
com experiências e vivências (as emoções estão ligadas sobretudo com situações
presentes).

Normalmente, emoção e sentimento surgem como sinónimos, mas segundo


António Damásio, a relação entre ambos é muito estreita.

A emoção é um conjunto de reações corporais, automáticas e inconscientes, face


a determinados estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos.

“A partir do momento em que sentimos medo, o ritmo cardíaco acelera-se, a boca


seca, a pele empalidece, os músculos contraem-se. Tais reações são automáticas
e inconscientes.” (Damásio)

O sentimento surge quando tomamos consciência das nossas emoções, isto é, o


sentimento dá-se quando as nossas emoções são transferidas para determinadas
zonas do nosso cérebro, onde são codificadas sob a forma de atividade neuronal.

EMOÇÕES SENTIMENTOS

Tem origem numa causa, num objeto; Não são observáveis, são privados e
relacionam-se com o interior;
São reações corporais específicas,
observáveis; Prolongam-se no tempo e são de menor
intensidade de expressão que as emoções;
São publicas e voltadas para o exterior;
Não se associam a nenhuma causa
São automáticas e inconscientes; imediata;

Polaridade: podem ser negativas ou Surgem quando tomamos consciência das


positivas; nossas emoções.

São versáteis: variam em intensidade e


são de breve duração;

Relacionam-se com o tempo: as emoções


têm princípio e fim.
PSICOLOGIA – 12º ANO 39

PROCESSOS CONATIVOS
O termo conação deriva da palavra latina conatione que significa empenho,
esforço, força de vontade associada a uma conduta deliberada, consciente e
dirigida para um fim – conjunto de processos ligados à execução de uma ação ou
comportamento.

A conação é vista como um conjunto de processos que se ligam à execução de


uma ação ou comportamento, os processos através dos quais se formam as
inquietações, as tendências, as vontades e as intenções para agir ou atuar.

No fundo, a conação é o que faz com que um individuo se mova em direção a um


fim ou a um objetivo através da motivação, empenho, vontade e desejo.

Conação significa:
Dimensão intencional, empenhada e deliberada dos processos psíquicos.

Conação refere-se:
À dimensão psíquica proactiva (consciente e dirigida) da conduta.

Conação implica:
Esforço pessoal (vontade) em direção a um objetivo específico.
Conação liga-se aos conceitos de motivação e de vontade.

MOTIVAÇÃO E VONTADE

O desejo diz respeito à tensão para agir em direção a um fim que é forte de
satisfação. A motivação é uma força interior que impulsiona o organismo a agir
em direção a um objetivo. A vontade é a capacidade de optar livre e
conscientemente por determinada ação. O empenho é o interesse e o esforço
investidos numa ação.

Um dos fatores mais importantes na tomada de decisão aquando da ação é a


Motivação. A Motivação é um processo que desencadeia uma atividade
consciente, logo funciona como causa e como justificação da ação.
PSICOLOGIA – 12º ANO 40

TIPOS DE MOTIVAÇÃO

Motivações primárias  São inatas e visam a manutenção do equilíbrio


ou fisiológicas, inatas, do organismo.
básicas, biogenéticas.  São semelhantes em todos os indivíduos.

Ex.: fome, sede , sono.

Motivações secundárias  Adquirem-se e são modeladas pelo processo


ou sociais, adquiridas, de socialização.
sociogénicas.  Resultam do processo de aprendizagem
social.
 Variam de pessoa para pessoa.

1. Afiliação – necessidade de estabelecer


relações com os outros.
2. Necessidade de realização / sucesso
desejo de obter êxito em diversas situações.
3. Necessidade de poder / prestígio procura de
posições que permitam influenciar os outros,
obter prestígio.

Motivações combinadas  Dependem de fatores biológicos e de fatores


sociais/adquiridos/aprendidos.
 Combinam características das motivações
primárias e secundárias.

Ex.: impulsos sexual e maternal.


PSICOLOGIA – 12º ANO 41

FRUSTRAÇÃO E CONFLITO

A frustração é um estado emocional que decorre do impedimento de satisfazer


uma motivação;

Surge quando um objetivo não é atingido devido a um obstáculo interno ou


externo ao individuo.

O conflito é uma situação em que duas ou mais motivações de intensidade


semelhante estão em oposição.

MASLOW E A PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES

Maslow concebeu uma teoria da


motivação que está intimamente
relacionada com a hierarquia das
necessidades que propõe. A Pirâmide de
Maslow demonstra que nem todas as
necessidades têm a mesma importância.

Necessidades Fisiológicas: representam as necessidades instintivas de


sobrevivência tais como a alimentação, o descanso, a proteção contra elementos
naturais, etc.

Necessidades de Segurança: surgem quando estão satisfeitas as necessidades


fisiológicas e representam as necessidades de estabilidade e segurança no
emprego e de proteção contra privações, perigos e ameaças.

Necessidades Sociais: incluem as necessidades de participação, de dar e receber


afeto, amizade e amor. Surgem após a satisfação das necessidades primárias e a
sua não satisfação pode levar à falta de adaptação social e à auto-exclusão.

Necessidades de Auto-estima: correspondem às necessidades de respeitos


próprios (autoconfiança, aprovação e consideração social, prestígio profissional,
dependência e autonomia). A não satisfação destas necessidades pode conduzir a
sentimentos de inferioridade e ao desânimo.

Necessidades de Auto-Realização: surgem após a satisfação de todas as restantes


necessidades, representando as necessidades humanas mais elevadas tais como a
necessidade de conseguir o desenvolvimento pessoal através da utilização de
todas as suas capacidades e potencialidades. Contudo, existem muitas pessoas que
não concretizam a necessidade de auto-realização devido a diversas
circunstâncias, daí a apatia e a alienação.

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