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FÍSICA
11.o ano de escolaridade
Ano de escolaridade
11.o Ano
Autores
Luís Cadillon Costa
Fátima Sousa Castro
Nuno Serra Agostinho
Coordenador de disciplina
Luís Cadillon Costa
Ilustração
Patrícia Ferreira Carvalho
Design e Paginação
Esfera Crítica Unipessoal, Lda.
Patrícia Ferreira Carvalho
ISBN
978 - 989 - 8547 - 34 - 7
1ª Edição
Conceção e elaboração
Universidade de Aveiro
2013
Este manual do aluno é propriedade do Ministério da Educação da República Democrática de Timor-Leste, estando proibida a sua
utilização para fins comerciais.
Os sítios da Internet referidos ao longo deste livro encontram-se ativos à data de publicação. Considerando a existência de alguma
volatilidade na Internet, o seu conteúdo e acessibilidade poderão sofrer eventuais alterações.
Índice
Unidade Temática
10
A-0 Radiação e Aquecimento
1 Espetro Eletromagnético
14 1.1 Radiação e Energia
16 Questão Resolvida
16 1.2 Energia e frequência
17 1.3 Frequência e comprimento de onda
18 Questões Resolvidas
19 2 Temperatura
19 2.1 Noção de temperatura
20 2.2 Termómetros
21 2.3 Escalas termométricas (Celsius, Réaumur, Kelvin e Fahrenheit)
25 Questões Resolvidas
26 APL A-0.1: Construção e calibração de um termómetro
27 Resumo
28 Questões para Resolver
A-1 Radiação: do Sol para a Terra
29 1 Emissão e absorção de radiação
30 1.1 Sistema termodinâmico
31 1.2 Lei de Stefan–Boltzmann
31 Questão Resolvida
32 1.3 Deslocamento de Wien
33 Questões Resolvidas
35 APL A-1.1: Absorção e emissão de radiação
36 2 Equilíbrio térmico. Lei Zero da Termodinâmica
36 2.1 Radiação Solar
38 Questão Resolvida
39 2.2 Balanço energético da Terra
40 Questão Resolvida
41 2.3 Painel Fotovoltaico
42 Questão Resolvida
42 Resumo
43 Questões para Resolver
A-2 Aquecimento/Arrefecimento de Sistemas
46 1 Transferência de energia como calor
46 1.1 Dilatação térmica dos sólidos, líquidos e gases
47 Questões Resolvidas
50 1.2 Capacidade térmica mássica
51 Questões Resolvidas
53 1.3 Mecanismos de transferência de calor: condução e convecção
55 1.4 Materiais condutores e isoladores do calor. Condutividade térmica
56 Questão Resolvida
57 2 Primeira Lei da Termodinâmica
58 Questão Resolvida
3
A
58 3 Degradação da energia. Segunda Lei da Termodinâmica
60 Questão Resolvida
61 APSA A-2.1: Coletor Solar
62 APL A-2.1: Balanço energético num sistema termodinâmico
63 Questão Resolvida
63 Resumo
64 Questões para Resolver
Unidade Temática
B Os Fluidos na Terra
68
B-0 Interações em Fluidos
1 Densidade ou massa volúmica
71 Questão Resolvida
71 2 Pressão e força de pressão
72 Questão Resolvida
73 3 Impulsão
74 Questão Resolvida
74 Resumo
75 Questões para Resolver
B-1 Hidrostática
76 1 Noção de fluido
76 2 Lei Fundamental da Hidrostática
79 Questões Resolvidas
79 3 Lei de Pascal
80 4 Lei de Arquimedes
81 Questão Resolvida
81 5 Pressão atmosférica. Experiência de Torricelli
82 6 Aplicações
82 6.1 Aparelhos hidráulicos: prensa hidráulica, bomba hidráulica e
manómetros de pressão
83 Questão Resolvida
84 6.2 Equilíbrio de corpos flutuantes
85 APL B-1.1: Lei de Arquimedes
86 APSA B-1.1: Pressão atmosférica
87 APSA B-1.2: Lei de Pascal
88 Resumo
88 Questões para Resolver
B-2 Hidrodinâmica
90 1 Movimento dos fluidos em regime estacionário
91 2 Conservação da massa e Equação da Continuidade
4
B
92 Questão Resolvida
93 3 Conservação de energia mecânica e Equação de Bernoulli
98 Questões Resolvidas
99 4 Força de resistência em fluidos. Coeficiente de viscosidade de
um líquido
100 APL B-2.1: Coeficiente de viscosidade de um líquido
102 Questões para Resolver
Unidade Temática
106
C-0 Produção e Transmissão da Luz
1 Tipos de ondas
108 2 Características das ondas
110 Questões Resolvidas
111 3 Produção de ondas
111 3.1 Fontes sonoras
112 3.2 Fontes de luz
113 4 Propriedades e aplicações do som e da luz
117 4.1 Velocidade do som e da luz em diferentes meios
119 Questão Resolvida
120 Resumo
121 Questões para Resolver
C-1 Ótica Geométrica
122 1 Fenómenos óticos
123 1.1 Propagação retilínea da luz
125 1.2 Sombra, penumbra e eclipses
126 1.3 Reflexão e Refração. Lei de Snell-Descartes
129 1.4 Reflexão total. Ângulo crítico
130 Questões Resolvidas
132 2 Aplicações
132 2.1 Lentes
132 2.1.1 Tipos de lentes
133 2.1.2 Distância focal e vergência
135 Questão resolvida
137 2.1.3 Constituição do olho humano e correção dos seus defeitos
140 2.1.4 Instrumentos óticos: lupa, microscópio e telescópio
141 2.2 Espelhos
141 2.2.1 Espelhos planos
142 Questão resolvida
142 2.2.2 Espelhos esféricos
5
C
146 2.3 Fibras óticas
147 APL C-1.1: Características das imagens em espelhos
149 APL C-1.2: Os sistemas óticos e a reflexão total
150 APL C-1.3: Distância focal e vergência
152 Resumo
153 Questões para Resolver
156 Glossário
158 Soluções das Questões para Resolver
6
Aos estudantes que continuam a sua aprendizagem em Física no Ensino Secundário…
Compreender a Ciência, nomeadamente a Física, e relaciona-la com a Tecnologia é algo
muito útil à sociedade, particularmente no que diz respeito à proteção do ambiente.
Aumentar os conhecimentos dos seus cidadãos, proporciona que se tomem decisões mais
conscientes e que se melhore o nível de vida de todos.
Acreditamos pois, que a maior riqueza de uma nação está na Educação, e que a Física é, por
excelência, uma das áreas que mais pode contribuir para o seu desenvolvimento.
Este manual destina-se a proporcionar, aos estudantes, conhecimentos de importantes áreas
da Física. Recorre-se a explicações das leis, de forma simples, para facilitar o entendimento,
não descorando o contexto histórico das suas descobertas, e pensando sempre na utilidade
da Física e suas aplicações no desenvolvimento tecnológico.
Esperamos que este manual permita a realização de um bom trabalho.
Os autores
7
O B J E T I V O S
→ →
Figura 1 – Uma onda eletromagnética consiste num campo elétrico E e num campo magnético B oscilantes, perpendiculares entre si e
perpendiculares à direção de propagação.
Estas ondas apresentam características, como a amplitude, velocidade de propagação, comprimento de onda,
período e frequência, que permitem classificar cada tipo de radiação eletromagnética.
A amplitude de uma onda é a medida da magnitude do afastamento máximo em relação à posição de equilíbrio
da grandeza que sofre vibrações. Simboliza-se pela letra A. No caso das ondas produzidas por uma corda esticada,
a sua amplitude é expressa como uma distância (metro), nas ondas sonoras como pressão (pascal) e nas ondas
eletromagnéticas como a amplitude de um campo elétrico (volt por metro). A amplitude pode ter um valor
constante e a onda diz-se contínua, ou variar com o tempo e/ou posição.
O período, T, é o tempo necessário para um ciclo completo de uma oscilação de uma onda. Corresponde assim,
ao tempo necessário para que uma onda se propague à distância de um comprimento de onda. No Sistema
Internacional de Unidades, exprime-se em segundo, s.
Figura 2 – Representação do campo elétrico de uma onda electromagnética, onde se define o período.
10
A frequência, f, de uma onda corresponde ao número de oscilações
efetuadas por unidade de tempo. No Sistema Internacional de Unidades,
exprime-se em vibrações por segundo, s⁻¹, ou hertz, Hz.
A distância entre duas magnitudes iguais consecutivas em relação à posição A saber:
de equilíbrio da grandeza que sofre vibrações, chama-se comprimento O nome dado à unidade de
frequência é em homenagem ao
de onda. O comprimento de onda simboliza-se por λ (letra grega que se
físico alemão Heinrich Hertz.
lê «lambda») e, no Sistema Internacional de Unidades, exprime-se em A frequência e o período
metro, m. são grandezas inversamente
proporcionais:
ou
O Sol não emite apenas radiação visível, mas também emite radiação
eletromagnética invisível que se distribui continuamente como radiações
gama, ultravioleta, infravermelha, micro-ondas, raios X e rádio.
Ao conjunto de todas as radiações eletromagnéticas chama-se espetro,
constituindo cada faixa de radiações acima referidas, uma região espetral.
O espetro eletromagnético traduz assim a ordenação das radiações
eletromagnéticas de acordo com a energia ou com o comprimento de
onda ou com a frequência, que vão desde as ondas de rádio até à radiação
gama. A faixa de luz visível ao olho humano também faz parte da radiação
eletromagnética, constituindo uma faixa muito pequena, comparada com
a das outras radiações.
A saber:
Figura 4 – Espetro eletromagnético.
O nanómetro (nm) é um
submúltiplo do metro (m)
Define-se assim o espetro eletromagnético, com sete regiões principais: muito utilizado para expressar
o comprimento de onda
ondas de rádio, micro-ondas, infravermelho, visível, ultravioleta, (1 nm = 1 x 10⁻⁹ m).
radiação X e radiação gama.
Radiação e Aquecimento | 11
Quais as características de cada zona do espetro eletromagnético?
As ondas de rádio
São ondas eletromagnéticas que possuem frequências baixas, até cerca de 10⁸ Hz, e grandes comprimentos
de onda. Nesta faixa, as radiações são utilizadas para comunicações a longas distâncias, nomeadamente pelas
emissoras de rádio para fazerem as suas transmissões.
As ondas de rádio, além de serem pouco atenuadas pela atmosfera, são refletidas pela ionosfera, propiciando
uma propagação de longo alcance.
A radiação de micro-ondas
São ondas com frequências mais altas que as das ondas de rádio, compreendidas entre 3 × 10⁸ Hz e 3 × 10¹¹ Hz
(300 MHz a 300 GHz), isto é, situam-se na faixa de 1 mm a 1 m de comprimento de onda. Na atualidade, estas ondas
são amplamente utilizadas no ramo das telecomunicações, nos radares, assim como nos fornos de micro-ondas.
A água absorve facilmente esta radiação. Por isso, é eficiente para aquecer materiais ou alimentos ricos em água.
A radiação infravermelha
No espetro eletromagnético, localizam-se junto da radiação visível, antes do vermelho, e apresentam
menor energia do que esta.
Estas radiações são muito utilizadas em sensores de controlo remoto, como por exemplo, os comandos de
portas automáticas. Situam-se na faixa de frequências de 3 × 10¹¹ Hz e 4,3 × 10¹⁴ Hz (300 GHz a 430 THz), que
correspondem a comprimentos de onda de 0,7 μm a 1 mm. A radiação infravermelha (IV) é facilmente absorvida
pela maioria das substâncias, provocando efeito térmico. Estas radiações sentem-se como calor irradiado por
corpos incandescentes ou que se encontrem a altas temperaturas.
A radiação visível
São as radiações luminosas e têm frequência entre 4,3 × 10¹⁴ Hz e 7 × 10¹⁴ Hz (430 a 700 THz). Estas radiações são
muito importantes para os seres humanos, pois são capazes de produzir a sensação de visão. Situam-se numa
faixa muito estreita de comprimentos de onda, entre cerca de 380 a 700 nm, quando comparada com as outras
faixas do espetro eletromagnético.
Figura 5 – A luz visível está compreendida entre 4,3 × 10¹⁴ Hz e 7 × 10¹⁴ Hz.
Os raios X
Os raios X são um tipo de radiação eletromagnética com frequências superiores às das radiações ultravioleta, ou
seja, frequências entre 3 × 10¹⁷ Hz e 5 × 10¹⁹ Hz, correspondente a comprimentos de onda entre 0,06 Å e 1 nm
(1 Å = 10⁻¹⁰ m). São altamente penetrantes, sendo uma poderosa ferramenta quando se pesquisa a estrutura da
matéria.
Estes raios têm a capacidade de atravessar com facilidade materiais de baixa densidade como os músculos, e são
absorvidos por materiais de alta densidade como os ossos. Devido a essa propriedade, estes raios são utilizados
na obtenção de radiografias.
Este tipo de radiação foi descoberta, no final do século XIX pelo físico alemão W. Rontgen (1845-1923), durante
experiências com raios catódicos. Ele descobriu a existência de radiações cuja natureza era desconhecida e dessa
forma, nomeou-os de raios X (raios desconhecidos). Essa descoberta rendeu-lhe, em 1901, o Prémio Nobel
da Física.
Os raios gama
São os raios mais penetrantes do espetro eletromagnético. São constituídos por fotões cujas frequências se
estendem aproximadamente desde 5 × 10¹⁹ Hz até 10²² Hz. Estes raios são os mais energéticos e os que têm
menor comprimento de onda. Possuem elevado poder penetrante podendo mesmo atravessar um muro de
betão. Sendo muito energéticos, são perigosos, pois destroem as células humanas, podendo provocar cancro.
Os raios gama foram descobertos, em 1900 pelo físico francês Paul Ulrich Villard (1860-1934).
São utilizados em medicina e biologia para a destruição local de células dos tumores cancerígenos e para a
esterilização de material hospitalar.
Radiação e Aquecimento | 13
Figura 7 – Espetro eletromagnético e algumas aplicações.
1.1 Radiação e energia
O Sol é a principal fonte de energia do nosso planeta, transferindo energia para a Terra através da radiação que
nos envia. A radiação é pois, energia em trânsito, que se propaga através de ondas eletromagnéticas, das quais
a radiação visível constitui uma pequena parte. A energia, transferida deste modo, não necessita de qualquer
meio material para a sua propagação.
A radiação visível, representada pela luz branca emitida pelo Sol, é na realidade uma luz policromática constituída
pelas sete cores do arco-íris.
A saber:
c = 3,0 × 10⁸ m·s⁻¹ Velocidade da luz no
vazio: 300 000 000 m/s ou
300 000 km/s
Radiação e Aquecimento | 15
Questão Resolvida
1. Para cada conjunto, indique a radiação menos energética, supondo que as ondas têm a mesma
amplitude.
A – Radiação IV e radiação UV.
B – Luz vermelha e luz azul.
C – Raios gama e raios X.
D – Micro-ondas e radiação visível.
Resolução:
A – Radiação IV.
B – Luz vermelha.
C – Raios X.
D – Micro-ondas.
1.2 Energia e frequência
Qual é a relação entre a frequência e a energia de uma radiação
eletromagnética?
A interação da radiação com a matéria constitui, desde longa data, um
problema para muitos cientistas. Em 1900, Max Planck apresentou
uma solução, considerando que essa interação se traduzia na troca de
quantidades bem definidas de energia. Estes «pacotes de energia» são
chamados fotões.
Baseado nestes estudos, Albert Einstein (1879-1955) considerou que a
radiação seria constituída por um feixe de partículas, fotões, cuja energia
era proporcional à frequência, f, da radiação.
E=hf
v c
λ= ―<―
f f
Radiação e Aquecimento | 17
Questões Resolvidas
1. Um rádio-recetor opera em duas modalidades: AM, que cobre a faixa de frequências de 600 kHz a
1500 kHz e outra, FM, de 90 MHz a 120 MHz.
Considerando que a velocidade de propagação das ondas de rádio no ar é de 3,0 × 10⁸ m/s, calcule o
menor e o maior comprimento de onda que podem ser captados por esse aparelho.
Resolução:
1. Sabendo que:
1 kHz = 10³ Hz
1 MHz = 10⁶ Hz
vem:
600 kHz = 6,00 × 10⁵ Hz
1500 kHz = 1,500 × 10⁶ Hz
90 MHz = 9,0 × 10⁷ Hz
120 MHz = 1,20 × 10⁸ Hz
Usando c = f λ e sabendo que à menor frequência corresponde o maior comprimento de onda e vice
versa, vem:
- para a menor frequência:
⟺ λ= ⟺ λ = 5,0 x 10² m ⟺ λ = 500 m
⟺λ= ⟺ λ = 2,5 m.
2. A velocidade das ondas eletromagnéticas no vácuo é de 3,0 × 10⁸ m/s. Calcule a energia duma
radiação X, sabendo que se propaga como onda eletromagnética de comprimento de onda 0,1 Å.
Resolução:
2. Sabendo que:
1 Å = 10⁻¹⁰ m
λ = 0,1 × 10⁻¹⁰ m
c
Como E=h―
λ
e substituindo h, c e λ vem:
2.1 Noção de temperatura
Como se pode avaliar o «quanto» um corpo está frio ou está quente?
Pode-se considerar a temperatura de um corpo como uma medida do grau de agitação das suas partículas
constituintes. Supondo que não existe mudança de estado físico, quando um corpo recebe energia, as suas
partículas agitam-se mais e a temperatura aumenta. Ao ceder energia, as partículas do corpo agitam-se com
menor intensidade e a sua temperatura diminui.
Figura 11 – A agitação das partículas é maior no gás que está a ser aquecido.
As moléculas do gás colocado sobre a chama têm associada maior energia cinética, o gás está a maior temperatura.
Às vezes utiliza-se o tato para avaliar o quanto um objeto está quente e até mesmo o estado febril de uma
pessoa. No entanto, a nossa perceção pode surpreender.
Por exemplo, ao colocar uma das mãos numa tina com água quente e a outra numa tina com água fria
e seguidamente colocar as duas mãos numa terceira tina com água morna, esta mesma água provoca uma
sensação diferente em cada mão.
Figura 12 – A mão direita vai sentir a água morna quente e a mão esquerda vai senti-la fria.
A água morna parecerá fria para a mão que estava quente, e quente para a mão que estava fria.
Sendo assim, se os nossos sentidos podem enganar, é necessário quantificar o «quente» e o «frio» com um
dispositivo que não seja tão impreciso.
Para avaliar a temperatura de um corpo recorre-se a um termómetro.
Radiação e Aquecimento | 19
2.2 Termómetros
Os primeiros dispositivos para avaliar temperaturas eram aparelhos
simples chamados termoscópios e admite-se que tenha sido Galileu
Galilei, em 1610, a conceber um dos primeiros, utilizando vinho na
sua construção. O termoscópio de Galileu baseava-se na expansão ou
contração do ar que fazia movimentar uma coluna de líquido.
Eram aparelhos sem grande precisão, não tinham escala e serviam apenas
Figura 13 – Termoscópio de Galileu.
para verificar se a temperatura subia ou descia, ou indicar se um corpo
estava mais quente ou mais frio do que outro tomado como referência.
Em 1610, o grão duque da Toscana, Fernando II, construiu o primeiro
termómetro selado, que utilizava um líquido, o álcool, em vez de ar como
substância termométrica.
Radiação e Aquecimento | 21
Quais as escalas mais usadas nos termómetros?
As escalas mais utilizadas são a escala Celsius (°C), a escala Fahrenheit (°F) e a escala Kelvin (K). Esta última, é a
escala adotada pelo Sistema Internacional de Unidades. No entanto, existem outras escalas como a Réaumur (°R).
Pensa-se que terá sido o médico grego Galeno, em 170 d. C., o primeiro a idealizar uma escala de temperaturas,
baseada na ebulição da água e na fusão do gelo. Deixou algumas notas que não são suficientemente claras
para se afirmar que tenha criado uma escala de temperaturas. Contudo, a primeira escala termométrica
confiável é atribuída a um cientista inglês, Robert Hooke, que, em 1664, idealizou-a com tinta vermelha em
vez de álcool. Esta escala foi utilizada pela Real Sociedade Inglesa até 1709, e com ela se fez o primeiro registo
meteorológico conhecido.
Em 1702, o astrónomo Olaf Roemer aperfeiçoou esta escala criando, o ponto «0» para uma mistura de gelo e
água e o valor «60» para água fervente.
Posteriormente, em 1708, o físico Daniel Fahrenheit começou a construir os seus próprios termómetros,
utilizando mercúrio.
A escala com o seu nome, escala Fahrenheit, foi criada em 1724 e após alguns ajustes atribuiu os valores «32»
e «212», respetivamente para os pontos de fusão e ebulição da água.
A unidade é o grau Fahrenheit, cujo símbolo é °F.
Na mesma época, em 1731, o físico e inventor francês René Réaumur, inventou o termómetro a álcool e
apresentou uma escala termométrica para este tipo de termómetros, que fez muito sucesso na Europa Ocidental.
A escala Réaumur considera como pontos fixos o «0» para o ponto de fusão da água, e o «80» para o seu ponto
de ebulição.
A unidade desta escala é o grau Réaumur e o seu símbolo é °R.
A escala Kelvin foi estabelecida em 1848, pelo físico irlandês, William Thomson, que recebeu o título de nobreza
Lorde Kelvin. Verificou experimentalmente que a pressão de um gás diminuía 1/273 do valor inicial, quando
o arrefecia a volume constante de 0 °C para –1 °C. Como a pressão do gás está relacionada com o choque das
suas partículas com as paredes do recipiente, quando a pressão fosse nula, as moléculas estariam em repouso,
a agitação térmica seria nula e a sua temperatura também. Concluiu, então, que isso aconteceria se arrefecesse
o gás até – 273 °C.
Assim, Kelvin atribuiu o valor «0» para este estado térmico e estabeleceu que a sua escala também seria
centesimal, tal como a escala Celsius.
Deste modo, fez corresponder o ponto de fusão do gelo a 273 K e o ponto de ebulição da água a 373 K.
Posteriormente, descobriu-se ser impossível atingir o estado de agitação molecular nulo; as moléculas têm uma
energia mínima denominada energia do ponto zero. O zero absoluto é obtido por extrapolação e não deve
ser interpretado como o estado em que as partículas estariam em completo repouso, pois elas possuem uma
energia mínima finita e apresentam movimento. Mais precisamente, o zero absoluto corresponde a −273,15 °C.
Radiação e Aquecimento | 23
Qual é a relação entre as diferentes escalas termométricas?
A saber:
A unidade SI de temperatura é o
kelvin (K).
A saber:
Variação de temperatura:
1 °C = 1 K = 1,8 °F = 0,8 °R
A saber:
A variação de temperatura em
grau Celsius é igual à variação
da temperatura em kelvin.
1. A temperatura de ebulição do álcool expressa na escala Réaumur é 62,4 °R. Converta este valor em
grau Celsius.
Resolução:
1. A escala Réaumur assinala o ponto de 0 °R no ponto de fusão do gelo e o
80 °R no ponto de ebulição da água. Comparando as duas escalas, vem:
θc = 78 °C
2. Dois termómetros, um graduado na escala Celsius e outro na escala Fahrenheit, são mergulhados
num mesmo líquido. A leitura em Fahrenheit supera em 100 unidades a leitura em Celsius. Qual era a
temperatura desse líquido?
Resolução:
2. Do enunciado do problema, podemos escrever:
T (°F) = T (°C) + 100
A relação entre as escalas citadas é dada por:
Temperatura (°C) = 5/9 (Temperatura (°F) −32), ou seja,
T (°C) = 5/9 (T (°F) −32)
Substituindo a 1ª equação na 2ª, vem:
Radiação e Aquecimento | 25
Atividade Prático-Laboratorial
APL A-0.1: Construção e calibração de um termómetro
Recursos:
• Garrafa ou frasco de vidro com tampa
• Massa/goma de modelar ou rolha de cortiça
• Palhinha de plástico fina e transparente
• Água
• Caneta que escreva em plástico
• Corante
Procedimento:
1. Faça um furo na tampa.
2. Insira a palhinha no furo e vede.
3. Encha a garrafa completamente com água fria (arrefece-se com gelo) e acrescente o corante.
4. Coloque a tampa, de modo que a água suba um pouco na palhinha.
5. Com a caneta, faça uma marca na palhinha, na altura do nível da água.
6. Coloque a garrafa ao sol durante algum tempo e observe que o nível da água dentro da palhinha sobe.
7. Quando a água estiver perto da ponta superior da palhinha, leve a garrafa para a sombra e faça uma
marca no nível da água.
8. Divida o espaço entre as marcas em partes iguais, à sua escolha.
9. Utilize o termómetro assim construído para observar a variação de temperatura ao longo de um dia
de aulas.
Questões pós-laboratoriais:
1. Invente um nome para a escala criada.
2. Construa um gráfico da temperatura medida em função das horas do dia.
3. Indique limitações deste termómetro.
Radiação e Aquecimento | 27
Questões para Resolver
1. Calcule o comprimento de onda no vazio de uma radiação azul, de frequência f = 6,4 × 10¹⁴ Hz, expressa
em nanómetros.
2. A velocidade de propagação da luz na água é de 2,25 × 10⁸ m·s⁻¹. Calcule o comprimento de onda de
uma radiação de frequência f = 509 THz nesse meio.
5. A menor temperatura registada na Terra foi de −89 °C, na Antártida. Converta este valor para kelvin.
6. No interior de uma sala, há dois termómetros pendurados na parede. Um deles, graduado em kelvin,
indica 298 K para a temperatura ambiente. O outro está graduado em graus Celsius. Calcule o valor
marcado por esse termómetro.
8. O álcool etílico tem ponto de fusão −39 °C e ponto de ebulição 78 °C, sob pressão normal. Determine
a diferença de temperatura entre estes dois pontos, em kelvin.
Um corpo diz-se opaco quando não se deixa atravessar pela radiação, apenas a absorve ou reflete.
A radiação incidente num corpo ou superfície opaca pode ser, parcialmente, absorvida ou refletida. Após a sua
absorção, o corpo adquire uma determinada temperatura que vai determinar o tipo de radiação por ele emitida.
1.1 Sistema termodinâmico
Para compreender o comportamento de um sistema quando lhe é
transferida energia é, muitas vezes, necessário considera-lo como um
sistema de muitas partículas e não como um todo. Nestes sistemas
termodinâmicos não são desprezáveis as variações de energia interna. Esta
energia resulta das partículas do corpo estarem em constante movimento
A saber:
e é a soma da energia cinética de cada partícula do corpo com a energia
Um sistema termodinâmico é um
sistema cujo comportamento só potencial de interação entre elas.
pode ser explicado considerando
as partículas que o constituem. No estudo de um sistema termodinâmico utilizam-se as grandezas volume,
pressão, temperatura e quantidade de substância, para o caracterizar.
Questão Resolvida
1. O Sol, cujo raio médio é de 6,96 × 10⁸ m, emite globalmente 3,9 × 10²⁶ W.
Considerando que este se comporta como um emissor ideal, determine a temperatura da sua superfície.
Resolução:
1. Usando a Lei de Stefan-Boltzmann,
P = e σ A T⁴ ⟺ P = e σ 4 π r² T⁴ ⟺ 3,9 × 10²⁶ = 1 × 5,67 x 10⁻⁸ × 4 π × (6,96 × 10⁸)² T⁴
obtemos então T = 5790 K.
onde:
— λmáx é o comprimento de onda a que corresponde a intensidade
máxima da radiação emitida;
— T é a temperatura da superfície radiante, medida em K.
A saber:
De noite, é possível detetar
a presença de uma pessoa
utilizando binóculos de
infravermelho. Não havendo luz
a incidir sobre o corpo, não há
Figura 20 – Deslocamento de Wien. reflexão deste tipo de radiação.
Só se vê a radiação emitida
pelos corpos, que é na zona do
infravermelho.
Porque é que a Terra não emite radiação nas mesmas frequências
que recebe?
A Terra, cuja temperatura média é de cerca de 290 K, emite com intensidade
máxima numa gama de comprimentos de onda muitíssimo maior que o
Sol, na zona infravermelha.
Questões Resolvidas
2.1. Qual a zona do espetro para o qual é máxima a intensidade da radiação emitida por cada corpo negro
representado no gráfico?
2.2. Qual a cor correspondente ao máximo da radiação emitida pelo corpo que o faz preferencialmente
na zona do visível?
2.3. Calcule a temperatura de um corpo negro, no SI, sabendo que a intensidade máxima de emissão se
dá para um comprimento de onda de 1 μm.
Resolução:
2.1. Curva A: λmáx ≈ 375 nm, que corresponde a uma frequência ultravioleta.
Curva B: λmáx ≈ 450 nm, que corresponde a uma frequência visível.
Curva C: λmáx ≈ 800 nm, que corresponde a uma frequência infravermelha.
2.2. λmáx a 450 nm, que corresponde a uma radiação azul.
2.3. Usando a Lei do Deslocamento de Wien:
calculamos T = 2898 K.
Questões pré-laboratoriais:
1. Qual a relação entre a taxa de emissão e de absorção de radiação de um corpo que está em equilíbrio
térmico radiativo com a sua vizinhança?
2. Nas condições da questão anterior, o corpo não absorve nem radia energia?
Material:
• 3 Latas iguais: uma pintada de preto,
outra de branco e outra polida
• Lâmpada de 100 W
• Termómetro
• Cronómetro
Procedimento:
1. Introduza o termómetro dentro de
uma das latas.
2. Anote a temperatura inicial.
3. Dirija a luz emitida pela lâmpada sobre a lata.
4. Meça a temperatura de 5 em 5 minutos durante 30 minutos.
5. Proceda de igual modo para as outras latas.
6. Construa, no mesmo sistema de eixos, o gráfico da temperatura em função do tempo para cada lata.
7. Tire conclusões.
Questões pós-laboratoriais:
1. Interprete os gráficos obtidos.
2. Responda à questão-problema.
2.1 Radiação Solar
O Sol constitui a fonte de energia mais importante para o planeta Terra,
embora esta apenas receba uma pequena parte da energia emitida
por aquele.
A energia da radiação solar que incide perpendicularmente no topo da atmosfera terrestre é cerca de 1370 J,
por cada metro quadrado e durante um segundo, ou seja 1370 W/m². A este valor chama-se constante solar, S.
Classifique como verdadeira (V) ou falsa (F), cada uma das afirmações seguintes:
(A) A percentagem da radiação solar incidente que é refletida é maior do que a que é absorvida pela
atmosfera e pelas nuvens.
(B) A radiação solar que atinge a superfície da Terra situa-se apenas na zona visível do espetro
eletromagnético.
(C) A percentagem da radiação solar absorvida pela atmosfera é superior à refletida por ela.
(D) A intensidade máxima da radiação emitida pela Terra ocorre na zona do visível do espetro
eletromagnético.
(E) A intensidade máxima da radiação emitida pelo Sol ocorre na zona do infravermelho do espetro
eletromagnético.
(F) Aproximadamente metade da radiação solar incidente é absorvida pela superfície terrestre.
(G) Uma parte da radiação solar incidente é absorvida pela atmosfera, sendo a restante radiação
totalmente absorvida pela superfície terrestre.
(H) Da radiação solar que atinge o planeta, 30% é refletida para o espaço.
Resolução:
1. Verdadeiras – (A), (C), (F), (H); Falsas – (B), (D), (E), (G).
Então usa-se apenas 70% da potência por unidade de área que chega à Terra, isto é 70% da constante solar.
Como se pretende a potência, multiplica-se pela área, que neste caso é a do círculo.
Então vem:
Potência recebida pela Terra: Precebida = 0,70 S π RT ²
Em que S é a constante solar e RT o raio da Terra.
No caso da potência emitida pela Terra, usa-se a Lei de Stefan-Boltzmann, e considera-se que aquela tem
emissividade 1. A área que emite corresponde à de uma superfície esférica.
Sendo assim:
Potência emitida pela Terra: Pemitida = e σ 4 π RT ² T⁴
Retomando a igualdade do balanço energético da Terra, vem:
0,70 S π RT ² = e σ 4 π RT ² T⁴
0,70 × 1370 × π RT² = 1 × 5,67 × 10⁻⁸ × 4 π RT² T⁴
Questão Resolvida
Foi nos finais do século XIX, que W. G. Adams e R. E. Day detetaram que um material semicondutor exposto à
luz originava uma diferença de potencial entre as suas extremidades. E, em 1930, Walter Schottky estabeleceu
o fundamento teórico para a produção de energia elétrica a partir de energia solar num dispositivo chamado
célula fotovoltaica.
A partir dessa data, assistiu-se a uma evolução do processo fotovoltaico em termos tecnológicos, com a
descoberta de novos materiais conversores de energia da radiação em energia elétrica, melhores rendimentos
do processo e menores custos de produção.
Hoje, o rendimento deste processo é de cerca de 15 a 20%, e o silício é o material semicondutor que mais se
utiliza nas células fotovoltaicas.
Os sistemas fotovoltaicos podem ser de tamanho variável, de modo que a potência disponível seja adequada à
aplicação pretendida.
1. Os painéis fotovoltaicos são utilizados para produzir energia elétrica a partir da energia solar. Suponha
que a energia solar total incidente no solo durante um ano por unidade de área, na localidade onde vive,
é 1,10 × 10¹⁰ J·m⁻².
Calcule a área de painéis fotovoltaicos necessária para um gasto diário médio de eletricidade de 21,0 kW·h,
se instalar na sua casa painéis com um rendimento de 12,5%. Apresente todas as etapas de resolução.
Resolução:
1.
Eu = 21,0 × 10³ × 3600 × 365 J
Eu = 2,76 × 10¹⁰ J (1 ano)
Resumo
• A energia da radiação incidente sobre um corpo pode ser absorvida, refletida e transmitida.
• Um corpo negro é aquele que absorve toda a energia, não a refletindo nem a transmitindo.
• Um sistema termodinâmico é um sistema cujo comportamento só pode ser explicado considerando as
partículas que o constituem.
• A Lei de Stefan-Boltzmann mostra que a potência emitida por um corpo é dada por P = e σ A T⁴.
• A Lei do Deslocamento de Wien estabelece que o comprimento de onda a que se verifica o máximo da
potência da radiação emitida pelos corpos pode ser determinado por
• A Lei Zero da Termodinâmica estabelece que se dois sistemas estiverem em equilíbrio térmico com um
terceiro, também estão em equilíbrio térmico entre si.
• O albedo da Terra é cerca de 30%, que corresponde à radiação que reflete.
2. As estrelas são muitas vezes classificadas pela sua cor. O gráfico representa a intensidade da radiação
emitida por uma estrela, a determinada temperatura, em função do comprimento de onda.
2.1. Indique a cor da radiação visível emitida com maior intensidade pela estrela.
2.2. Calcule, no Sistema Internacional, a temperatura da estrela para a qual é máxima a potência
irradiada, sabendo que essa temperatura corresponde a um comprimento de onda de 290 nm e que
λmaxT = 2,898 × 10⁻³ m·K.
3. Na figura representa-se, de um modo aproximado, o que sucede à radiação solar quando incide no
planeta Terra. O valor médio da energia solar por unidade de tempo e área que incide no planeta é de
1370 W·m⁻².
4. Duas estrelas X e Y, consideradas emissores ideais, têm temperaturas superficiais de 6000 K e 3000 K,
respetivamente, como se esquematiza na figura.
O máximo da radiação emitida pela estrela X ocorre para λmax (X) = 483 nm e o seu raio é, aproximadamente
igual ao do Sol (RSol = 6,96 × 108 m).
Recorde que a área de uma superfície esférica de raio r é A = 4 π r².
4.1. Calcule a potência da radiação emitida pela estrela X.
4.2. Relacione os comprimentos de onda correspondentes ao máximo da radiação emitida pelas
estrelas Y e X.
4.3. Será possível a estrela Y, estrela mais fria, emitir a mesma potência de radiação que a estrela X, mais
quente? Justifique.
6. Um painel fotovoltaico de 40 m² recebe radiação de 100 W por unidade de área e funciona com o
rendimento de 10%. O tempo médio de exposição solar é de 6,5 h por dia.
Determine o valor máximo de energia que se pode consumir ao fim de um dia:
6.1. Em kW·h.
6.2. Em J.
Chumbo: 27 Concreto: 12
Ouro: 15 Porcelana: 3
Analisando a tabela anterior verifica-se que os metais têm valores mais elevados de coeficiente de dilatação linear,
sendo portanto as substâncias que mais se dilatam, enquanto materiais como o vidro ou o pirex apresentam
dilatação reduzida.
Questões Resolvidas
1. Uma barra apresenta, a 10 °C, comprimento de 90 m, sendo feita de um material cujo coeficiente linear
médio vale 19 × 10⁻⁶ °C⁻¹. A barra é aquecida até 20 °C. Determine:
1.1. A dilatação ocorrida.
1.2. O comprimento final da barra.
Resolução:
1.1. Pela Lei da Dilatação Linear, ΔL = α L0 Δθ
Sendo Δθ = 20 − 10 = 10 °C, α = 19 × 10⁻⁶ °C⁻¹ e L0 = 90 m, obtém-se
ΔL = 19 × 10⁻⁶ × 90 × 10 = 1,7 × 10⁻² m
1.2. O comprimento final L, vai ser:
L = L0 + ΔL ⟺ L = 9000 + 1,7 ⟺ L = 9001,7 cm.
A tabela seguinte apresenta o valor do coeficiente de dilatação térmica volumétrica para algumas substâncias
líquidas. Quanto maior for o valor do coeficiente de dilatação volumétrico, mais o corpo se dilata para uma
mesma variação de temperatura. Os líquidos apresentam coeficientes de dilatação volumétrica maiores que os
sólidos. Desta forma, um líquido que preencha totalmente, até à borda, um recipiente sólido, quando aquecido,
provocará o transbordamento, pois o líquido dilata-se mais que o sólido.
Mercúrio 180
Glicerina 490
Gasolina 950
Benzeno 1060
Acetona 1490
Como o líquido está depositado num recipiente sólido, que também se dilata, é necessário que a dilatação deste
também seja considerada, já que ocorre simultaneamente.
Ao aquecer este sistema, constituido por recipiente e líquido, ambos dilatarão. Como os líquidos normalmente
dilatam mais que os sólidos, uma quantidade do líquido será derramada. Esta quantidade mede a dilatação
aparente do líquido.
A dilatação real do líquido é a soma das dilatações aparente e do recipiente,
Assim, por exemplo, se o recipiente aumentou o seu volume 2 cm³ (ΔVrecipiente = 2 cm³) e o líquido transbordou
3 cm³ (ΔVaparente = 3 cm³), conclui-se que a dilatação real do líquido foi ΔVreal = 3 + 2 = 5 cm³.
Porque é que uma garrafa de vidro cheia de água se pode partir no congelador?
A maioria dos líquidos dilatam-se com o aumento da temperatura e contraem-se com a redução da temperatura.
No entanto, a água, ao ser aquecida de 0 °C a 4 °C, contrai-se, constituindo uma exceção ao caso geral, e só a
partir dessa temperatura começa a dilatar.
Sendo assim, a água atinge um volume mínimo a 4 °C e nesta temperatura a sua densidade é máxima, conforme
se ilustra nos gráficos seguintes.
Pontes de hidrogénio.
Água 4180 A grandeza física que traduz as características térmicas de cada material
designa-se por capacidade térmica mássica, c.
Cortiça 2050
Gelo 2320
A capacidade térmica mássica de uma substância é numericamente
Vapor de igual à quantidade de energia que é necessário transferir por unidade de
2090
água
massa para que esta experimente uma variação de temperatura de 1 K
Álcool 2420 (ou de 1 °C).
Alumínio 910
Mármore 880
Areia de
836 Esta grandeza física, no Sistema Internacional de Unidades, exprime-se
granito
em J/(kg·K).
Vidro 500
Se se fornecer a mesma energia à mesma massa de gelo e água líquida, o aumento de temperatura do gelo será
cerca do dobro do da água líquida.
A água líquida tem que absorver muito calor para aquecer e também tem que libertar muito calor para arrefecer.
É devido a este facto que a água atua como regularizadora do clima e, como tal, junto ao mar as amplitudes
térmicas são baixas.
O significado da capacidade térmica mássica é de grande importância, uma vez que possibilita a previsão da
quantidade de energia que é transferida por cada unidade de massa, quando a temperatura varia de um grau.
Portanto, quando se fornece energia como calor, Q, a um corpo, se não houver mudança de estado, a variação
da sua energia interna é diretamente proporcional à variação da sua temperatura,
Q = m c ΔT
Questões Resolvidas
1. Um corpo de massa 300 g é constituído por uma substância de capacidade térmica mássica c igual a
250 J·kg⁻¹·°C⁻¹. Determine:
1.1. O calor que o corpo deve receber para que a sua temperatura varie de 10 °C para 60 °C, sem alteração
de volume.
1.2. A temperatura a que fica o corpo, inicialmente a 30 °C, se lhe forem transferidos 1800 J de energia
como calor.
Resolução:
1.1. Como Q = m c ΔT, e substituindo m = 0,300 kg, c = 250 J·kg⁻¹·°C⁻¹ e Δθ = 50 °C, vem:
Q = 0,300 × 250 × 50
Q = 3750 J.
1.2. Q = m c ΔT ⟺ 1800 = 0,300 × 250 × ΔT ⟺ ΔT = 24 °C
T = 24 + 30 = 54 °C.
2.1. Indique, justificando, qual a relação existente entre as capacidades térmicas mássicas dos materiais
de que são feitos os corpos A e B.
2.2. Determine o calor recebido pelo corpo B quando a sua temperatura sofre um aumento de 12 °C.
2.3. Calcule a variação de temperatura experimentada pelo corpo A ao absorver uma quantidade de
energia igual ao valor do calor determinado em 2.2.
Resolução:
2.1.
⟺ ⟺ cA = 3,0 cB.
⟺ Q = 3,6 J.
2.3. ⟺ ΔT = 4 °C.
Condução
Quando se aquece uma barra metálica numa das extremidades, passado pouco tempo sentimos que toda a
barra aquece. Diz-se que o metal conduziu o calor até à outra extremidade. Os corpúsculos que constituem a
matéria, ao receberem energia, agitam-se mais e propagam essa agitação aos outros corpúsculos ao longo de
todo o objeto.
Este mecanismo de transferência de energia como calor, chamado condução térmica efetua-se sem transporte
de matéria.
Nem todos os sólidos conduzem igualmente o calor e isto pode ser ilustrado na experiência da figura 30.
Mergulhando, em água quente, duas colheres de materiais diferentes, um bom e um mau condutor, verifica-se
que a manteiga não derrete com a mesma facilidade em cada uma delas.
A atmosfera terrestre também é aquecida por correntes de convecção. Estas originam os ventos e regulam o
clima do nosso planeta.
Devido à inclinação do eixo de rotação da Terra, as zonas perto do equador recebem as radiações solares com
menos inclinação e por isso recebem mais radiação por unidade de área. Nesta região, o ar é mais quente e por
isso sobe, originando as correntes de convecção na atmosfera terrestre. Este efeito origina os ventos em torno
da Terra e outros fenómenos caraterísticos do clima.
Kr
Como identificar os bons e os maus condutores? Material
(W·m⁻¹·K⁻¹)
Existem materiais, como os metais, que por terem eletrões livres,
Prata 427
transferem mais rapidamente a energia térmica e são portanto, bons
condutores de calor. Porém, outros, como a madeira, fazem-no de modo
Cobre 398
muito mais lento, são maus condutores, ou seja são isolantes térmicos.
Alumínio 237
É de esperar, também, que os meios pouco densos, com menor quantidade
de partículas, por unidade de volume, conduzam pior e que o vazio não
Tungsténio 178
permita, de todo, a condução do calor.
Ferro 80,3
A grandeza física que mede a capacidade que determinados materiais têm
para se deixarem atravessar pelo calor é a condutividade térmica, kT. Esta Tijolo 0,4 - 0,8
característica dos materiais define-se como sendo a quantidade de calor
que atravessa, por segundo, a espessura de 1 m, entre duas superfícies Água 0,61
paralelas de área igual a 1 m², quando a diferença de temperatura entre
essas superfícies é de 1 K (1 °C). Vidro 0,72 - 0,86
Questão Resolvida
1. Numa habitação existe uma sala com quatro janelas de 0,80 m² de área com vidro (kT = 0,80 W·m⁻¹·K⁻¹),
de espessura 4 mm, que está a uma temperatura de 22 °C, enquanto que no exterior a temperatura é
14 °C. Determine a potência transmitida por condução através das janelas.
Resolução:
1. Recordando que: ,
então, a potência transmitida por condução, através das janelas, é dada pela expressão:
⟺ P = 5120 W.
Muitos sistemas termodinâmicos não sofrem, a nível macroscópico, variações de energia cinética nem de
energia potencial. Na realidade, as transferências de energia para esses sistemas traduzem-se em variações da
sua energia interna, devido à interação do sistema com a vizinhança.
A Primeira Lei da Termodinâmica traduz portanto, a conservação da energia, realçando os modos como a energia
pode ser transferida entre o sistema e a vizinhança. Esta lei pode ser traduzida matematicamente por:
ΔEi = Q + W + R
Ou seja, a variação da energia interna de um sistema termodinâmico é igual à quantidade de energia transferida
para a vizinhança ou cedida por ela para o sistema, como calor, Q, trabalho, W, ou radiação, R. Essas quantidades
de energia Q, W e R são valores algébricos.
• Quando entra energia no sistema, seja como calor, Q, trabalho, W, ou radiação R, os valores são positivos, pois
fazem aumentar a energia interna do sistema: ΔEi > 0.
• Quando sai energia do sistema, seja como calor, Q, trabalho, W, ou radiação R, os valores são negativos, pois
fazem diminuir a energia interna do sistema: ΔEi < 0.
Figura 33 – A energia que entra num sistema é positiva e a que sai é negativa.
A energia interna, Ei , também simbolizada por U, de um sistema isolado é constante, pelo que a variação de
energia interna é nula.
1. Um gás recebe como calor 50 J e realiza um trabalho sobre o exterior de 12 J. Sabendo que a energia
interna inicial do sistema era de 100 J, calcule a energia interna final.
Resolução:
1. Pela Primeira Lei da Termodinâmica
ΔEi = Q + W + R
ΔEi = 50 − 12
ΔEi = 38 J
ΔEi = Ef − Ei ⟺ 38 = Ef – 100 ⟺ Ef = 138 J.
Há uma grandeza física associada à qualidade de energia, que é uma variável de estado termodinâmico – a
entropia. A entropia é a medida da desordem do sistema e é tanto maior quanto maior for esta desordem. Em
termos energéticos significa que a entropia aumenta com a diminuição da qualidade de energia, atingindo um
máximo em condições de equilíbrio.
De acordo com esta lei da Termodinâmica, num sistema fechado, a entropia nunca diminui. Isso significa que,
se o sistema está inicialmente num estado de baixa entropia (organizado), tenderá espontaneamente para um
estado de entropia máxima (desordem).
Por exemplo, se dois blocos de metal, a diferentes temperaturas, são postos em contacto térmico, a desigual
distribuição de temperatura rapidamente dá lugar a um estado de temperatura uniforme à medida que a energia
flui do bloco mais quente para o mais frio. Ao atingir esse estado, o sistema fica em equilíbrio.
As máquinas térmicas são máquinas capazes de converter calor em trabalho. Funcionam em ciclos e utilizam
duas fontes de temperaturas diferentes, uma fonte quente que é de onde recebem calor e uma fonte fria que
é para onde o calor que foi rejeitado é direcionado. Não transformam todo o calor em trabalho, ou seja, o
rendimento de uma máquina térmica é sempre inferior a 100%.
Por exemplo, na máquina a vapor, um cilindro move-se devido à expansão do gás no seu interior, causada pela
energia proveniente do aquecimento de água numa caldeira, que é a fonte de energia como calor ou «fonte de
calor». Parte desta energia não é transformada em trabalho, e passa por condução térmica para os arredores da
máquina, que é a fonte com temperatura inferior.
O princípio de funcionamento de uma máquina térmica pode ser esquematizado pela figura 34.
Um dos principais objetivos de quem constrói uma máquina térmica, é que esta tenha o maior rendimento
possível. O rendimento de uma máquina térmica normalmente representa-se por η, e define-se como a razão
entre o trabalho que a máquina fornece, W, e a energia como calor que sai da fonte quente, Qq, e sem o qual ela
não poderia funcionar.
Como o quociente entre Qf e Qq tem um valor que pode estar entre 0 e 1, o rendimento de uma máquina térmica
é sempre inferior a 100%. Se o valor de Qf fosse nulo, isto é, se a máquina não transferisse energia como calor
para a fonte fria, o rendimento seria igual a 100%. Não é possível construir máquinas térmicas onde, ciclicamente
se transforme toda a energia como calor proveniente da fonte quente, em trabalho, uma vez que tal violaria a
Segunda Lei da Termodinâmica.
Questão Resolvida
1. Um motor a vapor realiza um trabalho de 12 kJ quando lhe é fornecida uma quantidade de calor igual
a 23 kJ. Determine o rendimento do motor, em percentagem.
Resolução:
η = 52%.
Recursos:
• Papel/cartão
Procedimento:
1. Construa uma maqueta de um
coletor solar, identificando os principais
constituintes e a sua função, tendo por
base as informações seguintes.
O funcionamento de um coletor solar resume-se no seguinte: a radiação solar atinge as placas do coletor
aquecendo-as a elas e a um fluido, normalmente água e glicol, que circula no interior de tubos. A tampa
do coletor é opaca à radiação IV, para reduzir as emissões dos tubos absorvedores, sendo a restante
superfície do coletor coberta por material isolante. Este fluido percorre um circuito fechado, muitas vezes
com a ajuda de um sistema de bombagem. O tubo que o constitui, em geral de cobre e coberto de negro,
penetra num reservatório de água, aquecendo-a, por transferência de calor. O aquecimento do tubo de
cobre, do fluido e da água é feito por condução.
Questão-problema: Como medir a quantidade de energia transferida quando se coloca gelo num copo
com água?
Objetivo: Identificação da expressão Q = m L para determinar a quantidade de energia necessária
à mudança de estado físico, onde m representa a massa e L o calor latente de fusão ou de ebulição
característico de cada substância.
Aplicação da Lei da Conservação da Energia, para estabelecer o balanço energético.
Questões pré-laboratoriais:
1. Identifique a mudança de estado envolvida.
Recursos:
• Termómetro ou sensor de temperatura
• Gobelé
• Vareta
• Balança
• Cubos de gelo
• Água
Procedimento:
1. Meça 100 g de água.
2. Parta o gelo em pedaços pequenos com a massa de cerca de 20 g.
3. Meça a temperatura da água e junte o gelo.
4. Agite e quando o gelo tiver derretido meça a temperatura de equilíbrio térmico.
Questões pós-laboratoriais:
1. Estabeleça a expressão para o equilíbrio térmico, considerando 3 parcelas: a energia envolvida na
mudança de estado, a energia que o gelo depois de fundido recebeu para atingir a temperatura de
equilíbrio e a energia cedida pela água.
2. Determine a temperatura de equilíbrio térmico esperada, considerando Lfusão do gelo 3,3 × 10⁵ J/kg e
cágua = 4,2 × 10³ J·kg⁻¹·°C⁻¹.
3. Compare o valor obtido experimentalmente com o previsto e calcule a percentagem de erro.
1. A quantidade de calor que um bloco de gelo inicialmente a – 40 °C recebe para chegar a ser vapor a
120 °C é mostrado no gráfico.
Resumo
• Dilatação térmica é o aumento do volume de um corpo ocasionado pelo aumento da sua temperatura.
• A dilatação linear nos sólidos é expressa por ∆L = α L0 ∆θ.
• A dilatação volumétrica é expressa por ∆V = γ V0 ∆θ.
• A água tem um comportamento de exceção, pois quando se aquece de 0 °C a 4 °C, diminui de volume.
• A capacidade térmica mássica de uma substância exprime a quantidade de energia que é necessário
transferir por unidade de massa para variar a temperatura de 1 K (ou de 1 °C).
• O calor transfere-se por condução ou convecção.
• A energia transferida, como calor, por unidade de tempo pode ser expressa por .
• A Primeira Lei da Termodinâmica é expressa por ΔEi = Q + W + R.
• A Segunda Lei da Termodinâmica estabelece que os processos espontâneos, irreversíveis, evoluem no
sentido em que há um aumento de entropia.
• As máquinas térmicas convertem calor em trabalho, com rendimento inferior a 100%.
2. Uma barra de metal possui comprimento L a 20 °C. Quando esta barra é aquecida até 120 °C, o seu
comprimento varia de 10⁻³ L. Calcule o coeficiente de dilatação do metal.
8. Num dado instante, duas varas, uma de alumínio e outra de ferro com a mesma espessura e comprimento
possuem a mesma diferença de temperatura entre os respetivos extremos. Compare a quantidade de
energia transferida, por unidade de tempo, de um extremo ao outro de cada uma das varas. Considere
kT alumínio = 237 W·m⁻¹·K⁻¹ e kT ferro = 80 W·m⁻¹·K⁻¹.
9. Sobre um sistema, realiza-se um trabalho de 3000 J e, em resposta, ele fornece 1000 cal de calor
durante o mesmo intervalo de tempo. Considerando que a energia interna do sistema não variou, calcule
a radiação transferida e indique o sentido dessa transferência.
Considere 1,0 cal = 4,18 J.
10. Numa máquina térmica são fornecidos 3 kJ de calor pela fonte quente para o início do ciclo e 780 J
passam para a fonte fria.
10.1. Calcule o trabalho realizado pela máquina, se considerarmos que toda a energia que não é
transformada em calor passa a realizar trabalho.
10.2. Determine o rendimento da máquina térmica.
11. Numa instalação solar de aquecimento de água para consumo doméstico, os coletores solares
ocupam uma área total de 4,0 m2. Em condições atmosféricas adequadas, a radiação solar absorvida
por estes coletores é, em média, 800 W/m². Considere um depósito, devidamente isolado, que contém
150 kg de água.
Verifica-se que, ao fim de 12 horas, durante as quais não se retirou água para consumo, a temperatura da
água do depósito aumentou 30 °C.
Calcule o rendimento associado a este sistema solar térmico.
Apresente todas as etapas de resolução.
Considere cH O = 4,2 kJ·kg⁻¹·°C⁻¹.
2
Esta unidade compreende duas grandes áreas: a Hidrostática e a Hidrodinâmica. Inicia-se no estudo da
Hidrostática, isto é, na análise de fluidos em equilíbrio estático, seguindo-se o estudo de fluidos em movimento,
Hidrodinâmica.
Para o estudo dos fluidos é fundamental recordar as noções de densidade relativa, massa volúmica, pressão
e impulsão.
onde m é a massa da substância e V o seu volume. A densidade vem expressa em quilograma por metro cúbico,
kg/m³, no Sistema Internacional de Unidades. Habitualmente, a densidade é também expressa em gramas por
centímetro cúbico, g/cm³.
Cada substância tem um valor caraterístico para a densidade, a determinada temperatura, que permite
identificá‑la. Na tabela 7 estão indicadas as densidades de alguns materiais.
Define-se também a densidade relativa de um material, d, como a razão entre a massa volúmica do material e a
massa volúmica de um material padrão,
68
Este valor permite indicar se um material é mais ou menos denso do que o material tomado como padrão.
No caso de sólidos e líquidos usa-se como padrão a densidade da água. A 4 °C e à pressão atmosférica normal,
o valor é 1,03 g/cm³, e à temperatura de 25 °C, é 1,00 g/cm³. Nos gases, o padrão é o ar nas mesmas condições
de pressão e temperatura do gás. Nas condições normais de temperatura e pressão (PTN, temperatura de 0 °C e
pressão atmosférica 101325 Pa) a densidade do ar é 1,293 kg/m³.
A densidade de uma substância composta ou de uma mistura, é a média ponderada das densidades dos
componentes da mistura.
A densidade permite explicar a flutuação dos corpos. Na água, os corpos flutuam quando são constituídos por
materiais menos densos do que a água. Por outro lado, vão ao fundo quando são constituídos por materiais mais
densos do que a água.
Interações em Fluidos | 69
A densidade relativa do líquido é obtida através da expressão .
C – Deslocamento de água
• Determina-se a massa, m, do sólido (1).
• Coloca-se na proveta um volume, Vi, de água (2).
• Introduz-se o sólido na proveta e regista-se o volume, Vf, da água na proveta (3).
• Determina-se o volume do sólido, V = Vf − Vi.
D – Densímetro
Os densímetros são instrumentos que determinam diretamente a densidade de líquidos.
São constituídos por um tubo estreito e graduado na parte superior e mais largo na parte inferior, no fundo do
qual existe uma bola de metal.
Funcionam de forma muito simples. Introduz-se o densímetro no líquido que mergulha tanto mais quanto menos
denso for esse líquido. O valor da densidade é lido diretamente na escala.
70 | Os Fluidos na Terra
Questão Resolvida
ρ= = 14 × 10³ kg/m³.
1.2. O anel é feito de um material cuja densidade é 14 × 10³ kg/m³. Não é de ouro puro, pois a densidade
do ouro é 19,3 × 10³ kg/ m³, de acordo com a tabela 7.
O que é a pressão?
A pressão é uma grandeza escalar que relaciona a intensidade das forças exercidas e a área das superfícies
onde essas forças atuam. O valor da pressão é dado pelo quociente entre o módulo da força perpendicular à
superfície,|F⃗| = F, e a área da superfície, A.
Assim, para a mesma força, a pressão será tanto maior quanto menor for a área da superfície de contacto. Para
a mesma área da superfície de contacto, será tanto maior quanto maior for a intensidade da força exercida.
A unidade de pressão, no Sistema Internacional de Unidades, é o newton por metro quadrado, N/m², designado
por pascal, Pa. Além do pascal, são comuns outras unidades como a atmosfera, o bar, e o milímetro de mercúrio.
Interações em Fluidos | 71
A tabela 8 indica a relação destas unidades com o pascal.
milímetro de
mm Hg (ou torr) 1 mm Hg = 133,322 Pa
mercúrio
centímetro de
cm Hg 1 cm Hg = 1333,22 Pa
mercúrio
Questão Resolvida
1. Uma piscina com 3,0 metros de comprimento e 2,0 metros de largura contém 8,0 × 10³ litros de água.
Determine a pressão hidrostática exercida pela água, no fundo do tanque. Use g = 10 m/s².
Resolução:
1. Usando ρágua = 1,00 × 10³ kg/m³ e V = 8,0 × 10³ dm³ = 8,0 m³,
F = P = m g = ρágua V g = 1,00 × 10³ × 8,0 × 10 = 8,0 × 10⁴ N.
A = 3,0 × 2,0 = 6,0 m².
Assim,
72 | Os Fluidos na Terra
3 Impulsão
Quando se mergulha um objeto em água, tem-se a sensação de que se torna mais leve. Parece que algo empurra
o corpo para cima, contrariando o seu peso.
O valor da impulsão pode ser determinado experimentalmente. Com o auxílio de um dinamómetro mede-se o
peso do corpo no ar, que é o peso real, e o peso do corpo imerso num fluido, que é o peso aparente.
O peso aparente, Pap , é a resultante de duas forças com sentidos opostos, o peso real, Pr , e a impulsão, I,
pelo que,
Peso aparente = Peso real – Impulsão
Pap = Pr − I
Experimentalmente, pode-se ainda verificar que a impulsão depende da densidade do fluido. Mergulhando um
mesmo corpo, em água salgada e em água destilada, sofre impulsões diferentes. Verifica-se que na água salgada,
que é mais densa, a impulsão é maior.
Interações em Fluidos | 73
Questão Resolvida
ρ= = , ρ = 8,0 g/cm³.
Resumo
• A densidade ou massa volúmica de um material é determinada pelo quociente da massa de uma porção
74 | Os Fluidos na Terra
Questões para Resolver
1. Sabendo que a densidade absoluta do ferro é 7,80 g/cm³, determine a massa de uma chapa de ferro
de volume 650 cm³.
2. A Fátima, com uma massa de 52 kg exerceu uma força perpendicular sobre o pé do Simão. Sabendo que
o salto do sapato da Fátima tem 2,0 mm², determine a pressão que o salto exerce sobre o pé do Simão.
3. Um corpo pesa 0,25 N. Quando colocado dentro de água, suspenso de um dinamómetro, este
marca 0,10 N.
3.1. Caracterize o vetor impulsão.
3.2. Calcule a massa do corpo.
4. Nos submarinos os tanques de lastro permitem submergir e emergir. Quando estão cheios de água
os submarinos afundam. Para subir, a água é bombeada para o exterior, ficando os lastros cheios de ar.
Tendo em conta o peso real, peso aparente e impulsão, explique o funcionamento dos submarinos.
5. Considere um anel de ouro com uma pedra de quartzo de massa total igual a 2,0 g e de densidade
relativa igual a 8,0. Sabendo que as densidades relativas do ouro e do quartzo são, respetivamente iguais
a 20,0 e 4,0, determine a massa de quartzo contida no anel.
Interações em Fluidos | 75
B-1 Hidrostática
1 Noção de fluido
O sangue, o mar, a atmosfera, são fluidos essenciais à nossa existência.
O que é um fluido?
A designação genérica de fluido aplica-se às substâncias que, em condições
normais de pressão e temperatura, se encontram no estado líquido ou
gasoso.
Figura 38 – Forças que atuam sobre a porção do fluido: F⃗₁ e F⃗₂ – forças de pressão
verticais; F⃗i e F⃗i'– forças de pressão laterais; F⃗g – força da gravidade.
76 | Os Fluidos na Terra
A resultante das forças é nula, isto é, o somatório das forças é igual a zero.
Então,
Segundo a horizontal as forças de pressão anulam-se. Mas segundo a vertical, as forças de pressão não se anulam
e têm de compensar o peso da porção de líquido.
Tendo em conta que a pressão, p, num ponto é o quociente entre o módulo da força F perpendicular a uma
superfície muito pequena em torno desse ponto e a área dessa superfície A, as forças de pressão são F₁ = p₁ A e
F₂ = p₂ A.
F₂ − F₁ = Fg ⇔ p₂ A − p₁ A = m g
Como m = ρ V = ρ A h, temos p₂ A − p₁ A = ρ A h g ou seja
p₂ − p₁ = ρ g h
onde p₂ é a pressão na face inferior, p₁ é a pressão na face superior e g é a aceleração da gravidade. Verifica-se
que a porção de fluido podia ter uma forma qualquer, isto é, a expressão é independente da área da base, e que
num ponto mais baixo do fluido a pressão é maior do que num ponto mais elevado, ou seja, p₂ > p₁.
Pode-se generalizar para dois pontos, A e B, no interior de um fluido em equilíbrio hidrostático e de massa
volúmica constante, mesmo sem estarem na mesma linha vertical, as pressões podem-se relacionar pela
expressão
pB = pA + ρ g h
Hidrostática | 77
onde pA é a pressão no ponto A, pB é a pressão no ponto B, ρ é a massa
volúmica, g é a aceleração gravítica e h é a distância vertical entre os
pontos A e B.
A saber:
A diferença de pressão entre dois
pontos no interior de um líquido
é a exercida pela coluna de
altura igual à separação vertical
dos dois pontos.
78 | Os Fluidos na Terra
Questões Resolvidas
3 Lei de Pascal
Blaise Pascal foi um cientista e filósofo francês do século XVII que, com base em experiências e observações, e
antes de se conhecer a Lei Fundamental da Hidrostática, formulou o que hoje se conhece por Lei de Pascal.
Como varia a pressão em dois pontos se se variar a pressão num ponto do fluido?
De acordo com a Lei Fundamental da Hidrostática, e considerando que na superfície de separação entre o fluido
e o ar a pressão exercida sobre o fluido é a pressão atmosférica, p0, as pressões em dois pontos, A e B, são
respetivamente:
p A = p0 + ρ g h A e pB = p0 + ρ g h B
Para um fluido incompressível, variando a pressão no cimo do recipiente, com o auxílio de um êmbolo, a pressão
na superfície passa a ser p0 + Δp. As pressões em A e B são:
Hidrostática | 79
Figura 42 – Variação de pressão num recipiente com o auxílio de um êmbolo.
Portanto, o fluido transmite, a todos os seus pontos, qualquer pressão exterior que lhe seja aplicada. Este
resultado constitui a lei estabelecida por Pascal.
Lei de Pascal:
Uma variação de pressão provocada num ponto de um fluido em equilíbrio transmite-se integralmente a todos
os pontos do fluido e às paredes que o contém.
4 Lei de Arquimedes
Foi Arquimedes, sábio grego, que descobriu que os corpos mergulhados em líquidos ficam sujeitos a uma força de
baixo para cima, designada por impulsão. Formulou a sua lei, que diz que qualquer corpo, total ou parcialmente
imerso num fluido, sofre por parte deste uma força vertical, dirigida de baixo para cima, de intensidade igual ao
peso do volume de fluido deslocado pelo corpo.
|I⃗| = |P⃗volume fluido deslocado| = m g = ρf Vf g
A impulsão depende da massa volúmica do fluido, ρf, e do volume do fluido deslocado pelo corpo, Vf .
80 | Os Fluidos na Terra
Questão Resolvida
1. Um cubo de madeira (ρmadeira = 0,65 g/cm³), com 20 cm de aresta, flutua na água (ρágua = 1,0 g/cm³).
Determine a altura do cubo que permanece dentro de água.
Resolução:
1.
Vcubo = base × altura
Mcubo = ρmadeira × base × altura
O módulo do peso do cubo, Ρcubo = ρmadeira × base × altura × g
Para o cubo flutuar, o módulo do peso tem de ser igual ao módulo da impulsão. Tendo em conta a Lei de
Arquimedes, temos
ρmadeira × base × altura × g = ρágua × base × alturaimersa × g
alturaimersa = ρmadeira × altura/ρágua = 13 cm.
Hidrostática | 81
Assim, a altura da coluna de mercúrio, permitiu a Torricelli medir diretamente a pressão atmosférica. Verificou
ainda que a altura da coluna de mercúrio não era sempre constante, mas variava um pouco, durante o dia e a
noite. Concluiu daí, corretamente, que essas variações mostravam que a pressão atmosférica podia variar.
Convencionou-se que a pressão atmosférica normal é 1 atmosfera, que corresponde a 76 cm de mercúrio. Ainda
hoje, quando se refere a pressão atmosférica, e para recordar a experiência de Torricelli, esta indica-se em
milímetros ou centímetros de mercúrio.
6 Aplicações
De acordo com a Lei de Pascal, um acréscimo de pressão num dos êmbolos transmite-se a todos os pontos do
fluido. Assim, se for aplicada uma força de intensidade F⃗₁ no êmbolo com menor área surgirá um acréscimo de
pressão, , que se transmite a todos os pontos do fluido e das paredes do recipiente, incluindo o outro
êmbolo. O êmbolo de maior área ficará sujeito a uma força adicional de intensidade F₂ = A₂ ∆p.
A conjugação das duas expressões permite determinar a vantagem mecânica da prensa hidráulica, como a
razão entre F₂ e F₁.
Na prensa hidráulica as forças em cada êmbolo são diretamente proporcionais às áreas dos êmbolos.
82 | Os Fluidos na Terra
Questão Resolvida
1. Os êmbolos de uma prensa hidráulica têm áreas de 2 cm² e 2 m². Colocou-se sobre o êmbolo de menor
área uma massa de 5 kg, ficando o corpo no outro êmbolo em equilíbrio. Desprezando a massa dos
êmbolos, determine a massa do corpo.
Resolução:
1. .
Tal como a prensa hidráulica, a bomba hidráulica é uma aplicação da Lei de Pascal. Consiste num circuito
hidráulico de secção variável, que permite «amplificar» a força exercida numa das extremidades, como se mostra
na figura 46.
Os manómetros de pressão são uma aplicação da Lei Fundamental da Hidrostática. Têm como função medir
diferenças de pressão. A altura da coluna de líquido permite saber a pressão no tubo, p, em relação à pressão
atmosférica.
pA = p B
p A = p0 + ρ g h
p = p0 + ρ g h
Hidrostática | 83
6.2 Equilíbrio de corpos flutuantes
Quando se coloca um corpo no interior de um fluido, este pode:
– afundar, se o módulo da impulsão (ρfluido Vcorpo g) for inferior ao módulo da força da gravidade (ρcorpo VCorpo g),
isto é, ρfluido < ρcorpo;
– flutuar no interior do fluido, se o módulo da impulsão (ρfluido Vcorpo g) for igual ao módulo da força da
gravidade (ρcorpo Vcorpo g), isto é, ρfluido = ρcorpo;
– emergir, se o módulo da impulsão (ρfluido Vcorpo g) for superior ao módulo da força da gravidade (ρcorpo Vcorpo g),
isto é, ρfluido > ρcorpo. O corpo irá emergir até se verificar a condição de flutuação.
Contudo, um corpo a flutuar só se encontra em equilíbrio quando o centro de massa do corpo se encontra
alinhado com o centro de massa do volume deslocado, chamado centro de impulsão. A linha vertical que passa
pelo centro de massa do corpo e pelo centro de impulsão chama-se de linha de simetria. Quando estes não se
encontram alinhados o corpo poderá rodar.
Para se alterar o centro de impulsão de um corpo a flutuar, em relação ao centro de massa do corpo, tem-se
de variar o volume do fluido deslocado. Assim, considere-se, que se inclina um corpo, num ângulo Δθ, como se
mostra na figura 49.
O corpo tenderá a retomar a posição de equilíbrio inicial, sempre que o ponto de interceção entre a linha vertical
que passa pelo centro de impulsão e a linha de simetria se encontra acima do centro de massa do corpo. O corpo
encontra-se em equilíbrio estável.
O corpo encontra-se no equilíbrio instável, sempre que, o ponto de interceção entre a linha vertical que passa
pelo centro de impulsão e a linha de simetria se encontra abaixo do centro de massa do corpo. O corpo tenderá
a afastar-se da posição de equilíbrio inicial.
84 | Os Fluidos na Terra
Atividade Prático-laboratorial
APL B-1.1: Lei de Arquimedes
Questão-problema: Porque diz a lenda que Arquimedes saiu nu à rua a gritar Eureka! Eureka!?
Objetivo: Relacionar o volume do fluido deslocado e a densidade do fluido com a impulsão.
Questões pré-laboratoriais:
1. Identifique o que poderá acontecer a um objeto quando colocado no interior de um fluido.
Recursos:
• Dois corpos de igual massa e diferente volume
• Gobelé
• Dinamómetro
• Água
• Azeite
Procedimento:
1. Pese, com um dinamómetro, o corpo.
2. Introduza o corpo dentro de um copo graduado com água e registe o seu peso e a variação de volume.
3. Proceda da mesma forma, alterando:
– o corpo;
– o fluido.
Questões pós-laboratoriais:
1. Estabeleça a expressão que permite determinar a impulsão.
2. Determine a impulsão nas quatro situações.
3. Compare o valor obtido experimentalmente com o previsto e calcule a percentagem de erro.
Hidrostática | 85
Atividade Prática de Sala de Aula
APSA B-1.1: Pressão atmosférica
Recursos:
• Manual
Procedimento:
O físico italiano Evangelista Torricelli, em 1643, não apenas demonstrou a existência da pressão do ar,
mas inventou um aparelho capaz de a medir: o barómetro.
1. Que observou Torricelli, aquando da determinação da pressão atmosférica?
2. Indique o que aconteceria caso fosse usado, no tubo, um fluido de densidade menor que a do mercúrio.
86 | Os Fluidos na Terra
Atividade Prática de Sala de Aula
APSA B-1.2: Lei de Pascal
Recursos:
• Computador com ligação à Internet
• 1 Garrafa de plástico de 1/2 litro
• 1 Ampola de vidro
Procedimento:
Um corpo flutua no interior de um fluido, se o módulo da força da gravidade for igual ao módulo da
impulsão. Se se variar a pressão num ponto do fluido em equilíbrio, esta transmite-se integralmente
a todos os pontos do fluido e às paredes que o contém. Se aumentar a pressão num ponto do fluido,
esse aumento transmite-se a todos os pontos do fluido. Assim, o ar dentro da ampola é comprimido,
diminuindo o seu volume e, por isso, aumentando o seu peso. Se o módulo da força da gravidade for
superior ao módulo da impulsão, a ampola afunda-se.
Hidrostática | 87
Resumo
88 | Os Fluidos na Terra
2. Considere uma prensa hidráulica, cujos êmbolos A e B têm respetivamente 400 cm² e 1,2 m². Sobre
o êmbolo A é aplicada uma força de módulo 50 N, ficando o corpo sobre o êmbolo B em equilíbrio.
Determine a massa do corpo que está sobre o êmbolo B. Despreze o peso dos êmbolos. Considere
g = 10 m/s².
3. Os icebergues são gigantescos blocos de gelo que flutuam no mar. Sendo a densidade da água salgada
igual a 1,024 × 10³ kg/m³, determine a fração do seu volume submerso.
5. Na figura, encontram-se dois líquidos homogéneos não miscíveis, em equilíbrio. Calcule o valor da
razão entre as densidades dos líquidos.
6. Um gás encontra-se contido sob pressão de 8 mbar no interior de um recipiente cúbico, cujas faces
possuem uma área de 4,0 m². Calcule o módulo da força média exercida pelo gás sobre cada face do
recipiente?
7. Determine a profundidade máxima que um mergulhador pode atingir em segurança em água salgada,
sabendo que o organismo humano pode ser submetido, sem prejuízo para a saúde, a uma pressão de
4,0 × 10⁵ N/m². Considere densidade de água salgada 1,03 g/cm³ e g = 10 m/s².
Hidrostática | 89
B-2 Hidrodinâmica
1 Movimento dos fluidos em regime estacionário
A Hidrodinâmica estuda o movimento dos fluidos, isto é, líquidos e gases.
Como, por exemplo, a água a escoar ao longo de um tubo ou no leito de
um rio, o sangue a correr pelas veias ou o fumo emitido por uma chaminé.
90 | Os Fluidos na Terra
2 Conservação da massa e Equação da Continuidade
A figura 51 representa um fluido com escoamento estacionário ao longo de um tubo de secção transversal
variável.
Em 1, a área da secção reta do tubo é A₁ e a velocidade do fluido é v⃗₁. Em 2, a área é A₂ e a velocidade é v⃗₂.
No intervalo de tempo ∆t, passa em 1 o volume de fluido ∆V₁, que pode ser expresso por:
∆V₁ = A₁ ∆x₁ = A₁ v₁ ∆t
A massa de fluido no volume ∆V₁ é igual à massa de fluido no volume ∆V₂, ou seja
m₁ = m₂
ρ A₁ v₁ ∆t = ρ A₂ v₂ ∆t
Simplificando, vem:
A₁ v₁ = A₂ v₂
Esta expressão traduz a Equação da Continuidade, que exprime a conservação da massa no movimento dos
fluidos incompressíveis.
Hidrodinâmica | 91
A Equação da Continuidade mostra que a velocidade de um fluido aumenta
quando a área da secção diminui.
Este facto é visível quando se tapa parcialmente a saída de água de uma
mangueira.
Questão Resolvida
1. O sangue flui na artéria aorta de um adulto, de raio 1,0 cm, com velocidade 0,33 m/s e encontra uma
zona onde o raio se reduz para 8,0 × 10⁻³ m.
1.1. Calcule o módulo da velocidade do sangue no estreitamento.
1.2. Determine o volume de sangue que passa por segundo numa secção reta da artéria.
1.3. Sendo 5,0 litros o volume de sangue no organismo, estime o tempo médio que o sangue leva para
voltar ao coração.
1.4. Calcule o número de vasos capilares por onde vai fluir o sangue desta artéria, sabendo que o diâmetro
de um capilar é de cerca de 4,0 × 10⁻⁴ cm e a velocidade média é de 6,0 × 10⁻⁴ m·s⁻¹.
92 | Os Fluidos na Terra
Resolução:
1.1. Pela equação da continuidade,
A₁ v₁ = A₂ v₂ e sendo A = π r²
Substituindo os valores, tem-se:
π × (1,0 × 10⁻²)² × 0,33 = π × (8,0 × 10⁻³)² x v₂ ⟺ v₂ = 0,51 m·s⁻¹.
1.2. O volume de sangue que passa por segundo numa secção reta da artéria é o caudal.
Ø=Av
Substituindo os valores, tem-se:
Ø = π × (1,0 × 10⁻²)² × 0,33 ⟺ Ø = 1,04 × 10⁻⁴ m³·s⁻¹
1.3. Partindo do caudal cujo valor é Ø = 1,04 × 10⁻⁴ m³·s⁻¹ e substituindo o volume de sangue,
vem:
1,04 × 10⁻⁴ = ⟺ ∆t = 48 s.
Hidrodinâmica | 93
Como se relaciona a pressão, o desnível e a velocidade de um fluido ideal?
Um fluido incompressível e não viscoso, de densidade ρ, escoa por uma canalização em regime estacionário,
como se mostra na figura 53.
Figura 53 – Escoamento de um fluido num tubo com desnível e área de secção variável.
Sejam p₁ e p₂ as pressões nos pontos 1 e 2, cujas alturas, em relação a um plano horizontal de referência, são y₁
e y₂, respetivamente. F⃗₁ é a força de pressão exercida pelo fluido que chega ao ponto 1, e F⃗₂ é a força de pressão
exercida pelo fluido que já passou no ponto 2.
Considerando a Lei do trabalho-energia, e atendendo que atuam no fluido as forças F⃗₁, F⃗₂ e o peso P⃗, pode
escrever-se:
WF⃗ = ∆Ec
R
94 | Os Fluidos na Terra
Como o caudal é sempre o mesmo, então o volume que passa em 1 é igual ao que passa em 2:
V₁ = V₂
Pode simplificar-se e vem:
p₁ – p₂ = ½ ρ v₂² – ½ ρ v₁² + ρ g y₂ – ρ g y₁
Ou ainda
p₁ + ½ ρ v₁² + ρ g y₁ = p₂ + ½ ρ v₂² + ρ g y₂
Esta expressão traduz a Equação de Bernoulli ou Equação Fundamental da Hidrodinâmica.
Como ao longo de uma linha de corrente, 1 e 2 podem ser uns pontos quaisquer, então a Equação de Bernoulli
também pode ser escrita como:
p + ½ ρ v² + ρ g y = constante
No caso de um fluido em equilíbrio estático, as velocidades, v₁ e v₂, são nulas e então a equação reduz-se a:
p₁ + ρ g y₁ = p₂ + ρ g y₂
p₁ − p₂ = ρ g (y₂ − y₁)
que é a Equação Fundamental da Hidrostática.
• Sustentação de um avião
As asas dos aviões têm uma forma e uma inclinação tal que o ar é obrigado a passar pela sua face superior com
maior velocidade. A densidade das linhas de corrente é maior na parte de cima das asas.
De acordo com a equação de Bernoulli, na parte de cima das asas a velocidade é maior e portanto a pressão
é menor.
Cria-se, assim, uma diferença de pressão entre a parte superior e a parte inferior das asas que origina uma força
de sustentação, perpendicular e dirigida para cima.
Hidrodinâmica | 95
• Pulverizador
Num pulverizador, apertando a bomba de borracha, cria-se um fluxo de ar num canal onde há um estrangulamento.
Aí a velocidade do ar vai ser maior e, portanto, a pressão vai ser menor, o que obriga o líquido a subir no tubo.
Figura 55 – Pulverizador.
p₀ + ½ ρ vA² + ρ g h = p₀ + ½ ρ vB²
Pela Equação da Continuidade,
AA vA = AB vB
96 | Os Fluidos na Terra
Mas como a área da superfície B é muito menor do que a área de A, então
a velocidade em B é muito maior do que a velocidade em A e pode-se
mesmo considerar que vA é nula.
Então,
ρ g h = ½ ρ vB ²
A saber:
e a velocidade de saída do líquido em B é dada por A velocidade de escoamento da
água através do orifício é igual à
velocidade que teria se caísse em
queda livre da altura h.
• Efeito Venturi
O tubo de Venturi é um tubo horizontal, dotado de um estrangulamento,
que é aplicado numa canalização, conforme indica a figura 57.
p₁ + ½ ρ v₁² + ρ g y₁ = p₂ + ½ ρ v₂² + ρ g y₂
p₁ + ½ ρ v₁² = p₂ + ½ ρ v₂²
ou
p₁ − p₂ = ½ ρ (v₂² − v₁²)
Hidrodinâmica | 97
Questões Resolvidas
1. Um tanque de área grande está cheio de água até à altura de 120 cm. Na base existe um orifício de
4,0 cm² situado no fundo do tanque.
Calcule:
1.1. O valor da velocidade da água à saída deste orifício.
1.2. O volume de água que escoa num minuto.
Resolução:
1.1. A velocidade de saída é dada por:
Substituindo os valores
Obtem-se v = 4,9 m/s.
1.2. Pela expressão do caudal Ø = A v
Substituindo os valores Ø = 4,0 × 10⁻⁴ × 4,9 = 1,96 × 10⁻³ m³/s
Por minuto será 19,6 × 10⁻⁴ × 60 = 0,12 m³/min.
2. No medidor de Venturi da figura seguinte, a área da secção 1 é 20 cm² enquanto que a da secção 2 é
10 cm². O manómetro, cujo fluido manométrico é mercúrio (ρHg = 13600 kg/m³) é ligado entre as secções
1 e 2 e indica o desnível mostrado na figura. (ρágua = 1000 kg/m³).
98 | Os Fluidos na Terra
Como pa = pb
Vem p₁ – p₂ = 12,6 × 10³ Pa
Substituindo na Equação de Bernoulli,
p₁ – p₂ = ½ ρ (v₂² − v₁²)
Obtém-se v₂ = 5,8 m/s
E o caudal vai ser:
Ø=Av
Ø = 10 × 10⁻⁴ × 5,8
Ø = 5,8 × 10⁻³ m³/s.
Para corpos pequenos e com baixa velocidade, a força de resistência varia linearmente com a velocidade e tem
sentido oposto a esta,
F⃗res = − k v⃗
sendo o seu módulo
Fres = k v
A constante k depende da forma e das dimensões do objeto e da natureza do meio onde o corpo se move.
Um fluido muito viscoso oferece uma maior força de resistência ao movimento de um corpo no seu interior.
No caso de uma pequena esfera de raio r, movendo-se num líquido muito viscoso, k é dado por
k=6πrη
onde η é o coeficiente de viscosidade do fluido que tem unidades de pressão vezes tempo.
O módulo da força de resistência, é dado por
Fres = 6 π r η v
Hidrodinâmica | 99
A velocidade terminal é atingida quando for nula a resultante das forças que atuam na esfera e o movimento é,
então, uniforme.
As forças são o peso da esfera, P⃗, a força de resistência ao movimento, F⃗res, e a impulsão, I⃗, e portanto se atinge
a velocidade terminal,
P = Fres + I
Atividade Prático-Laboratorial
APL B-2.1: Coeficiente de viscosidade de um líquido
Recursos:
• Proveta grande cheia com glicerina
• Craveira
• Esferas de metal de diâmetros diferentes
• Proveta pequena
• Cronómetro
• Termómetro
Procedimento:
1. Deixe cair a esfera maior no interior do líquido, sem que toque nas paredes.
2. Coloque uma marca na posição em que o movimento começa a ser uniforme.
3. Coloque outra marca quase no final do movimento da esfera.
4. Meça a distância entre as marcas.
5. Meça o diâmetro das esferas.
6. Faça as medições necessárias para determinar as densidades da glicerina e do metal.
7. Meça o tempo que a esfera demora a percorrer a distância entre as marcas.
8. Efetue três medições para cada esfera.
Questões pós-laboratoriais:
1. Trace o gráfico da velocidade terminal em função do quadrado do raio das esferas e determine, por
regressão linear, a equação da reta de ajuste.
2. Determine o coeficiente de viscosidade da glicerina a partir do declive da reta que melhor se ajusta aos
dados experimentais no gráfico.
3. Analise os resultados obtidos e confronte-os com os previstos teoricamente, apresentando explicações
para eventuais diferenças.
Resumo
Hidrodinâmica | 101
Questões para Resolver
1. Considere duas regiões distintas do leito de um rio: uma larga, A, de secção transversal 200 m², e
outra estreita, B, com 40 m² de área de secção transversal. A velocidade do rio na região A tem módulo
igual 1,0 m/s.
Calcule o módulo da velocidade do rio na região B.
2. Um líquido flui através de um tubo de secção transversal constante e igual a 5,0 cm² com velocidade
de 40 cm/s, determine:
2.1. O caudal volumétrico do líquido ao longo do tubo.
2.2. O volume de líquido que atravessa uma secção em 10 s.
3. Um líquido, suposto incompressível, escoa através de uma mangueira cilíndrica de raio r e enche um
recipiente de volume V num intervalo de tempo t.
A velocidade de escoamento do líquido, suposta constante, tem módulo igual a:
A) V/r t B) V/π r²t C) V π r²/ t D) V/2π r t E) V π r² t
4. Através de um tubo horizontal de secção reta variável, escoa água, cuja densidade é 1 g/cm³.Numa
secção 1 do tubo, a pressão e o módulo da velocidade valem, respetivamente, 1,5 × 10⁵ N/m² e 2,0 m/s.
Determine a pressão noutra secção 2, onde o módulo da velocidade vale 8,0 m/s.²
5. As figuras representam secções de canalizações por onde flui, da esquerda para a direita, sem atrito
e em regime estacionário, um líquido incompressível. Além disso, cada secção apresenta duas saídas
verticais para a atmosfera, ocupadas pelo líquido até às alturas indicadas.
Determine a pressão no ponto 2, quando o óleo de massa volúmica 800 kg/m³ flui nesse ponto com um
caudal volumétrico de 0,030 m³/s, se forem desprezáveis os efeitos da viscosidade.
8. A figura mostra um medidor Venturi, equipado com um manómetro de mercúrio diferencial. À entrada,
no ponto 1, o diâmetro é 12 cm, enquanto no estrangulamento, ponto 2, o diâmetro é 6,0 cm. Determine
o caudal da água através do medidor se o manómetro de mercúrio marcar 22 cm. A massa volúmica do
mercúrio é 13,6 g/cm³.
Hidrodinâmica | 103
O B J E T I V O S
1 Tipos de ondas
Uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física.
No dia a dia são visíveis fenómenos ondulatórios como a luz, ou as ondas que se propagam na superfície da água
quando algum objeto cai sobre ela. Também existem ondas que podemos ouvir, tal como o som de um motociclo
e ainda outras que não são visíveis nem audíveis, como por exemplo, os raios X.
O som é o mais antigo meio de comunicação utilizado pelo homem, que o fazia através da voz e das mãos.
Tal como os ouvidos, que funcionam como sensores do som, os olhos funcionam como sensores de luz. A visão
só é possível se sobre um corpo, sem luz própria, incidir luz proveniente de uma fonte luminosa. Parte da luz que
sobre ele incide é emitida em várias direções, podendo ser detetada pelos olhos do observador. De facto, só se
vê se houver um objeto, uma fonte luminosa que o ilumine e um detetor de luz.
Todas as ondas, apesar de terem origem e natureza diversas, transportam energia, por vezes a grandes distâncias,
mas não deslocam matéria.
De acordo com a sua origem, uma onda pode ser classificada em, onda mecânica ou onda eletromagnética.
As ondas mecânicas são produzidas por uma perturbação num meio material, como, por exemplo, as ondas
numa corda, as ondas na superfície da água ou as ondas sonoras. É por isso que quando se faz vácuo no interior
de uma campânula, o som produzido pelo despertador deixa de se ouvir. As ondas mecânicas não se propagam
no vazio.
106
As ondas eletromagnéticas, também denominadas radiações, são
produzidas pela variação de um campo elétrico e um campo magnético.
São exemplos a luz, as ondas de rádio e de televisão, as micro-ondas. As
ondas eletromagnéticas não precisam de um meio de propagação, logo
podem propagar-se no vácuo. As ondas eletromagnéticas resultam duma
perturbação, e tem por base a ligação existente entre o campo elétrico e
o campo magnético.
A saber:
Ondas longitudinais são aquelas
em que a vibração ocorre na
mesma direção do movimento.
À medida que a onda se propaga, cada ponto da corda move-se para cima
e, em seguida, para baixo, novamente para cima, depois para baixo, e assim
sucessivamente. É o efeito da perturbação que se desloca, sem que o meio
material (a corda, neste caso) se desloque como um todo de um sítio para A saber:
o outro. Os pontos da corda vibram perpendicularmente à direção em que Ondas transversais são
aquelas em que a vibração
se dá a propagação, razão por que esta onda é transversal. As ondas no é perpendicular à direção de
mar que fazem subir e descer uma boia e as ondas eletromagnéticas são propagação da onda.
1. O Professor Tito, para demonstrar as propriedades de uma onda sonora percutiu um diapasão e, com
auxílio de um osciloscópio obteve a seguinte onda.
2. No lago Danau Lamussa em Bobonaro, produzem-se ondas com a frequência de 10 Hz, e comprimento
de onda 2 cm. Determine a velocidade de propagação das ondas.
Resolução:
2. Sabendo que, v = λ f e substituindo os dados:
v = 0,02 × 10 = 0,2 m·s⁻¹.
A velocidade de propagação das ondas produzidas é de 0,2 m·s⁻¹.
O que acontece às ondas sonoras emitidas com um megafone? E com as ondas eletromagnéticas
emitidas a partir de Díli e recebidas em Bacau?
3.1 Fontes sonoras
Um som, sendo um fenómeno físico de natureza ondulatória, pode ser produzido de maneiras muito diferentes.
Na origem de um som está sempre a vibração de um objeto. A vibração consiste em movimentos do objeto ou
de parte dele, por vezes difícil de observar mas suficientes para causarem uma perturbação no meio em redor
(o ar, por exemplo). Existe então o que se chama onda sonora. Quando essa onda atinge outros corpos, põe‑os
a vibrar. Assim, quando uma onda atinge a membrana do tímpano do nosso ouvido, esta entra em vibração
e desencadeia-se uma série de processos que permitem ouvir o som. Sons audíveis pelo ouvido humano,
são ondas cuja frequência está compreendida entre 20 Hz e 20 kHz, aproximadamente. As ondas sonoras de
frequência inferior a 20 Hz formam os infrassons e as que têm frequência superior a 20 kHz formam os ultrassons.
O conjunto de todas as ondas sonoras forma o espetro sonoro. As gamas de frequência audíveis para vários
animais apresenta-se na tabela 9.
Elefante 20 10
Gato 30 45
Cão 20 30
Chimpazé 100 30
Baleia 40 80
Aranha 20 45
Morcego 20 100
Tabela 9 – Gama de frequências que alguns animais conseguem ouvir.
A figura seguinte ilustra o processo de transmissão de informação de A para B. Isto é válido para qualquer tipo
de comunicação.
Figura 67 – Sistema básico de comunicação: A – Emissor; B – Recetor. Neste caso o portador de informação é o som.
A energia associada às ondas sonoras dissipa-se no meio de propagação, devido à interação com ele durante a
sua vibração. Este fenómeno físico chama-se amortecimento.
O movimento oscilatório, associado à propagação do som, repete-se durante um determinado período de tempo,
acabando por se amortecer progressivamente.
Figura 68 – Amortecimento.
Devido à resistência do ar, a amplitude da onda sonora vai gradualmente diminuindo até se extinguir. Por isso, os
sons não são audíveis a grandes distâncias.
Contrariamente, as ondas eletromagnéticas no vazio não são absorvidas, devido à sua natureza.
3.2 Fontes de luz
A fonte de luz visível que se utiliza no dia a dia é o Sol, que, tal como outras estrelas é uma fonte natural de luz.
Já uma lâmpada ou a lenha a arder numa lareira são fontes artificiais de luz.
A saber:
Quando a luz incide numa
superfície não polida, reflete-se
em todas as direções.
Quando a luz incide numa
superfície perfeitamente polida,
reflete-se numa única direção.
Se o raio luminoso incidir perpendicularmente à superfície refletora (î = 0°) reflete-se na mesma direção (r̂ = 0°).
Figura 73 – Reflexão da luz. Situação em que o raio incide perpendicularmente na superfície refletora.
Quais os fenómenos que permitem explicar muitos dos sons que nos chegam ao ouvido?
Muitas vezes, estando numa sala, ouvem-se as conversas que se travam na sala ao lado sem que se vejam as
pessoas que nelas intervêm. O som pode ir de uma sala a outra através de múltiplas reflexões nas paredes ou
ao encontrar a parede, propagar-se através dela, chegando à sala do lado. Se um meio não permitir a passagem
do som, isto é, se apenas reflete ou absorve as ondas sonoras, a energia transportada pela onda refletida difere
da energia da onda incidente, pela quantidade de energia que é absorvida. Os materiais porosos, como por
exemplo reposteiros, alcatifas, fibras de vidro, absorvem consideravelmente o som. Deste modo, o som refletido
por estes materiais é pouco intenso.
Uma das aplicações das propriedades do som é o «sonar». É um instrumento auxiliar de navegação marítima que
permite determinar a profundidade ou detetar obstáculos. O princípio básico de funcionamento é a emissão de
ultrassons que se refletem num objeto, que pode ser o fundo do mar, e é detetado pelo recetor de som.
A ecografia é um método de diagnóstico que aproveita o eco para ver, em tempo real, as reflexões produzidas
pelos órgãos internos.
Figura 75 – Ecografia.
O som também se propaga nos líquidos. Se se nadar com os ouvidos debaixo de água consegue-se ouvir diversos
sons. A velocidade da propagação do som na água é cerca de 1500 m/s. A velocidade do som em vários outros
líquidos tem aproximadamente este valor.
O som propaga-se ainda nos sólidos, mas a velocidade de propagação é muito variada. É cerca de 30 m/s para a
cortiça, cerca de 5000 m/s para o vidro e para o betão, e um pouco mais para o aço.
Velocidade do som
Material
aproximada (m/s)
Borracha 54
Chumbo 1300
Ferro 5130
Vidro 5000
Água 1500
Ar (T = 0 °C e Pressão
331
normal)
Ar (T = 25 °C e Pressão
340
normal)
A diferença de velocidade de propagação do som deve-se à natureza das partículas que constituem o meio,
à capacidade destas de vibrarem e às forças que as ligam. Quanto maior for a capacidade das partículas para
vibrarem em torno das suas posições de equilíbrio, melhor se dá a transmissão do som. Meios com estas
características chamam-se meios elásticos.
Ao contrário destes, nos meios inelásticos, como são a cortiça, algodão, esferovite, as partículas têm maior
dificuldade em oscilar, sendo menor a velocidade de propagação do som. É por esta razão que se usam materiais
inelásticos no isolamento das casas.
O valor da velocidade de propagação do som, v, pode ser obtido pelo quociente entre a distância, d, e o intervalo
de tempo, ∆t, que o som demora a percorrer essa distância:
1. Muitos dos sons que nos chegam ao ouvido, no dia a dia, são sons refletidos.
Quando se fala a alguns metros de um monte ou de um edifício elevado, pode-se ouvir um som refletido
– o eco. Sabendo que o ouvido humano só distingue dois sons se estes chegarem com um intervalo de
tempo de, pelo menos 0,1 s, determine a distância mínima ao obstáculo para se verificar a ocorrência
de eco.
Resolução:
1. Considerando no ar, à temperatura de 25 °C e à pressão atmosférica normal, o valor de velocidade de
propagação de uma onda sonora igual a 340 m/s, a distância total que o som percorre é:
dtotal = var × ∆t = 340 × 0,1 = 34 m.
Como o eco se deve à reflexão do som, a distância entre a fonte sonora e a superfície refletora é metade
da distância total que o som percorre no ar. Então, a distância mínima à qual a superfície de reflexão do
som se deve situar para que ocorra eco é de 17 m.
Como se estudou na Unidade A, as ondas eletromagnéticas têm origem e comportamento diferente das ondas
mecânicas. No entanto, tal como as ondas sonoras, a velocidade de propagação daquelas depende do meio, e
podem ser caracterizadas pela sua frequência.
Por que motivo a luz se pode desviar quando muda de meio ótico?
Na passagem do ar para o vidro, a luz sofre refração. A figura 79 ilustra a trajetória de raios luminosos que
passam através de uma lâmina de vidro.
Se a radiação incide obliquamente, observa-se que muda de direção quando passa do ar para o vidro. A mudança
de direção dos raios luminosos deve-se ao facto de a velocidade de propagação da radiação no ar ser diferente
da velocidade de propagação no vidro.
2. Um sonar envia um sinal que é refletido no fundo do mar. O tempo entre a sua emissão e a receção é de
5 s. Sabendo que a velocidade de propagação do som na água do mar é 1500 m·s⁻¹, calcule a profundidade.
4. O Ximenes ouviu um trovão, 5 s após um relâmpago. Calcule a distância a que se encontra da trovoada.
Figura 81 – A reflexão da luz numa superfície polida: (A) modelo ondulatório; (B) modelo
corpuscular.
No século XX, os trabalhos de Albert Einstein (1879-1955) estabeleceram que a luz tem natureza ondulatória e
corpuscular. Assim se designa dualidade onda-partícula.
Figura 83 – Difração. Representação esquemática, da interação de uma onda com uma plataforma que permite apenas a propagação da
onda elementar.
A saber:
A difração explica a possibilidade
de uma onda contornar um
obstáculo, penetrando na zona
de sombra.
O eclipse da Lua ocorre quando a Terra está entre o Sol e a Lua. Esta, ao passar na zona de sombra da Terra, deixa
de se ver, originando o eclipse total da Lua. Se apenas uma parte da Lua fica na zona de sombra resulta o eclipse
parcial da Lua.
A parte da luz refletida obedece às Leis da Reflexão isto é, o raio refletido está no plano de incidência e faz um
ângulo com a normal que é igual em módulo ao ângulo de incidência,|r̂|= |î|.
Quando a onda atravessa a superfície que separa os dois meios e o valor da velocidade de propagação da onda
diminui, o módulo do ângulo de refração é menor que o módulo do ângulo de incidência, isto é, o raio refratado
aproxima-se da normal.
Snell e Descartes estabeleceram uma relação entre os senos dos ângulos de incidência e os senos dos ângulos de
refração. Verificaram que o quociente é sempre constante,
onde î é o ângulo de incidência, que é o ângulo formado por um raio de onda incidente e pela normal à fronteira,
no ponto de incidência, e θ̂ o ângulo de refração que é o ângulo formado por um raio de onda refratada e pela
normal à fronteira, no ponto de interseção.
O exemplo apresentado na figura 90 (A, B, C) ilustra a relação entre os senos dos ângulos de incidência e de
refração. Nesta figura, por simplicidade, não se representa o raio refletido.
No vidro, a velocidade de propagação é aproximadamente, 2 × 10⁸ m/s. Então, o índice de refração do vidro em
relação ao ar é
O ar é um meio ótico menos denso, ou menos refringente. O vidro é um meio ótico mais denso, ou mais
refringente.
Em geral, substâncias mais densas têm um valor para o índice de refração superior.
A tabela 11 mostra o índice de refração de alguns materiais em relação ao vácuo. Note-se que estes valores
dependem da temperatura.
Ar 1,003
Água 1,33
Gelo 1,31
Diamante 2,42
Água 49°
Vidro 42°
Diamante 24°
A reflexão total é utilizada em vários sistemas óticos. Por exemplo, nos periscópios dos submarinos, nos
binóculos e nas máquinas fotográficas, utilizam-se prismas triangulares isósceles como dispositivos refletores.
As fibras óticas aplicadas nas telecomunicações e na medicina, são outro exemplo de dispositivos onde se aplica
a reflexão total.
Questões Resolvidas
Como
nar = 1,003 e ndiamante = 2,42, obtém-se
O valor do ângulo definido por (2) é tal que sen (2) = 0,207, ou seja (2) = 11,95°.
b. Tendo em conta os valores apresentados na tabela 11 e que a razão entre o seno do ângulo de incidência
e o seno do ângulo de refração é constante e depende das características óticas dos dois meios,
Como
nar = 1,003 e ndiamante = 2,42, obtém-se
O valor do ângulo definido por (3) é tal que sen (3) = 0,5, ou seja (3) = 30°.
2. Um raio luminoso passa do vidro para o ar. Sabendo que nvidro = 1,5 e nar = 1,0, calcule o o ângulo critico
do vidro.
Resolução:
2. A partir da lei de Snell-Descartes, obtém-se:
nvidro sen î = nar × sen θ̂
Então:
1,5 sen θc = 1,0 sen 90°
sen θc = 42°
O valor do ângulo crítico do vidro é de 42°.
2.1 Lentes
Os fenómenos descritos, nomeadamente a refração e a reflexão da luz,
são utilizados em inúmeras aplicações. Por exemplo, nas lentes, nos
espelhos e nas fibras óticas.
2.1.1 Tipos de lentes
Pode-se ter seis tipos de lentes esféricas, limitadas por superfícies
designadas por dioptros, que podem ser esféricos, ou esféricos e planos.
Olhando para o perfil dessas lentes, verifica-se que estas se agrupam em
dois conjuntos.
Nota: – Lentes convergentes ou de bordos delgados. São lentes que
Para simplificar, convencionou‑se possuem bordos delgados e têm maior espessura no centro;
representar as lentes pelos
símbolos: – Lentes divergentes ou de bordos largos. São lentes que possuem
bordos mais espessos do que no centro.
divergente convergente
Como se comportam raios luminosos paralelos ao eixo principal ao passar por uma lente
convergente? E por uma lente divergente?
Os raios luminosos paralelos ao eixo principal da lente sobre a qual incidem podem ser desviados, convergindo
para o eixo principal ou divergindo dele. Isso depende da forma das lentes e do índice de refração do meio onde
elas se encontram.
A distância focal de uma lente fina, f, é a distância entre o foco e a lente.
Considere-se a figura 96, onde um ponto P está situado a uma distância so (maior que a distância focal) de uma
lente fina convergente. A imagem P´ é determinada pelo cruzamento de pelo menos dois raios que, partindo de
P, atravessam a lente.
A razão entre as dimensões transversais da imagem e do objeto é designada por ampliação transversal, MT, é
então
metro. Portanto, .
Questão Resolvida
1. Considere duas lentes, uma de 3,0 dioptrias e outra de 5,0 dioptrias. Qual delas é mais convergente?
Resolução:
– Real
Convergente – Invertida
– Menor do que o objeto
– Real
Convergente – Invertida
– Do mesmo tamanho que o objeto
– Real
Convergente – Invertida
– Maior do que o objeto
– Carateristicas indeterminadas, a
Convergente
imagem forma-se no infinito
Objeto no foco
– Virtual
Convergente – Direita
– Maior do que o objeto
– Virtual
Divergente – Direita
– Menor do que o objeto
O olho humano é formado por três camadas concêntricas e composto por uma série de estruturas que controlam
a passagem dos raios luminosos provenientes do exterior, com vista a projetá-los sobre uma membrana sensível
aos estímulos luminosos, onde são formadas as imagens posteriormente elaboradas pelo cérebro.
A camada externa do olho é constituída por duas estruturas: a esclerótica e a córnea. A esclerótica, de aspeto
branco, opaco e duro, está localizada na parte interna do olho, e a córnea, de aspeto transparente, encontra-se
situada na parede externa do olho.
A íris é uma membrana que se situa na camada média do olho, e a sua cor varia de pessoa para pessoa. É
constituída por um anel de músculos que controlam a abertura da pupila.
A pupila é uma abertura circular que se localiza atrás da córnea, percetível desde o exterior como um ponto de
cor negra, que regula a passagem dos raios luminosos até ao fundo do olho.
Logo atrás da pupila encontra-se o cristalino cuja contração altera a curvatura da lente, de modo a possibilitar a
incidência dos raios luminosos sobre a retina. Assim, quando o objeto varia a sua distância em relação à lente,
a imagem continua a formar-se sobre a retina. Este mecanismo de ajuste da imagem sobre a retina é designado
por acomodação visual. Graças à acomodação visual, as imagens dos objetos situados a diferentes distâncias
situam-se sempre sobre a retina.
A retina é uma membrana situada na camada interna do olho, responsável pela formação de imagens, ou seja,
pela captação delas. É na retina que se situam as células fotossensíveis que, quando excitadas pela luz, estimulam
as células nervosas adjacentes, provocando um impulso nervoso que se propaga pelo nervo ótico, que, por sua
vez, o leva ao cérebro.
Defeitos de visão
A maioria dos defeitos de visão humana deve-se a anomalias de focagem da luz na retina, sendo consideradas
anomalias refrativas. As anomalias refrativas mais comuns são a miopia e a hipermetropia.
Miopia
A miopia, é um erro refrativo que ocorre quando o globo ocular é mais longo do que o normal ou o cristalino é
demasiado convergente, o que faz com que os raios de luz sejam focados muito antes da retina.
Figura 99 – Na miopia a imagem dos objetos distantes é focada à frente da retina e não sobre ela.
Uma pessoa míope vê mal ao longe e vê bem ao perto. Os objetos próximos, dentro da zona de acomodação, são
vistos com nítidez, mas os objetos distantes ficam embaçados e difíceis de distinguir.
Hipermetropia
Na hipermetropia, a focagem da imagem dos objetos é feita após a retina. Isto acontece principalmente porque
o globo ocular do hipermetrope é um pouco menor do que o normal, ou a córnea ou o cristalino têm alterações
no seu formato que diminuem o seu poder refrativo. Uma pessoa hipermetrope vê geralmente mal ao perto e
vê bem ao longe.
Figura 100 – Na hipermetropia a imagem dos objetos é focada após a retina e não sobre ela.
Para corrigir a miopia são usadas lentes divergentes. Os raios de luz divergem depois de passar a lente e, assim,
a convergência feita pelo olho permite obter a imagem dos objetos na retina.
A hipermetropia corrige-se com uma lente convergente, que recoloca a imagem sobre a retina. O défice na
convergência dos raios de luz pelo olho é compensado pela lente.
2.2.1 Espelhos planos
Caraterísticas da imagem num espelho plano:
– Tem o mesmo tamanho do objeto;
– É simétrica em relação ao plano definido pelo espelho;
– A distância do objeto ao espelho é igual a distância da imagem ao
espelho;
– É direita;
– É virtual pois não se consegue projetar num alvo, parecendo estar
atrás do espelho.
2.2.2 Espelhos esféricos
A superfície refletora dos espelhos curvos é curva. A forma desta pode ser cilíndrica, parabólica ou esférica.
Os espelhos esféricos são calotes esféricas polidas, podendo ser convergentes ou divergentes. Um espelho
considera-se convergente sempre que a curvatura vista pelo raio incidente é côncava e divergente quando a
curvatura vista pelo raio incidente é convexa.
A aplicação dos espelhos côncavos vai desde os faróis de automóveis ou dos motociclos, aos espelhos
dos telescópios.
Os espelhos convexos podem ser encontrados nos retrovisores dos automóveis, nos espelhos de cruzamentos de
algumas ruas e espelhos de segurança de supermercados.
À semelhança das lentes, ocorre formação de imagens virtuais ou reais. Contudo, nos espelhos só ocorre reflexão,
sendo necessário alterar a convenção dos sinais, das distâncias e dos raios de curvatura envolvidos. O referencial
será o vértice do espelho ou seja as distâncias imagem, objeto e focal serão medidas a partir do vértice. As
distâncias medidas a favor da luz incidente são positivas e contra são negativas. Esta convenção é válida para
espelhos esféricos côncavos e convexos.
C – Centro de curvatura
V – Vértice do espelho
Eixo principal do espelho – Reta que passa pelo centro de curvatura e vértice do espelho
R – Raio de curvatura do espelho
F – Foco do espelho
Para se determinar a localização do foco do espelho basta considerar raios que incidam provenientes de um
objeto situado no infinito. Estes raios são paralelos e, quando refletidos, passam pelo foco. Observe-se que
o foco para espelho esférico convexo é obtido na interseção dos prolongamentos dos raios refletidos com o
eixo principal.
Fisicamente o foco seria onde estaria localizada a imagem de um objeto situado no infinito. Geometricamente
pode-se verificar que a distância focal é igual à metade do raio de curvatura.
Figura 110 – Construção de imagens: a) espelho esférico côncavo; b) espelho esférico convexo.
Considere-se um espelho esférico, de raio R, cuja curvatura, vista pelo raio incidente é côncava, e um objeto de
altura h localizado a uma distância s0 do vértice, além do centro de curvatura, como apresentado na figura 111.
A imagem formada localiza-se a uma distância si do espelho e tem altura h’.
A equação de Gauss relaciona a distância objeto, so, a distância imagem, si, e a distância focal, f. É dada
pela expressão:
– Virtual
Convexo – Direita
– Menor do que o objeto
Qualquer
– Real
Côncavo – Invertida
– Menor do que o objeto
– Real
Côncavo – Invertida
– Do mesmo tamanho do objeto
No centro de curvatura
– Real
Côncavo – Invertida
– Maior do que o objeto
– Carateristicas indeterminadas, a
Côncavo
imagem forma-se no infinito
No foco
– Virtual
Côncavo – Direita
– Maior do que o objeto
A luz incidente numa das extremidades da fibra ótica experimenta uma sucessão de reflexões totais, sendo
canalizada até à outra extremidade.
As fibras óticas são constituídas por um núcleo, de maior índice de refração, e por um revestimento, de menor
índice de refração. São extremamente finas, pois o diâmetro do núcleo, através do qual a luz se propaga, varia
entre 10 µm e 200 µm.
As fibras óticas são utilizadas na Medicina, nomeadamente nos endoscópios, como o da figura 114, e permitem
fotografar e observar o interior do corpo humano. Transportam a luz até ao órgão interno que se pretende
examinar e fazem parte dos sistemas óticos destinados a trazer para o exterior a imagem do órgão iluminado.
Hoje, as fibras óticas estão sobretudo a ser desenvolvidas e utilizadas na transmissão de informação. São um
meio privilegiado para a transmissão de grande fluxo de sinais, sob a forma de impulsos luminosos, quer sejam
dados de computador, conversas telefónicas ou emissões de televisão.
Questões pré-laboratoriais:
1. Identifique algumas aplicações dos espelhos no dia a dia.
2. Como vemos os objetos refletidos pelos diferentes tipos de espelhos?
Recursos:
• Placa de vidro
• Régua
• Plasticina
• Ecrã (cartão branco)
• 2 Lamparinas iguais
• Banco de ótica
• Espelho côncavo f = +25 cm
• Vela
• Fósforos
• Alvo
• Espelho convexo f = −25 cm
• Fita métrica
Procedimento:
1. Fixe a placa de vidro perpendicularmente a uma folha de papel.
2. Coloque uma lamparina a uma certa distância da placa de vidro. Aproxime e afaste a lamparina,
procurando projetar a imagem da lamparina.
3. Acenda a lamparina.
4. Coloque a lamparina apagada do outro lado do vidro, de modo a parecer coincidir com a imagem vista
atrás do vidro.
5. Registe as características da imagem obtida.
7. Realize 4 ensaios, colocando a vela a diferentes distâncias do espelho e, em cada ensaio desloque
a posição do alvo até encontrar uma imagem nítida da chama projetada no alvo. Caso não observe a
imagem no alvo, olhe diretamente para o espelho.
8. Registe, em cada caso, a posição e o tamanho da imagem em relação ao objeto.
9. Substitua o espelho côncavo pelo espelho convexo e proceda da mesma forma.
Questões pós-laboratoriais:
1. Qual a relação entre as distâncias da lamparina e da sua imagem à placa de vidro?
2. Qual é a relação entre o tamanho da lamparina e da sua imagem?
3. Classifique cada uma das imagens obtidas nas quatro situações em real ou virtual, para cada
espelho curvo.
Questões pré-laboratoriais:
1. Identifique algumas aplicações dos periscópios no dia a dia.
2. Projete o sistema ótico de um periscópio e represente o diagrama de raios luminosos.
Recursos:
• Cartão ou cartolina preta
• Dois espelhos planos (9 cm por 14 cm)
• Tesoura
Procedimento:
1. Planifique e recorte o cartão de forma a obter um paralelepípedo, cuja largura é inferior ao comprimento
do espelho plano (43 cm por 66 cm).
Questões pós-laboratoriais:
1. Quais as características da imagem obtida através do periscópio?
Atividade Prático-Laboratorial
APL C-1.3: Distância focal e vergência
Questões pré-laboratoriais:
1. É costume afirmar que, muitos incêndios florestais são provocados por objetos de vidro abandonados.
Procure uma justificação para essa afirmação.
2. Indique como se localizam as imagens obtidas através de uma lente.
Recursos:
• Caixa de raios
• 2 Lentes convergentes
• 1 Lente divergente
• Folhas de papel A4
• Régua
• Lápis
Questões pós-laboratoriais:
1. Qual a potência de cada lente?
2. Onde se localizam as imagens em cada lente?
• Os meios dizem-se transparentes quando se deixam atravessar pela luz e opacos quando não se
deixam atravessar.
• Um meio diz-se translúcido quando a luz se difunde e não se consegue ver com nitidez os objetos que
se encontram do outro lado.
• Na ausência de difração, a luz visível propaga-se retilineamente.
2. Considere lentes L1, L2 e L3 com vergências de 2,0 dioptrias, −1,0 dioptrias e 3,0 dioptrias, respetivamente.
Indique:
2.1. As lentes convergentes.
2.2. A distância focal das lentes.
2.3. As lentes em que o foco primário é virtual.
2.4. As lentes que podem amplificar o tamanho de um objeto quando se olha através delas.
4. Um feixe de luz de comprimento de onda igual a 750 × 10⁻⁹ m, no vácuo, atravessa um bloco de vidro
de índice de refração igual a 1,50. Determine:
4.1. A velocidade de propagação da onda no vidro.
4.2. O comprimento de onda da luz no vidro.
5. Uma lente convergente fornece de um objeto situado a 15 cm de seu centro ótico uma imagem real a
45 cm de lente. Determine:
5.1. A distância focal e a vergência da lente.
5.2. O aumento linear transversal da imagem.
6. Um espelho esférico fornece de um objeto uma imagem direita e 3 vezes maior. A distância entre o
objeto e a imagem é de 2 m.
6.1. Caraterize o espelho em côncavo ou convexo.
6.2. Calcule a distância focal do espelho.
7.1. Caracterize:
7.1.1. A imagem obtida para a lente 1.
7.1.2. A imagem obtida para a lente 2.
7.2. Calcule:
7.2.1. A distância da imagem 1 à lente 1.
7.2.2. A ampliação da imagem 1.
7.2.3. A distância da imagem 2 à lente 2.
7.2.4. A ampliação da imagem 2.
8. Uma fibra ótica tem o comprimento de 6,0 km e o diâmetro de 100 μm. O índice de refração do núcleo
é de 1,49 e o valor do ângulo crítico na fronteira núcleo-revestimento da fibra é de 81°.
8.1. Calcule o tempo que a radiação demora a atravessar o interior da fibra ótica, supondo que a direção
de propagação da radiação é, praticamente, retilínea.
8.2. Determine o índice de refração do revestimento da fibra ótica.
9. Na figura está representada a trajetória de um raio que incide na extremidade de uma fibra ótica, cujo
ângulo crítico da superfície de separação entre o núcleo e o revestimento tem o valor de 73,2°.
9.1. Compare, justificando, o índice de refração do material do revestimento, nr , com o do núcleo, nn, da
fibra ótica.
9.2. Determine o valor do ângulo α e conclua se o raio incidente representado na figura se propaga
completamente ao longo da fibra ótica.
Amplitude – Medida da magnitude do afastamento Corpo negro – Corpo que absorve todas as radiações
máximo em relação à posição de equilíbrio da do espetro, sem qualquer reflexão ou transmissão.
grandeza que sofre vibrações.
156
Imagem virtual – Imagem formada pela luz que na Período – Tempo necessário para um ciclo completo
verdade não se foca no espaço, não podendo ser de uma oscilação de uma onda.
projetada.
Glossário | 157
Soluções das Questões para Resolver
1. λ = 470 nm (kg·K)
3. T = 30 °R 6. T = 35 °C
7. T = 20 °C 10.1. W = 2220 J
Unidade A – Subtema 1
1. A – F; B – F; C – V; D – F Unidade B – Subtema 0
2.1. Violeta 1. m = 5,07 kg
Unidade A – Subtema 2
1.1. α = 1,25 × 10⁻⁴ °C⁻¹
1.2. L = 8,09 cm
2. α = 1,0 × 10⁻⁵ °C⁻¹
3. ΔV = 24 cm³
158
2. mb = 167 g Unidade C – Subtema 1
3. V % = 89,8 % 1.1. î = 50°
4. F₂ = F₃ = 1200 N 1.2. θ = 27°
5. R = 1,2 1.3. Vidro
6. F = 3,2 × 10³ N 1.4. nvidro = 1,69
7. h = 39 m 2.1. L1 e L3
2.2. f₁ = 0,50 m; f₂ = −1,0 m; f₃ = 0,33 m