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LINEAR_____________
2.1. INTRODUÇÃO
No passado, o Homem tentou criar novos materiais que mudasse a sua vida. No
século XXI concebe-se materiais cujo o comportamento já está previsto antes da própria
substância estar produzida. Estes materiais são produzidos não só para determinar as suas
propriedades física e química como também para possíveis aplicações tecnológicas.
Com o grande desenvolvimento verificado nas últimas décadas na área das
telecomunicações, cada vez mais pessoas têm acesso a uma grande quantidade de
informação que aumenta dia após dia. A tecnologia electrónica, mesmo estando em
constante evolução, não consegue dar resposta à crescente necessidade de armazenamento,
transmissão e processamento da informação que aumenta exponencialmente.
Gradualmente, a electrónica começa a perder campo para a fotónica.
A fotónica é uma ciência multidisciplinar que envolve áreas do conhecimento e
apresenta boas perspectivas de aplicação na área de transmissão e processamento de
informação. Tem a vantagem de possuir uma maior eficiência de resposta por ser mais
rápida e apresenta uma menor perda da intensidade do sinal, pelo facto de não existir
interferências com outras ondas electromagnéticas, aumentado assim a informação
processada [7].
È no domínio da fotónica que a Óptica não-linear (ONL) desempenha um papel
relevante.
As primeiras experiências que evidenciaram o princípio da óptica não-linear foram
realizadas em 1875, quando o físico escocês John Kerr observou alterações do índice de
refracção no dissulfureto de carbono (CS2), quando submeteu uma pequena amostra a um
campo eléctrico intenso [8]. No entanto, durante, muito tempo, os fenómenos de óptica não
linear continuaram sem grandes avanços.
A partir do desenvolvimento do laser em 1960 por Maiman [9], foi possível
observar pela primeira vez que a presença de altas intensidades de luz pode provocar
mudanças nas propriedades ópticas do meio alterando, por exemplo, o índice de refracção
ou o coeficiente de absorção. Quando isso acontece a luz que provoca mudanças nas
propriedades do material também é afectada de uma maneira não linear [10].
Capítulo II 4
____________________________________________________________FUNDAMENTOS DE ÓPTICA NÃO-
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Capítulo II 5
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→
∇. D = ρ Lei da electricidade de Gauss (2.1)
→
∇. B = 0 Lei do magnetismo de Gauss (2.2)
→
→
∂B
∇× E = − Lei de Faraday (2.3)
∂t
→
→
∂B →
∇× H = J + Lei de Ampére-Maxwell (2.4)
∂t
→
onde ρ é a densidade de carga eléctrica e J é o vector densidade de corrente eléctrica
[12].
As equações (2.1) à (2.4) estão relacionadas com as equações dos materiais,
conhecidas por relações constitutivas. Estas equações descrevem os campos dentro dos
materiais.
Para meios uniformes e isotrópicos estas relações podem ser escritas da seguinte
forma:
→ →
J =σ E (2.5)
→ →
D=ε E (2.6)
→ →
B=µH (2.7)
Capítulo II 6
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→
A luz possui um campo eléctrico, E que, ao interagir com as cargas eléctricas q ,
de um átomo ou molécula de um determinado material, produz uma força qE , responsável
por uma distorção espontânea na densidade electrónica ou molecular, gerando uma
polarização, que dá origem a um campo eléctrico total no material, definido como
→
deslocamento do campo eléctrico D .
Para campos eléctricos de baixa intensidade, não se verificam os efeitos ópticos não
lineares, pode-se expressar as equações constitutivas em função da polarização e da
magnetização de meio através das equações:
→ → →
D = ε 0 E+ P (2.8)
→ → →
B = µ0 H + M (2.9)
→ →
P = ε0(ε ′ − 1)E (2.10)
Capítulo II 7
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→ →
P = ε 0 χ (1) E (2.11)
ε = ε 0 (1 + χ (1) ) (2.12)
E ( z , t ) = E 0 cos(ωt − kz ) (2.13)
→
P = ε 0 χ (1) E 0 cos(ω t − kz ) (2.14)
Capítulo II 8
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c εµ
n= ≡ (2.15)
v ε 0 µ0
ε
n= ≡ ε′ (2.16)
ε0
ε
n 2 (ω ) = ≡ 1 + χ (1) (2.17)
ε0
A extensão deste tratamento pode ser aplicada a meios não isotrópicos. Neste caso,
devemos considerar o carácter tensorial da susceptibilidade definida na equação (2.11),
escolhendo adequadamente as coordenadas para estabelecer a matriz e facilitar o
tratamento.
O tratamento descrito até ao momento mostra como se pode partir das equações de
Maxwell para chegar à equação de propagação de uma onda electromagnética no interior
de um meio material. Pode-se fazer uma extensão de forma a abranger meios onde a
linearidade não é válida, ou seja, a polarização não é proporcional ao campo eléctrico, ou
seja, a resposta deixa de ser proporcional ao estímulo.
Capítulo II 9
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→ → →
P = ε 0 χ ( 1 )( E ) E (2.18)
Capítulo II
10
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Linear
Polarização induzida
não-
não-linear
Campo aplicado
A interacção da luz com a matéria opticamente não linear provocar uma mudança
nas propriedades dessa matéria. À medida que a luz atravessa esse material, o campo
eléctrico que lhe está associado interactua com os campos eléctricos do material que são
função da distribuição da densidade electrónica, produzindo novos campos com diferentes
frequências, fases, amplitudes e outras características inerentes à propagação da luz
incidente. Na realidade, a própria polarização induzida gera um campo eléctrico interno
que modifica o campo aplicado e a subsequente polarização. É esta inter-relação que está
na origem da polarização não-linear. A nível macroscópico, nos materiais, a polarização
resultante será a soma da polarização ligada aos efeitos de primeira ordem (lineares) com
os termos de ordem superior correspondente à polarização não-linear. Temos assim:
→ → →
P = ε0 χ (1) E + P NL (2.19)
→
O termo ε 0 χ ( 1 ) E na equação (2.19) corresponde à parte linear da polarização,
→
enquanto que o termo P NL corresponde à parte não-linear e é dado por:
→ → → → → →
PNL = ε 0 ( χ ( 2 ) E E + χ ( 3) E E E + .....) (2.20)
→ → → → → → →
P = ε 0 χ (1) E + ε 0 ( χ ( 2 ) E E + χ ( 3) E E E + .....)
ou (2.21)
→ → → →
P = P1 + P2 + P3 + ....
→ 2
P = ε 0 χ ( 1 ) E0 cos(ω t − kz ) + ε 0 χ ( 2 ) E0 cos2 ( ω t − kz ) + ε 0 χ ( 3 ) E03 cos3 ( ω t − kz ) + ..... (2.22)
2π
onde k = é o vector de onda.
λ
Usando as identidades trigonométricas para cos 2 θ e cos 3 θ podemos rescrever a
equação anterior como [19]:
→
ε 0 χ ( 2) E02 [1 + cos(2ω − 2kz)] +
1
P = ε 0 χ (1) E0 cos(ω t − kz) +
2 (2.23)
⎡3 1 ⎤
ε0χ (3)
E03 ⎢ cos(ωt − kz) + cos(3ωt − 3kz)⎥
⎣4 4 ⎦
Capítulo II
12
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Esta equação demonstra assim que a polarização não linear de um material pode
gerar, além de radiação com características idênticas à da incidente, radiações com
diferentes amplitudes, fase e frequências e um campo eléctrico estático associado a um
processo não-linear de segunda ordem e terceira ordem.
O termo cos(2ω − 2kz ) na equação (2.23) representa variações de polarização com
uma frequência dupla da frequência da onda incidente. A luz radiada pelos osciladores
assim excitados contém igualmente uma componente com uma frequência 2ω ; este
processo é conhecido por Geração de Segunda Harmónica, GSH, que irá ser abordado mais
à frente e que foi analisado nos materiais que foram estudados.
De acordo com o que tem vindo a ser dito, quando um campo electromagnético
incide num material, pode gerar-se um novo campo eléctrico com amplitude, fase e
frequência diferentes da inicial. No caso dos meios dieléctricos, o resultado é um
deslocamento relativo das cargas positivas e negativas, ou seja, é induzida uma
polarização. Em sistemas microscópicos, átomos ou moléculas, o deslocamento eléctrico
de densidade electrónica resulta num deslocamento das cargas, induzindo o momento
→
dipolar µ .
Para campos eléctricos fracos, a magnitude do momento dipolar, ou a polarização
resultante induzida é linearmente proporcional ao campo. Assim, sendo
→ → →
P i ≡ µ = ε 0α E (2.24)
Capítulo II
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→ →
µ z = ε 0 ∑ α ij E (2.25)
j
No entanto, para campos eléctricos fortes a polarização linear deixa de ser uma boa
aproximação e deve ser considerada uma expansão não-linear para a polarização resultante,
a qual é descrita por uma série de potências. Assim, a polarização microscópica induzida
através de um campo eléctrico num átomo ou numa molécula, também pode ser
representada pela expansão de Taylor:
→ → → → → → →
µ = ε 0 (α E + β E E + γ E E E + ......) (2.26)
→
onde µ é a polarização induzida numa molécula, α , como vimos a polarizabilidade
linear, β e γ , as hiperpolarizabilidade de primeira e segunda ordem, respectivamente. Os
termos β , γ introduzidos na equação (2.26) traduzem as relações não lineares com o campo
eléctrico aplicado. Assim, tal como α ij , as hiperpolarizabilidade β ijk e γ ijk são tensores.
β ijk é um tensor de terceiro grau, definido por uma matriz ( 3 × 3 × 3 ), que transforma a
Capítulo II
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µ (−ω ) = ε 0 ∑ α ij (−ω , ω ) E j (ω )
j
+ ...
Esta equação significa que a polarização induzida no meio pelo campo eléctrico de
frequência angular ω gera campos internos diferentes do primeiro, nomeadamente na
frequência, amplitude e demais características de propagação da onda electromagnética,
como já havia sido referido para a análise macroscópica da polarização.
Na equação (2.27), para cada termo de hiperpolarizabilidade, pelo princípio da
conservação da energia a soma das frequências angulares deve ser zero. Assim, para cada
coeficiente β ijk e γ ijk tem-se, respectivamente que ω = ω1 + ω 2 e ω = ω1 + ω 2 + ω 3 .
respostas das moléculas como se o material fosse constituído por uma única molécula.
Os coeficientes χ (1) , χ ( 2 ) e χ ( 3) , também são tensores e estão todos eles
dois tensores que determinam a magnitude dos efeitos ópticos lineares criados num
material pela aplicação de um campo externo. Tal como χ (1) , as susceptibilidades ópticas
Capítulo II
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Este facto faz diminuir o número de componentes dos tensores. Em 1962, Kleinman
estabeleceu que para determinados processos ópticos não lineares, onde as frequências
envolvidas estejam longe das frequências de ressonância do meio, a energia é
simplesmente trocada entre os campos envolvidos e não absorvidos pelo meio [18]. Com o
que foi dito anteriormente, as componentes da hiperpolarizabilidade e da susceptibilidade
ópticas não lineares são independentes de qualquer permuta de índice. Este facto faz com
que haja uma redução dos componentes correspondentes aos tensores β e χ ( 2 ) de 27 para
Capítulo II
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Desta forma, cada termo das equações (2.23) ou (2.27) é responsável por diferentes
formas de geração de luz, dependendo das características do meio em estudo, tais como a
polarização, intensidade e frequência dos campos incidentes. Na tabela 2.1 apresentam-se
alguns efeitos ópticos e possíveis aplicações, baseadas em susceptibilidades lineares e não
lineares de primeira e de segunda ordem [20,23].
Efeito de Pockels
Moduladores ópticos
ω +0→ω
Efeito de kerr
Transístores ópticos
γ χ ( 3)
Triplicação da frequência Geração de terceiras
ω + ω + ω → 3ω harmónicas
Tabela 2.1 – Relação das susceptibilidades lineares e não-lineares com alguns dos processos ópticos e
aplicações conhecidas.
Capítulo II
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produzida radiação que resulta das várias somas ou diferença de frequências dos feixes de
radiação incidentes. A geração harmónica é um caso particular de misturas paramétricas de
frequências que resulta da interacção de feixes de radiação com frequências idênticas.
Todos os fenómenos exigem uma resposta rápida do material à rápida oscilação do
campo eléctrico incidente pelo que, a nível molecular, as contribuições para χ ( 2 ) e χ ( 3)
resultam essencialmente da polarização das nuvens electrónicas, ou seja, β e γ .
∂2E ( 2) ∂ ( E )
2 2
∇ 2 E − µ 0ε = µ ε χ (2. 31)
∂t 2 ∂t 2
0 0
→ → → →
P = ε 0 χ (1) E + ε 0 χ ( 2) E E (2.32)
→
P = ε 0 χ (1) E0 cos(ω t − kz) + ε 0 χ ( 2) E02 + ε 0 χ ( 2) E02 cos (2ωt − 2kz)
1 1
(2.33)
2 2
Capítulo II
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ω out
ωi
2ω out
Meio não-linear
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forma que o momento dipolar total se anule, por exemplo, χ ( 2 ) = 0 , o material não possui
propriedades ópticas não lineares de segunda ordem. Portanto, para que um material
possua essas propriedades não é suficiente que as moléculas que o constituem sejam
assimétricas, é necessário também que estas se orientem de forma adequada, não
centrossimétrica. A inexistência de centro de simetria é condição necessária para a geração
de segunda harmónica num cristal, bem como para a manifestação de características
piezoeléctricas. Das 32 classes de cristais, 20 são deste tipo e podem, por isso ser,
utilizados na geração de segunda harmónica.
Por outro lado, e na medida em que o dipolo oscilante não-linear produzido no
material reemite todas as suas frequências de polarização, deverá ser observada a luz de
ambas as frequências, ω e 2 ω . Para que as ondas de polarização se combinem
eficientemente, devem ser estabelecidas condições para que a luz fundamental (frequência
ω ) e a luz de segunda harmónica (frequência 2 ω ) se fortaleçam uma à outra. Se este
efeito se verificar, então a intensidade de segunda harmónica será resultante da luz
propagada através do cristal. Assim, para se obter uma GSH eficiente, os índices de
refracção correspondentes às ondas fundamentais e de segunda harmónica devem ser
iguais, ou seja, deve-se estabelecer a condição n(ω ) = n(2ω ) , isto significa que as ondas de
frequências ω e 2ω têm a mesma velocidade de propagação [18].
Em geral, devido ao fenómeno de dispersão, as velocidades das ondas fundamental
e harmónica no meio são diferentes, o que se traduz numa diferença de fase entre elas
durante a propagação. Se a diferença de fase for grande as ondas acabam por interferir
destrutivamente. No limite isto acontece quando as ondas percorrem uma distância tal cuja
diferença de fase seja de π (180º). Esta distância é denominado por comprimento de
coerência, l c e dada através da expressão seguinte:
Capítulo II
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π
lc = (2.34)
∆k
4π (n 2ω − nω )
∆k = (2.35)
λω
λω
lc = (2.36)
4(n2ω − nω )
∆kl
2
⎛ ⎞
128 π 3 ω 3l 2 d ef ⎜ sen ⎟
I 2ω = I ω2 ⎜ 2 ⎟ (2.37)
c 3 nω n 2ω ⎜ ∆ kl ⎟
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠
Capítulo II
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o coeficiente efectivo não linear de segunda ordem, que depende da simetria do meio
sendo proporcional a χ ( 2 ) ; e l o percurso óptico segundo um eixo cartesiano arbitrário.
Se ∆k = 0 , o padrão de interferência descrito pelo factor, cuja expressão é:
(
sen 2 1 ∆k l
2
)
( )
2
(2.38)
1 ∆k l
2
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