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Subsídios Gramaticais
1. OBJETIVOS
• Dominar regras gramaticais da norma padrão.
• Aplicar teorias e regras sistematizadas na elaboração de
diferentes tipos de texto.
2. CONTEÚDOS
• Crase.
• Colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos.
• Pontuação: uso da vírgula.
• Concordância verbal.
• Concordância nominal.
112 © Comunicação e Linguagem
4. INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, estudamos a coesão, que é a manifestação
linguística, na superfície do texto, da coerência.
A coesão é estabelecida por meio de elementos gramati-
cais (pronomes, artigos, preposições, conjunções e advérbios) e
lexicais (repetição de termos, sinônimos, hipônimos, hiperônimos
etc.).
Além desses elementos, expedientes gramaticais como a
crase, a colocação pronominal, a pontuação e a concordância
verbal e a nominal contribuem para o estabelecimento da coesão
textual. Vejamos, brevemente, cada um deles.
5. CRASE
Quando se pergunta o que é crase, é comum algumas pes-
soas responderem que é o acento grave (`) colocado no "a". Esse
acento não é crase, mas um sinal gráfico que indica a ocorrência
de crase.
O que é crase, então?
Crase é fusão de duas vogais idênticas.
Na língua portuguesa, ocorre crase nos casos enumerados a
seguir:
a) Do ponto de vista da história da língua, houve crase com
a palavra “dor”, que veio da palavra latina “dolore”. Na
transformação do latim para o português, “dolore” per-
deu o “l” que ocorria entre as duas vogais e o “e” final,
resultando dessas quedas a forma “door”, que, poste-
Ênclise
De acordo com Cunha e Cintra (2001), não havendo palavra
ou termo que exija a próclise, a colocação normal deveria ser a
ênclise:
“Efebos de ouro erguiam-se sobre pedestais de sólida constru-
ção, segurando nas mãos fachos acesos, que de noite ilumina-
vam os convivas na sala" (HOMERO, 2002, p. 94, grifo nosso).
“Estes calam-se, à espera de que tu fales" (HOMERO, 2002, p.
96, grifo nosso).
No uso padrão da língua, a ênclise é obrigatória:
a) com verbo que inicia oração ou período:
Cala-te!
“Embarcou-me numa jangada de numerosas ataduras, deu-
-me abundantes provisões, pão e vinho, cobriu-me de vestes
imortais, e enviou-me uma brisa tépida e favorável" (HOMERO,
2002, p. 98, grifos nossos).
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b) após pausa:
"No momento em que Ulisses abraçava os joelhos de Arete,
dissipou-se a nuvem divina” (HOMERO, 2002, p. 95, grifo nos-
so).
"Hóspede, levanta-te e vem; a cama está pronta" (HOMERO,
2002, p. 99, grifo nosso).
Mesóclise
A mesóclise ocorre quando os verbos se encontram no futu-
ro do presente ou no futuro do pretérito. Observe:
“Dir-se-ia serem moças, cuja cristalina voz me feriu os ouvidos
[...]" (HOMERO, 2002, p. 87, grifo nosso).
"Entanto, responderei à tua pergunta e dir-te-ei o que preten-
des saber” (HOMERO, 2002, p. 97, grifo nosso).
“Se consentisses em ficar, dar-te-ia casa e riquezas; [...]” (HO-
MERO, 2002, p. 99, grifo nosso).
Entretanto, como lembram Cunha e Cintra (2001), também
é correta a próclise:
"[...] mas se essa não é tua vontade, nenhum dos Féaces te
deterá [...]" (HOMERO, 2002, p. 99, grifo nosso).
"Nós te reconduziremos, [...]” (HOMERO, 2002, p. 88, grifo
nosso).
Próclise
Todos os casos enumerados a seguir exigem a próclise do
pronome oblíquo átono, seja com formas verbais simples (um só
verbo), seja com locuções verbais (geralmente formadas de dois
verbos):
A. Palavras de valor negativo ("não", "nada", "nunca", "nin-
guém", "jamais", "nenhum" etc.):
"Havia ido lá, seguido por muita gente naquela viagem, que tão
cruéis cuidados me devia causar” (HOMERO, 2002, p. 87, grifo
nosso) (locução verbal: devia causar).
Veja casos com conjunção integrante:
Manda que o estrangeiro se levante e tome assento numa ca-
deira cravejada de prata; [...] (HOMERO, 2002, p. 96, grifos nos-
sos) (conjunção integrante: "que”).
Carolina disse-me que, apesar do frio, se levantou cedo e lavou
toda a roupa.
Observe que a expressão "apesar do frio", que ocorre entre
vírgulas, não impede a próclise de "se", provocada pela conjunção
integrante "que". O pronome "me", por sua vez, ocorre em ênclise
porque não há nada que o atraia.
Veja casos com conjunções subordinativas adverbiais:
"Só a filha de Alcino não fugiu, porque Atena lhe incutira ânimo
no espírito e [porque] lhe tirara o medo dos membros" (HO-
MERO, 2002, p. 87, grifo nosso) (conjunção causal: "porque").
“Por isso, quando te contemplo, sinto-me tomado de respei-
to" (HOMERO, 2002, p. 88, grifo nosso) (conjunção temporal:
"quando").
"Arete de níveos braços deu ordem às escravas que lhe armas-
sem um leito debaixo do pórtico, [...]" (HOMERO, 2002, p. 99,
grifos nossos) (conjunção final: que, equivale a "para que")
Quando Lara se aproximou, o cachorro rosnou e tentou mor-
dê-la.
O pronome "se" ocorre em próclise por causa da conjunção
temporal "quando". Observe a ênclise do pronome "la" ao verbo
"morder".
Observe outro caso:
A lua estava tão grande que se podia ver claramente o caminho
a uns dois quilômetros. (locução verbal: podia ver)
8. CONCORDÂNCIA VERBAL
Por uma questão de tempo e espaço, não apresentaremos
todas as regras de concordância verbal. Enumeramos, a seguir,
aquelas que julgamos mais importantes. Para um aprofundamento
do estudo deste assunto, sugerimos que você consulte gramáticas
de língua portuguesa.
Concordância verbal diz respeito à concordância em pessoa
e número do verbo com o sujeito. Observe:
Nós iremos a Brasília amanhã.
Todos os verbos do texto estão no presente.
Perceberam que eu estava aqui as três pessoas de que faláva-
mos.
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9. CONCORDÂNCIA NOMINAL
A concordância nominal diz respeito à concordância em
gênero e número dos determinantes e quantificadores (artigos,
pronomes demonstrativos, possessivos, numerais, pronomes in-
definidos etc.) com os substantivos (“Todas as meninas estão na
sala”) ou dos adjetivos e expressões adjetivas com o substantivo,
seja em função de adjunto adnominal (“As suas belas flores estão
no vaso”), seja em função de predicativo do sujeito (Todos esses
peixes são lindos).
Vejamos, a seguir, algumas regras básicas de concordância
do adjetivo com o substantivo.
A. Para Abreu (2002, p. 101), quando o adjetivo em função
de adjunto adnominal vem depois de dois ou mais substantivos,
pode concordar com o mais próximo, restringindo-se, entretanto,
a este apenas, ou pode concordar com todos eles, referindo-se a
todos. Observe:
Vimos o vidro e a ferragem conservados (concordância que ex-
plicita que ambos estão conservados).
Vimos o vidro e a ferragem conservada (concordância apenas
com "ferragem”).
B. Quando o adjetivo em função de adjunto nominal vem
antes de dois ou mais substantivos, pode concordar com o mais
próximo ou com todos eles:
Vimos conservado o vidro e a ferragem.
Vimos conservados o vidro e a ferragem.
Segundo Abreu (2002, p. 101), em ambos os casos, está claro
que o adjetivo se refere aos dois substantivos.
D. Inversamente, quando um substantivo apenas é acompa-
nhado por dois ou mais adjetivos, duas concordâncias são possíveis:
Estudo a teoria gerativista e a funcionalista.
Estudo as teorias gerativista e funcionalista.
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Gabarito
Veja, agora, a solução das questões autoavaliativas propos-
tas anteriormente.
Questão n. 1
a) Na Antiguidade, o estudo da linguagem vinculava-se à
Lógica e à Filosofia.
b) O método indutivo está relacionado à corrente filosófi-
ca denominada Empirismo, segundo a qual todo conhe-
cimento tem como fonte a experiência. Da experiência
chega-se à teorização.
c) Um sociolinguista pode estudar a variação no uso de
"seu" e "teu" em referência à segunda pessoa do singu-
lar.
d) Originalmente, a relação entre o significado e a forma da
palavra era natural e passou a convencional a partir das
"corrupções" decorrentes do uso.
e) A língua atribui uma forma à substância.
f) E fazemo-lo porque a sua instabilidade de complexos de
fatores múltiplos e diversamente combinados, aliada às
vicissitudes históricas e deplorável situação mental em
que jazem, as tornam talvez efêmeras, destinadas a pró-
ximo desaparecimento ante as exigências crescentes da
civilização e a concorrência material intensiva das cor-
rentes migratórias que começam a invadir profunda-
mente a nossa terra. (CUNHA, s.d., p. 1. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bn000153.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008).
g) Hesitaram um pouco; mas, logo depois, advertiram que
as palavras do primeiro eram sinal certo da vidência e
da franqueza da adivinha; nem todos teriam a mesma
sorte alegre. A dos meninos de Natividade podia ser mi-
serável, e então... Enquanto cogitavam passou fora um
carteiro, que as fez subir mais depressa, para escapar a
outros olhos. Tinham fé, mas tinham também vexame
da opinião, como um devoto que se benzesse às escon-
didas. Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as se-
nhoras à sala. Esta era simples, as paredes nuas, nada
Questão n. 3
a) Quando os hóspedes se recolheram, já era muito tarde.
– A conjunção adverbial temporal "quando" provoca a
próclise.
b) Carolina disse-me que não a quis ver/quis vê-la por mui-
to tempo.
– Empregamos a ênclise no caso do pronome átono
"me" porque não há palavra antes do verbo "disse" que
provoque a próclise. O pronome "a", devido à presen-
ça de "não", pode ocorrer em próclise ao verbo auxiliar
"quis" ou, ainda, em ênclise ao verbo principal "ver" no
infinitivo.
c) Quem os levou a São Paulo?
– Utilizamos a próclise em orações interrogativas.
"Quem" é pronome interrogativo.
d) Analisaram-se os problemas que se apresentavam.
– Utilizamos a ênclise no primeiro caso uma vez que não
se inicia período ou oração por pronome átono. No se-
gundo caso, o pronome relativo "que" provoca a próclise
de "se".
e) Que os anjos o protejam!
– Utilizamos a próclise em orações que exprimem desejo.
f) Não, pode-se afirmar/pode afirmar-se que havia corre-
ções a fazer.
– A pausa antes da partícula negativa "não" provoca a
ênclise ao verbo auxiliar "pode". É também possível a
ênclise ao verbo principal "afirmar".
g) Não me queria contar/queria contar-me a verdade.
– "Não" provoca a próclise ao verbo auxiliar "me". É
também possível a ênclise ao verbo principal "contar".
h) Todas as orações condicionais que ocorrem antepostas
comportam-se como tópico frásico.
– Empregamos a ênclise porque o pronome relativo
"que" da oração subordinada "que ocorrem antepostas"
não provoca a próclise do pronome "se" ao verbo da
oração principal ("comportam").
Questão n. 5
a) Não podia haver sobreviventes naquele terrível aciden-
te.
b) Utilizaram-se, na solução daquele problema, todos os re-
cursos disponíveis (temos voz passiva sintética, em que
"todos os recursos disponíveis" é sujeito plural de "utili-
zaram". Essa passiva sintética equivale à passiva analíti-
ca "todos os recursos disponíveis foram utilizados").
c) Francisco ou Augusto será eleito presidente da empresa.
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11. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim de mais uma unidade. Tivemos a oportuni-
dade de estudar algumas regras gramaticais que nos possibilitam
escrever textos na norma padrão da língua.
Na próxima unidade, daremos atenção à interpretação do
texto. Realizaremos um estudo dos assuntos abordados em um
texto e das formas de organizá-los. Em seguida, focalizaremos a
estrutura do parágrafo, em específico, o parágrafo dissertativo.
Para aprofundar seus estudos sobre os tópicos abordados
nesta unidade, sugerimos a leitura dos textos teóricos indicados
nas referências bibliográficas.
2002.
KURY, A. G. Ortografia, pontuação, crase. 2. ed. Rio de Janeiro: FAE, 1986.
Sites
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional,
Departamento Nacional do Livro, s.d. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000030.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008.
CUNHA, Euclides da. Os sertões. Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional,
Departamento Nacional do Livro, s.d. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000153.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2008.
GUILLEN, Isabel; COUCEIRO, Sylvia. 500 Anos, Um Novo Mundo na TV, O Descobrimento
– Brasil Colônia. Cadernos da TV Escola. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria
de Educação a Distância, 2001. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/me002182.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2008.
UNESCO. (Re)conhecer diferenças, construir resultados. Organizado por Edison José
Corrêa, Eleonora Schettini Martins Cunha, Aysson Massote Carvalho. Brasília: UNESCO,
2004. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000031.
pdf>. Acesso em: 20 jul. 2008.