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Devocional em Tiago

por Reinaldo Bui

Introdução
Fé em ação: assim defino o conteúdo desta carta. O propósito principal desta epístola é demonstrar
que a fé no Senhor Jesus Cristo deve ser aplicada a todas as experiências de nossa vida e relações
que vamos estabelecendo no percurso de nossa existência.

O autor desta epístola é Tiago, o meio-irmão de Jesus. Dos três Tiagos citados no Novo
Testamento, Tiago filho de Zebedeu e irmão de João foi morto por Herodes; Tiago filho de Alfeu
somente é citado na lista dos apóstolos e é pouco provável que seja o autor desta carta. Sobrando,
portanto, Tiago, o irmão do Senhor, indicado por Paulo (em I Co 17.7; Gl 1.19; 2.9) e Lucas (em At
1.14; 15.6-29; 21.18-25).

Este Tiago, por conseguinte, era homem de grande influência e distinção principalmente no círculo
dos cristãos judeus, ocupando uma posição de grande autoridade na Igreja Mãe de Jerusalém, que
presidia as assembléias e pronunciava com poder a última palavra. O tom de autoridade desta
epístola condiz bem com a posição de primazia atribuída a ele.

Quando lemos sobre os destinatários desta epístola, Tiago dirige-se às doze tribos dispersas entre
as nações. Prontamente entendemos que ele se dirigia à nação de Israel como um todo, pois esta
era uma forma de se referir ao povo judeu. Porém, é admirável o fato de que desde os tempos de
Salomão (cerca de 1000 anos antes) a nação não era tratada desta forma. Após sua morte o reino
foi dividido e a situação agravou-se mais ainda no período de cativeiro, provocando uma divisão
irreparável entre Judá e Israel, entre judeus e samaritanos.

Voltar a referir-se às doze tribos como uma unidade, revela que em Cristo não há mais aquela
separação entre eles. Todos os descendentes de Abraão agora são um, mesmo dispersos por causa
da perseguição que sofriam por se tornarem cristãos.

São muitas as exortações de encorajamento a uma vida que demonstre piedade e fé dinâmica.
Igualmente muitas são as aplicações que podemos fazer para nossa caminhada de fé cristã.

Compilado para Todah Elohim:

www.todahelohim.blogspot.com
Devocional em Tiago 2
por Reinaldo Bui

1- Mente de Servo
Tiago, servo de Deus e o Senhor Jesus Cristo, às doze tribos dispersas entre as nações. Saudações
(Tg 1.1).

Cada um de nós traz dentro de si padrões que nossa sociedade dita como um ideal a ser alcançado.
Desejamos ser reconhecidos por algo em que nos destacamos, seja no meio profissional, estudantil
e até mesmo pela aparência ou linhagem familiar. Tiago poderia se apresentar, e não seria mentira,
por irmão de Jesus; ou por Líder da igreja de Jerusalém; ou coluna da igreja; ou ainda por o justo.
Mas ao invés disto, ele se apresentou como um servo.

A palavra grega que foi traduzida como servo é a palavra doulos. Servo é uma maneira amena de
traduzi-la, pois esta palavra significa literalmente escravo. Se para nós é uma maneira bastante
bizarra de se apresentar (ex.: sou escravo de fulano...), quanto mais na época em que foi escrita
esta carta, quando escravidão era uma realidade presente naquela sociedade e trazia em si uma
ideia repugnante. Por que então Tiago, irmão do Senhor, líder da Igreja em Jerusalém, tido como
uma das colunas da fé cristã na Igreja primitiva apresenta-se assim? Já pensou se você tivesse estas
prerrogativas? Como você se apresentaria?

O que o diferenciava é que, embora antes incrédulo (ver Mc 6.3 e 3.2), num certo momento de sua
vida ele resolveu dedicar-se inteiramente a Deus, e isto é o que importa. Para Tiago, as demais
coisas eram secundárias. Desde então, ele passou a viver não para servir, agradar ou cumprir seus
próprios interesses. Ele havia se dedicado ao Senhor.

O que nos diferencia de Tiago? Reflita nesta pergunta por vários ângulos. Em determinados
aspectos somos muito diferentes dele, mas no que diz respeito à fé, não devemos (ou não
deveríamos) ser em nada diferentes.
Haveremos nesta condição, de prestar contas a Deus e a seu Filho sobre o que fizemos com nossas
vidas. Na parábola dos talentos vemos que Deus pede contas e dá o reconhecimento devido (Mt
25.19, 21, 23, 26).

Tiago prestou seu serviço a Deus servindo os irmãos na igreja de Jerusalém, escrevendo esta carta,
exortando, encorajando, ensinando... Dedique hoje sua vida ao Senhor. Entregue-se a Ele como
servo sabendo que Seu projeto para nós é muito superior a qualquer outro. Entre os hebreus,
alguém poderia ser vendido como escravo para, por exemplo, saldar alguma dívida, mas esta
servidão não podia passar de seis anos. Porém, quando um escravo declarava publicamente que
amava o seu senhor e desejava servi-lo por toda a vida, então era levado diante dos anciãos, e sua
orelha era furada como sinal de que este lhe serviria por toda a sua vida (Ex 21.5, 6). Um servo bom
e fiel vive para o seu Senhor, procura agradar o seu Senhor porque ama servi-lO.

Uma fé sincera deve obrigatoriamente provocar em nós esta disposição para servir. Durante a
leitura do livro de Tiago procure de que forma objetiva você pode estar fazendo a vontade de Deus
e servindo ao Senhor e ao próximo. Identifique e separe em sua vida diária um tempo específico
para se dedicar servindo ao Senhor.
Devocional em Tiago 3
por Reinaldo Bui

2- Perseverança Sempre
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois
vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa,
a fim de que vocês sejam maduros e íntegros sem ter falta em coisa alguma (Tg 1.2-4).

Muitos ao lerem este texto devem se perguntar se Tiago sabia o que estava escrevendo. Considerar
motivo de alegria passar por provações? Quem ri quando está passando por dificuldades? Alguns
devem até pensar: se Tiago tivesse ideia do que estou passando, não diria isto...

Ao invés disso, você é quem devia considerar que tipo de provação aqueles irmãos da igreja
primitiva estavam passando: perseguição de morte por causa da sua fé em Cristo! Tiago bem sabia
o que estava escrevendo e para quem estava escrevendo.

Longe de mim a ideia de que provações não causam dor. Elas geram dor, sofrimento e muitas vezes
choro e lamento. Mas como filhos de Deus, devemos olhar para todas estas situações com
tranquilidade, conscientes que estão debaixo do soberano controle do nosso Pai. Então, daí vem
aquela famosa pergunta: mas que pai é este que permite que seus filhos sofram?

Primeiramente precisamos recordar algumas coisas. Lembre-se que todos os seres humanos
sofrem, crendo ou não em Deus. Lembre-se também que todo o mal operante neste mundo é
consequência direta do pecado. Lembre-se ainda que muitas vezes questionamos Deus sobre o
momento que estamos passando simplesmente porque não conseguimos enxergar seus propósitos,
como uma criança que não entende porque tem que tomar aquele remédio ruim.

Segundo, as provações são um laboratório de Deus para o nosso crescimento. Só que algumas
pessoas não enxergam. Ninguém gosta de sofrer, mas devemos nos conscientizar que neste mundo,
passaremos por aflições..., invariavelmente! E quem aprende passar e suportar o sofrimento das
tribulações aprende o que é perseverança, maturidade e integridade.

Quando Tiago diz que a prova da nossa fé produz perseverança, não está se referindo a uma
atitude passiva, mas a uma resposta desafiadora, forte e ativa às circunstâncias. Maturidade é o
que Deus espera de nós ao longo da nossa vida cristã. É perfeitamente compreensível que nossos
filhos chorem às portas do pré-primário, mas chorar no primeiro dia de aula da faculdade não. Esta
perseverança nas tribulações aponta para um terceiro propósito de Deus para nós que é o da
perfeição. Com o sofrimento, Ele espera nos aperfeiçoar, provando a nossa fé. Pode ser que você
não compreenda, no momento, o porquê do sofrimento, mas quando desenvolvemos tamanha fé
no nosso Senhor, podemos nos alegrar confiando que Ele está no controle e tem um propósito
maior que compreenderemos mais tarde. Aqueles que têm filhos crescidos já passaram por
algumas situações de “cortar o coração”, como por exemplo, vê-los chorando na porta da escola no
primeiro dia de aula. O filho está sofrendo a dor da separação assim como os pais estão, mas estes
sabem que há um propósito maior nisto tudo, coisa que a criança não pode entender na sua
imaturidade.
Devocional em Tiago 4
por Reinaldo Bui

Uma curiosidade: na natureza, encontramos duas substâncias que têm a mesma composição em
termos de conteúdo atômico: o grafite e o diamante. O grafite tem uma estrutura de átomos de
carbono alinhados na forma de planos deslizantes e, dessa maneira, ele é um excelente
lubrificante, mas se colocando o grafite sob alta pressão, ele acaba compartilhando esses átomos
também no sentido vertical e assim se torna um diamante. É através de sofrimento, dor, pressão,
que se acaba produzindo coisas de valor. Como você tem reagido às situações adversas da vida?
Devocional em Tiago 5
por Reinaldo Bui

3- Sabedoria Grátis
Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade;
e lhe será concedida. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que dúvida é semelhante à
onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal homem que receberá coisa alguma do
Senhor; é alguém que tem mente dividida, instável em tudo que faz (Tg 1.5-8).

Aprender com os mais sábios é um conselho que todos deveriam seguir. Porém, nem todos o
fazem. Mas como somos pessoas inteligentes, que desejam crescer e agradar a Deus com nosso
proceder, buscaremos conselho com o homem mais sábio que já existiu: Salomão.

Ele nos ensina em Provérbios, logo nos primeiros versículos do livro, o segredo de como se obter
sabedoria: Salomão ensina que a sabedoria começa no temor ao Senhor (Pv 1.7). Simples, né? Daí
em diante, este livro é um verdadeiro manual de procedimentos de um sábio.

Voltemos para Tiago, sempre lembrando o contexto de perseguição que permeia este livro. Por que
ele nos exorta a pedirmos por sabedoria numa situação de sofrimento? Por três motivos:

Primeiro, é necessário obtermos sabedoria para que vejamos as situações da vida como Deus vê.
Sabedoria é conhecimento aplicável à vida. Não basta saber o que devemos fazer e o como
devemos agir. Temos que por em prática, interpretar as situações da vida como Deus as interpreta.
Assim, Ele nos dá a orientação necessária sobre como devemos proceder e nos habilita a agir em
conformidade com sua vontade. Isto é sabedoria!

Segundo, também é necessário saber do caráter sábio de Deus que tem e disponibiliza a verdadeira
sabedoria a todos nós. Tiago mostra que Deus é dadivoso: a todos dá (v.5). Mesquinhez é oposto ao
caráter de Deus. Pense nisto: Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas por todos nós o
entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas? (Rm 8.32). Mostra também que
Deus é irrestrito. Dá a todos... e liberalmente. Fique tranquilo. Você não corre o perigo de pedir a
Deus e Ele dizer que "não vai com sua cara". Ele não fará este tipo de restrição. Além disto, Deus
sempre dá de boa vontade. Nós humanos facilmente nos aborrecemos com uma pessoa que pede
repetidas vezes algo para nós. Julgamos que é abusada e tendemos a repelir aquela pessoa. Deus
não age assim, mas nos dá sabedoria livremente, irrestritamente e de boa vontade.

Por fim, é necessário conhecer a condição única para se apropriar desta sabedoria: pedir com fé,
isto é, sem duvidar. A expressão homem de ânimo dobre diz respeito ao homem que está dividido
entre querer fazer a vontade de Deus, mas também querer fazer sua própria vontade; querer aderir
ao projeto de Deus, mas também querer seguir as coisas do mundo. Neste caso, mente dividida não
é alguém que simplesmente está em dúvida se Deus vai dar ou não, mas é estar vivendo voltado
para duas possibilidades

Deus exige dedicação exclusiva a Ele através de uma consagração total de nossa vida. Significa
dedicar-se a um só caminho, e isto envolve a família, o trabalho, os estudos, bens, ou ainda o que
fazemos com nosso tempo, horas de lazer, etc.
Devocional em Tiago 6
por Reinaldo Bui

Sabedoria nos habilita a buscar confiantemente o entendimento para situações do dia a dia, sejam
elas de dificuldade ou de alegria. Busque-a na Palavra e peça com fé.
Devocional em Tiago 7
por Reinaldo Bui

4- Orgulho Vs. Humildade


O irmão de condição humilde deve se orgulhar de sua elevada posição. E o rico deve se orgulhar de
sua condição humilde, porque passará como a flor do campo. Pois o sol se levanta com calor
ardente e seca a planta; cai então a sua flor, e é destruída a beleza da sua aparência. Da mesma
forma, o rico murchará em meio aos seus afazeres (Tg 1.9-11).

Você se lembra de como foi sua conversão? O que aconteceu depois? Quais eram suas expectativas
para a nova vida que você iniciara? Arrisco dizer que você esperava que tudo se consertaria e que
Deus daria jeito em todos os seus problemas... Bem, pelo menos temos visto muita propaganda
neste sentido ultimamente. Agora imagine: você ouve o Evangelho, crê em Jesus, passa a desfrutar
de grande e alegre comunhão com Deus e com outros irmãos e de repente seus problemas se
agravam... - É cristão? Fuja ou morra! Como você se sentiria?

Alguns daqueles crentes eram pobres, e sofreram consequências desastrosas muito mais fortes,
outros eram ricos e com recursos minimizavam as dores e dificuldades. Isto aconteceu com os
destinatários desta carta (literalmente), e havia aqueles que na fuga acabaram perdendo suas
casas, seus trabalhos, sua estabilidade financeira, passaram a viver com restrições, carências, fome,
ameaça constante, vendo a família sofrer, etc. Inevitavelmente, muitos questionamentos surgiram
nas suas mentes, porque a coexistência da riqueza com a escassez gerava dúvidas no irmão que
padecia e soberba nos mais abastados – como acontece hoje em dia. Estes contrastes sociais
sempre levantam muitas questões sobre os valores cultivados por nossa sociedade humana (veja o
Salmo 73, por exemplo).

Tiago passa a tratar este problema chamando atenção para o que realmente tem valor. Temos em
nossa sociedade algumas “moedas” de grande valor que são: dinheiro, beleza e inteligência.
Valorizamos demais estas coisas e consequentemente refutamos o que não se encaixa no nosso
padrão de ideal no tocante em nível social, saúde, emprego, namoro, carreira, etc. Infelizmente,
para muitos cristãos, o não obter este ideal é motivo de sofrimento! Tiago trata com o irmão de
condição humilde, ou seja, um irmão com baixo nível social, mas que era rico de outra forma.
Provavelmente estava se referindo a sua vida com Cristo. Isto sim tem valor. Conversão não tem
que implicar em riqueza, pois senão, Tiago daria outras orientações. Também exorta que os irmãos
mais ricos se orgulhem de sua condição humilde. Ele não está falando contra ser rico, pois o
problema está na disposição diante da riqueza. 1Tm 6.9, 10 nos diz contra confiar na suposta
segurança monetária que é ilusória. Podemos ter muitas decepções financeiras ainda em vida como
perda de empregos, contratos, crises de mercados, enfermidades, etc., e ainda que a riqueza não
bata asas, você é quem baterá as botas e nada levará. É por isso que Tiago fala sobre a fragilidade
da vida. O tempo, cruel e implacavelmente, nos torna velhos e nos coloca mais próximo da morte, e
a morte vai nos colocar diante de Deus, sem nada, nenhum dos bens acumulados aqui na Terra.
Com eles não se compra o favor de Deus. O rico pode usar seu dinheiro para obter coisas, mas tem
um fim. Aprendamos com Salomão (leia Ec 7.2)

Então, há razões verdadeiras para nos orgulharmos? Sim. Gloriar-se, ou orgulhar-se (v.9) refere-se
não a arrogância, mas ao orgulho alegre que valoriza o que Deus valoriza.
Devocional em Tiago 8
por Reinaldo Bui

5- Tentação e Provação
Bem aventurado o homem que persevera na provação, porque depois de ser aprovado receberá a
coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Quando alguém for tentado, jamais deverá
dizer: “Estou sendo tentado por Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta
(Tg 1.12-13).

Antes de qualquer coisa, precisamos entender que há uma diferença significativa entre provação e
tentação. Provações são dificuldades, situações aflitivas ou sofrimentos muito grandes, que põem à
prova nossa força moral, nossa fé e nossas convicções. Tentação é aquele impulso para a prática de
alguma coisa censurável ou não recomendável.

Provações são ações externas que aparentemente ameaçam, mas são fatores que cooperam para
nosso aperfeiçoamento. Tentação é um desejo veemente ou violento. As tentações se diferenciam
das provações por tratarem não de ações externas, mas de tendências internas.

Deus nos prova, nunca tenta. Somos tentados pela nossa própria cobiça. O Senhor não usa
tentações para nos provar, mas podemos ser tentados durante as provações. Quando? Quando não
compreendemos a natureza e o propósito das provações, estas parecem ameaças contrárias a nós.
Começamos então questionar o amor de Deus e a sua habilidade em conduzir-nos a um fim
proveitoso. Porém, quando usamos de sabedoria, passamos a assimilar a escala de valores de Deus,
abrindo mão do que se restringe a esta vida, e investindo na eternidade. A impressão que dá é que
o plano de Deus para o nosso aperfeiçoamento corre risco constante, pois depende da nossa fé e
compreensão ver Deus fazendo aquilo que está fora de nosso alcance. Só quando superamos a
provação, alcançamos o estágio de ver Deus derramar a sua graça abundante.

Há uma tendência de identificarmos como ameaça o que está fora de nós ou do nosso controle,
mas nós podemos ser a maior causa de nosso fracasso. Como fazer, então, para não fraquejar num
período de tribulação? Todo aluno, todo soldado, todo atleta precisa se exercitar muito antes de
enfrentar uma prova. Não é diferente na vida espiritual. A diferença – preste atenção – é que as
provas da vida não vêm com hora marcada! Portanto devemos estar constantemente preparados.

Alisto aqui algumas disciplinas que nos ajudarão a superar com êxito as provas da vida:
1. Trate preventivamente com o pecado. Não flerte com o pecado, corte-o na raiz do pensamento.
Sai mais barato construir uma cerca do que sofrer o prejuízo;
2. Gaste tempo com a Palavra. Sl 119.11 diz: Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti. Ela é que vai atuar em sua mente. Jesus quando tentado usou a Palavra (está escrito...)
atribuindo a ela enorme autoridade e valor;
3. Aprenda a depender de Deus. Ore para que Deus lhe livre da tentação (Mt 6.13);
4. Aprenda a confiar em Deus desde as pequenas coisas;
5. Aprenda a obedecer. É difícil? Mas é um ótimo exercício.
Devocional em Tiago 9
por Reinaldo Bui

6- Vitória nas Tentações


Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, quando por esta é arrastado e seduzido. Então a
cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter se consumado, gera morte.
Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto,
descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. Por sua decisão Ele nos
gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que criou
(Tg 1.14-18).

Conta-se que certa vez Spurgeon estava ouvindo um pregador que dizia ter alcançado a
incorruptibilidade. No dia seguinte pela manhã, quando Spurgeon chegou ao salão do café (pois
estavam hospedados no mesmo hotel), pegou um jarro com água e derramou sobre a cabeça do
“impecável” pregador que levantou-se furioso. Spurgeon então soltou: “Calma, colega, só queria
verificar se o que você disse ontem era mesmo verdade.” Antes que alguém se iluda com esta
possibilidade – que o crente pode alcançar um estágio de não pecar mais, considere o que Tiago
diz.

Em primeiro lugar: não ache que você está imune ao pecado. Depois de sermos perdoados e
aceitos por Cristo, continuamos com esta tendência pecaminosa. Tiago afirma que cada um é
tentado portanto não faça de conta que você não é. Todos o somos! O fator que faz com que
sejamos tentados é a nossa própria cobiça (desejo ardente de possuir ou conseguir alguma coisa).
Todos têm. Pode haver diferenças nas ênfases, mas não na essência. Alguns são tentados na área
sexual, outros a vingança, ganância, orgulho, $$, etc. Jesus disse que do coração procedem os maus
desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias - Mt 15:17-19.
Este é o coração humano.

Segundo: Não ache que a culpa é de outro. Temos a tendência de colocar a culpa nos outros ou na
situação. A terceirização é algo tão antigo quanto o homem (Gn 3.12-13). Quando ficamos irados é
por que o outro provocou; se o aluno não vai bem por que o professor não ensinou a matéria, se os
filhos são rebeldes a culpa é dos pais, etc. Frequentemente culpamos o Diabo pelos nossos
deslizes... Não que ele não tenha participação, mas acontece que ele nada pode fazer sem a
concessão do homem. Outros podem pensar em por a culpa em Deus (já que Ele é soberano), mas
Ele não pode ser tentado (não é de sua natureza) e consequentemente a ninguém tenta. Portanto,
não diga isso. Pare de colocar a culpa em outros, estas são somente oportunidades de aflorar o que
você é e pensa, caso contrário, você vai deixar aberto o flanco que vai destruí-lo.

Terceiro: não ache que está perdendo o melhor. Quando tentados, reina o pensamento que existe
uma alternativa melhor (seja no campo sexual, furto, vingança, ...). Tiago diz que a cobiça o atrai e
seduz. Isto significa que há uma atração hipnótica por satisfazer um desejo. Você vê isto no caso
das drogas, onde a pessoa começa com um curiosidade ingênua por algo novo, e se torna escravo
sendo dominado. Assim é o caso na imoralidade, no furto,... Quantos hoje choram reconhecendo
que sua opção imoral destruiu sua família. Outros nem têm consciência do que perderam. Quantos
amargurados não têm consciência de que estão prejudicando a si mesmos. Quantos preguiçosos
lamentam por não serem disciplinados e não terem estudado ou se dedicado para que tivessem
Devocional em Tiago 10
por Reinaldo Bui

uma vida melhor. Não se engane – o perfeito e bom vem de Deus. Eles são presentes de Deus (17).
O que difere da conduta de Deus é sedução do pecado.

Por último: não ache que você superará sozinho. Por natureza somos comprometidos com o
pecado. Jesus disse que quem comete pecado é escravo do pecado. Não se pode esperar que a
solução esteja somente em nós. Precisamos aprender a depender de Deus e buscar auxilio com
cristãos mais maduros.

Fomos regenerados por Deus, mais exatamente por sua Palavra. Isto não significa que não
pecaremos mais, mas que Deus gerou em nós uma nova vida. Assim trazemos em nós duas
naturezas e a condição para que a vontade de Deus reine em nossas vidas é a dependência do que
vem nesta nova vida (Gl 5.16 a 25).
Devocional em Tiago 11
por Reinaldo Bui

7- Primeiro Ouça
Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e
tardios para se irar, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, livrem-se de toda
impureza moral e da maldade que tanto prevalece, e aceitem humildemente a palavra implantada
em vocês, a qual é poderosa para salvá-los (Tg 1.19-21).

Sejamos honestos, não gostamos de ouvir. Estamos sempre prontos a expressar nossa opinião e
nos iramos facilmente. Nossa ira visa a nossa justiça, não a de Deus. Assim a impureza e a maldade
prevalecem em nossa vida. Não somos humildes para aceitarmos a Palavra que visa a nossa
salvação. Isto é tão verdade hoje como era quando Tiago escreveu sua carta. A postura que ele
propõe que nós assumamos tem a ver com o modo de vida que Deus espera que tenhamos e que
(curiosamente!) é completamente avessa a nossa natureza.

Sua orientação para revertermos este quadro começa com a área mais difícil para nós, mas que é
fundamental: começa com saber ouvir. Leia isto com muita atenção: ...tenham isto em mente:
sejam todos prontos para ouvir.... Ouvir é a ação mais básica para se aprender em qualquer
situação. Devemos ouvir, mas ouvir o quê? Ele completa no v.21: a Palavra. Esta palavra, quando
cuidada e nutrida, acaba crescendo em nós. Esta ação esperada, de ouvir, está relacionada com ter
um espírito receptivo, atento ao que Deus tem a falar, pois a nova vida é o começo e isto envolve
uma postura ensinável. Não seja obstinado, cabeça dura, coração de pedra. Aprenda a ouvir, por
mais difícil que seja.

Se você achou difícil o primeiro, o segundo passo vai um pouco além: Sejam todos... tardios para
falar e tardios para se irar. Resista à tentação de responder descontroladamente, nem use a
desculpa de “sou sincero e falo o que penso”. Aprenda, vença a tentação da impulsividade. Fique
quieto num primeiro momento, reflita e responda depois. Esta atitude complementa-se,
harmoniza-se com ser tardio a se irar. Mansidão é fruto do Espírito, e significa adotarmos uma
atitude humilde gentil, doce e branda, diferente da atitude soberba, hostil e vingativa que a ira
levanta.

Se sabemos estas coisas, devemos dar continuidade. O processo não está concluído. As próximas
medidas que devemos tomar são: livrar-se da impureza moral e da maldade. A palavra utilizada
para descrever esta ação (livrar-se) é a mesma de despir-se, ou seja, tirar esta roupagem que
vestimos. Despojar é tirar a roupa. As velhas vestes, hábitos e costumes precisam ser mudados.
Podemos iniciar elegendo um pecado que mais nos assola e o priorize para ser tratado. Há também
os pesos que não são essencialmente pecados, mas que comprometem a nossa dedicação ao
Senhor, como por exemplo, tempo na frente da TV e do computador, entretenimento, diversão,
leitura escolhida, etc. Aqui neste texto a palavra utilizada para impureza é um termo parecido com
o empregado para descrever o cerume do ouvido, o que compromete o ouvir. Se você chegou até
aqui, só falta mais um passo: livrar-se de toda maldade. Diz respeito a palavras que abordam o mal
em geral, mas que se aplicam a ações objetivas. Não é nada distante de nós. Por exemplo, tem a
ver com depravação e malícia, mas também com a intenção de ofender alguém. Se conservarmos
estas coisas em nós, entupimos nossos ouvidos, e não ouvimos o que Deus tem a nos falar. Deste
modo, nem tão pouco Ele atenta ao que falamos. O remédio? Confesse (1Jo 1.9) e abandone estes
Devocional em Tiago 12
por Reinaldo Bui

pecados. Dependa da graça de Deus para se livrar de todos os males. O orgulho invejoso, uma
atitude agressiva que compete com outros e busca sua autopromoção pode impressionar o mundo,
mas está longe do alvo que Deus propõe para nós que é produzir em nós a Sua justiça. Aceitem
humildemente a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los.
Devocional em Tiago 13
por Reinaldo Bui

8- Da Teoria à Prática
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla,
num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece
de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da
liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-
aventurado no que realizar (Tg 1.22-25).

Quando esta carta foi escrita, a única forma de contemplar sua própria imagem era através do
reflexo na água ou por meio de um metal polido. Estes eram os espelhos existentes na época. Tiago
separa os crentes em duas categorias: ouvintes e praticantes. Compara o ouvinte àquela pessoa
que examina sua face num espelho e mesmo constatando que sua aparência não está adequada,
vira-se e logo se esquece do que viu. Faltam-lhe os dentes, seu cabelo está sujo e desajeitado, sua
barba por fazer confunde-se com a sujeira impregnada no seu rosto, mas como não está mais
contemplando sua face, age como se estivesse tudo bem. Já o praticante é aquele que vê, não se
conforma, sabe que precisa mudar e passa a tomar medidas para melhorar este reflexo nada
atrativo. Não se trata de culto à beleza, ênfase dos nossos dias, mas sim que a Palavra tem também
a competência de refletir nossos defeitos. Porém, ela não nos transforma por si só. Precisamos
trabalhar para esta transformação.

Embora os espelhos atuais tenham uma capacidade refletiva muito superior aos daquela época,
eles ainda não tem a capacidade de consertar o que está errado, assim os mais preocupados com
sua aparência dependem do serviço de um profissional para se ajeitar. Mas pena que é dada mais
importância para o espelho de vidro do que à Palavra (o espelho de nossa alma). Tiago continua:
Mas o homem que observa atentamente a lei... diz respeito ao primeiro passo que devemos tomar
para que a Palavra alcance seu objetivo em nós. Sendo a Palavra de Deus, não podemos nos limitar
a "uma olhadinha", precisamos nos debruçar para dedicar cuidado. Precisamos gastar tempo com a
Palavra e fazê-lo bem feito. A mesma ideia foi exprimida no Salmo primeiro: ...antes o seu prazer
está na Lei do Senhor e nela medita dia e noite. Observar atentamente e meditar dia e noite na Lei é
um privilégio que temos para conhecer o que Deus tem a nos ensinar. Não se trata de uma "lei de
restrições e punições” como os judeus a interpretavam e como muitos ensinam atualmente. Tiago
chama esta Lei de perfeita, porque ela exprime toda a vontade de Deus. Talvez ele tivesse em
mente o Salmo 19 quando escreveu estas linhas, e acrescenta: Lei da liberdade.

Liberdade é um conceito pouco compreendido pelos que vivem debaixo da escravidão da Lei, pois
confundem com libertinagem. Libertinagem é a vazão da carne diante da liberdade. Podemos
entender duas coisas deste termo Lei da liberdade. A primeira é que quando cumprimos com a
vontade de Deus, garantimos a nossa liberdade e a de todos os que nos cercam com segurança.
Outra é a liberdade para cumprir o princípio máximo dos mandamentos da Lei, ou seja, liberdade
para amar a Deus e amar o próximo através da entrega voluntária da nossa vida. Os que são da
carne não podem compreender esta liberdade que temos em Cristo, (liberdade para amar e servir)
porque isto lhe parece loucura.
Devocional em Tiago 14
por Reinaldo Bui

Tiago continua estimulando-nos a perseverar na lei, não sendo ouvinte negligente, mas operoso
praticante. Isto significa aplicar em nossa própria vida o que temos enxergado na reflexão honesta
e sincera da Palavra de Deus. Paulo nos exorta (em Romanos 12) a nos transformarmos pela
renovação da nossa mente para que experimentemos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.
Para renovar nossa mente precisamos passar por uma transformação, e para iniciar este processo
precisamos de um espelho. Adivinhe qual é? Por fim, Tiago completa: esse será bem-aventurado no
que realizar. Este é o caminho para felicidade genuína. Não vem de algo temporário, feito num
momento, ou por um comprimido, por um programa, por ganhar algo, mas por verdadeira
comunhão com Deus. Isto só se consegue gastando tempo com Ele!
Devocional em Tiago 15
por Reinaldo Bui

9- Língua e Religião
Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião
não tem valor algum! A religião que Deus nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos
órfãos e das viúvas em suas dificuldades e manter-se incontaminado pelo mundo (Tg 1.26-27).

Tiago é extremamente prático. Sua preocupação ao escrever esta carta não era defender doutrinas
argumentando filosoficamente. Esta passagem (e outras que veremos mais tarde) demonstra isto.
A palavra aqui traduzida como religioso significa literalmente “o que teme ou adora a Deus,”
referindo-se a alguém espiritual. Neste contexto Tiago alista, nestes versículos, três atitudes
práticas para se demonstrar verdadeira espiritualidade. Primeira é saber refrear a língua: a maior
dificuldade do ser humano. Os pecados relacionados com a língua são tão graves que várias partes
das Escrituras tratam sobre o assunto (inclusive Tiago). Você já contou alguma mentira ou alguma
piada maliciosa? Já falou além da conta ou a respeito de alguém que não estivesse presente?
Respondeu mal para algum professor, pais ou colegas? Ridicularizou alguém? Refreie sua língua!

A segunda atitude seria cuidar dos órfãos e das viúvas em dificuldades. Havia em Israel leis
específicas para isto. Aliás, parte do dízimo ofertado pelos judeus era destinado a este propósito.
Isto significa alguma coisa para nós hoje? Sem dúvida que sim. Embora a igreja possa se esquivar de
suas responsabilidades sociais, encerrando esta responsabilidade nas costas do governo com a
desculpa de precisar construir templos cada vez maiores e mais confortáveis, não pode negar que
cresce a cada dia o número de crianças de rua e marginalizados em nossa sociedade. Vivemos num
país laico onde os governantes ateus fazem vista grossa aos graves problemas sociais que nos
assola. Isso é mais do que normal. Não era para ser, mas é. O que não é normal é a Igreja fazer o
mesmo. O que podemos fazer individualmente como parte deste corpo? Cuidar dos órfãos e das
viúvas é amar o próximo como Cristo nos amou. Deus quer derramar sua graça sobre os menos
favorecidos, mas quer fazer isto através de nós. A Igreja é Seu instrumento para alcançar os órfãos
e as viúvas da nossa geração.

A terceira atitude que demonstra verdadeira espiritualidade é manter-se incontaminado pelo


mundo. Contaminar é deixar-se corromper, viciar ou contagiar com as propostas atraentes deste
sistema que vivemos. É diferente do ascetismo fortemente defendido por várias denominações.
Paulo escreve em Colossenses que uma série de proibições e restrições a coisas materiais não tem
valor nenhum para refrear os impulsos da carne (não tem nada a ver com verdadeira
espiritualidade). O agravante é que muitos vírus têm maculado os crentes através de uma falsa
religiosidade. O próprio Jesus disse que a contaminação pelas coisas do mundo não se dá pelo que
você come, mas pelo que brota do seu coração. Quando achamos normal o que fazemos por que
“todo mundo faz” é sinal que já estamos contaminados. Por exemplo: falar dos outros ou defender
que matar ou manter um pivete preso é a solução para vivermos em paz já demonstra que estamos
contagiados. Cada um examine a si mesmo...

Tiago estava preocupado com a atitude dos primeiros cristãos de Jerusalém. Paulo igualmente se
preocupava com os seus, porém mais com a igreja dos gentios. Paulo também precisou resolver
problemas concernentes à espiritualidade. As cartas que ele escreveu aos gálatas e aos coríntios
são demonstrações claras deste tema: ser espiritual. Uma igreja estava querendo voltar-se para a
Devocional em Tiago 16
por Reinaldo Bui

Lei e a outra estava entregue a carnalidade. Paulo foi duro com os coríntios, mas muito mais com os
gálatas. Em ambas ele demonstra o antídoto para o mal. Se há um ‘espiritosantômetro’, seu
ponteiro deve ser o amor e seus indicadores são: alegria, paz, paciência, bondade, benignidade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Viver a plenitude do Espírito é demonstrar as qualidades
deste fruto em nossas vidas para que o mundo veja em nós o caráter de Cristo. Na prática, isto
deveria afetar positivamente toda a nossa sociedade.
Devocional em Tiago 17
por Reinaldo Bui

10- Ame o Próximo Como...


Meus irmãos, como crentes no nosso Glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam acepção de pessoas.
Supunham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas luxuosas, e
também entra um homem pobre com roupas velhas e sujas. Se vocês derem atenção especial ao
homem que está vestido com roupas luxuosas e disserem: ‘Aqui está o lugar apropriado para o
Senhor’, mas disserem ao pobre: ‘Você, fique de pé ali´ ou: ´Sente-se ao chão, junto ao estrado
onde ponho os meus pés’, não estarão fazendo discriminação, tornando-se juízes com
pensamentos maligno? (Tg 2.1 -4.)

A sequência deste texto bem poderia ser: Portanto...


Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em
forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.5-8).

Aprofundamo-nos no estudo das escrituras com o propósito de conhecer mais e mais a mente de
Cristo. Isto deveria gerar em nós um sentimento cada vez maior de humildade e servidão. Mas em
geral – e infelizmente, não é isto que acontece. É fácil perceber a soberba de quem alcançou uma
posição, um título ou acrescentou uma letra a mais no seu currículo diante dos menos favorecidos
(inclusive no meio evangélico). Não se trata de uma questão cultural, mas em todos os níveis, em
todas as culturas, em todos os segmentos sociais há uma tendência reinante no homem de se
reconhecer “o melhor”. Hostilidade e competição fazem parte da nossa natureza. Já falamos que há
três moedas de muito valor que cultuamos em nossa sociedade, que são: beleza, inteligência e
riqueza. Quanto mais você possuir, mais bem aceito você será. Este é o padrão do mundo, não de
Deus. A igreja por vezes assimila tal conduta e passa a viver não em função da forma que Deus
espera que vivamos, mas nos padrões da sociedade humana.

Este problema não é novo. A igreja nos dias de Tiago já sofria com isto. Aliás, este problema é tão
velho quanto o pecado na humanidade. Os locais em que se reuniam os crentes em Jerusalém eram
geralmente pouco espaçosos, sem muitas acomodações e com poucos assentos. Muitos dos que
participavam dos cultos e das reuniões permaneciam em pé ou sentavam-se no chão. Nesta
condição, Tiago imagina pessoas convertidas chegando à igreja pela primeira vez. Precisavam ser
bem recebidas e orientadas (assim com acontece em nossas igrejas atuais). Pelo texto, podemos
supor que o “pessoal da recepção” estaria dando mais importância a quem tinha dinheiro e menos
atenção ao pobre e andrajoso (assim como acontece em nossas igrejas atuais). Agindo desta forma,
estamos “fazendo distinção entre nós mesmos e nos tornando juízes tomados de perversos
pensamentos” (ARA). Discriminação social, conforme relatado neste texto, é pecado e é um
pensamento perverso! Será que este é o ideal que Jesus planejou para sua Igreja? Tiago, assim
como Paulo, conhecia a mente de Cristo. O ideal da igreja é que indistintamente todos sejam
honrados, não pela aparência, inteligência ou posição social, mas pelo que realmente valem.

Se verdadeiramente pretendemos nos aprofundar nas Escrituras para conhecer a mente do Senhor,
precisamos começar a transformar nossa mentalidade a partir deste ponto. Só para a gente se
lembrar:
Devocional em Tiago 18
por Reinaldo Bui

1. Deus não faz acepção de pessoas;


2. Deus não julga segundo as aparências;
3. Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde;
4. Deus exaltará o humilhado e humilhará o que se exalta.

Paulo conclui o trecho de Filipenses com a consequência natural da atitude de Cristo:


Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.9-11).

Devemos incorporar o sentimento de Cristo em nossa vida, não buscando a nossa própria
exaltação, mas sabedores de que agindo assim, Jesus será exaltado através do nosso proceder.
Devocional em Tiago 19
por Reinaldo Bui

11- A Quem Deus Escolhe


Ouçam, meus amados irmãos: Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para
serem ricos em fé e herdarem o Reino que Ele prometeu os que o amam? Mas vocês têm
desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles que os arrastam para os
tribunais? Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado? Se vocês, de fato,
obedecerem à lei real encontrada na Escritura, que diz: ‘Amarás a teu próximo como a ti mesmo’,
estarão agindo corretamente. Mas se fizerem acepção de pessoas, cometerão pecado e serão
condenados pela lei como transgressores. Pois quem obedece toda a Lei, mas tropeça em apenas
um ponto, torna-se culpado por quebrá-la inteiramente. Pois Aquele que disse: ‘Não adulterarás’,
também disse: ‘Não matarás’. Se você não comete adultério, mas comete assassinato, torna-se
transgressor da Lei. Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade, porque será
exercido juízo sem misericórdia sobre quem não foi misericordioso. A misericórdia triunfa sobre o
juízo! (Tg 2.5-13.)

Se o problema de discriminação fosse tão evidente na igreja de Jerusalém talvez Tiago precisasse
gastar um pouco mais de pergaminho para abordar o assunto. Ainda que não seja o seu caso ou
não aconteça na sua igreja como acontecia com nossos irmãos no passado, considere a gravidade
de se quebrar este princípio da igualdade. Neste texto, Tiago lança mão de alguns argumentos para
estimular os crentes a não fazer diferença entre as pessoas. O primeiro diz respeito à incoerência
da nossa escolha. Já parou para pensar no porque tendemos a escolher o rico em detrimento do
pobre? Embora Deus tenha criado ambos, Ele dá preferência ao pobre por este ser rico em fé,
enquanto o rico confia na instabilidade da sua riqueza. Jesus chocou seus discípulos quando
afirmou que era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no
reino de Deus porque havia naquela época um consenso que o sujeito era rico porque era
abençoado por Deus, enquanto o pobre era desprezado por Ele ou estava debaixo de alguma
maldição. É diferente de hoje? Amamos a riqueza, portanto amamos o rico porque este reflete o
que queremos para nós. Jesus nos deixou um ‘novo mandamento’ que é “Amar o próximo como Ele
nos amou”. Portanto a referência não somos nós ou nossos desejos, mas o amor de Cristo.

O segundo argumento diz respeito a transgredir a Lei. Precisamos compreender que matar, para o
judeu, não significava pôr fim à existência, mas cortar comunhão ou relacionamento. Assim, morte
espiritual é a quebra de relacionamento com Deus, como morte física é a quebra do
relacionamento com o mundo dos viventes. Creio que Tiago utiliza uma metáfora entre a
comunhão e estes dois pecados (adultério e assassinato) para frisar quão grave é a discriminação,
comparável com o segundo.

O terceiro argumento apela para o juízo e a misericórdia. Podemos entender misericórdia em três
níveis:
1. Sentimento ou desejo de ajudar quem sofre ou encontra-se numa posição desprivilegiada;
2. Ato concreto de manifestação deste sentimento (pode ser perdão, clemência,...);
3. Benefício que se presta a um sofredor (através de um auxílio).

A misericórdia de Deus para conosco é plena, ou seja, abrange todos os níveis. Misericórdia
significa que não recebemos aquilo que merecíamos. Além disto, fomos agraciados por Ele. Graça
Devocional em Tiago 20
por Reinaldo Bui

significa que recebemos aquilo que não merecemos. Quando não acudimos o necessitado
simplesmente menosprezando-o, estamos demonstrando claramente falta de misericórdia.
Portanto, Tiago completa, falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade. Se
lembrarmos que na lei da liberdade somos livres para amar e para servir, provavelmente nosso
justo Juiz perguntará: Por que você não amou? Por que não serviu? Por que não usou de
misericórdia como fiz com você, pois tinha toda a liberdade do mundo para fazê-lo? Não, não
seremos condenados por isto, mas profundamente envergonhados diante daquele que é rico em
nos perdoar, sabe todas as coisas e sonda os nossos corações.
Devocional em Tiago 21
por Reinaldo Bui

12- Fé Sem Obras


De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?
Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia, e um de vocês lhe
disser: Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até ficar satisfeito, sem, porém lhe dar nada, de que
adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, estará morta. Mas
alguém dirá: Você tem fé, eu tenho obras. Mostra-me sua fé sem obras e eu lhe mostrarei a minha
fé pelas obras. Você crê que existe um só Deus? Muito bem, até mesmo os demônios crêem - e
tremem (Tg 2.14-19).

Como administrar um possível erro ou discordância dentro da Bíblia? Se cada escritor da Bíblia
desse sua própria ideia, então a credibilidade das Escrituras estaria comprometida. Lutero lutou
contra este trecho da carta (chegando a chamá-la de epístola de palha), pois a igreja católica
defendia por esta passagem a ideia de salvação pelas obras. Aparentemente há um choque com o
que Paulo escreve em Romanos 3.28, onde argumenta que a justificação é exclusivamente por fé.
Digo aparentemente, pois quando entendemos a mensagem de Tiago compreendemos que está
em plena harmonia com a de Paulo. Precisamos entender que o assunto central deste capítulo não
é obras, mas fé, com ou sem obras, e isto fica claro quando lemos os versículos 1, 5, 14, 17, 19, 20 e
22 deste capítulo. Tiago não está questionando outra coisa, se não, tipos de fé. Precisamos lembrar
que os apóstolos estavam familiarizados com (e pregavam!) a doutrina da salvação pela fé. O que é
ela? É a confiança de que podemos nos chegar a Deus somente por ação divina, ou seja, Cristo
pagou nossos pecados, e por crer na suficiência da Sua obra, somos declarados justos. Paulo deixa
isto muito bem claro em Romanos 5.1. O que Tiago questiona em sua carta é: se a fé que você
declara ter não traz implicações na sua vida (v. 14), tem ela poder para salvar? Ele chama esta fé de
“morta” (v. 17 e 26), inoperante (v. 20) e chega a comparar ao mesmo tipo de fé dos demônios (v.
19). Ele não está questionando a salvação pela fé, mas sim a fé estática, sem obras, diferente da fé
genuína que vai muito além de ser de conversa, declaração, etc. Tiago questiona não a fé em si,
mas uma fé específica, e afirma que se não há manifestações na vida, esta já é uma evidência de
uma falsa fé.

A genuína fé leva primeiramente a aceitação por Deus do homem como justo, para depois ir sendo
aperfeiçoado dia a dia. Não fomos salvos pelas obras, mas fomos salvos para andarmos nas obras
que Deus preparou de antemão para nós. Da mesma forma, de nada adiantará vivermos
mergulhados em boas obras (caridade), se não cremos que é Deus quem nos justifica
independentemente das obras. Esta idéia está em pleno acordo com o que Paulo escreve em
Efésios 2.8-10:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras,
para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

Estou cada vez mais convencido de que estamos aqui (neste mundo) para fazer diferença na vida de
outras pessoas. Por isso, precisamos trabalhar enquanto é dia! Lembre-se:
1. Seu testemunho é importantíssimo;
2. Suas ações podem falar mais alto do que imagina.
Devocional em Tiago 22
por Reinaldo Bui

13- Obras da Fé
Insensato! Quer certificar-se de que a fé sem obras é inútil? Não foi Abraão, nosso antepassado,
justificado por obras, quando ofereceu seu filho Isaque sobre o altar? Você pode ver que tanto a fé
como as suas obras estavam atuando juntas, e a fé foi aperfeiçoada pelas obras, cumprindo-se
assim a Escritura que diz: Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça, e ele foi
chamado amigo de Deus. Vejam que uma pessoa é justiçada por obras e não apenas pela fé. Caso
semelhante é o de Raabe, a prostituta: não foi ela justificada pelas obras, quando acolheu os espias
e os fez sair por outro caminho? Assim como o corpo sem espírito está morto, também a fé sem
obras está morta (Tg 2.20-26).

Já vimos as distinções necessárias para entendermos esta passagem, conciliando-a com o apóstolo
Paulo. Tiago não está questionando a salvação pela fé somente, acrescentando obras, mas está
afirmando que a fé genuína repercute em obras, ou seja, as provas de autenticidade da nossa fé
partem de uma verdadeira confissão e se manifestam externamente. Podemos provar esta
realidade nos dois exemplos que Tiago cita: Abraão e Raabe. Ambos declararam através de suas
obras (procedimento não verbal) aquilo que criam. Pode ser que nossas ações estejam tão fora de
sintonia com nossa confissão que faz com que esta se torne nula e vazia, por isso devemos nos
examinar diariamente. Se um diagnóstico médico equivocado pode ser tão prejudicial a nossa
saúde e vida física, quanto mais um diagnóstico errado de nossa fé e conduta? Como podemos
então nos avaliar? Veja por exemplo que Tiago demonstra a importância da bondade e compaixão
por pessoas em sua carta. Ele menciona o socorro aos necessitados (1.27), e fala do tratamento
igual que devemos ter independentemente da condição social, financeira, e isto vale para étnica,
intelectual e cultural (2.1-13). São coisas simples, mas estas pequenas coisas revelam grandes
verdades. Este espírito solidário e bondoso com os demais é coerente com o caráter de Deus (2.5).
Suponha que haja na sua igreja alguns irmãos passando necessidade de alimento e roupa. O que
você faz? É possível que você nem queira saber para não correr o risco de ter que ajudar. Então
preste atenção ao que Provérbios 29.7 diz: o justo se informa da causa dos pobres, mas o perverso
de nada disso quer saber. Só o não querer se informar da necessidade alheia já é uma atitude
egoísta e mesquinha, tachada como perversa pelas Escrituras. Pode ser ainda que você queira
demonstrar um pouco mais de compaixão com o irmão e diga: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos,
sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo... qual é o proveito disso? (v.16). Tiago questiona a
validade desta atitude hipócrita! Há ainda os mais espirituais que levantam um grande clamor ao
Senhor em prol da necessidade que nosso próximo se encontra, sem considerar o pecado de jogar
sobre os ombros de Deus uma responsabilidade que é nossa. O apóstolo João escreve em sua
primeira carta:

Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos
irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e
fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de
palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade (1Jo 3.16-18).

Repare que gastamos tanto tempo medindo nossas emoções na frente da televisão nas novelas e
dramas fictícios e não nos sensibilizamos com as necessidades do nosso vizinho, parentes e irmãos.
Viva a realidade e não auto-centrado em um mundo de ficção e fantasia. A indústria do
Devocional em Tiago 23
por Reinaldo Bui

entretenimento lucra à medida que o mundo padece. Precisamos sair do casulo egocêntrico, virtual
e fantasioso e encarar a realidade da vida à nossa volta, expressando a bondade de Deus em ações
concretas. Pense: o que Deus quer de você? Identifique um ponto em sua vida que você está
objetivamente ignorando ou desobedecendo a Deus. Faça como Abraão: Coloque no altar aquilo
que você possui de mais valioso. Além disto, identifique um necessitado acerca de quem você possa
se informar e estabeleça uma forma possível de você ajudá-lo. Faça a diferença.
Devocional em Tiago 24
por Reinaldo Bui

14- Tropeçar na Língua


Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos,
seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça
no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (Tg 3.1-2).

Lembre-se que esta carta está apresentando testes comprobatórios da verdadeira fé. No capitulo
um Tiago nos ensina que o verdadeiro cristão suporta o sofrimento, luta para vencer as tentações,
deseja a Palavra e é obediente. No capítulo dois nos mostra que não devemos discriminar ninguém,
mas ser compassivo. Agora, no capitulo três, passa a desenvolver o que talvez seja o principal
assunto desta carta, pois em todos os capítulos ele fala deste assunto: o uso da nossa língua. Em
1.19 já havia dito para sermos prontos para ouvir e tardio para falar (talvez por isso nascemos com
dois ouvidos e uma boca, dizem, para ouvirmos mais do que falamos), e no versículo 26 do mesmo
capitulo diz que religiosidade sem o controle da língua é igual a nada.

Aqui, Tiago demonstra que a língua é estratégica e perigosa, pelo fato de estar colocada em um
lugar tão molhado e, por conseguinte escorregadio. Cuidado! O assunto é tão sério que Deus a
posicionou atrás dos dentes como numa prisão. Como seria bom se consagrássemos não apenas
nossa língua, mas também nossos dentes para mordê-la quando fosse preciso. Imagine que
verdadeira bênção seria. O primeiro pecado após a queda envolveu um tropeço do falar (Gn 3.12),
e a partir daí vemos a expressão da perversidade humana cada vez mais acentuada e perpetuada
neste mal (Rm 3.10-14). Nenhum de nós foge desta condenação, esta é a realidade de todos. Note
que Tiago escreve no v.2: todos nós tropeçamos. Assim, encontramos pessoas que mentem,
justificam seus erros com falsidade, dão versões inadequadas às situações para se beneficiar,
zombam do próximo para se mostrar mais engraçadas, passam a vida a “espalhar” notícias sobre a
vida alheia (por mais verdadeiras que sejam) com a intenção de denegrir a imagem do outro, e
assim por diante. Estas são apenas algumas proezas que nossa língua é capaz de produzir. A língua
permite pecar especificamente. Você pode ser violento ou agressivo contra alguma pessoa.
Assassinar alguém, desde que tenha uma arma e uma vítima. Cometer adultério desde que tenha
alguém e certas condições. A língua não depende de nada disto. A pessoa não precisa nem estar
presente e você é capaz de destruí-la, sem que ela sequer possa se defender. Além disto, não há
limite de idade para este mal. Uma pessoa violenta com o tempo perde suas forças e deixa de ser,
assim também acontece com a pessoa promíscua. Mas com a língua é diferente: pode ser uma
velhinha fraquinha, toda arcada e enrugada, mas se sua língua estiver funcionando...

A nossa conversão não muda a nossa conduta imediata e totalmente. Como uma criança que nasce,
embora tenha a natureza de seus pais, semelhança, etc, ela precisará de tempo para que tenha as
marcas presentes. Ao aceitarmos a Cristo, sua Palavra foi implantada, e nova vida surgiu, sem que a
outra fosse totalmente destruída. Paulo diz que o querer do bem está nós, sem poder efetuá-lo.
Não acredite que um crente não peca mais (leia 1Jo 1.8,10). Todos tropeçamos (v.2), e o primeiro
passo para a correção é reconhecer. Temos escolhas a fazer no dia a dia e devemos ser
aperfeiçoados. Não é possível viver verdadeira espiritualidade sem que haja controle da língua, ser
espiritual, religioso, carola, sem que haja mudança no falar. A língua é a expressão mais direta do
coração, ela reflete o que há no nosso interior. O Senhor Jesus conhece a natureza humana:
Devocional em Tiago 25
por Reinaldo Bui

Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em
lugar escuso? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do
coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos,
blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem... (Mt 15.17-19)

Não podemos ser negligentes considerando o que falamos como menos importante. A quem nós
queremos enganar? O domínio da língua indica a nossa própria maturidade.
Devocional em Tiago 26
por Reinaldo Bui

15- Domar a Língua


Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que eles nos obedeçam, podemos controlar o
animal todo. Tomem também como exemplo os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por
fortes ventos, são dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto.
Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas.
Vejam como um grande bosque é incendiado por uma pequena fagulha. Assim também, a língua é
um fogo; é um mundo de iniqüidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a
pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.
Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar domam-se e é domada pela espécie
humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. Ela é um mal incontrolável, cheio de veneno
mortífero (Tg 3.3-8).

A conversão verdadeira traz transformação no caráter e no uso da língua. Este é um assunto tão
crítico e estratégico que Tiago diz que quem refreia a língua é capaz de refrear todo o corpo. Para
ilustrar isto ele utiliza duas figuras: o freio na boca dos cavalos e o leme de um navio. Quando o
homem controla estas pequenas coisas ele controla, nestes casos, todo o animal e/ou o navio.
Assim é com a nossa língua. Se a controlarmos, estaremos traçando o destino de todo nosso ser. A
língua representa você, o que você é, o que você pensa, o que se passa dentro do seu coração. Por
ser estratégica, pode afetar positivamente toda a vida, e você só tem a ganhar com seu controle:
evita conflitos, constrangimentos, pedidos de perdão, etc. Mas além destas, Tiago utiliza outra
figura para ilustrar o estrago que o mau uso da língua pode causar: uma centelha ou uma pequena
faísca. Quem já teve a experiência de apagar um incêndio no mato sabe o estrago que aquelas
pequenas fagulhas causam. Elas são levadas pelo vento a um local um pouco adiante e ali se inicia
um novo foco de incêndio. Nossa língua tem o mesmo poder destrutivo, demonstrando assim seu
caráter mundano. Note o que Provérbios diz: 18.21; 13.3; 11.9, 11

 A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.
 O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se
arruína.
 O ímpio, com a boca, destrói o próximo, mas os justos são libertados pelo conhecimento.
 Pela bênção que os retos suscitam, a cidade se exalta, mas pela boca dos perversos é
derribada.
Devocional em Tiago 27
por Reinaldo Bui

Colocada entre a mente e o coração, quando damos liberdade a nossa língua para praticar sua
corrupção inerente estamos em cumplicidade com Satanás, com as atividades deste mundo e
sofreremos as consequências. Deste modo, nada se compara a seu poder destrutivo, é mundana,
satânica, afeta todo o ser e a todos os seres por todo o tempo. Um comentário negativo sobre
alguma pessoa pode destruí-la e também toda sua geração! Um escritor chamado Morgan Blake
escreveu o seguinte sobre este assunto:

“Sou mais mortal do que um ruidoso projétil de morteiro. Venço sem matar. Levo lares ao choro,
quebro corações e destruo vidas. Viajo nas asas do vento. Nenhuma inocência é forte o suficiente
para intimidar-me, nenhuma pureza é pura o suficiente para atemorizar-me. Não tenho
consideração pela verdade, nem tenho respeito pela justiça, nem sou bondoso com os indefesos.
Minhas vítimas são numerosas como as areias do mar e comumente são inocentes. Eu nunca
esqueço e raramente perdôo. Meu nome é fofoca.”

Queridos, não podemos ficar indiferentes diante deste veneno mortífero que potencialmente
carregamos dentro de nós. Somos capazes de dominar toda espécie de animais ferozes, mas não
conseguimos refrear a nossa língua? É aqui que precisamos parar de tentar agir com nossas
próprias forças (que força?) e entregar nossos corpos (incluindo a língua) como um sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus. Uma fé verdadeira e consciente apresenta também este tipo de
testemunho: era fofoqueira, passou a falar só do bem que pode ser falado; era ofensivo, mas se
tornou dócil e terno; era murmurador e passou a dar graças a todas as coisas.
Devocional em Tiago 28
por Reinaldo Bui

16- Língua Doce ou Amarga


Com a língua, bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à
semelhança de Deus. Da mesma boca procedem benção e maldição. Meus irmãos, isso não pode ser
assim. Acaso pode de uma mesma fonte sair água doce e água amarga? Meus irmãos, pode uma
figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? Da mesma forma, uma fonte de água salgada não
pode produzir água doce (Tg 3.9-12).

Desculpe-me se estou parecendo repetitivo, mas é que este assunto ainda não se esgotou. Ok, se
você julga estar livre deste mal, está dispensado da devocional de hoje. Apenas ore por nós, para
que também alcancemos a perfeição! Mas para aqueles que sabem que ainda precisam melhorar
“um pouquinho,” aí vão mais algumas instruções do Senhor (através de Sua palavra).

A transformação do nosso caráter cristão se dá em vários níveis da vida. Há quem lute contra
imoralidade, outros contra ganância, pessimismo, preocupação e assim por diante. Aqueles que
assim o fazem já detectaram suas fraquezas e preocupam-se em agradar a Deus. Estas lutas são
constantes na vida de um crente fiel e aqui, no capítulo 3, Tiago tem nos mostrado uma área que
todos nós precisamos vigiar, pois facilmente podemos estar enganados. Em se tratando do nosso
linguajar, geralmente pensamos num sistema de crédito e débito. Achamos que bendizer a Deus e
amaldiçoar o homem pode oferecer algum equilíbrio. Explico: se falamos dez coisas boas e uma
abobrinha, cremos que ainda temos um saldo positivo de nove frases completas para compensar.
Assim, se falo mal de minha sogra, de um colega, reclamo do vizinho, do chefe ou do professor, mas
no domingo vou à igreja adorar e cultuar a Deus, então está tudo bem. Não se engane, não há este
equilíbrio. Tiago questiona: acaso pode de uma mesma fonte sair água doce e água amarga? Meus
irmãos, pode uma figueira produzir azeitonas ou uma videira, figos? A resposta é óbvia. De uma
árvore de figos, esperam-se figos, não azeitonas. De uma videira, uvas, não figos. Inversão não é o
desejado. Da mesma forma, de uma fonte só pode sair um tipo de água. Se uma fonte de água suja
encontra uma de água limpa, esta fica completamente contaminada e compromete sua qualidade.
Você beberia desta fonte? Tampouco Deus aceitaria “beber desta água”. Portanto, aquele
comentário queixoso, aquela ofensa, xingamento, expressões de desejo e prazer no sofrimento do
outro (bem feito...) definitivamente não devem fazer parte do nosso falar diário, pois não é este o
esperado. Amaldiçoar destrói o bendizer. Embora muitas vezes não notamos nossa conduta,
devemos estar conscientes que todos a nossa volta percebem (pais, irmãos, colegas, vizinhos) e
Deus também percebe. Tiago tinha um exemplo muito sério neste particular. Ele havia convivido 30
anos com o irmão, Jesus, que jamais cometeu nenhum erro de fala em casa no relacionamento com
os pais e com os irmãos, ou na rua com os amigos durante toda sua infância e adolescência, e
mesmo no auge de seu sofrimento sequer ofendeu seus ofensores. Este deve ser o nosso exemplo
de vida. Posteriormente, o apóstolo Pedro, que também conviveu com Ele, testemunhou:

Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar,
deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum
se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado,
não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente... 1Pe 2.21-23
Devocional em Tiago 29
por Reinaldo Bui

É em Jesus que devemos nos espelhar. Conversão precisa alcançar nosso falar, levar-nos à
maturidade, credenciar-nos ao repassar a Palavra a outros. Não se pode ser indiferente a este
assunto. Está entre Deus e o Diabo. Não dá para desprezar, é profundamente contagiosa, mas o
propósito de Deus para nossa vida depende do controle da nossa língua. Não podemos esquecer do
juízo: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do
Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado (Mt
12.36-37).
Devocional em Tiago 30
por Reinaldo Bui

17- Sabedoria Vs. Sabedoria


Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento,
mediante obras feitas com a humildade que provém da sabedoria. Mas, se vocês abrigam no
coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Esta
“sabedoria” não vem do céu, mas é terrena, não é espiritual e é demoníaca. Pois onde há inveja e
ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males. Mas a sabedoria que vem do alto é antes
de tudo pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos,
imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores (Tg 3.13-18).

Após breve exortação sobre os cuidados com o nosso linguajar, Tiago passa explorar um pouco
mais a questão da comunicação ampliando nossa visão sobre o testemunho diário que damos
através do nosso comportamento. Comunicação não é exclusividade da língua. Comunicamos
muito através do nosso proceder. Aliás, mesmo que não abrirmos nossa boca para testemunhar,
nossas atitudes falarão por si, e em muitos casos elas serão o único testemunho que as pessoas
enxergarão em nós. Sempre há mais de uma maneira de lidar com as situações diversas da vida, e a
maneira que escolhermos definirá nosso comportamento. Tiago chama estas escolhas de
“sabedoria,” distinguindo-as entre sabedoria do alto e sabedoria terrena. Uma se contrapõe à
outra. Em se tratando da sabedoria terrena, somos exortados por nos gloriarmos de abrigar no
coração inveja amarga e ambição egoísta! Como alguém pode se gloriar disto?

Observando mais de perto, as palavras traduzidas do grego por inveja amarga dão a ideia de um
zelo doentio por alguma coisa ou pessoa, ciúme, rivalidade invejosa e contenciosa. Já a palavra
traduzida por ambição egoísta denota a ideia de autopromoção, soberba, desejo de colocar-se
acima. É aquele espírito partidário e faccioso que utiliza a astúcia para alcançar seus fins. Podemos
identificar dentro da igreja este tipo de comportamento? Há aqueles que se vangloriam de suas
posições galgadas através da politicagem eclesiástica. Será que esta é a vontade de Deus para sua
Igreja? Tiago chama esta sabedoria de terrena, carnal e demoníaca. Em contrapartida o modelo
alternativo, que nós devemos adotar, é a sabedoria que...

1. Vem do alto: Não é uma ideia de Tiago, esta sabedoria vem do Senhor.
2. Pura: Puro vem da mesma palavra para santo e é condição para ver a Deus (Mateus 5.8).
3. Pacífica: Sabedoria verdadeira não produz conflito por razões egoístas, mas paz em
humildade. Pacificadores serão chamados filhos de Deus (Hebreus 12.14).
4. Indulgente ou amável: Demonstra um comportamento moderado, cortês, gentil, tolerante,
até sob abusos, maus tratos e perseguição, sem ódio ou malícia, mas confiando-se a Deus
(2Tm 2.24).
5. Tratável ou compreensiva: Ensina-nos a viver sem rancor e disputa, mas sim sermos
ensináveis, sujeitos à disciplina e que age conforme orientações. Isto é ser humilde de
espírito.
6. Plena de misericórdia: Compaixão deve ser uma característica marcante em nós.
7. Cheia de bons frutos: Só posso pensar no Fruto do Espírito descrito em Gl 5.22-23.
8. Imparcial. Não abriga uma mentalidade partidarista, sem favoritismo.
9. Sem hipocrisia. Este era um dos pecados mais condenados por Jesus. Falsidade e hipocrisia
era uma característica marcante nos fariseus.
Devocional em Tiago 31
por Reinaldo Bui

Se colocarmos as sabedorias lado a lado, vamos encontrar pontos a favor e contra. Por qual se
decidir? Cultivando a “sabedoria humana” você conquista poder, vitória, proteção, mas colhe
também culpa, ofensas, tristeza, rompimento, separação, mágoa. Andando segundo a Sabedoria do
Alto pode ser que você leve uma vida sem muito reconhecimento, prestígio ou privilégios; mas em
compensação uma vida sem brigas, ameaças, ofensas, ressentimentos, separação, uma vida
pacifica, restauradora, que edifica o próximo e comunica amor. Quem é que ganha? Ganha quem
por mais que esteja com a razão, não está preocupado em preservar seus direitos, opiniões,
espaço... Ganha quem deseja profundamente ser manso, pacificador, cortês, ouvinte, tratável,
misericordioso, imparcial, preocupado apenas com a causa do Senhor. Sabedoria do alto se
demonstra através do nosso bom procedimento. O bom procedimento é demonstrado através das
boas obras, mesmo nas pequenas coisas do nosso cotidiano. Boas obras são marcadas pela
humildade. Humildade é característica de quem é sábio.
Devocional em Tiago 32
por Reinaldo Bui

18- Guerra ou Resistência


De onde vem as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam
dentro de vocês? Vocês cobiçam e não alcançam; matam e invejam, mas não conseguem obter o
que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não tem, porque não pedem, não recebem, pois
pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. Adúlteros, vocês não sabem que a
amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de
Deus. Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós
tem intensos ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a escritura: Deus se opõe aos
orgulhosos, mas concede graça aos humildes. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e
ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Limpem as mãos,
pecadores, e purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. Entristeçam-se, lamentem e
chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os
exaltará (Tg 4.1-10).

Adúlteros? Será que Tiago não está pegando pesado demais? Temo que não, pois flertar com o
pecado é adultério. Só que ele não está tratando de infidelidade em termos sexuais, mas
espirituais. De uma maneira geral, podemos definir adultério como um ato de infidelidade no
contexto de um pacto de amor – como o que temos com Jesus. Esta era uma expressão comum no
AT e um perigo constante em nossas vidas, portanto é bom que estejamos atentos às marcas que
caracterizam o adultério espiritual.

Primeiramente, conheça a verdadeira raiz deste mal, pois é sempre a mesma: egolatria (auto-
suficiência, auto-glorificação, auto-satisfação, auto-justiça, auto-defesa, etc.). Radicalmente o
adultério tem em vista a não satisfação do Senhor com quem temos um pacto, mas do EU mesmo.
Por isso Tiago escreve: Vocês... pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres. O que
ele diz não é nenhuma novidade: nossos pedidos são sempre voltados para nossos desejos.
Desfrutar da salvação que há em Cristo e se conduzir por motivações egoístas deste mundo, com
ele flertando é adultério espiritual. A amizade com o mundo é inimizade com Deus, pois este flerte
envolve amor emocional, intimidade, compartilhamento de interesses, objetivos e obediência a um
ou a outro. Não há como conciliar o servir a Deus e a mim mesmo conforme os padrões do mundo.

É necessário também, perceber como este tipo de adultério se manifesta: ... guerras e contendas...
entre vocês... paixões que guerreiam dentro de vocês... cobiçam... matam e invejam... vivem a lutar
e a fazer guerras... pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres... amizade com do
mundo.

Será que é mesmo assim? Quantas vezes somos tomados por um espírito faccioso diante de uma
opinião adversa? Detestamos perder uma discussão, por mais boba que seja. Odiamos ter que
pedir perdão. Abominamos a ideia de sequer admitir que estamos errados. Pode parecer bobagem,
mas as consequências disto tudo são catastróficas! No âmbito social colhemos guerras, contendas e
confusão; no âmbito pessoal culpa e frustração por não alcançar, não receber ou não obter o que
desejamos; e, principalmente, o nosso relacionamento com Deus fica comprometido. Como
reverter esta situação? O mais importante é entender que é só pela graça. O texto diz que Deus
“nos concede graça maior!” A base do nosso relacionamento com Deus é sempre sua graça
Devocional em Tiago 33
por Reinaldo Bui

ilimitada. Paulo também tocou neste assunto quando escreveu: ... onde abundou o pecado,
superabundou a graça! (Rm 5.20). Mas Tiago mostra também uma serie de ações que precisamos
desenvolver para combater este mal: ...submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de
vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Limpem as mãos, pecadores, e
purifiquem o coração, vocês que têm a mente dividida. Entristeçam-se, lamentem e chorem.
Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os
exaltará.

Humildade é a condição para Deus trabalhar, para desfrutar de tudo o que Ele quer lhe dar. A
verdadeira humildade consiste em estabelecer uma relação de submissão a Deus, resistência ao
Diabo e aos nossos próprios desejos egoístas. Viver em comunhão com Deus se dá através da
Palavra, oração e adoração. Quando sua razão de viver for a exaltação, a honra e a satisfação do
Senhor, Ele cuidará de você.
Devocional em Tiago 34
por Reinaldo Bui

19- Língua de Trapo


Irmãos, não falem mal uns dos outros. Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala
contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei não a está cumprindo, mas está se colocando como
juiz. Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar
o seu próximo? (Tg 4.11-12)

Na Idade Média os monges classificaram os pecados em sete fundamentais (capitais) que são:
Orgulho, Inveja, Glutonaria, Lascívia, Ira, Ganância e Preguiça. É interessante notar que não consta
desta lista a Maledicência, e se esta lista fosse elaborada nos dias de hoje, creio que também não
entraria. Quer saber por quê? Porque sua popularidade e aceitação social são imensas. Porém o
fato da maledicência ser aceita socialmente, não a torna aprovada por Deus. Pense nos “sete
pecados” alistados por Deus em Provérbios 6.16-19. A maledicência tem a capacidade de destruir
pessoas e relacionamentos.

Tiago, retomando o assunto, sugere um exame mais apurado de nossa atitude diante deste tema
tão grave. Facilmente caímos neste pecado por não atentarmos em quão equivocada está nossa
visão em relação aos outros, em relação à Lei, em relação a Deus e em relação a nós mesmos.
Nestas três linhas acima descritas, podemos perceber a gravidade da nossa atitude ao não
considerar que o próximo (seja nosso irmão ou não) é alguém criado por Deus e alvo de Seu amor.

Em segundo lugar, podemos também perceber o quanto falhamos ao julgar ou “passar por cima”
da Lei. Falar mal ou julgar não é só falta de afeto, mas é agir contra a Lei e estar em desacordo com
ela. Lei esta que protege o próximo e irmão, que não somente protege de males como lhe garante
privilégios. Uma conduta diferente desta é não aceitar a Lei como autoridade, considerando a nossa
perspectiva superior.

Em terceiro, erramos feio também por não considerarmos a pessoa e a vontade de Deus. Tiago diz
que Deus é Legislador, ou seja, é Ele quem estabelece o que é certo e o que é errado. Isto não é
capricho, é a verdade e o Seu caráter. Tiago diz também que Deus é Juiz. Isto significa que todos
nós nos apresentaremos diante dele para prestar contas. Por acaso você acha que pode ocupar o
lugar de Deus (como Legislador e Juiz)? Além do mais saiba que estamos constantemente diante
dele, que vê o íntimo dos nossos corações, nossas ações e nossas motivações. Quer falar alguma
coisa de alguém? Fale diante daquele que sonda nossas mentes e corações! Por último, não
percebemos o quanto estamos equivocados a respeito de nós mesmos.

Ao comentar sobre a vida alheia, estamos nos colocando acima do próximo, acima da Lei e acima
de Deus... Colocamo-nos numa posição de superioridade, coincidentemente o motivo da queda de
Satanás. Cabe-nos a pergunta: Mas quem é você para julgar o seu próximo? Mais do que nunca,
precisamos cultivar a humildade. Humildade inclui se ver como uma criatura de Deus, como
qualquer um. Se ver como amado por Deus assim como todos são. Se ver como chamado para
servir a Deus e fazer sua vontade. Quem é você para julgar o seu próximo? Ignorar o que Deus fala
sobre julgar e falar de outros é arrogância. Julgar e condenar é se colocar em posição de
superioridade. Humildade inclui se colocar sob a autoridade do Pai, ao invés de se auto-exaltar
através do rebaixamento de outros. Quem é você para julgar o seu próximo?
Devocional em Tiago 35
por Reinaldo Bui

Falar mal é falar palavras ásperas acerca de outro, sejam verdadeiras ou não. Difamar e denegrir o
próximo quebra o princípio do amor devido. Ao tomar conhecimento da falha de alguém, ao invés
de falar mal, procure socorrer ou auxiliar a pessoa. Qualquer coisa que fizermos fora disso é falta de
amor.
Devocional em Tiago 36
por Reinaldo Bui

20- Estrada Para o Futuro


Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos
um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá
amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois
se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, não só viveremos como também
faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas arrogantes pretensões. Toda
vanglória como essa é maligna. Portanto, quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete
pecado (Tg 4.13-17).

Entramos em 2010 recentemente e é bem natural que cada um de nós tenha tomado decisões,
feito planos ou pelo menos renovado intenções. Alguns decidiram emagrecer, outros ler a Bíblia em
um ano, estudar, casar, etc. Todos temos ambições, planos de futuro, o que é muito natural. Mas se
lermos esta passagem superficialmente, é possível que cheguemos a dois mal entendidos. O
primeiro é: devemos planejar o futuro? Parece que os versos 13 e 14 sugerem o contrário. A
resposta é sim, devemos. Lembre-se que o Senhor Jesus tratou deste assunto em Lucas 14.28-31 e
Mateus 6.25. O segundo mal entendido nos leva a pensar: então devemos planejar, mas temos que
repetir as palavras conforme descrito no v.15, como se fosse um talismã ou fetiche cristão. A
resposta é não. Não se trata disto. Esta passagem dá continuidade ao que se iniciou em 3.13.
Sabedoria deve ser demonstrada por um procedimento humilde; e humildade deve ser
demonstrada em todo nosso viver (leia 4.6, 7, 10). No entanto, o v.16 fala de uma atitude oposta:
Agora, porém, vocês se vangloriam das suas arrogantes pretensões.

Esta tônica negativa mostra que planejamento futuro não é uma área que deva ser excluída de uma
vida conforme a vontade de Deus. Podemos projetar nosso futuro conforme a sabedoria humana,
isto é, em busca exclusiva da nossa própria glória e interesse, ou manifestar em nosso
planejamento a visão de honrar a Deus em primeiro lugar. Há uma diferença significativa entre
estas duas perspectivas! Portanto, alguns detalhes devem ser considerados em um planejamento
sadio, prudente e humilde. Há um adágio popular que diz: "O futuro pertence a Deus." Embora seja
verdadeiro, não significa que não temos nada a fazer. Planejar é compatível com a fé que
professamos. Neemias foi alguém que viveu bem próximo de Deus e fez seu planejamento para
atingir um alvo. Ele queria reconstruir a cidade de Jerusalém. Orou e planejou como tratar a
questão, levantar recursos, convencer autoridades, estudar a situação, estabelecer ações para
atingir seu alvo. Planejamento deve considerar a situação, tendências, sonhos, objetivos, recursos,
obstáculos, etc. Quanto mais se conhecer a situação e o alvo que se quer atingir, melhor. Mas
lembre-se que devemos planejar cônscios de nossa fragilidade pessoal.

Tiago diz: Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Por acaso você está
vivendo como se fosse estar aqui para sempre? Estamos de passagem, e não sabemos por quanto
tempo. A definição que ele usa é que somos como a neblina (um vapor), que aparece e logo se
dissipa. Não saber o que se passará e o que nos acontecerá amanhã deve nos dar humildade diante
do futuro. Tenha bem claro em sua mente que sua vida depende de Deus. Ele é quem a dá e quem
a tira. Se nossa vida está literalmente nas mãos de Deus, devemos estar submissos à Sua vontade,
pois uma postura indiferente a Ele é classificada por arrogância no v.16. Devemos planejar o futuro,
Devocional em Tiago 37
por Reinaldo Bui

cônscios de nossa fragilidade e submissos à vontade de Deus. O verdadeiro servo busca conhecer e
fazer a vontade do Senhor. Paulo escreveu em Efésios 5.15-17:

Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o
tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai
compreender qual a vontade do Senhor.

Existe uma série de princípios nas Escrituras como este que, se praticados, só temos a ganhar. Se
não fizermos com esta atitude, estaremos pecando: Portanto, quem sabe que deve fazer o bem e
não o faz, comete pecado. Lembre-se que suas pretensões falam do verdadeiro Senhor de sua vida.
Devocional em Tiago 38
por Reinaldo Bui

21- Dinheiro para Maldição


Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão. As
vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça; o vosso ouro e a vossa
prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e
há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias. Eis que o
salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está
clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Tendes
vivido regaladamente sobre a terra; tendes vivido nos prazeres; tendes engordado o vosso coração,
em dia de matança; tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência (Tg 5.1-6).

Entramos no capítulo cinco. A esta altura, é bom lembrar que há uma verdade central que permeia
toda esta epístola: Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos
a vós mesmos (1.22). Ao longo da carta, Tiago insiste na ideia que conhecimento deve ser
transformado em procedimento humilde, como escreve: quem entre vós é sábio e inteligente?
Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras (3.13). Esta
exortação deve ser aplicada em todas as áreas da nossa existência, seja no relacionamento com o
mundo ou com os irmãos, seja no nosso linguajar, nosso planejamento, e assim por diante. Tiago
agora passa a abordar outro tema crucial à nossa vida: a questão econômica. É tolice agirmos tão
autoconfiantes na forma como administramos nosso dinheiro classificando este assunto como
menos espiritual. Dinheiro é um tema amplamente tratado nas Escrituras.

Lendo esta passagem, pode ser que você diga: ‘Ainda bem que eu não sou rico, isto não é comigo!’
Será que não? Como podemos classificar quem são os ricos aqui? Talvez você não tenha tanto
dinheiro quanto gostaria de ter. Ou talvez não seja tão rico quanto o Silvio Santos... Mas pense que
assim como existem homens muito mais ricos do que ele, existem também muito mais pobres que
você. Dependendo da perspectiva, você é rico sim, então esta palavra é para você. Não há nada de
errado em ser rico, e não é contra isso que esta passagem trata, mas há uma linha tênue quando se
trata de finanças, pois elas revelam muito sobre o nosso coração: nossa atitude com finanças rege
nosso coração, ou seja, nossa atitude com o dinheiro tem poder de desqualificar nossa fé em Deus.
Em Mateus 6.19-21, 24 Jesus fala da impossibilidade de servir a Deus e às riquezas. Mas, na prática,
quando é que servimos o dinheiro antes de Deus? Podemos ver nesta passagem que Tiago mostra
três pecados relativos a finanças que nos colocam sob o juízo de Deus.

O primeiro é o pecado da remuneração injusta.


Alguns crentes tinham trabalhadores em seus campos e estavam retendo parte do seu salário para
obter mais lucro. Trazendo para a nossa realidade, equivale a pagar um salário menor para um
trabalhador (talvez a faxineira da sua casa) explorando-o por conta da sua necessidade, ou até
deixar de registrá-lo e pagar seus encargos sociais ‘para não ficar muito caro.’ Saiba que o clamor
deste trabalhador chegará diante do Senhor e é Ele quem pleiteará esta causa. Todo ganho deve
ser honesto, e deve ser pago todo débito honesto.

O segundo pecado é o do consumismo.


Assim como os crentes daquela época, há hoje os que vivem regaladamente, utilizando seus
recursos apenas para sustentar seu conforto e bem estar. Pode ter certeza que qualquer um aqui
Devocional em Tiago 39
por Reinaldo Bui

tem uma lista pronta daquilo que compraria para si caso ganhasse uma grana extra! Ao invés disto,
devemos ser condescendentes e generosos com o Senhor e não conosco mesmo. Nossa vida
pertence a Ele. Opulência, auto-indulgência e consumismo revelam melhor que tudo a quem a
pessoa ama e serve.

Terceiro pecado, o acúmulo de riquezas.


Ao contrário do que prega a teologia da prosperidade tão difundida e aceita nas igrejas hoje em dia,
Tiago mostra que este acúmulo (bênçãos para alguns) se corrompe e uma vez corrompido, de nada
vale. O dinheiro que Deus põe em nossas mãos tem um propósito, que não é nossa ostentação!
Nossa preocupação, acima de tudo, deve ser com a expansão do Reino de Deus. Somos agentes de
Deus a quem Deus confere seus recursos para administrarmos não como donos, mas mordomos.
Devocional em Tiago 40
por Reinaldo Bui

22- Integridade e Perseverança


Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o
precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e
fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos
outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas. Irmãos, tomai por modelo no
sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por
felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe
deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo. Acima de tudo, porém, meus
irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso
sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo (Tg 5.7-12).

Voltamos a tocar no assunto do início da carta: perseverança. Tiago utiliza este estilo repetitivo
porque era próprio da literatura hebraica e, além do mais, estimular o fortalecimento na fé era um
dos principais motivos desta carta. Os cristãos estavam sofrendo por fatores externos (perseguição)
e internos na igreja (atitudes, injustiças...). Para encorajá-los a lutar e não desistir, o autor cita dois
exemplos: sofrimento e paciência dos profetas, e a perseverança de Jó (digo isto porque a palavra
usada para se referir ao comportamento de Jó foi hupomeno, que significa ficar em baixo,
perseverar).

Quando lemos as narrativas dos profetas do AT ficamos admirados com suas atitudes e imaginamos
que se Deus nos colocasse em uma situação semelhante a que eles viveram nos comportaremos do
mesmo jeito. Os profetas tiveram um ministério significativo, mas não foram isentos de aflições.
Muitos padeceram (v.10) por falarem em nome do Senhor. Sofrimento faz parte do ferramental de
Deus para produzir em nós paciência e perseverança. Jó aguentou um bocado o sofrimento que
Deus permitiu que passasse. Será que reagiríamos igual a ele se enfrentássemos as mesmas
provações? Tiago encoraja: sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração. Para
compreender melhor este conselho: paciência (makrothumeo) significa suportar as ofensas e
injúrias de outros, perseverar bravamente ao sofrer infortúnios e aborrecimentos sem perder o
ânimo; e quando diz para fortalecer o coração significa ter determinação, resolução, ser estável,
consistente; diferentemente do ‘coração gordo’ (5.5) e do ‘ânimo dobre’ (1.8; 4.8). A perseverança
nasce no solo de um coração totalmente consagrado. Mas paciência demonstra-se em ações, e há
mais um assunto que Tiago torna a tratar... Falou em todos os capítulos, não ficaria de fora deste:
língua!

A língua sempre aparece como uma vilã capaz de nos desviar do plano de Deus e neste caso não é
diferente. Portanto, diante do sofrimento não se queixe, como costumeiramente fazemos: não
aguento mais meu chefe; minha professora é uma droga; aquele cara é um mala; este pastor só
enrola; minha mãe não larga do meu pé... não me deixa fazer nada do que eu quero; etc. Queixas,
críticas, recriminações, julgamentos, fofocas são incompatíveis com a paciência que Deus quer
trabalhar em nós.

A segunda exortação é não jurar. Impaciência sempre é manifestada em murmurações, promessas


precipitadas e juramentos apressados que normalmente irão se quebrar adiante. O apóstolo queria
não somente evitar estes pecados como também ensinar a sermos íntegros em nossas palavras:
seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo. Lembre-se, prestaremos conta
Devocional em Tiago 41
por Reinaldo Bui

de cada palavra frívola que sair da nossa boca. Se por um lado não devemos nos deixar levar pela
vida confortável e prazerosa que o mundo possa oferecer, também não podemos nos deixar abater
pelas dores que a vida traz como trouxeram aos profetas do passado. Sejam o prazer e o sofrer
superados e vencidos pela esperança inabalável de se encontrar com o Senhor, que negou-se a Si
mesmo, e por você veio a morrer e ressuscitar.

Não se deixe iludir pela proposta de que o bom de hoje é melhor do que o incerto e distante
amanhã. O amoroso e poderoso Deus garante guardar em segurança o tesouro maior, de viver com
Ele em honra, intimidade e glória por toda a eternidade. Não se deixe dominar pela diminuta
atitude de reclamar, recriminar, se queixar e fazer votos e juramentos vãos, esquecendo-se do
desafio de ser paciente e perseverante. Firme em seu coração a determinação de viver, amar, servir
e agradar somente a quem é digno, na esperança e certeza de um dia ouvir soar: "Vem filho amado,
quero em ti me aprazer." E com esta certeza prometida, dedicar momento e lugar, força e talento,
mente e coração, à obra que Deus quer realizar, em e através de sua vida que ele diz e manifesta
amar.
Devocional em Tiago 42
por Reinaldo Bui

23- Oração e Restauração


Está alguém entre vocês sofrendo? Ore. Está alguém feliz? Cante louvores. Há alguém doente entre
vocês? Chame os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele o unjam com azeite, em nome
do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido
pecados, será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos
outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós.
Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e
meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos. Meus irmãos, se
algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, lembrem-se disso: Quem
converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e cobrirá uma multidão
de pecados (Tg 5.13-20).

Chegamos ao fim. Mas não sem problemas, pois esta passagem reúne uma série de históricos mal-
entendidos teológicos. Foi nestes versículos que a Igreja Católica baseou-se para instituir o
sacramento da extrema-unção. Já no sec. III, havia o costume de ungir enfermos consagrando-os
por um bispo. No séc. X a importância deste ato cresceu tanto que decidiu-se que seria feita
exclusivamente por um sacerdote católico. No séc. XII surgiu a ideia da extrema unção e restringe-
se aos fiéis que estão diante da morte iminente. No séc. XIII tornou-se oficialmente um dos sete
sacramentos. Por fim, em 1545 o Concílio de Trento considerou anátema negar sacramento
instituído por Cristo, inclusive este. Já na Igreja Evangélica, os pregadores da ‘cura pela fé’
acreditam que esta passagem é base para que o crente não permaneça enfermo, mas seja curado.
Porém, na realidade, muitos “ungidos” em seus leitos permaneceram doentes e outros vieram a
falecer. O que dizer diante de todas estas coisas? O que exatamente Tiago quis comunicar nestes
versículos?

Observando este texto, logo de início podemos fazer três afirmações:

1. Não há aqui nenhuma sugestão de óleo especial ou consagrado;


2. Não é preparação para a morte, mas restauração para a vida;
3. A ênfase não é em cura física nem remissão de pecados, mas cura espiritual e restauração
de comunhão.

Recordando o contexto da carta, Tiago falou de perseverança na perseguição, dos erros de falar mal
do outro, da exploração econômica, abordou a importância da paciência e agora fala de sofrimento
(v.13) enfatizando a importância da oração. Tiago quer ensinar que o homem, pela oração, abre as
portas para Deus agir. Note que dos versos 13 a 18, todos falam de orar, mais especificamente o
papel da oração no cotidiano (que no caso deles incluía o sofrimento). Não somos exceção, embora
as fontes e razões das nossas lutas sejam outras.

Neste caso, quem é o enfermo? A palavra usada para doente (astheneo) aparece 35 vezes no NT.
Destas, 16 vezes se refere a doenças físicas, principalmente nos evangelhos, mas na maioria das
vezes (principalmente nas epístolas) esta palavra descreve fraqueza espiritual e emocional. A julgar
o contexto aqui, podemos concluir que se trata de pessoas que traziam o resultado da perseguição
e maus-tratos, ou seja, fragilizadas emocional e espiritualmente. Não sou contra a ideia de Deus
Devocional em Tiago 43
por Reinaldo Bui

curar doenças físicas, mas acredito que agora não é o que está sendo tratado aqui. O debilitado e
fraco que Tiago se refere está precisando do apoio pastoral e os presbíteros eram aqueles que
cumpriam esta função na igreja. Os presbíteros deveriam orar pelo enfraquecido e ungi-lo com
óleo. Na cultura hebraica, o óleo era empregado em algumas situações como o cuidado com o
corpo na higiene pessoal (Mt 6.17). Também usava-se quando queria-se honrar um visitante (Mt
26.7; Lc 7.38, 46). Usava-se no preparo do corpo de um morto (Mc 16.1). Além destas, o óleo ainda
desenvolvia importante função terapêutica (Mc 6.13).

Isto faz-nos pensar que quem estava fraco ou enfermo, estava por causa de maus-tratos, talvez
com feridas e assim estes lhe ministrariam o medicamento disponível para seu bem estar. Nada
havia nada de místico ou sobrenatural no uso do óleo naquela cultura (Lc 10.34), era meramente
terapêutico. Também não há erro algum em se usar dos recursos da medicina - não se trata de
incredulidade. Lucas era médico (Cl 4.14) e curava enfermos usando a medicina; Paulo indicara um
medicamento a Timóteo (1Tm 5.23), e deixou Trófimo em Mileto por estar doente. Os presbíteros
deveriam visitar os enfermos, ungi-los com óleo e orar. Esta ‘Oração de fé’, segundo Tiago 1.6-8, é
uma oração feita por quem é fiel a Deus.

Além disto, Tiago diz que se houver cometido pecados, será perdoado. Considerando todo o
contexto, é possível que neste estágio o enfermo tenha percebido que estava nesta situação
porque agiu em desacordo com a vontade de Deus. Pecou por falta de fé estava sofrendo com isto.
Note o que escreveu o salmista:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo
o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de
estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao
SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado (Salmos 32:3-5).

O sofrimento faz parte do processo de Deus para nosso aperfeiçoamento, daí sua decisão de levar
Deus mais a sério. Derrotado e abatido pelo sofrimento, ele pode pedir apoio dos pastores que
orarão por ele e Deus restaurará a sua disposição espiritual. Desânimo na fé pode acontecer por
diversas razões e às vezes conjuntas: pecados não tratados que minam nossas forças, males físicos
que nos levam a questionamentos constantes, enfraquecimento da fé nas circunstâncias adversas,
etc.

Há aqui em Tiago uma preocupação com cada um que esteja vivendo nestas condições, que possa
ter o socorro necessário para o fortalecimento da sua vida cristã. Em maior ou menor escala o povo
de Deus passa por isso: Elias ficou desanimado após uma batalha espiritual, João Batista ficou
incrédulo na prisão, Pedro negou e abandonou ao Senhor, Davi se afastou em pecado, João Marcos
abandonou uma viagem missionária por medo. O verso 19 alerta sobre a possibilidade algum dos
irmãos se desviar da verdade, da mensagem do Senhor. Isso é possível que aconteça. Este irmão
pode se ajudar orando por si e pode ser ajudado pelos pastores, mas note que toda comunidade
deve estar voltada para o irmão mais fraco. Como corpo, devemos cuidar dos membros mais fracos.

Precisamos ter com quem compartilhar nossa fraquezas, e confessarmos os nossos pecados. Não
somos uma comunidade de perfeitos. Talvez alguns de nós precise de oração por desânimo, medo,
covardia. Pode ser que outros sofram tentações como rancor, mágoa, imoralidade,
autocomiseração, etc. Confissão abre as portas para que o outro interceda por você, dando espaço
para que Deus atue em sua vida. Saiba que você pode ser um agente de restauração, protegendo-o
Devocional em Tiago 44
por Reinaldo Bui

da sua perda de comunhão, do castigo do pecado, e ele será restaurado (v.20). Identificar um irmão
em pecado é a oportunidade de agir em seu favor, seja orando, seja exortando. Caso o faça voltar,
é um grande feito. Note que a súplica de um justo muito pode, tem grande poder. Você pode não
ver, mas ‘sua eficácia’ (energeo), traduz a palavra que origina energia. Se aplicada aos problemas e
sofrimentos, funciona. Oração de um justo, não significa de alguém perfeito, mas alguém que está
buscando em tudo a vontade de Deus, e Deus atende (Jo 9.31). Tiago usa Elias como exemplo: era
homem como nós. Não se tratava de um super-homem. Teve fome, medo e fugiu, ficou deprimido,
mas quando ele orou, foi respondido. Ele estava pronto a fazer a vontade de Deus, fosse qual fosse.
Abra a porta por sua oração e temor a Deus, para que Ele aja em sua vida e na de outros.

Tenha sempre nomes de pessoas por quem orar. Não passe pelas dificuldade sem dar a Deus a
oportunidade de intervir. Identifique alguém com quem você possa compartilhar suas fraquezas
para que ore por você. Deixe seus pastores saberem pelo que orar por você.

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