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Nome Completo do Orientador:

Danglei de Castro Pereira

Nome Completo do Orientando:


Nátalia Fernandes Cardozo

Título do projeto de Iniciação Científica:


Ensino de Literatura em Documentos Oficiais do Distrito Federal

Área de conhecimento (de acordo com a Tabela de Áreas do Conhecimento do


CNPq):
Linguística, Letras e Artes

Data de início do projeto: Outubro/2018.

Período compreendido por este relatório: Outubro/2018 a Setembro/2019.

TIPO DE RELATÓRIO: ( ) PARCIAL (x) INTEGRAL

Alterações ocorridas no projeto de Iniciação Científica original:


( ) Título
( ) Metodologia
( ) Carga horária atribuída ao orientador ou orientando, somente para projetos sem bolsa
( ) Cronograma
Justificativa de alterações:
Não houve.

Dificuldades surgidas durante a execução do projeto de Iniciação Científica:


Não houve.

PRODUÇÃO INTELECTUAL DO ORIENTANDO

Trabalhos apresentados e publicados em anais e resumos de congressos (informar os


nomes dos autores, título, nome do evento, local, ano, resumo simples, completo,
banner):
25º Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília e 16º Congresso de
Iniciação Científica do Distrito Federal, realizados em Setembro de 2019, na Universidade
de Brasília. Apresentação de banner intitulado “Ensino de Literatura em Documentos
Oficiais do Distrito Federal”, feita por Nátalia Cardozo.

Trabalhos publicados em revistas científicas indexadas (informar os nomes dos


autores, ano, título, periódico, volume, página):

Trabalhos publicados como livros ou capítulos de livro ou multimídia (informar os


nomes dos autores, ano, título, editora, cidade, volume, página, etc.):

Palestras proferidas (título, evento, local e data):


Por ser a expressão da verdade, firmo a presente declaração ficando responsável pela
veracidade das informações contidas neste formulário e ciência do conteúdo da
Resolução/CEPE-UEMS Nº 554 de ___/___/2019.

Data: 02/10/2019

________________________________ ________________________________
Assinatura do orientador Assinatura do orientando

Fundação Universidade de Brasília - FUB


Universidade de Brasília - UnB
Instituto de Letras - IL
Departamento de Teorias Literárias e Literaturas - TEL
Área de Literatura Brasileira e Literaturas em Língua Portuguesa

Relatório Final de Iniciação Científica

Ensino de Literatura em Documentos Oficiais do Distrito


Federal

Bolsista: Nátalia Fernandes Cardozo


Orientador: Danglei de Castro Pereira

Setembro 2019

Título do Projeto: Ensino de Literatura em Documentos Oficiais do Distrito Federal


Bolsista: Nátalia Fernandes Cardozo
Orientador: Danglei de Castro Pereira
Resumo: Este projeto de pesquisa visa discutir os aspectos teóricos e metodológicos
relacionados ao ensino de literaturas em Língua Portuguesa nas escolas públicas do Distrito
Federal. Sua proposta é verificar a situação do ensino de literaturas na Educação Básica,
tendo como base os documentos oficiais do GDF, distribuídos pelo MEC e assim traçar o
perfil do professor de literatura em algumas das escolas do Distrito Federal.
Palavras-Chaves: cânone literário, literaturas africanas, ensino de literatura, distrito federal

Introdução e Apontamentos da Situação da Leitura Literária

Uma das principais propostas da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino de
Língua e Literatura é promover e possibilitar aos estudantes a participação em práticas de
linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar sua capacidade expressiva, como
também o conhecimento sobre essas linguagens, além do aprofundamento da reflexão crítica
sobre os conhecimentos dos componentes da área, dando maior capacidade de abstração aos
estudantes. Com relação às propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
de Língua e Literatura, se trata de promover a democratização do saber e a diversidade dos
gêneros discursivos dentro da escola, assim ao interagir com diferentes gêneros textuais e
discursivos, serão incorporadas as modalidades organizacionais da linguagem e construído
um emaranhado de manifestações discursivas dentro da Língua Portuguesa. Nesse contexto, a
literatura poderia ser uma grande aliada do professor durante o processo de construção de
textos significativos e com grande competência textual, como a produção de enunciados
dinâmicos na formação cultural e escolástica de seus alunos.
Dentro de suas competências específicas, a BNCC deseja que os alunos possam
compreender as linguagens como forma de construção humana, histórica, social e cultural,
assim sendo reconhecidas e valorizadas como formas de significação da realidade e expressão
da subjetividade das identidades sociais e culturais. Sendo assim, conhecer e explorar os
diversos tipos de linguagens - verbal, corporal, visual, sonora e digital - é imprescindível,
além de capacitar a formação de um senso estético e a compreensão e utilização de uma
formação crítica, significativa e reflexiva, fazendo com que assim, os alunos se sintam à
vontade para defender seus pontos de vista, respeitando os de outrem, com consciência e
responsabilidade.
Nos PCN é possível verificar a valorização do texto literário como uma importante
modalidade textual e não como um único “modelo” textual, além de estar inserido dentro da
diversidade de produções linguísticas em Língua Portuguesa. Isto se trata de um processo de
redimensionamento do lugar que o texto literário assume dentro das escolas. A sua
importância está em desenvolver dentro do leitor, a valorização da linguagem como parte do
processo de amadurecimento humano, em conjunto com os aspectos políticos-culturais do
leitor.
Dentro das Orientações Curriculares da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal a preocupação apresentada se trata da interpretação do texto proposto e a
identificação de seus constituintes, mas também pede-se um posicionamento crítico em
relação aos textos lidos, quanto ao conteúdo discriminatório sobre direitos humanos e
ambientais. A orientação para que textos literários sejam lidos em sua versão integral e
depois discutidos com outros leitores, pode ser associada às propostas da BNCC, além de ser
um incentivo para que os alunos se interessem por espaços mediadores de leitura, tais como
bibliotecas, livrarias, bancas de revistas, etc, e que assim, eles possam trocar opiniões e
informações dentro das especificidades destes espaços, tornando assim o dever de ler, uma
necessidade e um prazer.
A partir dessas propostas, investigaremos a relação entre normas pedagógicas e a
situação do ensino de literaturas em geral, incluso literaturas africanas de expressão de
Língua Portuguesa no Distrito Federal.
A metodologia utilizada no projeto será, em um primeiro momento, ligada a uma
investigação bibliográfica que toma por base a leitura e a análise da Base Nacional Comum
Curricular, do ano de 2017, que visa estabelecer com clareza o conjunto de aprendizagens
essenciais e indispensáveis que todos os cidadãos têm direito, estando prevista na
Constituição de 1988, na LDB de 1996 e no Plano Nacional de Educação de 2014, das
Orientações Curriculares da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, cujo
objetivo é nortear o processo de ensino e aprendizagem das escolas públicas do Distrito
Federal, a partir do ano de 2009, dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, do
ano 2000, que tem como finalidade delimitar a Área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias dentro da proposta para o Ensino Médio, cuja diretriz está registrada na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 e no Parecer do Conselho Nacional da
Educação/Câmara de Educação Básica nº 15/98; bem como as Leis de Diretrizes e Normas da
Educação.
Feita esta investigação teórica e bibliográfica, partiremos para a parte prática, que se
trata de visitar as escolas públicas escolhidas, sendo elas: o Centro de Ensino Médio 01 de
Brazlândia, o Centro de Ensino Fundamental INCRA 08, que atende ensinos fundamental e
médio dentro da zona rural, o Centro de Ensino Fundamental 03 de Brazlândia e o Centro de
Ensino Fundamental 01 de Brazlândia, e nessa visitar, conversar com professores,
coordenadores e alunos, a partir de um questionário elaborado, para investigar a atual
situação do ensino de literatura.
A intenção é discutir a relação entre os documentos prescritivos e as ações
direcionadas ao ensino de Literaturas no Distrito Federal. E a principal preocupação é
contribuir para a valorização do objeto literário e a formação de cidadãos conscientes da
importância dos valores culturais e do objeto literário como parte integrante da comunidade.

Informações sobre o ensino de literaturas africanas em documentos oficiais brasileiros

Com relação ao ensino de literatura africana em língua portuguesa, na BNCC essa


temática é contemplada como uma habilidade dos componentes curriculares, cabendo aos
sistemas de ensino e escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
contextualizada, mas a educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura
afro-brasileira, africana e indígena é incorporada como um direito, segundo as leis nº
10.639/2003 e 11.645/2008.
A literatura africana é citada junto com diferentes gêneros, estilos, autores e autoras –
contemporâneos, de outras épocas, regionais, nacionais, portugueses e de outros países – que
devem ser contemplados dentro do cânone, da literatura universal, da literatura juvenil, da
tradição oral, do multissemiótico, da cultura digital e das culturas juvenis, dentre outras
diversidades, que devem ser consideradas e lidas de forma autônoma, visando a compreensão
de romances infanto-juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas
e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias,
histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis),
vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros.
Dentro das Orientações Curriculares da Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal a literatura africana é citada apenas uma vez, dentro da leitura de obras literárias de
autores lusófonos, que incluem os afro-brasileiros.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do ano de 2005, há uma breve
citação sobre o ensino da História do Brasil levar em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e européia, mas não fala diretamente sobre o ensino de literatura.
Em nenhum dos outros documentos pesquisados há menção sobre o ensino de
literatura africana nas escolas públicas do Distrito Federal.

Discussão dos dados:

Diante deste aparente distanciamento, a proposta utilizada para um segundo momento


foi uma pesquisa de campo, feita em cinco escolas de ensino fundamental e médio do Distrito
Federal, escolhidas como lócus de investigação. A respeito dos entrevistados, mantivemos
contato com a Coordenação Pedagógica, a Coordenação de Língua Portuguesa, professores
de Literatura e alunos do oitavo e nono ano, referentes ao ensino fundamental, e alunos do
primeiro ao terceiro ano, referentes ao ensino médio. Os instrumentos de pesquisa utilizados
foram dois questionários elaborados. Os envolvidos não foram em momento algum obrigados
a responder esses questionários. Após o primeiro contato com os docentes, aqueles que se
mostraram receptivos e interessados assinaram o termo de autorização e a pesquisa foi
realizada. Segue o questionário destinado aos professores:

Questionário 1 – Professores e Coordenadores


1. Qual sua formação acadêmica?
2. Nos últimos anos participou de cursos e ou ações de aperfeiçoamento profissional
que abordasse(m) ou focalizasse(m) especificamente o ensino de Literatura? Poderia
mencionar quais foram?
3. Em caso afirmativo: qual a importância desses cursos em sua atuação profissional
para o ensino de Literatura?
4. O senhor(a) trabalha ou conhece autores africanos de Língua portuguesa?
5. Poderia comentar a resposta da questão 4. (em caso negativo ignorar a pergunta)
6. Você aborda e ou faz comentários em suas aulas de Literatura sobre a Literatura
portuguesa ou de expressão em língua portuguesa na África?
7. Quais autores literários portugueses e africanos o senhor(a) conhece e indica para
leitura?
8. Quantas obras literárias o senhor (a) leu nos últimos dois anos? Poderia informar
os títulos?
Poderia fazer algum comentário sobre a leitura indicada?
9. Qual é a carga horária semanal destinada especificamente ao ensino de Literatura?
10. Qual, em sua opinião, a importância das aulas de Literatura para o
desenvolvimento de seu interesse pela leitura? Poderia comentar?
11. Você conhece a lei 10639 de agosto de 2003?
12. Quais projetos específicos para a leitura literária foram desenvolvidos em sua
escola nos últimos 03 anos?
13. Poderia comentar a importância destes projetos.
14. O material de Apoio Pedagógico que utiliza aborda a Literatura africana em
Língua Portuguesa?

Com essas questões, nossa intenção era verificar o perfil dos professores que
ministram as aulas de Literatura, bem como suas concepções sobre o ensino da mesma e seu
conhecimento sobre Literatura Africana em Língua Portuguesa. Para preservar a identidade
dos entrevistados adotaremos a descrição E01, E02, E03 e E04 (para as escolas) e P04, P05,
P06 , P07, P08 e P09 (para os professores e coordenadores).
Dos professores e coordenadores entrevistados, P04 tem formação em Português e
Inglês, P05 em Português, P06 em Português e Inglês, P07 e P08 em Português e P09 em
Português e Inglês. Destes apenas P09 e P10 participaram de alguma atividade, como cursos
e ações de aperfeiçoamento, relacionada ao ensino de Literatura. Quanto a especificidade na
Literatura Africana em Língua Portuguesa, P04 e P06 responderam não ter nenhuma espécie
de conhecimento referente ao tema, mesmo que este conste na Base Nacional Comum
Curricular; P05, P08 e P09 possuem conhecimento sobre o tema e trabalham com ele em sala
de aula através de uma coleção de contos africanos escritos por Yves Pinguilly e alguns dos
livros de Mia Couto. P05 assume que precisa se empenhar mais nesta área, enquanto P07 diz
conhecer apenas o autor Mia Couto, mas não trabalhar com seus títulos em sala. Nenhum
deles conhecem a Lei 10.639 ou a Lei 11.645, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino
de literatura, história e cultura afro-brasileira e africana nas redes públicas e particulares de
ensino.
Com relação a outras leituras, P04 citou os livros “O Imbecil Coletivo”, “Assassinato
de Reputações”, “Os Bruzundungas” e “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” como “uma
mistura de obras literárias, filosóficas e jornalísticas que fazem parte de um plano de
leituras anual”. P05 disse não haver realizado nenhum leitura nos últimos dois anos. P06
apesar de ter afirmado suas leituras, não conseguiu lembrar de nenhum dos títulos lidos. P07
citou os títulos “Antes Que o Mundo Acabe” e “O Cortiço” em suas leituras recentes, sendo o
primeiro uma busca de literatura infanto-juvenil a ser trabalhada em sala de aula. P08 falou
sobre sua releitura de “Grande Sertão Veredas” de Guimarães Rosa, “Sobre Heróis e
Tumbas” de Ernesto Sábato e citou “Casa de Pensão”, de Aluísio de Azevedo como “uma
obra importante para entendermos o século XIX e as escolas literárias da época e algumas
ideias como o Determinismo” e P09 citou a leitura de uma coletânea de livros escritos por
Fiorin, intitulada “O Que é Linguística?”.
Com relação aos projetos de incentivo a literatura, as escolas E01 e E02 não possuem
nenhum e não tem previsão para quando algum será viabilizado. Com relação às escolas E03
e E04, apesar de não haver um projeto voltado para a leitura, os professores responsáveis
tentam resolver esse déficit em sala de aula, através de rodas de leitura em grupo, produção
de atividades artísticas relacionadas e leituras feitas especificamente para a Olimpíada
Brasileira de Língua Portuguesa, a OBMEP.
Faremos agora a compilação dos dados das entrevistas feitas para com os alunos.
Segue o questionário aplicado:

Questionário 2 - Alunos
1. Você gosta de literatura?
2. Quantos livros você leu nos últimos dois anos?
3. Poderia comentar alguma das leituras?
4. Você conhece autores literários Portugueses e/ou africanos em Língua Portuguesa
ou apenas brasileiros?
5. Caso conheça algum autor literário português ou africano, poderia indicar o nome
e a obra que conhece?
5. Qual (is) autor(es) ou obra(s) você mais gosta? Poderia comentar?
6. Qual, em sua opinião, a importância das aulas de literatura para o desenvolvimento
de seu interesse pela leitura? Poderia comentar?

Dos oito alunos entrevistados, dois foram enfáticos em responder que não gostam de
Literatura. A4 se justificou dizendo que não têm o costume de ler. A justificada usada por A6
foi de que nunca encontrou um livro que achasse interessante o suficiente para que o
terminasse de ler. Ainda assim, A6 disse que a maioria dos livros que leu foram romances e
O Teorema Katherine, do autor John Green é um dos seus favoritos. Ela disse que as aulas de
literatura são importantes para sabermos o contexto em que as obras foram feitas e como os
gêneros literários surgiram.
A1 gosta de ler, apesar de não ler muito e não se recordar quais foram suas últimas
leituras. Com relação ao conhecimento de obras e autores literários portugueses, asiáticos ou
africanos, ele citou O Pequeno Príncipe e disse não saber o nome do autor.
A2 gosta de ler, pois é legal imaginar as histórias, além de se acalmar durante a leitura
e gostar de aprender novas palavras. Também disse que a Literatura é muito importante para
expandir horizontes aprendendo novas palavras e novas expressões. Quando perguntada
sobre algumas das leituras recentes, citou A Cabana, como um livro com ensinamentos que
irá levar a vida, e A Culpa é das Estrelas.
Para A3, a leitura é um calmante. Citou o autor Augusto Cury e disse que em seus
livros há motivações para vencermos na vida. Também afirmou que a leitura é importante
para o nosso conhecimento, mas que não teve tempo de realizar nenhuma leitura nos últimos
dois anos. A4 não possui o costume de ler, mas gosta de histórias em quadrinhos, tais como A
Turma da Mônica Jovem e Dragon Ball Z.
A5 diz gostar bastante de ler e procurar novos autores e histórias, principalmente de
fantasia e suspense, além de achar importante para desenvolver a escrita. Também citou A
Vingança da Maré como um dos seus livros preferidos.
Para A7, ler é como fazer um filme dentro de sua própria cabeça, além de fazer com
que sua imaginação aumente e fique fértil para que você possa ver as coisas com mais
clareza, como se sua mente viajasse. Cita autores como J. K. Rowling, incluindo Harry Potter
como uma das suas leituras recentes, John Green e Tolkien, e disse que os livros de fantasias
são ótimos para escapar da realidade monótona.
A8 ama ler livros de suspense, pois isso o acalma e faz com que ele participe do livro
junto com o personagem. Citou O Banquete dos Deuses, O Carroceiro e Luiz Gonzaga como
suas leituras recentes, e contou que o autor Luís “Fernandes” Veríssimo o ajudou a ver o
mundo de uma forma melhor, dar as suas opiniões e questionar outras pessoas. Para ele, as
aulas de literatura são importantes para ajudar na escrita e na fala.
O aluno o A9 disse gostar de ler, porque ajuda a interpretar e que as aulas de literatura
são importantes para ajudar no conhecimento das crianças. Contou que suas últimas leituras
foram O Homem Nu e Peru de Natal, também disse gostar do autor Monteiro Lobato, pois
passa muito na TV.
Quando questionado sobre seu gosto pela leitura, o aluno a A10 disse que gosta mais
ou menos, porque é muita coisa, mas recentemente havia lido O Menino do Dedo Verde.
Sobre a importância das aulas de literatura, era importante para aprender mais. Citou
Monalisa, do autor Leonardo da Vinci como uma das obras que mais gosta.
A10 gosta de ler porque às vezes a leitura ajuda as pessoas, além de tirar o estresse e
várias outras coisas. Não se recordava de nenhuma das suas leituras recentes, mas citou “O da
Praça dos Três Poderes e várias outras obras” como um autor e/ou obra que mais gostava.
Para ela, as aulas de literatura são importantes para desenvolver e aprender mais coisas, além
de ajudar no dia-a-dia.
Com relação ao conhecimento de autores ou obras literárias portuguesas e africanas, a
aluna A7 citou Tolkien, autor de O Senhor de Anéis e A8 citou O Menino que Descobriu o
Vento, apesar não saber o nome do autor. Nenhum dos outros estudantes entrevistados
respondeu positivamente à esta questão.

Considerações finais

No levantamento realizado, é possível perceber que os professores têm dificuldades


com relação ao contato e a abordagem de Literatura. Alguns fatores como a falta de tempo e a
falta de recursos da escola, foram citados como algumas das causas deste distanciamento. A
dedicação à leitura, ao estudo e ao ensino literário fica comprometido pela organização do
tempo destinado especificamente a leitura em sala de aula, principalmente com relação aos
textos de literatura africana. Dentro da pesquisa, este fato é entendido como preocupante e
alarmante, uma vez que a impressão passada é de que a Literatura não é leitura, e sim um
gênero sem valor dentro da sala de aula. Esta variedade linguística, entendida como um
gênero, acaba por ser desprestigiada ao representar uma tangente não pragmática do uso da
linguagem.
O distanciamento, não só dos alunos, mas também dos professores, em relação aos
textos literários, é um fator comprovador da desvalorização do objeto literário dentro do
ambiente escolar. Se tratando de literatura africana, após analisarmos os dados da pesquisa, é
evidente que o público investigado possui um grande afastamento do objeto pesquisado e ao
serem perguntados sobre o tema, alguns entendem por outro viés, fugindo tanto do âmbito de
diversidade literária quanto das questões de raça e etnia.
O ensino de literatura dentro das escolas públicas poderia ser uma maneira eficaz de
conhecer novas vozes, até então marginalizadas, tanto dentro de sala quanto fora. Se assim
fosse, ela forneceria aos professores e alunos da Educação Básica uma possibilidade de
compreensão e assimilação da cultura brasileira e da cultura africana, além da formação de
uma bagagem crítica e reflexiva sobre o mundo como um todo.
As dificuldades relacionadas ao ensino da Literatura em um pequeno espaço de tempo
na grade curricular - duas aulas semanais, porém disputando espaço com o ensino de
gramática e redação - podem facilmente serem compreendidas. O estudo e a compreensão de
textos poucos divulgados, além das limitações dos professores quanto ao acesso a esses
recursos e a carga horária reduzida, ou muitas vezes, inexistente, acaba fazendo com que a
literatura, uma parte vital do conteúdo de provas vestibulares, por exemplo, fique engessado
dentro de resumos e biografias de autores, sem o aprofundamento necessário ou a leitura
integral para compreensão das obras. Um dos resultados dessa pesquisa, o distanciamento dos
leitores para com o objeto literário como todo, é uma das consequências do atual modelo de
ensino de Língua Portuguesa, no geral, dentro das escolas.
Dentro desta pesquisa não tivemos a expectativa de criar uma solução que possa ser
aplicada como regra dentro das salas de aulas; a proposta de um diálogo, em nível mais
profundo, entre alunos, professores e coordenadores seria vital para o debate sobre a
necessidade de valorização do objeto literário e do ensino de literatura dentro do ambiente
escolar, o que poderia possibilitar reflexões sobre a importância da leitura como uma das
formas de expressão cultural.
Alguns dos professores e coordenadores se mostraram empáticos com a preocupação
levantada pela pesquisa e se abriram as sugestões de incentivo da pesquisadora, como, por
exemplo, a criação de um clube do livro temático em conjunto com a biblioteca escolar e a
criação de um projeto para as leituras obrigatórias das provas vestibulares, de forma que os
alunos possam ler a obra integral e fomentar uma discussão, mas como uma espécie de
projeto de extensão, pois dessa forma, não seria preciso modificar o cronograma já
estabelecido para as aulas.

Referências Bibliográficas

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