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resumo
O trabalho que segue teve como intenção traçar relações entre a tríade
semiótica criada por Pierce e compará-la às divisões realizadas por teóricos
do Design Emocional e áreas afins. Este levantamento bibliográfico
teve como conclusão a construção de relações metaprojetuais entre
as teorias apresentadas com o intuito de fornecer ferramentas para
elucidar os anseios do usuário durante o desenvolvimento de produtos.
abstract
The work that follows was intended to draw relationships between the semiotic
triad created by Pierce and compare it to the divisions performed by Emotional
Design theorists and related areas. This bibliographical survey had as
conclusion the metaprojectual relationship between presented theories which
goal was to provide tools to clarify the user yearnings during the products
projectual process.
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Introdução
É notável que a humanidade seja guiada em termos comerciais e usuais
pelo seu senso estético, funcionalidade e pela emoção tanto quanto outras
percepções. Uma vez percebido isso, podemos colocar a figura do designer
como intermediador dessas reações do usuário com o objeto, seja ele gráfico
ou produto, para que esta relação seja tão satisfatória quanto for possível. Além
disso, a figura do designer chega para interpretar as diferentes maneiras em que
as pessoas se comunicam e se expressam, sendo com os objetos que os rodeiam
e também como emissores de mensagens.
Os objetos são nossa maneira de medir a passagem das nossas vidas. São
o que usamos para nos definir, para sinalizar quem somos, e o que não somos.
Ora são as joias que assumem este papel, ora são os móveis que usamos em
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nossas casas, ou objetos pessoais que carregamos conosco, ou as roupas que
usamos. (SUDJIC, 2010)
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tanto quanto em outros autores.
OBJETIVOS
Este levantamento bibliográfico pretende apresentar uma revisão
de pesquisadores da grande área do Design Emocional para que ao final do
trabalho possam ser traçadas intersecções entre as divisões feitas pelos autores
para compará-las a tríade semiótica peirceana, com a intenção de facilitar
a compreensão da experiência do usuário quando deparado a um produto e
engajar futuros projetistas em sua carreira a utilizar conceitos metaprojetuais
baseados nas tríades citadas.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em periódicos e livros, tanto
nacionais quanto internacionais, afim de que se pudessem elencar semelhanças
e divergências entre teorias do Design Emocional e como são estruturados os
chamados de níveis de interação com o usuário, para que se pudesse realizar
uma comparação desta relação entre objeto e usuário com a tríade semiótica
de Peirce. A intenção é intensificar o pensamento de metaprojeto, ou seja,
aprofundamento da análise emocional (psicológica, fisiológica e física) do
usuário antes mesmo da construção do objeto em si, conceito aparentemente
pouco explorado nas metodologias de ensino de Design em nível de graduação.
NIEMEYER
O Design Atitudinal, como descrito e defendido por Niemeyer (2008), é
resultado do estudo das interações entre os produtos e os usuários, observando as
relações entre as características físicas dos primeiros e suas influências afetivas
sobre os últimos, visando entender como se dá a relação entre a eficiência,
dividida nos níveis físico e fisiológico, com a atribuição de significado em um
nível subjetivo.
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Nesse nível se encontram as características ergonômicas e de interface, que
permitem que o objeto seja utilizado pelo seu usuário da forma mais adequada
às necessidades do mesmo.
GOMES FILHO
Gomes Filho (2006) sistematiza a tricotomia dos signos ou dimensões
essenciais na relação semiótica entre objetos e usuários: as dimensões sintática,
semântica e pragmática. A dimensão sintática de um objeto refere-se ao
planejamento e ordenação do conjunto do mesmo, assim como a sintaxe verbal
trata da construção da linguagem. Dessa forma, um produto pode ser formado
por um único componente ou por uma relação de componentes interligados, e
esse é o aspecto da sintaxe do mesmo. Nele, tratamos dos elementos técnicos
do produto, sua parte estrutural, física.
NORMAN
Donald Norman (2008) descreve três níveis distintos de percepção do
usuário em relação ao produto levando em consideração estados positivos ou
negativos de afetividade: o primeiro nível, chamado visceral, é relacionado
a percepção inicial de um produto, principalmente a seus aspectos físicos
como forma, cores, simetria ou assimetria, toque e texturas. Por se tratar de
um nível de julgamento muito rápido, é praticamente incapaz de raciocínio.
Essas características, quando bem usadas e combinadas, induzem o consumidor
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primeiro a desejar o objeto, sem refletir sobre função, utilidade ou usabilidade.
HEKKERT e DESMET
A tríade proposta por Hekkert e Desmet (2007) considera três
componentes ou níveis de experiência do produto: prazer estético, atribuição de
significado e resposta emocional. Os autores definem “experiência do produto”
como todo o conjunto de afetos que é disparado numa interação entre usuário e
objeto, incluindo os graus em que nossos sentidos são agradados (experiência
estética), os significados que atribuímos a uma dada vivência (experiência de
significado) e os sentimentos e emoções que são despertados nessa interação
(experiência emocional).
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KARJALAINEN
Ao investigar aspectos semânticos de design aplicados a marcas,
Karjalainen (2006) propõe uma estrutura de análise de produtos dividida em
três níveis: (1) funções do produto, (2) descrições qualitativas, ou “caráter do
produto” e (3) manifestações físicas. O autor tem como cerne da sua análise o
nível do caráter do produto que, segundo ele, apenas depois de identificar essa
característica é possível contemplar as demais manifestações de um objeto.
ONO
Maristela Ono (2006) divide a percepção do usuário em relação ao produto
em três funções: simbólica, de uso e técnica. As funções simbólicas estão
diretamente vinculadas “à percepção das formas, cores, texturas, à aparência
visual, às associações simbólicas e afetivas e, portanto, a um determinado
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contexto” (ONO, 2016: 30). Segundo a autora, por suas características
subjetivas, as funções simbólicas são “não quantificáveis”: não podem ser
medidas com exatidão, dependendo de diversos aspectos inconscientes do
usuário. Modificam-se com significados aprendidos e associações atribuídas
dependendo do contexto em que se encontram.
PEIRCE
Como ciência que investiga os fenômenos de produção de significação
e de sentido, a semiótica tem diversas vertentes que estruturam esse processo
de maneiras diferentes. Para este estudo, observamos a proposição semiótica
de Peirce, que divide os fundamentos da interpretação de signos em tríades,
indo ao encontro da nossa análise de teóricos do design que também dividem as
funções perceptivas de produtos em tricotomias.
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secundidade é a nossa reação à ação da primeiridade, o impacto da percepção
inicial na cognição: são as correlações que criamos a partir da percepção. A
memória e as experiências prévias encontram-se na secundidade da ação
perceptiva.
DISCUSSÃO
A questão chave é como o ser humano decodifica objetos e reage a eles
de maneiras distintas. Os teóricos do Design Emocional e de metaprojeto
desenvolvem análises para poder quantificar e metrificar essa interpretação
para que futuramente existam diretrizes projetuais focadas nestes mesmos
usuários, pensando tanto em seu conforto quanto em como convencê-los que
aquele objeto é o mais adequado para ele.
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Isso já ocorre em termos ergonômicos, considerando que as características
físicas do objeto são previamente planejadas bem como seu desempenho nas
interações com o usuário. A partir das interpretações dos autores podemos então
supor ser possível planejar as experiências simbólicas, não somente físicas e/
ou fisiológicas, de forma que seja viável projetar reações psicológicas para
públicos alvos específicos.
RESULTADOS
Este trabalho demonstra diversos pensadores que abordam questões de
como os objetos influenciam o nosso meio e de como nós interpretamos eles.
Como visto em tópicos anteriores, a maioria dos teóricos do Design Emocional
dividem as relações que usuários têm com objetos em três níveis, assim como
a semiótica peirceana. O intuito deste manuscrito é cruzar estas informações e
discutir suas semelhanças, portanto foi elaborada uma tabela ilustrativa com
estes objetivos. Nela, as relações por proximidade teórica foram organizadas
em colunas, enquanto nas linhas foram distribuídas as tríades propostas pelos
autores.
Tabela 1: Resumo das
informações coletadas
na bibliografia e
cruzamento das
mesmas.
Fonte: Elaborado pelos
autores.
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cognição explicada por Hekkert e Desmet (2007) e partindo do pressuposto
que para o estabelecimento de qualquer relação é imprescindível a interação
humana (KARJALAINEN, 2006) admite-se supor que a reação a um artefato é
a maneira que o usuário entende seu funcionamento, como descrito por Norman
(2008), Niemeyer (2008), Gomes (2006). Lembrando que para a efetiva
utilização de um determinado objeto se faz necessária a compreensão da sua
interface, funcionalidade e usabilidade (NIEMEYER, 2008; NORMAN 2008;
GOMES, 2006) partindo de uma demanda e necessidade de uso (ONO, 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim como características ergonômicas podem ser calculadas e
planejadas tais como texturas, cores, materiais, formas, ou seja características
físicas do objeto, e quais as reações de conforto ou desconforto de um item a ser
manuseado, também pode ser possível prever as ações durante a interação do
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usuário, uma vez que este seja bem segmentado como persona e dentro do público
alvo daquele produto, como apresentado nas teorias de Design Emocional.
Referências bibliográficas
CARDOSO. Rafael. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify,
2012
A herança do Kitsch no design de frascos de perfume no século XXI. Em: Design &
Cultura Material / organização: Marilda Lopes Pinheiro Queluz – I ed. Curitiba:
Ed.UTFPR, 2012
FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. Cosac Naify,
São Paulo, 2007
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contexto materiais e culturais de produção, circulação e consumo. Em: Design &
Cultura Material / Organização: Marilda Lopes Pinheiro Queluz. 1ed. Curitiba:
Ed. UTFPR. 2012
SUDJIC, Deyan. A linguagem das coisas. Rio de Janeiro, Editora Intrínseca, 2010.
autores
Semiótica
Semiótica e transdisciplinaridade
e transdisciplinaridade em revista,
em revista, São São Paulo,
Paulo, v.9, p.96-108,
v.9, n.1, n.1, p.96-108,
Jun. Jun.
20192019 | ISSN
| ISSN 2178-5368
2178-5368
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