Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
___________________
1
Esse artigo foi produzido a partir de um dos capítulos da monografia de conclusão do curso de Graduação em Psicologia, intitulada:
“Diagnóstico e Tratamento da Psicose pela Psicoterapia Corporal”, defendida pela autora na Universidade Estadual do Piauí.
and sexual realities, as well as symptoms and motivation. The treatment of psychosis is
accomplished through a combination of medication and somatic therapy by means of techniques
to release the tension of eye’s muscles and actings, which refer to the exercises that are carried
out in the contracted muscles. In addition, the appropriate clinical management requires an
understanding of the therapist about the patient and the particular universe lived by him, by
establishing a bond of trust between them and positive transference. It is noticed that in somatic
psychotherapy all of the work to be done with the patient, seeks to integrate your body to the
underlying perceptual processes, to establish bioenergetics mind / body connection that was
stopped early.
Keywords: psychosis, diagnosis, treatment, somatic psychotherapy.
_____________________________________________________________________
Introdução
Para o desenvolvimento desse trabalho, focaremos o estudo da psicose no âmbito das psicoterapias
corporais, sobretudo no legado transmitido a essas abordagens através das descobertas de Wilhelm Reich e dos
seus seguidores, intitulados de pós-reichianos. As psicoterapias corporais estudam o ser humano em uma
vertente somatopsicodinâmica, na qual os processos psíquicos e somáticos integram uma unidade funcional no
indivíduo, ou seja, a mente e corpo funcionam de maneira indissociada, integrada, interconectadas pela dimensão
energética do organismo humano. Assim, as patologias apresentadas por cada indivíduo devem ser trabalhadas
levando-se em conta esse paradigma psicossomático, a fim de possibilitar a homeostase energética e, portanto, o
equilíbrio emocional do indivíduo.
A escolha de desenvolver um trabalho acerca da psicose nas abordagens corporais está relacionada a
alguns fatores de interesse sobre o tema, como a vontade de compreender como as pessoas diagnosticadas com
psicose vivenciam as suas experiências psíquicas, corporais e sociais, para que as mesmas possam ser integradas,
de modo satisfatório, no convívio social. A nível da área das abordagens corporais, percebemos uma certa
escassez voltada para a atenção a esse tipo específico de pacientes.
Tais aspectos incentivaram a elaboração desse trabalho no sentido de ampliar o olhar clínico que é
oferecido aos indivíduos psicóticos, buscando compreender a maneira como eles vivenciam o contato consigo,
com as outras pessoas e com a realidade. Compreender como são realizados o diagnóstico e o tratamento
psicocorporal da psicose permite que novas estratégias de intervenção sejam utilizadas a fim de proporcionar um
tratamento mais humanizado e que considere os aspectos específicos de cada sujeito, de uma forma
psicossomática, considerando a psicose não somente como uma patologia “mental”, mas que afeta o organismo
como um todo.
No presente artigo, abordaremos o método clínico da Vegetoterapia Caractero-analítica, que trabalha
com o desbloqueio gradativo das couraças nos sete segmentos do corpo, combinando procedimentos corporais
com a terapia verbal/analítica. Esse fato está relacionado com a influência de Reich na Europa, no período
intermediário de suas descobertas - a maioria dos autores pós-reichianos citados são desse continente - e também
devido às polêmicas e controvérsias que existem na Orgonomia com relação aos experimentos realizados por
Reich com a energia orgone.
A Orgonomia consistiu em uma forma original de tratamento desenvolvido por Reich quando este se
mudou para os EUA. Embora tenham surgido controvérsias a respeito desse novo método de trabalho, alguns
autores pós-reichianos evoluíram para o Orgonomia passando a utilizar os conceitos e procedimentos referentes
à utilização da energia orgônica na sua prática clínica. O orgone consiste em uma energia universal que estaria
presente em toda parte, nos organismos vivos e não-vivos e que segundo Raknes (1988) “intervém em qualquer
manifestação, seja ela ação, sensação, emoção, pensamento ou qualquer acontecimento do mundo inanimado”
(p.113).
Desse modo, Reich (1998) acreditava que a energia orgone cósmica exercia influência sobre as emoções
e os pensamentos do indivíduo, cabendo ao orgonoterapeuta conhecer de que forma essa energia estava presente
no organismo, a fim de favorecer uma integração entre o sistema bioenergético do paciente e o campo de energia
orgone na atmosfera, tendo em vista que a origem de diversas psicopatologias resultam de bloqueios no
organismo que impedem essa energia de circular livremente pelo corpo. Essa foi a proposta de tratamento da
única paciente esquizofrênica relatada pelo autor em seu livro “Análise do Caráter”, desenvolvida nos EUA.
No que se refere ao método de trabalho da Vegetoterapia, que é o enfoque central dos autores pós-
reichianos, as técnicas utilizadas visam o desbloqueio das couraças em sete segmentos (ocular, oral, cervical,
torácico, diafragmático, abdominal e pélvico) as quais bloqueiam, por meio da contração muscular crônica, a
energia presente no organismo de fluir livremente através do corpo, no sentido céfalo-caudal, ou seja, da cabeça
à pélvis. É importante lembrar que o objetivo da terapia nesse enfoque é o desenvolvimento da potência
orgástica: a vivência e expressão das emoções e o contato com o potencial de amor, trabalho e conhecimento,
considerados por Reich como os pilares básicos da existência humana natural.
Na vegetoterapia, o trabalho terapêutico é realizado em dois momentos diferentes, no primeiro
momento realiza-se o trabalho corporal de desbloqueio das tensões musculares presentes no corpo, ao longo
desses segmentos; e no segundo momento, é realizada a verbalização acerca dos sentimentos despertados no
paciente a partir do desbloqueio das couraças. É importante ressaltar que esse procedimento padrão é típico dos
pacientes neuróticos, sendo adaptado às demandas específicas dos pacientes com quadros de ordem psicótica,
questões essas que abordaremos a seguir.
saudavelmente a sua identidade de maneira integrada (Hortelano, 1997; Navarro, 1995a; Petrauskas, 1990;
Stolkiner, 2008; Ferri, 2011). Trata-se da estrutura psicótica, a qual implica uma ausência da caracterialidade no
indivíduo, em decorrência de um rompimento na sua unidade somatopsíquica.
De acordo com esses autores, a falta de integração e coordenação das funções sensoriais no indivíduo
psicótico, desde o seu nascimento, acarreta uma quebra na sua unidade psicossomática, que pode ser observada
na formação da personalidade, caracterizada por um ego frágil. Essa cisão presente na unidade funcional soma-
psique é responsável pela falha na integração entre as sensações do indivíduo (físicas) e a percepção que ele tem
delas (psíquica).
Navarro (1995b) afirma que na situação psicótica verifica-se a ausência da função defensiva,
representada pelo caráter (nível psíquico) e pela couraça (nível físico), condição que acarreta viver numa
situação de medo constante, que pode ser observada nas constantes crises de terror e pânico apresentadas
enquanto sintomas. Ou seja, são pessoas que vivem um estado constante de ameaça mediante os impulsos
internos e a relação com o meio externo.
A ausência de uma estrutura egóica de caráter na psicose está relacionada a uma falha grave na
constituição psicossomática desses pacientes (Navarro, 1995a; Hortelano, 1997, 2011; Petrauskas, 1990;
Stolkiner, 2008; Ferri, 2011). A formação do eu está diretamente relacionada à função dos olhos, cabendo à
visão permitir ao indivíduo diferenciar-se da figura materna, e, portanto, diferenciar o eu do não-eu, o que irá
ocorrer nos estágios iniciais da sua vida. Com relação à ausência do eu integrado no psicótico, Navarro (1995a)
afirma:
Se tem uma coisa que, na realidade, o psicótico não possui é justamente o eu, ‘ente’.
O psicótico tem um campo energético que se dispersa, e, por isso, em um certo
momento, se funde e se confunde com o ‘outro’ e com o seu mundo externo.
(NAVARRO, 1995a, p.19)
Assim, Navarro (1995a) afirma que há a existência de um “eu vegetativo” no psicótico, ou seja, de um
eu que não possui consciência de si mesmo, nem psiquicamente nem corporalmente. Falta nesses indivíduos a
consciência da sua própria existência no mundo, da sua identidade biológica e social que confirme a sua
existência. É uma condição que não chegou a uma neuromuscularidade intencional integrada, cujas emoções
estão a céu aberto, moduladas eminentemente pelos impulsos vegetativos que não possuem uma membrana, uma
contenção, garantida pela estrutura egóica do caráter.
Em um olhar pós-reichiano, faz-se necessário distinguir os conceitos de estrutura psicótica, núcleo
psicótico, estados psicóticos e psicose esquizofrênica, que consistem em fenômenos com características
diferentes, que possuem impacto importante no diagnóstico das manifestações clínicas da psicose.
Diferentemente de Reich, que desenvolveu hipóteses sobre a esquizofrenia ainda bastante experimentais, essas
denominações constituíram uma das contribuições fundamentais dos autores pós-reichianos, advindas do manejo
clínico com pacientes que traziam esse espectro de manifestações psicopatológicas.
A estrutura psicótica refere-se ao conjunto de características constitucionais, neurovegetativas,
hormonais, corporais e caracteriais que resultam no modo do indivíduo de sentir e perceber a si mesmo e a
realidade a sua volta (Hortelano, 2011; Navarro, 1995b; Ferri, 2011; Petrauskas, 1990; Stolkiner, 2008). A
Com base nisso, os autores afirmam que o desenvolvimento de uma estrutura psicótica no indivíduo
inicia-se desde o momento da concepção do embrião no útero da mãe, mediante uma ausência de integração das
funções básicas do bebê. A falha na integração das funções sensoriais irá impedir o indivíduo de perceber-se
como um Ser no mundo, de sentir o seu corpo e as sensações oriundas dele como pertencentes a si, pois falta
nele à percepção de Si mesmo (Self).
As variáveis etiológicas que predispõem ao desenvolvimento de uma estrutura psicótica referem-se às
relações objetais com a figura materna nos momentos iniciais da sua vida que, nesse caso, são insatisfatórias. A
mãe não consegue atender as necessidades do bebê, predispondo o pequeno organismo a uma baixa densidade
energética - hiporgonia (Hortelano, 2011; Navarro, 1996; Baker, 1980; Stolkiner, 2008; Petrauskas, 1990; Ferri,
2011). A baixa circulação de energia no organismo é resultante de uma resposta do bebê contra a rejeição sentida
por ele no útero materno ou no momento seguinte ao seu nascimento, o que favorece uma diminuição da
atividade pulsatória da sua bioenergia.
O estresse vivido em uma determinada etapa irá repercutir no aparecimento de uma determinada
psicopatologia, através da alteração no campo energético em volta do bebê, causando mudanças em sua estrutura
biopsíquica (Navarro, 1996; Stolkiner, 2008; Petrauskas, 1990; Ferri, 2011). Isso é possível porque o
amadurecimento na estrutura cerebral do bebê é influenciado pelo contato que é estabelecido entre o seu campo
energético e o campo energético da mãe. A ação estressante sobre o embrião em formação pode ser ocasionada
mediante:
Essa rejeição sentida, a nível energético, pelo feto no útero da mãe é responsável, segundo Navarro
(1995a;1995b; 1996) pela instalação do núcleo psicótico no indivíduo. A presença do núcleo psicótico “é sempre
caracterizada por falta de lucidez e por uma grave carência do eu, que expressa ausência de identidade biológica”
(NAVARRO, 1996, p.43) e está relacionada com um bloqueio no segmento ocular (1° nível), responsável pela
interpretação das sensações. A grave contração muscular na couraça ocular impede o indivíduo de diferenciar o
seu eu da figura materna, favorecendo o surgimento de distorções na percepção e na consciência, observadas nos
diversos sintomas presentes na psicose (Navarro, 1995a; Hortelano, 2011; Ferri, 2011; Stolkiner, 2008;
Baker,1980; Petrauskas, 1990). É importante ressaltar que o núcleo psicótico também pode estar presente em
pessoas que possuem estrutura de caráter de cobertura neurótica – podendo assim, estar predispostas a
desenvolver síndromes e sintomas de esquizofrenia, dependendo do contexto de seu desenvolvimento e das
condições estressantes vivenciadas durante a vida, pois:
Navarro (1996) refere-se ao núcleo psicótico intra-uterino e ao núcleo psicótico neonatal extra-uterino.
O primeiro pode ser causado por uma situação de baixa carga energética no útero, devido a uma contração no
cordão umbilical, o que irá dificultar o contato do embrião com a mãe e com o útero materno. Já o núcleo
psicótico extra-uterino pode instalar-se no período neonatal, em detrimento de uma forte situação de estresse
vivido pelo recém-nascido quando as suas necessidades básicas não são atendidas, o que pode gerar nele o medo
do abandono, capaz de impedir a integração perceptiva do seu sistema bioenergético.
Desse modo, o autor ressalta a importância que a figura materna assume no sentido de evitar à
instalação do núcleo psicótico no período neonatal, através de uma amamentação adequada que satisfaça às
necessidades do bebê de contato e alimento sempre que precisar, condição que proporcionará o desenvolvimento
da funcionalidade ocular capaz de permitir a ele diferenciar-se da figura materna e integrar o seu sistema
perceptivo às sensações presentes no seu corpo.
Nesse sentido, Stolkiner (2008) expõe a função do segmento ocular, que está relacionada com a
corporização da energia no indivíduo, mediante a atividade perceptiva que ocorre nesse segmento. O segmento
ocular possui a função de unir a energia presente no meio externo ao corpo do indivíduo, além da função de
informação que surge através da percepção visual. Assim, a função ocular possui a função de limite, tendo em
vista que ela representa a zona de contato do indivíduo com o mundo externo (STOLKINER, 2008).
Com base nisso, é possível verificar o papel da funcionalidade ocular no sentido de fornecer ao
indivíduo as bases da existência do seu Ser, mediante a sua capacidade de perceber os estímulos presentes no
meio e de captar do meio a energia necessária ao desenvolvimento do seu Eu. Um EU não no sentido vegetativo,
mas capaz de atribuir um sentido adequado à realidade ao qual experiencia e dotado de identidade, capaz de
estruturar os seus mecanismos defensivos psíquicos e somáticos a fim de manter o seu equilíbrio homeostático.
É possível perceber, assim, o motivo do psicótico não possuir a função de limite entre o seu mundo
psíquico e extrapsíquico estabelecida, já que o bloqueio ocular altera a percepção da periferia de campo eu/outro.
O bloqueio ocular é evidenciado através do olhar difuso e sem foco que esses indivíduos apresentam, o que
impede que todo o campo visual seja percebido e integrado simultaneamente (Stolkiner, 2008; Navarro, 1996;
Hortelano, 2011; Baker, 1980; Petrauskas, 1990; Ferri, 2011). O olhar difuso desses indivíduos reflete a
dispersão de energia existente no seu corpo.
O modo como o contato é estabelecido entre o indivíduo psicótico e o campo ao qual ele está inserido
poderá resultar no surgimento de patologias que envolvem o seu aparelho psíquico e/ou somático. Os fatores que
contribuem para o surgimento dessas patologias estão relacionados com: a) a densidade e carga de energia
existente no núcleo do indivíduo e no campo energético em uma determinada fase evolutiva; b) com o modo
como o indivíduo vivencia as impressões do campo em uma determinada fase; c) na maneira como se
desenvolvem as fixações, o temperamento, os traços de caráter e os níveis corporais; d) e no modo como são
vividas as situações de aproximação e afastamento do indivíduo com as figuras de apego significativas entre as
diversas fases maturativas (Petrauskas, 1990; Ferri, 2011; Hortelano, 1997).
Com relação aos estados psicóticos, Hortelano (2011) ressalta que os mesmos abrangem uma alteração
temporal da consciência, responsável por afetar a percepção do indivíduo. Essas alterações ocorrem mediante a
ingestão de substâncias tóxicas no organismo, pelo uso de entorpecentes ou devido a uma situação traumática de
violência ou agressão, vivenciada, que por sua vez, possui uma estrutura de personalidade marcada pela
fragilidade defensiva do ego. Desse modo, verifica-se que os estados psicóticos, assim como o núcleo psicótico,
podem estar presentes em pacientes neuróticos e não somente nos que apresentam estrutura psicótica. O autor
afirma que uma intervenção clínica que envolva psicoterapia e uso de medicação, irá ajudar o indivíduo a
recuperar o seu estado normal de consciência em apenas poucas sessões.
Petrauskas (1990) define a esquizofrenia como uma síndrome psiquiátrica global, decorrente da
distorção grave da experiência que o indivíduo tem de si e do mundo. A dificuldade de estabelecer limites claros
com o meio a sua volta possui relação com os sintomas alucinatórios e as vivências de sentir-se fora do próprio
corpo, bastante comum nesse quadro. Isso deve-se à incapacidade de conter a energia no corpo, devido ao
bloqueio do segmento ocular, de modo que as emoções frequentemente chegam a transbordar (Stolkiner, 2008;
Petrauskas, 1990; Ferri, 2011). A falta de contorno do corpo e de limites entre o mundo interno e o externo desse
indivíduo, impedem-no de armazenar a energia no seu invólucro, de modo que ele se perde e se dispersa no
ambiente8.
A esquizofrenia abrange um quadro composto por diversos sintomas, os quais estão relacionados com a
distorção na realidade que os esquizofrênicos apresentam. As alterações presentes na percepção, no pensamento,
na linguagem, na cognição e na motricidade, somadas a despersonalização, resultam no modo particular desse
indivíduo de enxergar a realidade e a si mesmo, e comunicar-se com as outras pessoas a sua volta. É importante
ressaltar que a esquizofrenia somente poderá acometer indivíduos com estrutura psicótica ou com núcleo
psicótico, os quais não apresentam uma estrutura caracteriológica defensiva capaz de integrar as funções
sensoriais e perceptivas em um processo unitário.
8
Segundo Stolkiner (2008) a causa dos sintomas de dissociação presentes na esquizofrenia teria origem energética. O autor afirma que a
bioenergia pode seguir dois caminhos diferentes nessa síndrome: uma parte dela dirige-se ao corpo, na forma de sintomas catatônicos ou
auto-lesivos, por exemplo e a outra parte pode condensar-se na cabeça, na forma de alucinações e delírios ou ser expulsa para fora do corpo,
como na percepção paranóica ou extensão do corpo do paciente para o ambiente. Além disso, em outros casos, o corpo pode perder energia
através de todo o seu campo energético, resultando na perda dos limites corporais observada no fenômeno de dissociação.
Ao abordar os tipos de psicoses, Navarro (1996) diferencia as psicoses orgânicas das endógenas. As
psicoses orgânicas estão relacionadas com alterações na estrutura cerebral do indivíduo causadas devido a uma
inflamação, intoxicação ou por processos degenerativos. As endógenas, por sua vez, originam-se devido a uma
baixa circulação energética presente durante a fase intra-uterina, conforme foi citado anteriormente na descrição
da etiologia da estrutura psicótica.
Especificando no contexto da esquizofrenia, o autor distingue dois tipos de manifestação dos sintomas:
as formas agudas e crônicas. A manifestação aguda inclui os estados melancólicos, maníacos, quadros
catatônicos, delírios e alucinações, estados crepusculares, discurso desconexo, crises de raiva, estupor e
automatismos. As formas crônicas dizem respeito aos tipos de esquizofrenia e podem ser representadas pela
paranóia (delírios e alucinações), catatonia (distanciamento da realidade com imobilidade ou crises de agitação),
hebefrenia (comportamento infantil e incoerente) e esquizofrenia simples (distanciamento da realidade e da vida
afetiva).
O diagnóstico da estrutura psicótica é realizado segundo Hortelano (1997) com base nos referenciais
presentes no DIDE (Diagnóstico Inicial Diferencial-Estrutural), que leva em conta a predisposição constitucional
do indivíduo; o seu metabolismo energético; as suas relações objetais e seus traços caracteriais; os tipos de
bloqueios e tensões presentes na sua musculatura; o seu funcionamento neurovegetativo e somático; a sua
realidade atual familiar, profissional, afetiva e sexual, bem como os seus sintomas e a sua motivação. O
diagnóstico compõe-se de instrumentos biológicos, neuromusculares e psíquicos que permitem ao
vegetoterapeuta obter uma maior compreensão acerca do funcionamento global do indivíduo (HORTELANO,
1997).
O primeiro parâmetro considerado no diagnóstico estrutural da psicose diz respeito à predisposição
constitucional, que está relacionado a mães com estrutura também psicótica, com baixa energia em seu
organismo (hipoorgonia); mães ou avós com algum tipo de doença degenerativa e situações estressoras presentes
durante a fase intra-uterina (Navarro, 1996; Ferri, 2011; Hortelano, 1997; Stolkiner, 2008). Essas condições
envolvem também a incidência radiativa sobre o organismo materno e o uso de entorpecentes, capazes de
provocar uma contração no sistema nervoso autônomo do bebê causando o medo fetal, devido à agressão sofrida
no útero materno.
O segundo parâmetro diagnóstico refere-se à circulação energética presente no indivíduo com estrutura
psicótica, o qual possui uma capacidade reduzida do mecanismo de pulsação, um baixo nível de absorção de
energia no seu organismo (hiporgonia), além de ser bastante permeável a trocas energéticas com o meio
(Hortelano, 1997; Navarro, 1995a; Ferri, 2011; Petrauskas, 1990; Stolkiner, 2008). Por exemplo, percebe-se
como sintomatologia frequente um relato dos psicóticos de ligação profunda com o cosmos, com entidades
sobrenaturais, sentindo e recebendo as suas influências. Um campo energético disperso traduz um indivíduo
fragmentado, dissociado e sem contornos, aonde o Eu mistura-se ao entorno, com referências a experiências de
misticismo e contato com energias transcendentais.
O terceiro parâmetro a ser analisado inclui as relações objetais e traços caracteriais. Como vimos, há
uma cisão intra-uterina vivida por esses indivíduos, impossibilitando-os um contato nutridor com o objeto
materno, impossibilitando a diferenciação e buscando a contínua simbiose, na qual a mãe toma o lugar do eu,
sendo porta voz de suas experiências (Hortelano, 1997; Navarro, 1995; Ferri, 2011; Stolkiner, 2008; Petrauskas,
1990). Os traços caracteriais, por sua vez, indicam uma ausência de identidade caracteriológica, compensada por
traços comportamentais diversos, por exemplo, a imitação e adoção de condutas alheias, miméticas, pois o eu
não consegue constitui-se como diferenciado do outro (Hortelano, 1997; Navarro, 1995a; Ferri, 2011).
O quarto parâmetro do DIDE refere-se aos bloqueios existentes no corpo, de modo que se verifica um
bloqueio presente na base do cérebro, o qual envolve o primeiro segmento (ocular) e um forte bloqueio
diafragmático (Hortelano, 1997; Navarro, 1995a; Ferri, 2011; Stolkiner, 2008; Petrauskas,1990; Baker, 1980).
Ambos resultam do impacto sofrido pelo feto durante a fase intra-uterina, devido a sua conexão com a angústia
ou a rejeição materna através do cordão umbilical. Além desses bloqueios, Baker (1980) ressalta a presença de
um bloqueio na garganta (terceiro segmento), o qual representaria a causa do baixo volume da voz e da falta de
expressividade emocional. Soma-se a esse quadro, a presença de tensões musculares no segmento cervical e
torácico, percebidas através da ausência de movimentação do tórax durante a respiração, a qual é superficial.
O quinto parâmetro diferencial de uma estrutura psicótica diz respeito ao funcionamento
neurovegetativo e somático, caracterizado por uma uma redução do metabolismo, que pode ser observada
através da superficialidade na respiração. Além disso, há alterações presentes no sono e na alimentação nos
pacientes, além de podermos observar:
Com base no que foi exposto acima, é possível perceber diversas alterações existentes no corpo
psicótico, que assume um aspecto neurovegetativo basal semelhante ao de morte. Esse fenômeno reflete a morte
do eu do indivíduo, o qual é privado de exercer o seu Ser, devido à falha na integração das suas funções
sensoriais, a qual impede que o indivíduo tome consciência de si mesmo e entre em contato com o seu núcleo
energético, manisfestado pela despersonalização, enquanto um sintoma fundamental nessa estrutura.
O último parâmetro a ser considerado aborda a análise da realidade atual presente nos pacientes de
estrutura psicótica, a qual indica a existência de um campo energético extenso e difuso responsável pelas
percepções extra-sensoriais tão comuns nesses indivíduos, os quais chegam a ultrapassar os seus limites
corporais (Hortelano, 1997; Navarro, 1995a; Stolkiner, 2008; Ferri, 2011; Baker, 1980). Além disso, esses
indivíduos tendem a desenvolver uma relação simbiótica com as figuras de apego, com relações indiferenciadas
e confusas – ou há uma ausência total do contato, ou um contato mimético com terror absoluto de qualquer
diferenciação. No aspecto profissional, Hortelano (1997) afirma que o psicótico tente a desenvolver um trabalho
que tende a ser padronizado, o que reflete a dificuldade deles de envolver-se em tarefas que exigem habilidades
mais sofisticadas do ponto de vista perceptivo, linguístico e motor.
O tratamento da psicose na Vegetoterapia Caractero-analítica, tal como sugere Navarro (1996), envolve
o trabalho com os olhos objetivando o desbloqueio ocular, o qual irá possibilitar ao indivíduo uma maior
integração das suas funções sensoriais e perceptivas, diminuindo, assim, a grave distorção no seu contato com a
realidade. O desbloqueio ocular irá ocorrer por meio de actings, que se referem a exercícios, movimentos
intencionais na musculatura contraída do indivíduo visando seu o desbloqueio energético e a restauração dos
processos de auto-regulação do indivíduo através do livre fluxo energético (Navarro, 1995b; Hortelano, 2011;
Baker, 1980).
Segundo Baker (1980) a postura do terapeuta na terapia de pacientes esquizofrênicos deve ser de
cuidado para que o trabalho realizado com os olhos não desencadeie pânico, devido ao movimento da energia e
do excesso de sensações, o que poderia provocar no paciente fenômenos de dissociação ou despersonalização.
Com base nisso, o autor afirma que o segmento ocular deve ser mobilizado, permitindo ao paciente o movimento
espontâneo dos seus olhos e das expressões da testa. Para isso, o terapeuta deve manter contato através do olhar,
induzindo a sua expressão emocional de forma voluntária, permitindo que aos poucos a funcionalidade ocular
seja restabelecida e a energia possa fluir sem obstáculos ou danos maiores.
Além do trabalho corporal realizado sobre a musculatura contraída do paciente, Navarro (1996) e
Hortelano (2011) ressaltam a importância do uso da medicação, no caso de pacientes psicóticos, a qual irá atuar
sobre o sistema nervoso, permitindo a regulação bioquímica dos neurotransmissores, possibilitando estabelecer
contato emocional e comunicar-se com o terapeuta.
De acordo com Stolkiner (2008), o tratamento dos sintomas dissociativos presentes na esquizofrenia
deve ocorrer mediante uma “reintegração do funcionamento energético e da corporização dessa energia” (p.89).
Para isso, o terapeuta deve buscar fortalecer os contornos do corpo do paciente e estabelecer os limites que
faltam, no intuito de ligar a energia que escapa do seu corpo. Aproximar o indivíduo do seu corpo, das suas
sensações, dos seus sentimentos e emoções constitui uma estratégia que irá permitir ao mesmo diferenciar-se no
mundo externo, através do fortalecimento dos seus limites corporais, e portanto, da sua identidade.
Desse modo, segundo Navarro (1996), a postura do vegetoterapeuta no manejo clínico de pacientes
psicóticos, deverá ser de “um útero quente, acolhedor e protetor que o paciente não teve” (p.14) proporcionando
ao mesmo um ambiente seguro, tranquilo e estável aonde o paciente possa existir, dando vazão às suas fantasias,
objetivando a construção de um vínculo dual da qual possa emergir uma relação de confiança entre ambos. Além
disso, é necessário que o terapeuta tenha experiência para lidar com a carga emocional e a dispersão energética
presentes no paciente, e possuir disponibilidade para ajudá-lo nos momentos de crise que possam surgir durante
esse processo.
Segundo Hortelano (1997) a sensação que esses pacientes transmitem ao terapeuta “é de necessidade de
envolvimento, de encolhimento, de fraqueza, de proteção” (p.68) apesar deles se mostrarem distantes e dos
momentos de explosão de raiva que estão presentes nas situações de crise aguda. Essas necessidades de
acolhimento e proteção presentes nesses pacientes, bem como as situações de crise que podem aparecer durante
o processo, causam um desgaste psíquico no terapeuta, o qual poderá se sentir sobrecarregado no manejo clínico.
Caberá ao terapeuta ressignificar a vivência uterina traumática e transmitir um ambiente acolhedor, um
contato que seja satisfatório e uma relação vincular na qual esse indivíduo seja respeitado e compreendido na sua
carência de contato e no seu modo particular de existir. O terapeuta deve buscar oferecer as ferramentas
necessárias para o nascimento do Eu do indivíduo, exercendo uma função materna e atuando como modelo para
o paciente (Stolkiner, 2008; Navarro, 1995b; Hortelano, 2011). Em linhas gerais, é como se o terapeuta
representasse a mãe que o paciente não teve, e desse modo, ajudasse esse indivíduo a completar o seu
desenvolvimento de forma mais saudável e não ameaçadora, desestruturante.
Hortelano (2011), levando em conta esse contexto, aponta questões importantes quanto às
especificidades do enquadre que é estabelecido pelo terapeuta no tratamento de pacientes com estrutura
psicótica:
todo, en la primera fase, los momentos de crisis exigirán el aumento de las sesiones
con tiempo más cortos, porque lo importante será el contacto y la presencia con el
espacio clínico, más que el tiempo establecido de la sesión. Y eso le da su identidad
própria al encuadre com esta estructura: flexibilidad en el contrato y en el formato
clínico. (HORTELANO, 2011, p. 359-360)
Desse modo, o trabalho com pacientes psicóticos requer do terapeuta bastante flexibilidade e
disponibilidade para realizar as sessões no momento em que o paciente precisar, buscando sempre manter a
relação vincular existente entre ambos. O terapeuta deve adaptar as suas ações respeitando o tempo do paciente e
fornecer um espaço de escuta, de apoio, de compreensão da sua realidade e companheirismo, um espaço aonde o
indivíduo possa ser ele mesmo e onde o seu mundo interno seja compreendido sem a criação de rótulos ou
estereótipos.
O autor afirma que o tratamento das crises psicóticas em pacientes neuróticos com núcleos psicóticos
pode ter um bom resultado sem a necessidade de internação do paciente nem do uso prolongado da medicação,
quando se trata de crises pontuais. Nesses casos, as intervenções realizadas pelo terapeuta, devem visar,
sobretudo, a sua forma de se relacionar-se com o paciente e o estabelecimento de um bom vínculo entre ambos,
através de uma relação empática, aonde o terapeuta compreenda a linguagem utilizada pelo paciente e aceite a
sua realidade, tal como ela é vivida por ele.
Segundo Stolkiner (2008) a utilização de determinada técnica ou intervenção por parte do terapeuta
deve obedecer à capacidade do paciente em executá-la naquele momento, de modo a obter alguma melhora no
seu quadro. Desse modo, a escolha de uma intervenção adequada requer bastante conhecimento acerca do
paciente, pois uma técnica que beneficie determinado indivíduo pode soar desastrosa para outro, Portanto, o
manejo correto irá depender do diagnóstico que o terapeuta possui do seu paciente, o que inclui a compreensão
da sua história de vida e, não apenas da origem dos seus sintomas (Hortelano, 2011; Stolkiner, 2008).
Ao referir-se à clínica do psicótico, Hortelano (2011) descreve duas etapas das intervenções. A primeira
relaciona-se com o desenvolvimento da identidade, ou seja, do eu do paciente, através da sua relação com o
terapeuta: mediante o estabelecimento de um vínculo curativo e suave entre ambos, objetiva-se a superação do
medo, tão forte nessa condição. A segunda etapa está relacionada com o desenvolvimento de estratégias
defensivas pelo paciente, as quais irão permitir ao mesmo abandonar certos comportamentos imitativos e sentir-
se mais seguro no seu convívio consigo e com as outras pessoas (Navarro, 1995b; Hortelano, 2011).
Os autores afirmam que o objetivo das intervenções realizadas em situações de crise psicótica consistem
na redução da excitação neuronal, a qual é produzida devido ao forte bloqueio neuromuscular do primeiro nível
(ocular). A proposta é aproximar gradativamente o paciente do suas sensações, diminuindo o medo do contato,
reconhecendo os seus limites corporais, ajudando a garantir uma sensação de continência e regulação das
emoções, sentidas como estranhas e aterrorizantes. Com isso, Hortelano (2011) afirma que “las sensaciones de
vacío, de soledad esencial, de muerte, se iran reduciendo sintiéndose más em su cuerpo, em sí mismo, y como
consecuencia, perdiendo valor sus delírios” (p.360).
Uma etapa fundamental do tratamento com pacientes psicóticos, segundo esse autor, envolve a sua
entrada no grupo terapêutico, o qual irá permitir a eles o desenvolvimento do seu processo de socialização. Nesse
momento o indivíduo começa a entrar em contato com a realidade e a perceber as outras pessoas, exercendo a
comunicação com empatia e sendo compreendido, o que irá permitir que ele deixe a sensação de estranheza e
inacessibilidade ao mundo (HORTELANO, 2011). Esse momento de entrada no grupo deve acontecer somente
com a instauração do processo inicial básico de rematrização da identidade, de forma a garantir que o paciente
possa reconstruir o vínculo dual, diferenciar-se e posteriormente ser lançado no social, assim como acontece no
desenvolvimento ontogenético da criança.
A entrada do paciente no grupo terapêutico possibilitará ao paciente o contato com os seus sentimentos,
com o seu próprio corpo, mediante as relações com as outras pessoas, o que permitirá um processo egóico de
diferenciação, reconhecendo a si mesmo e o outro, desenvolvendo a sua identidade psicocorporal. Assim, o
grupo contribuirá para o desenvolvimento da sua estrutura de defesa caracteriológica, de forma mais funcional.
A proposta de trazer o paciente para um trabalho de grupo, de acordo com Hortelano (2004), é mais do
que um movimento terapêutico, mas sim uma proposta política/ecológica de intervenção. O autor aponta que a
maioria dos casos de atendimentos em crise psicótica ocorre devido à dificuldade da pessoa em viver
minimamente na realidade, acarretando o fenômeno da dissociação como forma de lidar com o estresse, pois as
exigências presentes no meio são maiores do que a capacidade de resposta do indivíduo, o qual se vê preso em
uma situação alarmante.
Com base nisso, podemos afirmar que a sociedade atual, com todo o seu contexto de opressão e
violência, exerce uma influência adoecedora sobre o desenvolvimento psicoemocional do indivíduo. As pressões
do sistema social sobre as pessoas, as quais se vêem sobrecarregadas, estressadas psicossomaticamente, na maior
parte do tempo, fazem-nos perceber que a loucura é o resultado de um constructo social. Ou seja, a própria
estrutura sócio-econômica induz o indivíduo à loucura, mediante a padronização de comportamentos que
distanciam cada vez mais o indivíduo de si mesmo, fazendo-o perder o contato com os próprios sentimentos,
emoções e sensações.
Dessa maneira, o terapeuta busca permitir que o paciente assuma uma postura ativa e não apenas
passiva acerca do seu sofrimento, dos seus sentimentos e da sua qualidade de vida, através de uma relação
terapêutica de cumplicidade. A variável relacional assume, portanto, o diferencial no processo terapêutico, de
modo que o terapeuta possibilita ao paciente tornar-se sujeito da própria vida por meio do contato que ele
estabelece com os seus processos internos, permitindo que o mesmo conheça as suas potencialidades e direcione
as suas ações de forma equilibrada e saudável.
Conclusões
Atribuir um novo significado à origem da psicose, e compreendê-la com base nos processos biofísicos
responsáveis pelo equilíbrio energético do indivíduo, permitiu a Reich enquadrar essa patologia em uma esfera
orgânica, e não mais somente psicológica, possibilitando a ampliação desse campo de conhecimento e
oferecendo a esses pacientes um manejo clínico do seu sofrimento. Tal perspectiva, de acordo com os autores
vistos durantes esse trabalho, difere radicalmente dos recursos de “higiene mental” das instituições psiquiátricas
tradicionais, preocupadas apenas com o alívio imediato (para não dizer amortecimento dos sentidos)
proporcionado pela medicação, com medidas disciplinadoras e excludentes do campo social.
Percebe-se que na psicoterapia somática a totalidade do trabalho a ser desenvolvido com o paciente
busca integrar o seu corpo aos processos perceptivos subjacentes, no sentido de estabelecer a conexão
bioenergética psiquismo/corpo, que foi interrompida durante o período pré-natal e/ou pós-natal. Assim, o
trabalho realizado na psicose busca aproximar esse indivíduo das suas sensações, permitindo vivenciar a
realidade do seu corpo de forma consciente, resultando na diminuição nas distorções no modo como ele se
relaciona com as pessoas e com o mundo a sua volta, através do fortalecimento dos seus limites corporais, e
portanto, da sua identidade.
O papel do terapeuta somático no trabalho com pacientes psicóticos requer que este adote uma postura
de acolhimento, um vínculo de confiança e estabeleça uma transferência positiva com esses pacientes,
permitindo que o mesmo venha a ser compreendido e respeitado na sua carência de contato e na sua maneira
peculiar de existir. Essa disponibilidade afetiva constitui a principal ferramenta de trabalho com pacientes
psicóticos. Desse modo, a sua principal função consiste em permitir a esses pacientes a livre expressão dos seus
sentimentos, ajudando-os a regular as suas emoções e perceberem a si mesmos como seres únicos, que possuem
uma identidade no mundo, que não necessariamente precisa se “encaixar” nas expectativas sociais neuróticas. É
compreender que os mesmos podem construir e experimentar um respeito pela sua existência e libertar-se dos
preconceitos impostos pela falta de acolhimento, vivida desde o útero e potencialmente experimentada no
mundo.
Referências
BAKER, Elsworth F. O Labirinto Humano: causas do bloqueio da energia sexual. São Paulo: Summus,
1980.
HORTELANO, Xavier Serrano. Contato, vínculo, separação. São Paulo: Summus, 1997.
HORTELANO, Xavier Serrano. No despertar do século XXI: Ensaios ecológicos pós-reichianos. São Paulo:
Casa do psicólogo, 2004.
PETRAUSKAS, Ivan. A esquizofrenia: uma visão funcional. Revista Energia, caráter e sociedade n° 1 –
Agosto, 1990. Instituto de Orgonomia Ola Raknes, Rio de Janeiro.
RAKNES, Ola. Wilhelm Reich e a Orgonomia. 2° Ed. São Paulo: Summus, 1988.
REICH, Wilhelm. Análise do Caráter. 3° Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
STOLKINER, Jorge. Abrindo-se aos mistérios do corpo: seminários de orgonomia. Porto Alegre: Alcance,
2008.
Recebido em 10/02/2015
Aceito em: 26/02/2015