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Fotográfica
Material Teórico
Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina
Estabelecimento da Fotografia (1826 a
1860) e a Fotografia Artística
• Introdução;
• Criação da Fotografia:
Uma História Antiga...
• Química a Serviço da Fotografia;
• A Daguerreotipia Ganha o Mundo;
• A Primeira selfie
e a Era dos Estúdios Fotográficos;
• O Primeiro Negativo e o Calótipo de Talbot;
• Evolução Permanente:
O Colódio Úmido;
• Fotografia Artística:
Comunicação Gráfica ou uma Forma de Arte?
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os diferentes procedimentos, técnicas e materiais utiliza-
dos entre os anos 1826 a 1860 na história da fotografia;
· Conhecer fotógrafos que marcaram a história da fotografia no sé-
culo XIX;
· Conhecer, contextualizar e analisar diferentes tendências estilos e
movimentos artísticos e estéticos da fotografia.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
Contextualização
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Introdução
A fotografia, desde a sua criação, tem desempenhado inúmeros e fundamentais
papeis. Ela é importante como instrumento de informação e de conhecimento, como
apoio à pesquisa nos diversos campos da ciência e em campos da economia (a publici-
dade, por exemplo, só para citarmos uma área) e também como forma de expressão
artística, entre tantas outras aplicações e usos. Com toda essa utilização, a fotografia
se transformou em uma atraente carreira profissional, envolvendo técnicos e artistas
que se dedicam exclusivamente à tarefa de construção de imagens.
E hoje não é diferente. A máxima de que nos dias atuais todos nós somos “fo-
tógrafos” (entre aspas porque o correto talvez fosse dizer que todos nós “tiramos”
fotografias), traduz a importância da técnica em um mundo cada vez mais digital.
Observe as propagandas de aparelhos de telefones móveis. O apelo principal é a
qualidade das câmeras – coitado do dispositivo que não tiver uma câmera de boa
qualidade. A internet, por sua vez, tem desempenhado um importante papel na
proliferação sem precedentes de imagens fotográficas, tanto das atuais quanto das
do passado em um grau jamais visto.
Criação da Fotografia:
Uma História Antiga...
A fotografia não tem um único inventor. Ela é resultado de pesquisas, tentati-
vas, observações, acertos e erros de cientistas, pesquisadores e de pessoas curiosas
e determinadas em diferentes momentos da história. A invenção da fotografia é
consequência da combinação de duas técnicas científicas desenvolvidas ao longo
de vários séculos: a óptica (ou física), inicialmente por meio da câmara escura, e a
química, por meio da fotossensibilidade – qualidade de materiais sensíveis à luz ou a
radiações luminosas.
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UNIDADE Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
A câmara escura é uma caixa na qual apenas uma de suas paredes tem um furo
que permite a passagem da luz de uma fonte externa para um espaço escuro. A luz
é projetada na parede oposta à do furo, formando uma imagem invertida da cena
externa. Vejamos como esse equipamento, fundamental para a criação da câmera
fotográfica, se desenvolveu efetivamente a partir do século IV a.C., ainda que outras
iniciativas tenham sido registradas antes:
Tabela 1
Câmara escura: o princípio de tudo
Aristóteles (384-322 a.C.) Reiner Gemma Frisius (1508-1555)
É atribuída ao filósofo grego (Fig. 3), no século IV a.C., a des- O físico e matemático holandês publica, em 1545, a primeira
coberta dos princípios ópticos da câmara escura e o seu uso ilustração de uma câmara escura, definindo-a (Fig. 4). Leo-
para observaçãode eclipses. Ele percebeu que quanto menor nardo da Vinci (1452-1519) também descreveu o equipamen-
o furo, mais nítida era a imagem, que aparecia invertida. to, mas suas anotações foram publicadas somente em 1797.
Figura 4
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons
Johann Zahn (1641-1707)
O matemático alemão descreve, em 1685, a utilização de um espelho (Fig. 5), para redirecionar a imagem ao plano horizontal,
facilitando assim o ato de desenhar nas câmaras escuras portáteis (Fig. 6). Artistas começam a usar o equipamento
regularmente para facilitar o desenho de imagens da vida real.
Figura 5 Figura 6
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: iStock/Getty Images
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Câmara escura: o princípio de tudo
Giovanni Battista della Porta (1535-1615)
O cientista italiano publicou, no livro Magia Naturallis (1558), uma descrição detalhada sobre a câmara escura e seus usos
(Fig. 7), especialmente no auxílio ao desenho. Ainda no século XVI, foram acrescentadas lentes ao equipamento conferindo
maior nitidez às imagens.
Figura 7
Fonte: Wikimedia Commons
Em 1777, o químico sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786), avança nas pes-
quisas de fixação de uma imagem a partir de sais de prata, mas ainda não consegue
que as imagens desapareçam com o tempo. No final do século XVIII, o britânico
Thomas Wedgwood (1771-1805) começou a utilizar nitrato de prata fotossensível
em papel e couro. E, em 1802, ele conseguiu imprimir em couro sensibilizado com
nitrato de prata, silhuetas de folhas e penas. Contudo, as imagens não se fixavam
e escureciam quando expostas à luz. Wedgwood havia criado imagens fotográficas,
mas não foi capaz, tecnicamente, de preservá-las.
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UNIDADE Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
Figura 8 – Joseph Nicéphore Niépce. Vista da janela em Le Gras, 1826. Heliografia (16,5 x 20 cm)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 9 – Placa de estanho original utilizada por Joseph Nicéphore Niépce, em 1826,
como negativo da primeira fotografia permanente da História: Vista da janela em Le Gras
Fonte: Wikimedia Commons
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O processo de Niépce mostrou-se, contudo, inadequado para a fotografia co-
mum. Foi quando, em 1829, ele se associou ao pintor e inventor parisiense Louis-
-Jacques-Mandé Daguerre (1787-1851), que também buscava encontrar um mé-
todo para produzir fotografias. Niépce faleceu logo após, em 1833, sem que o
grande público conhecesse seu sistema heliográfico.
Daguerre prosseguiu com suas pesquisas e, entre 1835 e 1837, havia padroni-
zado o processo no qual utilizava chapas de cobre sensibilizadas com prata e trata-
das com vapores de iodo, revelando a imagem com mercúrio aquecido, resultando
em positivos diretos de 16 x 21 cm. A fixação da imagem era feita em uma solução
aquecida de sal de cozinha. O processo foi chamado de daguerreótipo ou daguerre-
otipia. O ateliê do artista (Fig. 10), de 1837, uma natureza-morta, é considerado
o primeiro daguerreótipo exposto, revelado e fixado com sucesso por Daguerre.
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e a Fotografia Artística
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Em 7 de janeiro de 1839, foi anunciada oficialmente a criação da daguerreo-
tipia – processo fotográfico desenvolvido por Daguerre e Niépce – na Academia
de Ciências da França, em Paris. Sete meses depois, em 19 de agosto, durante
encontro realizado no Instituto da França, também em Paris, com a presença de
membros da Academia de Ciências e da Academia de Belas-Artes, o cientista
François Arago, secretário da Academia de Ciências, explicou o processo e comu-
nicou que o governo francês havia adquirido a invenção, colocando-a em domínio
público, ou seja, todos poderiam ter acesso ao sistema. Em troca, Louis Daguerre
e o filho de Joseph Niépce, Isidore, passaram a receber uma pensão anual vitalícia
do governo da França, de seis mil e quatro mil francos, respectivamente. Assim,
19 de agosto foi instituído como o Dia Internacional da Fotografia.
Figura 13 – Daguerreótipo Succe Frères, de 1839. Westlicht Photography Museum, Viena, Áustria
Fonte: Wikimedia Commons
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e a Fotografia Artística
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A Primeira Selfie e a Era
dos Estúdios Fotográficos
Você imaginava que a selfie era uma criação
contemporânea? Então, vejamos: no final de
1839, poucos meses após o francês Daguerre
apresentar sua invenção, o químico amador norte-
-americano, Robert Cornelius (1809-1893), tirou
um autorretrato (Fig. 16) do lado de fora da loja
da família em Filadélfia, na Pensilvânia. Esse é o
mais antigo daguerreótipo americano preservado e
um dos primeiros retratos fotográficos de todos os
tempos (HACKING, 2012). A obra está guardada
na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos,
em Washington. Os americanos aderiram aos re-
tratos em daguerreotipia com grande entusiasmo,
realizando o maior número desse tipo de imagem
Figura 16– Robert Cornelius.
em todo o mundo. Em 1850, somente Nova York
Autorretrato, 1939. Daguerreótipo
contava com cerca de 70 estúdios de retratos. Fonte: Wikimedia Commons
Figura 17 – Carl Ferdinand Stelzner. Associação dos artistas de Hamburgo, 1843. Daguerreótipo
Fonte: Wikimedia Commons
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e a Fotografia Artística
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O Primeiro Negativo e o Calótipo de Talbot
A divulgação do daguerreótipo, em janeiro de 1839, foi logo seguida pela
notícia da existência de outro processo fotográfico importante – desta vez na
Inglaterra – que também mudaria o rumo da fotografia. O cientista e ex-mem-
bro do Parlamento inglês, William Henry Fox Talbot (1800-1877), no final de
1840, relatou a descoberta do primeiro sistema simples para a produção de um
número indeterminado de cópias, a partir de uma chapa exposta. O dispositivo
de Daguerre resultava em apenas um positivo, ou seja, apenas uma imagem
sem possibilidade de cópias. A técnica de Talbot permitia o registro de uma
imagem sobre papel – um meio versátil, relativamente barato e capaz de repro-
duzir imagens com grande beleza – sensibilizado por ação da luz e emulsionado
por nitrato de prata.
Talbot vinha trabalhando em suas pesquisas desde 1833, quando obteve nega-
tivos minúsculos, após uma exposição de 30 minutos, em máquinas fotográficas
de fabricação local. Dois anos depois, em 1835, ele chegou ao que hoje é o mais
antigo negativo do mundo: a fotografia de uma das janelas da Abadia de Lacock,
em Wiltshire (Inglaterra), que poderia ser reproduzida para sempre (Fig. 20).
Figura 20 – William Henry Fox Talbot. Abadia de Lacock, em Wiltshire (Inglaterra), 1835. Negativo
Fonte: Wikimedia Commons
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e a Fotografia Artística
Entretanto, passaram-se cinco anos até que Talbot começasse a usar iodeto de
prata e percebesse que os tempos de exposição poderiam ser reduzidos para cerca
de um minuto. A prática da calotipia nas décadas de 1840 e 1850 na Grã-Bretanha
e na França contribuiu para o experimento e o desenvolvimento de uma série de
avanços técnicos e estéticos para a fotografia. Sir John Herschel, no início de 1840,
por exemplo, produziu negativos experimentais em vidro, e, em 1842, inventou o
cianótipo, negativo fotográfico em papel com base em sais de ferro, impróprio para
exposições em câmeras. O processo resultava em fotogramas detalhados em tons
de azul vivo (HACKING, 2012).
Um ano após Anna Atkins iniciar sua publicação (1843), Talbot relata o desen-
volvimento de seu trabalho na série de livros The pencil of nature (O lápis da natu-
reza) (Figs. 23 e 24), editado em seis volumes, entre 1844 e 1846, com calótipos
e explicação de seu trabalho, estabelecendo padrões de qualidade do seu processo.
É considerado o primeiro livro ilustrado com fotografias distribuído comercialmente.
Existe um exemplar na Biblioteca Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. O calótipo
obteve grande sucesso na Grã-Bretanha até o final dos anos 1850.
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Figuras 23 e 24 – Capa do livro The pencil of nature (O lápis da natureza), de William Henry
Fox Talbot, 1844; editado por Longman, Brown, Green & Longmans, Londres;
e página interna (William Henry Fox Talbot, O palheiro, 1844; calótipo)
Fontes: Wikimedia Commons
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e a Fotografia Artística
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Os negativos de vidro em colódio úmido de Fenton eram difíceis de produzir
e precisavam ser preparados no escuro, pouco antes da exposição, e reve-
lados logo em seguida, antes que o éter e o álcool evaporassem. Uma sala
escura portátil era necessária para que ele pudesse trabalhar nos campos de
batalha de Crimeia, de modo que Fenton adaptou a antiga caminhonete de
entregas de um comerciante de vinhos. (HACKING, 2012, p. 53)
A Febre Carte-de-Visite
A década de 1850 foi, de fato, muito criativa. Em 1854, o francês André-Adolphe-
-Eugène Disdéri (1819-1889) patenteou uma invenção que iria revolucionar o merca-
do da fotografia, tornando-se uma verdadeira febre em vários países: o carte-de-visite
(cartão de visita fotográfico). A fotografia tornava-se, assim, parte da vida do homem
de forma efetiva.
O sistema era simples: uma câmera fotográfica com quatro lentes obtinha oito
pequenos retratos com variadas poses em apenas uma chapa de vidro; as primei-
ras quatro fotos eram expostas, a chapa se deslocava e permitia a exposição das
outras quatro fotos. Os cartes-de-visite (Fig. 28) apresentavam uma fotografia de
cerca de 9,5 x 6 cm montada sobre um cartão rígido de cerca de 10 x 6,5 cm a um
custo muito acessível. A cópia era feita geralmente com a técnica de impressão em
albumina. O invento permitiu a produção em massa de fotografias (BRASILIANA
FOTOGRÁFICA, 2016a). Inicia-se, no período, a prática do retoque do negativo e
a criação dos álbuns fotográficos.
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e a Fotografia Artística
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Figura 29 – Alexander Gardner. Abraham Lincoln, sentado
segurando óculos, 1865. Impressão carte-de-visite cortado
Fonte: loc.gov
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e a Fotografia Artística
Uma das mais famosas fotografias alegóricas Dois modos da vida, de 1857
(Fig. 31), do pintor sueco Oscar Gustaf Rejlander (1813-1875), tem o tamanho
de um quadro de cavalete (78 x 40 cm). O tema obedece à iconografia da pintura
acadêmica com as poses dos personagens lembrando estátuas greco-romanas.
A composição é formada por 30 negativos sobrepostos em papel sensibilizado,
tendo levado seis semanas para sua execução. Rejlander fotografou cada modelo
e seção de fundo separadamente. O método foi denominado de fotografia com-
posta (ou impressão composta). O trabalho representa o desejo de fotógrafos
britânicos de provar o valor da técnica como arte.
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Figura 31 – Oscar Gustaf Rejlander. Dois modos da vida, 1857.
Processo de carvão a partir de impressão original em papel albuminado
Fonte: Wikimedia Commons
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e a Fotografia Artística
Fotografia Dadaísta
O dadaísmo, gestado na Suíça, em 1916, ganhou o mundo, especialmente os
Estados Unidos. O movimento artístico contestava valores culturais de forma radical
e se utilizava de vários canais de expressão como revistas, manifestos, exposições
e outros. A fotografia oportunizou aos artistas dadaístas uma forma de integração
entre o trivial e cotidiano à pratica artística. Em Nova York, artistas como Man Ray
(1890-1976) utilizaram a fotografia como um meio de revitalizar a arte visual, “sen-
do capaz de embaralhar as fronteiras entre a arte clássica e a arte popular, o estilo
e a moda, a pintura e a ilustração”, afirma Floresta (2011, p. 5).
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Fotografia Abstrata
Em 1916, Alvin Langdon Coburn (1882-1966)
questionou: “Por que a câmera também não deve-
ria se livrar dos grilhões da representação conven-
cional?” (Hacking, 2012, p. 197). Ele sugeriu que
a câmera explorasse movimentos rápidos, exposi-
ções múltiplas e ângulos de perspectiva. Coburn
foi um dos primeiros fotógrafos a produzir foto-
grafias não-figurativas.
Fotografia Surrealista
O Surrealismo, movimento criado pelo escritor francês André Breton (1896-
1966), em 1924, abrangia belas-artes, fotografia e filosofia e explorava o sub-
consciente humano, usando os preceitos da psicanálise, como o significado dos
sonhos, por exemplo. O primeiro fotógrafo que Breton trouxe para o Surrealismo
foi o artista norte-americano Man Ray (olha ele de novo). Inovador em temas,
composição e técnica criou imagens modernas (Hacking, 2012).
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e a Fotografia Artística
Pop Art
Movimento que surgiu no final dos anos 1950
na Inglaterra, e que no início da década seguin-
te conquistou os Estados Unidos, a Pop Art tem
uma relação visceral com os meios de comunica-
ção de massa, os bens de consumo e a cultura po-
pular. Expoente maior da Pop Art, Andy Warhol
(1928-1987) utilizou a fotografia como suporte
para suas criações, que foram reproduzidas, prin-
cipalmente, em serigrafia.
Fotografia Conceitual
A arte conceitual, desenvolvida nas décadas de 1960 e 1970, privilegia o con-
ceito, ou a ideia, em detrimento do meio utilizado na produção artística, e tem
na fotografia uma forma importante de manifestação. Os artistas conceituais, en-
tretanto, questionaram os significados sociais e a estética da fotografia em suas
obras, especialmente no registro de suas performances – forma de arte que com-
bina elementos de teatro, artes visuais e música. O artista norte-americano Vito
Acconci (1940-2017) examinou o papel da fotografia como meio de vigilância e
controle social em Cena de perseguição (Fig. 38), de 1969. Ele seguia um des-
conhecido ao acaso até essa pessoa entrar em um local privado.
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Fotografia Pós-Moderna
“Nas artes visuais, o pós-modernismo muitas vezes adotou uma ampla varie-
dade de estilos, mídias e práticas, com a fotografia desempenhando um papel de
destaque” (HACKING, 2012, p. 418). Vários artistas, especialmente nos Estados
Unidos, a partir do final da década de 1970, utilizaram a fotografia como forma
de desafiar conceitos modernistas como originalidade, subjetividade, autenticida-
de e autoria. Práticas como apropriação, pastiche e ironia passaram a dominar
a fotografia. A norte-americana Cindy Sherman (1954-) produziu uma série de
fotografias em preto e branco (entre 1977 e 1980) na qual ele posa em diversas
cenas que remontam às décadas de 1950 e 1960.
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UNIDADE Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
Figura 40 – Miguel Rio Branco. Blue tango, 1984. Fotografia, cibachrome, 20 fotografias
Fonte: inhotim.org.br
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individualidade das pessoas. “Embora a manipulação digital das obras seja central
à concepção desta série, é o efeito de realidade na representação fotográfica que
torna os elementos fantásticos ao mesmo tempo verossímeis e perturbadores”
(HACKING, 2012, p. 531).
Figura 42 – Anthony Aziz e Sammy Cucher. Chris, 1994. Impressão colorida cromogênica
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Estabelecimento da Fotografia (1826 a 1860)
e a Fotografia Artística
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Cinetoscopio
Os 15 melhores filmes sobre fotografia.
https://goo.gl/1ZpyqM
Título da Página
Mais de 101 sites de fotografia que tem de conhecer – Parte 1.
https://goo.gl/hroQkd
Instagram
Cindy Sherman. Selfies no Instagram. Instagram da fotógrafa norte-americana Cindy
Sherman (1954-).
https://goo.gl/k8MeC8
Filmes
Extraordinário
O filme Extraordinário (diretor: Stephen Chbosky, 2017, USA) não é sobre fotografia
ou sobre um grande fotógrafo: É sobre gente como nós. Em um determinado momen-
to, Auggie Pullman (Jacob Tremblay), um garoto que nasceu com uma deformação
facial, dá um show na feira de ciências da escola. Você logo vai reconhecer o equipa-
mento que ele e um colega de aula construíram.
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Referências
ARCHER, Michael. Arte contemporânea – Uma ideia concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 2001.
BARTHES, Roland. A câmara clara: nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1984.
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Livraria Pioneira Edi-
tora, 1979.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia – Técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
HONNEF, Klaus. Fotografia. In: WALTHER, Ingo F. Arte do século XX. Lisboa:
Taschen, 2010.
J. PAUL GETTY MUSEUM. Sir John Frederick William Herschel [2018]. Dis-
ponível em: <http://www.getty.edu/art/collection/artists/1881/sir-john-frederick-
-william-herschel-british-1792-1871/>. Acesso em 03 mai. 2018.
KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
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História e Estética
Fotográfica
Material Teórico
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Popularização da Fotografia (1861
a 1900) e a Fotografia de Eventos
• Introdução;
• A Era dos Retratos;
• “Você Aperta o Botão, Nós Fazemos o Resto”;
• Brownie, a Fantástica Câmera da Kodak,
que Popularizou a Fotografia;
• Turismo e Kodak Contribuem
para a Popularização da Fotografia;
• Uma Breve História da Gigante Kodak ;
• Fotografia de Eventos: Eternizando Lembranças;
• A Fotografia e as Formaturas;
• A Fotografia de Casamento;
• Fotografia Contemporânea de Casamento.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer as inovações técnicas e materiais fotográficos utilizados
entre os anos 1861 a 1900 na história da fotografia;
· Conhecer fotógrafos de retratos que marcaram época na fotografia
no século XIX;
· Conhecer, contextualizar e analisar diferentes tendências e estilos da
fotografia de eventos (casamento, formatura) através dos tempos até
a contemporaneidade.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Introdução
“O que o olho humano observa casualmente e sem curiosidade, o olho
da câmera... observa com uma fidelidade implacável”. Berenice Abbot
(LOWE, 2017, p. 76)
Figura 1 – Jacob Riis. Inquilinos de um cortiço na Bayard Street, cinco centavos a vaga, 1899. Prata/gelatina
Fonte: moma.org
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Você Sabia? Importante!
Entretanto, as pesadas e frágeis placas de vidro dos negativos fez com que
pesquisadores, especialmente químicos, se dedicassem à criação de novos suportes
materiais para negativos. Os resultados não tardaram. O inglês John Carbutt (1832-
1905), radicado nos Estados Unidos, anunciou, em 1888, a criação do primeiro
filme fotográfico de celuloide – chapas finas cobertas com gelatina. Foi sucesso
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
comercial. Por volta de 1890, Carbutt apresentou o filme com largura de 35 mm,
que definiria o padrão para câmeras fotográficas e de cinema. E, em 1896, ele
lançaria as primeiras placas de raios X para uso comercial.
Mas nem tudo era entendido da mesma maneira. Em 1849, o poeta e crítico
de arte francês Charles Baudelaire bradava: “Nossa sociedade sórdida, pois induz
os narcisos a uma exultação unânime sobre suas imagens banais, gravadas sobre
um pedaço de metal” (BUSSELLE, 1979, p. 33). Entretanto, não tardou para que
Baudelaire se rendesse à nova mídia. Em 1863, ele foi fotografado por Etienne
Carjat (1828-1906). O retrato (Fig. 5) foi utilizado na Galerie Contemporaine,
Littéraire, Artistique (Galeria Contemporânea de Escritores e Artistas).
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Um dos mais famosos (se não, o mais famoso) fotógrafos de retratos na épo-
ca de ouro foi, sem dúvida, Gaspard-Felix Tournachon, conhecido como Nadar
(1820-1910) (Fig. 6). Caricaturista e escritor, começou a se interessar pela foto-
grafia a partir do início da década de 1850. Sua forte personalidade, talento e au-
topromoção o levaram ao topo dos fotógrafos de retratos da época. Seus retratos
incluíam o escritor Victor Hugo, o pintor Eugène Delacroix, o compositor Franz
Liszt e a atriz Sarah Bernhardt (Fig. 7), entre outras personalidades.
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
O século XIX também teve outro importante destaque no gênero retrato: Julia
Margaret Cameron (1815-1879). Nascida em Calcutá, na Índia (seu pai era um
oficial inglês da East India Company), foi educada na França, mas retornou à Índia
para se casar com um jurista inglês. Em 1848, quando seu marido se aposentou,
passou a morar na Inglaterra. Com 48 anos (1863) ganhou sua primeira câmera
fotográfica, como presente de uma de suas filhas. Sua carreira decolou rápido.
Em um ano, Julia já era membro das sociedades de fotografia inglesa e escocesa.
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Figura 8 – Julia Margaret Cameron. Figura 9 – Julia Margaret Cameron. Rei Lear
Sir John Herschel com boné, 1867. distribuindo seu reino para suas três filhas, 1872.
Impressão em albumina; negativo Impressão em albumina; negativo
de vidro em colódio úmido de vidro em colódio úmido
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
https://goo.gl/vYoPKn
Mas a grande sacada de Eastman ocorreu, em 1888, quando ele lançou um pro-
duto revolucionário: a câmera Kodak One (Fig. 11). Pequena (9,2 x 7,9 x 16,5 cm),
ela vinha carregada com um rolo de filme de papel sensibilizado de 6,35 cm de largura,
que proporcionava 100 exposições no formato circular. Nessa época, a empresa se
chamava Eastman Dry Plate and Film Company. O material de divulgação da câ-
mera anunciava: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”, enquanto o manual
de instruções lembrava: “Seu uso dispensa estudos preliminares, laboratórios ou
produtos químicos” (BUSSELLE, 1979, p. 36).
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Figura 10 – Câmera Kodak One um dos primeiros Figura 11 – Anúncio publicitário (1888)
equipamentos fabricada pela Eastman Dry Plate and da mesma câmera Kodak, na publicação
Film Company, de Rochester (Nova York), em 1888 norte-americana Harper’s Magazine
Fonte: Courtesy of George Eastman House Fonte: Courtesy of George Eastman House
Figura 12 – Anúncio da câmera Kodak, de 1889: You press the button – we do the rest
(Você aperta o botão, nós fazemos o resto)
Fonte: Wikimedia Commons
Foi George Eastman quem criou o nome Kodak. Vejamos como ele explica isso:
Não se trata de um nome ou palavra estrangeira; foi criado por mim para
servir a um propósito. Possui os seguintes méritos do nome de uma marca
registrada: primeiro, é curto; segundo, é impossível pronunciá-lo errado;
terceiro, não se parece com nada no ramo e não pode ser associado a
nada que exista nele. (HACKING, 2012, p. 159)
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Depois que o usuário tirava as 100 fotografias, a câmera era enviada à Eastman
Company, que revelava o filme, copiava as fotografias e as montava em um cartão.
O dono do equipamento recebia de volta a sua câmera recarregada com um novo
rolo de filme. O preço da máquina, nos Estados Unidos era de 25 dólares e 10
guinéus na Grã-Bretanha. O serviço de revelação, as cópias e o novo rolo de filme
custavam 10 dólares ou 2 guinéus (BUSSELLE, 1979).
Como o preço de uma Kodak, na época, custasse mais do que um mês de salá-
rio de muitas pessoas, Eastman logo conseguiu reduzir os custos de suas máquinas,
utilizando métodos de produção em massa. Também foram realizados aperfeiçoa-
mentos técnicos nos equipamentos. No início de 1889, a empresa conseguiu pro-
duzir filmes em celuloide transparente em rolo, um material flexível como o papel
e transparente como o vidro. Pouco tempo depois, já haviam sido lançados no
mercado cinco modelos de câmeras Kodak, dois deles dobráveis. Todos utilizavam
filmes em rolo, colocados no laboratório da empresa.
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Eastman nunca descansou na busca de encontrar formas de reduzir os preços
de seus produtos. Uma das soluções foi colocar o filme em rolo dentro de um
cartucho. Assim, a partir daquele momento, as câmeras não precisavam mais vir
com o filme dentro. Em 1895, foi lançada a Pocket Kodak (Fig. 15), uma câmera
de bolso vendida por apenas 5 dólares.
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Assim, em 1900, surgiu a Brownie (Fig. 18), “talvez a máquina fotográfica mais
célebre da história, capaz de tirar fotos de qualidade, com filme em rolo dentro de
um cartucho ao preço de 5 xelins ou 1 dólar” (BUSSELLE, 1979, p. 36). O nome
da câmera foi uma referência a uma personagem de histórias em quadrinhos do
autor canadense Palmer Cox.
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Figura 19 – David Lisk. Brownie II, a última edição da famosa série (1986), desta vez fabricada no Brasil
Fonte: David Lisk
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
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Figura 21 – Francis Frith. As pirâmides de Gizé (do Sudoeste), 1857.
Albúmen a partir de negativo de vidro em colódio úmido
Fonte: metmuseum.org
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
fotógrafos revelar suas fotos, usando os recém- Caixa de filme Ektachrome, 1947:
-lançados kits de químicos. https://goo.gl/ygUeRt
O número de funcionários da Kodak em âmbito
mundial ultrapassa a marca dos 60 mil.
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Em 1963, a Kodak lançou mais uma linha de
sucesso: a câmera Instamatic (Fig. 28) com design
clássico. Ela ficou famosa por ser barata e ter o
filme na forma de cartucho facilmente substituído,
trazendo à fotografia amadora novos patamares
de popularidade.
Mais de 50 milhões de câmeras Kodak Instamatic
Figura 27 – Câmera Kodak Instamatic
foram produzidos, entre 1963 e 1970. Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Fotografia de Eventos:
Eternizando Lembranças
A fotografia vem, ao longo de seus quase dois séculos de existência, mostrando
o homem a si mesmo, registrando a vida, feitos, tragédias, alegrias... O certo é que,
em todas as situações, o fotógrafo de eventos, seja casamentos, formaturas, festas
de 15 anos, palestras, conferências, espetáculos (música, teatro, dança) deve, ne-
cessariamente, como profissional, ter habilidades fundamentais como sensibilida-
de, concentração, conhecimento técnico e rapidez para traduzir em imagens cada
momento importante desses eventos.
24
Figura 34 – Henri Cartier-Bresson. Recém-casados em um café ao ar livre no Marne, 1938
Fonte: LUISI, 2013
A Fotografia e as Formaturas
Os quadros e os álbuns de formatura, presentes nas vidas acadêmicas a partir do
início do século XX, também podem ser considerados como importantes registros
da memória das instituições de ensino, além dos formandos e de suas famílias.
As fotografias de formatura, como rito institucional, comunicavam a consagração
de um momento importante e podiam ser estampadas nas paredes ou em cima dos
móveis nas residências, escritórios, consultórios.
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
“As fotografias, elementos centrais nos quadros de formatura, podem ser inter-
pretadas na perspectiva de indiciárias do processo de inclusão da cidade na era dos
estúdios fotográficos”, afirma Coelho Júnior (2015, p. 130), lembrando que são
evidências da democratização do consumo da imagem e a consolidação do trabalho
dos fotógrafos e seus novos negócios, como os estúdios fotográficos. Conforme o
autor, os quadros de formatura no início da década de 1920 (Fig. 35), no Brasil,
a partir da análise de suas características físicas como molduras, desenhos, pintu-
ras, cores, adornos, rococós e assinaturas, “remetem a um trabalho impregnado de
prescrições estéticas tradicionalmente utilizadas por artistas plásticos” (COELHO
JÚNIOR, 2015, p. 130).
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Figura 36 – Renan Radici. Fotografia de formatura, s/d
Fonte: Renan Radici, S/D
A Fotografia de Casamento
Fotografias de casamento ou da união entre duas pessoas, estão presentes na
vida das famílias em praticamente todas as sociedades a partir de meados do século
XIX, quando a fotografia se tornou mais acessível tanto técnica quanto comercial-
mente. Esse tipo de registro se tornou tão importante ao ponto de ser classificado
como um subgênero fotográfico, derivado do gênero retrato. O certo é que para
eternizar a lembrança de uma união ou fazer com que as pessoas ausentes possam
compartilhar esse momento (ou as duas coisas) nada melhor que uma boa fotogra-
fia de casamento.
27
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Figura 37 – Fotógrafo não identificado. Fotografia de casamento, ao ar livre, da família Procópio de Carvalho, 1917
Fonte: Leite, 1979
Figura 38 – Fotógrafo não identificado. Fotografia do casamento, em estúdio, da família Ahun, 1919
Fonte: Leite, 1979
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Você Sabia? Importante!
A cor branca do vestido da noiva é vista nos retratos de casamento das sociedades
ocidentais há muitos anos. Entretanto, na extinta Pomerânia (região geográfica situada
no Mar Báltico, entre as atuais Alemanha e Polônia), as noivas se casavam com vestidos
pretos (Fig. 39). Ainda hoje, na Europa e em regiões colonizadas por pomeranos no
Brasil (Espírito Santo e Rio Grande do Sul), a tradição é mantida. As explicações para
o vestido de noiva preto são várias, segundo Leite (1979, p. 112) “para o camponês o
preto significava fertilidade, o húmus da terra, as cinzas fertilizantes em contraposição
à brancura da morte e do gelo hibernal”. Outras, explicam que no período medieval,
quando um casal de servos se casava, a primeira noite da mulher era do senhor feudal e,
em forma de protesto, ela se vestia de preto durante a celebração do matrimônio.
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Figura 40 – Ensaio fotográfico de casamento Trash the dress é realizado dias após a cerimônia
Fonte: iStock/Getty Images
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· Making of – É a cobertura fotográfica dos preparativos finais. É realizado
no dia do casamento quando a noiva e o noivo realizam massagens, vão
preparar o cabelo, maquiagem, vestido, traje, interação com pais e padri-
nhos etc.
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Figura 45 – Damien Lovegrove. Sem título, 2014. À esquerda a fotografia digital original e,
à direita a fotografia com pós-produção: foram retirados os pregos da parede
e adicionado contraste geral à imagem
Fonte: Lovegrove, 2014
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Kodak Brownie
Quer conhecer um pouco mais (muito mais) sobre a câmera revolucionária Brownie
da Kodak?
https://goo.gl/9UadMD
Grand Mond – Da Imagem e da Fotografia em Portugal
Workshop Os Ambrótipos e o Processo de Colódio Húmido.
https://goo.gl/SZ7y1Q
Richard Kalvar (1944-)
Imperdível. Um dos melhores fotógrafos de instantâneos contemporâneos.
https://goo.gl/dLf5pe
Vídeos
Fala, Doutor: Lívia Afonso de Aquino
A Kodak e a Construção de um Turista-Fotógrafo - PGM 121.
https://goo.gl/RLr7cg
Leitura
O Papel da Kodak na Construção do Turista
Aquino, Lívia Afonso de. O papel da Kodak na construção do turista. In:
XXVII Simpósio Nacional de História, Natal/RN, 2013. Associação Nacional de
História-Anpuh.
https://goo.gl/Sh85Mn
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UNIDADE Popularização da Fotografia (1861 a 1900) e a Fotografia de Eventos
Referências
BADLHUK, Cynthia. Criatividade na fotografia de formatura, 2014. Disponí-
vel em: <http://iphotochannel.com.br/cobertura-da-festa/criatividade-na-fotogra-
fia-de-formaturas>. Acesso em: 05 jun. 2018.
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Livraria Pioneira Edito-
ra, 1979.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia – Técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
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História e
Estética Fotográfica
Material Teórico
Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Fotografia Moderna (1901 a 1945)
e a Fotografia de Moda
• Introdução;
• Instantâneo Fotográfico e Novas
Formas de Enquadramento;
• Primeiros Passos da Fotografia em Cores;
• A Fotografia nas Duas Grandes
Guerras Mundiais;
• A Fotografia de Moda através do Tempo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Identificar a fotografia documental como uma das primeiras etapas
da fotografia moderna no início do século XX;
· Conhecer a grande evolução das câmeras fotográficas ocorrida nas
primeiras décadas do século XX;
· Contextualizar e analisar os diferentes períodos da fotografia de
moda, desde os seus primórdios até a contemporaneidade e seus
principais fotógrafos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Contextualização
Fotógrafo e cinegrafista, Ponting acompanhou a expedição britânica à Antártica
(1910-1913) e ensinou fotografia aos integrantes da missão cujo objetivo era o de
ser os primeiros a chegarem ao inexplorado Polo Sul. Entretanto, o capitão Robert
Falcon Scott, comandante da jornada, descobrira que o norueguês Roald Amundsen
havia estado na região um mês antes de sua chegada e colocado a bandeira da No-
ruega. Negativos não revelados foram encontrados na tenda em que o capitão Scott
e dois companheiros morreram durante a viagem de volta da Antártida.
O fotógrafo é um manipulador da luz; a fotografia é uma manipulação da
luz. Laszló Moholy-Nagy. (LOWE, 2017, p. 96)
8
Introdução
O início do século XX foi palco de importantes e fundamentais momentos para o
desenvolvimento da fotografia. Os avanços tecnológicos, que começavam a aparecer,
principalmente na indústria, na ciência, nos transportes, entre outras áreas, também
chegou à fotografia que, de forma ampla, passou a registrar intensamente as grandes
mudanças do mundo. A exploração dos últimos grandes territórios desconhecidos
(Figura 1), por exemplo, pode ser registrada justamente a partir dessa época.
Para que tudo isso fosse viável, a ciência se mostrou fundamental. Foi possível
a utilização de fotografias em jornais e revistas; a criação, pelo engenheiro alemão
Oscar Barnack, da icônica câmera Leica, precursora das câmeras de 35 mm e da
Rolleiflex; a fotografia em cores com qualidade; o diapositivo (slide); a fundação
da Nikon, em Tóquio; só para citarmos alguns desses momentos. O mundo pas-
sava a ser moderno.
Stieglitz tirou uma das primeiras fotografias modernistas, em 1907, feita du-
rante uma viagem de navio à Europa. A terceira classe (Figura 2) mostra uma
grande aglomeração de pessoas em um pequeno espaço na grande embarcação,
parecendo um campo de refugiados. As condições contrastavam com a confor-
tável cabine onde o fotógrafo estava com sua família.
9
9
UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Foi nessa mesma época que a fotografia se tornaria presente e efetiva nos
jornais diários, ainda que ela já fosse utilizada há algum tempo em revistas e
jornais semanais em decorrência do maior tempo que os editores tinham para
montar suas publicações. Em 1904, o jornal inglês The Daily Mirror (veja abai-
xo), começou a ilustrar suas páginas totalmente com fotografias, e não mais com
ilustrações. A partir desse momento, a fotografia passou a ser utilizada como um
elemento informativo. Consolida-se então o fotojornalismo – atividade desempe-
nhada por profissional responsável pelo registro fotográfico de qualquer fato ou
assunto de interesse jornalístico.
Capa do Daily Mirror (2 de setembro de 1904), o primeiro jornal diário do mundo totalmente
Explor
10
observa Fels (2008). Esse estilo de fotografar foi denominado pela revista inglesa
The Graphic como candid photography – quando o fotografado não percebe ou
desconhece a presença do fotógrafo ou da câmera.
Figura 3 – Erich Solomon. O cônsul alemão Schwarz (à direita) visita Max Schmeling
(à direita) no campo de treinamento, Kingston, Nova York, 1932
Fonte: icp.org
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Figura 5 – Heinrich Kühn. Miss Mary e Edeltrude deitadas na relva, c.1910. Autocromo
Fonte: Hacking, 2012
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Leica e Rolleiflex, Xodós dos Fotojornalistas
As origens da câmera fotográfica Leica remontam ao ano de 1911, quando
o engenheiro alemão Oskar Barnack começou a trabalhar na fábrica de lentes e
microscópios Ernst Leitz Optische Werke, na cidade alemã de Weztlar. Com certe-
za, ele não esperava criar uma das câmeras fotográficas mais icônicas do mundo.
Apaixonado por fotografia, e em virtude de sua saúde fraca, tendo dificuldade de
carregar as pesadas câmeras de placa de vidro, que ficavam fixas sobre tripés,
Barnack decidiu estudar e pesquisar alternativas nas suas horas livres.
Em 1913, ele desenvolveu um protótipo com uma caixa de metal e uma lente
semelhante às utilizadas nos microscópios da época. Além disso, ele colocou um
mecanismo para utilizar o filme para cinema, só que ampliou o tamanho do foto-
grama para 24 x 36 mm, o dobro do utilizado na época. Estava criado o protótipo
de uma câmara 35mm de pequeno formato, que recebeu o nome de Ur-Leica.
• O nome Leica é resultado da união das três letras iniciais do nome da família Leitz (Lei)
Explor
Figura 6
Fonte: https://goo.gl/RU22Gf
13
13
UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
No início da década de 1930, a Leica surgiu com mais uma novidade: um mode-
lo com objetivas intercambiáveis (para concorrer com à recém-lançada Rolleiflex).
Logo, foram lançados os modelos Leica Luxur e Leica Compur. No total, foram
produzidas mais de 60 mil unidades desses modelos.
Mas, o maior trunfo da marca era, sem dúvida, sua lente, resultado do trabalho
de Ernst Leitz, como fabricante de microscópios e telescópios e da união com
Barnack, que trabalhou na empresa alemã Carl Zeiss, fabricante de uma das me-
lhores lentes do mundo. O resultado dessa sociedade foi uma câmera com uma
qualidade óptica extraordinária que, aos poucos, foi ganhando mercado, sendo
usada largamente no fotojornalismo. Em 1930, a Leica era tão popular que o
formato 35 mm começou a ser progressivamente preferido para o uso amador,
especialmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Atualmente, a Leica, além da fábrica na Alemanha, possui uma grande unidade
em Portugal, responsável por 90% da produção de máquinas fotográficas da marca
no mundo. A produção geral anual em Portugal é de 40 mil binóculos, 15 mil obje-
tivas, 4 mil miras telescópicas e 20 mil máquinas fotográficas. Símbolo de qualidade,
os produtos da marca, hoje, estão entre os mais caros do mundo. Exemplo: a Leica
24 SL Type 601, Mirrorless Camera, Black (Figura 8), profissional, custa (preço em
2018), cerca de 6 mil dólares em sites internacionais de compra – somente o corpo.
Caso você queira uma lente Leica Vario-Elmarit-SL 24-90 mm f/2,8-4, terá de de-
sembolsar mais cerca de 5 mil dólares. Total: 11 mil dólares.
14
A Revolucionária Rolleiflex
Outra câmera revolucionária foi a também alemã Rolleiflex – precursora de
inúmeras reflex de duas objetivas e filme de rolo –, desenvolvida, em 1929, pela
Frank & Heidecke. Foi uma das primeiras câmeras a trazer uma grande inovação:
a possibilidade da troca de lentes para alteração das distâncias focais. O grande
atrativo da marca sempre foi a alta qualidade de seus produtos.
Em uma câmera reflex, o fotógrafo enxerga o objeto refletido por um conjunto de espelhos
Explor
(visor óptico). A Rolleiflex possuía duas objetivas: a superior era usada para a formação
da imagem no visor enquanto a objetiva inferior, de mesma distância focal, formava uma
imagem sobre o filme. Uma limitação dessas câmeras é o erro de paralaxe, isto é, quando
uma cena fotografada é muito próxima, fotógrafos inexperientes podem “cortar” partes do
assunto. (FELS, 2008)
O modelo de 1929 (Figura 9) tinha o princípio das lentes gêmeas: a luz que passa
pela lente superior é refletida em um espelho e pode ser vista no visor acima da câ-
mara, e aí se dá a focalização. O filme é exposto através da luz que atravessa a lente
inferior. Muitas câmeras antigas ainda são utilizadas até hoje. A Rolleiflex passou a
ser a preferida dos profissionais.
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
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Por incrível que pareça, foi um conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), que contribuiu para isso, criando um grande fluxo de produção fo-
tográfica nos dois lados: Aliados (Reino Unido, França e Rússia) e Tríplice
Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). “Esta guerra foi ‘facilmente’ fo-
tografada, uma vez que, ocorreu nas trincheiras, diferente da Segunda Guer-
ra. Outro uso da fotografia foi como um método auxiliar de reconhecimento
aéreo”. (TOREZANI, 2014, p. 4)
Conforme Torezani (2014, p. 4), “a fotografia deste conflito serviu como ele-
mento de manipulação através de peças de propaganda para controlar a popula-
ção e estimular ódio e afeto”. Os serviços fotográficos dos exércitos registravam
as batalhas, controlavam a difusão das imagens e retocavam as cenas para evitar
a “foto-choque”. No final da década de 1930, exposições fotográficas pelo mun-
do mostraram a “verdadeira” guerra, pelos dois lados.
Outro conflito ocorrido entre 1936 e 1939, a Guerra Civil Espanhola, reve-
lou um jovem fotógrafo que, aos 25 anos, foi considerado pela revista britânica
Picture Post (1938) como o “maior fotógrafo de guerra do mundo”: o húngaro
Robert Capa (1913-1954). No front das piores guerras, ele combinava três de
suas mais importantes características: coragem, senso apurado de composição
e olhar humano.
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Os Fotógrafos-Correspondentes
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) consolidou o poder da fotografia de
guerra em decorrência do grande número de jornais e revistas ilustrados em todo
o mundo. Além disso, os fotógrafos não precisavam utilizar volumosas câmeras,
pesados tripés e chapas de vidro como na primeira grande guerra. E, por isso, po-
diam se movimentar com mais agilidade na linha de frente das batalhas.
18
Muitas imagens importantes e fortes da Segunda Guerra Mundial foram pro-
duzidas para a revista norte-americana Life pelos fotógrafos-correspondentes
George Rodger (1908-1995) e Robert Capa. Rodger, em 1941, entrou em um
campo de concentração na Baixa Saxônia (Alemanha) e encontrou mais de qua-
tro mil corpos; e Capa realizou a famosa série de 106 fotografias, em 6 de junho
de 1944, quando soldados norte-americanos desembarcaram na Praia Omaha,
na Normandia (França). A data ficou conhecida como “Dia D”. As imagens de
Capa ficaram ligeiramente fora de foco porque suas mãos tremiam enquanto
fotografava sob fogo cerrado (Figura 13).
Tabela 1
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
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A Fotografia de Moda através do Tempo
A roupa não fala, mas nos diz muitas coisas. Inúmeros são os códigos
das roupas que, ao serem decifrados, são capazes de transmitir informa-
ções, como por exemplo, as cores. Atualmente, no mundo ocidental,
com a liberdade de expressão, as cores perderam muito das suas simbo-
logias, mas, em outras épocas, já estiveram associadas às questões cultu-
rais como um verdadeiro diferenciador de condição social. (NOGUEIRA
apud BRAGA, 2008, p. 17)
Figura 18 – Adolph de Meyer. Estudo de moda não publicado para a Vogue, 1919. Fotografia
Fonte: Hacking, 2012
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Figuras 19 e20 – Cecil Beaton. Mona von Bismarck by Cecil Beaton for Vogue, 1936
Fontes: Cecil Beaton, 1936
Entretanto, foi apenas em julho de 1932 que a Vogue publicou sua primeira
capa com uma fotografia. Produzida pelo fotógrafo Edward Steichen – um dos
mais famosos fotógrafos de moda da época –, a imagem mostra uma modelo
com maiô vermelho e branco e touca branca, segurando uma bola também ver-
melha e branca sobre um fundo azul (Figura 21).
Figura 21 – Edward Steichen. Primeira capa fotográfica da revista Vogue, 1932. Fotografia
Fonte: Torezani, 2015
22
A fotografia, além de substituir gradualmente os desenhos nas revistas
de moda e estilo de vida, começou a eclipsar as artes gráficas na publi-
cidade. Em 1923, menos de 15% dos anúncios ilustrados nas grandes
revistas usavam fotografia. Decorrida uma década, este número chegava
quase a 80%. (HACKING, 2012, p. 262)
Nos anos 1930, câmeras portáteis como a Leica contribuíram para que a foto-
grafia de moda começasse a ser mais realista, tendo como base o fotojornalismo,
fora dos limites do estúdio, por exemplo. Em 1933, a Harper’s Bazaar contratou
o húngaro Martin Munkácsi (1896-1963), um dos fotógrafos esportivos mais bem
pagos do mundo. Sua capacidade de captar o movimento revolucionou a fotografia
de moda (Figura 22). Ele ensinou, em 1935, em um artigo na Harper’s Bazaar:
Nunca mande seus modelos posarem. Deixe que se movam natural-
mente. Todas as grandes fotografias hoje são instantâneos. Tire ima-
gens por trás. Tire imagens correndo [...]. Escolha ângulos inespera-
dos, mas nunca sem razão.
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
No final dos anos 1950, Londres se tornou o centro criativo para jovens estilistas
e fotógrafos de moda, um verdadeiro movimento cultural. Os jornais mostravam um
número cada vez maior de fotografias de moda “à medida que roupas sofisticadas,
porém acessíveis e produzidas em série, ficavam ao alcance do público em geral”
(HACKING, 2012, p. 345). Na época, também foi lançada a influente revista de
moda masculina Town, que mostrava modelos masculinos caracterizados como he-
róis ao estilo do agente secreto do cinema James Bond.
Barry Lategan. Reportagem no The Daily Express com Twiggy, 23 de fevereiro de 1966.
Explor
24
A década de 1960 seria marcada, ainda, pela ampliação da ideia de padrão de
beleza nas grandes revistas. Em março de 1966, Donyale Luna se tornou a primei-
ra modelo afro-americana a estampar a capa da Vogue britânica, fotografada por
David Bailey (1938-) (Figura 24).
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Nos anos 1980, as top models passaram a ser bem pagas (aliás, muito bem pa-
gas), consolidando-se o conceito de supermodelos. Fotógrafos como o norte-ame-
ricano Steven Meisel (1954-) foram fundamentais para a construção das carreiras
de diversas supermodelos como Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Linda Evangelis-
ta, Naomi Campbell, entre outras. Meisel, que também era designer, coreografava
poses das modelos e as aconselhava sobre cor de cabelos, por exemplo.
Também fazia parte desse grupo de fotógrafos Herb Ritts (1952-2002). Seus
retratos de personalidades e editoriais de moda foram publicados em revistas de
luxo como Vogue e Vanity Fair. O norte-americano fotografou ainda para campa-
nhas publicitárias de marcas como Armani e Chanel e para varejistas como Levi’s
e Gap. (HACKING, 2012)
Figura 26 – Herb Ritts. Madonna (True Blue Profile), Hollywood, 1986. Fotografia
Fonte: Herb Ritts,1986
26
Figura 27 – Herb Ritts. Stephanie, Cindy, Tatjana,
Naomi, Hollywoodi, 1989. Fotografia
Fonte: Hacking, 2012
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
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A Fotografia de Moda na Era Digital
Na medida em que entende a linguagem da moda fotografada, o profis-
sional que atua no campo da moda ou da comunicação de moda torna-se
mais consciente ao eleger os signos capazes de estabelecer uma relação
eficiente e ética com o público. Essa consciência, fundamental em todas
as áreas, pode fazer a diferença em um campo que busca se firmar como
parte importante da cultura. (NOGUEIRA, 2012, p. 106)
Um exemplo desse novo momento é o inglês Nick Knight (1958-), que, como
fotógrafo de moda, tem desafiado as noções convencionais de beleza, estando
entre os fotógrafos mais influentes e visionários do mundo. Como empreendedor,
ele criou e dirige o premiado site de moda SHOWstudio.com, empresa de promo-
ção dedicada a compartilhar na internet mídias ao vivo sobre moda (Figura 31).
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Figura 32 – Tim Walker. Capa da Another Figura 33 – Tim Walker. Revista i-D, 2017
Man, 2017, para a Gucci Fonte: Tim Walker, 2017
Fonte: Tim Walker, 2017
Essa característica, conforme Spineli (2011, p. 43), é muito utilizada por David
LaChapelle (1963-) em suas produções para moda, “pois ele manipula as imagens
fotográficas digitais ou digitalizadas e as compõem por meio do computador com
outro elemento”. O resultado, conforme a autora, são imagens que não encon-
tram necessariamente contraponto na realidade.
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Figura 34 – David LaChapelle. An image Figura 35 – David LaChapelle. Campanha
of some bright eternity, 2002, para publicitária Viva Glam da MAC, 2012,
a Vogue italiana. Fotografia com a rapper Nicki MinajFotografia
Fonte: David LaChapelle, 2002 Fonte: David LaChapelle, 2002
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Iphoto Channel
10 Fotógrafos de moda para seguir no Instagram.
https://goo.gl/QgdgV9
Amigo Fotografo
5 aplicativos de fotografia grátis que você deve conhecer.
https://goo.gl/iAiSrD
Livros
Correspondente de guerra – Os perigos da profissão que se tornou alvo de terroristas e exércitos
LIOHN, André; SCHELP, Diogo. Correspondente de guerra – Os perigos da
profissão que se tornou alvo de terroristas e exércitos. São Paulo: Contexto, 2016.
Filmes
A vida secreta de Walter Mitty
A vida secreta de Walter Mitty. Direção:.Ben Stiller, 2013. Sinopse: Walter Mitty
(Ben Stiller) é o responsável pelo departamento de arquivo e revelação de fotografias
da tradicional revista Life. Ele é um homem tímido, levando uma vida simples, per-
dido em seus sonhos. Ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo
Sean O’Connell (Sean Penn), ele percebe que está faltando uma foto. O problema é
que trata-se justamente da foto escolhida para ser a capa da última edição da revista.
É quando, Walter, com o apoio de Cheryl (Kristen Wiig) é obrigado a embarcar em
uma verdadeira aventura.
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Referências
EPRIN – Escola Profissional da Raia. A evolução da câmera fotográfica
[2018]. Disponível em: <https://www.eprin.net/gamanho/fotpb/AEvolucao-
daCamaraFotografica.pdf>. Acesso em: 30 mai. 2018.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia: técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
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UNIDADE Fotografia Moderna (1901 a 1945) e a Fotografia de Moda
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História e Estética
Fotográfica
Material Teórico
O Mundo Passa a Ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999)
e a Fotografia Publicitária,
de Gastronomia e de Ação/Esportes
• Introdução;
• Magnum Photos;
• Polaroid: A Câmera “Mágica”;
• Evolução da Fotografia em Cores;
• Eletrônica a Serviço da Fotografia;
• Retratos de Celebridades;
• Paparazzo: um Mosquito?
• A Fotografia Publicitária, de Dastronomia e de Ação/Esportes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer, contextualizar e analisar historicamente as diferentes fa-
ses do desenvolvimento da fotografia, técnica e artisticamente, na
segunda metade do século XX, assim como tendências, estilos e mo-
vimentos estéticos da fotografia;
· Reconhecer os subgêneros da fotografia publicitária, de gastrono-
mia e de ação/esportes a partir de sua história e principais nomes
de seus profissionais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Introdução
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e até o início dos anos 1970,
os países ocidentais, principalmente, viveram um período de grande prosperidade
econômica, inclusive aqueles castigados duramente pelo conflito, como Alema-
nha, Japão e França. O período também foi marcado pela criação, em 1945, da
Organização das Nações Unidas (ONU), com sede em Nova York, cujo objetivo é
promover a cooperação internacional. Neste cenário, “os Estados Unidos concen-
travam sozinhos a quase totalidade da liquidez mundial. Seu território continen-
tal não havia sido atacado, e sua infraestrutura e malha industrial saíram ilesas”
(GASPAR, 2015, p. 268).
Figura 1 – Saul Leiter. Táxi, Nova York, 1957. Leiter trocou os filmes em preto e
branco pelos coloridos em 1948. O fotógrafo imortalizou as ruas de Nova York por mais
de meio século, desde os anos 1950, até sua morte, em novembro de 2013
Fonte: sva.edu
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Magnum Photos
“Magnum é uma comunidade de pensamento, uma qualidade humana comparti-
lhada, uma curiosidade sobre o que está acontecendo no mundo, um respeito pelo
que está acontecendo e um desejo de transcrever visualmente.” A frase de Henri
Cartier-Bresson (1908-2004) contextualiza o perfil da mais importante agência de
fotografia já criada: a Magnum Photos (https://goo.gl/9pyspV).
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, o húngaro Robert Capa
(1913-1954), o britânico George Rodger (1908-1995), o polonês David Seymour
(1911-1956) e o francês Cartier-Bresson, seguindo um modelo de cooperativa,
conceberam a agência “com o objetivo de tornar seus integrantes independentes
das revistas, que até então conservavam os direitos das fotografias que encomen-
davam” (HACKING, 2012, p. 326).
Figura 2 – George Rodger. Os núbios, 1949. Fotografia. O campeão de uma luta livre
núbio é carregado nos ombros por seu oponente em uma aldeia no Sudão (África)
Fonte: Hacking, 2012
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
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Polaroid: A Câmera “Mágica”
“A fotografia Polaroid tem uma materialidade imediata, que se distancia dos
processos fotográficos convencionais e a aproxima mais da imagem digital contem-
porânea [...]” (FRANDOLOSO, 2014, p. 12). Por incrível que pareça, a fascinante
história da Polaroid tem início na indagação de uma criança de três anos, que não
entendia por que demorava tanto para ela ver as suas fotos das férias de verão.
O pai, o cientista norte-americano Edwin H. Land (1909-1991), respondeu à sua
filha com a colocação no mercado, em 1948, de uma das mais revolucionárias câ-
meras fotográficas já comercializadas: a Polaroid Land Model 95 (Fig. 4), primeira
câmera fotográfica instantânea da história. A partir daquele momento, a filha de
Land poderia ver as suas fotos reveladas em até 60 segundos após serem tiradas.
Figura 4 – Polaroid Land Model 95, a primeira câmera instantânea do mundo, lançada em 1948
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
O apogeu da marca se deu nos anos 1970 com o lançamento do modelo SX-70
Land (Fig. 5), considerada uma das melhores câmeras instantâneas já fabricadas.
A câmera era completamente automática e revolucionária com um sistema de
fole, que, quando fora de uso, podia ser dobrada, cabendo em qualquer bolso.
Até 2002, a Polaroid havia fabricado um total de 13 milhões de câmeras.
Figura 6 – O criador da Polaroid, Edwin Land, foi capa da revista Life, em outubro de 1972.
Ele segura uma Polaroid SX-70 Land, considerada uma das melhores câmeras instantâneas já fabricadas
Fonte: aiga.org
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Co Rentmeester. Sem título, 1972. O fotógrafo da revista Life teve a oportunidade de experi-
Explor
mentar a câmera Polaroid SX-70 Land antes do seu lançamento comercial: https://goo.gl/Z2g2rS
Edwin Land, criador da Polaroid, é o caso de um inventor com imensas habilidades nos negócios.
Uma união perfeita. Entre as décadas de 1950 a 1970, a Polaroid foi considerada a mais
inovadora empresa de tecnologia do mundo, possuindo menos patentes apenas que Thomas
Edison, criador da lâmpada elétrica incandescente, entre suas 2.332 patentes registradas.
Steve Jobs, assumia abertamente ter várias vezes visitado Edwin Land e usado a Polaroid como
modelo para criar a Apple, aliando qualidade com simplicidade de uso. Deu certo!
A Polaroid também não resistiu à investida digital, que ocorreu forte a partir do
final do século XX. Em 2008, a empresa lançou a PoGo digital com a inovadora
tecnologia de impressão Zink, sem o uso de tinta (Zero ink). O segredo está no
papel, que possui cristais de corantes, ativados no momento da impressão da foto.
Tudo isso em menos de um minuto. Também é possível, por meio de bluetooth,
enviar imagens de celular para a impressora compatível com a tecnologia. A câme-
ra possibilita a edição da fotografia antes da sua impressão.
Explor
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Explor
Em 2010, a Polaroid firmou parceria com a cantora pop norte-americana Lady Gaga, que
assumiu o posto de diretora criativa da marca, em uma clara intenção de modernizar e atrair
jovens consumidores. Gaga ajudou na criação de novos modelos de máquinas digitais – como a
GL30 (Fig. 7a e b), com resolução de 12 megapixels e tecnologia de impressão instantânea Zink
– lançados comercialmente, em 2011, nas cores preta, azul e vermelha. Outro produto criado
com a colaboração da cantora foram uns óculos que permitem ao usuário tirar e exibir fotos por
meio das suas lentes (Fig. 7c). A história da Polaroid parece não ter fim.
14
Entretanto, a introdução comercial da máquina de 35 mm, na década de 1930,
fez com que tudo mudasse. Os fotógrafos saíam mais facilmente dos estúdios para
realizar trabalhos de moda, documental ou autoral, com um investimento menor se
comparado com as máquinas de médio e grande formatos. Os fotógrafos passaram,
então, a se arriscar mais na utilização da cor.
Nas revistas do grupo editorial Condé Nast – Vogue, Vanity Fair e House &
Garden –, por exemplo, o uso de fotografias em cores foi incentivado a partir da
década de 1950, tendo como mote a ousadia e o moderno. O sucesso da fotogra-
fia em cores na publicidade e na moda nessas revistas foi tão grande que o grupo
“se viu sob o risco de adquirir uma reputação de frivolidade comercial populista,
ao passo que imagens em preto e branco transmitiam uma ideia de rigor artístico e
seriedade” (HACKING, 2012, p. 396). Sem querer ficar para trás, a Life publicou,
em setembro de 1953, 24 fotografias coloridas de Nova York, feitas pelo imigrante
austríaco Ernst Hass (1921-1986) – integrante da Magnum –, considerado um dos
mestres da fotografia em cores (Fig. 8).
“17 lições que Ernst Haas me ensinou sobre fotografia de rua”, por Eric Kim. O website
Explor
de Eric Kim é em inglês, entretanto, caso você queira ler o material em português, basta
clicar com o botão direito do mouse e clicar em “Traduzir para o português”:
https://goo.gl/Xaw7EL
15
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Até os anos 1980, a maioria dos fotógrafos que trabalhava com a imagem em
cores era bem remunerada somente pelos seus trabalhos em fotografia de moda ou
em trabalhos encomendados para outro tipo de produção. “Em galerias de arte ain-
da prevalecia o valor da imagem monocromática, sendo que muitos trabalhos feitos
a cores só atingiram preços elevados quando muitos dos seus autores já tinham fa-
lecido” (DIAS, 2016, p. 62). Outros atingiram esse reconhecimento público ainda
vivos, como William Eggleston (1939 —) e Annie Leibovitz (1949 —), entre outros.
16
A fotografia documental também se rendeu às cores. Um dos mestres neste tipo
de trabalho, que combina as cores como ninguém, é o fotojornalista norte-ameri-
cano Steve McCurry (1950 —). Ele ficou mundialmente conhecido pela imagem
de uma jovem afegã, publicada na capa da National Geographic Magazine, em
junho de 1985. McCurry é adepto da fotografia digital desde o seu aparecimento,
nos anos 1990, pela facilidade de observação e de correção de imagens, principal-
mente em áreas, regiões ou situações onde pode não haver uma segunda tentativa
(DIAS, 2016).
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Figura 11 – Câmera fotográfica Agfa Optima, de 1959, a primeira com programação automática de exposição
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 12 – Yashica Electro 35, lançada em 1966, com obturador eletrônico e exposição semiautomática
Fonte: Wikimedia Commons
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As 35 mm SLR (single-lens reflex) – ou simplesmente reflex, em que o fotógrafo
enxerga o objeto refletido por um conjunto de espelhos (visor óptico) – da Pentax,
Nikon, Canon, Minolta e Yashica, a partir do final da década de 1950, marcam a
chegada das máquinas de uma única lente, com enquadramento por meio da obje-
tiva. Os dispositivos permitem o uso de grande-angulares e teleobjetivas potentes,
além de motordrive para transporte rápido do filme.
As câmeras que mais se destacaram nessa época foram as da Nikon, que, após
tentativas de conquistar o mercado desde 1917, obtiveram êxito com a linha Nikon
F (Fig. 14). A primeira de muitos modelos Nikon F foi lançada em 1959 e se tornou
um sucesso mundial (EPRIN, 2018). Juntamente com a Leica M3, ela se tornaria a
preferida dos repórteres fotográficos. Nikon e Canon passam, então, a dominar o
mercado mundial de câmeras analógicas, até o final do século XX. A Canon AE-1,
por exemplo, foi a primeira no mundo a vir com um microcomputador embutido,
em 1976 (Fig. 15).
Figura 15 – Canon AE-1, a primeira câmera do mundo a vir com um microcomputador embutido
Fonte: Wikimedia Commons
A Sony Mavica (1981) – com lentes intercambiáveis – foi a primeira câmera totalmente
Explor
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Retratos de Celebridades
A era de ouro do cinema de Hollywood – entre os anos 1920 e 1960 –, prin-
cipalmente com os grandes filmes musicais, transformou rapidamente atores em
astros internacionais, levando consigo ao estrelado personalidades da música, da
arte, da literatura, da política e até da ciência. E as revistas de jornalismo, moda e
entretenimento precisavam de retratos dessas personalidades. Assim, a partir do
final da década de 1940, publicações como Life, Harper’s Bazaar e Fortune, nos
Estados Unidos, contrataram fotógrafos no mundo inteiro para entregar-lhes ima-
gens exclusivas dessas celebridades.
Retratos executados de forma meticulosa se tornaram cruciais na promo-
ção da aura das celebridades. Iluminados com esmero, habilmente estili-
zados e primorosamente retocados, esses retratos moldavam e fixavam a
imagem de uma estrela na mente do público. (HACKING, 2012, p. 350.)
Já o fotógrafo Irving Penn (1917-2009), que por mais de meio século tirou
fotografias para a Vogue americana, produzia suas fotos de celebridades, como o
artista Marcel Duchamp e o estilista Christian Dior, por exemplo, em um estúdio
anônimo (poucos sabiam do endereço), não bajulava os modelos e, na maioria das
vezes, “enfatizava a artificialidade do ambiente por meio da inclusão de cabos de
eletricidade e cenários montados” (HACKING, 2012, p. 351). Normalmente, ele
escolhia um fundo neutro que excluía toda e qualquer sugestão de narrativa, sem
objetos cênicos ou qualquer outra referência que demonstrasse a personalidade
retratada. “Era comum haver guimbas de cigarro, pedaços de tapetes e cabos à vista
no chão não pintado do estúdio, gerando o que Alexandre Liberman, diretor de arte
da Vogue, viria a reconhecer como ‘a sordidez do período’” (HACKING, idem).
1. − Sinal gráfico que indica a redução de um semitom (meio tom) da nota que precede.
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Figura 16 – Arnold Newman. Igor Stravinsky, cidade de Nova York, 1946. Fotografia
Fonte: moma.org
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Philippe Halsman. Albert Einstein, 1947. Fotografia. Capa da revista Time, de dezembro de
Explor
1999: https://goo.gl/TirXgx
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Figura 21 – Mark Seliger. Dalai Figura 22 – Mark Seliger. Figura 23 – Mark Seliger.
Lama, 2011. Fotografia Presidente Barack Obama, Kurt Cobain, 1993. Fotografia
Fonte: Mark Seliger, 2011 2010. Fotografia Fonte: Mark Seliger, 1993
Fonte: Mark Seliger, 2010
Paparazzo: um Mosquito?
Avanços técnicos, como dos filmes de alta sensibilidade, das lentes teleobjetivas
e do flash, contribuíram para a redução da fronteira entre as vidas públicas e
privadas das celebridades a partir da década de 1960. Muitos fotógrafos, oriundos do
fotojornalismo, fizeram fama ao fotografar famosos, de preferência em ambientes
pouco convencionais, para revistas e jornais. Foi quando surgiram os paparazzi
(a palavra paparazzi, plural de paparazzo2, é de origem italiana, designando os
fotógrafos de celebridades). “Na maioria dos casos, as fotos são ‘roubadas’, ou seja,
invadem a intimidade do ‘alvo’ e são tiradas sem o consentimento da celebridade”
(DIAS et al., 2016, p. 1). Os retratos altamente produzidos até então deram lugar
a instantâneos com a intenção de serem íntimos e autênticos.
A profissão de paparazzo ainda é muito criticada devido ao seu caráter
invasivo e antiético, que acaba muitas vezes gerando confusões. Tal ofício
é reprovado tanto pelas celebridades, como também por fotógrafos
de outras áreas. Entre tantos motivos que essa profissão é odiada, o
principal advém da manipulação de cenas, ou seja, a prática de fotografar
determinado momento alterando seu real contexto [...] Apesar das
controvérsias, é uma profissão que exige demasiado esforço, pois vale de
tudo para conseguir uma informação e foto antes de outros paparazzi, até
mesmo arriscar a própria vida. (DIAS, et al., 2016, p. 3 e 4.)
2. Uma das teorias para a origem do termo é uma analogia entre um mosquito siciliano chamado “papareceo” com a
profissão de paparazzo. Esse mosquito é conhecido por ficar rodeando e perturbando as pessoas; normalmente é
assim que esses fotógrafos são vistos: inconvenientes, como o mosquito (DIAS, et al., 2016, p. 2).
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UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Trocando ideias...Importante!
Ron Galella, o Rei dos Paparazzi
O fotógrafo norte-americano Ron Galella (1931 −) teve um relacionamento profissional
com Jackie Onassis que pode ser descrito como frenético. A ex-primeira-dama tornou-se
uma obsessão para ele e seu comportamento pode ser visto como “predador”. Jackie o
processou, conseguindo uma ordem de restrição que o manteria a 46 metros de distân-
cia, embora ele a tenha quebrado repetidamente. Quando essa distância foi reduzida
para 7,6 metros, Galella levava uma fita métrica enorme para que ele pudesse manter a
distância. “Por que eu tenho uma obsessão com Jackie? Eu analisei. Eu não tinha namo-
rada. Ela era minha namorada, de certa forma”, afirmou (TIME, 2018). O que você acha?
Galella é chamado de O Rei dos Paparazzi.
Explor
Apesar de ser uma profissão não muito bem aceita pelos famosos, ela está
ganhando cada vez mais espaço no mercado como forma de entretenimento por
meio da exposição de celebridades, especialmente a partir do advento da internet.
Ao escolher a profissão de paparazzo, conforme Dias et al. (2016), é necessário
adquirir equipamentos específicos que costumam ir além de uma boa câmera.
O profissional deve levar em conta questões como situações de pouca luz, lentes
rápidas e com boa performance.
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Importante! Importante!
Paparazzo Digital
A profissão de paparazzo, como muitas outras, está sendo alterada pela era da
internet. Uma prova disso são alguns sites destinados aos paparazzi amadores,
onde pessoas comuns podem postar fotos de celebridades tiradas por elas mesmas.
“Desse modo, indivíduos comuns passam de receptores para emissores de fotos
e notícias, apenas usando câmeras ou smartphones, acessíveis à maioria hoje em
dia” (DIAS, 2016, p. 8).
Fotografia Publicitária
A definição de fotografia publicitária a caracteriza como especialmente pro-
duzida para a difusão comercial de um produto, independentemente do suporte
escolhido pelo anunciante, que tanto pode ser a mídia impressa – jornais, revistas,
cartazes, outdoors ou folhetos – quanto audiovisual, como anúncios transmitidos
pela televisão, pelo cinema ou no meio digital (internet). Poucos recursos se torna-
ram tão indispensáveis quanto a utilização da fotografia no mercado publicitário.
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Figura 24 – Ator Ramon Navarro para a brilhantina Stacomb. Revista A Cigarra, 15 out. 1929
Fonte: PALMA, 2007
Hoje, uma infinidade de produtos e serviços são anunciados sem que uma úni-
ca palavra seja dita, graças ao apelo e expressividade que a fotografia é capaz
de causar. Isso pode ser explicado, em parte, pela aproximação cada vez maior,
principalmente a partir da década de 1980, da fotografia publicitária com as artes
visuais e também da produção de uma imagem com extrema inovação estética em
detrimento apenas do produto ou serviço.
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Desde 2004, o francês Jean-Yves Lemoigne trabalha para as melhores agências
do mundo, como DDB, BBH, Euro RSCG, Saatchi & Saatchi, BBDO, TBWA,
Wieden & Kennedy, criando fotografias para diversas marcas e campanhas. Seu
trabalho mais conceituado e conhecido é uma campanha para a marca de água
Perrier em que faz um tributo à obra surrealista do artista catalão Salvador Dalí
(1904-1989) (Fig. 25). Sua fotografia é considerada uma das melhores no mundo
da publicidade.
https://goo.gl/qHZiee
Fotografia de Gastronomia
Devido à expansão do mercado mundial de alimentos, com o crescimento de
redes fast-foods, de restaurantes, bares, padarias, alta gastronomia e espaços
gourmets, além de publicações impressas e online sobre gastronomia, aumentou,
consequentemente, a procura por profissionais que possam atender à demanda de
registros fotográficos especializados em alimentos. Assim, a fotografia gastronômica
passa a se tornar uma peça fundamental e influente, ao utilizar uma linguagem
específica para apresentar o alimento.
Talvez não passe pela cabeça das pessoas que um pimentão, para ser
fotografado e sobretudo para se impor com um poder de verossimi-
lhança irresistível, precisa ser preparado; é preciso escolher o legume
ideal em termos de cor e textura, trabalhar a sua casca com resinas
que lhe realcem o brilho, dispor a câmera e a iluminação de modo a
acentuar-lhe o relevo e assim por diante. Ninguém melhor que os fotó-
grafos que trabalham com publicidade conhece essa técnica de transfi-
gurar o referente para aumentar o poder de convicção de sua imagem.
(MACHADO, 1984, p. 56.)
Influência da Pintura
Em 1945, apenas seis anos depois do anúncio oficial da criação do daguerreótipo,
William Henry Fox Talbot (1800-1877), cientista inglês pioneiro da fotografia, fez
uma das primeiras imagens cujo motivo central era alimentos. Tratava-se de um
registro de cestas de pêssegos e um abacaxi. Nessa fase, em que livros de receita
raramente recorriam à fotografia e a publicidade era ainda incipiente, as fotos de
comida – na sua grande maioria frutas – eram fortemente influenciadas pelo gênero
natureza-morta da pintura.
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
A fotografia de comida não era mais apenas um gênero de arte, agora as imagens
eram utilizadas para vender. Para parecerem vivos e com cores atraentes, alguns
alimentos chegavam a receber uma camada de verniz ou spray para cabelo antes
do registro. A espuma da cerveja era substituída por bolhas de sabão e o leite de
cereais por cola (que, digamos, ainda é utilizada hoje).
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Comida com Cara de Comida
Nos anos 1990, a fotografia comercial de comida passou a ser mais naturalista
e documental, e os alimentos voltaram a parecer mais comestíveis nas imagens.
Ao mesmo tempo, alimentos também estavam sendo utilizados por artistas e
fotógrafos em seus trabalhos artísticos e a qualidade das imagens dos livros de
receita tornou essas publicações mais parecidas com livros de fotografia.
Figura 27 – Revista Menu, nº. 160, 167 e 172, Editora Três, março de 2012
Fonte: SABBAG, 2014
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Fotografia de Ação/Esportes
Ao longo da história, muitas foram as dificuldades para que a fotografia de
esportes se consolidasse nas publicações. No passado, os fotógrafos de esportes
trabalhavam no “escuro”. As imagens registradas só eram vistas no momento de
sua revelação e ampliação. Nas coberturas de eventos esportivos importantes, os
fotógrafos montavam minilaboratórios nos banheiros dos hotéis, por exemplo,
revelando as fotografias captadas nos estádios e ginásios onde aconteciam as
competições. Hoje, em segundos, é possível ver os cliques e editá-los.
30
2. A tecnologia digital, surgida comercialmente nos anos 1990, que beneficiou
sobremaneira o profissional especializado em fotografia de ação. A automa-
ção da tomada fotográfica liberou o fotógrafo para fixar sua atenção no visor
da câmera, monitorando com mais precisão o desenrolar da ação.
No fotojornalismo a máquina digital começou a ser testada na Copa do
Mundo de Futebol dos Estados Unidos de 1994, mas o formato diferen-
te do corpo de câmera e as dificuldades em se transmitir os fotogramas
resultaram em seu pouco uso. Foi em outro grande evento esportivo que
esta tecnologia começou a chamar a atenção dos profissionais, nas olim-
píadas de Atlanta, em 1996, vários fotógrafos utilizaram o equipamento.
(OLIVEIRA, 2012, p. 2.)
31
31
UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
10 Fotógrafos de Gastronomia para Seguir no Instagram
https://goo.gl/E5JdRg
Livros
Fundamentos da Fotografia Criativa
PRAKEL, David. Fundamentos da fotografia criativa. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
Filmes
Amnésia (Memento)
Direção: Christopher Nolan. Estados Unidos, 2000. Sinopse: homem sofre de distúr-
bios de memória recente. O personagem, então, lança mão de várias estratégias para
encontrar segurança diante dos desdobramentos da trama, já que não tem a memória
natural. Um deles, além de tatuagens e anotações de caneta no corpo, é justamente o
uso de Polaroids para criar esse lugar de referência.
Sentença de um Assassino
Direção: Joshua Sinclair. Estados Unidos, 2008. Sinopse: Na década de 1950, o fotó-
grafo Philippe Halsman se torna famoso por fotografar artistas de sua geração, crian-
do imagens inesquecíveis de famosas personalidades, como Salvador Dali, Marilyn
Monroe, entre outros. Antes de ir para os Estados Unidos, porém, Halsman vive um
fato terrível. Ao embarcar para uma caminhada turística pela Áustria com seu pai, com
o qual mantinha uma relação turbulenta, algo inesperado acontece. O pai é encon-
trado morto numa trilha, e Halsman acaba sendo declarado culpado pela morte dele.
32
Referências
CAIN, Abigail. Food photography didn’t start on onstagram – Here’s its 170
year history (Fotografia de alimentos não começou no Instagram – Aqui está sua
história de 170 anos). 2017. Disponível em: <https://www.artsy.net/article/ar-
tsy-editorial-food-photography-start-instagram-170-year-history>. Acesso em: 25
jun. 2018.
DIAS, Guilherme et al. Paparazzi – Profissional sem celebridade. In: XXI Con-
gresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, Intercom – Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Salto/SP, 17 a 19 jun.
2016. Disponível em: <http://www.portalintercom.org.br/anais/sudeste2016/
resumos/R53-1001-1.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2018.
33
33
UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
HACKING, Juliet. Tudo sobre fotografia: técnicas criativas de 100 grandes fotó-
grafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
SANTOS, Rui Cezar dos. Anotações sobre a fotografia de futebol. In: Revista
Mediação, Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura/Fumec, nº 4,
34
dez. 2004. Disponível em: <http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/
view/242/239>. Acesso em: 25 jun. 2018.
TIME. Ron Galella, King of the Paparazzi (Ron Galella, Rei dos Paparazzi). Disponível
em: <http://content.time.com/time/photogallery/0,29307,2008078_2171511,00.
html>. Acesso em: 22 jun. 2018.
35
35
História e Estética
Fotográfica
Material Teórico
O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
O Mundo passa a ser Digital e
a Fotografia de Pets e Newborn
• Introdução;
• Origem da Fotografia Digital;
• A Tecnologia Avança em Alta Velocidade;
• Consolidação e Popularização da Fotografia Digital;
• Em que Direção Caminhamos?
• Os Novos Subgêneros Fotográficos: Animais de Estimação e Newborn.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer a origem da fotografia digital e como a tecnologia modi-
ficou para sempre a fotografia, tanto técnica, quanto artisticamente.
Reconhecer como decorreu a popularização da fotografia a partir da
criação de novos dispositivos cada vez mais ao alcance da popula-
ção, tanto em custo, quanto em facilidade de manuseio. Valorizar os
novos subgêneros fotográficos, animais de estimação e newborn, a
partir de sua história e contexto atual.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Introdução
A câmera da Kodak, lançada em 1888, entrou para a história por mudar radi-
calmente a relação do homem com a fotografia. Seu slogan era simples, claro e ob-
jetivo: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”. George Eastman (1854-1932)
buscou incessantemente a popularização da fotografia. E conseguiu.
8
Origem da Fotografia Digital
A automação dos equipamentos fotográficos, até meados do século XX, estava
voltada para aspectos mecânicos da câmera como passagem de filmes, prevenção
de dupla exposição, retorno automático do espelho de visualização, entre outras
questões. A partir desse momento, a inserção de componentes eletrônicos, capazes
de colocar em funcionamento modos de programação complexos, passaram a ter
grande influência sobre a forma de aquisição de imagens em fotografia.
Em 1969, George Smith e Willard Boyle, dos Laboratórios Bell, também nos
Estados Unidos, desenvolveram o CCD (Charge-Coupled-Device), Dispositivo de
Carga Acoplada (em português), elemento vital no desenvolvimento da fotografia
digital. “O sensor permite converter luz em sinais eléctricos. Esta invenção consti-
tuiu a peça tecnológica-chave, que conduziu à revolução da fotografia digital” (IPF,
2017). Comercializado apenas a partir de 1973, pela Fairchild Imaging, o sistema
CCD, na época, era capaz de capturar imagens com resolução de 0,01 megapixel,
ou 100 pixels (pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital).
9
9
UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Mas foi em 1975 que o engenheiro da Eastman Kodak, Steve Sasson, apresentou
o protótipo da primeira câmera sem filme, aquela que podemos identificar como a
primeira câmera fotográfica digital, ao reunir em um único equipamento um sensor
Fairchild CCD e uma objetiva de uma câmera de filmar da Kodak. A câmera pesava
cerca de quatro quilos (não tinha nada de portátil) e produzia apenas imagens digitais
em preto e branco, que eram gravadas em uma fita de videocassete. Entretanto, a
Kodak tinha todo o seu modelo de negócio na fotografia analógica e “nunca apostou
verdadeiramente no desenvolvimento da fotografia digital” (IPF, 2017).
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A Tecnologia Avança em Alta Velocidade
Enfim, chegamos ao momento do desenvolvimento da primeira câmera verda-
deiramente digital. Em 1981, uma equipe de cientistas da University of Calgary
Canada criou a All-Sky Camera, com um sensor CCD da Fairchild de 100 x 100
pixels, concebida com o objetivo de fotografar auroras boreais. O equipamento
obteve o status de digital, pois foi a primeira que utilizou um microcomputador para
processar as imagens capturadas. No mesmo ano, a Sony lançaria comercialmente
a Mavica (abreviatura de MAgnetic VIdeo CAmera), basicamente uma câmera de
TV que congelava imagens (câmera de vídeo estático).
Com a inserção da fotografia no campo da tecnologia digital, os sensores que
antes eram externos ao modo de existência da fotografia analógica – a própria
película – passaram a ocupar o lugar central.
Na fotografia digital vemos a transformação do equipamento fotográfico
em uma máquina sensora, capaz de receber e processar informações.
Com esta transformação, a complexidade das programações de contro-
le no âmbito do aparelho fotográfico chegou a interessantes extremos.
Para além da sofisticação nos cálculos de exposição e focagem automá-
tica, surgem modos de aquisição fotográfica que chegam mesmo a subs-
tituir o papel do fotógrafo naquele que foi, durante todo o século XX,
considerado o momento místico e central de consecução de uma imagem
fotográfica: o momento do clique (LIBÉRIO, 2013, p. 9).
11
11
UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Consolidação e Popularização
da Fotografia Digital
A partir da última década do século XX, foram registrados avanços significativos
na implementação e utilização da tecnologia digital na fotografia e sua efetiva popu-
larização no mercado, quer profissional ou amador. Logo, em 1990, a Adobe lançou
a primeira versão do Photoshop, importante marco na história da fotografia digital.
O software de edição de imagem é o mais utilizado atualmente no mercado em fun-
ção de seus recursos de edição de fotografias (IPF, 2013). Entretanto, um ano antes,
a Macintosh havia lançado o software de edição de imagem Color Studio 1.0.
12
Figura 6 – Jarle Aasland. Sistema Kodak Professional DCS 200 IR,
popularmente conhecido como DCS 100, de 1991
Fonte: Wikimedia Commons
A partir desse momento, inicia uma verdadeira corrida das empresas na busca
de melhorias nos equipamentos digitais. Várias marcas começaram a investir tempo
e recursos no aumento da resolução e na capacidade de armazenamento. Vamos
conferir alguns desses momentos mais marcantes:
1994
· Apple Computer lança a Apple QuickTake 100 (Fig. 7), câmera
digital (fabricada pela Kodak) em cores com as resoluções de
640 x 480 pixels (máximo de oito fotos armazenadas), de 320
× 240 pixels (32 fotos) ou uma mistura de ambas resoluções,
e lentes de foco fixo de 50 mm. A câmera se conectava a
qualquer Macintosh por meio de um cabo serial da Apple. As
fotos só podiam ser visualizadas no computador.
· Olympus apresenta a Deltis VC-1100, a primeira câmera com
um sistema de transmissão de fotos integrado, que permitia
enviar imagens por modem ligado a telefones fixos ou celulares
para outras câmeras ou computadores, com resolução de
768 x 576 pixels. As fotos eram armazenadas em cartões de
memória removível.
Figura 7 – QuickTake 100, da Apple Macintosh
Fonte: Wikimedia Commons
13
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
1997
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2002
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Conforme Ang (2015, p. 382), existe uma grande diferença entre as imagens
tiradas pelo usuário padrão do Facebook e aquelas obtidas pelos fotógrafos
profissionais a serviço de empresas de banco de imagens e de agências de
16
notícias (Associated Press e Reuters), por exemplo: “Embora a profissão de
fotógrafo tenha passado por uma crise na virada do milênio, quando a era digital
disponibilizou equipamentos de alta qualidade a preços acessíveis, a tecnologia
não confere aos usuários visão certeira e talento artístico”. O autor salienta que
a tecnologia não melhora a capacidade individual de fazer fotos, “apenas facilita
habilidades existentes”.
O aperfeiçoamento do talento amador está cada vez mais evidente pela qualidade de mi-
Explor
lhares de inscrições feitas nos principais concursos internacionais como, por exemplo, o
Prêmio Mundial de Fotografia da Sony (Sony World Photography Awards), nas categorias
Profissional, com o reconhecimento de obras excepcionais; Open, que premia as melho-
res imagens individuais do mundo; Prêmios Nacionais, que celebra o talento fotográfi-
co local; Youth, que premia as melhores imagens individuais de fotógrafos entre 12 e 19
anos; e Student Focus, voltado a estudantes de fotografia de todo o mundo. Confira em:
https://goo.gl/e3ckzi. Temos, também, o Prémio de Fotografia ZEISS (ZEISS Photography
Award). O prémio é organizado pela Zeiss e pela Organização Mundial de Fotografia (World
Photography Organisation). Em 2017, cerca de 4,7 mil fotógrafos de 132 países apresenta-
ram mais de 31 mil fotografias. Confira os dois concursos em: https://goo.gl/Ed3dfk
“Assim como a fotografia foi moldada pela tecnologia no passado, isso também
acontecerá no futuro” (ANG, 2015, p. 382). Conforme o autor, na verdade, a
maior influência sobre a fotografia não foi a câmera digital, mas a sua versão no
smartphone: “O surgimento de uma câmera dessas, prontamente disponível, am-
pliou o escopo da fotografia” (p. 382). Além disso, ele lembra que o celular com
câmera gerou um fenômeno genuinamente novo: a possibilidade de compartilha-
mento das imagens pela internet.
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
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Já a imagem de Thomas Eakins (1844-1916) (Fig. 16), também ficou marcada
na história, mas por sua espontaneidade. O daguerreótipo mostra uma mulher de
cabelos claros com um gato em seu ombro. Ela tem os olhos baixos, concentrados
na leitura de um livro, enquanto o gato olha fixo para a câmera. “Percebe-se a in-
teração entre a mulher e o gato, a provável confiança que eles têm um pelo outro;
pela maneira como ele está posicionado no ombro dela e como ela gentilmente o
segura” (LIMBERGER, 2011, p. 33).
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
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Breve História da Contemporânea Fotografia Newborn
Vivemos um momento no qual se tornou comum fazer registros de todos os nos-
sos momentos marcantes. Os primeiros dias de recém-nascidos, por exemplo, são
importantes para a família, mas passam muito rápido. O subgênero da fotografia
conhecido como newborn – recém-nascido, em inglês – se tornou hoje muito mais
que registrar momentos. Agora é possível usar a imaginação e contar histórias por
meio da fotografia, fazendo uma narrativa daquilo que gostaríamos que ficasse
eternizado na memória da família. Mais comum nos Estados Unidos e na Austrália,
a fotografia newborn tem crescido nos últimos anos no Brasil.
O ensaio newborn tem por objetivo registrar os primeiros dias de vida do bebê,
normalmente até o 15° dia. Existem, basicamente, duas vertentes: pose/estúdio,
que apresenta uma produção, tanto em relação ao cenário e acessórios quanto às
poses do bebê e dos pais; e life style (estilo de vida), fotos mais espontâneas e na-
turais, que registram o recém-nascido e sua família, na própria residência.
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Explor
No website de Anne Geddes (https://goo.gl/DLb5CK) você poderá fazer download gratuito de
papéis de parede (wallpapers) com trabalhos da fotógrafa. E, também, o site da Associação
Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos (ABFRN) (https://goo.gl/aWDTHZ). Vale a pena
dar uma olhada!
22
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Os 7 Passos da Fotografia Newborn
INSTITUTO INTERNACIONAL DE FOTOGRAFIA. Os 7 passos da fotografia newborn.
https://goo.gl/Koc1g6
Blog de Fotografia Canon College
https://goo.gl/yYyyrs
Livros
Manual do Fotógrafo de Rua
GIBSON, David. Manual do fotógrafo de rua. São Paulo: Gustavo Gili, 2016.
Diante da Dor dos Outros
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
23
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UNIDADE O Mundo passa a ser Digital e a Fotografia de Pets e Newborn
Referências
ANG, Tom. Fotografia – O guia visual definitivo do século XIX à era digital. São
Paulo: Publifolha, 2015.
GODOI, Marlon Avila; BAPTISTA, Íria Catarina Queiróz; DIAS, Ricardo Henrique
Almeida. Newborn: a fotografia como instrumento de registro histórico. In: XVIII
Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, Caxias do Sul/RS,
15 a 17 jun. 2017. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares
da Comunicação. Disponível em: <http://portalintercom.org.br/anais/sul2017/
resumos/R55-1321-1.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2018.
HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia – Técnicas criativas de 100 grandes
fotógrafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
24
MANSUR, Douglas Amparo. O futuro da documentação fotográfica na era digital.
In: I Encontro Paulista de Professores de Jornalismo, Universidade de Soro-
caba/SP, Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, 2005. Disponível em:
<http://www2.eca.usp.br/pjbr/arquivos/GT8%20-%20004.pdf>. Acesso em:
29 jun. 2018.
MEIRELLES, Fernando. 29ª Pesquisa Anual do Uso de TI, 2018. Fundação Ge-
túlio Vargas de São Paulo (FGV-SP). Disponível em: <https://eaesp.fgv.br/sites/
eaesp.fgv.br/files/pesti2018gvciappt.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2018.
25
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História e Estética
Fotográfica
Material Teórico
História da Fotografia no Brasil
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
História da Fotografia no Brasil
• Introdução;
• Hercule Florence e a Descoberta da Fotografia no Brasil;
• Uma Grande Novidade Desembarca no Brasil: O Daguerreótipo;
• Os Pioneiros (e o Olhar Estrangeiro) no Século XIX;
• O importante trabalho de Marc Ferrez;
• Militão e Augusto Malta, Cronistas Fotográficos;
• Os Fotoclubes e a Fotografia Moderna Brasileira;
• Bob Wolfenson: O Mago da Fotografia de Moda no Brasil.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer a história da fotografia no Brasil desde a chegada do pri-
meiro daguerreótipo ao Rio de Janeiro, em 1839, bem como as ex-
periências exitosas do francês radicado no país, Hercule Florence.
· Reconhecer os fotógrafos pioneiros no nosso país, entre estrangeiros
e os brasileiros natos.
· Valorizar a fotografia contemporânea brasileira como forma de ex-
pressão e de trabalho profissional.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Introdução
A história da fotografia no Brasil está ligada à chegada do primeiro daguerreóti-
po ao Rio de Janeiro, em 1839 – mesmo ano em que a criação do francês Louis-
-Jacques-Mandé Daguerre foi anunciada, oficialmente, em Paris – e também às
pesquisas e ao trabalho do francês Hercule Florence (1804-1879), realizadas em
Vila de São Carlos, atual cidade de Campinas, em São Paulo. Florence tornou-se
internacionalmente conhecido como inventor de um dos primeiros métodos de
fotografia do mundo.
Entre 1840 e 1860, a daguerreotipia se difunde pelo país. A partir desse mo-
mento, nomes como Victor Frond (1821-1881), Marc Ferrez (1843-1923), Augus-
to Malta (1864-1957), Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) e José Christiano
Júnior (1832-1902) marcam o pioneirismo da fotografia no Brasil. O valor expres-
sivo e também documental de suas obras, dedicadas ao registro de aspectos varia-
dos da sociedade brasileira da época, como por exemplo, os escravos de Christiano
Júnior, ou a paisagem urbana de Militão, são fundamentais para compreendermos
o desenvolvimento da fotografia no Brasil.
8
em 1824, e trabalhou inicialmente como caixeiro. Posteriormente, empregou-se
em uma tipografia e livraria onde também executava serviços de desenhos como
mapas e retratos. Em 1825, partiu com a comitiva da Expedição Langsdorff para
explorar o interior do Brasil. Sua função era registrar, por meio de desenhos e pin-
turas, aspectos da flora, da fauna, das paisagens, dos povos e costumes existentes
nos locais visitados. Ao final da expedição, que durou quatro anos, Florence se
radicou em Campinas (SP), onde viveu até a sua morte.
No início da década de 1930, ele iniciou pesquisas com o objetivo de desenvol-
ver um sistema diferente de impressão, que não precisasse das tradicionais máqui-
nas impressoras. Assim, ele criou a poligrafia (polygraphie), pranchas de madeira
embebidas em tinta capazes de imprimir.
Em 1933 – ano considerado como a descoberta isolada da fotografia no Brasil –,
Florence obtém outros resultados positivos de suas pesquisas, desta vez em relação
à sensibilização de papéis fotográficos utilizando-se de sais de prata fotossensíveis,
como o cloreto de prata. Esse momento representa um importante marco na história
da fotografia mundial, embora o fato seja pouco reconhecido. Ele obtém resultados
práticos e os registra em seus diários científicos, em 1834, quando usa pela primeira
vez o verbo photographier (fotografar, em português) (Fig. 2), anterior ao uso do
termo por John Frederick William Herschel (1792-1871), na Inglaterra, em 1839.
No mesmo diário, na data de 19 de fevereiro de 1934, ele escreveu photographie.
Figura 2 – Verbo photographier (fotografar) achado em trecho de diário de Hercule Florence, escrito em 1834
Fonte: revistapesquisa.fapesp.br
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
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terá contribuído de forma decisiva para o entusiasmo do imperador com
a fotografia, constantemente manifestado ao longo dos quase cinquenta
anos que lhe restariam de exercício do poder (AGUILAR, 2000, p. 230).
Figura 4 – Louis Compte. O Paço da Cidade, com a tropa formada à sua frente, 1840. Daguerreótipo
Fonte: Wikimedia Commons
O invento foi adquirido pelo jovem Imperador do Brasil, Dom Pedro II, antes
mesmo de completar 15 anos. Ele se tornou um grande entusiasta da daguerreoti-
pia e também o primeiro fotógrafo nascido no país. O imperador se transformou
em um dos maiores colecionadores de fotografia do século XIX. Hoje, o acervo se
encontra na Biblioteca Nacional. Ele promoveu a arte fotográfica brasileira e difun-
diu a nova técnica por todo o país.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
1 Impressão sobre papel, por meio de prensa, de escrito, desenho ou imagem fotográfica executado com tinta sobre
uma superfície calcária ou uma placa metálica.
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(1861), primeira publicação com fotografias realizada na América Latina e, segundo
Pedro Vasquez, o “mais ambicioso trabalho fotográfico realizado no país, durante o
século XIX” (BRASILIANA FOTOGRÁFICA, 2016). As imagens retratam paisagens
e a vida rural do Rio de Janeiro, Minas Gerais e da Bahia. A publicação foi um im-
portante marco para a fotografia e para as artes gráficas no Brasil.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Figura 7 – Alberto Henschel. Retrato de criança, c.1870. Recife, Pernambuco. Frente e verso, carte-de-visite
Fonte: https://bit.ly/2zabdsy.
Ajudado por amigos, Ferrez vai à Europa comprar novo material de trabalho.
Ao retornar, em 1875, participa de uma importante expedição geológica ao Norte
do Brasil. O resultado foi mais de 200 fotografias que ele expôs em duas oportuni-
dades: 1877 e 1878. Pronto, ele estava novamente reestabelecido financeiramen-
te e como profissional.
Figura 8 – Carimbo utilizado por Marc Ferrez em suas fotografias. Acervo Instituto Moreira Salles
Fonte: https://bit.ly/1eY8cwO.
14
Ferrez retratou cenas dos períodos do Império e início da República, entre
1865 e 1918, sendo que seu trabalho é um dos mais importantes legados visuais
daquela época. Suas obras mostram o cotidiano brasileiro na segunda metade
do século XIX, principalmente da cidade do Rio de Janeiro, então capital brasi-
leira. Há fotos da Floresta da Tijuca, da Praia de Botafogo, do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, da Ilha das Cobras, focadas nas imagens urbanas de uma
cidade que começava a se expandir, em um período anterior à reurbanização
empreendida pelo prefeito Francisco Pereira Passos, no início do século XX.
Mas Ferrez não se limitou a ser um grande fotógrafo de paisagem, ele também
foi um excelente retratista.
Figura 9 – Marc Ferrez. Entrée de Rio: de Nova Cintra, c.1890. Baía de Guanabara, Rio de Janeiro.
Acervo Fundação Biblioteca Nacional
Fonte: fotografia.ims.com.br
Figura 10 – Marc Ferrez. Vue topographique de Botafogo, c. 1890. Botafogo, Baía de Guanabara e Pão de Açúcar,
Rio de Janeiro. Acervo Fundação Biblioteca Nacional
Fonte: fotografia.ims.com.br
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Figura 11 – Marc Ferrez. Estação da estrada de ferro Central do Brasil, c. 1899. Campo de Santana, Rio de Janeiro.
Acervo Fundação Biblioteca Nacional
Fonte: https://bit.ly/1eY8cwO.
Figura 12 – Marc Ferrez. Retrato de Machado de Figura 13 – Marc Ferrez. Menino índio, c.1880,
Assis, 1890. Fotografia Mato Grosso. Acervo Instituto Moreira Salles
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: fotografia.ims.com.br
16
Figuras 14 e 15 – Marc Ferrez. Exposição Antropológica Brasileira: artefatos e aspectos da vida indígena, 1882.
Acervo Fundação Biblioteca Nacional
Fonte: https://bit.ly/2KK72s4.
Figura 16 – Marc Ferrez. Vista do Pão de Açúcar tomada do morro da Urca, c.1912. Acervo Instituto Moreira Salles
Fonte: fotografia.ims.com.br
17
17
UNIDADE História da Fotografia no Brasil
O que Militão fez ao chegar à capital paulista pode ser relacionado ao que ocor-
reu em fins da década de 1850 e princípio dos anos 1860, em Recife, pelas mãos
do fotógrafo francês Theophile Auguste Stahl (1828-1877) e, no Rio de Janeiro,
com o alemão Revert Henry Klumb (c.1825-1886), ou seja, o registro das trans-
formações urbanas nas grandes cidades.
Figura 17 – Militão Augusto de Azevedo. Mosteiro de São Bento (São Paulo, SP), 1862. Fotografia
Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br
O alagoano Augusto César Malta de Campos foi um dos mais importantes fo-
tógrafos do Brasil no início do século XX. Seu trabalho como fotógrafo oficial do
Distrito Federal (então, no Rio de Janeiro) entre as décadas de 1900 e 1930, gerou
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um gigantesco acervo documental sobre as transformações pelas quais passou a
capital do Brasil na época. Foi um verdadeiro cronista fotográfico, registrando ima-
gens da vida cotidiana, a arquitetura, as alterações urbanísticas (como as primeiras
favelas), manifestações culturais como festas, o carnaval, as “Batalhas das Flores”
e desfiles cívicos e militares. O acervo de Malta é composto por mais de 80 mil
fotografias (BORGES, s/d).
Figura 18 – Augusto Malta. Grupo de homens fantasiados para o carnaval, As Marrequinhas, 1913.
Democráticos carnavalescos, Rio de Janeiro. Acervo Instituto Moreira Salles
Fonte: fotografia.ims.com.br
Os Fotoclubes e a Fotografia
Moderna Brasileira
Ainda que o Photo Club do Rio de Janeiro tenha sido criado antes, em 1910,
a pesquisadora Maria Teresa Bandeira de Mello entende que o Foto Clube Brasi-
leiro, fundado em 1923 por um grupo de amadores, seja efetivamente o primeiro
clube de fotógrafos organizado no Brasil ao promover exposições, cursos teóricos
e práticos, debates, concursos, excursões, salões e a publicação das revistas Photo
Revista do Brasil e Photogramma. A intenção do grupo do Foto Clube Brasileiro,
também com sede no Rio, era debater as relações entre arte e fotografia (ENCI-
CLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL apud MELLO, 1998).
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Figura 19 – Hermínia Borges. Instrução divulgada, 1926. Fotografia. Figura 19 – Hermínia Borges. Instrução
divulgada, 1926. Fotografia. Fonte: https://bit.ly/2KBW5K3. Fotógrafa, pintora e desenhista, Hermínia é uma das
pioneiras da fotografia de expressão pessoal no Brasil. Ela participa, em 1923, juntamente com seu marido, João
Nogueira Borges e um grupo de amigos, da criação do Foto Clube Brasileiro, que tem como primeira sede a casa
dos dois em Laranjeiras, no Rio de Janeiro/RJ.
Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br
1940-1950
Dentro do Foto Cine Clube Bandeirante, a partir do final dos anos 1940, ob-
serva-se a experimentação de uma nova linguagem fotográfica, nos trabalhos do
húngaro radicado no Brasil Thomaz Farkas e do paulista Geraldo de Barros. Os
trabalhos de Farkas permitem identificar a preocupação com pesquisas formais,
exploração de planos e texturas, além da escolha de ângulos inusitados (Fig. 20).
Geraldo de Barros – pintor, fotógrafo e designer –, por sua vez, notabiliza-se pelas
cenas montadas, pelos recortes e desenhos que realiza sobre os negativos. Ele foi
um dos expoentes da vanguarda na arte brasileira, precursor da arte concreta e
pioneiro na fotografia abstrata (Fig. 21).
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Figura 20 – Thomaz Farkas. Salto ornamental na piscina do Estádio do Pacaembu, São Paulo/SP, 1945. Fotografia
Fonte: fotografia.ims.com.br
Outro fotógrafo que marcou época foi o piauiense José Medeiros (1921-
1990), que dos 25 aos 40 anos, integrou a equipe da revista O Cruzeiro, então
a maior do país. O departamento de fotografia da publicação revolucionou o
tratamento dado à imagem na imprensa nacional nos moldes de revistas estran-
geiras como Life, Paris Match e Der Spiegel, tornando a fotorreportagem seu
principal atrativo.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Figura 22 – José Medeiros. A pedra da Gávea, o morro Dois Irmãos e as praias de Ipanema e do Leblon,
Rio de Janeiro, 1952. Fotografia
Fonte: fotografia.ims.com.br
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Figura 23 – Luís Humberto. Palácio da Alvorada, 1979. Fotografia
Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
A década de 1990 ficou marcada por várias ações protagonizadas pelos pró-
prios fotógrafos brasileiros e também pesquisadores, como a criação do Núcleo de
Amigos da Fotografia (Nafoto), que concebeu maio como o Mês Internacional da
Fotografia de São Paulo. Destaque, também, para a iniciativa do Masp, que con-
juntamente com a multinacional Pirelli, cria, em 1991, a Coleção Pirelli / Masp de
Fotografia, adquirindo obras de fotógrafos brasileiros no intuito de estabelecer um
ponto de referência da fotografia nacional.
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A Coleção Pirelli / Masp de Fotografia representa a produção contemporânea brasileira, ofe-
recendo condições para seu estudo e divulgação. Ela parte do reconhecimento do valor da
Explor
Óbvio que o nome de Sebastião Salgado (1944-) deve ser acrescentado a essa
lista. Repórter fotográfico desde a década de 1970, Salgado realiza ensaios temá-
ticos dedicados às questões sociais, políticas e ambientais que afetam o mundo,
como Trabalhadores (documenta o trabalho manual e as difíceis condições de vida
dos trabalhadores em várias regiões do mundo), em 1996, Gênesis (2013) e Êxo-
dos (2016), entre outros, sendo reconhecido mundialmente.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Explor
Fique por dentro dos concursos fotográficos que ocorrem no Brasil e no Exterior, como o
2º Concurso Internacional Photo Nature 2018; o 30º Concorso Fotografico Internazionale; o
UNESCO: Youth Eyes on the Silk Roads; o 25º Prêmio CNH Industrial de Jornalismo; e o VI Sa-
lão Nacional de Arte Fotográfica, entre outros, acessando o portal da Confoto (Confederação
Brasileira de Fotografia) (Fig. 28) https://goo.gl/knddmE
Figura 28 – Página inicial da Confederação Nacional de Fotografia (Confoto). Acesso em: 7 jul. 2018
Fonte: http://www.confoto.art.br/fotografia/
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Muitas de suas obras fazem parte dos acervos do Museu de Arte de São Paulo
(Coleção Pirelli-Masp), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Bra-
sileira – FAAP, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC-USP), Zacheta
National Gallery of Art (Varsóvia) e muitas coleções particulares. Wolfenson se-
gue baseado em São Paulo.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Dicas de Fotografia
https://goo.gl/LJeh
Instituto Moreira Salles (IMS)
https://goo.gl/PH5yr9
Associação Brasileira de Fotógrafos (Abrafoto)
https://goo.gl/beCD3g
Livros
Geração 00: A nova fotografia brasileira
CHIODETTO, Eder (Coord.). Geração 00: A nova fotografia brasileira. São Paulo:
Edições Sesc: São Paulo, 2013.
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Referências
AGUILAR, Nelson (Org.). Mostra do redescobrimento: o olhar distante. São
Paulo: Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, 2000.
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UNIDADE História da Fotografia no Brasil
VASQUEZ, Pedro. Brasil, Memória das Artes – Biografia de Luis Humberto. In:
Fundação Nacional de Artes/Funarte, [2018]. Disponível em: < http://www.fu-
narte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-luis-humberto/>.
Acesso em: 7 jul. 2018.
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