Вы находитесь на странице: 1из 16

O PÁSSARO AZUL R

O PÁSSARO AZUL
Obra de Maurice Maeterlinck
Adaptação de Silvianne Lima

PERSONAGENS POR ORDEM DE ENTRADA


MARIA CLARA PAPAI ARVORE
ZECA MAMÃE ARVORE
MÃE CRIANÇA 01
FADA CRIANÇA 02
TYLO CRIANÇA 03
TYLETE CRIANÇA 04
AVÔ CRIANÇA 05
AVÓ TEMPO
SRA. FARTURA

CENA 01 – FLORESTA
 MÚSICA 01 – FLORESTA
(casinha entra flutuando)
ZECA – Olha Maria Clara ali tem um pássaro!
MARIA CLARA – Aqui Rápido! (com uma arapuca na mão) Me dá a estaca! Pegue as
migalhas. (entra um pássaro e este é pego)
OS DOIS – Nós pegamos! Nós pegamos!
ZECA – Você acha que é um sabiá?
MARIA CLARA – Espero que sim. (para o pássaro) Não adianta bater as asas eu peguei
você.
ZECA – Deixa eu ver Maria Clara, deixa?
MARIA CLARA - Cuidado Zeca, não vai assustar ele.
ZECA – Um guarda florestal.
MARIA CLARA – Vamos sair daqui! (Os dois saem correndo pela floresta e param um
pouco)
ZECA – O que o guarda teria feito se tivesse pegado a gente.
MARIA CLARA – Colocaria a gente no calabouço e cortaria nossas cabeças.
ZECA – Só porque a gente pegou um passarinho? Mas ele tem uma floresta cheia deles.
MARIA CLARA – Mas é contra a lei.
ZECA – Maria Clara, que tal dar o pássaro de presente para Ângela, mamãe disse que ela
está muito doente.
MARIA CLARA – É um lindo pássaro. Nem pensar!
ZECA – É um pássaro muito bonito, você devia dar a ela.
MARIA CLARA – O que ela teria para me dá, ela só tem uma boneca velha. E além do mais
eu já tinha prometido a outra menina.
ZECA – A quem você prometeu dá o passarinho de presente?
MARIA CLARA – A quem você pensa? A mim!
 MÚSICA 02 - MÚSICOS
ZECA – Então porque não disse logo!
MARIA CLARA – Da próxima vez que eu sair pra caçar vou deixar você em casa.
(Caminham para casa. No meio do caminho se deparam com uma festa numa mansão.).
MARIA CLARA – Olha! Quantos brinquedos têm aquelas crianças?
ZECA – Olha só para as crianças todas estão se divertindo!

1
O PÁSSARO AZUL R

MARIA CLARA – Todas as crianças menos os músicos!


ZECA – Isso deve ser um trabalho muito pesado! Aquele de chapéu quem é?
MARIA CLARA – Não seja burro aquele é o Mordomo.
ZECA – Vamos pedir um pedaço de bolo?
MARIA CLARA – Não! Nós podemos não ser ricos, mas não somos mendigos. Vamos!
(Os dois saem)

CENA 02 - CASA DE MARIA CLARA E ZECA


 MÚSICA 03 – MÃE
MÃE – Guerra!
ZECA – Olá Mamãe!
MÃE – Isso são horas de chegar em casa?
MARIA CLARA – Pegamos um lindo pássaro Mamãe! A senhora não quer ver?
MÃE – Quero ver se suas mãos estão limpas! Agora vão, deixem isso aí e vão lavar as mãos!
(a gata vai para perto da gaiola)
MÃE – Esqueceu da hora mocinha?
ZECA – É porque ficamos olhando para a casa das crianças ricas! Eles têm muitos
brinquedos.
MÃE – Ora! Não se preocupem com isso agora, vamos jantar!
ZECA – Olha Tylete vai pegar seu passarinho!
MARIA CLARA – Saia de perto da gaiola Tylete!
MÃE – Quantas vezes eu já lhe disse para não prender pássaros?
MARIA CLARA – Mas mamãe é tão bom e...
MÃE – Não é bom para o pássaro.
MARIA CLARA – Mas eu precisava dele.
MÃE – Para quê?
MARIA CLARA – Para ele cantar para nós! E o Zeca ainda queria que eu desse o meu
passarinho de presente para Ângela.
MÃE – Devia ter dado, a pobrezinha está tão doente, seria muito bom para alegrá-la.
MARIA CLARA – Eu não tenho culpa dela estar doente.
MÃE – Deixe de ser egoísta filha... Você tem muitas coisas que ela não tem!
MARIA CLARA – E por que nós temos que ser tão pobres? Não podemos nem ter
brinquedos.
MÃE – Você tem casa, comida, roupas!
MARIA CLARA – Mas nada que eu goste. Queria balas, bolos, chocolates. Bonecas para
brincar. Lindos vestidos. E eu não tenho nada!
MÃE - Você tem muita coisa aqui. Como por exemplo, um pai que trabalha pra você. E eu que
cozinho, lavo e costuro...
MARIA CLARA – E pra que serve isso se as outras pessoas têm muito mais? Criados,
carruagens, mansões, e olhem pra nós, olhem pra essa casa velha...
MÃE – Pare com isso! Pare agora. Devia se envergonhar do que disse! Cale-se! Mais uma
palavra e vai direto para cama! Você é uma menina muito mal agradecida!
MARIA CLARA – Eu sou tão infeliz!
MÃE – Ah, mas é claro que você é infeliz! E se não mudar os seus modos, nunca será feliz,
nunca
ZECA – O que foi mamãe? (mãe lê a carta)
MÃE – Seu pai foi convocado para a próxima batalha, sem previsão para quando irá acabar.
MARIA CLARA – Eu não quero que o papai vá. O que causam essas guerras?

2
O PÁSSARO AZUL R

MÃE – A mesma coisa que causa problemas em todo lugar: a ganância, o egoísmo, pessoas
que não se conformam com o que tem...
MARIA CLARA – Mas o papai não é assim mamãe, porque tem que ir.
MÃE – É isso que está errado minha filha, quando você está infeliz, acaba deixando outras
pessoas infelizes. Lembre-se disso Maria Clara. (Maria Clara vai ao encontro de sua mãe).
MARIA CLARA – Mamãe me desculpe pelo jeito que me comportei agora.
MÃE – Sempre é assim Maria Clara, você faz as coisas pede desculpas e amanhã repete
tudo outra vez.
MARIA CLARA – Mas não sei por que sou assim.
MÃE – Tem que descobrir, senão nunca será feliz. E você quer ser feliz não quer?
MARIA CLARA – Claro, eu quero ser feliz igual a senhora! A senhora está sempre feliz não
tá?
MÃE – Nem sempre, nem sempre! (chora).
MARIA CLARA – Mamãe não chora, o papai vai voltar!
MÃE – Tudo bem minha filha... Agora vamos jantar depois escovar os dentes para dormir.

CENA 03 – ENTRADA DA FADA


 MÚSICA 04 – SONO
(entra fada com uma mala)
MARIA CLARA – Zeca, você está dormindo?
ZECA – Não, acho que não. E você está?
MARIA CLARA – Claro que não né, como eu poderia está dormindo se eu estou falando se
com você?(som de ruídos) Ouviu algum barulho?
ZECA – Eu ouvi qualquer coisa.
MARIA CLARA – Eu também ouvi! Eu acho melhor chamar a mamãe.
ZECA – Espera por mim Maria Clara. (os dois são surpreendidos por uma luz
especialmente azul, surge à Fada Berylune, na frente do mundo cinzento).
FADA – Não me ouviram bater?
MARIA CLARA – Ouvimos, mas é que...Quem é você?
FADA – Ora, você não tem olhos? Não vê que sou Berylune.
OS DOIS – Berylune?
FADA – Sim, a Fada Berylune.
 MÚSICA DA FADA E FEITIÇO
ZECA – Nossa acendeu sozinha. Como fez isso?
FADA – Não faça perguntas bobas.
ZECA – Não é boba, mamãe não sabe fazer isso.
FADA – Ora não percam tempo se apressem. Vocês têm que encontrar o Pássaro Azul.
OS DOIS – Pássaro azul?
FADA – Claro, o pássaro azul, um pássaro que é azul.
MARIA CLARA – Sim, mas porque procurar um pássaro azul?
FADA – Por quê? Vocês querem ser felizes não querem?
MARIA CLARA – Claro, mas o que eu vou fazer com um pássaro?
FADA – Ora que criança tola que você é! Não sabe que um pássaro azul quer dizer
felicidade?
MARIA CLARA – É, mas por quê?
FADA – Porque eu estou dizendo... Agora vamos, os dois. Não fiquem aí parados, vamos não
temos tempo a perder.
MARIA CLARA – Ei, mas espere diz pra gente onde encontrar o pássaro azul.
FADA – Não será tão fácil assim. Terão que procurar no passado, no futuro, em toda parte.

3
O PÁSSARO AZUL R

MARIA CLARA – Você vem com a gente?


FADA – Claro que sim, mas serão vocês os responsáveis por essa busca, eu apenas indicarei
o caminho.
MARIA CLARA – Mas não podemos sair à noite sozinhos.
FADA – E quem disse que iriam sozinhos? Vocês têm amigos não tem?
ZECA – Podemos levar a mamãe?
FADA – Não!Tem o seu cão Tylo, podem levar. Ele pode ajudar. E tem a gata Tylete, levem-
na também se quiserem.
MARIA CLARA – Oba, que legal!
ZECA – Acorda Tylo.
FADA – Acorde seu preguiçoso. Fique de pé como um homem. (transforma o cão em gente)
 FEITIÇO
ZECA – Maria Clara olhe.
MARIA CLARA – Tylo?
TYLO – Minha pequena Maria Clara, meu pequeno Zeca, ai eu posso falar eu posso falar! Ah
se eu pudesse voltar aquele dia em que você caiu no lago, e dizer pra você se afastar dali...
Quem é você? (rosnando para a Fada)
MARIA CLARA – É a Fada Berylune.
FADA – Ora calem-se! Não temos tempo para conversa. Tylete, acorde, eu ordeno, acorde!
(transforma a gata em gente)
 FEITIÇO
MARIA CLARA – Ela também pode falar?
TYLETE – Se um cão fala...
MARIA CLARA – Tylete! Temos que encontrar um pássaro azul.
TYLETE – Um pássaro azul.
TYLO – É e eu vou para ajudá-los eu adoro passear.
MARIA CLARA – Não quer ir Tylete?
TYLETE – Porque não? Pode ser divertido...
TYLO – Não gosto do jeito que ela falou Maria Clara.
MARIA CLARA – Ora Tylo!
FADA – Vamos, vamos logo todos vocês, depressa.
TYLO – Acho que não deveríamos levar Tylete, ela é traiçoeira.
TYLETE – Eu ouvi o que disse. Seu velho pulguento.
TYLO – Vou transformar você em pedacinhos.
TYLETE – Ora seu grosseiro.
FADA – O que estão esperando, não fique aí conversando a noite toda, vamos.
MARIA CLARA – Mas pra que lado vamos.
FADA – Eu já lhes disse, procure em todos os lugares.
ZECA – Mas nós vamos nos perder.
FADA – Ora não se preocupem, eu cuido disso. Pensem em tudo... Por exemplo, não passou
pela cabeça de vocês que o pássaro azul pode está no passado?
MARIA CLARA – Mas onde é o passado?
FADA – Ora o passado está logo atrás de vocês.
 FEITIÇO
FADA – Agora lembrem-se em algum lugar tem o pássaro azul. Não desistam até encontrá-lo.
Se falharem, nada poderá salvá-los.
MARIA CLARA – Nós encontraremos pode deixar... Espere por nós Fada... (Maria Clara e
Zeca saem)

4
O PÁSSARO AZUL R

TYLETE – Olha aqui cão, eu sei que nunca fomos amigos, mas agora temos que nos unir,
não podemos deixar que as crianças continuem essa busca.
TYLO – E porque não?
TYLETE – Será que você não percebe que estamos livres agora, se eles encontrarem esse
pássaro teremos que voltar ao que éramos, escravos do homem.
TYLO – Pois é assim que eu quero, o homem é nosso dono e nosso amigo, temos que
obedecê-lo e ajudá-lo.
TYLETE – Eu sempre soube que você era um bobão.
TYLO – Se eles vão procurar um pássaro azul ou uma coruja cor de rosa eu vou ajudá-los do
mesmo jeito.

CENA 04 – O PASSADO
 MÚSICA DO CEMITÉRIO
FADA - A estrada para o passado é por aqui.
MARIA CLARA – Mas esse é o cemitério.
FADA – Mas é a única entrada para o passado. Agora vão.
ZECA – Você não vem?
FADA – O cemitério não é um lugar adequado para uma Fada iluminada como eu.
MARIA CLARA – E se a gente não encontrar o caminho.
FADA – Tem medo de tentar Maria Clara?
MARIA CLARA – Não, claro que não.
FADA – Então encontrará o caminho.
TYLO – Medo do quê?
MARIA CLARA – Vamos atravessar o cemitério Tylo.
TYLO – Ah sim... O cemitério!?
FADA – Ah, mais uma coisa e isso é muito importante. Agora são quase meia-noite, vocês
têm que voltar dentro de uma hora, senão ficarão no passado para sempre.
ZECA – É melhor não irmos Maria Clara, eu estou com medo.
MARIA CLARA – Quieto Zeca! Agora vamos!
TYLO – Eu acho esse lugar mais simpático durante o dia.
MARIA CLARA – Não há nada para ter medo aqui.
TYLETE – Eu venho sempre aqui, só para passear é claro.
TYLO – Quando não está passeando nos becos escuros não é? (ruídos)
ZECA – Que barulho foi esse?
TYLETE – Pode ter sido os fantasmas.
MARIA CLARA – Fantasmas não existem.
TYLETE – Existem sim eu já vi uma vez. (Tylo corre)
MARIA CLARA – Tylo o que vai fazer?
TYLO – Me lembrei de algo que tenho que fazer.
MARIA CLARA – O que é? Você não pode nos abandonar agora.
TYLO – Pois é então eu digo o que irei fazer, vou pular o muro e dar a volta no cemitério, aí
depois eu volto... (Tylo sai correndo)
TYLETE – Lá se vai o nosso “bravo” protetor.
ZECA – Vamos para casa Maria Clara.
MARIA CLARA – Ah, não banque o covarde também Zeca.
TYLETE – Temos que ter cuidado à meia-noite.
MARIA CLARA – Por quê?
TYLETE – Porque meia-noite é uma hora enfeitiçada. Os túmulos se abrem...
MARIA CLARA – Pare Tylete, só está querendo nos assustar.

5
O PÁSSARO AZUL R

TYLETE – Mas você não tem muito medo.


MARIA CLARA – É não tenho não, mas prefiro não ouvir essas histórias.
TYLETE – Porque não, é tão emocionante, vamos dá uma volta, eu mostrarei alguns túmulos.
MARIA CLARA – Pare Tylete, não temos tempo para as suas brincadeiras, temos que ir até o
passado.
TYLETE – Mas aqui mesmo é o passado.
MARIA CLARA – Mas a fada disse para atravessarmos o cemitério.
TYLETE – A fada não sabe, eu sei! Sigam-me.(Tylete sai rapidamente)
MARIA CLARA - Ora Tylete não ande tão rápido. Tylete onde está você?
TYLETE – Eu estou aqui.
MARIA CLARA – Tylete onde você está isso não se faz. Zeca, você acha que já é meia-
noite?
ZECA – Eu não quero ver nenhum morto aqui.
MARIA CLARA – Nem eu...

CENA 05 - VOVÔ E VOVÓ


 MÚSICA MARIA CLARA (sem letra)
VOVÓ – Acorda Augusto!
VOVÔ – Acorda Mazé!
VOVÓ – Eu tô acordada, velho gagá!
VOVÔ – Eu também minha velha.
VOVÓ – Alguém deve está pensando na gente. Estou começando a me sentir mais forte.
VOVÔ – Sinto umas formiguinhas nas pernas.
VOVÓ – Acho que teremos visitas, parecem estar bem perto.
VOVÔ – Agora posso terminar de esculpir essa madeira, há mais de um ano que tento
terminar e não consigo.
VOVÓ – Isso porque você está sempre dormindo.
MARIA CLARA – Vovó.
ZECA – Vovô
VOVÓ – As crianças. Me dêem um abraço forte.
VOVÔ – Há muitas vezes que vocês nos esqueceram.
VOVÓ – A última vez foi na manhã de páscoa, os sinos da igreja tocavam...
MARIA CLARA – Páscoa? Ah não nós não saímos nesse dia estávamos resfriados.
VOVÓ – Mas vocês lembraram da gente.
MARIA CLARA – É ficamos com saudade.
VOVÓ – Pois bem todas as vezes que se lembrarem da gente acordaremos e poderemos ver
vocês.
MARIA CLARA - Mas nós pensamos que vocês estavam... Mortos.
VOVÓ – Não querida, somente quando somos esquecidos.
VOVÔ – Será que nunca vão aprender isso.
MARIA CLARA – A casa, o jardim, tá tudo igualzinho. Oh vovó estou tão contente por estar
aqui.
VOVÓ – Ora entrem, vamos, entrem...
MARIA CLARA – Eu não sei vovó, talvez não possamos ficar muito tempo.
VOVÔ – Ora e porque isso? Porque não podem ficar muito tempo?
MARIA CLARA – Infelizmente não.
VOVÓ – Eu queria fazer uma torta de maçã pra vocês.
MARIA CLARA – Puxa se a gente pudesse ficar vovó.
ZECA – Vovô, o senhor ainda não terminou o meu cavalinho...

6
O PÁSSARO AZUL R

VOVÔ – Como poderia se estou sempre dormindo. Querem rever minha oficina?
ZECA – Claro vovô.
MARIA CLARA – Não demore muito Zeca.
VOVÓ – Ora não tenha tanta pressa.
MARIA CLARA – É que temos que voltar dentro de uma hora. Que horas são vovó.
VOVÓ – Está vendo vovó é só pensar nele que ele volta a trabalhar. Vamos sente-se são
apenas meia noite e vinte.
MARIA CLARA – Mas o sol tá brilhando.
VOVÓ – Ele aqui sempre brilha quando vocês pensam em nós.
MARIA CLARA – Vovó nós estamos aqui porque temos que encontrar um pássaro azul, é
muito importante.
VOVÓ – Um pássaro azul, sim claro, aço que temos um sim.
MARIA CLARA – É verdade vovó? Onde, me mostra!
VOVÓ – Está bem Maria Clara, se é assim que quer. Aqui está querida, temos todas as cores,
pode escolher o que quiser.
MARIA CLARA – Ora vovó, aqui não tem nenhum pássaro azul.
VOVÓ – Tem sim, é claro que tem aquele ali em cima que está cantando.
MARIA CLARA – Aquele não é azul vovó, aquele é preto.
VOVÓ – preto? Que estranho, para mim sempre foi azul. Um destes aqui não serve?
MARIA CLARA – Não, a Fada Berylune disse que tinha que ser azul e que tínhamos que
procurara em todo lugar, aqui é o passado não é!?
VOVÓ – Sim, aqui é o passado, mas talvez o seu pássaro azul não esteja no passado, e terá
que procurá-lo em outro lugar.
MARIA CLARA – Então preciso ir.
VOVÓ – Não ainda não, não vá.
ZECA – O senhor vai me ensinar a esculpir também não é vovô!?
VOVÔ – Claro se vocês voltarem aqui com mais freqüência.
ZECA – Veja o que o vovô fez Maria Clara.
MARIA CLARA – Tá, tá bom, mas temos que ir.
VOVÔ – Ora vocês não podem ir.
VOVÓ – Não querem ficar mais um pouquinho?
MARIA CLARA – Não devemos vovó.
VOVÓ – Ora ainda quero ver você cantarem.
MARIA CLARA – Que tal? (diz uma música)
VOVÔ – Tenho uma melhor, que tal... (diz outra música)
MARIA CLARA – Claro, vovó sempre cantava no berço pra me ninar.
 MÚSICA DA MARIA CLARA (com letra)
(Maria Clara canta com seus Avós enquanto isso Tylete atrasa o relógio)
VOVÓ – Que lindo querida! Como nos velhos tempos
MARIA CLARA – Agora temos que ir mesmo vovó, vamos Zeca. Que horas são?
VOVÓ – Continua sendo meia-noite e vinte.
MARIA CLARA – Tem alguma coisa errada! Vamos Zeca temos que sair correndo.
VOVÓ – Não vão, se ficarem farei a melhor torta de maçã que já comeram.
MARIA CLARA – Não podemos vovó, de verdade.
ZECA - Adeus vovô!
VOVÔ – Adeus Zeca, não demore muito a voltar.
MARIA CLARA – Adeus Vovó.
VOVÓ – Adeus queridos, pensem na gente, não sabem o quanto isso é importante.
MARIA CLARA – Pensaremos vovó. Vamos Zeca! (Maria Clara e Zeca saem)

7
O PÁSSARO AZUL R

VOVÓ – Sempre com pressa.


VOVÔ – Será que não tinha nada que fizessem eles ficarem.
VOVÓ – Nem mesmo as minhas tortas de maçã.
VOVÔ – Nunca vou terminar isso.
VOVÓ – Deixe está querido, talvez não demorem tanto da próxima vez.
 MÚSICA MARIA CLARA (sem letra)

CENA 06 - FORA DO CEMITÉRIO


 MÚSICA DO CEMITÉRIO
TYLO – Ah, eles se perderam, pronto eles se perderam.
TYLETE - Se eles estão perdidos eles estão perdidos.
TYLO – A culpa é sua que não os seguiu.
TYLETE – E porque você não os seguiu? Você que é tão fiel e corajoso?
MARIA CLARA – Tylo!
TYLO – Pensei que vocês tivessem se perdido.
MARIA CLARA - Tylete, o que houve com você?
TYLETE – Eu é que pergunto o que houve com vocês?
ZECA – Estivemos com o vovô e a vovó. (surge a fada)
FADA – Na Terra da Memória. Encontraram o pássaro azul?
 SAI MÚSICA DO CEMITÉRIO
MARIA CLARA – Não, lá não tinha nenhum pássaro azul. Nenhum.
TYLETE – Eu devia ter falado a vocês...
TYLO – E porque não disse?
TYLETE – Porque ninguém perguntou.
MARIA CLARA – E o que faremos agora?
FADA – Vocês ainda não encontraram, então continuem procurando.
TYLO – Ora tudo isso por um pássaro azul, eu ficaria bem mais feliz se fosse um bife bem
suculento.
TYLETE – Então vamos até a Terra da Fartura, tem muita comida por lá. Tudo o que
quiserem...
MARIA CLARA – Acha que encontraremos o pássaro azul por lá?
FADA – Não acho que não.
TYLETE – E por que não? Lá podemos encontrar tudo. Que lugar poderia ser melhor para
encontrar um pássaro azul?
TYLO – Não temos nada a perder.
MARIA CLARA – É talvez, podemos encontrar o pássaro azul por lá.
FADA – Vão se quiserem.
MARIA CLARA – Como chegaremos até a Terra da Fartura...
TYLETE – É fácil, pegaremos esse primeiro desvio.
MARIA CLARA – E você Berylune, vai esperar por nós?
FADA – Claro, ficarei logo ali. Mas lembrem-se não fiquem muito tempo por lá. Não é muito
bom ficar tanto tempo dentro do luxo e da fartura.
MARIA CLARA – Não demoraremos não.
TYLETE – Vamos, eu mostrarei o caminho.

CENA 07 - TERRA DA FARTURA


 MÚSICA DA FARTURA
MARIA CLARA – Senhora Fartura!!!
SRA. FARTURA – Bonjour, é um prazer, um grande prazer.

8
O PÁSSARO AZUL R

MARIA CLARA – É mesmo a Sra. Fartura?


SRA. FARTURA – Sim de fato sou eu.
MARIA CLARA – Eu sou Maria Clara, e esse é o meu irmão Zeca.
SRA. FARTURA - Encantada.
MARIA CLARA – E essa é a Tylete.
SRA. FARTURA - Encantada.
TYLETE – Mas que belo lugar! Que bom gosto.
SRA. FARTURA - É simples, mas gostamos daqui.
MARIA CLARA – Nós estamos procurando um pássaro azul, e pensamos que aqui poderia
ter um.
SRA. FARTURA – Um pássaro azul? Comeremos faisão com frutas. Preferem pássaro azul?
Como é que se prepara?
MARIA CLARA – Mas nós não queremos comê-lo.
SRA. FARTURA - Oh que gracinha! Me diga uma coisa, gosta de sobremesa?
ZECA – Gosto sim.
SRA. FARTURA – Então poderá comer uma dúzia delas, sorvete, creme de chantilly, torta de
morango, trufas, barras de chocolate, poderão comer o que quiserem. Gosta de bonecas e de
vestidos bonitos?
MARIA CLARA – Sim senhora eu gosto.
TYLETE – Ela nunca teve isso.
SRA. FARTURA – Podemos ver isso, com um vestido elegante e com algumas jóias você
ficará muito bonita.
MARIA CLARA – Muito obrigada.
TYLETE – É muita bondade sua Senhora
SRA. FARTURA – Ora não é nada. Você é tão encantadora. Vamos comigo.
MARIA CLARA – Venha Tylo.
SRA. FARTURA – Tylo quem é esse aí?
MARIA CLARA – É o Tylo, ele está com a gente.
SRA. FARTURA – Lamento, mas não temos mais quartos para hóspedes e os quartos dos
criados também estão lotados, mas ainda temos lugar no canil.
MARIA CLARA – Está bem pra você Tylo?
TYLO – Se não há mais lugar na casa.
SRA. FARTURA – Ótimo, o caminho do canil é por ali.
MARIA CLARA – Você vai ficar bem Tylo?
SRA. FARTURA - Ora não se preocupe, ele será bem tratado sim, eu lhes prometo. Agora
vamos.
 MÚSICA DA FARTURA II
(Tylete entra com numa cadeira; entra as comidas)
MARIA CLARA – Zeca, esse bolo é meu!
ZECA – Não é não. (toma de Maria Clara)
MARIA CLARA – Solte esse bolo senão eu te chuto!
ZECA – Ai, você vai ver (puxa o cabelo de Maria Clara)
(Os dois brigam)
SRA. FARTURA – Parem crianças parem. Brigando por um bolo? Eu darei outro e está tudo
resolvido pronto!
ZECA – Então pronto, pode ficar com esse, arranjarão um bem maior para mim.
MARIA CLARA – O outro é maior? Ah não, você vai ficar com este, eu vou ficar com o novo.
ZECA – Não vai não, eu chegarei lá primeiro. (saem correndo)

9
O PÁSSARO AZUL R

CENA 08 – CANIL
 MÚSICA DO TYLO
(Maria Clara entra chorando)
MARIA CLARA – Tylo!
TYLO – Você aqui.
MARIA CLARA – Oh Tylo, senti saudades suas.
TYLO – Sentiu saudades? Sabia que eu estava aqui não sabia!
MARIA CLARA – O que eu você tem feito?
TYLO – Nada, nem os cachorros daqui não brincam comigo.
MARIA CLARA – E porque não Tylo?
TYLO – É que eu não tenho pedigree.
MARIA CLARA – Ah Tylo eu também estou tão infeliz.
TYLO – Ora minha querida Maria Clara.
MARIA CLARA – Ninguém aqui é bom, não bom de verdade, não é como o papai e a
Mamãe, eu não trocaria eles nem por todas as senhoras farturas do mundo.
TYLO – Mesmo eles sendo pobres?
MARIA CLARA – Mamãe e papai não são pobres, eles apenas não tem dinheiro. É diferente.
TYLO – E que tal a gente sair daqui, onde está Zeca.
MARIA CLARA – Não sei a gente não tá se falando.
TYLO – Ah bobagem, esse lugar está deixando a gente diferente. Precisamos sair daqui.
MARIA CLARA – Mas não podemos nos afastar da Senhora Fartura.
TYLO – Pois eles que tentem nos impedir. Vamos, chame o Zeca.
MARIA CLARA – Zeca! Zeca! (Zeca aparece)
ZECA – O que você quer hein?
MARIA CLARA - Estou arrependida de tudo.
ZECA Não adianta dizer que está arrependida agora.
MARIA CLARA – Por favor, faça as pazes comigo fiquei tão solitária sem você.
TYLO – É sim, um beijinho e tudo se resolve. Vamos, vamos. (os dois se abraçam)
MARIA CLARA – Vamos Zeca, vamos sair daqui agora mesmo.
ZECA – Vamos! Vamos.
TYLO – Eu tomarei de conta de vocês.(todos comemoram e Tylete entra)
TYLETE – O que é isso? Uma conspiração?
MARIA CLARA – Estamos saindo daqui Tylete.
TYLETE – Saindo? E por quê?
MARIA CLARA – Porque não gostamos desse lugar é isso.
TYLETE – Acho que tudo isso é um grande engano. Aqui é tudo tão bom.
TYLO – Se quiser ficar fique. Estaremos melhor sem você.
MARIA CLARA – Ah não, não podemos deixar Tylete.
TYLETE – Não se preocupe Maria Clara, só irei por sua causa.
TYLO – Então vamos, e com cuidado. Vamos. (Tylete grita)
MARIA CLARA – Tylete!
TYLETE – O que foi?
 MÚSICA DA FUGA

CENA 08 – FORA DA FARTURA


(todos muito cansados e ofegantes)
TYLO – Vejam a lua está surgindo.
MARIA CLARA – Não é a lua, é a fada, ela veio ao nosso encontro.
FADA – Estão cansados não estão?

10
O PÁSSARO AZUL R

MARIA CLARA – Nunca devíamos ter ido até lá.


FADA – Não encontraram o pássaro azul não é.
MARIA CLARA – Esquecemos até de olhar.
FADA – Isso sempre acontece por lá. E não adiantaria procurar.
MARIA CLARA – Eu acho que perdemos o nosso tempo.
FADA – E não gostariam de voltar não é!?
MARIA CLARA – Oh não, nunca nunca mais.
FADA – Então não perderam seu tempo.
ZECA – Quase não conseguíamos sair de lá.
TYLO – Por culpa da Tylete.
TYLETE – O que foi que eu fiz?
TYLO – Não fez nada, apenas tocou um sino e acordou a Senhora Fartura. Devia ter nos
ajudado a sair em silêncio.
TYLETE – Você está vendo coisas Tylo.
TYLO – Ora um dia eu pego você pelo pescoço e vou sacudi-la até ficar sem cabeça.
TYLETE – Experimente e verá o que eu sou capaz de fazer com as minhas unhas.
MARIA CLARA – Parem, parem de brigar, vocês só sabem brigar.
FADA – Acho que deveriam descansar, Zeca está quase dormindo. Porque não dorme um
pouquinho também.
MARIA CLARA – É eu estou cansada,
FADA – Então durma. Eu voltarei para acordá-los. (Fada sai e Tylete sai em direção a
floresta)
 MÚSICA DA TYLETE

CENA 09 - TYLETE PREPARA O PLANO NA FLORESTA


TYLETE – Papai Árvore! Mamãe Árvore!
PAPAI ÁRVORE – Porque essa gritaria toda.
TYLETE – Estou chamando por você há muito tempo.
PAPAI ÁRVORE – O que você disse?
TYLETE – Não me ouviu chamar? Está ficando cada vez mais surdo.
PAPAI ÁRVORE – É o barulho do machado dos lenhadores, ficam zunindo meu ouvido e eu
sempre acordo. O que está acontecendo? Pela sua voz até parece que o mundo está
acabando.
TYLETE – Se você não fizer o que peço, nosso mundo acabará mesmo.
PAPAI ÁRVORE – Ora é tão sério assim?
TYLETE – É muito sério.
PAPAI ÁRVORE – Alô Mamãe Árvore! (Mamãe Árvore acorda)
MAMÃE ARVORE – O que está havendo? Sempre acontecendo alguma coisa, mais
problemas, sempre acordam a gente no meio da noite é?
PAPAI ARVORE – Não sei simplesmente as coisas, as coisas...
MAMÃE AROVRE – Vamos, fale. Qual é o galho?
TYLETE – Calma, esperem, vim avisar a vocês que os nossos inimigos estão a caminho.
Vieram à procura do pássaro azul.
OS DOIS – Pássaro Azul?
TYLETE – Eu tentei impedir de todas as formas possíveis, agora é com vocês.
PAPAI ARVORE – E o que podemos fazer?
TYLETE – Assustá-los, aterrorizá-los... Deixá-los tão apavorados que esquecerão o que
vieram fazer aqui e voltarão para casa. Lembre-se que isso é muito importante. Árvore, eu
conto com você.

11
O PÁSSARO AZUL R

PAPAI ARVORE – Cuidaremos dele.


MAMÃE AROVRE – Isso será muito divertido.
PAPAI ÁRVORE – Divertido? não ouviu o que ela disse, eles estão atrás do pássaro azul,
depois virão atrás de outros bichos, de outras árvores e destruirão toda a natureza. De que
adianta assustá-los, eles voltarão, e não desistirão, nós precisamos destruí-los.
MAMÃE ÁRVORE – Destruí-los? É isso que o homem há séculos vem fazendo com a gente.
PAPAI ARVORE – É sim, eles nos cortam.
MAMÃE ARVORE – Extraem nossa madeira.
PAPAI ÁRVORE – Eles não podem escapar, avisem o vento para soprar com violência,
chamem os amigos, o Raio e o Fogo, precisaremos da ajuda deles. Vamos fazer de tudo para
destruí-los, precisamos acabar com nossos destruidores.

CENA 10 - FLORESTA
TYLETE – Aqui não é sereno e calmo?
MARIA CLARA – Mas não vejo nenhum pássaro azul, aliás não vejo pássaro nenhum.
TYLETE – Na certa estarão nas árvores, você verá.
ZECA – Olha essa árvore velha, não sei como não foi cortada.
TYLO – Acho que teremos uma tempestade.
MARIA CLARA – Vamos embora daqui, vem Zeca.
TYLO – É vamos.
(galho bate em Tylo ele cai)
TYLO – Ai, é a primeira vez que sou atacado por uma árvore.
MARIA CLARA – Você está machucado Tylo?
ZECA – É uma tempestade, eu sabia.
TYLO – Está parecendo mais um tornado.
TYLETE – Não se preocupem, fiquem tranqüilos. (cai um galho)
MARIA CLARA – Vamos é melhor sairmos daqui.
 MÚSICA DA TEMPESTADE
TYLETE – Vamos por aqui.
MARIA CLARA – Ai. (Maria Clara tropeça e cai)
ZECA – Maria Clara!
MARIA CLARA – Estou bem vamos continuar.
TYLO – Vamos eu cuidarei de vocês.
TYLETE – Sigam-me eu conheço o caminho.
MARIA CLARA – vamos voltar!
TYLO – A tempestade pro outro lado está muito pior.
TYLETE – Por aqui, vamos.
TYLO – Não dêem ouvidos a ela, está nos levando pra uma armadilha.
(Tylete fica presa pelas árvores, nesse momento é envolvida pelo fogo e o vento,
desaparece)
TYLETE – - Socorro ajude-me.
MARIA CLARA – Tylete!
TYLO – Volte aqui.
MARIA CLARA – Eu tenho que salvá-la Tylo.
TYLO – Não pode entrar nesse fogo.
MARIA CLARA – Mas é preciso.
TYLO – Temos que voltar senão seremos todos queimados. Rápido Por aqui. (eles correm)

CENA 11 – FORA DA FLORESTA

12
O PÁSSARO AZUL R

(surge a fada)
MARIA CLARA – Fada, você nos perdoa, não devíamos ter ido sem você.
FADA – O que importa é que estão seguros agora.
MARIA CLARA – Um raio atingiu a Terra e toda a floresta se incendiou
FADA – O Raio e o Fogo são meus parentes. Eles podem ser muito malvados.
MARIA CLARA – Quase morremos queimados.
ZECA – Tylete é que se queimou.
TYLO – Ela teve o que mereceu.
MARIA CLARA – Não fale assim Tylo, pobre Tylete.
FADA – Vamos querida não fique infeliz. E o pássaro azul.
MARIA CLARA – Não vimos nenhum, nenhum. Não tivemos tanto tempo pra procurar.
TYLO – Quer saber de uma coisa, eu acho que esse pássaro azul não existe.
MARIA CLARA – Existe sim. Tem que existir.
FADA – É claro que existe. Vocês não procuraram em todos os lugares. Há ainda o reino do
Futuro.
TODOS – O futuro?
FADA – Claro, há muitas coisas maravilhosas no futuro.
TYLO – Eu não vou, eu já vi coisas maravilhosas demais.
ZECA – Ah não Tylo.
MARIA CLARA – Você tem que vir com a gente.
TYLO – Ah não, tudo o que vejo no meu futuro é o um reumatismo.
MARIA CLARA – Então você espera por nós.
TYLO – Com prazer, e não tenham pressa. (Tylo sai)
FADA – Então vão.
MARIA CLARA – O futuro fica longe.
FADA – Não, fica logo depois da colina. Continuem subindo, subindo, até não agüentarem
mais.
MARIA CLARA – Você não vem com a gente?
FADA – Não precisam de mim, quando tiverem pronto para voltar eu irei buscá-los.

CENA 12 – FUTURO
 MÚSICA DO FUTURO
ZECA – Maria Clara já tinha visto tantas crianças assim?
MARIA CLARA – Será que são todas da mesma família?
CRIANÇA 01 – Vejam crianças vivas!
ZECA – Porque ele nos chamou de criança viva.
MARIA CLARA – Eu não sei.
CRIANÇA 01 – Vocês são crianças vivas não são?
MARIA CLARA – É claro que somos crianças vivas, vocês não são?
CRIANÇA 01 – Não, não! Ainda estamos esperando pra nascer.
ZECA – Que roupa engraçada!
CRIANÇA 01 – A sua também é. O que é isso nos seus pés?
MARIA CLARA – são os meus sapatos.
CRIANÇAS – Sapatos? E pra que servem?
MARIA CLARA – Pra proteger os pés dos espinhos, das pedras e do frio.
CRIANÇA 01 – Estou confuso, mas acho que entenderei melhor quando eu nascer.
MARIA CLARA – E porque você não nasce?
CRIANÇA 01 – Eu vou nascer sim, mas estou esperando a minha vez. Eu vou nascer daqui a
uns três anos. É bom lá na Terra?

13
O PÁSSARO AZUL R

ZECA – É sim, é muito bom!


CRIANÇA 02 – Maria Clara, Maria Clara.
MARIA CLARA – Olá!
CRIANÇA 02 – Você é Maria Clara e ele é Zeca.
MARIA CLARA – Como sabe nossos nomes?
CRIANÇA 02 – Não é de se admirar. Eu serei sua irmãzinha!
MARIA CLARA – Nossa irmãzinha! Você vai morar com a gente?
CRIANÇA 02 – Vou!
MARIA CLARA – Quando?
CRIANÇA 02 – Não sei exatamente quando, daqui a um ano talvez.
MARIA CLARA – Isso é maravilhoso! Seremos três, iremos brincar muito.
Foi tão bom conhecer você irmãzinha. Eu direi a mamãe que você vai chegar. Adeus!
CRIANÇA 02 – Adeus!
CRIANÇA 03 – Vocês gostariam de ver minha descoberta?
MARIA CLARA – Sim, quero sim. O que é?
CRIANÇA 03 – Não é muita coisa, mas vai poupar muito sofrimento.
MARIA CLARA – Como?
CRIANÇA 03 – Farão as pessoas dormirem quando estiverem com dor. Vamos supor que
você quebre o seu braço, isso faria você dormir enquanto cuidam de você.
MARIA CLARA – Eu não sentiria nada? Nenhuma dor?
CRIANÇA 03 – Como poderia sentir estaria dormindo. Será muito útil não acham?
MARIA CLARA – Oh sim, trate de ser breve ao nascer.
CRIANÇA 03 – Eu serei breve.
MARIA CLARA – Olá!
CRIANÇA 04 – Olá!
MARIA CLARA – Porque você está tão triste?
CRIANÇA 04 – Eu estava aqui pensando, irei para a Terra em breve.
MARIA CLARA – E você não quer ir?
CRIANÇA 04 – Não, acho que não!
MARIA CLARA – Você vai gostar de lá assim que chegar.
CRIANÇA 04 – Há muita infelicidade lá. Aqui somos todos livres e não nascemos livres.
ZECA – Não?
CRIANÇA 04 – Alguns sim, outros nascem no meio da ganância, da cobiça, da crueldade... É
contra isso que eu vou lutar, preciso convencê-los na Terra que somos todos livres, iguais
como somos aqui. Livres, todos semelhantes e unidos.
MARIA CLARA – Então eu acho que você devia ir.
CRIANÇA 04 – Não, ninguém vai me escutar.
MARIA CLARA – Vão sim, tem que tentar, alguém terá que te escutar.
 MÚSICA DO TEMPO
MARIA CLARA – O que foi isso?
CRIANÇA 04 – Aquele é o tempo, chegou à hora das crianças que vão nascer hoje, que vão
descer pra Terra.
MARIA CLARA – Mas como elas descem? Tem escadas?
CRIANÇA 04 – Você vai ver. (Surge o Tempo)

TEMPO – Vamos para a chamada de hoje, temos muita coisa a fazer, o caminho é longo e
não podemos perder tempo e o primeiro é: João... Segundo: Lucas... Terceiro: Maria...
MARIA CLARA (Vê uma criança chorando)- Porque você está chorando?
CRIANÇA 05 – Eu estou com medo.

14
O PÁSSARO AZUL R

MARIA CLARA – Medo de quê?


CRIANÇA 05 – De não chamarem o meu nome.
MARIA CLARA – Então você quer ir.
CRIANÇA 05 – Sim, Há muito tempo que eu quero ir, mas mamãe e papai não têm tempo pra
mim.
MARIA CLARA – Se soubessem o quanto serão felizes com você.
TEMPO – Trigésimo terceiro: Madalena...
CRIANÇA 05 – Eles chamaram o meu nome, sou eu, sou eu.
MARIA CLARA – Eles querem você. Vá depressa.
TEMPO – Mais vendedores? Estão reclamando muito! Onde estão os engenheiros? Ei, vocês
não me enganam, ainda não chegou a vez de vocês. E você ãhn, já é a terceira vez que tenta
nascer antes da hora, não tente fazer isso de novo viu, ainda não chegou a sua hora. E é tudo
por hoje!
(Maria Clara e Zeca juntos seguem para casa)
ZECA – Vamos Maria Clara, depressa, quero contar a mamãe e o papai tudo que vimos.
MARIA CLARA – Mas e o pássaro azul, o que vamos fazer? Olhamos em todo lugar, em toda
parte e nada. Acho que não existe pássaro azul nenhum.
TYLO – É o que estou dizendo desde o começo. Ai uma pulga (se coçando)
(MÚSICA DA FADA)
FADA (voz em off)– É melhor você irem agora, e não desanime, a busca ainda não acabou,
lembre-se o pássaro azul pode está mais perto do que você imagina.
MARIA CLARA – Mas você não vai continuar a nos ajudar.
FADA – Não querida. Tenho que ir a outros lugares.
MARIA CLARA – Nós vamos vê-la de novo?
FADA – Mas é claro que sim, voltarei sempre que for preciso. Então adeus, até que voltemos
a nos encontrar.
TODOS – Adeus Fada Berylune!
MARIA CLARA – Você ouviu o que a fada disse, que a busca ainda não acabou, que o
pássaro azul pode está mais perto do que você imagina.
ZECA – Vamos pra casa!

CENA 13 – VOLTA PRA CASA


 MÚSICA DA VOLTA PRA CASA
(casinha entra flutuando)
ZECA – Veja Maria Clara a nossa casa como está linda?
MARIA CLARA – Nossa Zeca é realmente nossa casa está parecendo castelo.
ÂNGELA – Maria Clara, Zeca!
OS DOIS – É a Ângela! ZECA
ÂNGELA – Que bom que encontrei vocês. Tenho muitas novidades pra contar!
MARIA CLARA – Nós também!
ZECA – Estivemos com o vovô e a vovó!
MARIA CLARA – Na Terra da Memória ! Conhecemos uma fada, a Fada Berylune! E também
fomos na Terra da Fartura!
ZECA – Ah, teve um incêndio na floresta, e Tylete não conseguiu se salvar!
ÂNGELA – mas Tylete está bem ali! (Tylete mia)
ZECA – Mas como pode! Nós não conseguimos salva-la.
MARIA CLARA – Os gatos tem 7 vidas, ela deve ter apenas 6 agora. Ela foi muito má com a
gente, espero que tenha aprendido a lição senão vai ficar sem leite hoje!

15
O PÁSSARO AZUL R

ÂNGELA – Agora vou contar minha novidade! Tenho uma ótima noticia! Minha mãe ouviu no
rádio que a guerra acabou! Nossos pais vão voltar pra casa! (todos comemoram)
ÂNGELA – Eu também tenho outra novidade! Olhem o que a mãe de vocês mandou!
(Maria Clara vai buscar o pássaro azul)
MARIA CLARA – Zeca veja , é o pássaro azul! Nós conseguimos!
ZECA – Nós conseguimos!
MARIA CLARA – Ângela, quando nós pegamos esse pássaro ele era cinza, agora ele ta azul,
nós procuramos em todos os lugares, e o tempo todo ele esteve aqui.
ZECA – Maria Clara, lembra ... (olhando para Ângela)
MARIA CLARA – Claro que lembro!Ângela, eu e o Zeca temos um presente pra você!
ÂNGELA – Um presente!
MARIA CLARA - Esse pássaro azul é seu, pode ficar com ele!
ÂNGELA – Pra mim? Obrigada! Vamos soltá-lo?
TODOS – Vamos!
(vôo do pássaro)

 MÚSICA FINAL

FIM

16

Вам также может понравиться