FRANCISCO EVAIR SILVA DAS CHAGAS

RESUMO:

Francisca Clotilde (1862 - 1935)

Camocim/CE
2019
Francisco Evair Silva das Chagas

RESUMO:

Francisca Clotilde (1862 - 1935)

Resumo elaborado para a disciplina de Literatura

Cearense, do curso de Letras Português/Inglês, do
Instituto Federal do Ceará – Campus Camocim
como requisito de obtenção de nota da primeira
etapa (N1) do semestre VI.

Professora: Elane Costa.

CAMOCIM/CE
2019
 RESUMO: FRANCISCA CLOTILDE (1862 - 1935)

Antes de adentrarmos na história de Francisca Clotilde, é necessário que

entendamos o contexto social em que sua história se desenrola. Primeiramente, temos
que entender o papel da mulher no século XIX, e quais eram as expectativas que a
sociedade impunha sobre elas. Nesse período, depositava-se na mulher somente as
atribuições que o casamento lhes oportunizasse, dito isso, necessitamos entender que o
sonho de toda mulher era o casório, pois permanecer solteira na época era visto com
maus olhos. Portanto, as mulheres da época dependiam de sua boa aparência e deveriam
adequar-se aos gostos dos cavalheiros da época. Visto que o único caminho a ser
trilhado pela mulher seria o do lar, a mesma deveria se portar de maneira ordinária, ou
seja, não deveria fazer aquilo que fugisse do normal, das expectativas sobre elas
colocadas.

No âmbito educacional, a época impunha a mulher um ensino voltado para a

religião, mais precisamente o catolicismo. Tudo que lhes era ensinado tinha o objetivo
de ser útil no ambiente doméstico. As damas da época era dito, “os modos fazem uma
madame, não o ensino”. Logo vê-se que as mulheres só era permitido viver para o lar,
nada além disso. No que diz respeito aos direitos civis, as mulheres eram praticamente
inexistentes para a lei. As damas não usufruíam de direitos morais, muito menos os
legais que possuem hoje em dia. Especificamente em relação aos homens as mulheres
estavam em uma posição de submissão total, não é exagero nenhum dizer que eram
vistas como meros “objetos” a serem manuseados pela classe masculina.

E nesse cenário que surge Francisca Clotilde Barbosa de Lima, Cearense, natural
de Tauá. Estudou no colégio Imaculada Conceição, onde ganhou destaque por sua
vivacidade e pelas suas aspirações poéticas. Clotilde casou-se jovem com Francisco de
Assis Barboza Lima, embora a família gostasse bastante do moço, ele e Clotilde eram
indivíduos totalmente distintos, em consequência disso, acontece a separação.
Seguidamente a esse fato, após alguns anos, ela encontra em Fortaleza aquele que seria
o amor de sua vida, Antônio Duarte Bezerra. Porém, esse acontecido veio a escandalizar
tanto a família, quanto a sociedade, na época. Para os costumes da época era inaceitável
que uma mulher vivesse com um homem sem ser casada, tal fato não intimidou nossa
personagem, que foi de encontro a esse pensamento.
 Abandonada pela família e desprezada pela sociedade, após a morte de Antônio
Clotilde escreve um diário onde todo o conteúdo é voltado para o seu amado. Tal peça é
considerada uma relíquia, umas das poucas que não foi leva por chuvas que inundaram
o Aracati em 1924, onde viveu entre 1908 e 1930.

A importância da professora e escritora, é de incalculável valor. Aos vinte e dois

anos tornou-se a primeira professora do sexo feminino a ensinar na Escola Normal de
Fortaleza. Ao mesmo tempo que trabalhava como professora, Clotilde era ativa no
processo de abolição, fazendo parte da Sociedade das Senhoras Libertadoras. Nesse
período escreve o poema A Liberdade, o Soneto: Livre. Suas palavras trazem de volta o
saudosismo do cearense na luta abolicionista, chegando a serem proferidas na
comemoração dos vinte anos da libertação dos escravos.

Clotilde teve importante participação na empresa, fazendo parte inclusive do

Clube Literário, onde teve seus contos lidos nas sessões de agremiação. Nesses contos a
autora aborda temas voltados a vida real, assim como aspectos imaginários, nessas
narrativas ela denuncia as desigualdades da época e leva o leitor ao encontro com as
belezas do estado e com o próprio bem. O estilo consideravelmente simples de escrita
leva o leitor a uma profunda identificação com os textos. Os escritos da autora carregam
marcas de grande atemporalidade, o que faz com ainda hoje a escritora seja um modelo,
seja na escrita, ou na luta pelos direitos das mulheres.