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Liliana Beccaro Marchetti 1

Psicoterapeuta Familiar

QUESTIONAMENTO REFLEXIVO
UM MODO PRODUTIVO DE PERGUNTAR

POR KARL TOMM, M.D.


PROGRAMA DE TERAPIA FAMILIAR
UNIVERSIDADE DE CALGARY

Manuscrito não publicado


1985
Liliana Beccaro Marchetti 2
Psicoterapeuta Familiar

QUESTIONAMENTO REFLEXIVO - UM MODO PRODUTIVO DE PERGUNTAR


POR KARL TOMM, M.D.
PROGRAMA DE TERAPIA FAMILIAR
UNIVERSIDADE DE CALGARY

SUMÁRIO

A entrevista circular está se tornando reconhecida como um método eficiente e


heurístico de inquirição dentro de sistemas interpessoais. Acredita-se também que
ela tenha por si mesma, um substancial impacto terapêutico. O questionamento
reflexivo é um aspecto da entrevista circular, que pode ser usado
deliberadamente para disparar mudanças terapêuticas em um cliente ou numa
família. Os efeitos deste tipo de questionamento parecem ser mediados por
próprios sistemas de crenças da família. Pelo aproveitamento de oportunidades
de formular questões reflexivas o terapeuta pode ser capaz de aumentar a
eficácia de suas entrevistas clínicas.

INTRODUÇÃO

A entrevista circular refere-se a um peculiar padrão de interação entre o


terapeuta e a família, padrão este originalmente descrito pelo grupo de Milão
(Selvini e outros 1980). Desenvolvendo este método de inquirição, Selvini, Boscolo,
Cecchin e Prata, operacionalizaram algumas contribuições de Bateson,
referentes à posição central do processo circular nos fenômenos mentais (Bateson
(1979) – Haley (1963) e Watzlawick e outros (1967) do Mental Research Institute
(MRI) e, posteriormente por seus próprios livros (Bateson 1972, 1979). Basicamente,
uma entrevista circular é orientada para a identificação dos “padrões que
conectam” pessoas, ações, contextos, acontecimentos, idéias, crenças, etc., em
seqüências recorrentes (recursive) ou cibernéticas. Quando as questões do
terapeuta são formuladas para revelar estas conexões recorrentes, tanto à família
quanto o terapeuta são capazes de desenvolver uma compreensão mais
sistêmica da situação problemática. Como o contexto no qual o problema está
embutido torna-se mais claro, segue-se que a alternativa é não problemática.
Daí, o potencial heurístico da entrevista circular. Em suas inovadoras notas sobre
entrevistas sistêmicas, o grupo de Milão esboçou três princípios para orientar a
conduta do terapeuta: hipotetização, circularidade e neutralidade. Estes
princípios são agora largamente bem conhecidos e entrevista circular é a
expressão geralmente usada para se referir ao estilo de inquirição associado com
sua aplicação. Muitos autores começaram a descrever e elaborar vários
aspectos deste método de inquirir (Hoffman, 1981, 1985, Linpchuk e DeShazer
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1985). Por exemplo, dois tipos gerais de questões circulares, “questões


diferenciais” e “questões contextuais”, têm sido associados com os padrões
fundamentais de simetria e complementaridade de Bateson (Tomm 1985). Estas
questões são extraordinariamente eficientes na revelação da reciprocidade entre
ações. Percepções e crenças de membros de uma família. Quando o terapeuta
desenvolve um claro entendimento da forma subjacente destas questões,
poderá usá-las com mais regularidade e eficácia. Isto aumenta a habilidade do
terapeuta em obter uma perspectiva cibernética do sistema em avaliação. Ao
fim de seu artigo original, o grupo de Milão levantou uma questão intrigante:
pode a terapia de família produzir mudanças somente através do efeito
negentrópico de nosso presente método de conduzir a entrevista, sem
necessidade de fazer uma intervenção final? (Selvini e outros, 1980, pg.12). Este
artigo propõe uma resposta afirmativa – “Sim, a entrevista circular sozinha pode, e
faz disparar a mudança terapêutica”. A fundamentação lógica desta resposta
afirmativa se esclarece ao perceber-se o 4° princípio da entrevista, “estratégia”
(strategizing) e ao se discriminar o questionamento reflexivo circular do
questionamento circular descritivo. Este trabalho explanará estas distinções e
proverá alguns exemplos.

UMA EXPERIÊNCIA FUNDAMENTAL (Pivotal)

O ímpeto para o trabalho aqui sumarizado prove de uma interessante


experiência realizada na Holanda, em 1981. Eu comecei a observar uma sessão
de terapia familiar conduzida por um “trainee” em Rotterdan. A família consistia
de pais de meia idade e de oito crianças (de lactente a adolescente). Tinha sido
encaminhado devido a que o pai vinha sendo indevidamente violento ao
disciplinar os meninos mais velhos. Uma série de perguntas circulares rapidamente
revelou que tinha havido uma ruptura nas funções parentais, com a mãe
assumindo o papel de terna educadora e o pai de disciplinador firme. Esta
diferença entre os pais foi-se alargando com os anos até o ponto em que o pai
era visto como um tirano. Ele foi descrito como indivíduo desinteressado, sempre
irritado e com exigências excessivas, enquanto pai. O comportamento das
crianças indicava um claro alinhamento com sua indulgente e protetora mãe. O
pai tornou-se cada vez mais defensivo e incomodado enquanto a sessão
progredia.
Para fazer algo sobre a tensão que se gerava na entrevista eu sugeri que o
“trainee” perguntasse a cada criança: “Se acontecesse algo à sua mãe que a
tornasse seriamente doente e tendo que ser hospitalizada por longo tempo, ou
mesmo que morresse, como se tornaria o relacionamento entre seu pai e o resto
das crianças?” A primeira respondeu: “Oh, ele se tornaria ainda pior! Ele ficaria
ainda mais tirânico!”. A seguinte disse: “Mas ele poderia ver um outro lado nosso
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porque ele teria que fazê-lo para ajudar-nos com nossos trabalhos de escola”.
Outra disse: “Provavelmente ele nos ajudaria a cozinhar e com a limpeza, etc”.

Nota: Negentropia – grau de ordenação, classificação ou previsibilidade em um agregado.

À medida em que as crianças iam respondendo, o pai era referido em termos


positivos. E daí a entrevista orientou-se para outras áreas.
Mais tarde, durante a discussão entre as sessões, o grupo elaborou uma hipótese
relativa ao processo de fazer do pai um bode-expiatório como um estímulo para
sua ira e excessiva punitividade. Sua hostilidade, por outro lado, tinha o efeito de
unir a mãe e as crianças, disparando sua condenação coletiva e mantendo o
pai em isolamento, num padrão circular. A intervenção ao fim da sessão assumiu
a forma de uma opinião paradoxal, conotando positivamente o comportamento
descuidado e tirânico do pai como “auxiliador” da mãe e das crianças, por
estimulá-los a manterem-se intimamente unidos e mutuamente protetores. Ele
agia assim “por enquanto”, por que sabia quão difícil seria para eles quando as
crianças deixassem o lar. Ao ouvir esta opinião as crianças protestaram, dizendo
que seu pai não era descuidado/desinteressado ou tirânico; ele era um pai muito
afetuoso e prestativo. A família já havia alterado sua interpretação inicial
enquanto o grupo estava ainda pensando em termos da informação obtida no
início da entrevista. Não havia, de fato, necessidade de intervenção final. A
família havia mudado mais rapidamente que a equipe.
Como aconteceu isto? Por algum tempo preocupei-me com possíveis
explicações. Em retrospecto, parecia que a pergunta endereçada às crianças
sobre os efeitos da hipotética ausência da mãe, fora o instrumento para a
interrupção da perversa escalada da condenação e tinha capacitado a família
à “dar à luz” a realidade latente do carinho do pai, a qual tinha um potencial
curativo. A própria pergunta pareceu haver disparado a mudança terapêutica.
Portanto, ela havia funcionado como uma intervenção durante o curso da
entrevista. Mas o quê, precisamente, havia nesta pergunta que a tornara tão
terapêutica? Como havia seu impacto intervido na família? Enquanto meditava
nestas coisas, comecei a atentar para outras perguntas que pareceram ter
efeitos similares. Para meu prazer, foi possível identificar uma porção delas. De
fato, parecia que muitos clínicos usam-nas de tempos em tempos, muito embora
de diferentes maneiras e com variados graus de consciência.
Depois de discutir sobre estes tipos de questões com alguns colegas e explorar
possíveis explicações, decidi chamá-las “reflexivas”. Distinguir este grupo de
perguntas e dar-lhe o nome fez-se muito útil. Subsequentemente comecei a
empregá-las mais frequentemente em minha prática. Notei que mini-intervenções
eram introduzidas intermitentemente na forma de perguntas reflexivas em muitas
sessões. A necessidade da usual intervenção de fim de sessão começou a
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atenuar-se. Às vezes, ela parecia até irrelevante, e ocasionalmente, mesmo


contra-indicada. O que sucedia, momento a momento, durante a entrevista
tornava-se mais importante. Embora eu ainda use frequentemente a intervenção
final, vejo-a agora, como um acréscimo ao processo de tratamento e não tanto
como um agente terapêutico essencial.
Então, por definição, perguntas ou questões reflexivas são todas aquelas usadas
pelo terapeuta durante o curso de uma entrevista clínica, com a intenção de
facilitar uma mudança produtiva num cliente, individualmente, ou numa família.
O processo de perguntar é chamado de questionamento reflexivo. Ele implica
num ponderado e deliberado uso da linguagem em forma de questões que
capacitam a família a produzir sobre sua situação, um entendimento que tenha
maior potencial curativo.

REFLEXIVIDADE

O termo “reflexivo” foi emprestado do “Coordinated Management of Meaning”


(CMM), uma teoria de comunicação proposta por Pearce e Cronen (1980). Na
teoria do CMM, reflexividade é entendida como uma característica inerente da
relação entre dois níveis de significado, numa hipotética hierarquia de
significados que influência os atos de comunicar. Uma breve descrição da teoria
de Cronen e Pearce pode ajudar a explicar a escolha deste termo para
caracterizar tais perguntas.
A teoria CMM vê a comunicação humana como um complexo processo de
intervenção, no qual os significados são produzidos, mantidos ou alterados
através de interações recorrentes entre os agentes. Ou seja, a comunicação não
é entendida como um simples processo linear de transmissão de mensagens de
um emissor ativo para um receptor passivo; antes, é um processo gerador circular
de co-criação pelos participantes envolvidos. Pearce e Cronen originalmente
começaram por diferenciar e descrever as regras que organizam este processo
gerador. Duas grandes categorias de regras foram delineadas:
1. Regras reguladoras (ações)
2. Regras constitutivas (significados)
As regras reguladoras determinam o grau em que certos comportamentos devem
ser realizados em situações específicas; Por exemplo, quando a integridade de
alguém é desafiada, é “obrigatório” defender-se.
Regras constitutivas têm a ver com o processo de atribuir um significado particular
a uma declaração, evento ou situação. Por exemplo, no contexto de uma
alteração, um cumprimento “representa” sarcasmo. Juntas uma rede destas guia
momento a momento, as ações de pessoas em comunicação.
De particular interesse aqui é a organização das regras constitutivas. Elaborando
sobre a adaptação de Bateson – da teoria dos tipos lógicos de Russel – Cronen e
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Pearce sugerem que o sistema de crenças no qual os seres humanos estão


imersos, acarretam uma hierarquia. Eles propõem uma hierarquia idealizada de
seis níveis de significado, de preferência a apenas aos dois (níveis de informar e
comandar) popularizados pelo grupo MRI. Isto inclui:
1. Conteúdo (de uma declaração);
2. Ato da fala (manifestação oral como um todo);
3. Episódio de interação;
4. Relacionamento interpessoal;
5. Roteiro de vida
6. Padrão cultural.
Seguindo adiante de Bateson, eles postularam um relacionamento circular entre
os níveis e não linear como originariamente sugerido por Russel e pelo grupo de
MRI. Não apenas o ato da fala (nível de comando) exerce uma influência em
determinar o significado do conteúdo (nível de informação); o conteúdo do que
é dito influencia o significado total da manifestação oral. As relações entre dois
níveis quaisquer, conteúdo e ato da fala, conteúdo e episódio, etc., são
reflexivas. O significado em cada nível volta atrás para influenciar o outro. Dado
isto, a hierarquia de Cronen e Pearce não é apenas uma organização vertical
simples, mas uma rede auto-referente.
A relação entre significado e ação pode também ser vista como reflexiva. Os
significados aplicados a qualquer situação particular jogam um papel maior na
seleção de quais específicos comportamentos são sancionados, em
compensação, têm um grande papel na seleção dos significados específicos que
podem ser atribuídos à situação. Cada um deles volta atrás reflexivamente sobre
o outro. Cada um torna-se o contexto que define o outro. A relação de
reflexividade é circular e ativa. Não passiva como o refletir de uma imagem no
espelho. Nem é estática como a reciprocidade entre dois lados, ou como uma
coisa e seu oposto (luz – treva, bom – mau).
Reflexividade é um processo recorrente de complementaridades alternantes. Em
um momento o significado em um nível é complementar ao significado em outro
nível, no momento seguinte, o último é complementar ao primeiro. Um mais
recente trabalho na linha teórica da CMM foi elaborado sobre as vicissitudes
deste relacionamento reflexivo (Cronen, Johnson e Lannamann 1982). A qualquer
tempo, a influência de significado, por exemplo, A, sobre um outro, digamos, B,
pode parecer mais forte que seu contrário ( isto é, a influência de B sobre A).
Neste caso pode-se dizer que A exerce a “força contextual” predominante na
determinação do significado de B. A relação pode parecer uma hierarquia linear,
mais em realidade é ainda circular. Isto é, B sempre continua a exercer uma
“força implícita” ascendente sobre ª. A circularidade torna-se mais perceptível
quando a implicação de B sobre A se faz mais aparente ou “ativa”. A força
implícita de B cresce em significado, e sua influência pode eventualmente
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exceder a força contextual de A; consequentemente os níveis de hierarquia


subitamente revertem-se. B torna-se o contexto para redefinir ª.
Por exemplo, se dois indivíduos consideram que sua relação é uma amizade,
podem esperar ter um episódio de interação agradável. Por isso, o significado da
relação transforma-se no contexto para definir seus comportamentos inicias no
episódio interativo como amistosos. A força contextual pode continuar a operar
mesmo que eles entrem em algum discordo. Ou seja, a articulação da
incompatibilidade de suas posições poderá ainda ser entendida como um
esforço auxiliar para esclarecer suas diferenças. Seus pontos de vista discrepantes
poderão, entretanto, continuar a ter algumas implicações para a relação. Se suas
incompatibilidades se alargam progressivamente e o desentendimento cresce
para um conflito irritado, a significação de um episódio de discussão pode
sobrepujar a amizade originalmente existente no relacionamento. Neste ponto
ocorre uma reversão na hierarquia: o episódio de conflito torna-se o contexto
para redefinir o relacionamento, agora como de competição ou mesmo de
amarga inimizade. Quando isto ocorre, até mesmo uma declaração conciliatória
ou um pedido de desculpas pode ser recebido com suspeita (e, por exemplo,
entendido como sarcasmo) devido ao “novo” contexto.
Tal mecanismo de reversão pode ter sido ativado pela pergunta feita à família
Dutch. Pela introdução do hipotético cenário da ausência da mãe, o
relacionamento entre as crianças e o pai foi isolado da mãe e as implicações
positivas da participação familiar do pai tornam-se aparentes. Quando a força
implícita da atuação positiva do pai tornou-se suficientemente forte, ocorreu a
reversão na interpretação das crianças, isto é, de uma relação de indiferença
para uma de desvelo e cuidado. Esta deslocação é terapêutica porque coloca
os membros da família num contexto relacional mais favoravelmente orientado
para uma solução mutuamente aceitável.
Cronen e outros (1982) continuam, sugerindo que quando as influências
contextuais e implícitas são relativamente semelhantes, ativa-se um “loop” (volta)
reflexivo.
Dois tipos básicos de “loops” são descritos: 1. os “loops” inesperados e 2. os
“loops” mágicos. Um “loop” inesperado indica um relacionamento reflexivo no
qual uma reversão de níveis resulta numa dramática mudança de significado. Isto
já foi ilustrado acima pela repentina mudança “de amigos a inimigos” e de
“indiferente para cuidadoso”.
Um “loops” mágico, por outro lado, denota a relação refelxiva na qual não
importa qual do sois (ou mais) níveis é o mais forte: os significados permanecem
basicamente os mesmos e nenhuma mudança ocorre a despeito da reversão
entre os níveis. Por exemplo, não importa muito se um relacionamento hostil forma
o contexto para um episódio de confrontação ou se um episódio de
confrontação provê o contexto para definir o relacionamento como hostil.
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Igualmente, pouco importa ao significado da situação se um episódio amigável


serve para definir a relação como amistosa ou se uma relação amistosa é usada
para definir um episódio como amigável. Não há muita mudança com os “loops”
mágicos, exceto que o padrão faz-se mais profundamente implantado.
Entretanto, o processo de fortalecimento da implantação de um padrão
saudável é, às vezes, importante para estabelecer uma base para futuras
mudanças ou para a estabilização de um novo desenvolvimento que ainda
esteja frágil. Por isso, os “loops” mágicos que têm potencial curativo podem ser
ativados para fortalecer pré-existentes, mas ainda débeis relacionamentos
reflexivos desse tipo. Por exemplo, no caso da família Dutch, o “trainee” poderia,
concebivelmente, continuar a fortalecer a mudança construtiva fazendo as
seguintes questões reflexivas: “Quando você acredita que seu pai realmente se
preocupa com vocês, você é mais ou menos inclinado a fazer o que ele lhe
pede?”, “Se seu marido estiver sinceramente convencido que as crianças
reconhecem e apreciam as coisas que ele faz por elas você acha que seria mais
fácil ou mais difícil para ele tolerar alguns dos erros delas?”, “Se você tivesse que
se desculpar depois de reconhecer que se excedeu ao disciplinar, você acha
que as crianças o considerariam um pai mais ou menos cuidadoso?” Estas
perguntas poderiam ajudar a consolidação da “nova realidade” ao indicar a
direção de ações alternativas que reflexivamente apoiariam o novo significado
atribuído ao relacionamento entre o pai e as crianças?. Por isso, o efeito
terapêutico de uma pergunta pode ser mediado pela reflexividade de um “loop”
inesperado ou de um “loop” mágico? É sobre as bases desse possível mecanismo
que estas implicações são ditas reflexas. A pergunta, em si mesmo, permanece
como uma sonda, um estímulo ou uma perturbação. Ela apenas dispara a
atividade reflexiva na pré-existente associação entre significados dentro dos
próprios sistemas de crenças familiares. Isto implica um considerável grau de
autonomia da parte de uma família a respeito de que mudança realmente
ocorre. A natureza e direção precisas da mudança, se esta ocorre, são
determinadas pela própria família, e não pela pergunta do terapeuta. Perguntas
reflexivas são aquelas que tencionam facilitar esse tipo de mudança.

MODOS ALTERNATIVOS DE PERGUNTAR

Quando o terapeuta faz perguntas durante uma entrevista, ele geralmente o faz
para entender a família, seus membros e sua situação problemática. Esta forma
de entrevista pode ser chamada de “questionamento descritivo”. Com algumas
séries de questões, ele convida os membros da família a descreverem seus
problemas, seus padrões comportamentais, sua experiência, sua história, etc. sua
intenção primária é desenvolver seu próprio entendimento da situação.
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As perguntas se destinam a construir e refinar um “quadro” do sistema familiar e


seus problemas, para o terapeuta, enquanto a entrevista se desenvolve sobre a
base das perguntas e das respostas não verbais da família ele faz perguntas
adicionais para esclarecer incertezas, ambiguidades e inconsistências que
surgem em sua mente.
Por isso, o questionamento descritivo é um padrão de interação entre o
terapeuta e a família, no qual o intento predominante (neste momento) é mudar
mais o terapeuta que a família.
Durante o transcorrer de tal inquirição, surgem frequentemente, ocasiões em que
uma intervenção parece particularmente oportuna. Em outras palavras, o
terapeuta reconhece “ uma abertura” ou “ um bom momento” para uma
entrada (imput) terapêutica. Por várias razões ele pode não querer interromper
sua inquirição para oferecer uma opinião explícita ou fazer uma sugestão. Ainda
pode, entretanto, aproveitar estas oportunidades para introduzir uma intervenção
em forma de questões. Nestes instantes, o padrão da entrevista pode ser
chamado de “questionamento interventivo”. O terapeuta orienta sua inquirição
para os tipos de questões que ele considera capazes de disparar mudanças
terapêuticas. Neste caso, o foco primário para a mudança é a família, não o
terapeuta.
A distinção entre questionamento descritivo versus interventivo é baseada na
intenção do terapeuta observar predominante “lócus” de mudança em qualquer
momento particular. Agir com intenção implica desejar um certo efeito. Ele dirige
a entrevista em direção ao resultado escolhido pela cuidadosa seleção das
questões que enuncia.
Um entrevistador experiente pose antecipar os prováveis efeitos de algumas
perguntas, os efeitos possíveis de outras e também os efeitos improváveis de
ainda outras. Se existe uma brecha específica no quadro da família que ele vem
construindo para si mesmo, seleciona a pergunta descritiva que mais
provavelmente eliciará a informação que deseja. Quanto mais cuidadoso for na
formulação da questão, tanto mais provável será obter o efeito para preencher a
lacuna em seu quadro. Isto pode ser de considerável auxílio para ele, mas
geralmente o é menos para família. Por outro lado. O questionamento
interventivo terá, com maior probabilidade, um efeito terapêutico devido a que
as perguntas são formuladas visando este fim. Para aumentar então a eficácia
terapêutica deve empenhar-se em incluir mais questões interventivas em sua
inquirição, ou pelo menos, selecionar aquelas questões descritivas que possam
incluir elementos interventivos.
Existe uma outra dimensão maior no modo de inquirição do terapeuta. Tem a ver
com suas suposições subjacentes ou com a orientação preferida sobre a
natureza dos processos mentais e de mudança. Assume-se que os eventos que
está explorando ocorrem predominantemente de um modo linear de causa e
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efeito, suas perguntas refletirão isto. Por exemplo, ele pode começar uma sessão
com uma sequência linear de questões descritivas como: “Que problema a
trouxe ver-me?” (Meu marido tornou-se deprimido), “O que o levou a ficar tão
deprimido?” (Eu não sei, ele não tem motivo, apenas fica deitado), “Ninguém
tentou levantá-lo?”, (Realmente não), “Porque não?”, (Bem, eu quis mima-lo um
pouco, sabe?). A noção de causalidade implícita nestas perguntas é linear. Estes
tipos de questões geralmente carregam uma atitude de julgamento, ou seja, de
que alguma coisa está errada e que não deveria ser deste modo. Devido a que
as pessoas geralmente não gostam de se culparem, estas questões podem
estimular os membros da família a se tornarem mais críticos para algum outro
membro, em suas respostas.
Se o terapeuta assume que os eventos que ele explora soa recorrentes, suas
perguntas descritivas serão mais circulares.“O que aconteceu pra vocês estarem
aqui hoje?”, (Vim porque estou preocupada com a depressão de meu marido),
“Quem mais está preocupado?”, (Os meninos. Perguntam muito sobre isto), “O
que é que seu pai faz usualmente, quando vocês e sua mãe conversam?”,
(Geralmente ele vai pra cama), “Que faz sua mãe quando ele vai pra cama?”,
(Ela se preocupa), etc. Estas perguntas buscam conexões recorrentes e tendem a
ser mais neutra se aceitáveis. As respostas que elas eliciam nos membros da
família, provavelmente, são também menos julgadoras.
O questionamento descritivo pode ter muitos diferentes efeitos, e por isto, será útil
subdividi-lo em dois:
a - Questionamento (descritivo) linear,
b - Questionamento (descritivo) circular.
Similarmente, o questionamento interventivo pode ser subdividido em:
a - Inquirição (circular) reflexiva,
b - Inquirição (linear) estratégica.
Esta distinção depende se o terapeuta espera que suas perguntas meramente
perturbem o processo circular existente na família ou se ele espera que elas
tenham um impacto linear direto com efetiva mudança. Estas expectativas
diferentes manifestam-se não apenas no fraseado da questão, mas também no
tom em que é feita. Considere as duas seguintes perguntas interventivas que
podem ser usadas numa situação em que uma filha fugitiva está sendo
severamente disciplinada pelo pai: “Você não acha que sua disciplina é muito
dura e que, em realidade, está forçando-a a fugir?” versus “Se você for ainda
mais severo em sua disciplina, você acha que isso fará mais ou menos provável
que sua filha outra vez?” . A primeira questão é mais estratégica e implica um
julgamento tanto quanto um direcionamento por parte do terapeuta. A última é
mais reflexiva e orientada para disparar uma possível mudança ao mobilizar para
o pai as implicações de seus próprios atos. A pergunta reflexiva permite ao pai
mais liberdade para escolher sua própria posição. Por isso, o questionamento
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reflexivo é um modo mais neutro de inquirição interventiva e mais respeitoso


quanto à autonomia da família, comparado ao questionamento estratégico, que
é mais diretivo. (Contudo, em havendo dúvida, uma pergunta estratégica
geralmente pode ser ainda mais neutra que uma opinião explícita, uma
declaração de valor ou instrução ao pai sobre disciplina paterna). Estas
diferenças induzem quatro modos alternativos de inquirir. As relações entre eles
são ilustradas no diagrama circunflexo da figura 1.

Suposições circulares

Questionamento Questionamento
circular Questões de reflexivo
Questões de perspectivas
diferença do observador

Questões de efeitos Questões sobre futuro


comportamentais hipotético
Foco Foco
descritivo interventivo
(orientador)

Questões de definição de Questões de


problemas confrontação

Questões de Questões de
explanação orientação
Questionamento de problemas Questionamento
linear Estratégico

Suposições lineares

Fig.1 - Relações circunflexas entre modos alternativos de inquirir.


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O eixo vertical representa o grau de circularidade ou delinearidade das


suposições do terapeuta sobre o processo mental que ele está explorando e do
qual é parte. O eixo horizontal representa o grau com o qual a intencionalidade
do terapeuta se orienta a fim de se mudar a si mesmo, ao cliente ou à família.
Pode ocorrer, é claro, vários graus de linearidade e uma intencionalidade
misturada por trás de qualquer questão particular. Entretanto, grupos de
questões tenderão a cair dentro de uma área específica do diagrama
circunflexo. Questões para definição de problemas e questões para explanação
de problemas usualmente refletem um questionamento linear. Questões de
efeito comportamental e questões de diferença sugerem uma inquirição dentro
de um processo circular. Questões orientadas para o futuro e questões da
perspectiva do observador podem facilitar mudanças espontâneas na família.
Questões de confrontação e questões de orientação tendem a ser reguladoras e
estratégicas. Desnecessário dizer que, diferentes tipos e seqüências de questões
têm efeitos extremamente diferentes no sistema terapêutico.

A NECESSIDADE DE UM QUARTO PRINCÍPIO: “ESTRATEGIZAR”

Quem quer que tenha observado a equipe de Milão conduzir uma terapia, sabe
que eles planejam todos e cada um dos movimentos com muito cuidado. O
processo de gerar planos alternativos de ação avaliá-los e decidir sobre qual
curso seguir, não se limita às discussões entre - sessões, quando eles preparam a
intervenção final. Mas, acontece durante a entrevista mesma. O terapeuta está
continuamente tomando decisões com base em cada momento, enquanto a
sessão se desenvolve. “Qual hipótese devo explorar agora?”, “Esta família está
preparada para conversar abertamente sobre esta área?”, “Como deve ser
formulada?”, “A quem devo dirigi-la?”, “Devo perseguir mais este tema ou
explorar outro?”, “Devo abrir aquela nova direção agora ou mais tarde?”, etc.
A equipe atrás do espelho está também avaliando ativamente a atuação do
terapeuta, e se tem sugestões para um curso alternativo de inquirição,
interrompe a sessão e chama o terapeuta para uma rápida conferência.
O processo de decidir sobre quais ações o terapeuta deve nos escolher, está
implícito, mas não adequadamente considerado nos três princípios de entrevistar
que Selvini e outros (1980) descrevem originalmente. Daí, ser adequada a
necessidade de delinear um quarto princípio, “estrategizar”, para orientar o
terapeuta na escolha de suas decisões.
“Estrategizar” pode ser definido como a atividade cognitiva do terapeuta (e da
equipe) na elaboração de planos alternativos de ação, avaliando as possíveis
conseqüências das várias alternativas e decidindo como proceder em cada
momento particular, com base na melhor utilidade terapêutica. Enquanto um
princípio de entrevista, a “estrategização” impõe ao terapeuta escolhas
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intencionais sobre o que ele deve ou não fazer, a fim de avançar para o alvo da
mudança terapêutica. (A noção de “estrategizar” tem muito em comum, mas
não é equivalente à terapia estratégica. Esta última refere-se a uma orientação
ou abordagem específica do tratamento. “Estrategização” ocorre em todas as
terapias).
Os quatro princípios de entrevistar são, é claro, interconectados. Mais, cada um
enfatiza uma operação distinta ou categoria separada de atividades
terapêutica. Enquanto todos os quatros podem estar ativos ao mesmo tempo, por
uma ou outra forma, a atenção consciente do terapeuta tende a mover-se
através deles em seqüência, como ilustrado na figura 2. A seqüência é recorrente
de modo que pode começar em qualquer ponto. Tipicamente, o terapeuta
começa com a hipotetização, utilizando qualquer informação que possa ter
sobre a família.

Circularidade 3 # Hipotetização 1= informação

Neutralidade 4 # Estrategização 2

Fig. 2 - Conecções seqüenciais dos princípios de entrevista.

Tendo desenvolvido uma hipótese (possivelmente incluindo a hipótese que aquilo


que falta é uma hipótese clara sobre a família), ele faz algumas escolhas
estratégicas sobre o que buscar (por exemplo, primeiramente eliciar mais
informações) e como faze-lo (por exemplo, explorar o como eles decidiram vir
para a terapia). Estas escolhas tornam-se a base para suas ações na
circularidade de mútuo “feedback” (perguntas e respostas) do sistema
terapêutico. Ele, então, retira-se (conceitualmente) para uma posição de
neutralidade e observa os efeitos de suas ações (por exemplo, o pai interrompe a
mãe para assinalar aquilo que o pediatra lhe transmitiu). Subseqüentemente,
estas observações são consideradas no processo de hipotetização.
Sobre a base de uma hipótese modificada (por exemplo, o marido está
minimizando a iniciativa da família em buscar ajuda), o terapeuta uma vez mais
começa a “estrategizar” sobre o que fazer (por exemplo, “Devo perguntar à
esposa quem primeiro pensou a respeito e está mais interessado na terapia ou
devo respeitar a susceptividade do marido e perguntar sobre as opiniões do
pediatra?). Por isso, enquanto a entrevista acontece, o terapeuta está
continuamente movendo-se ao redor de um circuito de hipotetização,
estrategização, circularidade, neutralidade, etc., como indicado pelas setas na
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figura 2. Os sinais exclusivos de desunião (#) entre circularidade e hipotetização


e entre neutralidade e estrategização, implicam que as relações entre eles são
medidas por atividade governada por outros princípios.
Muito da atividade imposta com a operação de cada princípio e no movimento
entre eles, ocorre num nível automático ou inconsciente. Isto permite à
consciência do terapeuta “flutuar” para a área onde é mais necessária. Por
exemplo, o terapeuta pode estar interessado em produzir uma hipótese
substantiva, e embora ele esteja ainda interagindo, observando e decidindo,
mantém um foco consciente sobre como pôr alguma coerência naquilo que está
vendo e ouvindo. Alternativamente, ele pode estar se concentrando em como
construir suas perguntas para otimizar a vinculação com o pai. Uma vez que o
terapeuta desenvolve competência no aspecto particular da entrevista, as
habilidades envolvidas tendem à “mergulhar” num processo inconsciente,
liberando, maiormente a atenção do terapeuta para novos desenvolvimentos em
outras áreas.

ESTRATEGIZANDO SOBRE UM MODO DE PERGUNTAR

Como já mencionado, o propósito do terapeuta é um fator maior na escolha dos


tipos de perguntas a fazer. Outro fator é a antecipação do efeito de certa séries
de questões e se este efeito conduz ao objetivo intencionado. Enquanto os
prováveis, possíveis, improváveis e impossíveis efeitos de uma questão específica
variarão com cada família e do princípio ao fim de cada entrevista, será razoável
comparar os mais prováveis efeitos dos quatro modos de inquirição previamente
descritos. A figura três sumariza a intenção predominante e os efeitos
idiossincráticos atrás de cada conjunto de perguntas. São incluídos os efeitos das
perguntas, tanto sobre o terapeuta quanto sobre a família. Os parênteses indicam
que os efeitos permanecem sempre imprevisíveis.
Liliana Beccaro Marchetti 15
Psicoterapeuta Familiar

Questões
Questões
reflexivas
circulares Intenção Intenção
Exploratória Facilitadora

Efeito liberador sobre Efeito produtivo sobre


a família a família

Efeito de aceitação Efeito criador sobre o


sobre o terapeuta terapeuta

Efeito de julgamento Efeito oposicional


sobre o terapeuta sobre o terapeuta

Efeito conservador Efeito coativo sobre


sobre a família a família

Intenção Intenção
Questões investigadora corretiva Questões
lineares estratégicas

Fig.3 - Propósito predominante e efeitos idiossincráticos de diferentes questões.

I. QUESTÕES LINEARES DESCRITIVAS


Questões descritivas lineares, projetadas principalmente por uma intenção
investigadora, são como aquelas feitas pelo detetive ou investigador que tenta
desvendar um mistério complexo. As perguntas básicas são: “Quem fez o que?
Onde? Quando? E Por que?” Muitas entrevistas começam com estas perguntas
lineares. Isto é freqüentemente necessário, pelo menos inicialmente, para “ligar” a
família através de suas típicas percepções lineares da própria situação. Com este
modo de inquirir, o terapeuta tende a adotar uma postura reducionista ao tentar
determinar a causa específica do problema. São feitos esforços para reduzir as
coisas de maneira que eventualmente as causas agravantes se tornem
claramente delineadas. Desde que ele questionou os membros da família para
articular suas percepções existentes (sobre o que aconteceu, quem e como
estava envolvido) o efeito destas perguntas sobre a família será, provavelmente,
Liliana Beccaro Marchetti 16
Psicoterapeuta Familiar

conservador. Os membros da família reagem respondendo, mas permanecem


imutáveis. Um risco com este modo de inquirição é que se pode
inadvertidamente, implantar ainda mais firmemente na família suas percepções
problemáticas, ao validar implicitamente suas pré-existentes crenças. Outro
perigo está em que o pensamento linear envolvido (Quem fez isso?) tende a
ativar atitudes de julgamento, não apenas nos membros da família, mas também
no terapeuta.

II. QUESTÕES CIRCULARES DESCRITIVAS


As questões circulares descritivas são mobilizadas por um propósito de
explorações mais generalizadas. Estas perguntas são extensivas e tendem a se
caracterizarem por uma curiosidade ingênua sobre possíveis conexões, mais do
que por uma orientada necessidade de saber exatamente o que está causando
o problema. Se o terapeuta desenvolveu uma orientação cibernética
Batesoniana em relação ao processo mental, estas questões virão fácil e
livremente. Alguns tipos básicos incluem:
1- questões de diferença de categoria,
2- questões de diferença temporal,
3- questões de contexto de categoria, e
4- questões de efeitos comportamentais
e foram descritos num antigo artigo (Tomm 1985). O risco com estas perguntas é
que a inquirição pode desviar-se para áreas que parecem irrelevantes para as
necessidades imediatas da família. Não obstante, os efeitos das perguntas
circulares são freqüentemente muito benéficos. Enquanto o terapeuta busca
identificar recorrências nos padrões familiares para seu próprio entendimento, os
membros da família também tornam - se mais cônscios da circularidade em sua
interação. Com este aumento de consciência eles podem ser liberados da
“cegueira” de suas percepções e se capacitarem a abordar suas dificuldades
desde uma nova perspectiva. Por exemplo, através de uma série de perguntas
de efeito comportamental o marido começa a perceber como sua
depressividade dispara o afastamento de sua esposa e que não é simplesmente
seu distanciamento que ativa sua depressão, mas também é sua depressão que
ativa o distanciamento, ele pode se liberar para agir diferentemente, em vez de
apenas ficar desesperado quando ela não responde.
O efeito das questões circulares sobre o terapeuta é aumentar sua neutralidade e
sua capacidade de aceitar a família como ela é. Esta aceitação, em si mesma
tem potencial curativo no sistema terapêutico quando confronta os efeitos
imobilizantes da condenação, tão onipresente em famílias sintomáticas.
Liliana Beccaro Marchetti 17
Psicoterapeuta Familiar

III. QUESTÕES REFLEXIVAS


As questões reflexivas surgem desde propósitos facilitadores. O terapeuta cria
perguntas, as quais, ele espera, irão disparar na família, condições para o
encontro de novas soluções por seus próprios meios. O efeito sobre a família pode
ser muito produtivo, particularmente se o terapeuta está adequadamente
vinculado com ela e é hábil na formulação deste tipo de questões. A mais
provável complicação com as perguntas reflexivas é que a família pode tornar-se
confusa. Entretanto, a confusão em si mesma não é necessariamente
problemática no processo terapêutico. Dependendo da intensidade e da área
em que se dá, pode até ser às vezes, desejável. Por exemplo, quando um
membro da família “conhece todas as respostas” e com isto mantém imobilizado
o sistema. Sobre o terapeuta, o efeito é leva-lo a fazer-se mais criativo na
perguntas que formula. Se uma não “funciona”, ele construirá outra, tentando
ativar a reflexividade dentro das crenças familiares e liberar a capacidade
curativa natural do sistema do cliente.

IV. QUESTÕES ESTRATÉGICAS


As questões estratégicas, por sua vez, são estimuladas por intenções corretivas. O
terapeuta percebe algo “errado” e através de suas perguntas tenta induzir a
família à mudança, a começar a pensar ou a conduzir-se de uma maneira que
ele crê ser menos problemática. A diretividade é disfarçada porque vem
“embrulhada” como uma pergunta, mas realmente está sendo conduzida
através do conteúdo, sincronização e do tom. Algumas famílias sentem-se muito
compatíveis com seus padrões usuais de interação. O questionamento
estratégico tende a causar um efeito coativo sobre a família. Esta coação pode
assumir duas formas:
a- não fazer algo que o terapeuta crê estar contribuindo para o problema e,
b- limitar – se a fazer aquilo que o terapeuta acha que a família deve fazer.
Ambas tendem a confinar as opções da família aquilo que o terapeuta acha ser
melhor, agrade ou não a família. O efeito das perguntas estratégicas sobre o
terapeuta é que elas encaminham-no para uma atitude de oposição em relação
a família. É importante manter em mente que a intenção de um terapeuta nunca
garante os efeitos. Tampouco empresta precisão ao tom e ao fraseado da
pergunta. O que realmente acontece ao cliente ou a família depende sempre
da singularidade de sua própria organização e estrutura, a cada momento.
Dependendo da receptividade de uma família, uma pergunta estratégica pode
ter um efeito muito produtivo.
Uma questão descritiva linear pode ter um efeito liberador ou coativo, etc. Tudo o
que se pode dizer é que é mais provável que os membros da família possam
Liliana Beccaro Marchetti 18
Psicoterapeuta Familiar

experimentar respeito, originalidade e transformação durante um


questionamento reflexivo e circular, e sentirem-se reinquiridos e coagidos durante
um questionamento linear e estratégico. Se os membros da família começam a
sentir-se julgados ou manipulados, a sessão geralmente se tornará tensa ou
“gelada”. Quando o terapeuta reconhece isto, pode alterar seu propósito
ocasional, focalizar sua própria mudança e fazer perguntas mais neutras.
Desde que o terapeuta não pode saber com antecedência quais os efeitos que
uma particular questão pode ter, mas ainda assim tendo que agir, ele poderá
“sacar” sobre a anterior experiência clínica (sua e de seus mentores) para
escolher o que perguntar. Fazendo isso, traz o passado para dentro do presente.
Ambas a s dimensões as dimensões enriquecem o processo de inquirição e
carregam maior profundidade nas contribuições dos terapeutas para a co-
construção de realidades terapêuticas com os clientes.
A impossibilidade de predizer com certeza efeitos reais aponta para a
importância da atividade do terapeuta ao monitorizar reações da família e
revisar hipóteses enquanto a sessão se desenvolve. É aqui que os outros três
princípios voltam ao jogo, como indicado na fig. 2. Estrategizar somente tem a ver
com fazer escolhas sobre como e quando o terapeuta deve agir. Antes disto, ele
precisa de observações e de hipóteses, as quais, por sua vez, dependem de sua
interação circular com a família.
Geralmente os efeitos reais de uma pergunta não podem se observados; os
membros da família são muito difíceis de se “ler”. As vezes o efeito não se
materializa durante o tempo de entrevista. A compreensão pertinente pode vir a
ocorrer para a família somente depois da sessão ou no dia seguinte. Há perguntas
ocasionais que se demoram na mente dos clientes por semanas, meses ou
mesmo anos, continuando a fazer efeito durante todo o tempo. De alguma
forma, o terapeuta tem sempre que trabalhar “no escuro”. Estas circunstâncias
enfatizam a importância da intencionalidade do terapeuta no processo de
estrategizar. Ele precisa assumir a responsabilidade pelas perguntas que faz,
mesmo sem conhecer os eventuais efeitos que possam vir a ter.
Parte da razão para focalizar tão intensamente o tema dos propósitos do
terapeuta é realçar suas responsabilidades tanto quanto suas oportunidades e
privilégios na condução da entrevista. Em muitas situações de tratamento, o
cliente ou a família, implicitamente concedem ao terapeuta o privilégio de
investigar uma ampla extensão de áreas pessoais extremamente delicadas. Por
respeito a este privilégio o terapeuta deve estar consciente e assumir a
responsabilidade das intenções por atrás de suas perguntas. Agindo desta forma
também estará ampliando a intencionalidade de seu trabalho terapêutico.
As distinções feitas neste artigo foram elaboradas tendo em mente os terapeutas
clínicos. Se um pesquisador empírico quer decidir se uma dada questão é
descritiva, reflexiva ou estratégica, terá que se haver com o problema de
Liliana Beccaro Marchetti 19
Psicoterapeuta Familiar

determinar quais intenções tinha o terapeuta ao formulá-la. A classificação que


ele procura não depende da forma ou conteúdo lingüístico da pergunta. De
faro, exatamente a mesma seqüência de palavras pode constituir uma questão
linear, uma questão circular, ou reflexiva, ou estratégica.
Por exemplo, se um terapeuta pergunta a uma criança: “O que faz sua mãe
quando seu pai vem tarde do trabalho pra casa e o jantar já esfriou?”, somente
para descobrir se é assim que o pai provoca a raiva da mãe, então esta pode Ter
sido uma pergunta do tipo descritivo linear. Se a questão era parte da seqüência
planejada de uma pergunta de efeito comportamental para explorar a
interação circular entre os pais, a pergunta poderia Ter sido do tipo descritivo
circular. Ou, se foi feita para estimular o pai a fazer-se mais observador de seu
próprio comportamento e usar esta consciência para modificá-lo, poderia haver
sido uma questão reflexiva. Se ainda, o terapeuta perguntou porque sabia como
a criança iria, provavelmente, responder, e lhe interessava, a ele, terapeuta, a
externalização desta informação naquele momento intolerante ou desatencioso,
poderia Ter sido uma pergunta estratégica. Apesar disto, certas formas
semânticas prestam-se mais adequadamente a certos tipos de perguntas que os
outros.

TIPOS DE QUESTÕES REFLEXIVAS

O apêndice traz uma lista de vários tipos de questões com exemplos de


conteúdos que podem ser usados reflexivamente. Não se pretende exaurir o
assunto em pormenores. Em vez disso, quer-se ilustrar a variedade de questões
que podem ser reflexivas e fornecer uma amostra suficiente para permitir que se
perceba sua natureza essencialmente simples.
Para ser plenamente definida com reflexiva, cada questão tem que ser
apreciada no contexto do cenário terapêutico, como aquele da família Dutch. E
a limitação de espaço de um artigo de revista não permite tais luxos. Os
estudantes poderão achar um exercício interessante compondo cenários
próprios, nos quais as questões possam ser usadas descritivas ou
estrategicamente, tanto quanto reflexivamente.
As sobreposições entre os tipos podem resultar em agrupamentos relativamente
arbitrários.

Questões orientadas para o futuro prestam-se particularmente bem a uma


inquirição reflexiva. Membros de certas famílias com problemas, estão tão
freqüentemente preocupados com dificuldades presentes ou injustiças passadas,
que vivem quase como “se não tivessem futuro”; isto é, eles focalizam tão pouco
o tempo à sua frente que permanecem empobrecidos com respeito às
alternativas e escolhas “livres”. Pelo questionamento deliberado com uma longa
Liliana Beccaro Marchetti 20
Psicoterapeuta Familiar

série de perguntas reflexivas sobre o futuro, o terapeuta pode estimulá-lo a se


realinharem produtivamente em relação a futuras perspectivas para si mesmos.
Famílias amarradas ao presente ou ao passado podem não ser capazes de
responder a todas estas questões durante a sessão, mas isto não deveria deter o
questionamento do terapeuta. Em realidade, dificuldades em responder
freqüentemente significam que as perguntas estão mexendo com alguma “área
não cultivada” que poderá beneficiar-se significamente com esta nova
“jardinagem” Como já mencionado, os membros da família freqüentemente
levam as questões para casa e continuam a trabalhar com elas por seus próprios
meios.

Questões da perspectiva do observador auferem vantagem do fato de que


tornar-se observador de um fenômeno ou de um padrão é um dos primeiros
passos em direção a ser capaz de atuar deliberadamente sobre ele. Se as
pessoas de uma família não conseguem perceber que estão inadvertidamente
magoando os outros e a si mesmos, não poderão conscientemente aplicar seu
esforço e boa vontade para mudar seus próprios padrões de ação. Além disto, é
impossível empatizar com o outro quando se é incapaz de fazer pelo menos
algumas observações sobre as condições em que o outro existe. Uma série destas
questões pode ajudar enormemente a somar esta dimensão à vida da família.
Isto pode, claro, apontar diretamente para circunstâncias problemáticas de
elementos da família. Não obstante, há vantagens em criar um contexto no qual
eles possam descobrir ou produzir novas perspectivas para si mesmos. E
responsabilizam-se por um maior empenho na observação dos outros e de si
mesmos, terão como resultado fazerem-se menos dependentes do terapeuta.

Questões de mudança inesperada de contexto constituem um grupo


interessante. Membros de uma família muito freqüentemente fecham-se no
enfoque de uma única (e miserável) perspectiva e precisam ser orientados para
uma mudança.
Parecem esquecer-se que o “ruim” existe somente em relação ao “bom”. Umas
poucas e bem colocadas questões podem, às vezes, “tirá-los do sulco” e faze-los
ver o outro lado da moeda. Recentemente apareceu um casal com a queixa de
que a esposa vivia eternamente desanimada e depressiva. Eles haviam tido uma
longa série de moléstias físicas em membros familiares, próximos e distantes, há
poucos anos e o estado da mulher era facilmente compreensivo. Uma inquirição
reflexiva sobre o quanto eles deviam estar agradecidos e até mesmo festivos,
disparou a transformação. Repentinamente perceberam que ainda estavam
vivos, tinham uma boa renda, um lar confortável, etc. Na sessão seguinte,
anunciaram alegremente que haviam decidido terminar a terapia e planejar
umas férias “pela primeira vez em anos”.
Liliana Beccaro Marchetti 21
Psicoterapeuta Familiar

Questões com sugestões embutidas podem ajudar muito quando os membros da


família precisam ser um pouco cutucados pra enxergar as coisas. O terapeuta
inclui alguns conteúdos específicos em perguntas que indicam uma direção que
considera frutífera. Entretanto, quando ele tenta empurrar os clientes a
perceberem os fatos por sua particular óptica, estas perguntas tornam-se
estratégicas. Em si mesmo, isto pode não ser problemático para o terapeuta, mas
lhe será útil conscientizar-se de que ocorreu uma artimanha no processo. A
tentação de “aparecer com a verdade” pode ser minimizada se, imediatamente
depois de haver feito a pergunta ele se move para uma posição de neutralidade
para observar e aceitar a resposta da família. Uma ampla variedade de temas e
processos pode estar embutida numa pergunta. Vários deles estão
exemplificados no apêndice. Os grupos subsequentes, questões de comparações
normativas, questões introdutoras/esclarecedoras de diferenças, questões
introdutoras de hipóteses e questões de interrupção de processo, realmente
refletem categorias especializadas de sugestões embutidas. Por exemplo,
introduzir ou esclarecer uma diferença pode ser muito saudável, especialmente
quando há confusão sobre um assunto crucial. Num caso recente onde um
jovem adulto foi pego numa grave questão de furto, a mesma pergunta a cada
membro da família, focalizando a questão de se cada um deles (incluindo o que
respondia) via “roubar como mau, doente ou pecaminoso” ajudou a esclarecer
suposições e inconsistências profundas nos esforços corretivos da família,
estimulando-a para uma frutífera atividade de solução de problemas.
Clínicos experientes reconhecem muitas destas perguntas como bastante
familiares. De fato, eles, provavelmente, tem-nas usado por anos. O novo neste
trabalho não são as questões em si mesmas, mas a compreensão de que elas
podem ser criteriosamente diferenciadas e intencionalmente empregadas para
facilitar a capacidade de auto - cura da família.
É desnecessário dizer que o uso cuidadoso da linguagem freqüentemente não é
suficiente em terapia, especialmente quando há tempo limitado e padrões
problemáticos arraigados que, espera-se, podem conduzir a trama de vulto.
Por outro lado, nosso conhecimento do grau com que a “linguagem” cria o
mundo social que habitamos é, provavelmente, ainda muito limitado. Ademais,
há algo de esteticamente atraente no processo terapêutico que permite a um
terapeuta utilizar oportunidades ocasionais para uma intervenção (imput)
terapêutica e ainda continuar a Ter um profundo respeito pela capacidade
autonômica, do cliente ou da família, de produzir soluções por seus próprios
meios.
Questões reflexivas são uma forma de inquirir que parece favorecer isto.
Liliana Beccaro Marchetti 22
Psicoterapeuta Familiar

APÊNDICE
Exemplos de questões reflexivas

I. Questões orientadas para o futuro


a- Resultado antecipado – “Se as coisas continuam do jeito que estão agora,
como vocês esperam estar suas relações dentro de cinco anos?”
b- Expectativas catastróficas – “Aquilo com que você se preocupa pode
acontecer quando sua filha fica fora até tarde? Qual a pior coisa que vem à
sua cabeça? Na sua opinião, de que é que seus pais mais tem medo?”
c- Metas pessoais e coletivas – “Idealmente, quais mudanças você acha que ele
gostaria de ver acontecer em um mês? Em seis meses? E a respeito do restante
de vocês? Ou sido conseguido?”
d- Possibilidades hipotéticas – “Imagine que ela encontre um rapaz de quem
goste um bocado e que ele se preocupe com ela o bastante para tentar faze-
la parar de beber, o que seus pais fariam?”
e- Incutindo esperança – “Quando (não se) ele achar um meio de (resolver
algum problema), de que forma você espera mostrar sua gratidão? Como isto
afetará seu relacionamento? Onde vocês dois irão festejar?”

II. Questões da perspectiva do observador


a- Auto - conhecimento – “Quando você olha para trás agora, que impacto teve
sua reação? Se tivesse oportunidade, o que poderia fazer de diferente?”
b- Compreensão do outro – (leitura mental) “O que você imagina que ela sente
quando ele entra nesta situação? E se acontecesse com você?”
c- Percepção interpessoal – “O que ele pensa que você está pensando quando
ele ameaça suicidar-se? Se ele tem a impressão que você achou que ele
estava apenas tentando chamar atenção, você acha que ele se tornaria mais
ou menos propenso ao suicídio?”
d- Consciência exterior – (questões triádicas) “Quando seu pai entra em
discussão com sua irmã, que é que sua mãe usualmente faz? Ela, em geral,
toma o lado dele ou dela? Quando ela toma o lado de sua irmã, o que é que
seu pai faz?”

III. Questões de mudança inesperada de contexto


a- Explorando conteúdo oposto – “Quando foi a última vez que vocês tiveram um
bom momento juntos? O que fizeram que acharam agradável ou gratificante?
Que tipos de acontecimentos em suas vidas vocês festejam? E juntos,
enquanto família?”
Liliana Beccaro Marchetti 23
Psicoterapeuta Familiar

b- Impulsos de medos associados – “Você acha que não se matou ainda,


porque? Se seu físico, por sorte, sobreviver, que pensamentos e ações
precisam ser destruídos e enterrados?”
c- Exploração de necessidade conservadoras – “Assumindo que haja uma razão
importante para você continuar neste padrão desconfortável, qual poderia
ser ela? O que está acontecendo em sua relação que você quer que
continue?”

IV. Questões com sugestões embutidas


a- Reconstrução embutida – “Se em vez de acreditar que ele estava sendo
deliberadamente teimoso, você pensasse que ele estava confuso, tanto que
não podia sequer perceber que estava confuso e apenas não conseguia
entender que só queria um pouco de tempo dele, como imagina que poderia
tratá-lo?”
b- Ação alternativa embutida – “ Ao marido retraído: “Se você simplesmente
sentar com ela, ou talvez mesmo puser seu braço ao redor de seu ombro, que
tipos de reações você acha que poderia esperar? Se persistisse por uns
poucos minutos, numa maneira calma e gentil, a despeito da falta de
resposta, ou mesmo depois de uma meia rejeição, você acha que ela estaria,
provavelmente, mais disposta ou menos disposta a aceitar sua iniciativa
sincera?”
c- Volição embutida – Com respeito a um anoréxico: “Quando ela decidiu parar
de comer?”
d- Desculpas/perdão embutidos – “Se ao invés de não falar nada ou de evitá-la,
você admitisse que errou e se desculpasse, o que você acha que poderia
acontecer? Se eventualmente ela fosse capaz de perdoá-lo, em que extensão
você seria capaz de perdoar-se?”
e- Paradoxo embutido – “Porque você sempre vai preso? Porque você não
consegue roubar algo melhor que isso?

V. Questões de comparação normativa


a- Normalização inclusiva – “Supondo que alguém da família roubou alguma vez
na vida, quem você imagina que possa haver roubado mais? E em 2° lugar?
Em 3° ...?”
b- Contrastando com normas sociais – “Vocês acham que são mais ou menos
abertos sobre seus desacordos que outras famílias?”
c- Contraste cultural – “Se vocês são uma família anglo-americana, acham que
deveria haver menos envolvimento entre sua esposa e seu filho?”
d- Contraste elucidativo – “Se em quase todas as famílias os meninos, neste
estágio de vida são apegados ao pai, como veio John a ser tão apegado à
sua mãe?”
Liliana Beccaro Marchetti 24
Psicoterapeuta Familiar

VI. Questões introduzindo/esclarecendo diferenças


a- Introduzindo metáfora – “Ela vai sendo mais e mais como um porco espinho,
você se faz um velhaco mais agudo e mais espinhosa ela se torna?
b- Provocando incerteza – “Desde quando você tem estas idéias? Quando, pela
primeira vez, você começou a pensar assim? Se por acaso você estiver errado,
como é que vai saber? Como é que alguém pode ver que é cego em certas
áreas? Quem tentaria , pelo menos provavelmente, convencer você?”
c- Esclarecimento de categoria – “Quando ela chora, é porque se lamenta por
faze-lo ir ou porque esta externalizando sua dor?
d- Esclarecimento temporal – “Você toma as pílulas antes ou depois de discutir
sobre deixar o lar?”
e- Esclarecendo dilemas – “O que é realmente mais importante pra você? Ser
altamente bem sucedida em sua carreira ou Ter uma rica vida familiar? Se for
impossível Ter os dois, em qual você preferiria investir?”

VII. Questões introduzindo hipóteses


a- Continência de necessidades – “A fim de crescer e amadurecer naturalmente
como a maioria das crianças, que tipo de educação ela precisa mais?
Principalmente algum espaço, físico e emocional para existir e expressar-se ou
direcionamento e orientação ocasionais?”
b- Possibilidades alternativas – “Procurando um companheiro para namorar, o
que você acha que sua esposa buscaria mais? Estaria procurando uma
companhia, querendo um pai para seus filhos, ou alguém para apoiá-la e as
crianças economicamente, por um parceiro sexual, ou o quê?”

VIII. Questões para interrupção de processo


a- Reflexão sobre processo – As crianças durante uma discussão entre seus pais:
“Quando eles estão em casa discutem tanto quanto fazem aqui? Ou é pior?
Quem entre vocês, mais provavelmente, interrompe, para tentar esclarecer?
b- Minimizando reações distantes – “Você acha que ela pode estar um pouco
receosa de que você se torne furioso com ela depois que vocês deixarem a
sessão? Se ela estiver, admitiria? Mesmo para si mesma? Ou ela pode imaginar
que você reconhece sua necessidade de externalizar suas queixas para serem
discutidas, mesmo que sejam perturbadoras?
c- Prontidão para concluir – “Se a terapia parasse agora, quem seria o mais
perturbado? E o mais aliviado? Vocês sempre se ouvem fazendo as perguntas
que nós discutimos aqui?”

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