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Edição e Distribuição:
Dedicatória
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A Sabedoria diz: “Eu amarei os que me amam, e os
que me procuram me acharão. Riqueza e honra estão
comigo; bem valoroso e justiça. O meu fruto é melhor
do que o ouro, do que o ouro refinado, e o meu ren-
dimento é melhor do que a prata escolhida. Eu ando
no caminho da justiça, no meio das veredas do juízo,
para dar propriedade àqueles que me amam, e encher
os seus tesouros”.
(Provérbios 8.17-21)1
1 GUSSO, Antônio Renato. O Livro de Provérbios analítico e interlinear: curso prático para
aprimorar o conhecimento do hebraico bíblico. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2012.
ii
Sumário
INTRODUÇÃO.............................................................................. 1
1. INTRODUÇÃO GERAL AOS
LIVROS POÉTICOS E SAPIENCIAIS.....................................3
1.1. Os Livros Identificados........................................................3
1.2. Posição dos Livros nos Cânones Hebraico e Cristão...........4
1.2.1. O Cânon Hebraico......................................................4
1.2.2. O Cânon Helenístico (LXX).......................................5
1.2.3. O Cânon Católico Romano........................................5
1.2.4. O Cânon Protestante ou Evangélico..........................5
1.3. A Importância dos Livros Poéticos e
Sapienciais na Revelação Divina.........................................6
1.4. A Poesia Hebraica................................................................7
1.4.1. O vocabulário hebraico para a poesia.........................7
1.4.2. Características principais da poesia hebraica..............8
1.4.2.1. A rima......................................................................8
1.4.2.2. A estrofe...................................................................8
1.4.2.3. O paralelismo.........................................................13
2. A LITERATURA SAPIENCIAL.............................................17
2.1. Os Sábios de Israel............................................................. 20
2.2. A Tradição Sapiencial........................................................22
2.2.1. O conceito de sabedoria...........................................22
2.2.2. O caráter da literatura sapiencial..............................22
3. O LIVRO DE JÓ...................................................................... 29
3.1. O Personagem Jó................................................................29
3.2. A Doença de Jó..................................................................30
3.3. A autoria e a Data do Livro de Jó......................................32
3.4. O Tema Geral do Livro de Jó.............................................32
3.5. A Estrutura do Livro de Jó.................................................33
3.6. A Integridade, ou Unidade do Livro de Jó........................34
iii
3.7. Destaques que Ajudam na Interpretação do Livro...........36
3.8. Questões Baseadas no Livro de Jó.....................................43
4. O LIVRO DE SALMOS........................................................... 45
4.1. O Título do Livro de Salmos.............................................46
4.2. A Estrutura do Livro de Salmos........................................46
4.3. A Importância do Livro de Salmos....................................47
4.4. O Propósito do Livro de Salmos........................................47
4.5. Possíveis Classificações dos Salmos....................................48
4.5.1. Classificação pelo gênero literário............................48
4.5.2. Classificação pelo contexto histórico........................49
4.5.3. Classificação sociocultural........................................49
4.5.4. Classificação por assunto..........................................50
4.5.5. Classificação por autores...........................................50
4.6. As Imprecações no Livro de Salmos..................................51
4.7. Destaques que Ajudam na Interpretação do Livro...........53
5. O LIVRO DE PROVÉRBIOS..................................................73
5.1. O Título do Livro de Provérbios........................................75
5.2. A Estrutura do Livro de Provérbios...................................76
5.3. A Autoria do Livro de Provérbios.....................................77
5.4. Conteúdo e Tema Geral do Livro de Provérbios...............78
5.5. O Livro de Provérbios e o Novo Testamento....................80
5.6. O Livro de Provérbios e o Escrito Egípcio de
Amenemope....................................................................... 80
5.7. A Utilização dos Provérbios no Ensino de Discípulos.......81
5.7.1. Provérbios que possuem membros semelhantes........82
5.7.2. Exercícios baseados em Provérbios...........................82
5.8. Destaques que Ajudam na Interpretação do Livro...........88
6. O LIVRO DO ECLESIASTES.................................................93
6.1. O Título do Livro do Eclesiastes........................................93
6.2. A Autoria e a Data do Livro do Eclesiastes.......................94
6.3. O Tema Geral do Livro do Eclesiastes...............................96
6.4. O Propósito do Livro do Eclesiastes..................................97
6.5. O Esboço Geral do Livro do Eclesiastes............................97
6.6. Destaques que Ajudam na Interpretação do Livro...........97
7. O LIVRO DO CÂNTICO DOS CÂNTICOS......................105
7.1. O Título do Livro do Cântico dos Cânticos....................105
iv
7.2. Informações Gerais do Livro do
Cântico dos Cânticos....................................................... 106
7.3. A Autoria do Livro do Cântico dos Cânticos..................107
7.4. Como o Livro do Cântico dos Cânticos
tem Sido Interpretado...................................................... 107
7.4.1. A interpretação alegórica........................................107
7.4.2. A interpretação tipológica...................................... 108
7.4.3. A interpretação dramática...................................... 109
7.4.4. A interpretação natural/literal................................109
7.5. Destaques que Ajudam na Interpretação do Livro.........111
Referências Bibliográficas............................................................ 115
v
vi
Introdução
1
O conteúdo está distribuído em sete capítulos. Os dois pri-
meiros tratam de assuntos gerais que podem ser úteis para a
boa compreensão de todos os livros bíblicos do conjunto cha-
mado Poéticos e Sapienciais, os demais são mais específicos e
abordam cada um dos livros bíblicos desta coleção, seguindo
a ordem em que aparecem no Cânon Evangélico. O esquema
geral dos capítulos três a sete é sempre muito parecido, mas
não necessariamente idêntico para todos eles, pois cada livro
tem as suas particularidades. São vistas as questões introdutó-
rias fundamentais, de acordo com cada livro, e, na sequência,
apresentados auxílios informativos que ajudam na melhor in-
terpretação de textos considerados como difíceis pela maioria
dos leitores do Antigo Testamento.
O Livro de Lamentações, ainda que seja um livro poético,
é tratado no quarto volume desta coleção e não aqui, como
poderia se esperar. Isto acontece porque ele se encontra no Câ-
non Evangélico entre os livros chamados de Profetas Maiores e
não entre os Poéticos e Sapienciais.
Sem mais para o momento, vamos ao estudo!
2
1.
INTRODUÇÃO GERAL AOS LIVROS
POÉTICOS E SAPIENCIAIS
4
O Códice de Leningrado3 apresenta os mesmos livros, mas
em uma ordem diferente, como segue: Salmos, Jó, Provérbios,
Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Es-
dras, Neemias e Crônicas.4
5
não está neste conjunto é o de Lamentações. Ele foi colocado
juntamente com os “Proféticos” entre Jeremias e Ezequiel. Isto,
certamente, devido à tradicional atribuição da autoria ao pro-
feta Jeremias.
6
Lamentações – Mostra as consequências da desobediência
a Deus e preserva grande parte da história da destruição de
Jerusalém e do Templo, pelos exércitos da Babilônia.
7
a) Mizmôr (r/mz]mi) – Poesia que era cantada, exclusivamente,
com o acompanhamento de instrumentos de corda.
b) Shîr (ryvi) – Qualquer tipo de canto não necessariamen-
te acompanhado por instrumento. É o termo mais comum
para canção.
c) Māshāl (lv;m;) – Vem de uma raiz que significa “ser como”;
dai o sentido primário de comparação, provérbio. Também
é considerado um cântico satírico.
d) Quînâ (hn;yqi) – Lamento, ou cântico fúnebre, expressando
a dor causada pela morte.
e) Tehillâ (hL;hiT]) – Hino de louvor.
1.4.2.1. A rima
Ainda que alguns defendam que exista a rima na poesia
hebraica, pode-se dizer que, no geral, não há, a não ser de ma-
neira ocasional, como uma exceção e não como regra. Este,
talvez, seja o caso de Sl 23.1-2 e a última parte do Cântico da
Vinha, Isaías 5.7, como pode ser visto logo adiante no ponto a
respeito da estrofe.
1.4.2.2. A estrofe
O que fica claro em algumas das poesias encontradas no
Antigo Testamento, e que tem seu correspondente na poesia
ocidental, é a existência da estrofe. Ela aparece de maneira li-
vre dentro de algumas composições revelando-se por meio da
forma ou do conteúdo.
8
O mais perceptível dos indícios é o estribilho. Veja os exem-
plos:
1) Salmo 42 e 43 – Mostra unidade na composição e, tam-
bém, três partes desenvolvidas quase na mesma dimensão.
Veja, a seguir, as estrofes marcadas pelo estribilho:
42 1 Assim como a corça anseia pelas águas correntes, tam-
bém minha alma anseia por ti, ó Deus!
2 Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei
e verei a face de Deus?
3 Minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite,
enquanto me dizem a toda hora: Onde está o teu Deus?
4 Derramo a minha alma dentro de mim, ao lembrar-me de
como eu guiava a multidão em procissão à Casa de Deus,
com gritos de alegria e louvor, multidão em festa.
5 Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, minha
salvação e meu Deus.
6 Minha alma está perturbada dentro de mim; por isso me
lembro de ti, nas terras do Jordão, no Hermom, e no monte
Mizar.
7 Um abismo chama outro abismo ao ruído das tuas cacho-
eiras; todas as tuas ondas e vagalhões têm passado sobre
mim.
8 Contudo, durante o dia, o SENHOR me concede a sua
bondade; durante a noite, seu cântico está comigo. Esta é a
minha oração ao Deus da minha vida.
9 Digo a Deus, minha rocha: Por que te esqueceste de mim?
Por que ando lamentando por causa da opressão do inimi-
go?
10 Meus ossos se esmigalham quando meus adversários di-
zem sem cessar: Onde está o teu Deus?
11 Por que estás abatida, ó minha alma; por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei,minha
salvação e Deus meu.
9
43 1 Ó Deus, faz-me justiça e defende a minha causa contra
uma nação ímpia; livra-me do homem falso e perverso.
2 Pois tu és o Deus da minha fortaleza. Por que me rejeitas?
Por que ando lamentando por causa da opressão do inimi-
go?
3 Envia tua luz e tua verdade, para que me guiem e me le-
vem ao teu santo monte e à tua habitação.
4 Então, irei ao altar de Deus, a Deus, que é minha grande
alegria; e ao som da harpa te louvarei, ó Deus, meu Deus.
5 Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, minha
salvação e Deus meu.
Introdução
Agora cantarei ao meu amado (lîdîdî – ydiydiyli)6, o cântico
do meu amado (dôdî – ydi/D)7 a respeito da sua vinha. (v.
1a)
1ª. estrofe
O meu amado (lîdîdî – ydiydiyli) teve uma vinha num outei-
ro fertilíssimo. Sachou-a, limpou-a das pedras, e a plantou
de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre, e tam-
bém abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas, mas
deu uvas bravas. (v.1b-2)
5 RIDDERBOS, J. Isaías: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1990,
p.88.
6 Outra possibilidade de tradução é “amigo”.
7 Outra possibilidade de tradução é “amigo”.
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2ª. estrofe
Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá,
julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se
podia fazer ainda à minha vinha, que eu não lhe tenha fei-
to? E como, esperando eu que desse uvas boas veio a pro-
duzir uvas bravas? (v. 3-4)
3ª. estrofe
Agora, pois, vos farei saber o que pretendo fazer à minha
vinha: Tirarei a sua sebe, para que a vinha sirva de pasto;
derribarei o seu muro, para que seja pisada; torná-la-ei em
deserto. Não será podada nem sachada, mas crescerão nela
espinheiros e abrolhos; às nuvens darei ordem que não der-
ramem chuva sobre ela. (v.5-6)
Conclusão
Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e
os homens de Judá são a planta dileta do Senhor; este desejou
que exercessem juízo (mishppāt - fP;v]mi), e eis aí quebranta-
mento da lei (misppâ - hP;c]mi); justiça (tsedāqâ - hq;d;x]), e eis
aí clamor (tse‘āqâ - hq;[;x]). (v.7
1.4.2.3. O paralelismo
De todas as características da poesia hebraica pode-se dizer
que a principal é o paralelismo. Ele é uma espécie de rima de
pensamentos, nunca de som. Ou seja, as ideias é que estão re-
lacionadas umas com as outras e não o som. Isto tem a grande
virtude de preservar a beleza da poesia hebraica mesmo que
ela seja traduzida para qualquer outra língua. O paralelismo
se divide em vários tipos, a nomenclatura muda de autor para
autor, mas aqui serão vistos apenas os principais na nomencla-
tura geral.
13
1) Paralelismo Sinônimo
O Paralelismo Sinônimo pode ser idêntico ou semelhante,
mas sempre a segunda linha do verso, em termos diferentes,
repete o pensamento da primeira linha. Veja os exemplos que
seguem:
a) Salmo 24.1 – Paralelismo sinônimo idêntico
“Ao SENHOR pertencem a terra e tudo o que nela existe,
o mundo e os que nele habitam.”
b) Salmo 19.2 – Paralelismo sinônimo semelhante
“Um dia declara isso a outro dia,
e uma noite revela conhecimento a outra noite.”
c) Outros exemplos de Paralelismo Sinônimo
“Aquele que está sentado nos céus se ri;
o SENHOR zomba deles” (Sl 2.4).
“Meu Deus, livra-me dos meus inimigos;
protege-me daqueles que se levantam contra mim” (Sl 59.1).
“Meu filho, ouve a instrução de teu pai
e não desprezes o ensino de tua mãe” (Pv 1.8).
2) Paralelismo Antitético
No Paralelismo Antitético a segunda linha apresenta um
contraste em relação à primeira. Na tradução para o português
a conjunção adversativa “mas”, ou outras com funções seme-
lhantes, ajudam na identificação. Veja estes exemplos:
a) Salmo 1.6
“Porque o SENHOR recompensa o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios traz destruição”.
b) Provérbios 10.1
“O filho sábio alegra seu pai;
mas o insensato é a tristeza de sua mãe”.
c) Provérbios 10.5
“Aquele que colhe no verão é um filho sensato,
mas o que dorme na colheita é um filho que envergonha”.
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d) Provérbios 10.23
“Praticar a maldade é diversão para o insensato mas a con-
duta sábia é o prazer do homem que tem entendimento”.
3) Paralelismo Sintético
No Paralelismo Sintético a segunda linha complementa a
primeira. Seguem alguns exemplos:
a) Provérbios 3.27
“Não negues o bem a quem tenha direito,
se estiver em teu poder fazê-lo.”
b) Provérbios 26.4
“Não respondas ao insensato de acordo com a sua insensatez,
para que não sejas semelhante a ele”.
c) Salmo 55.6
“Por isso, eu disse: Ah! Quem me dera ter asas como de pomba!
Eu voaria e encontraria descanso”.
4) Paralelismo Climático
No Paralelismo Climático a segunda linha utiliza palavras
da primeira e as completa. O Salmo 29 contém bons exemplos
deste tipo de paralelismo. Perceba o que acontece em três par-
tes de seu texto abaixo com algumas palavras sublinhadas.
a) Salmo 29.1-2
“1Tributai ao SENHOR, filhos de Deus,
tributai ao SENHOR glória e força.
2 Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome,
Adorai ao SENHOR na beleza da santidade” (ARA).
b) Salmo 29.4-5
“4 A voz do SENHOR é poderosa;
a voz do SENHOR é cheia de majestade.
5 A voz do SENHOR quebra os cedros;
sim, o SENHOR despedaça os cedros do Líbano.”
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c) Salmo 29.7-9
“7 A voz do SENHOR lança chamas de fogo.
8 A voz do SENHOR faz tremer o deserto;
o SENHOR faz tremer o deserto de Cades.
9 A voz do SENHOR derruba os carvalhos e desnuda as
florestas; e no seu templo todos dizem: Glória!”
5) Paralelismo Emblemático
No Paralelismo Emblemático a primeira linha serve de
emblema para ilustrar a segunda. Ou seja, na primeira linha é
apresentada uma figura de linguagem que ilustra a afirmação
que vem na segunda. Observe que não há contraste neste tipo
de paralelismo. Veja os exemplos:
a) Provérbios 25.25
“Como água fresca para quem tem sede,
assim são as boas notícias da terra distante.”
b) Provérbios 25.11
“Como maçãs de ouro em salvas de prata,
assim é a palavra dita na hora certa.”
c) Provérbios 26.20
“Sem lenha, o fogo se apaga;
e sem difamador, o conflito cessa.”
6) Quiasmo
Existe ainda uma forma de paralelismo mais complexa que
segue um padrão chamado de Quiástico. Sua forma mais sim-
ples é representada na literatura a respeito do assunto pelas
letras A B B A – onde o primeiro A está em paralelo com o se-
gundo e o elemento B com o outro B. Veja o exemplo de Zaca-
rias 7.13 onde se destacam os pronomes – Eu – Eles – Eles – Eu
A – Visto que eu clamei,
B – e eles não me ouviram,
B – eles também clamaram,
A – e eu não os ouvi, diz o SENHOR dos Exércitos (ARA).
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