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INTRODUÇÃO
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econômicos do país ainda continuava a funcionar de maneira muito artesanal e com
pouca disseminação, todavia, quanto ao conteúdo e o papel social desempenhado,
esta conseguiu desenvolver campanhas políticas as mais diversas.
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Essas ideias, tão inspiradas no processo de modernização que vivenciava
certos centros europeus à época, por mais que não se concretizassem,
encontravam lugares como as páginas do “Gazeta do Sertão” para se manifestar e
ganhar espaço nos círculos da alta sociedade da cidade de Campina que tinha
acesso a essas leituras.
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Embora cidades como o Recife, prindcipal referência urbana de boa parte do,
na época oitocentista, norte, não possuísse as condições físicas que a permitissem
ser comparada a cidades como Londres, no cenário local elas continuam a ser
representadas como grandes centros urbanos e entrepostos comerciais, referências
de modernidade urbana na região que exerce influência.
A perspectiva de modernidade nesse caso é alcançada menos pela ideia dos
grandes centros urbanos, transbordando de população e com suas ruas
movimentadas pelo vai e vem de transeuntes apresados, e mais pela importação de
certos símbolos que, presentes nessas metrópoles europeias, vem alterar o
cotidiano das pessoas que residem nessas cidades brasileiras que incorporam
esses signos que remetem ao progresso e a elegância.
Portanto, o fato de alguma cidade galgar de elementos que acelerem a vida
cotidiana e traga algum nível de conforto aos seus habitantes, como é o caso do
trem, telégrafos, jornais e infraestrutura urbana já a caracterizava, no imaginário
urbano, como um grande centro moderno, pensar a modernidade como um
processo que se dava primeiro na promoção de mudanças física e estruturais,
mesmo antes de chegar a concepção coletiva. A cidade que não tinha alcançado
esses níveis de modernidade, mas que se desejava “civilizar-se”, tinha por
obrigação que adotar alguma dessas novidades vindas da Europa.
A incorporação do trêm, da eletricidade, do telegráfo, do próprio jornal, além
de outros signos da modernidade, modificou a lógica do espaço urbano das cidades
brasileiras daquele período, fazendo surgir novas sensibilidades e edificando um
imaginário pretensamente moderno. Gervacio Aranha (2001), em seus estudos
sobre as décadas finais do século XIX e início do XX, apesar de dar mais
centralidade ao papel do trêm de ferro em seu vínculo com o moderno, não
menospreza a importância de outros elementos interpretados pelos sujeitos
históricos como “novidades materiais”, no sentido de avanço e progresso
civilizatório. Dessa forma, a reflexão sobre o sentido de modernidade, no espaço-
tempo em questão, perpassa o entimento de os vários signos da modernidade,
quando transplantados à realidade urbana das cidades nortistas (nordestinas),
provocou um impacto profundo na vida cotidiana das pessoas, nos seus hábitos e
costumes e na própria forma de enxerga-se enquanto parte de um novo mundo que
estava sendo construído.
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É um processo de criação coletivo, mas também individual, na medida em
que muitos interiorizam a suas proprias versões do moderno, de modo a criar no
campo do imaginário, fazendo uso de referências externas que são muitas vezes
imagens que chegam até essas pessoas de grandes centros urbanos, é verdade,
suas próprias representações do moderno que não nescessáriamente vai sair do
campo da abstração e se manifestar na realidade dos indivíduo. A respeito do
estudo do imaginário e da importância do seu estudo, Le Goff (1994) explana:
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Em artigos seguintes nos ocuparemos dos trabalhos mais urgentes e
apropriados à nossa zona sertaneja, trataremos do melhor meio de
executá-los.” (JOFFILY, Irineu. Socorros públicos. Gazeta do Sertão,
Campina Grande, 21 de jun. de 1889. Nº 26)
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das elites locais, moldaram novos hábitos e novas formas de pensar a empresa
modernizadora.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos, para além das querelas políticas que se formaram em torno do
jornal “Gazeta do Sertão”, o papel que este periódico exerceu na formação de
opiniões das massas populacionais da cidade de Campina Grande, seja as
delimitando ou, ao contrário, indo de encontro e incomodando posicionamentos
políticos e sociais já consolidados nas bases da sociedade campinense.
Uma imprensa que, defendo as perspectivas dos seus idealizadores, atacava,
por vezes diretamente, os poderes constituídos, apontando suas falhas estruturais e
sugerindo um sistema político que, em teoria, viria a permitir uma maior participação
e engajamento social. Claro que essa nova visão também é digna de críticas e
indagações, como; “Com a saída desses grupos políticos de um sistema carcomido,
quem ficaria a cargo de tomar a frente desse novo projeto político?”; “Quem
continuaria à margem nesse sistema republicano e quem passaria a ser incluído?”;
“Essa modalidade de republicanismo adotada também não apresentaria seus vícios
próprios?”. Mas essas perguntas vão além do objetivo proposto nesse artigo.
O que se levanta é a real influência que a escrita dos textos do jornal, cheio
de críticas e sugestões a essa administração imperial, exerceu no imaginário
coletivo dos habitantes campinenses que tinham acesso a sua leitura. E, levantando
uma hipótese, como escritos de cunho progressista como esse, impunham uma
visão de progresso, um ideal de modernização que chegava a regiões sertanistas
como a cidade de Campina Grande mesmo antes da implementação dos próprios
signos da modernidade, como a luz elétrica, o telégrafo e o trem que, recuperando o
que defende Gervásio em seu trabalho, significavam já a chegada da própria
modernidade.
Referências
ARANHA, Gervácio Batista. Trem, modernidade e imaginário na Paraíba e
região: tramas político-econômicas e práticas culturais (1880-1925). 2001. Tese
(doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas, Campinas, SP. Unicamp. São Paulo, 2001. [Orientadora: Profª. Drª. Maria
Stella] Martins Bresciani. Disponível em:
< http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/280684?mode=full>. Acesso em 27
set. 2019.
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DINIZ, Ariosvaldo da Silva. A Maldição do Trabalho ( homens pobres, mendigos,
ladrões... no imaginário das elites nordestinas- 1850- 1930). Dissertação
(Mestrado em Ciências Sociais)- Centro de Humanidades, Letras e Artes,
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 1988.
PINSKY, Carla; LUCA, Tania Regina de (Org.). O historiador e suas fontes. São
Paulo: Contexto, 2009
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Ed. 2ª. Rio de Janeiro:
Edições do Graal, 1977.
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