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ECONOMIA

A palavra economia tem sua origem no grego oikos, que significa casa, riqueza,
fortuna, patrimônio, e nomos, que significa lei, estudo ou administração. Nesse sentido, a
idéia inicial de economia restringia-se aos princípios de gestão dos bens privados.

Como ciência, a Economia trata das relações econômicas entre os indivíduos da


sociedade. Estuda os fenômenos relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo de
bens materiais.

Conforme seu objetivo, a Economia situa-se em dois campos perfeitamente


delimitados:

Estamos no campo da ECONOMIA POSITIVA quando formulamos teorias e modelos


com o objetivo de descrevermos o funcionamento das relações econômicas.

Estaremos no campo da ECONOMIA NORMATIVA quando tivermos por objetivo


interferir em fenômenos econômicos, por meio de políticas que envolvam juízo de valor, para
tentar resolver problemas como desemprego, inflação, má distribuição de renda, etc.

DE QUE TRATA A ECONOMIA

Para satisfação de nossas necessidades adquirimos alimentos, roupas, casa, carro, e


utilizamos serviços, como salão de beleza, médicos, dentistas academias, etc. Nunca estamos
satisfeitos. Atendidas algumas necessidades, novas demandas são geradas.

Exemplificando: um indivíduo adquire um carro popular para satisfazer suas


necessidades de locomoção. Satisfeita esta necessidade, novos níveis de satisfação são
requeridos: status, conforto, desempenho, segurança, levando-o a almejar a aquisição de um
carro que atenda essas novas necessidades. Esse processo costuma não ter limite.

Caso os recursos utilizáveis para a produção de bens e serviços fossem suficientes para
atender às necessidades de todos os indivíduos, não haveria razão para a existência da ciência
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econômica. Isso, entretanto, não é verdadeiro: os recursos utilizáveis para a produção dos
bens e serviços não são suficientes para atender às necessidades de todos os indivíduos de
uma determinada sociedade.

Do eterno conflito entre nossas necessidades, que são ilimitadas, e a escassez dos
recursos disponíveis para a produção dos bens e serviços que satisfaçam nossos desejos,
emerge o objeto da Economia, a busca de respostas para três perguntas fundamentais:

 O que produzir?
 Como produzir?
 Para quem produzir?

Em outras palavras, o objeto da Economia pode ser assim descrito: com desejos
ilimitados e recursos escassos, o problema fundamental da Economia é a ESCASSEZ.

FATORES DE PRODUÇÃO

Os recursos escassos que entram na produção de bens e serviços são denominados


fatores de produção e se classificam em TERRA, TRABALHO e CAPITAL.

 Terra

Em uma conceituação ampla, esse fator engloba os elementos da natureza suscetíveis


de serem incorporados às atividades econômicas. Incluem-se nessa categoria os recursos
naturais como água, terra, florestas, minerais, etc.

Esses recursos, entretanto, somente serão considerados fatores de produção quando


sua exploração for tecnologicamente viável. Em outras palavras, o volume desses recursos
depende, entre outros fatores, da evolução tecnológica que determine a possibilidade e o grau
de seu aproveitamento. Exemplo típico é o caso do petróleo extraído das reservas marítimas:
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foi incorporado ao fator “terra” somente após o desenvolvimento de tecnologia adequada a


sua exploração.
 Trabalho

Inclui as habilidades físicas e mentais dos seres humanos, quando aplicadas na


produção de bens e serviços. Considera apenas a mão-de-obra disponível na economia.

O processo dá-se da seguinte maneira: da população total de um país, extraem-se os


mais jovens e os mais idosos e chega-se ao conceito de POPULAÇÃO ATIVA. Se, da população
ativa, forem computadas apenas as pessoas que estão no mercado, trabalhando ou procurando
emprego (excluindo-se, por exemplo, estudantes e donas de casa), chegaremos ao conceito de
POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA (PEA), que constitui o fator trabalho daquele país.

 Capital

Compreende as máquinas, instalações, equipamentos e qualquer outro bem utilizados


no PROCESSO PRODUTIVO, ou seja, que entram na fabricação de outros bens que, ao final,
terão como destino o consumo. Os bens de consumo (sapatos, camisas, carros, etc), por
satisfazerem diretamente necessidades humanas, não se enquadram como fator capital. Em
síntese, o capital será considerado fator de produção quando satisfizer o consumo de forma
indireta, na produção de outros bens.

CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

Para ilustrar o problema da escassez, vamos estudar um recurso muito utilizado pelos
economistas: a curva de possibilidades de produção, que procura responder a duas das
questões fundamentais da Economia: O QUE e COMO produzir.

Imaginemos, inicialmente, um país que produza apenas duas mercadorias: tecido e


alimento. Para a sobrevivência nessa economia, apenas esses bens são necessários. Utilizando
totalmente os fatores de produção e a melhor tecnologia disponível (todos os fatores utilizados
na produção desse bem), seria possível a obtenção máxima de 4 unidades de alimento. Nas
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mesmas condições, seria impossível obter 10 unidades de tecido, caso esta fosse a opção da
sociedade. Decisões intermediárias teriam como resultado os dados contidos na tabela abaixo:
ALTERNATIVAS ALIMENTO TECIDO
A 0 10
B 1 9
C 2 7
D 4
3
E 4 0

A partir dos dados da tabela, construímos o gráfico a seguir, que apresenta todas as
combinações possíveis para os bens alimento e tecido, com utilização plena dos recursos.
Qualquer ponto além da curva, como o ponto R, é inatingível, pois excede a dotação de
fatores e o nível tecnológico dessa economia. Pontos abaixo da curva, como o ponto S, teriam
como conseqüência o funcionamento da economia com capacidade ociosa. A economia não
estaria produzindo o volume de bens e serviços que é capaz de alcançar, ou seja, estaria
operando com desemprego de fatores (máquinas paradas, trabalhadores desempregados, etc).

Visando esclarecer a questão, vamos imaginar uma situação em que empregados Da


indústria de fios sintéticos sejam deslocados para plantação de trigo. Haverá decréscimo na
produção de tecido, na proporção dos trabalhadores que forem retirados da atividade. Como o
processo produtivo é totalmente diferente e exige, como conseqüência, habilidades diferentes
dos trabalhadores, o acréscimo na produção de trigo ocorrerá em menos proporção.
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Continuando com nosso exemplo, a tabela abaixo representa o sacrifício que deverá
ser feito (em termos de tecido), quando objetivamos acréscimos na produção de alimento:
teremos que abrir mão de parcelas cada vez menores da produção de tecido. A tabela abaixo
representa o sacrifício necessário de tecido quando aumentamos a produção de alimento:

SACRIFÍCIO DE
ALTERNATIVAS ALIMENTO TECIDO
TECIDO
A 0 10 -
B 1 9 1
C 2 7 2
D 4 3
3
E 4 0 4

Como podemos observar na tabela, dado o estoque de fatores e o nível tecnológico


adotado, a obtenção de quantidades adicionais de alimento só se torna possível com a redução
(sacrifício) das quantidades produzidas de tecido. Isso acontece em função da relativa e
progressiva inflexibilidade (escassez) dos fatores disponíveis, que nos obriga a optar pela
alocação dos fatores na produção de bens alternativos.

Se a sociedade decidir aumentar a produção de um bem, deve estar consciente da


necessidade de sacrificar a produção do outro. A esse fato dá-se o nome de CUSTO DE
OPORTUNIDADE. No exemplo sob estudo, o custo de oportunidade é representado pelo
sacrifício de unidades adicionais de tecido exigido para que se aumente a produção de
alimento.

Uma das possibilidades de se aumentar a produção de um bem, sem sacrifício de


outro, dá-se pelo aumento na quantidade de capital ou na força de trabalho, alterando a
dotação inicial de fatores. Isso é o que tende normalmente a ocorrer ao longo do tempo.

O aumento da produção via alocação de novos recursos, entretanto, representa


acréscimo de custo. Uma forma de se evitar isso é o aumento da produção pelo incremento da
produtividade. Esse fenômeno é fortemente observado na introdução de uma INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA. No nosso exemplo, o aumento do nível da tecnologia empregada pode elevar
tanto a produção de tecido quanto a de alimento, sem que se altere a dotação de fatores de
produção.
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O reflexo dessa nova situação pode ser observado no gráfico abaixo, onde se percebe o
deslocamento para a direita da curva de possibilidades de produção.

O deslocamento da curva indica a possibilidade de aumento na produção de ambos os


bens.

OS CAMPOS DA ECONOMIA

São dois campos em que a Economia atua para estudar os aspectos econômicos que
regem nosso cotidiano: a MICRO e a MACROECONOMIA.

 Microeconomia

Também chamada de Teoria dos Preços. Procura estudar, principalmente, os seguintes


temas:

 O comportamento do CONSUMIDOR: a procura pela máxima satisfação de suas


necessidades, dentro do limite da sua renda. Como reage o cidadão frente à variação nos
preços dos produtos que consome?
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 O comportamento do EMPRESÁRIO: a procura pelo máximo de lucros, de acordo


com sua estrutura de custos e o tipo de mercado onde atua. Que acontece com o lucro do
empresário que reduz o preço de seu produto, na expectativa de aumentar as vendas e
conquistar a maior fatia do mercado?

 O funcionamento dos MERCADOS: as características de cada um, as estruturas de


oferta e demanda. Em um mercado com grande numero de empresas produzindo
exatamente o mesmo produto (com as mesmas características), o que acontece quando
uma delas altera o preço do seu produto?

 Macroeconomia

Na década de 30 surgiu a Macroeconomia, que estuda a economia sob um enfoque


macroscópico. Ela se preocupa com o comportamento dos grupos, dos conjuntos, das
coletividades. Seus estudos estão centrados principalmente nos seguintes temas:

 Os AGREGADOS ECONÔMICOS, ou seja, os somatórios das variáveis da


Microeconomia. Como se mede o somatório dos bens e serviços finais produzidos dentro
do território do país?

 As INTER-RELAÇÕES entre as variáveis macroeconômicas. Como o nível de gastos


do governo pode afetar o PIB e o nível de emprego de um país?

 As TROCAS DE BENS E SERVIÇOS ENTRE OS PAÍSES (comércio internacional) e o


registro dessas trocas por meio do Balanço de Pagamentos. Como a taxa de câmbio afeta as
exportações do Brasil para a Argentina? Qual reflexo disso no Balanço de Pagamentos?

Enquanto a Microeconomia estuda as unidades individuais da Economia (o


comportamento de consumidores e empresários e o funcionamento dos mercados), a
Macroeconomia preocupa-se com os agregados econômicos. Elas não sobrevivem separadas.
Uma complementa a outra.
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EXERCÍCIOS

1. Por que estudamos economia?


2. O que você entende por custo de oportunidade?
3. O que poderia provocar o deslocamento da curva de possibilidades de produção
para a direita?
4. Quais as questões básicas que a economia procura responder?
5. Qual a diferença entre micro e macroeconomia?
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MERCADO

Mercado é o local, físico ou não, onde os compradores se encontram com os


vendedores de determinado bem ou serviço.

Admitamos alguém que esteja sentindo fome e se dirija a uma lanchonete com o
intuito de comprar sanduíche. Chegando à lanchonete, o cliente demanda o sanduíche, ou seja,
DESEJA comprá-lo. O atendente oferta o sanduíche, ou seja, DESEJA vendê-lo. O atendente
vende o sanduíche que cliente compra por CERTO PREÇO. Saí emergem as três características
essenciais do mercado:

 Demanda – consumidor que deseja comprar um bem ou serviço;


 Oferta – vendedor que deseja vender esse bem ou serviço;
 Preço do bem ou serviço – formado da interação de desejos (oferta e demanda) dos
vendedores e compradores.

Com a evolução natural da tecnologia, surgiram os mercados “virtuais”. Exemplo


desse tipo de mercado é o comercio eletrônico na Internet: pelo computador do seu quarto,
você pode adquirir um livro editado na Alemanha. Paga na hora com seu cartão de credito.
Temos o bem, o preço, o comprador e o vendedor, ou seja, um típico mercado. O que não
existe é a região física de contato entre o vendedor e o comprador. O mercado é virtual.

No próximo tópico, vamos estudar como se formam s valores dos bens. Quando
compramos o sanduíche na lanchonete, pagamos certo preço. Esse preço consiste no valor
monetário do bem, ou seja, valor em termos de moeda. Como surgiu esse preço?

TEORIAS DO VALOR
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Como já vimos, o objeto de estudo, a razão da existência da Economia é a ESCASSEZ.


Quando afirmamos que o fator de produção ou bem é econômico, estamos afirmando que esse
fator ou bem é escasso, possui valor e pode ser negociado no mercado.

O valor das coisas torna-se mais claro quando transformado em moeda. Um sanduíche
tem preço ou valor monetário bem menor que um carro esportivo. Como explicar a diferença
entre esses valores?

Existem duas teorias que procuram explicar a formação do valor. A teoria do VALOR-
TRABALHO e a teoria do VALOR-UTILIDADE, ou TEORIA MARGINALISTA.

A teoria do VALOR-TRABALHO afirma que o valor dos bens está no trabalho gasto na
sua produção. Assim, o trabalho humano na sua duração, ou seja, o tempo de trabalho
despendido na produção, constitui a base do valor de todas as coisas. Por essa teoria, o carro
esportivo vale mais que o sanduíche porque no primeiro foram gastas mais horas de trabalho
humano que no segundo.

A teoria do VALOR-UTILIDADE defende que o valor dos bens está embasado no fator
subjetivo da utilidade. Essa utilidade é medida pela capacidade do bem em satisfazer às
necessidades dos consumidores. Como a utilidade é um valor subjetivo, um bem tem diversos
valores, que são atribuídos por diferentes pessoas. Por essa teoria, o carro esportivo vale mais
que o sanduíche porque os consumidores acreditam que o carro tem mais utilidade que o
sanduíche.

A utilidade (valor) que atribuímos aos bens depende da quantidade que podemos ter
deles. Quanto maior a quantidade, menor a utilidade (valor). Esse fenômeno é conceituado em
economia como Utilidade Marginal Decrescente, ou seja, a cada unidade adicional de
consumo de um determinado bem, a utilidade gerada será menor, comparativamente às
unidades anteriores. Vejamos um exemplo:

 Um consumidor pode adquirir um sanduíche (caso tenha renda disponível) para


saciar sua fome. O sanduíche tem grande utilidade (valor) para ele, porque satisfaz à sua
necessidade. Admitamos que a lanchonete esteja fazendo uma promoção. Por ela, nosso
felizardo consumidor recebe outro sanduíche. Ele consome o segundo. Entretanto a utilidade
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(valor) que essa unidade adicional fornece é menor que a do primeiro (sua fome está quase
saciada). Admitamos, ainda, que a promoção continue e nosso consumidor receba um terceiro
sanduíche. Embora consuma esse terceiro, a utilidade que ele representa é bem menor, quase
nula, já que a fome estará completamente saciada. Caso seja-lhe oferecido um quarto
sanduíche, a utilidade chegará a zero e o consumidor o rejeitará.

Agora que conhecemos as duas teorias do valor, vamos utilizá-las para conhecer a
formação dos preços dos bens.

 Do lado da teoria do valor-trabalho

Os produtores (ou vendedores) de sanduíches procuram satisfazer o Maximo das suas


necessidades. Eles não necessitam de sanduíches, já que dispõem de quantidade mais que
suficiente deles. Entretanto, precisam obter o máximo na venda de seu produto para poder
comprar carros, roupas, eletrodomésticos, viajar, etc. Entretanto, para produzirem mais
sanduíches, precisam gastar mais na produção: gastar mais trabalho na produção dos bens.
Assim, produção maior de sanduíches exige gastos cada vez maiores. Os produtores (ou
vendedores) produzem sanduíches de acordo com o preço. Quanto maior o preço, maior será a
produção, que irá cobrir gastos adicionais e gerar lucro.

 Do lado do valor-utilidade:

O consumidor de sanduíche procura o máximo de utilidade no consumo de bens.


Como já vimos, maiores quantidades de sanduíche possuem menores quantidades de utilidade
(valor). Transformando a utilidade atribuída pelo consumidor no preço que ele está disposto a
pagar, chegaremos à seguinte conclusão: quanto maior a quantidade, menor o preço que os
consumidores estão dispostos a pagar.

Podemos colocar os comportamentos do consumidor e dos produtos nos gráficos a


seguir:
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Na quantidade Qe, os consumidores de sanduíche estão dispostos a pagar o preço Pe. E


os produtores, no nível de preço Pe, estão dispostos a produzir e vender a quantidade Qe.

A oferta dos produtores é construída a partir da reta do valor-trabalho. A demanda dos


consumidores é construída a partir da reta do valor-utilidade.

No próximo tópico, estudaremos as características do mercado. Começaremos com o


comportamento do consumidor, que possui necessidades e procura satisfaze-las adquirindo
bens e serviços.

TEORIA DA DEMANDA

A demanda (ou procura) pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço
que os consumidores DESEJAM adquirir em determinado PERÍODO DE TEMPO. A demanda,
assim, representa um desejo do consumidor, nada mais que um mapa de intenções.
Exemplificando:

Eu, como consumidor, desejo comprar determinado número de camisas todos os anos.
Em outras palavras, eu possuo uma demanda por camisas cuja quantidade dependerá dos
respectivos preços. Não levemos em consideração, por ora, se vou concretizar meu desejo,
adquirindo camisas todos os anos. Isso envolve outros fatores que não serão estudados no
momento.
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Da mesma forma, outros indivíduos também demandarão camisas, também em função


da utilidade. Com o somatório das demandas individuais, teremos a demanda de mercado. A
demanda é sempre medida ao longo de determinado período. No caso, consideraremos um
ano.

Vamos imaginar um mercado composto por apenas dois consumidores de camisas:

 O consumidor I está disposto a comprar, no ano, duas camisas, se o preço for de


$4,00 ou três camisas ao preço de $2,00;

 O consumidor II irá adquirir quatro camisas, no ano, ao preço de $4,00 ou seis


camisas, ao preço de $2,00.
De posse desses dados podemos representar as respectivas escalas de demanda em um
quadro:

ESCALA DE DEMANDA POR CAMISAS


Consumidor I Consumidor II
Preço Quantidade Preço Quantidade
2,00 3 2,00 6
4,00 2 4,00 4

A partir do quadro, podemos representar as respectivas funções de demanda em um


plano de coordenadas cartesianas, com o preço no eixo vertical e a quantidade no eixo
horizontal e somá-las, para representar a demanda de mercado:

Na verdade, o consumidor, ao tomar a decisão de consumir um bem ou serviço, leva


em consideração diversos aspectos como gosto, preferência, qualidade, preço, atendimento,
etc. Entretanto, o preço assume relevância em função do seu aspecto limitador.
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Dessa relevância resulta a representação da demanda como uma função somente do


preço, mantidos constantes os demais aspectos considerados pelos consumidores. Essa
condição, denominada ceteris paribus, significa que tudo o mais permanece inalterado:
qualquer redução de preço terá como conseqüência elevação da quantidade demandada,
representada por um movimento ao longo da reta de demanda e vice-versa.

Mudanças em qualquer aspecto da demanda que não seja preço serão representadas
por deslocamentos da reta. Vamos supor a demanda por um bem qualquer (representada no
gráfico abaixo por D), seguida de um acréscimo na renda dos consumidores:

TEORIA DA OFERTA

Oferta é defina como a QUANTIDADE de certo bem ou serviço que os produtores estão
dispostos a COLOCAR NO MERCADO em determinado PERÍODO DE TEMPO. Ao contrário dos
consumidores, os produtores estarão dispostos a oferecer maiores quantidades, quanto maior
for o preço.

Vamos imaginar um mercado composto por apenas dois comerciantes de camisas:


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 O comerciante I estará disposto a comercializar apenas duas camisas ao preço


de $2,00 ou três camisas ao preço de $4,00;

 O comerciante II colocará no mercado 4 e 6 camisas aos respectivos preços de


$2,00 e $4,00.

Façamos a escala de oferta desses dois comerciantes no quadro:

ESCALA DE OFERTA POR CAMISAS


Comerciante I Comerciante II
Preço Quantidade Preço Quantidade
2,00 2 2,00 4
4,00 3 4,00 6

Trata-se, portanto, de uma relação direta entre preços e quantidades, representado por
uma curva positivamente inclinada, conforme gráfico abaixo:

Como se pode observar, utilizamos o mesmo procedimento para chegar à oferta de


mercado, somando as ofertas individuais.

Entretanto, não é somente em função do preço que as quantidades ofertadas serão


definidas. Aspectos como custos de produção, técnicas utilizadas no processo produtivo,
produtividade dos fatores, etc, influenciam a oferta. Também nesse caso utilizaremos a
condição ceteris paribus para representação da oferta, onde quantidades oferecidas
dependerão diretamente dos respectivos preços, mantidas as demais condições constantes.
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Também com a oferta, as alterações extra-preço provocarão deslocamentos da reta


para a direita ou esquerda, dependendo do que estiver ocorrendo. Vejamos um exemplo:
digamos que o processo produtivo sofra alterações, resultando em redução dos custos. Com
isso, ocorrerá aumento da produção, representado por um deslocamento da oferta para a
direita, onde, aos mesmos preços, quantidades superiores serão ofertadas, conforme
representado no gráfico.

Portanto, qualquer alteração referente a preços será representada por um movimento


ao longo da reta. As alterações em qualquer outra variável, exceto preço, provocarão
deslocamentos da reta.

EQUILIBRIO DE MERCADO

Manifestados os desejos dos demandantes e dos ofertantes, ocorrerá coincidência em


apenas um ponto (ponto de equilíbrio), que indica o preço e a quantidade em torno dos quais a
maioria das transações se realizará num determinado período. No gráfico, o preço de
equilíbrio seria P1 e a quantidade transacionada Q1.
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Mas, e se o preço de mercado fosse estabelecido ao nível de P2, como o mercado


atingiria o equilíbrio?

Vejamos graficamente:

Ao preço de P2, a quantidade ofertada será Qs e a quantidade demandada será Qd. Os


ofertantes não conseguirão vender toda a produção e passarão a entregar seus produtos a
preços menores, até que o mercado atinja o ponto de equilíbrio ao preço P1 e quantidade Q1.
neste ponto os desejos de ofertantes e consumidores coincidem e as pressões baixistas
cessarão.
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 Deslocamentos da demanda e reflexos no equilíbrio de mercado

Vamos analisar um hipotético mercado de frango que se encontra equilibrado ao preço


de P1 e quantidade Q1. Se a renda dos consumidores sofrer aumento, a demanda será
deslocada para a direita de D para D’, alterando o preço e a quantidade de equilíbrio,
conforme gráfico:

Nesse caso, o novo preço de equilíbrio elevou-se de P1 para P2 e a quantidade


também aumentou de Q1 para Q2. Ceteris paribus, o aumento da demanda, sem que haja
correspondente expansão da oferta, provocará elevação dos preços, pois os consumidores
estarão dispostos a adquirir maior quantidade de frangos aos mesmos preços. Como a oferta
não se modifica, o novo ponto de equilíbrio será P2, Q2.

 Deslocamentos da oferta e reflexos no equilíbrio de mercado

Partindo de um ponto de equilíbrio inicial, vamos imaginar uma redução significativa


nos custos com a ração para frangos, provocando deslocamento da oferta para a direita,
conforme gráfico a seguir:
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Essa redução de custos provocará aumento da oferta, representado pelo deslocamento


da reta de S para S’. Ceteris paribus, o preço sofrerá redução de P1 para P2 e a quantidade
transacionada aumentará de Q1 para Q2. O aumento da oferta, sem a correspondente elevação
de demanda, forçará a queda dos preços, pois os produtores estarão dispostos a entregar
maiores quantidades dos seus produtos aos mesmos preços praticados anteriormente. Como a
demanda permanece a mesma, o novo ponto de equilíbrio estará situado no encontro das
projeções de Q2 e P2.

ELASTICIDADE

 Elasticidade-preço

Já sabemos que alteração nos preços provocará redução na quantidade demandada por
determinado bem. O grau dessa resposta do consumidor à variação nos preços dá a
SENSIBILIDADE DA VARIAÇÃO, conceituada em Economia como ELASTICIDADE.

Quando a variação na quantidade demandada ocorrer em proporção superior à do


preço, dizemos que o bem é ELÁSTICO ao preço. Caso contrário (variação na quantidade
demandada inferior à variação do preço) o bem é dito INELÁSTICO. Por fim, quando as
variações ocorrerem na mesma proporção, afirmamos tratar-se de um bem de ELASTICIDADE
UNITÁRIA.
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Um exemplo numérico ilustrará melhor a questão: vamos supor que determinado bem,
que custe inicialmente P1 sofra redução de 10% em seu preço, variando para p2. Três
situações são possíveis:

 A quantidade demandada irá variar em percentual inferior aos 10%, o bem


será inelástico em relação ao preço;
 A quantidade demandada irá crescer mais de 10% e teremos um bem elástico;
 A quantidade demandada irá crescer 10% e o bem será de elasticidade unitária.

Veremos no gráfico a seguir, as três situações descritas:

Esse fenômeno está estreitamente ligado à capacidade dos bens de atenderem às


necessidades. Geralmente os bens de primeira necessidade, como os alimento, são inelásticos.
Os bens de luxo são elásticos (carros, computadores, celulares, televisores).

O conceito de elasticidade é importante na política de fixação de preço por parte do


ofertante. Ele deverá observar as repercussões nas quantidades comercializadas em função
dos preços. Vejamos o caso de um comerciante que pretende aumentar seu faturamento por
meio de uma promoção. Para atingir seus objetivos, pretende reduzir de forma acentuada o
preço do sal de cozinha. Ele conseguirá atingir seus objetivos?
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Como o sal é um produto de primeira necessidade e as pessoas já consomem a


quantidade de que necessitam, é previsível uma variação na quantidade demandada inferior,
em termos proporcionais, àquela promovida nos preços.

Imaginemos uma outra situação. Se o gerente de um banco reduzir as taxas de juros


dos empréstimos, qual será a expansão no volume emprestado? Sua receita seria expandida
em maior proporção?

Provavelmente o gerente atingiria seus objetivos, pois, dada a grande oferta de


produtos similares no mercado, o tomador de empréstimo irá optar por aquele que lhe seja
mais conveniente. Nesse contexto, os empréstimos se mostram elásticos com relação ao
preço.

 Elasticidade-renda

A mesma análise poderá ser feita com a renda. Incrementos na renda dos
consumidores provocarão deslocamentos na reta de demanda. Caso a variação nas
quantidades demandadas, aos mesmos preços, ocorra em proporção maior à variação da
renda, teremos um bem dito elástico em relação à renda. O bem será considerado inelástico
quando houver uma variação da quantidade demandada em menor proporção à ocorrida com a
renda.

ESTRUTURAS DE MERCADO

O modelo utilizado até agora é denominado pelos economistas como de concorrência


perfeita. Esse tipo de estrutura é caracterizado pelo grande numero de compradores e
vendedores. O produto desse mercado é bastante homogêneo. Não existem barreiras à entrada
e saída de ofertantes e consumidores.

É óbvio, entretanto, que o comportamento de ofertantes e demandantes não ocorre de


forma uniforme ao longo do tempo. Existem mercados onde uma infinidade de compradores
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terá que adquirir os produtos de apenas um ofertante (caso do monopólio) e é lógico que o
comportamento desse produtor será bem diferente.

No caso do monopólio, o produtor tem o poder de dimensionar o mercado, fixando o


volume de produção e, conseqüentemente, estabelecendo nível de preços bastante superior,
comparativamente àquele que seria determinado em um mercado de concorrência perfeita.

Diante da dinâmica capitalista, o comportamento de consumidores e produtores vem


mudando constantemente. As empresas, por meio do marketing, tentam de todas as formas
um afastamento do mercado de concorrência perfeita, surgindo daí vários tipos. Vejamos a
seguir as características básicas dos principais:

 Concorrência perfeita:

 Grande número de consumidores e ofertantes, tornando o mercado


pulverizado de tal forma, que nenhum comprador ou vendedor tenha condições de influenciar
os preços ou o comportamento dos demais agentes;
 Perfeito conhecimento do mercado, a começar pelo preço, por parte dos
que o integram;
 Perfeita mobilidade de recursos;
 Ausência de barreiras ao ingresso de novas empresas;
 Homogeneidade de produtos
 Exemplo: feira livre.

 Concorrência monopolística:

 Grande número de empresas;


 Fracas barreiras quanto ao ingresso e saída do mercado;
 Pequena diferenciação dos produtos;
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 Pequena diferenciação dos produtos. Cada concorrente estabelece um


produto único e ligeiramente diferenciado pela marca, embalagem, publicidade. A diferença é
subjetiva.
 Exemplos: lojas de roupas, farmácias, pizzarias, etc.

 Oligopólio

 Pequeno número de empresas controla


parcela expressiva do mercado;
 Interdependência entre as empresas, pois cada uma formula suas
políticas levando em conta os efeitos que terão sobre suas rivais;
 Forte bloqueio à entrada de concorrentes;
 Produtos homogêneos ou diferenciados;
 Tendência à concentração de capitais por
meio de fusões;
 Tendência à formação de cartéis (acordo entre as empresas) e à rigidez
de preços;
 Exemplos: indústria automobilística, de vidros, cimento, aço,
pneumáticos, química, petroquímica, etc.

 Monopólio

 Existência de uma única empresa produtora de bens e serviços para os


quais, no curto prazo, não existem substitutos próximos;
 Barreiras legais, tecnológicas e econômicas ao ingresso de concorrentes
no mercado;
 Dimensões do mercado estabelecidas pela empresa via determinação
prévia do volume de produção e dos preços;
 O lucro total da empresa é máximo para cada nível de produção e preço
por ela estabelecido.
 Exemplo: companhias de água e esgoto em determinadas localidades.
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Essa classificação enfoca as estruturas de mercado pelo lado da VENDA de bens e


serviços. Pelo lado da COMPRA, notadamente no setor agropecuário, encontramos estruturas
que se desviam da concorrência perfeita. São elas o MONOPSÔNIO e o OLIGOPSÔNIO.

No monopsônio existe apenas um comprador para a mercadoria, em geral matéria-


prima ou produto primário. Nesta estrutura de mercado, mesmo quando vários produtores
fortes oferecem o mesmo produto, os preços não são determinados pelos vendedores, mas,
sim, pelo comprador. Imaginemos uma industria processadora de tomate situada no interior de
Goiás. Por uma questão de custo de transporte e de perecibilidade do produto, os produtores
certamente só poderão vendê-lo a essa empresa, sujeitando-se à sua política de preços e a seu
direcionamento estratégico.

O oligopsônio, por sua vez, tem como característica a existência de poucas empresas,
de grande porte, como compradoras de determinada matéria-prima ou produto primário.
Nessa estrutura de mercado, os preços também são determinados pelos compradores. No
mercado agrícola, principalmente para grandes quantidades, geralmente existem, nos
mercados locais, poucos compradores que podem, inclusive, fazer acordos entre si para
divisão de mercado.

Sintetizamos, abaixo, as características dessas duas estruturas:

 Monopsônio

 Uma única empresa compradora de determinado produto;


 Preço determinado pelo comprador;
 Exemplo: fábrica de cigarros, na aquisição de fumo em determinadas
localidades.

 Oligopsônio
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 Poucas empresas compradoras;


 Preço do produto determinado pelos demandantes;
 Grande dificuldade de entrada no mercado para novos compradores.
 Exemplo: industria automobilística, agroindústrias.

Dificuldade
Tipos de Nº Nº de Entrada Grau de Quem
Mercado Vendedores Compradores no Diferenciação Determina Exemplos
Mercado do Produto o Preço
Concorrência Muitos Muitos Nenhuma Nenhum Mercado Feira livre
Perfeita
Vendedor
Concorrência Muitos Muitos Pequena Subjetivo (com Lojas de
Monopolística limitações) roupas
Padronizado Cimento,
Oligopólio Um Muitos Grande ou Vendedor cerveja,
diferenciado automóveis
Não há Cia. De água e
substitutos esgoto em
Monopólio Um Muitos Total satisfatórios Vendedor determinadas
localidades
Setor público
na aquisição de
Monopsônio Muitos Um Total - Comprador produtos
específicos
Padronizado
Oligopsônio Muitos Poucos Grande ou Comprador Agroindústrias
diferenciado

Além disso, observam-se no mercado algumas práticas que neutralizam, ainda mais,
os aspectos concorrenciais. Essas práticas são decorrentes do poder que as empresas adquirem
a partir das barreiras impostas à entrada de novas firmas no mercado. São elas:

 Truste é o tipo de estrutura em que várias empresas, já detentoras da maior


parte do mercado, combinam-se ou fundem-se para assegurar esse controle, estabelecendo
preços elevados que lhes garantam altas margens de lucro.
26

 Cartel é uma tentativa de um grupo de empresas que, por meio de acordo,


atuam de forma coordenada, visando na prática a construção de um monopólio. Esse acordo
tem os seguintes objetivos: controle dos níveis de produção e das condições de venda; fixação
e controle de preço; controle das fontes de matéria-prima; divisão territorial das operações e
fixação das margens de lucro. Apesar de manterem sua independência e individualidade, as
empresas participantes do cartel devem respeitar as regras determinadas pelo grupo. O
objetivo do cartel é a eliminação da concorrência, prejudicando os consumidores que
adquirirão produtos a preços construídos artificialmente ou, até mesmo, produtos obsoletos.
Alguns economistas preferem utilizar a denominação de cartel para o mercado internacional e
de truste quando essa pratica referir-se a mercados regionais.

 Dumping é caracterizado pela fixação de preços de venda insuficientes para a


cobertura de custos. Geralmente, as empresas que utilizam dessa prática atuam em varias
regiões, praticando dumping apenas contra uma concorrente cuja atuação é restrita. Naquele
segmento especifico, a empresa praticante do dumping reduz seus preços de forma que sua
concorrente seja sufocada, pois o nível e preços que deverá praticar não será suficiente para
cobrir seus custos. Já a empresa praticante do dumping terá seus prejuízos cobertos pelos
resultados obtidos nos outros mercados onde o preço não foi alterado. Dessa forma, eliminam
os concorrentes, preservando suas fatias de mercado. Hoje, por analogia, ate mesmo paises
tem sido acusados de tal prática. É o chamado DUMPING SOCIAL. Ao exportar seus produtos
para os diversos mercados, surgem comparações quanto à remuneração da mão-de-obra e, até
mesmo, questionamentos sobre a utilização de trabalho infantil ou de detentos sem qualquer
contrapartida salarial.
27

EXERCÍCIOS

1. Ao atribuir valores para os diversos bens e serviços existentes numa economia,


consumidores e produtores partem de pontos distintos. Como esse fenômeno é explicado pela
teoria econômica?

2. O que você entende por preço de equilíbrio?

3. Elevação dos preços de calças jeans, ceteris paribus, provocará alteração na


quantidade demandada. Represente graficamente.

4. Se a sua agência promover melhora substancial na qualidade do atendimento, o que


ocorrerá com a quantidade demandada de serviços (ceteris paribus)? Represente
graficamente.

5. Dada a condição ceteris paribus, comente e represente graficamente as repercussões


no preço e na quantidade de equilíbrio no mercado de automóveis, quando:

a. A indústria instala uma nova planta e obtém redução de custos


b. A renda dos consumidores aumenta

6. Como você classificaria os produtos bancários sob o aspecto da elasticidade-preço


da demanda?

7. Na sua opinião, o mercado bancário brasileiro aproxima-se mais de qual estrutura de


mercado?
28

MOEDA

 Evolução da moeda

 Escambo

A necessidade das trocas, nas economias, é decorrência da evolução dos costumes


sociais, onde o individuo deixa de ser auto-suficiente na produção dos bens de que necessita
para sua sobrevivência. O pecuarista, por exemplo, necessita trocar a carne que produz por
alimentos, roupas, móveis e outros bens e serviços que atendam a suas necessidades ou a seus
desejos de consumo.

Como nos primórdios da civilização não existia o dinheiro como o conhecemos


atualmente, a maneira de se obter um bem ou serviço de que se necessitava era por meio da
troca direta, também conhecida por ESCAMBO. Acontecia mais ou menos assim: necessitando
de um bem que não produzia, o indivíduo A procurava trocar seus excedentes com o indivíduo
B, produtor do bem de que necessitava.

Essas trocas diretas apresentavam inconvenientes: nem sempre a mercadoria


disponível para troca pelo indivíduo A era necessária ao indivíduo B. este necessitava da
mercadoria produzida pelo indivíduo C, e assim por diante. Assim, as trocas esbarravam na
dificuldade de se encontrar uma contraparte que tivesse exatamente a necessidade oposta, ou
seja, a troca só se efetivaria se houvesse COINCIDÊNCIA DE DESEJOS.

Em um sistema como esse, o pecuarista levaria metade de seu tempo produzindo carne
e a outra metade procurando alguém com quem pudesse fazer uma troca apropriada. Alem
disso, como equacionar o volume de comércio? Admitamos que o pecuarista necessite de uma
bicicleta e encontre um lojista interessado em carne. A bicicleta custa o equivalente a 50
quilos de carne, mas o lojista só deseja 30 quilos. Nesse caso, o pecuarista teria duas saídas:
desistir da bicicleta ou encontrar algum indivíduo que, tendo interesse nos 20 quilos
remanescentes, dispusesse de um bem para troca que satisfizesse um outro desejo do lojista,
completando o valor da bicicleta.
29

Como se percebe, trocas dessa natureza em economias complexas como as atuais


jamais prosperariam. Nestas, não só os bens de consumo, mas os recursos econômicos
também são vendidos e comprados com dinheiro, a exemplo do trabalhador que fornece seu
trabalho em troca de dinheiro e, como esse, adquire os bens de que necessita.

 Moeda-mercadoria

Dadas às dificuldades para realizar trocas diretas, a sociedade encontrou uma forma
que contornasse o problema: a utilização de uma mercadoria como moeda. Surgiu, assim, a
mercadoria com funções de dinheiro, reconhecida como MOEDA-MERCADORIA. Em uma
economia que comercializa bens num sistema de mercado, a definição de uma mercadoria
para servir de intermediária nas trocas facilita, sobremaneira, o desenvolvimento das
transações.

Dependendo da região e do momento histórico várias mercadorias desempenharam o


papel de moeda: arroz, tecidos, trigo, peixe seco, gado, sal, etc. A propósito, a palavra
pecuniário, em português, deriva de pecus que, em latim, quer dizer gado. Outra palavra que
teve origem em uma moeda-mercadoria é a palavra salário, derivada de sal.

A moeda-mercadoria resolveu o problema da dificuldade de se realizarem trocas


diretas. Os bens passaram a ser referenciados nesse tipo de moeda e assim as trocas podiam
ser efetuadas de forma mais fácil. No entanto, tendo resolvido um problema, três outros
estavam para ser resolvidos: as mercadorias que serviam de moeda eram em geral perecíveis,
apresentavam problemas de divisibilidade, como no escambo, e traziam, ainda, problemas
com a estocagem. A criatividade e a experimentação humanas deveriam ser exercitadas como
forma de superar esses problemas.

 Moeda metálica

As necessidades e a criatividade humanas fizeram com que surgisse uma solução que
resolvesse a questão da coincidência de desejos, verificada nas trocas diretas, além do
30

problema da perecibilidade e da divisibilidade. É introduzida, então, a moeda metálica como


intermediária das trocas.

Retomando o exemplo do pecuarista: ele vende os 50 quilos de carne, recebe o


pagamento moeda e a entrega ao lojista recebendo, em troca, a bicicleta desejada. O lojista,
por sua vez, entregará parte dessa moeda em pagamento ao seu fornecedor, utilizando o
restante na troca por bens que satisfaçam suas necessidades. O ciclo continua por toda a
economia.

 Moeda-papel

A moeda de ouro, utilizada em grande escala como intermediação de trocas, trazia


dois grandes problemas para os indivíduos: o custo de transporte, dado seu volume, e o risco
de assaltos.

O risco de assalto foi determinante na decisão de se manterem as moedas em casas de


custódia (os ourives), em troca de certificados de depósito. Progressivamente, esses
certificados passaram a ser usados como moeda. O endosso dava a seus titulares o direito de
retirar o ouro junto às casas de custódia. Dessa forma, surgia a MOEDA-PAPEL, cuja
característica é ser integralmente lastreada em metal precioso. Em outras palavras, o detentor
do certificado podia, a qualquer momento, dirigir-se à casa de custódia e sacar o equivalente
no metal que lhe servia de lastro. Essa ação de resgatar papel em metal é conhecida como
conversibilidade.

 Papel-moeda ou moeda fiduciária

A experiência da custódia e da conversibilidade levou à percepção de que a


reconversão dos recibos de custódia (moeda-papel) em metais preciosos não era solicitada por
todos os seus detentores ao mesmo tempo. Além disso, novos depósitos eram sempre
realizados. Assim, os custodiantes começaram, paulatinamente, a emitir certificados não
lastreados. A confiança dos comerciantes da comunidade nos fiéis e honrados custodiantes
31

dos metais preciosos ensejou a criação do papel-moeda (ou moeda fiduciária). Junto com o
papel-moeda nascia, também, a atividade bancária.

A emissão de certificados em montantes superiores ao estoque de metal precioso


permitia que seus emissores realizassem operações lucrativas, como a aquisição de títulos e
ações ou, ainda, a concessão de empréstimos que rendiam juros. Quando se adotou essa
prática, os recibos passaram a ser fracionariamente conversíveis, situação que evoluiu com o
tempo, chegando aos dias atuais, em que a moeda é de emissão privativa do Estado, onde não
há conversibilidade.

 Moeda escritural

À medida que a sociedade evolui, a forma de convivência e os relacionamentos


comerciais vão-se modificando. Além do papel-moeda de emissão privativa do Estado, por
meio dos bancos centrais, há o que chamamos de moeda bancária ou moeda escritural.

Os bancos comerciais podem criar moeda, assim como os ourives faziam quando
emitiam mais certificados do que o ouro que mantinham em depósito. Nos bancos, somente
uma parte do total de depósitos é utilizada ao mesmo tempo. Em qualquer momento existem
pessoas depositando e outras retirando, de tal forma que, balanceando essas operações,
somente uma parcela do todo é movimentada.

Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o depósito é que é moeda, pois é uma
promessa de pagar quando lhe for requerido. O cheque, por sua vez, é apenas o mecanismo de
conversão do depósito em moeda manual, ou seja, nada mais é do que uma ordem de
transferência de fundos. Como só uma parcela dos depósitos é requerida em espécie, pois
grande parte retorna aos bancos em forma de novos depósitos, o banco pode fazer promessas
de pagar acima do que dispõe e, dessa forma, criar moeda ou meio de pagamento, apesar de
não poder emitir a moeda que esteja em curso no país (função privativa do Banco Central).

Esta questão da moeda escritural, principalmente com relação à capacidade que os


bancos apresentam de multiplica-la, será retomada adiante no tópico “Criação/Destruição de
Moeda”.
32

 Moeda virtual

A evolução das formas de moeda está vinculada ao aspecto intrínseco de que novas
formas são adotadas por tornarem mais fáceis as transações entre os agentes econômicos.
Desde seu surgimento até as modalidades hoje existentes, as transformações da moeda
estiveram vinculadas ao aspecto da redução dos custos de transação. A moeda na forma
digital (mecanismos de pagamento por via eletrônica) implica redução significativa nos custos
de transação. Seu surgimento e desenvolvimento, no entanto, está mais ligado ao fato de que
são vislumbradas oportunidades de negócios com o oferecimento de serviços financeiros por
meio de cartões, internet, etc.

As novas formas de moeda que, em alguns casos, vêm sendo chamadas de dinheiro
virtual ou digital, têm sua origem na criação dos cartões de crédito. O cartão expandiu o
crédito e livrou o dinheiro da restrição temporal, permitindo que as pessoas gastassem antes
mesmo de tê-lo ganho ou recebido.

Os cartões de crédito evoluíram para cartões de múltiplo uso, principalmente depois


do advento das máquinas que permitem saques por meio de cartões e do desenvolvimento de
sistemas de intercâmbio de informações, que permitem a instalação, em pontos comerciais, de
terminais de transferência eletrônica de fundos (TEF). Essa última possibilidade fez com que
o cartão deixasse de ser meramente uma forma de obter dinheiro, para se tornar seu substituto.

Essas novas formas de dinheiro eletrônico ganharam impulso com a criação da


Internet, que permite a realização de compras via computador, debitando-se os respectivos
custos em cartões de crédito ou diretamente na conta bancária dos usuários. Além disso,
praticamente todos os serviços bancários já estão disponíveis na Internet, além da
possibilidade de podermos participar de leilões, de aquisição de ações, etc.

Na Internet o dinheiro não é algo tangível. É meramente um registro de que certa


quantia foi registrada na conta de um consumidor (débito ou crédito) ou movimentada para a
conta de um comerciante. Apresenta, assim, toda característica de uma moeda virtual.

Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e da transferência eletrônica de


dados, há ainda campo aberto para a criatividade humana encontrar novas formas de
33

intermediar as trocas na aquisição de bens e serviços, o que podemos perceber, também, é que
a dificuldade de averiguar exatamente onde uma transação ocorre dificultará, ainda mais, a
ação dos governos, tanto em definir políticas e fiscalizar essa nova forma de moeda, como em
tributar as transações dessa forma originadas.

Instalado o conceito e vistas as possibilidades na utilização de cartão para saques e


transferência de fundos, percebeu-se uma dificuldade. Esse cartão pressupunha a manutenção
de uma conta corrente em um banco, ou a vinculação a um cartão de crédito, surgindo daí a
concepção do chamado smart card, ou cartão inteligente.

Este tipo de cartão tem um chip de computador embutido, que permite armazenar uma
determinada quantia de dinheiro. Esse cartão pode ser inserido em uma máquina e o valor da
compra é debitado sem necessidade de acesso eletrônico aos arquivos de um banco, ao
contrário dos outros tipos de cartões. Os cartões utilizados nas praças de diversões dos
Shopping Centers costumam ser do tipo smart card.

Enfim, as novas sistemáticas que permitem a intermediação das trocas são redutoras
de custos para os usuários e, principalmente, para os beneficiários dos pagamentos.
Imaginemos dois cenários distintos:

a) um grande supermercado em uma cidade como São Paulo realizando vendas


exclusivamente por meio de dinheiro ou cheques;
b) o mesmo supermercado, nos dias atuais, cujo recebimento preponderante
seja por meio de cartões de crédito ou transferências diretas.

No primeiro caso, os custos de transação na contagem, guarda, movimentação dos


recursos de segurança seriam muito mais elevados que no segundo.
34

 Funções da moeda

A moeda surgiu da necessidade de os indivíduos trocarem seus excedentes por outros


bens de que necessitavam, principalmente na medida em que as economias foram se
especializando. Seu uso generalizado gerou consenso a respeito das funções que deve exercer.
São elas:

 Intermediária de trocas

É a função por excelência da moeda. Qualquer sociedade com grande nível de


especialização do trabalho e volume significativo de trocas seria inviável sem a existência da
moeda. Relembremos, mais uma vez, o exemplo do pecuarista. Imagine a dificuldade que ele
teria em comprar a bicicleta, sema a existência da moeda.
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 Unidade de conta ou medida de valor

A moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas (os diversos bens e
serviços são expressos em quantidade de moeda, por meio dos preços). Além disso, a moeda
resolve o problema de somar coisas distintas. Como somaríamos um aparelho de TV e um
aparelho de som? Com o sistema de preços (que embute a idéia de moeda), basta tomar os
valores monetários do aparelho de som e da TV e soma-los. Teremos uma referencia única,
um valor que representa ambos os bens.

 Reserva de valor

Um indivíduo que recebe moeda por alguma transação que tenha realizado ou, até
mesmo, como prêmio, não precisa gastá-la imediatamente. Pode guarda-la para uso posterior.
Isto significa que ela serve como reserva de valor. Para que bem cumpra esse papel, é
necessário que tenha valor estável, de forma que quem a possua tenha idéia precisa do quanto
pode obter em troca. Se a economia estiver num processo inflacionário, o valor da moeda vai
se deteriorando, fazendo com que esta função não se cumpra. Você se lembra da economia
brasileira antes do Plano Real? As pessoas não mantinham todas suas reservas em aplicações
financeiras? A idéia de reserva de valor, entretanto, só vale para o indivíduo pois, para a
nação, a riqueza é medida não pela quantidade de moeda, mas, sim, pelos bens e serviços
produzidos.

 Criação/destruição de moeda

Iniciemos por uma idéia bastante simples. Suponhamos, num primeiro momento, que
não existia banco em uma determinada economia e que o dinheiro à disposição da sociedade
seja $1.000,00. em um segundo momento, suponhamos que um banco seja criado e que todo o
dinheiro circulante na economia seja transferido para esse banco, na forma de depósito à vista
e que lá seja mantido (o banco é um mero local para guarda do dinheiro). De acordo com esse
raciocínio, a moeda disponível para o público foi transferida integralmente para o banco, onde
passou a ser mantida na forma de depósito à vista.
36

A parcela de depósitos que os bancos recebem, mas não emprestam, é chamada


RESERVA. Nessa situação hipotética, o banco aceita os depósitos, guarda a moeda como
reserva e assim a mantém até que os depositantes a saquem no próprio banco ou por meio da
emissão de cheques. Veja como ficaria o balanço desse banco:

Ativo Passivo
Reservas: $1.000,00 Depósitos: $1.000,00

Com a introdução do banco, podemos perguntar: qual a oferta de moeda nessa


economia? Como resposta, podemos recordar:

a) antes da constituição do banco havia $1.000,00 à disposição da sociedade e


mantida em suas próprias mãos (moeda manual);
b) toda a moeda disponível foi transferida para o banco recém criado, na forma de
depósito à vista.

Uma unidade monetária depositada no banco reduziu a moeda manual em uma


unidade monetária e aumentou os depósitos à vista nessa mesma quantidade. A quantidade de
moeda permaneceu inalterada. Isso nos permite concluir que, se os bancos mantiverem
reserva de 100% de seus depósitos à vista, o sistema bancário não irá influir sobre a oferta da
moeda.

Relembremos que os ourives perceberam que apenas parte do ouro depositado era
retirada para efetuar pagamentos, o que lhes permitia emitir certificados em valores superiores
às suas reservas. Da mesma forma, é altamente improvável que todos os depositantes saquem
seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestarem parte dos
depósitos à vista.

Dessa forma, os bancos passam a conceder empréstimos baseados nos depósitos


captados. O cuidado que precisam ter é quanto à manutenção de reservas em quantidades que
permitam honrar os saques diários. Se historicamente o volume de saques é de 20% dos
saldos, esse será o percentual de reservas que os bancos terão que manter para atender aos
clientes, que necessitam de moeda manual em suas transações. Esse percentual de retenção,
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que pode chamado de RAZÃO RESERVAS/DEPÓSITOS, indica que para $1.000,00 de


depósitos, o banco deve reter $200,00, podendo emprestar os $800,00 remanescentes.

Suponhamos que o tomador do empréstimo utilize os $800,00 para pagamento de um


bem ou serviço, cujo fornecedor detenha conta em outro banco. Suponhamos, também, que
esse novo banco mantenha, nesse primeiro momento, os recursos em seu caixa. Como
ficariam os balanços desses dois bancos? Vejamos o quadro abaixo.

BANCO UM
Ativo Passivo
Reservas: $ 200,00 Depósitos: $ 1.000,00
Empréstimos: $ 800,00

BANCO DOIS
Ativo Passivo
Reservas: $ 800,00 Depósitos: $ 800,00

Como podemos perceber pela análise dos balanços, os depósitos no sistema que, num
primeiro momento, montavam $1.000,00 passaram para $1.800,00, após a concessão do
empréstimo pelo Banco Um. Esse novo depósito surgiu da percepção do sistema bancário de
que, como os saques não são simultâneos, parte dos depósitos podem ser emprestados,
surgindo daí uma característica que o sistema de bancos possui, que é o da criação da moeda.
Na economia, apenas essa categoria de nacos tem o poder de influenciar a oferta de moeda.

No entanto, é importante que notemos que, apesar de os bancos comerciais criarem


MOEDA, eles não criam RIQUEZA.

Quando o banco empresta parte de suas reservas, proporciona aos tomadores dos
empréstimos a possibilidade de realizar transações. Nesse ato, aumenta a oferta de moeda.
Entretanto, os tomadores passam a ter uma dívida junto ao banco, evidenciando que o
empréstimo não os torna mais ricos, ou seja, a criação de moeda pelo sistema bancário
aumenta a LIQUIDEZ da economia e não sua riqueza.

No exemplo, para um volume inicial de depósitos de $1.000,00, a economia passou a


deter, após o empréstimo, $1.800,00 de depósitos à vista. Se os $800,00 fossem mantidos em
38

poder do público, em vez de depositados no sistema bancário, a economia passaria a contar


$1.000,00 em depósitos à vista em bancos e $800,00 na forma de papel-moeda mantido em
poder do público.

Concluindo, há criação de moeda quando houver aumento na soma de moeda manual


com moeda escritural. Ocorrerá destruição da moeda quando houver diminuição nesse total (a
compra de títulos do governo pela sociedade, por exemplo).

Segundo alguns autores, o fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento


da moeda escritural consiste na multiplicação da moeda por meio dos bancos comerciais. Esse
processo é conhecido como MULTIPLICADOR BANCÁRIO.

 Multiplicador bancário

O processo de criação de moeda pelos bancos comerciais ocorre pela multiplicação


dos depósitos à vista por eles recebido (moeda escritural). A moeda originalmente injetada no
sistema econômico pelo Banco Central tende a transformar-se em depósitos bancários e,
posteriormente, em empréstimos. Os empréstimos normalmente retornam ao sistema bancário
na forma de novos depósitos, que geram novos empréstimos, que geram novos depósitos e
assim sucessivamente.

Vimos anteriormente que os bancos tem necessidade de manter certa quantidade de


recursos, na forma de um percentual sobre os depósitos, de forma a honrar os saques diários.
Esse encaixe é um limitador na capacidade de os bancos criarem moeda. Além disso, visando
administrar a oferta de moeda na economia, principalmente quando se busca a redução dessa
oferta, o Banco Central adora um mecanismo chamado DEPÓSITO COMPULSÓRIO. Por meio
dos depósitos compulsórios, os bancos são obrigados a depositar no Banco Central uma
percentagem de seus depósitos. O Banco Central atua, assim, como redutor da capacidade de
os bancos criarem moeda.

Vamos ilustrar como se dá a capacidade de multiplicação de moeda nos bancos


comerciais. Suponhamos que o Banco Central emita $1.000,00 e as coloque em circulação e
que, por hipótese, o público deposite toda essa quantia em bancos. Suponhamos que o encaixe
39

seja de 10% e que o depósito compulsório (percentual de retenção estipulado pelo Banco
Central) seja, também, de 10%. Dessa forma, restaria, para empréstimo, 80% do saldo de
depósitos captados. O processo depósito/empréstimo dar-se-ia de acordo com a seguinte
tabela.

Etapas Depósitos à Encaixe (10%) Compulsório Empréstimos


vista (10%) concedidos (80%)
Primeira 1.000,00 100,00 100,00 800,00
Segunda 800,00 80,00 80,00 640,00
Terceira 640,00 64,00 64,00 512,00
Quarta 512,00 51,20 51,20 409,60
...
...
Final 5.000,00

Na tabela, o valor final dos depósitos à vista é obtido pela soma de uma progressão
geométrica onde o primeiro termo é $1.000,00 e a razão é 0,80. Do conteúdo subjacente,
chamaremos de r e o percentual destinado à concessão de novos empréstimos, neste caos
80%. Dessa forma, o multiplicador bancário m pode ser obtido pela seguinte expressão:

Em nosso exemplo, r = 0,80. Portanto, m = 5, ou seja, os depósitos iniciais no valor de


$1.000,00, multiplicados por 5, resultam em $5.000,00, conforme apurado na tabela.

O termo (1 - r) equivale à soma dos percentuais retidos sob as formas de encaixe


técnico e a título de depósitos compulsórios. Portanto, podemos simplificar a formula da
seguinte maneira:

Onde
m = multiplicador bancário
e = encaixe técnico
d = compulsório
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Se o governo tiver a intenção de reduzir a liquidez na economia, pode atuar sobre a


capacidade de criação de moeda pelos bancos elevando o percentual de depósitos
compulsórios. Ao contrário, se o interesse for o de injetar recursos na economia, basta reduzir
o percentual de depósitos compulsórios. Por exemplo, se os depósitos compulsórios forem de
40% e o encaixe técnico permanecer em 10%, o multiplicador m resultará igual a 2,
significando que, ao final do processo, o volume de depósitos na economia será de $2.000,00.
por outro lado, se não houver compulsório (e = 0,10 e c = 0,00), o multiplicador m será igual
a 10, ou seja, o volume total de depósitos na economia se elevará para $10.000,00.

Concluindo, o fundamental do mecanismo do multiplicador bancário é que, para uma


dada expansão inicial de depósitos, o sistema bancário seja capaz de efetuar uma expansão
múltipla de moeda escritural.

 Meios de pagamento

O total de meios de pagamento na economia corresponde ao total de papel-moeda


emitido pelo governo em poder do público, mais o total de depósitos à vista nos bancos
comerciais (dinheiro que os depositantes sacam a qualquer momento). A soma nos dá o
conceito de M1:

M1: papel-moeda em poder do


público + depósitos à vista nas
instituições financeiras bancárias.

Assim, o conceito M1 refere-se apenas ao papel-moeda em poder do público (PMPP)


e aos depósitos à vista (DV) nos bancos comerciais, haveres monetários que tem liquidez
imediata. O conceito mais
M2amplo= M1incorpora haveres não-monetários,
+ aplicações em fundos de que não tem liquidez
imediata, como fundos de curto prazo, +títulos
investimento da divida
títulos públicafederais,
públicos fora da carteira do Banco
Central e das instituições financeiras,
estaduais depósitos
e municipais emde poupança
poder e títulos
do poder do privados, como
discriminados a seguir: público.

M3 = M2 + depósitos de poupança.

M4 = M3 + depósitos a prazo + títulos


privados.
41

A classificação dos haveres financeiros em M1, M2, M3 e M4 certamente não esgota


esse universo, haja vista que as duplicatas, as notas promissórias e outros ativos não-
monetários de enorme importância para a circulação de bens e serviços não estão aí incluídos.
Contudo, essa classificação é suficiente para que os formuladores de política econômica
promovam os ajustes necessários na liquides da economia.

Dada a história inflacionária brasileira, vale ressaltar que, em períodos de inflação


alta, ocorre um processo de migração dos ativos financeiros de M1 (moeda não-indexada) em
direção aos outros ativos M2, M3 e M4. A esse fenômeno dá-se o nome de desmonetização da
economia. O processo inverso é denominado monetização.

 Base monetária

A base monetária (BM) é dada pela soma entre os haveres papel-moeda emitido
(PME) e o total das reservas bancárias (RB), a qual nada mais é do que o passivo monetário
do Banco Central. Nesse conceito, é importante que percebamos que quando o Banco Central
emite moeda, parte é retida pelo público, para fazer face às transações que pratica diariamente
na economia (compra de bens e serviços), e parte é retida pelos bancos, na forma de reservas,
que visam atender às necessidades dos clientes em seus saques diários. De forma abreviada, a
base monetária é a soma da moeda corrente e das reservas bancárias.

O conceito de base monetária pode ser entendido a partir do seguinte raciocínio: se os


bancos comerciais não criassem moeda, o total de meios de pagamento (M1) existente na
economia seria igual à base monetária (BM). No entanto, como os bancos criam moeda por
42

meio da multiplicação dos depósitos à vista, para que apuremos a base monetária torna-se
necessário deduzirmos dos meios de pagamento (M1) a moeda criada pelos bancos comerciais
(que se materializa na forma de empréstimos).

Sintetizando: a base monetária é igual ao papel-moeda em poder do público, mais


depósitos à vista nos bancos comerciais M1), menos os empréstimos concedidos pelos bancos
comerciais com base nesses depósitos.

Abordamos até aqui a evolução da moeda e os principais pontos que cercam sua
existência. No entanto, como estamos acostumados a ver nos jornais e na televisão, a moeda
desempenha papel crucial na administração econômica do país. Essa realidade é melhor
entendida quando virmos, no tópico “Política Econômica”, o que é e como se processa a
POLÍTICA MONETÁRIA, que vem a ser um conjunto de medidas que o governo adota, visando
adequar os meios de pagamento disponíveis às necessidades da economia.

Todavia, não há como falar em moeda nas economias atuais, sem falarmos no órgão
que a regula por meio da política monetária, o Banco Central, que é uma instituição financeira
governamental que funciona como “banco dos bancos”, além de banco do próprio governo.
Destina-se a assegurar a estabilidade da moeda e o controle do credito em um país: tem o
monopólio da emissão do papel-moeda, exerce a fiscalização e o controle dos demais bancos,
além de exercer, também, a política cambial.

O debate que periodicamente assistimos na imprensa sobre a necessidade de termos


um Banco Central independente diz respeito ao fato de que ele possa atuar efetivamente como
um “guardião” da moeda, por meio da definição e execução de políticas de médio-longo
prazos, independente de mudanças circunstanciais que ocorrem no curto prazo e que, às
vezes, interferem na busca da estabilização da moeda.

 Inflação

O termo inflação vem de inflar, inchar. A inflação pode ser definida como uma
“inchação dos preços”, ou seja, o aumento CONTÍNUO e GENERALIZADO dos preços numa
economia. Em um processo inflacionário, TODOS os preços de TODOS os bens estão subindo
43

em um processo dinâmico. Não podemos falar em inflação quando sobe o preço da laranja em
decorrência, por exemplo, de quebra da safra por geada. Variações pontuais de preço são
comuns em uma economia e não caracterizam processo inflacionário.

A inflação é medida pela variação dos índices de preços. Uma inflação moderada
(aceitável dependendo do contexto econômico) apresenta acréscimos de 1% até 10% ao ano.
Uma inflação alta (com tendência de crescimento) apresenta aumentos maiores de 100% ao
ano (um número de três dígitos). O economista P. Cagan classifica as taxas superiores a 50%
ao mês como hiperinflação.

A variação de preços pode ser negativa. Nesse caso, a queda contínua e generalizada
dos preços é denominada de DEFLAÇÃO, fenômeno tão ruim ou pior que a inflação. Nela
todos os preços “despencam”, inclusive salários, nível de produção, emprego e renda.

O processo inflacionário é muito complexo: há vários tipos, com diversas causas e


conseqüências. Utilizaremos a abordagem mais tradicional, que define os tipos de inflação e
suas causas.

 Tipos de inflação

 Inflação de demanda

Nas economias em desenvolvimento ou emergentes, os governos necessitam gastar


muito em infra-estrutura, como construção de estradas, produção de energia elétrica, etc.
Esses altos gastos governamentais desequilibram os orçamentos públicos, produzindo
constantes déficits – gastos maiores que as receitas.

Esses déficits normalmente são financiados (cobertos) pelas emissões de moeda. O


aumento da oferta de moeda na economia sem a contrapartida no aumento da produção de
bens e serviços poderá produzir expansão inflacionária nos preços. Este aumento do poder
aquisitivo da sociedade expandirá a demanda agregada (somatório das demandas dos
consumidores, das empresas e do governo) para um nível superior à oferta agregada (ou
produto nacional), pressionando os preços para cima. Os preços, em novo patamar, obrigam o
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Governo a emitir mais moeda para cobrir seus gastos, reiniciando o processo. A inflação de
demanda pode ser definida como “muito dinheiro à procura de poucos bens”.

 Inflação de custos

Vários são os fatores pelo lado do custo que podem gerar o fenômeno conhecido
como ESPIRAL INFLACIONÁRIA:

a) aumentos nos preços de insumos importantes na economia, como petróleo e


energia elétrica;
b) aumento expressivo dos salários de determinada categoria, não compensados por
aumentos proporcionais na produtividade dos trabalhadores: as empresas repassam esses
aumentos para os preços dos bens e serviços, que estimularão exigências por reajustes
salariais nas demais categorias profissionais;
c) ação dos oligopólios que, mesmo em um ambiente de crise econômica com
redução da demanda agregada e conseqüente queda da produção, procuram aumentar a
margem de lucro (mark-up) para manter suas receitas. Assim, ocorre processo inflacionário
acompanhado de queda na produção e no nível de emprego. Esse processo é denominado
estagflação – inflação com estagnação econômica.

 Inflação de estrangulamento ou estrutural

Ocorre nos países em desenvolvimento, que passam por processo de crescimento


econômico com aumento da produção, do emprego e do nível de renda. Os setores que
produzem bens com baixa elasticidade-renda terão dificuldade em aumentar a produção como
resposta às variações da demanda. Transformam-se, por isso, em pontos de estrangulamento
da produção.

Exemplo tradicional é o setor agrícola, que não consegue produzir os bens (inelásticos
em relação ao preço) necessários para acompanhar o crescimento da demanda nas economias
em desenvolvimento, alimentado pela industrialização, pelo crescimento demográfico e pelo
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êxodo rural. O ponto de estrangulamento no setor agrícola produz pressões inflacionárias nos
preços agrícolas, que se propagam para os demais preços da economia.

 Inflação inercial

A inflação inercial, muito conhecida dos economistas brasileiros, surge das


expectativas inflacionárias. Os agentes econômicos acreditam que o processo inflacionário
continuará no futuro apenas pelo fato de ter persistido no passado. Nessa “cultura
inflacionária”, os agentes utilizam os mecanismos de indexação – correção monetária de
preços, salários, cambio e ativos financeiros, procurando proteger seus ganhos do processo de
deterioração inflacionário. Esse comportamento acaba realimentando a inflação, tornando-a
inercial, que poderia ser simplificada com a seguinte frase: “a inflação existe hoje porque
existiu ontem”.

 Conseqüências da inflação

No processo inflacionário, parte da população tem ganhos e parte tem perdas. Esse
fato pode gerar conflitos, quando aqueles que perderam tentarem recuperar sua situação
anterior. Entre os que mais perdem estão as classes mais pobres, que não conseguem proteger
os salários contra a queda do poder aquisitivo (aplicação no mercado financeiro ou repasse
para os preços dos bens, como podem fazer os empresários). A seguir estudaremos as
principais conseqüências da inflação.

 Aumento na concentração de renda

Um dos mais graves efeitos do processo inflacionário é o aumento na concentração da


renda: as classes que dependem de rendimentos fixos e que são reajustados segundo prazos
legais (assalariados, principalmente), compram cada vez menos bens e serviços, até que
chegue a data do reajuste (que dificilmente repõe o poder de compra em sua totalidade).
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Além disso, os empresários, o governo e as classes mais ricas protegem seu poder
aquisitivo, repassando a inflação para o preço dos bens e serviços ou aplicando no mercado
financeiro, o que não ocorre com as classes assalariadas (principalmente as mais baixas).

 Distorções no Balanço de Pagamento

Taxas muito altas de inflação, ceteris paribus, elevam os preços dos bens nacionais
em relação aos produzidos em outros países e estimulam as importações. Por outro lado, as
exportações tende a diminuir, o que gera o déficit na balança comercial (o valor das
importações supera o das exportações).

Visando restabelecer o equilíbrio nas contas externas, o governo atua sobre a taxa de
cambio, desvalorizando a moeda nacional. Com isso, reverte a situação (as importações ficam
mais caras e as exportações, por sua vez, mais vantajosas).

Isso, entretanto, torna mais caro o preço de produtos essenciais, como petróleo,
insumos e equipamentos, o que eleva o custo de produção nos setores que os utilizam,
gerando nova pressão inflacionária, que se propaga por toda a economia.

 Mudança nas expectativas

Altas taxas de inflação afetam as expectativas dos empresários e dos consumidores


sobre o futuro (aquilo que eles esperam que aconteça com o mercado e com a economia,
como um todo, num futuro próximo).

Normalmente, o empresário, sensível ao processo inflacionário, deixa de tomar


qualquer iniciativa (principalmente as mais arriscadas) que implique investir no crescimento
da capacidade de produção da economia. Dessa maneira, a capacidade de produção e o nível
de emprego acabam sendo afetados de maneira negativa pelo processo inflacionário.

 Política econômica
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O Dicionário de Economia de Paulo Sandroni define política econômica como: “o


conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de atuar e influir sobre
os mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços”.

Em outras palavras, é o conjunto de intervenções do governo de um país em sua


economia, procurando alcançar certos objetivos. São objetivos primários:

a) nível de produção de bens e serviços que se mantenha próximo da capacidade


total de produção da economia. Uma situação onde o desemprego estaria perto de zero (o
mínimo possível);
b) Nível de preços estabilizado, com inflação muito baixa ou até mesmo sem
inflação;
c) Crescimento contínuo da produção de bens e serviços.

Esses três objetivos podem ser resumidos pela frase “pleno emprego com crescimento
adequado e sem inflação”.

Além desses objetivos primários, a política econômica procura também satisfazer


objetivos secundários:

a) produção de um conjunto ótimo de bens e serviços (que atenda as principais


necessidades da sociedade no momento) com eficiência – sem desperdício e no menos custo
de produção possível;
b) distribuição desejada e aceitável de renda – a mais justa possível;
c) equilíbrio nas contas internacionais, ou seja, no balanço de pagamentos.

Inserida no campo da economia normativa, a política econômica é reflexo de escolhas


derivadas de posições ideológicas.

Com os objetivos (tanto primários como secundários) são interdependentes, medidas


que buscam o atingimento de uns interferem nos restantes, de maneira complementar ou
competitiva. Essas relações de conflito ou complementaridade entre os objetivos das políticas
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econômicas devem ser cuidadosamente analisadas pelo governo na elaboração e


implementação de diferentes políticas econômicas.

Diversos instrumentos (meios) são utilizados pela política econômica para alcançar
seus objetivos (fins). De acordo com os instrumentos que são utilizados, a politica econômica
é classificada em monetária, fiscal ou cambial.

 Política monetária

A política monetária intervem na sociedade para controlar as variáveis monetárias:


moeda, crédito e taxa de juros. Essas variáveis são controladas pelo governo, por meio dos
instrumentos monetários que afetam diretamente o multiplicador bancário:

 Depósitos compulsórios: parcela dos depósitos à vista, caderneta de poupança,


depósito a prazo e outras formas de captação dos bancos, que deve ser recolhida ao Banco
Central. Sua variação afeta a oferta monetária da economia, ao determinar o restante dos
depósitos que poderá ser emprestado. Quanto maior o valor do depósito compulsório, menor
Serpa a disponibilidade de moeda para empréstimos. Assim, existe uma relação inversa entre
o depósito compulsório e a oferta de moeda.

 Taxa de redesconto: consiste na taxa de juros cobrada nos empréstimos do


Banco Central aos bancos. Esses empréstimos tem a finalidade de cobrir a deficiência de
caixa dos bancos diante da procura de recursos financeiros pelos correntistas. Quando a taxa
de redesconto cobrada pelo Banco Central estiver baixa, os bancos recebem forte incentivo
para emprestar. Qualquer problema de liquidez (falta de recursos financeiros para saldar os
compromissos) pode ser solucionado pela obtenção de empréstimos junto ao Banco Central.
No caso oposto (quando a taxa de redesconto estiver alta) os empréstimos bancários serão
reduzidos pelo desestimulo à tomada de empréstimos junto ao Banco Central. Quando isso
ocorre, a taxa de redesconto assume caráter restritivo, com o objetivo de não permitir aa
expansão do crédito. No caso oposto (quando a taxa de redesconto estiver alta) os
empréstimos bancários serão reduzidos pelo desestimulo à tomada de empréstimos junto ao
Banco Central. Quando isso ocorre, a taxa de redesconto assume caráter restritivo, com o
objetivo de não permitir a expansão do crédito. Uma outra forma de política de redesconto
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consiste na fixação da taxa em patamar punitivo: o banco que porventura recorresse ao


redesconto sinalizaria problemas de liquidez. Dessa forma, o Banco Central pode monitorar o
sistema.

 Operações de open market (mercado aberto): constituem operações de venda


e compra de títulos realizadas pelo governo. Consistem no instrumento mais dinâmico da
política monetária, por permitir o controle diário da oferta de moeda. Por meio dessas
operações, o governo regula o nível de liquidez da economia. Quando o governo compra
títulos da sociedade, aumenta os depósitos nos bancos, o que permite o crescimento dos
empréstimos bancários, fato que expande a oferta monetária. Na situação oposta, quando o
governo entra no mercado vendendo títulos, ele retira a moeda que circula na sociedade,
promovendo “enxugamento” do mercado.

 Política fiscal

Na política fiscal, o governo utiliza os instrumentos que controlam a arrecadação de


impostos (receitas) e seus próprios gastos (despesas).

Pelo lado da receita, os impostos tem conseqüência direta sobre o nível de demanda
agregada da sociedade, pois influem na renda disponível que as pessoas destinarão para o
consumo. Quanto maior a carga tributária, menor a renda disponível para o consumo, e menos
a demanda agregada.

Pelo lado das despesas, os gastos governamentais fazem parte da demanda agregada.
Assim, quanto maiores os gastos, maior a demanda agregada.

De acordo com a teoria Keynesiana (John M. Keynes, 1883-1946), o governo de um


país, em vez de procurar o equilíbrio no orçamento, deveria praticar uma política fiscal de
elevação dos gastos públicos e/ou redução de impostos, mesmo que incorrendo em déficits
orçamentários. Essa política aumentaria a demanda agregada (as empresas e os consumidores
comprariam mais bens e serviços). Para atender a esse aumento da demanda agregada, as
empresas necessitariam aumentar a produção de bens e serviços (oferta), contratando mais
trabalhadores, comprando mais matérias-primas e máquinas, etc. Essa política fiscal,
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inspirada na teoria de Keynes, é denominada política expansionista da demanda e da


produção. Por meio dela, o governo pode expandir a produção e diminuir o desemprego e os
recursos ociosos (aqueles que não estão produzindo) na economia.

Essa política expansionista, por estar centrada em contínuos déficits públicos, pode
aumentar a dependência do governo aos financiamentos internos (o governo necessita vender
títulos para a sociedade, para conseguir recursos financeiros) e externos (recorrer aos
empréstimos estrangeiros). Esse fato pode agravar mais ainda os déficits públicos e as contas
externas.

 Política cambial

Consiste na atuação do governo sobre a taxa de câmbio o que afeta as exportações, as


importações e o movimento internacional de capital financeiro.

O governo intervém na taxa de câmbio por meio de mecanismos que podem valoriza-
la ou desvaloriza-la.

A valorização ou apreciação da moeda nacional consiste no aumento do seu poder de


compra. Vamos supor que, pela cotação de hoje, um dólar equivalesse a R$1,80. Se a taxa
cambial diminuísse para R$1,25 por dólar, o real ficaria valorizado com o aumento do seu
poder de compra. Com a mesma quantidade de reais (R$1,80), poderíamos adquirir mais
dólares, u seja, US$1,44.

A desvalorização ou depreciação é o movimento oposto: a moeda nacional perderia o


poder de compra. Com o aumento da taxa de câmbio, de R$1,80 para R$2,00 por dólar, com a
mesma quantidade de reais (R$1,80), poderíamos adquirir menos dólares, ou seja, US$0,90.

Os movimentos da taxa de câmbio podem afetar o nível de produção de bens e


serviços e a inflação de uma economia.
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O governo também dispõe de mecanismos de intervenção direta na economia, como


tabelamento de preços, controle de salários, etc. Esses mecanismos são utilizados para
complementar as políticas econômicas.

 Exemplos de políticas econômicas

O Plano de Estabilização Econômica, conhecido como Plano Real, foi implantado em


meados de 1994. Nele encontramos exemplos de políticas cambiais, que são relacionadas a
seguir:

 Política monetária: o Plano Real se iniciou com a tentativa de eliminar a


inflação inercial, com a introdução de uma nova unidade de conta (referência em termos de
moeda, para se medir o valor dos bens e serviços), a URV – Unidade Real de Valor. A URV
tinha o objetivo de promover os ajustes necessários entre os preços na economia, utilizando
uma moeda indexada (acompanhando a inflação). Num segundo momento, a URV foi
transformada no Real, procurando romper com o processo de inflação inercial. Procurando
evitar uma explosão de consumo e crédito (procura por empréstimos) na economia, quase
sempre acompanhados de inflação, utilizou-se da política de elevação das taxas de juros.

 Política fiscal: no inicio do Plano Real foi utilizada uma política fiscal de
ajuste do orçamento da União. Foi criado o IPMF – Imposto Provisório sobre Movimentação
Financeira, com uma alíquota de 0,25% sobre débitos em conta corrente – que, por meio do
aumento da arrecadação, contribuiria para o equilíbrio orçamentário.

 Política cambial: o governo valorizou o Real para conter os movimentos


inflacionários. Com uma taxa cambial menor, com a mesma quantidade de reais poderíamos
comprar mais dólares. Assim, as importações foram estimuladas, forçando os preços dos bens
internos a se adequarem aos preços externos, como forma de não pressionar os níveis de preço
(inflação).
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EXERCÍCIOS

1. Qual o grande obstáculo para a realização das trocas numa economia de escambo,
como o homem superou esse estágio e que outras formas de moeda surgiram até alcançarmos
a moeda virtual?
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2. Quando a economia está em meio a um processo inflacionário, qual função da moeda


é mais afetada?

3. Como os bancos comerciais criam moeda?

4. Numa determinada economia, os bancos captam e mantêm como reservas 10% desse
volume para atendimento de saques de seus clientes. O BC estabeleceu a taxa do compulsório
em 15% e a emissão primária de moeda foi da ordem de $15.000. Calcule o multiplicador
bancário e a expansão dos meios de pagamentos nessa economia.

5. O que você entende por meios de pagamentos e qual o critério para sua classificação?

6. O que você entende por inflação inercial?

7. Caso o governo optasse por uma política monetária restritiva e uma política fiscal de
redução de tributos e expansão dos gastos públicos, quais seriam as conseqüências?

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