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PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

Fabio de Paula Assis

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 PROPRIEDADES DOS
MATERIAIS
1. Generalidades

Já tivemos a oportunidade de comentar anteriormente, que os metais constituem-

se no grupo mais importante de materiais, graças às inúmeras aplicações nos
vários campos da tecnologia.

Deve-se o continuado emprego e importância dos metais, ao grande conhecimento

que se vem adquirindo das propriedades e comportamento dos mesmos, bem
como ao aperfeiçoamento dos métodos de fabricação e tratamento e ao
desenvolvimento de novas ligas.

O ferro é o metal mais empregado, mas não se pode esquecer do Al, Cu, Pb, Sn e
Ni, mais comuns, bem como Cr, W, Mg, Ti etc.

A utilização do metal pelo homem data de aproximadamente 10000 anos e deve

ser considerado como um dos passos mais importantes rumo ao desenvolvimento.

O cobre, aparentemente, deve ter sido, no estado nativo, o primeiro metal usado
pelo homem, que descobriu que este metal pode ser martelado a frio e tornar-se
mais duro e resistente, tornando-o indicado ao uso como instrumento de trabalho e
defesa.

A transformação metal nativo para metal especialmente fabricado, demorou muito

tempo e a primeira utilização de um metal especialmente fabricado, pode ser
considerado um progresso tão importante como a utilização do fogo.

A obtenção do metal deve ter-se dado a partir da redução acidental de um óxido

ou outro composto metálico. Pode ter ocorrido a partir de pedras constituídas
basicamente de óxido de cobre, que eram usadas na construção de fornalhas e,
que foram acidentalmente reduzidas a metal graças ao fogo e ao carvão de
madeira utilizado como combustível. Porém, tempo muito longo decorreu até a
descoberta da relação causa-efeito.

Por outro lado, o aço, a mais importante liga de ferro e a mais importante de todas
as ligas metálicas, já eram usados pelos egípcios na construção de suas pirâmides
e, também, pelos romanos.

No entanto, foi no século XIX que começaram a se desenvolver os estudos

teóricos visando relacionar propriedades com estrutura e aprofundaram-se os
estudos de diversos tratamentos de metais e ligas visando modificar suas
propriedades.

Os metais, em poucos casos, podem ser encontrados no estado nativo, como por
exemplo, o Au, Pt, Cu, Ag e Hg. Na maior parte dos casos, os metais são
encontrados na forma combinada com outros elementos, na forma de MINERAIS,
que são óxidos, hidróxidos, sulfetos, carbonatos, como hematita, limonita, calcita,
quartzo, feldspato, mica etc. São encontrados sobre a superfície da terra,
misturados (combinação de minerais), constituindo os chamados DEPÓSITOS.
Somente alguns depósitos possuem quantidades de minerais suficientes para
permitir o seu aproveitamento econômico, constituindo os chamados MINÉRIOS –
mineral ou mistura de minerais dos quais um ou mais elementos podem ser
extraídos economicamente.

Oito elementos perfazem 98,5% do total (16 km) da crosta terrestre: O – 46,59%,
Si – 27,72%, Al – 8,13%, Fe – 5,01%, Ca – 3,63%, Na – 2,85%, K – 2,60% e Mg –
2,08%. Notar que: Cu -0,01%, W – 0,005%, Zn – 0,004% e Pb – o,oo2%.

2. PROPRIEDADES GERAIS DOS MATERIAIS

Das propriedades dos materiais metálicos, as mais importantes são as

mecânicas que, estudaremos detalhadamente em fase posterior do nosso
curso. Estas propriedades estão relacionadas com a resistência que os metais
oferecem quando sujeitos a esforços de natureza mecânica (tração, torcao,
compressão, choque etc.).

Por outro lado, certos característicos físicos e químicos dos metais têm grande
importância e, muitas vezes a seleção e utilização dos metais pode ser muito
influenciada por elas.

As propriedades que apresentaremos a seguir, caracterizam o cristal perfeito,

ao passo que as propriedades mecânicas, em geral, dependem, e muito, da
imperfeiçoes existentes nos cristais. Em outras palavras, as primeiras são
insensíveis à estrutura cristalina, enquanto as propriedades mecânicas
dependem de uma amostra particular do material.
2.1. Densidade

Peso por unidade de volume. A tabela abaixo, fornece a densidade de alguns

metais.

Para ligas, a densidade varia com a composição da liga. O inverso da

densidade é o volume específico.
2.2. Propriedades térmicas

Certamente, após as propriedades mecânicas, são as propriedades

térmicas as mais importantes, pois grande parte dos processos de
fabricação, bem como a utilização dos materiais envolvem fenômenos
térmicos, ou seja, aquecimentos e resfriamentos.

A seguir apresentamos alguns dos principais fenômenos térmicos.

 Dilatação térmica: devida ao aumento da temperatura.

Caracterizada pelo “coeficiente linear de dilatação térmica”
(cm/cm.°C).
 Temperatura de fusão (°C): transição importante em relação à
acomodacao dos átomos na estrutura do material. Ver tabela acima.
 Mudança volumétrica: a fusão/solidificação leva a uma mudança de
volume que tem consequências importantes em operações de
fundição, soldagem, tratamentos térmicos.

A seguir alguns valores de mudanças volumétricas para alguns metais.

  Capacidade calorifica e calor específico

Caloria (cal) é a energia requerida para aumentar de 1°C a temperatura de

1 g de água.

Calor específico em relação ao da água.

A seguinte fórmula dQ=Cp.dT, fornece a quantidade de calor necessária

nos processos metalúrgicos tais como fundição e tratamentos térmicos,

 Condutibilidade térmica K em cal/s.cm.°C, define a capacidade

condutora de calor de uma substancia e que depende não só da
própria substancia, como também do estado da mesma.

2.3. Propriedades elétricas

 Condutibilidade elétrica distingue metais de não metais e, nos
metais deve-se à mobilidade dos elétrons e à sua facilidade em
mover-se nos reticulados cristalinos.

Alguns valores em (ohm.m)-1 ou em mho.m-1.

  A resistividade elétrica é o inverso da condutibilidade e se exprime
em ohm.cm, relacionando-se com a resistência elétrica pela fórmula:

R – resistência em Ω

ρ – resistividade em Ω.cm

l – comprimento em cm

A – área da seção transversal do fio em cm2

2.4. Propriedades químicas

Resistência que os metais oferecem ao ataque pelo meio ambiente

(corrosão) ou pelo efeito da temperatura.

A resistência à oxidação e à corrosão tem grande importância, tendo em

vista o fato de que o meio circundante influencia o metal, propiciando
diversos ataques, alguns de caráter irregular e de difícil determinação.

A corrosão se mede em mm ou cm de superfície que se perde anualmente.

A temperatura elevada muitas vezes é condição extremamente adversa ao

comportamento do metal, influindo, e muito, na sua capacidade de resistir
às tensões a que estão submetidos.

Esta necessidade de usar metais em condições desfavoráveis, leva à

utilização de ligas especiais e ao emprego de tratamentos superficiais que
permitem aumentar a resistência à corrosão e à oxidação.