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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Escola de Educação e Humanidades


Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Filosofia
Disciplina de Filosofia Política
Aluno: Rodrigo P. M. Parmeggiani

NOTÍCIA

Opressão contra a mulher é 'meio que instinto natural do ser humano', afirma
governador de MG

Governo de Minas se manifestou após repercussão negativa à declaração, feita em


lançamento de aplicativo para proteção de mulheres.

Por G1 Minas e Bom Dia Minas — Belo Horizonte

11/03/2020 10h20

No lançamento do MG Mulher, programa de combate à violência doméstica


desenvolvido pela Polícia Civil, o governador, Romeu Zema, disse que a opressão contra a
mulher é "meio que como um instinto natural do ser humano".

A questão da opressão contra a mulher está dentro desse contexto e ela extrapola
classes sociais, mas nós temos de ter ferramentas que inibam, né, isso que a gente poderia
chamar meio que instinto natural do ser humano”.

O comentário, feito nesta segunda-feira (9), foi alvo de críticas. Ele disse que é
necessário criar formas para combater esta violência, mas a fala repercutiu negativamente
nas redes sociais e Zema recebeu muitas críticas.

Em nota, o governo de Minas disse que “trata a violência contra a mulher como um
crime, uma conduta covarde, abominável, que precisa ter uma punição exemplar. Nesse
sentido, ao dizer instinto natural do ser humano, o governador faz menção ao fato absurdo
de o agressor enxergar a violência, seja física ou verbal, como algo natural”.

A MULHER NA REPÚBLICA DE PLATÃO

A notícia, acima apresentada, contém em seu conteúdo central uma questão


polêmica acerca da figura da mulher. No caso em específico, uma polêmica gerada
decorrente da declaração do governador do estado de Minas Gerais, a respeito da opressão
sofrida pelas mulheres na sociedade, onde o político elencou (bem ou mal, esse não será o
foco) como fator determinante à opressão sofrida pelas mesmas, um atributo determinístico
e natural, ou seja, instintivo.

A questão pode ser abordada e analisada por diversas perspectivas. Particularmente,


neste caso, será feita a análise sob a ótica platônica, tendo por base sua obra filosófica A
República "summa de seu pensamento filosófico, pelo menos no tocante ao que ele
escreveu" (REALE, 1994), e como figura da mulher participa do Estado idealizado pelo
filósofo grego.

No livro V da República, Platão apresenta um princípio voltado à classe dos


guardiães responsáveis pela defesa do Estado, em que consistia à classe "ter todas as coisas
em comum: além da habitação e da mesa, também as mulheres, os filhos, a criação e a
educação da prole" (PLATÃO apud REALE). Desse princípio decorrem consequências
importantes para o assunto em questão.

Uma dessas consequências, como aponta o filósofo e historiador italiano Giovanni


Reale, é: "[...] a de entregar às mulheres dos guardiães as mesmas casas entregues aos
homens e, portanto, a de educar as mulheres com a mesma paideia ginástico-musical [...]"
(REALE, 1994). Assim, em seu projeto idealizado, Platão desloca a mulher do ambiente
doméstico e recluso, para o de exercício de mesma função do homem, embora Platão
relembre a diferença de força física naturalmente existente entre os dois. Com efeito:

A reforma que Platão propõe é verdadeiramente revolucionária para o


seu tempo, uma vez que, em geral, o grego recolhia a mulher no recinto
das paredes domésticas, confiava-lhe a administração da casa e a criação
dos filhos e a mantinha longe das atividades de cultura e de ginástica, das
atividades bélicas e políticas (REALE, 1994, p.251-252).

Portanto, as funções ou ofícios da administração do Estado seria dada a ambos


indiscriminadamente. Como pode-se perceber no trecho da obra:

- Sendo assim, meu caro, não há ocupação especial na administração da


cidade que toque apenas à mulher na qualidade de mulher, ou ao homem,
enquanto homem; as aptidões naturais são igualmente distribuídas nos
dois sexos, podendo exercer por natureza qualquer função tanto a mulher
como o homem, com a diferença de que a mulher é mais fraca do que o
homem (PLATÃO, 2000, p. 236).

Platão ainda salienta para a possibilidade, se assim for de sua natureza, da mulher se
tornar filósofa:

- E então? Não há de haver, também, mulher filósofa ou, ainda, inimiga


da Filosofia? Ou corajosa uma, e outra pusilânime?

- Isso mesmo.

(PLATÃO, 2000, p. 236).


Assim, com efeito, através de alguns elementos oriundos da obra platônica e de
comentador, podemos inferir, mesmo que temendo um anacronismo gritante ou mesmo uma
relação forçosamente estabelecida, que o discurso presente na notícia anteriormente
exposta, que visa oprimir ou mesmo rebaixar a mulher na sociedade, movido ou não por
"instinto", não encontra eco na obra político-filosófica de Platão.

REFERÊNCIAS

REALE, giovanni. História da filosofia antiga. São Paulo. Loyola, 1994.

PLATÃO. A República; tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém. EDUFPA, 2000.

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