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Aterros Sanitários e Créditos de Carbono:

oportunidades para ajudar resolver o problema ambiental

Luiz Edmundo Costa Leite


Jose Henrique Penido Monteiro

Os prejuízos causados ao meio ambiente pelos lixões ou vazadouros irregulares


significam sempre grandes problemas para as administrações municipais. Seu aspecto
desagradável e o mau cheiro que deles exala depõem contra a administração dos prefeitos
de cidades onde o lixo não é disposto corretamente. Do ponto de vista ambiental, os
lixões são uma verdadeira calamidade, causando a contaminação do solo, da atmosfera e
dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, além de propiciarem permanentes riscos
de geração de epidemias, de incêndios e de desmoronamentos.

Em decorrência da má gestão da limpeza urbana, especialmente quanto à destinação final


do lixo, diversos prefeitos têm sido diretamente responsabilizados pelos órgãos
ambientais, pelos tribunais de contas e pelos ministérios públicos, estadual e federal.

A procura da solução do problema do destino final do lixo urbano através da implantação


de usinas de reciclagem ou de incineração, apesar das ofertas mirabolantes de fabricantes,
não se mostram exitosas, pois são instalações que exigem grandes investimentos e
envolvem uma complicação operacional que as prefeituras não conseguem enfrentar em
função de suas carências financeiras e de pessoal especializado.

A alternativa mais barata e simples para os lixões é, definitivamente, os Aterros


Sanitários, desde que bem construídos e operados. São instalações que não poluem, não
exalam maus odores, e que após o encerramento de suas operações de recebimento de
lixo, podem ser aproveitados para receber campos de esporte ou parques públicos.

Um lixão pode ser eliminado ou pela sua transformação em aterro sanitário ou pelo seu
encerramento, de forma ambientalmente adequada, devendo-se, neste caso, implantar-se
um novo aterro para a cidade. Estas iniciativas esbarram, porém, nos custos de
investimento e de operação, em geral, superiores à capacidade financeira das prefeituras.

Esta situação faz com que o problema da destinação dos resíduos sólidos urbanos no
Brasil seja um problema ainda longe de ser resolvido, como mostra a recente pesquisa
sobre saneamento básico do IBGE onde o percentual de cidades com lixões é superior a
70%.

Um incentivo econômico que vem sendo cada vez mais estudado para a solução deste
problema é a exploração e utilização do biogás formado naturalmente no processo da
decomposição anaeróbia do lixo, biogás esse composto por cerca de 50% de gás

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metano.

Este gás combustível pode ser usado em caldeiras, fornos, motores à explosão para
veículos ou para geração de energia elétrica, com a vantagem adicional de gerar os
chamados CER – Certificados de Emissões Reduzidas, conforme estabelecido pelo
“Protocolo de Quioto”, que tem como objetivo reduzir a presença de gases formadores
do efeito estufa na atmosfera terrestre.

Esta nova oportunidade começa a ser apoiada pelo Banco Mundial e por outras agências
de fomento e desenvolvimento internacionais, que vem disponibilizando recursos e
informações para a implantação de aterros sanitários com sistemas de recuperação e
exploração de “Biogás do lixo” .

Neste artigo vamos tentar esclarecer a questão dos créditos de carbono, uma vez que a
recuperação e o aproveitamento do biogás como combustível já tem sido objeto de muitas
publicações técnicas, algumas disponíveis no site Resíduos Sólidos (www.web-resol.org).

2- Entendimento do efeito estufa, suas causas e conseqüências

O “efeito estufa” é um fenômeno natural, decorrente do tipo de atmosfera do planeta


Terra, fazendo com que tenhamos um clima propício à vida, como conhecemos.

Este fenômeno tem um efeito parecido ao dos painéis de vidro em uma estufa de plantas,
que retém o calor que tem origem no sol. Da mesma forma que os
painéis de vidro, a presença de alguns gases na atmosfera,
principalmente o vapor de água, o gás carbônico e o metano, Q uic k Tim e™ and a
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impedem que o calor gerado pela incidência dos raios de sol na ar e needed t o s ee t his pic t ur e.
superfície da terra, e que é refletido, seja liberado de volta ao espaço,
como mostra a figura ao lado.

Caso este fenômeno não ocorresse, nosso planeta seria frio e


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estéril, como Marte por exemplo, ou ocorrendo numa proporção
maior, a Terra seria como o planeta Vênus, também estéril e onde
a temperatura ambiente é altíssima.

Ocorre entretanto que, nos últimos anos, a concentração desses gases na atmosfera vem
aumentando, em virtude principalmente do maior uso de combustíveis fósseis, como
carvão e petróleo, nas atividades domésticas, industriais e de transporte. Como
conseqüência, está ocorrendo um processo de aumento da temperatura média da Terra,
colocando em perigo o delicado balanço de temperatura que torna o nosso meio
ambiente habitável.

Como exemplo dramático do que pode significar a mudança de clima na Terra, usa-se
como referência o fenômeno da extinção dos dinossauros, que existiam em toda terrão

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planeta e que, segundo a teoria mais aceita, desapareceram em virtude da nuvem de
poeira criada pelo choque de um meteorito na superfície de nosso planeta, que provocou
uma redução drástica da temperatura global.

A ONU, preocupada em estancar, ou, pelo menos, reduzir a velocidade deste processo,
convocou uma reunião durante a Rio 92, que estabeleceu a “Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança de Clima”, que resultou afinal no Protocolo de Quioto,
assinado na cidade de mesmo nome, no Japão, em 1997.

No geral, o Protocolo de Quioto estabelece que as emissões de gases efeito estufa (GEE)
oriundos dos países relacionados em seu Anexo 1 devem estar, entre 2008 e 2012, cerca
de 7 por cento abaixo dos níveis encontrados em 1995.

Em decorrência da recente ratificação pela Rússia, em novembro passado, o protocolo de


Quioto entrará em vigor no próximo dia 18 de Fevereiro, quando então começarão a
contar prazo todos os compromissos assumidos naquele tratado internacional.

Estes compromissos constam de metas para a redução das emissões dos gases do efeito
estufa para os paises desenvolvidos, relacionados no Anexo 1 do Protocolo, e um
programa de comercialização das “reduções de emissões” desses gases. Os países não
listados no Anexo 1, como é o caso do Brasil, não têm obrigação de redução de emissões,
de acordo com o Protocolo, mas ao contrário, poderão transferir aos paises do Anexo 1,
os créditos correspondentes à redução de emissões decorrentes de projetos empreendidos
para este fim, estabelecidos de acordo com o que se chamou de Projetos de MDL-
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

3- A ”lógica” dos créditos de carbono.

O interesse na compra de Certificados de Redução de Emissões (CRE) reside na


diferença de custos de redução de emissões que existem nos diversos paises através de
processos desenvolvidos em suas instalações que podem alcançar valores superiores a
US$ 500,00 por tonelada de carbono e os custos de redução de emissões em paises não
relacionados no Anexo 1 do Protocolo, que podem variar de US$ 1 a 30 por tonelada de
CO2.

Com base nesta diferença de preços, criou-se o Mercado de Redução de Emissões, no


qual o valor atual está em torno de US$ 5,00 por tonelada de CO2 equivalente não
emitido ou seqüestrado.

Assim, os mercados globais de carbono começaram a se formar e diversos fundos


internacionais de carbono foram criados para auxiliar no desenvolvimento de projetos
que reduzam as emissões antrópicas de carbono. Assim, cada tonelada de CO2 que deixa
de ser emitida ou seqüestrada (isto é, transformada, por exemplo, em matéria vegetal –
fixação em plantas) por um país em desenvolvimento, pode então ser negociada no
mercado mundial através dos mencionados Certificados de Emissões Reduzidas (CER) .

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É importante lembrar que cada tonelada de metano equivale a 21 toneladas de CO2, em
termos de efeito estufa. Assim, os CER’s passam a existir na medida em que ocorre a
simples combustão do metano, e assim as emissões equivalentes em CO2 são diminuídas.

Para a emissão dos CER’s, o projeto, a implantação e a operação do empreendimento


devem ser certificados e auditadas por entidades independentes e acreditadas junto à
ONU, com base em:

(a) Participação voluntária, isto é, não exigida pela legislação;

(b) Benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo;

(c) Reduções de emissões que sejam adicionais as que ocorreriam na ausência do projeto
(linha de base).

As aplicações do MDL em aterros sanitários são consideradas de alta eficiência na


redução de emissões, pois além de exigirem baixos investimentos, vêm ao encontro de
políticas públicas que visam a melhoria das condições sanitárias e do meio ambiente,
resultando, enfim, na melhoria da qualidade de vida da população urbana, ajudando a
transformar lixões em aterros sanitários.

Aproveitando esta nova oportunidade econômica, cidades do Mercosul estão começando


a investir no tratamento do lixo urbano para reduzir a emissão de metano e obter receita
por intermédio dos CER’s, vinculados aos projetos de aterros sanitários realizados de
acordo com o MDL.

Na Argentina foi recentemente aberta licitação para uma concessão que envolve a coleta
e tratamento do metano no grande aterro sanitário de Villa Domínico, em Buenos Aires,
com apoio e assistência do Banco Mundial. Este projeto é o primeiro, da Argentina, que
será apresentado ao Conselho Executivo do Protocolo de Quioto como MDL.

O projeto pioneiro no contexto do MDL, aprovado pelo seu Conselho Executivo, ocorreu
no Brasil: a unidade de geração de eletricidade utilizando o metano do biogás de lixo
como combustível, implantada pela empresa Nova Gerar, em Nova Iguaçu (RJ). O
projeto vai capturar o equivalente a 2,5 milhões de toneladas de gás carbônico (US$ 4,5 a
tonelada) e tem, no Governo da Holanda, seu primeiro cliente.

Outro projeto brasileiro, o Vega-Bahia, em Salvador, realizado no aterro Metropolitano


Centro, que já foi aprovado pelo Governo Brasileiro, através da Comissão
Interministerial do Clima, presidida pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, está, no
momento, aguardando a avaliação do Conselho Executivo do Protocolo de Quioto.

O primeiro projeto realizado no Uruguai foi no aterro sanitário de Las Rosas, na

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Província de Maldonado, e tem o objetivo de capturar 18.962 toneladas de metano, num
período de 15 anos.

Vê-se assim que o “mercado” de créditos de carbono está evoluindo rapidamente e se


adequando aos princípios do MDL, estabelecido pelo Protocolo de Quioto.

4- Em que circunstâncias o biogás de um aterro municipal pode ser aproveitado?

Para a consecução bem sucedida de um projeto de recuperação e utilização de biogás,


com a conseqüente redução das emissões de metano para a atmosfera, todo o sistema de
limpeza urbana de uma cidade deve estar funcionando satisfatoriamente, de acordo com
alguns critérios de qualidade. Apresentamos a seguir, nos diversos setores envolvidos
com a operação de um sistema de limpeza urbana, alguns condicionantes fundamentais
para se atingir resultados concretos dentro do objetivo pretendido.

a. Institucionais

Deve haver uma clara e inequívoca demonstração, por parte do Prefeito e de sua equipe
de secretários, da intenção de implementar um programa permanente de coleta e
destinação final dos resíduos domiciliares com qualidade tal que alcance toda a
população urbana (universalização dos serviços), garantindo assim sua saúde e a
qualidade do meio ambiente local.

Para que se consiga este feito, é necessária a existência de uma unidade gerencial mínima
na administração municipal, com suficiente capacitação para o desempenho destas
atribuições, além de uma dotação orçamentária anual, específica para limpeza urbana, em
valor adequado às necessidades de investimento e custeio das operações do sistema.

Alem disso, recomenda-se o estabelecimento de um arranjo institucional entre as diversas


instituições envolvidas no projeto, ou seja, a própria municipalidade, a empresa
operadora do aterro, na hipótese dos serviços estarem terceirizados, a empresa
distribuidora de eletricidade ou consumidora de vapor, se houver geração de energia a
partir do biogás, e o órgão responsável pelo meio ambiente do Estado ou do Município,
se houver.

b. Físicas e operacionais

Deve se contar com a existência de um aterro predominantemente constituído por


deposição de resíduos domiciliares com alto teor de matéria orgânica, e que tenha
recebido uma quantidade mínima de 15.000 toneladas de resíduos (correspondente a
21.400 m3, considerando-se uma densidade de 0.7 t/m3, ocupando um volume que pode
ser representado, para se ter uma idéia melhor, por um prisma de 6 m de altura e 60 m de
lado); espessura da camada de resíduos de pelo menos 6 metros; cobertura total com
argila de toda a superfície do aterro e seus taludes; recebimento regular de resíduos de

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pelo menos 20 t/dia.

Na hipótese do aterro não ser operado de forma sanitária, sem cobertura do lixo com
argila nem coleta e tratamento de chorume e biogás, deve-se estudar a possibilidade de
sua recuperação ao mesmo tempo em que se reinicia a operação em moldes sanitários ou
controlados. Deve-se dar preferência à continuidade da operação na mesma área onde o
antigo vazadouro vem operando, se esta atender às condições fundiária, de zoneamento
urbano e ambientais mínimas, de modo a se evitar as dificuldades naturais de implantação
de um novo aterro em área urbana.

c. Sociais

Deverá ser implementado um programa de sensibilização da população para a questão da


limpeza urbana, de modo a levar a todos os cidadãos o conhecimento do problema de
saneamento em sua região, dos recursos necessários para sua solução e da sua parcela de
responsabilidade neste processo.

5- Condições de elegibilidade para implementação de projetos de mitigação de


emissões de GEE em aterros de resíduos sólidos

A implementação de um programa de redução de emissões de metano gerado em aterros


de resíduos urbanos deverá obedecer a critérios de elegibilidade dos diversos projetos
apresentados, de modo a serem avaliados com diferentes graus de prioridade pela
Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC), órgão presidido pelo
Ministério de Ciência e Tecnologia, visando a eventual aplicação de recursos públicos ou
a implementação de projetos de mitigação da emissão daquele gás em nosso país através
da mobilização de investimentos, por parte do setor privado nacional e internacional.

Deve-se ainda ter-se a garantia, não só de bons resultados na captação do biogás e a


transformação do metano nele contido em CO2, mas também na continuidade do
processo a longo prazo, uma vez que o biogás continua sendo produzido em quantidades
razoáveis por um período de mais de 15 anos após o encerramento do aterro como
repositório de resíduos.

Assim, sugere-se a implantação de um processo de elegibilidade de um projeto através do


preenchimento, a partir de suas características específicas, de uma matriz constituída por
fatores condicionantes e facilitadores, cuja análise, baseada em critérios pré-
determinados, permitirá a sua capacitação a receber o endosso preliminar do Ministério
do Meio Ambiente e posteriormente, se for o caso, a aprovação da CIMGC.

Na tabela a seguir estão relacionadas algumas características básicas, cujas ocorrências


ou não, facilitarão o julgamento para determinação da elegibilidade de determinado
projeto.

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Critério de Elegibilidade para obter Créditos de Carbono em Aterros Sanitários
Características Sim Não
A população urbana é maior que 30.000 habitantes ?
Existe um órgão responsável pela limpeza urbana no município ?
Há capacitação técnica no órgão responsável ?
O sistema de coleta de lixo atende, no mínimo, a 80% da população ?
A acumulação do lixo coletado, em um único lugar, é de, pelo menos, 15 t/dia ?
O aterro está operando regularmente em moldes controlados: há disponibilidade de
equipamentos, segue um plano de avanço, os resíduos são compactados, é feita a
cobertura regular com capa de argila, a camada de resíduos tem mais que 5 metros de
espessura,há captação e tratamento ou recirculação de chorume ?
O aterro está sendo operado de forma terceirizada ?
Existe rubrica orçamentária municipal específica para a limpeza urbana com valores
suficientes para a manutenção dos serviços com qualidade adequada ?
Existe taxa de limpeza urbana ou de coleta de lixo, com arrecadação superior a 40 %
do custo dos serviços
Existe, no município, um Regulamento de Limpeza Urbana, que pode ser parte do
Código de Posturas, mas que tenha eficácia
Há a determinação política do Prefeito em recuperar o vazadouro existente, se for o
caso, e implantar novo aterro em moldes sanitários
Existe área, de propriedade da Prefeitura, com condições ambientais adequadas para
receber um aterro sanitário
Existe, ou pretende-se implantar, um programa de sensibilização da população para as
questões ambientais, de modo geral, ou de limpeza urbana, em particular
Não ocorre vazamento de resíduos industriais no aterro

6- Conclusões

A relação entre os Aterros Sanitários e os Créditos de Carbono reside no fato de que os


projetos de recuperação e utilização do biogás de aterro, através da sua queima e
transformação em CO2, são considerados menos onerosos do que diversas outras opções
para a redução de emissões dos GEE’s. Conseqüentemente, é de se esperar que estes
projetos, aplicados em aterros sanitários, sejam objeto do interesse das principais
corporações internacionais, como forma de obterem os CRE’s de forma menos onerosa.

A receita oriunda dos CER’s, ainda que não ocorra imediatamente após a transformação
de um lixão num aterro sanitário, poderá servir, a médio prazo, de real ajuda financeira às
Prefeituras, para garantir a correta operação de instalações para destinação final do lixo
urbano, resolvendo, definitivamente e a baixo custo, esta obrigação constitucional e
moral das prefeituras, que é dar uma destinação correta aos resíduos produzidos nas suas
aglomerações urbanas e oferecer adequadas condições de saneamento básico aos
moradores das cidades que administram.

Rio de janeiro, Janeiro de 2005

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