Вы находитесь на странице: 1из 5

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/05/2020

Número: 0711449-44.2020.8.07.0000
Classe: SUSPENSÃO DE SEGURANÇA CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Conselho da Magistratura
Órgão julgador: Presidência do Tribunal
Última distribuição : 12/05/2020
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Tutela de Urgência
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
DISTRITO FEDERAL (REQUERENTE)
FLAVIO JAIME DE MORAES JARDIM (ADVOGADO)
BROOKSDONNA COMERCIO DE ROUPAS LTDA.
(REQUERIDO)
HELCIO HONDA (ADVOGADO)
ATP TECNOLOGIA E PRODUTOS S/A (REQUERIDO)
WILLIAM ACACIO AYRES ANGOLA (ADVOGADO)
CIATOY BRINQUEDOS LTDA (REQUERIDO)
NILSON JOSE FRANCO JUNIOR (ADVOGADO)
VIA VENETO ROUPAS LTDA (REQUERIDO)
HELCIO HONDA (ADVOGADO)
MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S/A
(REQUERIDO)
FRANCISCO CARLOS ROSAS GIARDINA (ADVOGADO)
LUIZ GUSTAVO ANTONIO SILVA BICHARA (ADVOGADO)

Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
16035356 18/05/2020 Decisão Decisão
18:48
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS
Gabinete da Presidência

ÓRGÃO: PRESIDÊNCIA
CLASSE: SUSPENSÃO DE SEGURANÇA CÍVEL (11556)
PROCESSO: 0711449-44.2020.8.07.0000
REQUERENTE: DISTRITO FEDERAL
REQUERIDO: MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S/A, VIA VENETO ROUPAS
LTDA, CIATOY BRINQUEDOS LTDA, ATP TECNOLOGIA E PRODUTOS S/A, BROOKSDONNA
COMERCIO DE ROUPAS LTDA.

DECISÃO

O DISTRITO FEDERAL requer, com fundamento nos artigos 4º, caput e § 8º, da Lei 8.437/1992, e 15,
caput e § 5º, da Lei nº 12.016/2009, a suspensão de medidas liminares concedidas em seu desfavor, nos
mandados de segurança 0702864-46.2020.8.07.0018, 0702548-33.2020.8.07.0018 e
0702946-77.2020.8.07.0018, nos quais figuram como impetrantes, respectivamente, VIA VENETO
ROUPAS LTDA., MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S/A. e CIATOY
BRINQUEDOS LTDA., bem como na ação cautelar 0702991-81.2020.8.07.0018, cuja autora é a empresa
ATP TECNOLOGIA E PRODUTOS S.A.

Alega, em síntese, que tem por objetivo sustar os efeitos das referidas decisões interlocutórias concedidas
em seu desfavor e por meio das quais foi determinada a suspensão da exigibilidade tributária, além de
eventuais multas pecuniárias derivadas do inadimplemento, do ICMS e do IPTU, tributos de competência
local.

Noticiam os autos que, as decisões liminares foram proferidas nos seguintes termos:

No processo 0702864-46.2020.8.07.0018, em curso na 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal,


onde figura como impetrante a empresa VIA VENETO ROUPAS LTDA, a seguinte determinação: “Em
face das considerações alinhadas DEFIRO A LIMINAR para determinar a suspensão da exigibilidade do
ICMS e das parcelas vincendas dos parcelamentos do ICMS existentes em nome das impetrantes pelo
prazo de 90 (noventa) dias, cujas datas de vencimento recaiam em abril, maio e junho e da exigibilidade
do cumprimento da obrigação acessórias como a entrega de GIA e SPED ICMS, ficando a autoridade
impetrada impedida de realizar cobrança de encargos moratórios em razão desta decisão”;

No processo 0702548-33.2020.8.07.0018, em curso na 6ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal,


tendo como impetrante a MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A., a seguinte
determinação: “Diante do exposto, DEFIRO PARCIALMENTE o pedido liminar apenas para determinar
às autoridades impetradas que se abstenham de adotar quaisquer sanções pecuniárias e administrativas

Número do documento: 20051818482776300000015591022


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20051818482776300000015591022
Assinado eletronicamente por: ROMEU GONZAGA NEIVA - 18/05/2020 18:48:27 Num. 16035356 - Pág. 1
cabíveis, referente ao IPTU do Park Shopping de propriedade da autora, com vencimento no mês de
maio de 2020, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de abertura do comércio, prevista para
04/05/2020, sob pena de cominação de multa a ser fixada por este Juízo, em caso de descumprimento”;

No processo 0702946-77.2020.8.07.0018, em trâmite na 8ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal,


sendo impetrante a empresa CIATOY BRINQUEDOS LTDA., a seguinte determinação: “Em face das
considerações alinhadas DEFIRO A LIMINAR para determinar a suspensão da exigibilidade dos tributos
de competência do Distrito Federal pelo prazo de 90 (noventa) dias”;

E no processo 0702991-81.2020.8.07.0018, oriundo da 3ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal,


impetrado por ATP TECNOLOGIA E PRODUTOS S.A., a seguinte determinação: “Forte na
fundamentação acima exposta, DEFIRO parcialmente a tutela de urgência para DETERMINAR ao
Distrito Federal que se abstenha de cobrar os parcelamentos em curso da empresa autora referentes ao
ISSQN (parcelamentos nºs 4001079088, 4107495956, 4107891940, 4108168754, 4108631802,
4108839373 e 4108823221) e IPTU/TLP incidente no imóvel de matrícula nº 3011859X, bem como o
ISSQN vencido e vencidos, nas competências de março, abril e maio de 2020, prorrogando-se o
vencimento em 30 (trinta) dias após o encerramento do isolamento – restrição de funcionamento à
atividade da empresa autora – imposto por meio do Decreto Distrital n° 40.583, de 1º de abril de 2020,
sem a incidência de multa e juros de mora, com direito, inclusive, à expedição de Certidão Positiva com
Efeitos de Negativa no que diz respeito às exações ficais ora suspensas”.

Como fundamento principal do presente pedido de suspensão, afirma o Distrito Federal que, embora
reconheça a dificuldade econômica enfrentada pelas referidas empresas, decorrente das restrições
sanitárias impostas ao regular funcionamento do comércio local após declarada a pandemia decorrente do
Covid-19, os efeitos das liminares possuem o condão de promover grave lesão à saúde, à economia e à
ordem públicas, na medida em que impactam, de forma direta e negativa, a arrecadação tributária do
Distrito Federal nesse período de grave crise econômica.

Defende a possibilidade de haver colapso nas contas públicas caso mantidas as decisões impugnadas,
justamente nesse período em que a presença do Estado se faz extremamente necessária, pois, a
arrecadação tributária é a maior fonte de receita pública estatal.

Tece considerações a respeito do efeito multiplicador de decisões desse jaez, porquanto as demais pessoas
jurídicas e naturais do Distrito Federal poderiam se valer do Poder Judiciário para se eximirem de suas
obrigações tributárias.

Verbera que a projeção de decréscimo na arrecadação – desconsiderando o impacto de decisões que


venham a suspender a exigibilidade tributária, tais como as impugnadas – é da ordem de R$ 1,19 bilhão
na receita anual do ICMS, e de R$ 279,40 milhões com relação ao ISS, tomando-se por base os valores
estimados de arrecadação estampados na Lei Orçamentária Anual de 2020.

Defende que as indevidas suspensões da exigibilidade de tributos e parcelamento de penalidades


moratórias ofendem o artigo 2º da Constituição Federal, mais precisamente, o princípio da separação dos
poderes, uma vez que é de competência exclusiva do Poder Legislativo conceder benefícios tributários;
que tais medidas violam o artigo 151 do CTN, por se de competência da Administração Pública conceder
moratória; e que essas decisões contrariam o artigo 20 da LINDB, porquanto não foram consideradas nas
suas análises as consequências práticas sob a ótica da arrecadação pública, alertando que está sendo mais
benéfico às empresas a concessão de moratória tributária, sem incidência de juros e outros consectários
legais, ao invés de terem que lançar mão de empréstimos bancários oferecidos à categoria nesse atual
contexto com condições vantajosas.

Número do documento: 20051818482776300000015591022


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20051818482776300000015591022
Assinado eletronicamente por: ROMEU GONZAGA NEIVA - 18/05/2020 18:48:27 Num. 16035356 - Pág. 2
Destaca, ademais, não ser razoável a suspensão de obrigações acessórias como a determinada no mandado
de segurança 0702548-33.2020.8.07.0018, pois não houve deferimento do pedido de suspensão de
exigibilidade tributária, mas, a ordem de o requerente se abster de adotar “quaisquer sanções pecuniárias
e administrativas cabíveis, referentes ao IPTU do Park Shopping de propriedade da autora, com
vencimento no mês de maio de 2020, pelo prazo de 60 (sessenta) dias”.

Por fim, colaciona, como reforço às suas razões, decisão proferida pelo Presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ministro Dias Toffoli na qual, ao apreciar caso supostamente análogo aos ora examinados,
deferiu o pedido de suspensão de segurança proposto pelo Estado de São Paulo.

É o relatório.

Presentes se mostram os pressupostos processuais e as condições da ação, em face do disposto nos artigos
4º, caput, da Lei 8.437/1992, e 12, § 1º, da Lei 7.347/1985, que prevêem a possibilidade de suspensão,
mediante decisão fundamentada, da execução de antecipação dos efeitos da tutela concedida nas ações
movidas contra o Poder Público ou seus agentes.

Com efeito, o DISTRITO FEDERAL é pessoa jurídica de direito público, sendo que as decisões cuja
suspensão se propugna foram proferidas nos autos dos mandados de segurança
0702864-46.2020.8.07.0018, 0702548-33.2020.8.07.0018 e 0702946-77.2020.8.07.0018, bem como na
ação cautelar 0702991-81.2020.8.07.0018.

A rigor, verifica-se, nesta via excepcional, tão-somente a ocorrência ou não de lesão aos valores tutelados
pela norma de regência - ordem, saúde, economia e segurança públicas - devendo o Presidente do
Tribunal ater-se à potencialidade lesiva do ato decisório atacado.

A propósito, prevê o artigo 4º, caput, da Lei 8.437/1992:

Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, em


despacho fundamentado, a execução de liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus
agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em
caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas.

Na mesma linha, dispõe o artigo 12, § 1º, da Lei 7.347/1985, verbis:

A requerimento da pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o
conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual
caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

Analisando as decisões impugnadas, percebe-se o nítido efeito de concessão de moratória em favor das
empresas requeridas, pois não se divisa qualquer ilegalidade da Fazenda Pública do Distrito Federal na
cobrança dos tributos relativos ao ICMS, ISS e IPTU/TLP.

A questão gravita, tão somente, em torno do atual panorama econômico que impôs restrições ao pleno
funcionamento das atividades empresariais no âmbito do Distrito Federal por força da pandemia do

Número do documento: 20051818482776300000015591022


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20051818482776300000015591022
Assinado eletronicamente por: ROMEU GONZAGA NEIVA - 18/05/2020 18:48:27 Num. 16035356 - Pág. 3
Covid-19, reduzindo sobremaneira a capacidade financeira das empresas que exploram as suas atividades
comerciais.

Isso porque, percebe-se em todos os dispositivos retro transcritos, não a declaração de ilegalidade
manifesta da exação fiscal, mas apenas a sua impertinência momentânea.

As decisões que se buscam suspender com o presente pedido apenas prorrogam o vencimento dos
tributos, invariavelmente, para momento posterior ao encerramento do isolamento social decretado pelo
Governo Local.

Dúvidas não subsistem que a suspensão de créditos tributários, mais precisamente in casu a moratória
(art. 151, I, CTN), deve ser precedida de lei em sentido formal, nos termos do disposto no artigo 97,
inciso VI, do Código Tributário Nacional.

A concessão desse benefício deve possuir ainda caráter geral, conforme artigo 152, inciso I, do CTN,
observada a competência da pessoa jurídica de direito público legitimada à elaboração do ato
administrativo correspondente elencado nas respectivas alíneas do mencionado preceptivo.

Nesse descortino, divisa-se, portanto, eventual invasão de competência por parte dos prolatores das
decisões fustigadas, na medida em que não compete ao Poder Judiciário se imiscuir nas competências
legislativas próprias do Poder Executivo.

Nada obstante, com os olhos postos nos pressupostos da presente medida de suspensão, em que pese a
questão da competência exclusiva do Poder Executivo na concessão de moratória, certo é que a
manutenção das decisões resistidas demonstram ainda a potencialidade lesiva aos bens jurídicos aqui
tutelados, quais sejam, a ordem, a saúde e, principalmente, a economia públicas.

A existência de moratórias de forma indiscriminada em desfavor do Ente Público requerente possui o


condão de provocar graves riscos às finanças públicas, e, por conseguinte, comprometer até a plena
prestação de serviços públicos essenciais à saúde da população em tempos de pandemia.

A ordem pública, nesse panorama, igualmente, estaria ameaçada.

Assim, a conveniência e a oportunidade apontam para a suspensão das decisões vergastadas.

Por todo o exposto, reputando presentes os requisitos legalmente exigidos, DEFIRO a suspensão
pleiteada, para suspender as decisões liminares proferidas nos mandados de segurança
0702864-46.2020.8.07.0018 e 0702946-77.2020.8.07.0018, ambos em trâmite na 8ª Vara de Fazenda
Pública do Distrito Federal, 0702548-33.2020.8.07.0018, oriundo da 6ª Vara da Fazenda Pública do
Distrito Federal e, na ação cautelar 0702991-81.2020.8.07.0018 da 3ª Vara da Fazenda Pública do Distrito
Federal.

Oficie-se aos Juízos da 3ª, 6ª e 8ª Varas da Fazenda Pública do Distrito Federal.

Publique-se.

Intimem-se.

Documento assinado digitalmente


Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA
Presidente do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios

A008

Número do documento: 20051818482776300000015591022


https://pje2i.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20051818482776300000015591022
Assinado eletronicamente por: ROMEU GONZAGA NEIVA - 18/05/2020 18:48:27 Num. 16035356 - Pág. 4

Вам также может понравиться