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“Talvez estejamos nos desviando do caminho que leva à paz e percebamos ser
necessário parar, ponderar e refetir sobre os ensinamentos do Príncipe da Paz e
tomar a decisão de incorporá-los a nossos pensamentos e ações, viver a lei maior,
caminhar por uma estrada mais elevada e ser melhores discípulos de Cristo.”
Pres. Thomas S. Monson
Não tem nome, não tem identificação, não tem dizeres. Se esconde entre os
galhos da nossa árvore há cerca de dez anos. Tudo começou porque meu marido
Mike odiava o Natal. Claro que não era o verdadeiro sentido do Natal, mas seus
aspectos comerciais: gastos excessivos, a corrida frenética na última hora para
comprar uma gravata para o tio Harry e o talco da vovó, os presentes dados com
uma ansiedade desesperada porque não tínhamos conseguido pensar em nada
melhor.
Quando o jogo começou, fiquei preocupada ao notar que a outra equipe estava
lutando sem o capacete de segurança que tinha como intuito proteger os ouvidos
dos lutadores. Era um luxo ao qual a equipe dos pé-sujos não podia se dar. No fim
das contas, a equipe da escola do meu filho acabou arrasando com eles.
Ganharam em todas as categorias de peso.
E cada um dos meninos da outra equipe que levantava do tatame se virava com
fúria, fazendo pose de valente, procurando mostrar um orgulho de quem não
ligava para a derrota. Mike, que estava sentado ao meu lado, balançou a cabeça,
triste:
Queria que pelo menos um deles tivesse ganhado, disse.
Eles têm muito potencial, mas uma derrota dessas pode acabar com o ânimo
deles.
Mike adorava crianças - todas as crianças - e as conhecia bem, pois tinha sido
técnico de times mirins de futebol, basquete e vôlei. Foi aí que tive uma idéia para
o presente dele. Naquela tarde, fui a uma loja de artigos esportivos e comprei
capacetes de proteção e tênis especiais que enviei, sem me identificar, à igreja
que patrocinava a equipe adversária. Na véspera de Natal, coloquei o envelope na
árvore com um bilhete dentro, contando ao Mike o que tinha feito e que esse era o
meu presente para ele. O mais belo sorriso iluminou o seu rosto naquele Natal.
Isso se deu em todos os anos consecutivos.
A cada Natal, eu seguia a tradição: uma vez comprei ingressos para um jogo de
futebol para um grupo de jovens com problemas mentais, outra vez enviei um
cheque para dois irmãos que tinham perdido a casa num incêndio na semana
antes do Natal e assim por diante. O envelope passou a ser o ponto alto do nosso
Natal. Era sempre o último presente a ser aberto na manhã de Natal. Nossos
filhos, deixando de lado seus novos brinquedos, ficavam esperando ansiosamente
o pai pegar o envelope da árvore e revelar o que havia dentro.