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Seria uma afirmação do óbvio se dissesse que Isaac Zita tenha lido a obra de Luís Bernardo
Honwana, pois, como revelam os artigos dos académicos Irene Mendes e Nataniel Ngomane,
deixam claro que, de facto, a obra de Honwana teve influência sobre a do Zita. Portanto,
colocando o detractor sistemático em standby, ou seja, não caminhando entre os contos “Dina” e
“A Raiva” na carrinha escolar francesa, isento este ensaio desta perspectiva, optando por uma
visão mais ampla da mensagem submergida nos dois contos.
1. Motivação
A mais notável divergência entre o conto “Dina” de Luís Bernardo Honwana e “A Raiva” de
Isaac Zita, é o principal pressuposto que serve nesta análise de fundação para o estabelecimento
desta ponte contrastante que procura colidir as duas situações, digamos kafkianas, em que ambos
se encontram, porém reagindo de formas distintas a favor de sua condição social.
2. Metodologia comparatista
3. Objectivos
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4. Conceitos operatórios
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5. Análise
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5.1. Aspectos comuns
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6. Interpretação
George Plekhanov, teórico literário russo, afirma que “É um velha história mas eternamente
nova. Quando uma classe vive da exploração de outra classe situada em graus mais baixos da
escala econômica, e quando aquela logrou dominar por completo na sociedade, todo avanço que
faz representa uma incursão para baixo”. Essa incursão para baixo, pode ser tido como o
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ignorado estado de abatimento por parte de tanto os trabalhadores no “Dina” como “A Raiva”,
sendo a exploração um acto que mais destrói do que constrói. O opressor não se importa com a
condição psicológica do oprimido, interessando-lhe apenas o capital humano para a produção do
capital económico.
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6.1. Aspectos comuns
- Mas o que tens, rapariga? Não queres o dinheiro? Tens medo de o receber? – Calou-
se, aguardando a resposta de Maria. Mas continuou: - Tens medo que os rapazes saibam
que és uma puta?”; ou em “A Raiva”: “T’ás velho kokwana… - troçou o capataz,
alargando o seu sorriso. – Velho mesmo!... […]
- Que pensas ainda fazer, kokwana? Estás velho… - Insistia o capataz. Chegando ao
ponto de agredir o velho: “Irritado, o capataz lançou-me um pontapé que, subitamente,
atirou comigo de gatas para o meio do chão.
Tanto no “Dina” como a “A Raiva”, há o questionamento da sua condição social ou
existencial.
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O pretexto em “Dina” é a hora do almoço e a “A Raiva” o sentimento de revolta do
N’tchavane.
7. Conclusão
Tendo em conta que, segundo Victor Zhirmunsky, a literatura é um produto social, conclui-se
com este ensaio que, Luís Bernardo Honwana e Isaac Zita, uma vez integrados no mesmo
contexto social, transmitiram sua mensagem, por via da literatura, a todos os submetidos ao
sistema opressor, sendo a do Honwana a de alerta e a do Zita a reaccionária. No “Dina” há o
retrato das condições em que os nativos encontravam-se a exercer a sua actividade laboral, sob o
regime colonial. E um tempo depois, já criando-se mecanismos para revoltar-se contra esse
regime, sendo uma das ferramentas a literatura como arma de luta de libertação, eis Isaac Zita,
inserido nessa mesma sociedade, dando por si nessa época de iniciação a luta, sugere-se, dá o seu
manifesto de forma reaccionária ao regime colonial.
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8. Referências bibliográficas