Caroline Afonso Manolio​ | Nº USP 10313936 

AUH0125 - Arquitetos: Projeto e Críticas​ | Prof. Mônica Junqueira 

1º Semestre de 2020 
 
Comentários e questões - ​Caminhos da Arquitetura ​de Vilanova Artigas 
 
Inicialmente,  nesse  texto,  Vilanova  artigas  faz  um  comentário  sobre  as  relações  entre  as  formas 
da  arquitetura  moderna e as premissas nas quais se baseiam​. Para isso, ele faz uma breve síntese 
de  duas  das  correntes  que  mais  influenciaram  o  movimento  moderno  na  arquitetura.  De  um  lado, 
aquela  representada  por  ​Frank  Lloyd  Wright​:  com  a  expressão  verdadeira  dos  materiais  e 
integração  orgânica  à  natureza.  De outro, aquela relacionada a ​Le Corbusier​: uma arquitetura que é 
a  expressão  da  indústria  moderna,  um  cenário  em  que  a  técnica  é  a  solução  para  os  problemas 
propostos  pela  arquitetura  e  pelo  urbanismo,  mas  também  para  os  problemas  sociais  do  mundo 
moderno. 
Também  nesse  trecho,  Artigas  sintetiza  o  objetivo  do  artigo  -  fundamentar  a  ideia  de  que  a  obra 
dos  arquitetos  exprime  ideologicamente  o  pensamento  da  burguesia  e  aponta  que,  na 
circunstância  de  luta  entre  classes  a  arquitetura  moderna  é  uma  arma  de  opressão  da  classe 
dominante. 
 
Uma  nova  teoria  para  a  arquitetura  moderna​:  a  partir  desse  subtópico,  Artigas  aprofunda  a 
exposição  do  que  já  deu  indícios  na  primeira  parte  do  texto,  a  sua  ​agenda  política  dentro  da 
arquitetura moderna. 
Aqui,  Artigas  aponta  que  as  correntes  elencadas  anteriormente  se  contradizem  e  por  isso  se 
destroem  mutuamente,  e  assim,  nenhuma  delas  sozinha  "​dá  segurança  à  burguesia  nos  tempos 
que correm​". 
Aponta  também  uma  tendência  da academia de canalizar todos os caminhos do modernismo ​numa 
grande corrente​, "​harmonizar sem muito barulho​". 
Como  fator  de  unidade  entre  essas  diversas  correntes,  Artigas  indica  o  conjunto  das  incertezas, 
suspeitas  e  falta  de  uma  referência-guia  para  se  acreditar  do pós-guerra e os apelos de retomar o 
caminho do período pré-guerra. 
 
Apolo e Dionísio fazem urbanismo​: Nesse trecho, Artigas mostra uma visão cética em relação o 
caos das cidades e o comando que a burguesia exerce sobre elas. Na cidade de São Paulo, ele 
indica que a própria prefeitura exerce "​cinismo burguês à falta de autores qualificados​" e notas 
objetivas, que não temem a verdade, são frequentes na imprensa diária. ​Isso mostra-se realidade 
ainda hoje, nos diversos canais de comunicação​.  
 
"Os planos são a solução. Planos, projetos, levantamentos, dados estatísticos. [...] Planos que 
iludam o povo e deixem a impressão de que alguma coisa se está fazendo" 
 
  
 

 
 
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/cidade-de-sp-tem-deficit-de-358-mil-moradias-e-1385-imoveis-ociosos.ghtml 
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/09/prefeitura-de-sao-paulo-empurra-com-a-barriga-o-problema-de-moradia-avalia-bonduki 
 

Nesse  trecho,  nota-se  também  que,  apesar  da  aproximação  em  termos  formais e programáticos 
da  obra  de  Artigas  e  algumas  preocupações  espaciais  no  âmbito  da  arquitetura  à  obra  de  Frank 
Lloyd  Wright  - como a ética e a verdade quanto ao uso dos materiais;  Artigas mostra sua oposição 
à ideologia mostrada pelo arquiteto americano nos termos da cidade e do urbanismo: 
 
“Frank Lloyd Wiright, Bertrand Russel e toda uma malta de safados, alardeia ideias democráticos e 
propõe a existência de um mundo decalcado na Idade Média. Os planos urbanísticos de Wright se 
resumem numa cidade-monstra a que chama Broadacre City” 
 
 
A arquitetura moderna brasileira​:  
“Hoje, a arquitetura moderna brasileira progride no sentido de servir de cartaz de 
propaganda para tudo quanto é malandragem comercialesca do tipo vendas em 
condomínio e hotéis em praias desertas, ao mesmo tempo que concorre para reforçar a 
penetração do imperalismo.” 
 
Assim  como  no  caso  da crítica de Artigas ao posicionamento da prefeitura de São Paulo frente aos 
problemas  urbanos  e  à  questão  da  habitação,  as  críticas  do  arquiteto  ao  papel  da  arquitetura 
moderna  e  seu  poder  imagético  para  as  propagandas  de  vendas  em  condomínios  e  hotéis  em 
praias  desertas  é  apontada  ainda  nos  dias  de  hoje.  É o caso do ​Condomínio Acapulco Guarujá e da 
rede  de  hotéis  Txai,  ​ambos  empreendimentos  de  altíssimo  padrão  que  tem  na  arquitetura  - 
contemporânea,  mas  com  traços  nitidamente  modernos  -  um  dos  pontos  principais  em  seus  de 
marketing.  
No  primeiro  caso,  o  condomínio  tem  sua  imagem  associada  às  grandes  mansões  de  arquitetura 
contemporânea,  que  se  apropria  de  uma  série  de  características  arquitetura  moderna,  usando  ao 
seu favor a arquitetura como um dos pontos essenciais de sua autopromoção. 
Já  a  rede  Txai  se  caracteriza  por  um  complexo  de  hotéis  distribuídos  em  meio  às praias restritas 
do  litoral  baiano.  O  marketing  da  rede  também  baseia-se  na  imagem  da arquitetura - uma espécie 
de arquitetura com traços modernos e roupagem regionalista. 
 

 
https://www.jardimacapulco.com.br/administradora.php 
https://edmundoimoveis.com.br/detalhes.php?codigo=1467 
https://edmundoimoveis.com.br/detalhes.php?codigo=1485 

 
  
https://www.txairesorts.com/residencias/#home 
 
Conclusão  -  ​Artigas  critica  a  tendência  dos  estudantes  de  arquitetura  e  dos  jovens  em  geral  da 
época  de  ​aceitar  sem um juízo crítico as formas da arquitetura moderna tais como se apresentam, 
com  suas  ​teses  reformistas  e  demagógicas​.  Como  solução  para  a  questão  que  desenvolveu  ao 
longo  do  texto  ("​onde  ficamos?  o  que  fazer?  Continuar  fazendo  o  que  fazemos  ou  nos  lançarmos 
numa luta revolucionária completamente?​") aponta que nenhum dos dois lados: mas a manutenção 
da  atitude  crítica  em  face da realidade enquanto a ligação entre arquitetos e as massas populares 
não se estabelecem e se organizam rumo à ​arquitetura popular​.