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Biosfera: subsistema do nosso planeta constituído por todas as formas de vida, desde os mais simples aos mais
complexos, e ambientes por eles ocupados.
Ser vivo: ser que utiliza energia e matéria do meio, necessárias à sua manutenção e crescimento, reage a alterações
do meio, reproduz-se e tem constituição celular. Características que definem um ser vivo: nascem, reproduzem-se,
morrem, reagem a estímulos, mantêm o seu meio interno relativamente constante, interagem com o meio e têm
constituição celular (podendo ser unicelulares ou multicelulares).
❖ Os organismos vivos (componente biótica) estão inseparavelmente ligados ao seu ambiente (componente
abiótica) e interagem com este.
❖ Ao conjunto formado pelo meio ambiente e os seres vivos que, em relacionamento mútuo normal, ocupam
esse meio, dá-se o nome de ecossistema.
❖ Os seres vivos de um ecossistema estabelecem, entre outras, relações tróficas (alimentares) que podem ser
representadas sob a forma de cadeias alimentares.
• Nestas cadeias verifica-se a transferências de energia e matéria entre os diferentes níveis tróficos
• A energia entra nos ecossistemas, geralmente sob a forma de energia luminosa e é transformada noutras
formas de energia, à medida que flui de nível trófico para nível trófico.
❖ As cadeias alimentares integram conjuntos mais amplos e complexos, que constituem as redes ou teias
alimentares.
❖ As relações tróficas estão na base da evolução dos ecossistemas.
❖ Existe um ciclo constante de matéria entre os componentes bióticos e abióticos dos ecossistemas.
❖ A energia é transferida segundo um fluxo unidireccional, não voltando a entrar nos componentes bióticos.
❖ De acordo com a sua interação trófica os organismos podem classificar-se em produtores, consumidores e
decompositores
• Produtores-sintetizam matéria orgânica a partir da matéria inorgânica, inclui plantas e algumas algas, que
utilizam a energia solar para realizar a fotossíntese;
• Consumidores – necessitam de se alimentar de outros organismos para obterem a matéria orgânica. Inclui os
animais e os protozoarios;
• Decompositores ou microorganismos –fungos e algumas bactérias, degradam a matéria orgânica (cadáveres,
excrementos, restos vegetais) libertando substancias minerais para a geosfera.
Organização biológica
A vida apareceu na Terra há cerca de 3 500 Ma. No início os seres eram simples e ao longo do tempo têm aparecido
formas cada vez mais complexas. Houve uma grande evolução de seres unicelulares para multicelulares, de
reprodução assexuada para sexuada, e hoje, todos convivem originando uma grande diversidade. Assim a
biodiversidade no planeta é muito grande e estima-se que existam cerca de 30 000 000 espécies de organismos
diferentes - na sua maioria são microorganismos formados por uma célula apenas e sem núcleo organizado;
Para facilidade de estudo o homem agrupou os seres vivos em reinos. A classificação mais atual divide os seres vivos
em 3 grupos que subdividem em 6 reinos, no entanto a classificação de Whittaker, proposta em 1968 e atualizada
em 1979, continua a ser válida e é a que se encontra na maioria dos manuais escolares.
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A base celular da vida - A célula
Teoria celular
o A célula é a unidade básica de estrutura e função de
todos os seres vivos.
o Todas as células provêm de outras células.
o A célula é a unidade de reprodução, de desenvolvimento
e de hereditariedade de todos os seres vivos.
Organização celular
Constituintes celulares
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Biomoléculas – as moléculas da vida
Funções dos nutrientes: fornecer energia, renovar células, repor substâncias, regulação e multiplicação celular.
Funções Plásticas:
Componente principal do sangue, pelo que desempenha um papel no transporte de gases, nutrientes e
produtos resultantes da atividade das células;
Constituinte principal de todos os líquidos orgânicos;
É o principal constituinte celular.
Funções Reguladoras:
Intervém nas reações químicas que são a base do funcionamento do organismo humano.
Participa na regulação da temperatura corporal.
Participa na regulação da pressão sanguínea.
É fundamental na absorção de nutrientes e eliminação das substâncias nocivas.
Intervém em reações de hidrólise.
Prótidos:
Os prótidos podem classificar-se em aminoácidos, péptidos e proteínas.
Os aminoácidos são os prótidos mais simples. Existem cerca de 20 aminoácidos que entram na constituição dos
prótidos de todas as espécies dos seres vivos e todos eles possuem um grupo amina (NH2), um grupo carboxilo
(COOH) e um átomo de hidrogénio ligados ao mesmo átomo de carbono.
Os péptidos são o resultado da união entre dois ou mais aminoácidos, através de uma ligação química
covalente, denominada ligação peptídica. Esta ligação é estabelecida entre o grupo carboxilo de um aminoácido e o
grupo amina de outro. Por cada ligação peptídica que se estabelece, forma-se uma molécula de água.
Os péptidos formados por dois aminoácidos denominam-se dipéptidos, formados por três, tripéptidos e assim
sucessivamente. As cadeias peptídicas que contêm entre 2 e 20 aminoácidos denominam-se oligopéptidos e as que
ultrapassam esse número chama-se polipéptidos.
As proteínas são macromoléculas constituídas por uma ou mais cadeias polipeptídicas e apresentam uma
estrutura tridimensional definida. Estas moléculas apresentam vários níveis de organização. As proteínas podem ser
formadas apenas por aminoácidos (proteínas simples ou holoproteínas) ou podem conter uma porção não proteica,
denominada: grupo prostético. As estruturas das proteínas são mantidas por interações fracas e, por isso, são
facilmente quebradas quando expostas ao calor, à agitação, a sais e ácidos por exemplo. À perda da estrutura
tridimensional, chama-se desnaturação.
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Funções Proteínas Localização
Glícidos:
Os glícidos ou hidratos de carbono são compostos orgânicos ternários (constituídos por C, H e O).
De acordo com a sua complexidade, consideram-se 3 grandes grupos de glícidos:
Os monossacarídeos, ou oses, são os glícidos mais simples e são classificados de acordo com o número de átomos de
carbono que os compõem (entre 3 a 9):
3C – Trioses; 4C – Tetroses; 5C – Pentoses; 6C – Hexoses; 7C – Heptoses, etc.
Estes monossacarídeos, quando em solução aquosa, apresentam uma estrutura em anel de carbono. Dois desde
anéis podem estabelecer ligações entre si, formando um dissacarídeo. A ligação química que une os dois
monossacarídeos denomina-se ligação glicosídica. Se mais um monossacarídeo se ligar por este processo forma-se
um trissacarídeo e assim sucessivamente. Dá-se o nome de oligossacarídeos às moléculas constituídas por 2 a 10
monossacarídeos unidos entre si. Se este número for superior, as moléculas denominam-se polissacarídeos.
As pentoses e as hexoses, como a glicose e a frutose, são as mais frequentes.
Propriedades:
Os monossacarídeos e dissacarídeos são solúveis em água e têm um sabor doce.
Os polissacarídeos são insolúveis em água fria e não são doces.
Os polissacarídeos digeríveis originam oses durante a digestão (ex. amido)
Os polissacarídeos não digeríveis regulam o organismo (ex. celulose, fibra que regula a função intestinal)
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Lípidos:
Os lípidos constituem um grupo de moléculas muito heterogéneas, do qual fazem parte as gorduras (animais
e vegetais), os esteróides, entre outras. São compostos geralmente por O, H e C, mas também podem conter outros
elementos. São insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgânicos, como o benzeno, o éter e o clorofórmio.
Poem classificar-se em três grandes grupos:
→ Lípidos de Reserva:
Alguns lípidos de reserva possuem dois componentes fundamentais: ácidos gordos e glicerol.
Os ácidos gordos são constituídos por átomos de carbono e um grupo terminal de carboxilo. Os ácidos
gordos que possuem átomos de carbono ligados entre si por ligações duplas ou triplas dizem-se insaturados. Nos
ácidos gordos saturados, todos os átomos de carbono estão ligados entre si por ligações simples.
O glicerol, ou glicerina, é um álcool constituído por 3 grupos hidroxilo, capazes de estabelecer ligações
covalentes com átomos de carbono dos grupos carboxilo dos ácidos gordos. Esta ligação denomina-se ligação éster
e, conforme se estabelece entre o glicerol e um, dois ou três ácidos gordos, formam-se monoglicerídeos,
diglicerídeos e triglicerídeos.
→ Lípidos Estruturais:
Dentro do grupo dos lípidos estruturais, podem destacar-se, pela sua importância, os fosfolípidos, que são
lípidos que contêm um grupo fosfato. Os fosfolípidos são os constituintes mais abundantes das membranas
celulares. A sua estrutura resulta da ligação de uma molécula de glicerol com dois ácidos gordos e uma molécula de
ácido fosfórico.
→ Lípidos com função reguladora:
Alguns lípidos intervêm nos processos de regulação do organismo. Neste contexto, destacam-se as
hormonas sexuais, como a testosterona e a progesterona, que fazem parte do grupo dos esteroides.
Funções
Lípidos Localização
Função Energética
Triglicerídeos Sangue
Ácidos Nucleicos:
Os ácidos nucleicos são as principais moléculas envolvidas em processos de controlo celular.
Existem dois tipos de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA), sendo ambos
polímeros de nucleótidos.
Funções:
Desempenham um papel importante na acumulação, transmissão e manifestação das características hereditárias.
Intervêm na síntese de proteínas.
Comparação entre as estruturas do DNA e do RNA
DNA RNA
Bases Azotadas Adenina, Guanina, Citosina e Timina Adenina, Guanina, Citosina e Uracilo
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Obtenção de matéria – heterotrofia
Todos os seres vivos são constituídos pelos mesmos elementos químicos, sendo o carbono, o oxigénio, e o
azoto os mais representativos.
o Seres autotróficos – são capazes de elaborar matéria orgânica, exclusivamente a partir de substâncias
minerais.
o Seres heterotróficos - só podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de outra matéria orgânica;
recebem do meio a matéria que lhes serve de alimento.
Todos os animais, todos os fungos e grande parte dos protistas e das bactérias são
heterotróficos.
As membranas são complexos lipoproteícos e um grande número delas contém, também, glícidos.
Os lípidos que fazem parte da membrana são principalmente fosfolípidos.
Tanto os glicolípidos como os fosfolípidos possuem uma extremidade polar, hidrofílica,
e uma extremidade apolar, hidrofóbica.
As proteínas membranares possuem também zonas
hidrofóbicas e zonas hidrofílicas.
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O modelo de estrutura da membrana proposto por Singer e Nicholson (1972) também chamado de “Modelo de
mosaico fluido” é hoje o modelo mais aceite. Este modelo é unitário, uma vez que se aplica a todas as membranas
existentes nas células. De acordo com ele a membrana é constituída por:
• Bicamada de fosfolipidos , com as extermidades hidrofilicas (zonas polares) viradas para os meios
intracelular e extracelular e as extremidades hidrofóbicas (zonas apolares) estão voltadas umas para as
outras.
• Moléculas proteicas, chamadas proteínas intrínsecas (estão fortemente ligadas às zonas hidrofóbicas dos
lípidos, podendo mesmo atravessar a membrana de um lado ao outro), inseridas na bicamada de
fosfolípidos. Outras estão à superfície interna e externa da membrana, sendo denominadas por proteínas
periféricas ou extrínsecas (podendo ser facilmente isoladas da membrana, pois encontram-se associadas
por ligações electroestáticas fracas às partes hidrofílicas dos lípidos ou de proteínas integradas).
As proteínas membranares possuem composição e funções diferentes. Algumas apenas têm função
estrutural, enquanto outras intervêm na actividade celular como transportadores de substâncias químicas
através das membranas (permeases).
• Colesterol, situado entre as moléculas de fosfolípidos da bicamada; tem o papel de estabilizar a membrana
não permitindo a agregação dos fosfolípidos, mantendo a sua fluidez.
• Existem também hidratos de carbono ligados às proteínas na superfície da membrana constituindo
glicoproteínas, ou ligados a lípidos, formando glicolípidos.
Uma das propriedades fundamentais da membrana é a permeabilidade selectiva, que consiste em facilitar a
passagem de certas substâncias e dificultar a passagem de outras. O movimento é uma característica da matéria,
pelo que as células trocam constantemente substâncias com o meio. Existem diversos mecanismos pelos quais
se realizam as referidas trocas, dependendo da configuração das substâncias. O movimento de substâncias
através da membrana pode ocorrer sem intervenção de moléculas transportadoras, transporte não mediado, ou
com intervenção dessas moléculas, transporte mediado.
Comparações entre os diferentes tipos de transporte transmembranar: osmose, difusão simples, difusão facilitada
e transporte ativo
Processos de Transporte:
A membrana plasmática pode facilitar, dificultar ou impedir a passagem
de substâncias, uma propriedade designada por permeabilidade seletiva.
O movimento de substâncias da membrana pode ocorrer sem
intervenção de moléculas transportadores, transporte não mediado, ou com
intervenção dessas moléculas, transporte mediado.
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→ Num meio hipertónico, a água sai da célula por
osmose, diminuindo o volume celular - a célula fica
num estado de plasmólise.
→ Num meio hipotónico, a água entra por osmose,
levando a um aumento do volume celular - a célula
fica no estado de turgescência.
→ Numa célula animal túrgida, quando a entrada de
água ultrapassa a capacidade elástica da membrana,
ocorre a lise (destruição) celular, isto não sucede nas
células vegetais, devido à existência da parede celular.
→
Difusão Simples:
Na difusão simples as moléculas movimentam-se do meio
onde a sua concentração é mais elevada para o meio onde a sua
concentração é mais baixa, isto é, a favor de um gradiente de
concentração. Quando se atinge um equilíbrio de concentrações, o
número de moléculas que atravessa a membrana num sentido é
idêntico ao que atravessa no sentido inverso.
→ A osmose e a difusão simples são processos de transporte passivo, porque a sua ocorrência não implica
gasto de energia pela célula.
Transporte Mediado:
→ Difusão Facilitada:
Muitas moléculas polares de dimensões consideráveis
atravessam a membrana celular a favor do gradiente de
concentração, mediante a intervenção de proteínas
transportadoras, denominadas permeases.
Este processo denomina-se difusão facilitada e não
exige gastos de energia pela célula, logo é um transporte
passivo.
→ Transporte Ativo:
O movimento de substâncias através da membrana contra um gradiente de
concentração, mediante a intervenção de proteínas transportadoras específicas, designa-se de
transporte ativo e requer gastos de energia por parte da célula.
Ao contrário do que acontece na difusão facilitada as mudanças de forma na proteína
transportadora ocorrem devido à energia resultante da hidrólise de ATP. Nesta situação, as
proteínas transportadoras comportam-se como enzimas, sendo designadas ATPases.
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Endositose e Eocitose
Para além destes mecanismos de transporte temos células que efectuam o transporte de grandes dimensões como
macromoléculas entre os meios intra e extracelular. Subdivide-se em endocitose e exocitose.
- Endocitose: transporte em que há inclusão de material por invaginação da
membrana plasmática, formando-se uma vesícula endocítica. Dentro da endocitose
existe:
• fagocitose que implica a inclusão de agregados moleculares através da
emissão, por parte da célula, de pseudópodes (“falsos-pés”) que rodeiam o
material, originando-se uma vesícula fagocítica.
• pinocitose constitui um processo semelhante à fagocitose, no qual as
substâncias que entram na célula são dissolvidas ou fluidos, sendo as
vesículas de menores dimensões.
• endocitose mediada por receptor, as macromoléculas entram na célula
ligadas à membrana das vesículas de endocitose.
- Exocitose: É o processo inverso à endocitose, no qual as células libertam para o meio extracelular substâncias,
resultantes da digestão intracelular, armazenadas em vesículas.
• Digestão intracelular
o As células englobam, por endocitose, partículas alimentares,
constituídas por moléculas complexas que não transpõem a
membrana das vesículas endocíticas.
o O conjunto de estruturas que desempenha uma importante
função neste tipo de digestão é constituído pelo retículo
endoplasmático, o complexo de Golgi e os lisossomas.
o As proteínas enzimáticas formadas no retículo endoplasmático
são incorporadas em vesículas, e transportadas até ao
complexo de Golgi, sofrem maturação e formam os
lisossomas, estes podem fundir com vesículas endocíticas,
formando um vacúolo digestivo, onde ocorre a digestão.
o As macromoléculas existentes nas vesiculas endociticas são
decompostas em moléculas mais simples pelas enzimas hidrolíticas dos lisossomas. Estas podem, então,
transpor as membranas das vesiculas digestivas para o hialoplasma/citoplasma por diferentes processos
de transporte.
o Os resíduos alimentares são expulsos para o exterior da célula por exocitose.
o A digestão intracelular é típica, mas não exclusiva, de seres heterotróficos unicelulares.
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• Digestão extracelular
Na maioria dos seres heterotróficos multicelulares, a digestão realiza-se fora das células – digestão extracelular –
podendo ocorrer fora do corpo (digestão extracorporal) ou dentro do corpo (digestão intracorporal).
o Extracorporal - como no caso dos fungos que expelem enzimas que digerem o alimento no exterior do
corpo e que depois o absorvem;
o Intracorporal - Quando o sistema digestivo tem duas aberturas (uma para entrada dos alimentos e outra
para saída dos resíduos alimentares, ou seja, boca e ânus, respectivamente) dizemos que é um tubo
digestivo completo. No caso de ter uma única abertura designa-se por tubo digestivo incompleto.
A evolução dos sistemas digestivos deu-se no sentido de um aproveitamento cada vez mais eficaz dos
alimentos, podendo apresentar uma simples cavidade ou diferentes órgãos especializados. A digestão em cavidades
digestivas representa uma vantagem para os animais visto que permite a ingestão de quantidades significativas de
alimentos num curto período de tempo. Esses alimentos ficam armazenados nas cavidades digestivas e vão sendo
digeridos durante um período de tempo mais ou menos longo.
Organismos mais simples, como a hidra, possuem um tubo digestivo incompleto, pois
possuem uma só abertura. Nestes animais, a digestão inicia-se na cavidade gastrovascular,
onde são lançadas enzimas digestivas; posteriormente células digestivas captam as
partículas, semidigeridas e completam a digestão (coexiste, assim digestão extracelular e
intracelular)
Muitos animais possuem tubo digestivo completo, com duas aberturas: a boca, para a entrada dos alimentos, e o
ânus, para a saída dos resíduos. A digestão pode ocorrer em vários órgãos, por processos mecânicos e acções
enzimáticas distintas.
No Homem, a digestão extracelular inicia-se na boca, logo após a ingestão do alimento, e termina no intestino,
com a absorção dos nutrientes e a expulsão das fezes através do ânus.
• digestão mecânica - contracções involuntárias dos músculos das paredes dos órgãos digestivos
• digestão química por acção das enzimas presentes nos sucos digestivos.
• Existem três glândulas anexas ao tubo digestivo – glândulas salivares, fígado e pâncreas.
A absorção dos nutrientes é eficiente devido à enorme superfície da parede intestinal, que resulta da existência de
pregas, válvulas coniventes, recobertas por vilosidades. Por sua vez, as células do epitélio intestinal possuem
microvilosidades que aumentam ainda mais a superfície de absorção. Os nutrientes só poderão ser utilizados pelas
células, após serem levados até elas através de variados sistemas de transporte (sangue e linfa).
Vantagens conferidas por um tubo digestivo completo aos organismos que o possuem:
• Os alimentos deslocam-se num único sentido, o que permite uma digestão e uma absorção sequenciais ao
longo do tubo, havendo por isso um aproveitamento muito mais eficaz.
• A digestão pode ocorrer em vários órgãos, devido à acção de diferentes enzimas e a diferente tratamento
mecânico.
• A absorção é mais eficiente, pois prossegue ao longo do tubo.
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• Os resíduos não digeridos acumulam-se durante algum tempo, sendo depois expulsos através do ânus.
Obtenção de matéria pelos Seres Autotróficos
Seres autotróficos – Capacidade de produzir compostos orgânicos a partir de substâncias minerais,
utilizando uma fonte de energia externa. Para que o processo de autotrofia ocorra, estes seres utilizam energia
luminosa (seres autotróficos), ou energia resultante de reações oxidação-redução de determinados compostos
químicos (seres quimioautotróficos).
Hidrólise do ATP
ATP + H2O → ADP + Pi + Energia
Reações endoenergéticas
Uma reação endoenergética é uma reação onde há gasto de energia por isso faz parte do anabolismo
celular. A fosforilação do ADP, reação inversa à hidrólise do ATP, é um exemplo de reação endoenergética.
O que é a fotossíntese?
É o processo autotrófico mais conhecido. É realizada pelas cianobactérias, pelas algas e pelas plantas.
Consiste em utilizar a energia luminosa para produzir compostos orgânicos a partir de dióxido de carbono e água.
Pode, por isso, dizer-se que estes seres convertem a energia luminosa em energia química.
A clorofila é um pigmento de cor verde, fundamental para a captação da energia luminosa.
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Captação da energia luminosa
As reações termonucleares do Sol emitem grandes quantidades de energia radiante que constitui o espetro
eletromagnético. Estas radiações propagam-se em ondas e a sua
energia é avaliada pelo comprimento de onda.
Simplificando, pode admitir-se que a radiação é formanda por partículas – fotões – que se propagam sob a forma de
ondas com diferentes comprimentos de onda. Quando um fotão atinge um átomo, um dos eletrões salta para um
nível de energia superior. Diz-se então que o eletrão está num estado excitado. Quando os pigmentos fotossintéticos
absorvem a luz, os seus eletrões passam para níveis de energia superiores. Os eletrões excitados podem regressar ao
seu estado fundamental, libertando energia sob a forma de calor ou de luz, sendo este último caso designado
fluorescência. Contudo, os eletrões excitados podem ser cedidos a outras moléculas vizinhas – acetores -,
conduzindo a uma reação fotoquímica em que a molécula que perde os eletrões fica oxidada, enquanto que a
molécula acetora fica reduzida. Diz-se por isso, que ocorre uma reação de oxidação-redução.
Quando as moléculas de clorofila são atingidas pela luz, origina-se uma corrente de eletrões que se propaga
ao longo de uma série de proteínas (acetores) que se encontram dispostas ao longo da membrana interna do
cloroplasto.
Este fluxo de eletrões liberta energia que é utilizada para formar ATP, a partir de moléculas de ADP e de um
grupo fosfato (Pi). Diz-se, por isso, que há transformação de energia luminosa em energia química (que fica
armazenada na ligação química que se estabeleceu para formar o ATP).
Além disso, este fluxo de eletrões permite formar moléculas de NADPH, as quais, tal como o ATP, são
fundamentais para a formação de compostos orgânicos.
Os eletrões perdidos pela clorofila são repostos pela molécula de água que sofre um fenómeno de fotólise
(desdobramento da molécula de água por ação da luz), o que permite a separação dos átomos de hidrogénio (de
onde provêm os eletrões para neutralizar a clorofila) e de oxigénio (que é libertado pela planta para o meio
ambiente).
Fosforilação do ADP
Libertação Captação
ADP + Pi + Energia → ATP + H2O
H+ H+
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Fase não dependente diretamente da luz (fixação de CO2):
Após a Segunda Guerra Mundial, quando se começou a usar isótopos radioativos, foi possível realizar
experiências no sentido de compreender as reações que ocorrem na fase não dependente diretamente da luz.
No início da década de 50 do século XX, um grupo de cientistas liderado por Melvin Calvin, descobriu o
percurso do Co2 desde a sua fixação até à formação de compostos orgânicos, assim como o papel do ATP e do
NADPH formados durante a fase dependente da luz.
O conjunto destas reações ficou conhecido como “Ciclo de Calvin”.
Ciclo de Calvin.
Pode-se considerar que o ciclo de Calvin apresenta três fases fundamentais:
Fixação do CO2;
Produção de compostos orgânicos;
Regeneração da ribulose difosfato (RuDP).
Resumindo:
Mecanismo fotossintético
Fase fotoquímica Fase química
Local onde ocorre Tilacóides Estroma
Luz ATP
Água NADPH
Produtos utilizados
ADP + Pi CO2
NADP+
Absorção de energia luminosa pelos Ciclo de Calvin:
pigmentos fotossintéticos(clorofila a); Incorporação de CO2;
Excitação da clorofila a; Utilização de NADPH e do ATP na redução
Fenómenos que Fotolise da água; de CO2 a glícidos;
ocorrem Fluxo de electrões; Formação da PGAL;
Fosforilação ( produção e ATP); Conversão do PGAL em glicose;
Redução do NADP+ a NADPH; Libertação de O2 Regeneração do RuP a partir do PGAL;
Fosforilação do RuP em RudP
ATP ADP
Produtos formados NADPH + H+ NADP+
O2 Glicose (matéria orgânica)
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Quimiossíntese.
Alguns tipos de bactérias ( têm a capacidade de obter energia através da oxidação de substâncias inorgânicas,
usando essa energia para fixar dióxido de carbono, produzindo assim compostos orgânicos.
Estes seres são designados quimioautotróficos, pois produzem os seus próprios compostos orgânicos,
utilizando como fonte de energia a oxidação de compostos minerais como o amoníaco (NH3) ou dióxido de carbono
(CO2).
A quimiossíntese pode, assim, ser considerada um processo de autotrofia alternativo à fotossíntese.
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Transporte nas plantas
A evolução das plantas terrestres, a partir de plantas aquáticas, trouxe alguns problemas com a aquisição e
retenção de água. As raízes das plantas tiveram que evoluir e passaram a fixar a planta e absorver água e nutrientes
do solo. Com o aumento no tamanho das plantas, as raízes e as folhas tornaram-se cada vez mais separadas umas
das outras e foram, então, criados sistemas de transporte nas plantas que permitiram a troca de produtos de
absorção e de assimilação entre as raízes e as partes aéreas.
Avasculares Vasculares
Sem semente Sem semente Com semente
Pteridófitas Angiospérmicas Gimnospérmicas (com
Briófitas
(sem flor) flor)
ex: musgo, algas verdes ex: fetos pinheiro ex: magnólia, roseira...
Os órgãos da planta folha, caule e raiz têm papéis diferentes que em conjunto asseguram o desenvolvimento e
sobrevivência da planta.
recordar:
raiz caule folha
estrutura fotossintética, local onde há
Assegura a fixação ao solo e
produção de matéria orgânica e onde se
capta a matéria-prima (água e Faz a comunicação entre a
dá a troca gasosa. Na superfície externa
sais minerais). captação da matéria-prima
está a epiderme onde se localizam
A eficiência da captação de e os órgãos de produção de
os estomas que assegura as trocas.
água e sais minerais deve-se à matéria orgânica, as folhas.
Na estrutura interna, para além dos
existência dos pêlos radiculares Assegura o correto
tecidos condutores (xilema e floema), têm
que aumentam a área da raiz transporte.
um tecido clorofilino constituído por
em contato com o solo.
células fotossintéticas, o mesófilo.
A água e os sais minerais entram na planta através da absorção nas raízes. O dióxido de carbono entra
nos ESTOMAS que se localizam na folha.
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Xilema – (lenho, tecido traqueano) está especializado na condução de água e sais minerais que constituem a
seiva xilémica ou seiva bruta. No xilema, os elementos condutores mais importantes são os vasos xilémicos. Cada um
deles é formado por uma série de células mortas colocadas topo a topo, cujas paredes transversais desapareceram
total ou parcialmente. As paredes laterais apresentam espessamentos de uma substância impermeável – lenhina.
Floema – (líber; tecido crivoso) está especializado no transporte de substâncias orgânicas em solução na água
que constituem a seiva floémica ou seiva elaborada. No floema, os elementos condutores são os tubos crivosos,
formados por células crivosas. Estas são células vivas de paredes celulósicas, alongadas e colocadas topo a topo, em
que as paredes transversais, providas de orifícios, constituem as placas crivosas. Existem também, no floema, células
de companhia.
Na superfície externa, as folhas têm uma camada de células vivas que constituem a epiderme.
Na estrutura interna, para além dos tecidos condutores, têm um tecido clorofilino, o mesófilo, constituído por
células fotossintéticas.
A epiderme das folhas possui estomas, estruturas constituídas por células-guarda, ou células labiais, que
delimitam uma abertura, o ostíolo, que comunica com um espaço interior, a câmara estomática. É através dos
estomas que se efectuam trocas gasosas entre a folha e o meio exterior.
As células-guarda têm cloroplastos. As outras células da epiderme apresentam paredes externas mais espessas,
devido à existência de uma cutícula formada por uma substância impermeável, a cutina.
A eficiência da captação de água pela raiz é devida à existência de pêlos radiculares (extensões das células
epidérmicas) que aumentam a área da raiz em contacto com o solo. Dentro das células da raiz, a concentração de
soluto é maior que no exterior, por isso, a água tende a entrar por osmose, até aos vasos xilémicos. Os iões minerais
que estão presentes na solução do solo em concentração elevada entram nas células da raiz por difusão simples,
através das membranas das células. A solução do solo é muito diluída e as raízes podem acumular iões minerais em
concentrações superiores às do solo. O movimento destes iões, contra o gradiente de concentração, requer gasto de
energia, entrando nas células por transporte activo.
Transporte no xilema
As plantas perdem grande quantidade de água, sob a forma de vapor, através das folhas e outros órgãos. Essa
água é substituída por outra, transportada num sistema de xilema desde a raíz até às folhas, sendo que as
substâncias dissolvidas na água são transportadas passivamente ao nível do xilema.
No entanto, vários estudos comprovam que os valores da pressão radicular não seriam suficientes para levar a
seiva bruta até ao topo de muitas árvores, assim como, existem plantas que não têm pressão radicular, como por
exemplo as coníferas.
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Hipótese da tensão-coesão-adesão
• As células do mesófilo perdem água --» défice de
água na parte superior da planta --» cria-se uma
pressão negativa – tensão. A concentração de soluto
nestas células aumenta, logo a pressão osmótica
também aumenta.
• As células do mesófilo tornam-se hipertónicas em
relação ao xilema e passam moléculas de água para
essas células.
• As moléculas de água mantêm-se unidas umas às
outras devido a forças de coesão (entre as moléculas
de água) e adesão (entre a água e o xilema),
formando uma coluna contínua e aderindo às
paredes dos vasos.
• O movimento de água no mesófilo faz mover a
coluna de água (corrente de transpiração). Quanto
mais rápida a transpiração, mais rápida a ascensão.
• A ascensão de água cria um défice de água no
xilema da raíz, fazendo com que o fluxo de água do
exterior para o interior da planta aumente.
• Há fluxo passivo de água de áreas de potencial de
água maior para áreas onde este é menor.
Transporte no floema
As substâncias produzidas nos órgãos fotossintéticos são transportadas através dos tecidos condutores do
floema. A seiva elaborada é constituída por açúcar, que na maior parte dos casos é sacarose, e outras substâncias.
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Transporte nos Animais
Todos os seres vivos necessitam de realizar trocas de substâncias com o meio envolvente, condição fundamental
para a manutenção da vida. Os animais, em particular, necessitam de receber nutrientes e oxigénio para as suas
células e têm de eliminar dióxido de carbono e outros produtos resultantes do metabolismo.
Sistemas de Transporte
um sistema de transporte tipicamente inclui:
• um fluido circulante;
• um órgão propulsor;
• um sistema de vasos de transporte.
Nos animais mais simples, como a hidra, não existe um sistema de transporte especializado. O facto de serem
formadas apenas por duas camadas de células e de estarem em contacto directo
com o meio permite que o oxigénio se difunda, de forma directa, da água para as
células. Os nutrientes difundem-se do interior da cavidade gastrovascular para as
células e os produtos de excreção, resultantes do metabolismo celular, são
lançados directamente no meio.
Na minhoca, o sangue só circula no interior de vasos sanguíneos, não se misturando com o líquido intersticial
– sistema circulatório fechado. Neste animal existem dois vasos, um dorsal e outro ventral relativamente ao tubo
digestivo. O vaso dorsal funciona como um coração, provocando o movimento do sangue da parte de trás para a
frente do corpo. Na parte anterior do corpo existem cinco vasos laterais (arcos aórticos) que, ao contraírem,
impulsionam o sangue para o vaso ventral. Nos sistemas circulatórios fechados, o sangue flui mais rapidamente,
aumentando a eficácia do transporte de materiais às células e assegurando níveis mais elevados de taxas
metabólicas.
Os insectos, embora possuam um sistema circulatório aberto, têm uma elevada taxa metabólica, o que,
aparentemente, é contraditório. Contudo, neste grupo de animais, os gases respiratórios (oxigénio e dióxido de
carbono) não são transportados pelos líquidos circulantes, existindo um sistema respiratório que conduz os gases
directamente aos tecidos, assegurando, assim, que se realize uma eficiente troca gasosa, responsável pelas altas
taxas metabólicas.
Exemplos:
Num sistema de transporte aberto o sangue flui
muito mais lentamente do que num sistema de
transporte fechado e os animais que o possuem
têm, em regra, movimentos lentos e baixas taxas
metabólicas. Isto não acontece nos insetos
porque o sistema circulatório não acumula a
função de transportar oxigénio e, por isso, não
têm metabolismo lento.
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Transporte nos Vertebrados – sistema de transporte fechado
Tipos de Circulação
Simples: O sangue efectua um único trajecto, passando uma vez pelo coração sob a forma de sangue venoso.
• Aspectos estruturais e funcionais:
o Coração com duas cavidades: uma aurícula e um ventrículo.
o A aurícula recebe o sangue venoso proveniente de todo o organismo e envia-o para o ventrículo.
o O ventrículo impulsiona o sangue para as brânquias, onde ocorrem as trocas gasosas.
o Dos capilares branquiais, o sangue segue para os tecidos e órgãos, com baixa velocidade e
pressão.
• Influência no Metabolismo:
o A chegada de nutrientes e oxigénio às células e a remoção de resíduos é pouco eficiente, uma
vez que o sangue flui com baixa velocidade e pressão para as células dos tecidos e órgãos.
Circulação Pulmonar – o sangue sai do ventrículo direito para a artéria pulmonar, que se ramifica para os
órgãos onde é oxigenado, regressando à aurícula esquerda do coração pelas veias pulmonares;
Circulação Sistémica – o sangue sai do ventrículo esquerdo para a artéria aorta em direcção aos tecidos.
Regressa, posteriormente, à aurícula direita pelas veias cavas.
Pode ser:
❖ Incompleta: Há mistura de sangue venoso com sangue arterial.
o Aspectos estruturais e funcionais:
▪ Coração com três cavidades: duas aurículas e um ventrículo.
▪ A aurícula direita recebe o sangue venoso e a esquerda o sangue arterial.
▪ O ventrículo recebe sangue venoso e sangue arterial.
▪ A circulação pulmonar e a circulação sistémica não são independentes, ocorrendo mistura
parcial de sangue venoso e arterial no ventrículo.
o Influência no Metabolismo:
▪ O sangue, bombeado directamente do coração para os capilares dos diferentes órgãos, chega
com maior velocidade e pressão aos tecidos, o que aumenta a eficácia das trocas de materiais
com o fluido intersticial.
▪ Possui a desvantagem de ocorrer uma mistura parcial dos dois tipos de sangue no ventrículo,
o que afecta a concentração de oxigénio do sangue arterial.
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Exemplos:
Peixes:Circulação Simples; Anfíbio: Circulação Dupla Incompleta; Ave/Mamífero:Circulação Dupla Completa
❖ Miocárdio: O músculo cardíaco é mais espesso ao nível dos ventrículos do que das aurículas e a parede do
ventrículo esquerdo também é mais espessa uma vez que este permite dar maior impulso ao sangue que
consegue assim executar a circulação sistémica, que é um circuito mais extenso do que a circulação
pulmonar que é desempenhada pelo sangue que sai do ventrículo direito com menor impulso devido à
menor espessura.
❖ Válvulas: A função das válvulas é impedir o refluxo do sangue dos ventrículos para as aurículas
(auriculoventriculares) e das artérias para os ventrículos (semilunares), ou seja imprimir um só sentido de
circulação de sangue.
Vasos sanguíneos
As artérias ramificam-se em arteríolas, que originam redes capilares ao nível dos diferentes tecidos. Os capilares
reúnem-se formando vénulas, que convergem formando veias pelas quais o sangue regressa ao coração.
• Artérias: têm paredes fortes e elásticas, o que permite dilatarem-se e contraírem-se em cada batimento
cardíaco.
• Veias: apresentam paredes finas e maior diâmetro interno.
• Capilares: as suas paredes são muito finas e constituídas por uma só camada de células.
Pressão Sanguínea
A pressão sanguínea atinge o seu valor máximo nas artérias, diminuindo ao longo das arteríolas e dos
capilares, e apresenta valores quase nulos nas veias. O valor máximo de pressão corresponde ao momento de sístole
ventricular, pressão sistólica, e o valor mínimo corresponde à pressão no momento da diástole ventricular, pressão
diastólica.
Regresso do sangue ao coração
Os principais mecanismos que contribuem para que o sangue que circula nas veias regresse ao coração são:
• A contração dos músculos esqueléticos que exerce pressão sobre o sangue;
• A existência de válvulas venosas que impedem o retrocesso do sangue;
• A força de sucção provocada pela diminuição da pressão nas aurículas durante a diástole.
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Velocidade do Fluxo Sanguíneo
A maior velocidade do fluxo sanguíneo ocorre nas artérias, a velocidade diminui quando o sangue flui para os
capilares e aumenta novamente quando o sangue circula nas veias.
Fluidos Circulantes
Os vertebrados possuem dois fluidos circulantes: o sangue a linfa. O sangue é constituído por plasma e
elementos figurados (hemácias, leucócitos e plaquetas). Uma parte do plasma, por difusão, e alguns leucócitos, por
diapedese, abandonam os capilares sanguíneos e ocupam os espaços entre as células, constituindo o líquido
intersticial ou linfa intersticial. O movimento deste líquido para fora do capilar é possível uma vez que na
extremidade arterial do capilar, a pressão do sangue excede a pressão osmótica.
Deste fluido as células obtêm os nutrientes e o oxigénio de que necessitam e libertam para ele as substâncias
resultantes do seu metabolismo (excreções), como o dióxido de carbono e os produtos azotados. Algum do líquido
intersticial, rico em produtos de excreção, passa, ao nível da extremidade venosa do capilar, de novo para o sangue,
uma vez que nesta extremidade a pressão osmótica excede a pressão do sangue.
Outra parte da linfa intertecial é recolhida em capilares linfáticos, constituindo a linfa circulante, que é
conduzida até vasos de maior calibre, os vasos linfáticos. A linfa circulante entra na corrente sanguínea em veias que
abrem na veia cava superior, pouco antes do sangue entrar na aurícula direita.
Nos vertebrados, para além do aparelho circulatório sanguíneo, existe, portanto, um sistema linfático
formado pelos vasos linfáticos ramificados em capilares linfáticos e pelos órgãos linfoides.
A renovação constante da linfa intersticial permite que as células obtenham continuamente nutrientes e
oxigénio e eliminem os produtos resultantes do seu metabolismo. É desta forma que se estabelece um intercâmbio
contínuo de substâncias entre as células e o sangue, uma vez que este nunca abandona os vasos sanguíneos.
• Transporte de nutrientes provenientes do tubo digestivo ou da mobilização das reservas até às células;
• Transporte de oxigénio desde as superfícies respiratórias até às células;
• Remoção de produtos resultantes da atividade celular;
• Transporte de hormonas;
• Defesa do organismo através dos leucócitos.
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Transformação e Utilização de Energia pelos Seres Vivos
Em todos os seres vivos, dos unicelulares aos multicelulares, as manifestações de vida resultam de numerosas
reações químicas que, a nível celular, apenas se efetuam com uma disponibilidade constante de matéria e energia. A
fonte imediata de energia, essencial para as atividades celulares, é o ATP.
Metabolismo – conjunto de processos químicos que ocorrem nas células dos seres vivos. Podem ocorrer 2 tipos de
processos metabólicos:
• Anabolismo – reações químicas através das quais moléculas simples reagem entre si originando moléculas
mais complexas. É uma reação endoenergética ou seja implica gastos de energia. Um exemplo é a síntese de
proteínas a partir de aminoácidos.
• Catabolismo – reações químicas de degradação de moléculas complexas, originando moléculas mais simples.
É uma reação exoenergética em que ocorre libertação de energia. Um exemplo desta reação é o processo de
obtenção de moléculas de ATP através de reações químicas como a fermentação e a respiração.
o A síntese de ATP pode acorrer segundo duas vias
▪ Vias anaeróbias (sem intervenção de O2): fermentação e respiração anaeróbia
▪ Vias aeróbias (com intervenção de O2): respiração aeróbia
Fermentação
Processo de degradação incompleta de substâncias orgânicas, com liberação de energia, ocorrendo na ausência de
oxigênio. Portanto uma síntese anaeróbia, realizada por fungo (uma levedura conhecida como fermento de padaria,
e outras utilizadas na produção de vinho e cerveja), bactérias (lactobacilos utilizados na produção de iogurtes e
coalhadas), alguns protozoários e também por seres humanos ( contração de células musculares em estado de baixa
oxigenação e sobrecarga metabólica-intensidade de exercício).
A fermentação é um processo simples e primitivo em termos de obtenção de energia; ocorre no hialoplasma das
células, compreendendo duas etapas:
• Glicólise – conjunto de reacções que degradam a glicose até ácido pirúvico ou piruvato.
No final da glicólise resultam:
o Duas moléculas de NADH;
o Duas moléculas de ácido pirúvico;
o Duas moléculas de ATP (formam-se quatro, mas duas são gastas na activação da glicólise).
• Redução do Piruvato – conjunto de reacções que conduzem à formação dos produtos da fermentação.
Fermentação Alcoólica
O ácido pirúvico é descarboxilado, formando-se aldeído acético, que é posteriormente reduzido (pelo NADH),
originando etanol, rico em energia potencial.
Formam-se dois compostos finais – duas moléculas de dióxido de carbono, resultantes da descarboxilação do ácido
pirúvico e duas moléculas de etanol, que possuem, cada uma, dois átomos de carbono.
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Fermentação Láctica
O ácido pirúvico é reduzido (pelo NADH), formando ácido láctico, rico em energia potencial.
O único composto final é o ácido láctico, que possui três átomos de carbono.
Respiração Aeróbia
A respiração aeróbia é uma via metabólica realizada com consumo de oxigénio que permite a degradação total da
molécula de glicose com um rendimento energético muito superior ao da fermentação.
A respiração aeróbia compreende quatro etapas:
Glicólise – etapa comum à fermentação que ocorre no citoplasma com formação de duas moléculas de
ácido pirúvico, duas moléculas de ATP e duas moléculas de NADH.
Ciclo de Krebs – conjunto de reacções metabólicas que conduz à oxidação completa da glicose. Este
conjunto de reacções ocorre na matriz da mitocôndria e é catalisado por um conjunto de enzimas. Cada
molécula de glicose conduz à formação de duas moléculas de ácido pirúvico, as quais originam duas
moléculas de acetil-CoA, que iniciam dois ciclos de Krebs. Devido à combinação do grupo acetil (2C) da
CoA com o ácido oxaloacético (4C), forma-se ácido cítrico. Assim, por cada molécula de glicose degradada,
formam-se no ciclo de Krebs:
o Seis moléculas de NADH;
o Duas moléculas de FADH2 (que tem um papel semelhante ao NADH);
o Duas moléculas de ATP;
o Quatro moléculas de CO2
Cadeia Transportadora de Electrões – esta etapa ocorre na membrana interna da mitocôndria, onde se
encontram transportadores proteicos com diferentes graus de afinidade para os electrões provenientes das
etapas anteriores. Ao longo da cadeia ocorre libertação gradual de energia, à medida que os electrões
passam de um transportador para outro. Esta energia libertada vai ser utilizada na síntese de moléculas de
ATP, dissipando-se alguma sob a forma de calor. No final da cadeia transportadora, os electrões são
transferidos para um aceptor final – o oxigénio, formando-se uma molécula de água por cada dois protões
(H+) captados.
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Do ponto de vista energético, a respiração aeróbia é um processo de degradação da glicose mais rentável que a
fermentação. A respiração aeróbia permite a obtenção de 36 ou 38 moléculas de ATP, enquanto que a fermentação
apenas permite um saldo de 2 moléculas de ATP.
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Trocas gasosas em seres multicelulares
A maior parte das células realiza a respiração aeróbica para satisfazer as suas necessidades energéticas. Neste
processo, para além da degradação de moléculas orgânicas, ocorre consumo de oxigénio, pelo que o fornecimento
deste gás tem de ser continuamente assegurado. Deste processo resulta a produção de CO2, que terá de ser
removido para o exterior
Nas plantas
• Constituídos por duas células guarda que delimitam uma abertura - o ostíolo
• Células guarda são ricas em cloroplastos e as paredes que delimitam o ostíolo são
mais espessas que as opostas
• Células guarda regulam a abertura do ostíolo em função do grau de turgescência.
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Nos animais
Nos animais os gases respiratórios entram e saem do meio interno do organismo através de superfícies
respiratórias. Apesar da grande diversidade de superfícies respiratórias, é possível encontrar em todas elas um
conjunto de caraterísticas que aumentam a eficácia das trocas gasosas:
• São superfícies húmidas, o que permite a dissolução dos gases, necessários à sua difusão ( movimento
de substâncias entre dois meios a favor de um gradiente de concentração);
• São superfícies finas, constituídas apenas por uma camada de células epiteliais;
• São superfícies vascularizadas
• Possuem uma área grande, relativamente ao volume dos órgão em que se situam.
O termo hematose é usado para designar as trocas gasosa ocorridas nas superfícies respiratórias
• Por difusão direta: trocas gasosas ocorrem directamente entre o meio e as células, sem intervenção de um
fluido de transporte,
• Por difusão indireta: trocas gasosas entre o meio externo e as células com intervenção de um fluido
circulante.
Difusão direta
As trocas diretas de gases através da superfície corporal ocorrem em alguns animais aquático e terrestres com baixas
taxas metabólicas e elevada relação superfície/volume corporal. Como exemplo temos a hidra e planaria.
Hematose traqueal - Os insectos como o gafanhoto possuem um sistema respiratório com difusão direta
designada por sistema traqueal. Este sistema e constituído por um
conjunto de canais – traqueias- que se ramificam ate entrarem em
conctato com as células. O oxigénio difunde-se direta e rapidamente
através das traqueias, sem intervenção de um sistema de transporte, o
que permite ao animal elevadas taxas metabólicas. O gafanhoto e
outros insectos possuem um sistema respiratório com difusão directa
designado por sistema traqueal. O facto de este sistema se ramificar
para o interior do corpo minimiza as perdas de água, podendo ser
considerado uma adaptação importante ao ambiente terrestre.
Difusão indireta
A troca de gases é assegurada por intermédio de um fluido circulante, normalmente o sangue.
Hematose cutânea – neste tipo de troca gasosa, os gases difundem-se entre a
superfície do corpo do animal e o sangue, ocorrendo, portanto, difusão indirecta. A
ocorrência da hematose cutânea é possível graças à abundante vascularização
existente por debaixo da superfície da pele e à manutenção da humidade na
superfície do corpo – tegumento. Este último requisito é assegurado quer por
glândulas produtoras de muco, quer pelo habitat húmido característico destes
animais. Este tipo de hematose é comum à minhoca e aos anfíbios, funcionando
nestes últimos como complemento da hematose pulmonar dos animais adultos.
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Hematose branquial – Este tipo de hematose é típico dos animais aquáticos, podendo considerar-se a existência de
dois padrões básicos: as brânquias externas, expansões vascularizadas do epitélio projectadas para o exterior, e as
brânquias internas, constituídas por uma enorme quantidade de lamelas ricamente vascularizadas, representando
uma significativa área de contacto com a água. As brânquias, situadas na cavidade opercular entre a faringe e o
opérculo, são banhadas por um fluxo contínuo de água que entra pela boca e sai pela fenda opercular, garantindo
uma eficaz ventilação daquelas estruturas.
Nas lamelas, o sangue circula em sentido oposto ao da passagem da água na cavidade opercular. Este mecanismo de
contracorrente garante o contacto do sangue, progressivamente mais rico em oxigénio, com água, cuja pressão
parcial de oxigénio é sempre superior àquela que existe no sangue. Daqui resulta a manutenção de um gradiente
que assegura a difusão até valores próximos da saturação da hemoglobina do sangue dos peixes.
Hematose pulmonar- Nos Vertebrados terrestres (anfíbios, repteis, aves e mamíferos), a hematose ocorre em
órgãos especializados, os pulmões, basicamente constituídos por uma rede de tubos de diâmetro cada vez menor,
que terminam em pequenos sacos, os alvéolos. Estes órgãos foram sofrendo alterações, sendo de notar, nestes
animais, as seguintes tendências evolutivas:
Aumento da compartimentação dos pulmões, que resultou num aumento da área da superfície respiratória;
Especialização progressiva dos sistemas de ventilação;
Aumento da eficiência da circulação sanguínea.
Nos anfíbios os pulmões são muito simples, sendo sacos ventrais extensões da traqueia. Nos repteis, mais adaptados
à vida terrestre, os pulmões são um pouco mais desenvolvidos e compartimentados.
Os Mamíferos possuem um sistema respiratório constituído pelas vias respiratórias e pelos pulmões. As vias
respiratórias (fossas nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios) permitem não só o trajecto do ar nos dois
sentidos, entre o interior e o exterior dos pulmões, mas também o progressivo aquecimento do ar e a retenção de
partículas em suspensão. Os pulmões, localizados na caixa torácica, são elásticos e constituídos por milhares de
alvéolos, que garantem uma área de hematose várias vezes superior à da superfície do corpo. Esta superfície
respiratória, recoberta de muco, está separada do sangue apenas pela fina membrana dos capilares sanguíneos.
A ventilação pulmonar é feita por movimentos de contracção e relaxamento dos músculos da caixa torácica
(intercostais e diafragma). Durante a inspiração os músculos contraem, aumentando o volume do torax, este
aumento provoca uma diminuição da pressão alveolar em relação à pressão do ar exterior, levando à entrada de ar
nos pulmões. A expiração pelo contrario, é um processo passivo, em que os músculos relaxam , o tórax diminui de
volume , aumentando a pressão alveolar e consequentemente o ar sai. A hematose pulmonar é um processo
realizado nos pulmões, e que consiste na passagem do oxigénio presente no ar inspirado dos alvéolos para o sangue,
e na passagem do dióxido de carbono e vapor de água do sangue para os alvéolos.
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Hematose pulmonar nas aves
As aves são animais com uma atividade metabólica muito elevada, necessitando de elevadas quantidades de O2 .
assim os seus pulmões apresentam uma grande superfície respiratória e uma eficiente ventilação pulmonar.
Os pulmões contatam com os sacos aéreos, que se enchem de ar e possibilitam o fluxo de gases continuo, num único
sentido – sacos aéreos posteriores, pulmões, sacos aéreos anteriores. A eficácia deste sistema de ventilação
pulmonar que integra dois movimentos inspiratórios e dois expiratórios:
1ªexpiração o ar passa dos sacos posteriores para os pulmões, onde ocorre a hematose;
2ªinspiração o ar passa dos pulmões para os sacos aéreos anteriores e entra novo ar nos sacos posteriores;
2ªexpiração o ar é expelido dos sacos anteriores em direcção à traqueia para o eterior e o ar dos sacos posteriores
passa para os pulmões .
As inspirações e expirações alternadas permitem uma hematose sempre com ar renovado, ao nível de finos canais,
os parabrônquios.
• Permitem o fluxo gasoso de forma continua e num só sentido através dos pulmões
• Não há mistura de gases residuais como nos mamíferos
• Diminuição da densidade da ave
• Dissipação do calor devido ao elevado metabolismo
• Reserva de ar
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