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Amos Binney - Compêndio de Teologia

Amos Binney - Compêndio de Teologia


PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO
 
Este livrinho é de humildes pretensões. Seu fim é lançar os fundamentos de uma crença firme na
religião cristã, e especialmente fornecer à mocidade os principais fundamentos de sua fé.
 
Muitos compêndios de incredulidade e heresias circulam no meio de todas as comunidades,
especialmente no seio da nossa mocidade, e milhares estão sendo arrastados a fatais enganos.
 
Tais atentados hostis devem ser combatidos com obras capazes de fortificar o espírito da mocidade
com declarações concisas e claras dos principais argumentos em favor do Cristianismo.
 
Já se publicaram muitos tratados desse gênero. É, porém, evidente que falta sobre esse assunto
alguma coisa mais breve, mais barata, e em uma forma mais familiar.
 
Tendo isto em vista, o autor procurou reunir e simplificar em pequeno espaço, os argumentos mais
fortes dos nossos melhores escritores, adicionando algumas notas suas que lhe pareceram úteis.
 
Deve muito, portanto, esta obrinha, a esses escritores; e seu autor deseja, desde já, transmitir a cada
um deles seu fraco reconhecimento.
 
Esta obra é preparada especialmente para a instrução da mocidade; entretanto, considerada como uma
espécie de recapitulação das evidências, doutrinas e deveres do Cristianismo, ela pode ser de alguma utilidade
para os de mais madura idade.
 
Com isto em vista, a matéria é dada em orações breves, claras e distintas; arranjo este mais
conveniente para instruir a mocidade, mais próprio para auxiliar-lhe a memória, para fazer impressões mais
fortes e duráveis em seu espírito, bem como para tornar mais fáceis de compreender e de reter na memória as
importantes verdades da religião.
 
As grandes verdades da religião são expostas com clareza e concisão, e ordenadas de modo que sua
conexão e dependência mútuas são apanhadas logo, e, o que é de mais conseqüência, são sustentadas a cada
passo por citações da Palavra infalível de Deus.
 
Na preparação deste livrinho, foi pedido o auxílio de Deus; e ao publicá-lo agora, é invocada a bênção
do Senhor.
 
Que o Espírito da inspiração aceite este fraco esforço para manifestar a sua glória e promover a sua
causa!
 
1º de junho de 1839

PREFÁCIO AO COMPÊNDIO DE TEOLOGIA DE BINNEY


(MELHORADO)
 
O Compêndio Teológico, que serve de base a este livro, obteve do público inesperada aceitação. Em
trinta e cinco anos, pelo menos trinta e cinco mil exemplares publicados em inglês vêm sendo usados por
pregadores, professores e estudantes da Bíblia em todo o mundo onde é falado o inglês. Sua exposição
compreensível e, ao mesmo tempo, concisa, da verdade cristã, tem-se verificado eminentemente adaptada para
o uso das missões no estrangeiro. Daí a sua tradução para as línguas alemã, sueca, arábica, chinesa e outras.
 
A emancipação de quatro milhões de escravos na América criou uma avultada extração deste livro,
utilíssimo na preparação de professores para as Escolas Dominicais e de pregadores entre os libertos. O autor,
prevendo que o livro, detentor de crescente popularidade por quase quarenta anos, lhe sobreviverá, e advogará
a verdade do Evangelho de Jesus Cristo quando já a sua boca estiver silenciosa no túmulo, determinou fazer

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
esta contribuição à literatura teológica tão perfeita quanto possível por uma revisão minuciosa da obra inteira.
Tem sido propósito não aumentar materialmente o tamanho do livro, mas abrir lugar para matéria nova,
omitindo partes que segundo seu critério, eram de menor valor. Os conhecimentos teológicos do autor,
aprofundados durante a sua longa carreira ministerial, e, especialmente, seus estudos no Novo Testamento
durante os quinze anos, em que sua única ocupação tem sido a preparação de um comentário popular, o
qualificaram não só para rever e enriquecer seu compêndio, mas também a dar mais força a suas exposições
por meio de mais abundantes referências à Palavra de Deus. Ele procurou também precaver o leitor contra as
novas formas em que a verdade cristã é atacada nos dias de hoje. Ele não achou nada essencialmente novo, na
teologia. Daí, o leitor que procure novidades ficará desapontado. O cristianismo não é uma ciência progressiva,
mas sim um sistema de verdade objetiva, legada do céu, o dom perfeito do seu perfeito Doador.
 
O autor deseja aqui agradecer, publicamente, por todos os melhoramentos apontados pelos amigos da
verdade cristã, e, especialmente, a seu genro, o Rev. Dr. Daniel Steele, pelo auxílio valioso por ele prestado em
todas as partes do trabalho de revisão.
 
E agora mais uma vez invoco a presença do Espírito de verdade: que ele te acompanhe, a ti meu livro,
que agora envio a pregar o glorioso Evangelho, que minha língua paralisada já não pode mais proclamar. Tu
não me voltarás mais aqui na terra para receber vestes novas com que possas viajar a todas as terras levando
a tua alegre mensagem. Que eu encontre, entre aquela multidão purificada no céu, muitos que, entre as
contradições tumultuosas do erro, souberam ouvir tua fraca voz, e creram em Jesus, o Filho de Deus e Salvador
dos homens.
 
New Haven, 1º de junho de 1874.

NOTA-PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA


 
A presente obra é publicada de conformidade com o desejo dos ministros metodistas episcopais da
“Brazil Mission,” que em janeiro de 1885 elegeram ao abaixo-assinado seu Editor oficial, pedindo-lhe, ao mesmo
tempo, que publicasse, durante o presente ano, 1) um Compêndio de Teologia Cristã destinado aos jovens
irmãos estudantes para o ministério metodista; 2) O Livro da Disciplina da Igreja; 3) A História do Metodismo.
 
Ninguém procure neste livro mais do que um esboço da vasta ciência da teologia, despido, aliás, de
todos os ornatos da retórica, e apoiando-se unicamente na Palavra de Deus. Mais tarde, haverá necessidade de
uma obra menos elementar que entre também em considerações mais ou menos extensas da história das
doutrinas.
 
Ao tradutor deve a Igreja seus agradecimentos pela prontidão e boa vontade com que executou seu
trabalho; ao editor será suficiente recompensa saber que este livrinho vai ser de proveito ao crescente número
de jovens irmãos estudantes para o ministério metodista.
 
Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1885.
 
J. J. Ransom, Editor.

PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO BRASILEIRA


 
Esta obra, que virá aumentar o caudal da literatura teológica em português, está sendo apresentada,
com grande júbilo, pela Igreja do Nazareno do Brasil, gentilmente autorizada pela Gerência da Imprensa
Metodista de São Paulo.
 
Indubitavelmente o seu reaparecimento muito contribuirá na formação de uma nova geração de
obreiros que bem poderão impressionar o nosso mundo, como os grandes metodistas Binney e Steele, que
também adotaram pontos que ainda hoje fazem parte das próprias regras de fé da Igreja do Nazareno, a
saber:
 
Nós cremos:
 

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1 – Num só Deus – o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
 
2 – Na inspiração divina das Escrituras do Velho e do Novo Testamentos e que elas contêm toda a verdade
necessária à fé e à vida cristãs.
 
3 – Que o homem nasce com uma natureza decaída e é, portanto, de contínuo inclinado para o mal.
 
4 – Que aquele que morre impenitente perde-se sem esperança e eternamente.
 
5 – Que a expiação por Cristo é para toda a raça humana, e que todo aquele que se arrepende e crê no Senhor
Jesus Cristo é justificado e regenerado e salvo do domínio do pecado.
 
6 – Que os crentes devem ser totalmente santificados, depois da sua conversão, mediante fé em Nosso Senhor
Jesus Cristo.
 
7 – Que o Espírito Santo testifica do novo nascimento e também da inteira santificação dos crentes.
 
8 – Na Segunda Vinda do Nosso Senhor, na Ressurreição dos mortos e no Juízo Final.
 
Expressamos nossa gratidão aos irmãos Cel. Theodoro de Almeida Pupo e, sua esposa, D. Maria Luiza
Pupo, e Dr. Ernesto Alves Filho, todos de Campinas, São Paulo, pela esplêndida obra de revisão do manuscrito
em português.
 
Queira o Senhor, portanto, abençoar esta obra e usá-la numa esfera bem ampla, possibilitando assim a
volta daquele espírito que tanto influira nos destinos da Igreja Primitiva e doutras épocas marcantes.
 
Joauim A. Lima,
Reitor do Seminário e Instituto
Bíblico da Igreja do Nazareno
Do Brasil

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PRIMEIRA PARTE
EVIDÊNCIA DA RELIGIÃO
 
I. A REVELAÇÃO DIVINA
 
Por revelação divina entende-se uma comunicação sobrenatural da verdade de Deus ao homem. Por
sobrenatural entende-se aquilo que está além da natureza ou da razão.
 
Todos os que crêem em um Deus de infinita sabedoria, poder e bondade, não podem deixar de admitir
a possibilidade de ele revelar-se aos homens da maneira que lhe apraza e que sirva para convencer e
asseverar-lhes que tal comunicação vem dele.
 
A probabilidade da revelação divina aparece desde que consideremos, primeiro, que os homens têm,
em todas as épocas, confessado uma necessidade dela e, segundo, que é um pai muito desnatural aquele que
nunca fale a seus filhos. Alguns dos mais sábios filósofos, como Sócrates, manifestaram suas esperanças de tal
revelação, enquanto que os mais ignorantes deram crédito a pretensas revelações. Isto prova que a alma
humana tem uma sede natural e implacável de uma revelação escrita da verdade religiosa. A maior parte das
formas do paganismo se exprime por meio de livros.
 
1. NECESSIDADE
 
A necessidade desta revelação é manifesta de várias considerações.
 
1) As opiniões humanas não são um guia de vida suficiente, nem regra de conduta, pois que são várias
e contraditórias.
 
2) A razão humana é insuficiente, porque entre aqueles que professam ser guiados por ela, alguns há
que adoram o verdadeiro Deus; outros, as obras dele; e outros, suas próprias obras. E outros existem que não
adoram Deus algum, embora todas as idades tenham o mesmo livro da natureza e o mesmo poder donde
derivar regras morais. Não obstante alguns filósofos terem chegado a conceitos sublimes acerca de Deus, a
massa dos pagãos era degradada imoralmente, mesmo nas eras mais florescentes da civilização grega e
romana. At 17.18-23; Rm 1.18-23.
 
3) A lei de Deus, que é a única regra suficiente, só pode ser perfeitamente conhecida por meio de
revelação.
 
Portanto, a revelação é necessária para fornecer motivos adequados para a virtude e piedade.
 
4) O caráter moral de Deus, o modelo de toda a excelência moral, não pode ser plenamente descoberto
no mundo material, nem mais do que o do mecânico pode ser claramente revelado na máquina que ele fez.
 
5) A condição moral do antigo pagão é uma prova desta necessidade. A isto os escritores sagrados, no
caráter meramente de historiadores, dão testemunho. Rm 1.21-31; 3.9-18; 1Co 6.9-10; Ef 2.2-3.
 
Os próprios escritores pagãos testificam que os maiores crimes eram apoiados pelos argumentos e
exemplos de seus moralistas e filósofos. O infanticídio, o roubo e os crimes contra a natureza, que o recato
proíbe enumerar em detalhe, não só eram tolerados, mas até mandados por seus legisladores e louvados por
seus poetas. Isto não teria sido assim se a opinião pública não desse o seu consentimento e, até certo ponto,
não os instigasse.
 
Até as suas religiões sancionavam crimes grosseiros. Em Corinto havia um templo de Vênus com mil
mulheres devotas que traziam ao seu tesouro os lucros de sua impureza. Os babilônios tinham um templo ao
qual obrigavam religiosamente a toda a virgem a ir para fins obscenos.
 
Sócrates fazia da moral o assunto único da sua filosofia, e ainda assim recomendava a adivinhação, e
era ele próprio entregue à fornicação.
 
Platão, o grande discípulo de Sócrates, ensinava que mentir era coisa honrosa.
 

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Cícero, um espécime tão favorável de excelência pagã quanto se pode achar, defende a fornicação, e
recomenda, e afinal pratica o suicídio.
 
Catão, exaltado como o mais perfeito modelo de virtude, foi réu de prostituição e embriaguez,
advogou, e mais tarde praticou o suicídio.
 
Tal era a condição moral dos antigos gentios, e daí tiramos o nosso argumento a favor da necessidade
de alguma coisa melhor do que a religião da natureza.
 
A condição moral dos pagãos de hoje é mais uma prova desta necessidade. Os habitantes do Ceilão
adoram demônios.
 
Os Indus reconhecem um Ente Supremo, mas nunca o adoram. Seus escritos animam o suicídio, os
sacrifícios humanos, e a cremação de viúvas, de um modo assustador.
 
Os chineses queimam papel de ouro diante dos seus ídolos, na suposição de que esse ouro se mudará
em dinheiro no outro mundo, e servirá aos pobres que morrem para pagarem a sua entrada no céu.
 
Os habitantes de Bengala reconhecem trezentos e trinta milhões de deuses, entre os quais está o
macaco, a serpente, pedações de pau, etc. Eles crêem que depois da morte o homem torna a surgir em forma
de um gato, cão, verme, etc.
 
Os Thugs da Índia armam ciladas e assassinam os estranhos como ato de dever religioso. Sua impureza
excede limites. São destros na calúnia e no engano. Suas mulheres são desprezadas logo que nascem; entre
algumas tribos são imediatamente entregues à morte. Não recebem nenhuma educação ou instrução; morto o
marido, a mulher ou é sepultada viva ou queimada na fogueira fúnebre.
 
Os selvagens da Nova Zelândia deleitam-se na guerra. Matam e comem os seus prisioneiros, e
acreditam que o Ente Supremo é um grande antropófago invisível. Em algumas partes eles se penduram por
grandes ganchos atravessando as costas. Outros atiram-se de cima de uma plataforma sobre facas cortantes
metidas em balas de algodão.
 
É somente a Bíblia que nos faz diferir de todas estas nações. Sem ela, nós nos tornaríamos, em breve,
semelhantes a elas: ignorantes, supersticiosos, impuros e cruéis. Sl 19.7-11; 118.9; Pv 6.20-23.
 
Provamos isto com os caracteres que, entre nós, se têm, tanto quanto possível, subtraído à influência
da Bíblia. Vejam-se as vidas de Herbert, Hobbes, Bolingbroke, Hume, Rousseau e Paine.
 
2. A REVELAÇÃO ORAL E ESCRITA
 
A revelação se divide em ORAL e ESCRITA. Por oral entende-se a tradicional ou a que é transmitida de
boca em boca de um século a outro.
 
Tais foram as revelações feitas aos patriarcas, e a longevidade peculiar a este tempo serviu para
preservá-la da corrupção.
 
Estas verdades primitivas foram, por este modo, transmitidas a Moisés, que, por mandato de Deus no
monte Sinai, escreveu-as em cinco livros, chamados o Pentateuco.
 
Os fatos mais importantes do Pentateuco são: a Criação do mundo, do Homem, sua felicidade primitiva,
sua Queda, a promessa de um Salvador, o Dilúvio, a preservação de uns poucos, Babel, o chamado de Abraão,
o Cativeiro de Israel no Egito, a Saída e a promulgação da Lei.
 
Tudo isto tem o apoio de todo o testemunho da tradição universal, da história e da ciência moderna.
 
Uma grande parte do que Moisés relata foi presenciada por ele pessoalmente.
 
Dos fatos que procederam ao seu tempo, teve Moisés amplos meios de informação na longevidade dos
antigos.
 

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Ele foi contemporâneo dos contemporâneos de Abraão, Abraão dos de Noé, e Noé, dos
contemporâneos de Adão.
 
Desta maneira, sob a direção divina, os importantes fatos do mundo ante-diluviano foram concatenados
por Moisés. Quanto aos que se deram antes da criação do homem, deve ter havido, necessariamente,
comunicação direta de Deus.
 
3. GENUINIDADE E AUTENTICIDADE
 
Livro genuíno é aquele que é escrito realmente por aqueles aos quais se atribue a autoria.
 
Temos uma prova ocular de que a Bíblia existe. Ela foi escrita por alguém; se não foi por aqueles cujos
nomes ela menciona, difícil se torna saber-se quem foi então.
 
Não é provável que homens ímpios tivessem produzido um livro como a Bíblia, que os está sempre
condenando. Jó 20.4-7, 29; Sl 7.11; 9.17; 11.5-6; 50.16-22; Is 57.20-21; Fp 3.19; 2Ts 1.8-9; 2Pe 2.1-19; Ap
22.12-19.
 
Homens bons não podiam cometer o crime de impor suas próprias obras ao mundo, como se fossem
elas obra de Deus.
 
Os registros da Igreja estão acordes em declarar que foram os profetas e os apóstolos que escreveram
as Escrituras. E a Igreja Cristã tem a mesma prova da existência de seus pais que nós temos da existência de
nossos avós.
 
Um livro autêntico é aquele em que os fatos são relatados como realmente eles se deram.
 
Os escritores sagrados constantemente asseveram que eles escreveram por inspiração de Deus. Is 8.1;
Jr 2.1; Ez 1.3. Paulo, por certos trechos nas suas epístolas, “não por mandamento,” dá a entender que elas são
inspiradas. 1Co 7.6; 2Co 8.8; 11.17, e reclama isto em Rm 9.1.
 
Para confirmar a verdade de suas asserções eles apontavam os MILAGRES, que eram feitos
publicamente e universalmente reconhecidos, naquele tempo, como reais. 2Pe 1.16-18.
 
Por isso também eles sofreram tudo, inclusive a morte. E isto não teriam feito para sustentar o que eles
soubessem ser mera fábula.
 
4. O MODO DE INSPIRAÇÃO
 
Quanto à MANEIRA especial da inspiração divina existem duas opiniões:
 
1. Que o Espírito de Deus inspirava os pensamentos mas que aos escritores foi deixado se expressarem
com palavras e frases suas, guiados, não obstante, de modo a não cair em erros teológicos.
 
2. Que cada PALAVRA lhes era dada pelo Espírito de Deus, e que eles não faziam mais que escrevê-las.
Essa é a inspiração verbal.
 
As seguintes passagens parecem favorecer mais a última opinião:
 
“O Espírito Santo predisse por boca de Davi.” At 1.16. “Bem falou pois o Espírito Santo, pelo Profeta
Isaías.” At 28.25. “Os homens santos de Deus é que falaram, inspirados pelo Espírito Santo.” 2Pe 1.21. “O
Espírito manifestamente diz” (por palavras expressas). 1Tm 4.1.
 
Ambas as maneiras de ver põem as Escrituras a salvo de todo o erro.
 
A UNIFORMIDADE DE ESTILO E MODO dos diferentes escritores não era de modo algum essencial a
esta sorte de inspiração, que se pode chamar plena, isto é, por extenso. Deus pode falar em tantos estilos
quantos os trinta e cinco ou mais diferentes escritores dos sessenta e seis livros da Bíblia.
 

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O estilo particular de cada escritor, em lugar de ser tirado, foi provavelmente enriquecido e apropriado
pelo Espírito Santo ao seu próprio desígnio.

II. A BÍBLIA
 
1. NOMES E DIVISÕES
 
A palavra BÍBLIA significa livro. ESCRITA é um termo que no seu sentido primário inclui todo o escrito.
A BÍBLIA e as ESCRITURAS são assim chamadas como por excelência, como os mais importantes de todos os
livros e escritos.
 
A Bíblia consta de duas partes: O ANTIGO e NOVO TESTAMENTOS, isto é, CONCERTOS ou PACTOS. No
Novo Testamento o termo ORÁCULOS significa verdades reveladas de modo sobrenatural, é um outro nome
para as Escritas Sagradas. Rm 3.2. No Antigo Testamento ORÁCULO significa o lugar onde Jeová revelava a sua
vontade – em geral o “santo dos santos.” 2Sm 16.23.
 
Os diversos livros do Antigo Testamento foram escritos por diferentes homens INSPIRADOS em
diferentes tempos, e foram reunidos em um volume por Esdras, célebre pontífice e escriba.
 
A ORDEM do cânone de ambos os Testamentos respeita menos a ÉPOCA em que foram escritos do que
os ASSUNTOS de que trata cada livro. Os livros do Antigo Testamento foram escritos entre 1490 A. C., data dos
cinco livros de Moisés, e 420 A. C., data de Malaquias, o último dos profetas. O Novo Testamento foi escrito
entre 38 A. C., data provável do Evangelho de S. Mateus, e 96 A. D., data do Apocalipse, de modo que ficou
completado sessenta anos depois da crucificação de Cristo. O primeiro Evangelho parece ter sido escrito dois ou
três anos depois deste acontecimento. A palavra CÂNONE significa “vara reta,” daí RÉGUA ou PADRÃO. Todos
os livros são chamados APÓCRIFOS ou espúrios. Pode-se concluir o que é CÂNONE SAGRADO dos pontos em
que os Apócrifos são deficientes.
 
1. Eles não se dão por inspirados. 2. Os judeus nunca os reconheceram como tais. 3. Nunca são citados
por Cristo e seus apóstolos. 4. Foram universalmente rejeitados pelos primeiros cristãos. 5. Eles não se
harmonizam nem entre si nem com as Sagradas Escrituras. Os livros Apócrifos do Novo Testamento nunca
foram reconhecidos pela Igreja como inspirados, e foram cedo desprezados como espúrios.
 
A Bíblia foi originalmente escrita em letras maiúsculas, sem a divisão em capítulos e versos, sem
pontuação nem espaço entre as palavras, como LIVRO DA GERAÇÃO, Mt 1.1. Essas divisões foram invenções
recentes de homens não inspirados com o fim de facilitar o estudo, posto que em muitos casos os editores não
foram tão judiciosos como era para desejar. Muitas vezes o capítulo finda antes da narrativa, de maneira que se
perde a conexão e se separa no fim do capítulo. Is 8.22; 9.1-7; 10.1-4; Mt 19.30; 20.1-16; Mc 8.36; 9.1; Lc 45-
47; 21.1-4; At 21; 2Co 4.18; 5.1.
 
A divisão em versos é igualmente imprópria, e de maneira nenhuma deve guiar o sentido que muitas
vezes é prejudicado, senão totalmente destruído por ela. 1Pe 1.4, 5; 1Co 2.9, 10.
 
As NOTAS anexas às epístolas do Novo Testamento não são inspiradas, porém foram adicionadas por
pessoas ou em extremo ignorantes ou perversas; porque elas contradizem tanto a cronologia como a história.
 
Os TÓPICOS no começo dos capítulos não são inspirados, e, por isso, podem conter erros de doutrina.
 
A maneira de ESCREVER os NOMES no Novo Testamento difere muitas vezes da do Antigo. A razão é
que este foi escrito originalmente em hebraico e aquele em grego.
 
As APARENTES IMPRECAÇÕES que se acham em 1Co 16.22; e 2Tm 4.14, e em muitas outras partes da
Escritura, especialmente nos Salmos, são antes predições do que anatemas, ou são declarações da vontade
divina feitas no interesse da ordem e da justiça.
 
As IMPERFEIÇÕES que se contam de certos eminentes caracteres da Escritura, como a embriaguez de
Noé, a dissimulação de Abraão, a mentira de Jacó, a idolatria de Arão, o adultério e homicídio de Davi, a
idolatria e luxúria de Salomão, são relatadas como simples fatos históricos. Eles estão escritos não para nós os
imitarmos, mas para nos servir de admoestação. E o estarem eles registrados é uma prova da imparcialidade
dos escritores.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
A DESTRUIÇÃO dos Egípcios, Cananeus, e outras nações, são fatos históricos, registrados para mostrar
a perfeição do governo divino. Foram castigados, e não são mais inconsistentes com o atributo de misericórdia
do que a peste e a fome.
 
As aparentes grosserias da Bíblia desaparecem quando consideramos a mudança que sofre o uso dos
termos. Palavras que hoje taxamos de imoderadas não o eram dantes.
 
Assim, achamos que as Escrituras têm suas dificuldades; mas essas não lhes são particulares; todos os
escritos antigos as possuem em abundância.
 
Estas dificuldades são geralmente em proporção à antiguidade do escrito, por causa dos costumes,
maneiras e linguagem da raça humana estarem constantemente mudando.
 
Um pouco de conhecimento das línguas originais das Escrituras, e dos tempos, ocasiões, e objetos dos
diferentes livros, assim como dos costumes dos países em que se deram as cenas, em geral removerá todas as
dificuldades.
 
As CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS são um importante auxílio à compreensão perfeita dos escritores
sagrados. Por elas queremos dizer a ORDEM, o TÍTULO, o AUTOR, a DATA e o LUGAR do escrito.
 
A GEOGRAFIA sagrada e os livros de viagens às terras bíblicas são úteis para elucidar as Sagradas
Escrituras, e para se sentir melhor a realidade dos acontecimentos.
 
A consideração do ALCANCE ou DESÍGNIO de qualquer autor facilitará extraordinariamente o estudo da
Bíblia.
 
Outro importante auxílio é a consideração do CONTEXTO, ou a comparação das partes precedente e
subseqüente de um discurso.
 
A comparação de PASSAGENS PARALELAS é um outro grande adjutório para a interpretação da
Escritura.
 
Toda a vez que uma doutrina é manifesta, ou por todo o teor da Escritura ou pelo seu alcance, ela não
deve ser enfraquecida por poucas passagens.
 
Como todos os princípios essenciais da religião são manifestos por mais de um verso, não se deve
fundamentar nenhuma doutrina em um verso único ou sentença.
 
Quando duas passagens parecem estar em contradição, se se puder claramente verificar o sentido de
uma, isto regulará a interpretação da outra.
 
Uma passagem obscura, ambígua ou figurada não deve ser interpretada de modo a contradizer uma
que é clara.
 
A linguagem figurada, que teve seu princípio nas idades mais remotas da humanidade, foi usada com
mais freqüência pelos escritores sagrados. Algum conhecimento dela é um importante auxílio para chegar-se ao
sentido da Escritura.
 
De todas as figuras de retórica, a metáfora é a mais usada na Bíblia e em toda a linguagem. Veja-se Mt
5.13, 14.
 
A alegoria, que não é mais que a precedente continuada ou mais extensa, é outra figura empregada na
Escritura. Veja-se Sl 18.
 
A hipérbole consiste em aumentar ou diminuir um objeto fora de seus limites; ela ocorre
freqüentemente na Escritura. Veja-se Gn 13.16; Dt 1.28; Nm 13.33; Jo 21.25.
 
A ironia é outra figura usada, pela qual se diz uma coisa significando o contrário. Serve para dar mais
força e veemência ao sentido. 2Rs 18.27; 22.15; Jó 12.2.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
Sinédoque é quando o todo é usado por uma parte e vice-versa. Como o mundo em vez do Império
Romano, em At 14.5; Ap 3.10. Em vez da terra, 2Pe 3.6; Rm 1.8.
 
Algumas vezes uma parte é usada em vez do todo. Como a tarde e a manhã em vez do dia inteiro, Gn
1.5, 8, etc.; a alma em vez do homem inteiro, At 27.37. (Almeida).
 
A palavra aborrecer ou desprezar, quando empregada com referência a indivíduos ou comunidades,
muitas vezes não quer dizer mais que amar menos. Gn 29.39, 31; Ml 1.2, 3; Lc 14.26; Rm 9.13.
 
Acontecimentos que forçosamente hão de suceder são, muitas vezes, mencionados como já se tendo
dado. Is 9.6; 60.1-8; 65.1.
 
2. VERSÕES INGLESAS – A DO REI JAMES I
 
As traduções das Escrituras para diferentes línguas, antigas e modernas, são muito numerosas. Elas
são o único livro universal que se tem escrito.
 
As traduções de mais interesse para nós são as que se têm feito em nossa língua vernácula (Inglês).
 
A mais antiga versão inglesa das Escrituras que se sabe existir foi executada por pessoa desconhecida,
em fins do século XIII. Está ainda em manuscrito.
 
A primeira edição impressa de qualquer parte da Bíblia em Inglês foi o Novo Testamento, de William
Tindal, em 1526. A última versão inglesa da Bíblia inteira foi feita sob a direção de James I, rei da Inglaterra.
 
Ele, para isto, nomeou cinquenta e quatro homens distintos por seu talento e piedade. Só quarenta e
sete destes tomaram parte definitivamente. Isto foi em 1607, e, em 1611, o trabalho completou-se.
 
De todas as versões modernas, esta, no todo, é considerada a mais exata e fiel. O uso tem-na feito
familiar, e o tempo a tem tornado sagrada.
 
Contudo esta tradução é defeituosa em alguns pontos, e precisa ser revista (Publicou-se uma revisão,
1880-1885. – Editor). Há interpretações errôneas dadas a algumas palavras do original, enquanto que idiotismo
particulares têm sido esquecidos; os tempos dos verbos estão trocados em alguns lugares; alguns números
estão exagerados; diversas palavras em Inglês são usadas para traduzir uma só do original, e uma só em
Inglês está em lugar de diversas no original; algumas palavras e expressões são antiquadas e não têm mais o
sentido que lhes davam os tradutores, dando motivo a objeções levantadas pelos céticos; algumas palavras não
foram traduzidas, como “aleluia,” “hosana,” etc.
 
NOTA DO EDITOR
 
Versões portuguesas – A primeira versão portuguesa das Sagradas Escrituras é a de João Ferreira de
Almeida, que saiu à luz em 1712-1748, sendo que Almeida só verteu o Novo Testamento; do  Velho, só até os
últimos capítulos de Ezequiel. Foi Jacó Opden Akker que completou a versão do Velho Testamento. Esta
tradução é de sumo valor crítico e literário, e tem sido a base de quase todas as revisões e versões
protestantes em Português.
 
O padre Antônio Pereira de Figueiredo publicou em 1778-1790 sua versão das Sagradas Escrituras,
obra que prima pelo Português, mas que não passa, em muitos lugares, de péssima paráfrase do original, e que
tem mais a desvantagem de levar “notas” explicativas que desdizem o texto. A obra de Pereira tem sido a base
de muitas edições das Sagradas Escrituras, algumas sem as notas.
 
Estas são as duas únicas independentes e completas versões portuguesas que até agora têm
aparecido. A obra de Fr. Francisco de Jesus Maria Sarmento (1777-1785) tem uma ou mais vezes aparecido sob
o título “A Bíblia Sagrada.” Não é tradução, mas sim paráfrase, e foi intitulada pelo autor “História Bíblica,” etc.
 
Assim se vê que até agora a única fiel tradução das Sagradas Escrituras para o Português, foi por
protestantes, publicada no estrangeiro, na Holanda e nas Índias Orientais. A Igreja Romana tem medo da
Palavra de Deus.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
3. O VALOR DA BÍBLIA
 
Mesmo como composição literária, as Sagradas Escrituras constituem o livro mais notável que o mundo
jamais viu. De todos os escritos, elas são os mais antigos, e contêm uma memória de mais vivo interesse. A
história de sua influência é a história da civilização e do progresso. Não se pode apontar quase nenhuma
passagem deste admirável livro que não tenha trazido instrução ou conforto a milhares. Sob este ponto de vista
único, merece a Bíblia a nossa particular atenção e reverente respeito.
 
Cada um dos Testamentos aumenta o valor de outro. Como uma prova da estreita relação entre as
duas dispensações, e da sanção dada, no Novo Testamento, ao Antigo, contém o primeiro duzentas e sessenta
CITAÇÕES DIRETAS tiradas do último, dando cerca da metade delas mais o sentido do que as palavras
textuais; e as alusões são ainda mais numerosas, sendo o seu número talvez maior do que trezentos e
cinqüenta.
 
Os dois Testamentos contêm apenas um plano de religião; nenhuma das partes pode ser entendida
sem a outra. Tratam apenas de um assunto do princípio até o fim; porém nossa compreensão é esclarecida por
uma revelação progressiva. As verdades de Deus em si são insuscetíveis de progresso, mas são assim a
revelação delas; o progresso não está na verdade, mas sim na clareza e na força de impressão com que as
Escrituras a revelam.
 
Pode haver nelas passagens cuja significação completa não se tenha ainda descoberto, e que talvez
estejam reservadas para extinguir alguma futura heresia, ou alguma dúvida ainda não formada, ou para provar,
por algum novo cumprimento de profecia, que a Bíblia veio de Deus. A Escritura é como o oceano,
extremamente límpida, mas insondável. Ela parece dizer aos milhares que a estudam: “Meus tesouros são
inexauríveis; nunca me ponhais de lado, mas examinai-me incessantemente.”
 
Os mais ricos tesouros da palavra de Deus não se podem descobrir se o Espírito Santo não os revelar.
Sl 119.18; Lc 24.45; Jo 16.13; 1Co 2.9-16. A última referência contém, no original, as palavras, “que o Espírito
Santo ensina, explicando coisas espirituais a homens espirituais.” É com a sua luz que ficamos convencidos da
verdade da Bíblia, ou da verdadeira significação de certas passagens. Jo 7.17; 1Co 2.13. O Intérprete, em cuja
casa o Peregrino de Bunyan viu tantas maravilhas, é o Espírito Santo. Além disso, a Escritura interpreta a
própria Escritura. Não há uma só passagem que, obscura mas contendo alguma verdade importante, não seja
explicada em algum outro lugar.
 
A harmonia e perfeição das Santas Escrituras tornam-se especialmente mais evidentes pela constante
alusão de todos os seus escritores a nosso Senhor Jesus Cristo. Tirai-o dos Oráculos Sagrados e eles se tornam
em uma confusão de vozes ininteligíveis e discordantes. Lc 22.27, 44; Jo 1.45; At 3.20-24; 10.43; 13.23-37;
17.23.
 
As Santas Escrituras, escritas sob a direção dAquele a quem todos os corações são descobertos e que
prevê todos os acontecimentos, são próprias para proveito da humanidade em todos os sentidos e em todo o
tempo. Rm 11.4; 1Co 10.11; 2Tm 3.15-17. Elas sempre conduzirão como progresso humano. As melhores
produções de um sábio, depois de algumas leituras, como as flores colhidas, murcham em nossas mãos e
perdem a sua fragrância; mas estas flores imortais da verdade divina tornam-se cada vez mais belas aos nossos
olhos, emitindo diariamente novos perfumes e suave cheiro, e aquele que uma vez o tenha sentido, deseja-o
sentir de novo, e aquele que sinta mais vezes, sabe apreciá-los mais. Sl 1.2; 119.11, 97; Jó 23.12; Jr 15.16. A
este respeito, as Escrituras assemelham-se ao jardim do Éden, onde se acha toda a espécie de árvore que é
agradável à vista e boa para alimento espiritual, inclusive a Árvore da Vida, que é dada para a salvação das
pessoas. Pv 3.13-18; Ap 22.2.
 
Aqueles que negligenciam a sua Bíblia não imaginam o prazer que perdem por não voltarem os seus
olhos à contemplação do objeto mais sublime e mais encantador dos que produz o universo inteiro.
 
Em um museu em Dresden, entre muitas outras jóias e preciosidades, existe um ovo de prata, o qual,
tocando-se em uma mola, abre-se e descobre uma gema de ouro. Dentro desta está escondido um pinto, cuja
asa, sendo calcada, abre-se também descobrindo uma esplêndida coroa de ouro guarnecida de jóias. Nem isto
é tudo; tocando-se em uma outra mola oculta, acha-se escondido no centro um magnífico anel de brilhante.
Assim é toda a verdade e promessa na Palavra de Deus: um tesouro dentro de um tesouro. Quanto mais a
examinamos, tanto mais rica a achamos.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
Mas quão poucos, comparativamente, são os que como o Salmista, se dão ao trabalho de tocar nas
molas! Sl 119.96-100.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
III. EVIDÊNCIAS CRISTÃS CLASSIFICADAS
 
Em geral, elas se dividem em duas classes: externas ou históricas, e internas.
 
A estas alguns têm adicionado uma terceira classe chamada a experimental, e uma quarta, a colateral.
 
O Cristianismo foi introduzido entre os homens em circunstâncias muito notáveis. Obraram-se milagres,
e predisseram-se acontecimentos futuros, em atestado de sua origem divina. Isto constitui a evidência
histórica.
 
Quando examinamos o livro, suas verdades, suas doutrinas, seu espírito, nós o achamos ser, em sua
natureza e tendência, tal como poderíamos esperar que fosse uma mensagem de Deus a nós. A isto chama-se
a evidência interna.
 
E quando passamos a considerar os efeitos produzidos pela Bíblia nos corações e nos caracteres dos
crentes, nós verificamos que ela preenche o fim a que foi mandada. Chamamos a isso a evidência experimental.
 
A maravilhosa divulgação do Cristianismo, pela fraca agência de alguns homens indoutos, destituídos
de poder e riqueza, vencendo a hostilidade tanto dos judeus como dos gentios, juntamente com a alta
civilização e poder das nações cristãs, e os reconhecimentos de céticos, constituem a evidência colateral.
 
As três primeiras espécies de evidência são bem distintas em sua natureza e podem se comparar ao
seguinte:
 
Tendes uma substância que julgais ser fósforo, porque, em primeiro lugar, um rapaz, em quem tendes
confiança, a trouxe do farmacêutico, que disse ser ela fósforo. Esta é a evidência histórica.
 
Em segundo lugar vós a examinais, e ela parece ser fósforo; sua cor, sua consistência, e forma, tudo
concorda. Esta é a evidência interna.
 
Em terceiro lugar a experimentais. Ela queima com uma chama brilhante e ativa, etc. Esta é a evidência
experimental.
 
Se se descobrisse que ela era um preservativo contra a cólera, a febre amarela, a peste, a varíola, e
que todas as nações que dela fizessem uso estivessem quase ou inteiramente livres destas pestes, e o uso
fosse se generalizando apesar da oposição de todas as escolas médicas estabelecidas, isto constituiria um ramo
da evidência colateral.
 
Das quatro, as duas últimas são as melhores. Nada importa haver dúvidas e hesitações a respeito da
primeira e segunda evidências, se a substância sujeita à experiência revela as suas propriedades, e está em
virtude de sua reconhecida excelência, beneficiando a humanidade e tornando-se universal.
 
Se alguém vos dissesse: “Eu não confio na honestidade de seu mensageiro;” ou, “Esta substância não
parece exatamente fósforo, é muito escura, ou muito dura;” vossa resposta seria: “Senhor, não pode haver
dúvida: veja como queima; veja também seus efeitos medicinais.”
 
(A) A EVIDÊNCIA EXTERNA OU HISTÓRICA
 
I. Milagres. Entende-se por milagres um acontecimento que sai fora do curso estabelecido pela
natureza, obrado pela intervenção do próprio Deus, para atestar alguma verdade divina, ou a autoridade de
algum mensageiro divino. Geralmente ele é acompanhado de um aviso prévio de que é feito conforme a
vontade e o poder de Deus.
 
Aquele que tem o poder de estabelecer as leis da natureza, pode, pelo mesmo princípio, suspendê-las à
vontade. Acontecimentos comuns são chamados naturais. Acontecimentos fora do comum se dizem milagres.
 
Parece razoável que uma revelação de uma Divindade seja apoiada por milagres. Esses são o seu selo,
pelo qual se prova ser a comunicação divina. 1Re 17.21-24; Jo 9.29-33; 10.37, 38.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
Os milagres registrados na Bíblia SÃO FATOS REAIS, capazes de serem verificados, como quaisquer
outros fatos históricos.
 
1. “Estas cousas não se fizeram A UM CANTO,” mas PUBLICAMENTE, algumas vezes na presença de
milhares de testemunhas. Por exemplo, as pragas do Egito e a destruição do exército do Faraó, no Antigo
Testamento (Êx 7.19; 10.20; 12.29, 30; 14.27, 28), a transformação da água em vinho (Jo 2.1-11), e o
provimento de comida a mais de cinco mil pessoas, no Novo Testamento: Mt 14.17-21.
 
2. NUNCA foram eles CONTESTADOS por aqueles que os presenciaram, os quais certamente eram
melhores juízes: não eram tão ignorantes a ponto de não saberem quando os mudos falavam, os cegos viam e
os mortos eram ressuscitados. E até mesmo aqueles que rejeitavam a revelação por eles autenticadas NÃO
NEGAVAM os milagres. Jo 9.24; 11.47; 12.9-11; Mt 12.24.
 
3. Seu NÚMERO foi muito avultado. A história evangélica está cheia deles. Quarenta dos milagres de
Cristo são contados por extenso e São João diz que muitos milagres que foram obrados não foram escritos. Jo
21.25.
 
4. A sua VARIEDADE é grande.
 
Foram feitos em benefício de cegos, de surdos, de mudos, de coxos, de enfermos, de lunáticos, de
mortos, e através de uma série de anos, para que pudessem ser e tornar a ser examinados, como muitos deles
o foram. Lc 8.2; Mt 4.23, 24; Jo 12.1, 2, 9-11.
 
5. Eles foram operados por pessoas reconhecidas pobres, sem instrução, de baixa condição e privadas
de amigos de influência, de protetores poderosos. At 3.6, 7; 4.13-16.
 
6. Eles eram declarados de antemão, eram realizados e se apelava para eles; e isto na presença dos
grandes e nobres de uma idade instruída, os quais, por conseguinte, não podiam ser facilmente iludidos.
 
Como, portanto, os milagres requerem uma prova mais comum, os da Bíblia têm esta evidência
fortíssima e extraordinária.
 
1. MILAGRES DO ANTIGO TESTAMENTO
 
Os principais milagres mencionados no Antigo Testamento são em número de cinquenta e quatro,
compreendendo uma grande variedade na demonstração do poder onipotente. Eles não se apoiavam em
ocasiões triviais, como os prodígios da mitologia grega e romana, e sim em ocasiões dignas de intervenção
divina. Eles são absolutamente necessários para explicar a existência da nação judaica, tão intimamente
envolvidos estão com a sua origem e história.
 
2. MILAGRES NO NOVO TESTAMENTO
 
Os principais milagres mencionados no Novo Testamento são cinquenta e um, além de muitos não
especificados, mas de que se fala por junto. Obrados para certificar uma revelação, são eles, todavia, quase
todos obras de misericórdia e bondade para a humanidade padecente.
 
Eles são tão entrelaçados com a história evangélica que de modo algum podem ser dela separados e
deixar ainda algum resto de verdade cristã. É claro que ou temos um Salvador histórico e sobrenatural, ou não
temos nenhum.
 
Os milagres da Bíblia, no seu conjunto, podem suportar a prova de Leslie no seu “Método breve e fácil
de tratar com os deístas.” Suas quatro regras célebres para determinar a veracidade dos fatos em geral são: 1)
Que o fato seja tal que com os sentidos exteriores, os olhos, os ouvidos – os homens possam julgar dele. 2)
Que ele se dê publicamente em face do mundo. 3) Que não somente se erijam monumentos públicos em sua
memória, mas se execute alguma ação exterior. 4) Que tais monumentos, tais ações e observâncias sejam
instituídos e comecem do tempo em que o fato se deu.”
 
O Judaísmo com seus ritos, e o Cristianismo com seus sacramentos, são fatos e monumentos e
observâncias desta ordem.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
 
O mais notável de todos os milagres é a ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos; portanto,
merece um exame separado.
 
Os seguintes fatos do caso são aceitos por amigos e inimigos:
 
1) Jesus Cristo predisse por várias vezes as circunstâncias de sua morte. Jo 2.19-21; Mt 20.18, 19. 2)
Ele morreu de fato. Mc 15.37, 44, 45; Jo 19.33. 3) Foi sepultado. Jo 19.41, 42. 4) Não foi achado no túmulo,
tendo sido o túmulo guardado pelos guardas para conservar os discípulos honestos, e selado para conservar os
guardas honestos. Mt 28.6-13; 27.62-66.
 
Não há senão três maneiras concebíveis pelas quais seu corpo poderia ser removido do sepulcro. Ou
por seus INIMIGOS, ou por seus AMIGOS, ou por SI MESMO, como predissera. Mt 27.63.
 
Se por seus INIMIGOS, seu motivo não pode ser senão expor o corpo e por aí afrontar os apostólos, e
convencê-los de fraude em seu Mestre. Mas, o corpo não foi exposto por eles.
 
Se por seus AMIGOS, não vemos por que razão. O cadáver não podia servir de prova, para eles ou para
os outros, de que ele tivesse ressurgido; ao contrário, seria sempre uma prova visível contra eles.
 
É verdade, seus inimigos denunciaram que ele tinha sido roubado pelos amigos. Mt 28.11-15. Mas,
examinando-se o boato, verifica-se que é falso.
 
1. Tão manifestamente improvável é a notícia que Mateus, relatando fielmente todos os fatos, não dá
uma palavra em refutação.
 
2. Os discípulos eram poucos em número, e despidos de coragem própria.
 
Eles, em geral, ficaram todos desanimados e terrificados com o fatal fim de seu Mestre. Quando ele foi
preso, todos o abandonaram e fugiram. Pedro o seguiu de longe, e, sendo acusado de ser um dos discípulos,
negou-o três vezes com veemência e deprecações. Mt 26.56-58, 69-74. Nenhum o acompanhou diante do
tribunal. E quando foi crucificado, as únicas pessoas que ousaram ficar perto de sua cruz, foram sua mãe, duas
ou três outras mulheres e João. Jo 19.25, 26. Não é, portanto, provável que eles se deixassem surpreender
neste trabalho, especialmente naquela ocasião porque:
 
3. Era a ocasião da grande festa – a Páscoa – quando Jerusalém devia estar cheia de gente. Diz-se
também que era tempo de lua cheia.
 
4. Não é possível que uma guarda de sessenta homens fossem toda tomada de sono ao mesmo tempo,
especialmente estando a céu aberto.
 
5. Se eles dormiram, não podiam testemunhar nada do que se passou, exceto que a sepultura foi
desocupada sem eles saberem como. Testemunhas e dormindo!
 
Eles não podiam saber que o corpo foi subtraído; ou, se o tivesse sido, por quem.
 
6. Achando-se soldados romanos dormindo em guarda, era morte certa. Logo, se eles tivessem
dormindo, não o confessariam voluntariamente. Se se tivesse dado crédito à notícia por eles divulgada, os
governadores os teriam punido. Isto eles nunca fizeram. Mt 28.12-15.
 
7. Se os soldados tivessem crido na sua própria história, eles teriam lançado isso em rosto aos
discípulos, depois. Não consta que eles tenham feito isto.
 
Se, portanto, o corpo não podia ser removido de nenhum outro modo, ele deve ter sido PELO SEU
PRÓPRIO PODER, como ele havia predito. Jo 10.17, 18.
 
A prova mais DIRETA deste grande milagre se acha nos seguintes pormenores.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
1. Houve doze manifestações distintas de Cristo depois do seu enterro – cinco no primeiro dia depois
da ressurreição e cinco mais, antes da ascensão; uma vez a Saulo na sua conversão, e uma a João, em Patmos.
1Co 15.5-9; At 9.5; Ap 1.9-18. Foram em horas diferentes do dia, em lugares diversos, e, em uma ocasião, a
mais de quinhentas pessoas.
 
2. Ele não lhes aparecia em silêncio, mas falava e comia com eles, mostrava as suas mãos e pés, fazia-
os apalpá-los, etc.; teve muitas e longas conversações com eles, e por fim subiu ao céu, em presença deles. Lc
24.13-51; Jo 20.19-29; 21.4-23; At 1.3-11.
 
3. As testemunhas, pertencendo a uma classe de homens ignorantes e desprezados, não tentariam
uma imposição.
 
4. Eles não eram crédulos, antes tardos para crer na ressurreição de seu Mestre. “Alguns duvidaram,”
para que nós nunca duvidássemos. Mt 28.17; Jo 20.25-29.
 
5. Houve uma notável mudança na disposição e na conduta dos discípulos; de homens tão tímidos que
eram, tornaram-se, de repente, corajosos e intrépidos.
 
Eles começaram a pregar aquele mesmo Jesus que, havia pouco, eles tinham abandonado na maior
angústia, e isto, nas sinagogas de Jerusalém, onde ele fora crucificado poucos dias antes. Mc 16.20; At 2.14;
9.20, etc.
 
E posto que eles tivessem uma recordação ainda viva da crucificação, e tivessem toda a razão para
esperar um fim igual, não deixam de confessar a sua ressurreição. At 2.22-36.
 
6. A CEIA DO SENHOR foi instituída em perpétua memória de sua morte, e a festividade do DIA DO
SENHOR, em comemoração de sua ressurreição. Mt 26.26, etc.; 1Co 11.23-26.
 
Estas memórias foram instituídas na ocasião em que as circunstâncias a que se referem aconteceram, e
têm sido observadas desde esse tempo no mundo cristão, preenchendo, assim, os quatro quesitos de Leslie a
respeito de milagres. Veja-se pág. 43.
 
A ressurreição de nosso Senhor fica assim estabelecida, e é prova suficiente da sua missão divina. Rm
1.4.
 
O Salvador, muitas vezes, apelava para a sua ressurreição como a prova capital de sua missão, e seus
discípulos constantemente se referiam a ela como o fundamento de sua fé. Mc 8.31; Jo 2.19-21; At 17.31; 1Co
15.20; 1Pe 1.3.
 
Finalmente, este grande acontecimento reúne em seu favor prova tanto de milagres como de profecia.
As profecias nele cumpridas se acham em Sl 16.10; Jo 2.19, 22; At 2.25-36.
 
EVIDÊNCIA HISTÓRICA, CONTINUAÇÃO
 
II. Profecia é um milagre de conhecimento, predição extraordinária de algum acontecimento futuro, isto
é, em circunstâncias tais que as faculdades humanas jamais poderiam prover nem calcular.
 
As profecias da Bíblia formam um sistema regular, e podem-se classificar do seguinte modo:
 
I. Profecias relativas à Nação Judaica.
 
1. Concernente à posteridade de Abraão.
 
Profecia: Gn 12.1-3; 13.16; 15.5; 17.2, 4-6; 22.17, 18; 28.14; 32.12.
 
Cumprimento, com referência somente aos judeus. Êx 1.7-12; Nm 23.10; Dt 1.10, 11; Hb 11.12.
 
Em menos de quinhentos anos depois da primeira destas profecias o número de israelitas montavam
somente a oitocentos mil homens, além de mulheres e crianças. 2Sm 24.9.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
2. Concernente a Ismael. Veja-se Gn 16.1-12. Dele descendem as várias tribos dos árabes, cujo
número e maneira de viver têm sido desde esse tempo uma confirmação dos textos.
 
3. Concernente aos judeus. Dt 28.
 
Cumprimento, em três particularidades:
 
1) Sua sujeição, por Sisac, rei do Egito, Salmanazar, rei da Assíria; Nabucodonozor e muitos outros.
 
2) As fomes, seiscentos anos depois de Moisés, entre os israelitas.
 
Outra vez, novecentos anos depois, entre os judeus. E finalmente, mil e quinhentos anos depois.
 
3) Sua redução, testemunhada por todas as nações por onde eles foram dispersos. Ainda assim eles
continuam um povo separado, e o seu nome tem-se tornado um de desprezo entre todos os povos. “Judiar”
significa “maltratar,” “enganar.”
 
Um rei da Inglaterra perguntou ao seu capelão:
 
– “Qual é a prova mais convincente da veracidade da Bíblia?”
 
– “Os judeus, Majestade!”, que, sem pátria por mil e oitocentos anos, têm não só cumprido as
profecias, conservando sua distinta nacionalidade, mas resistindo a todas as tendências de assimilação e
absorção.
 
II. Profecias relativas a outras nações.
 
Tiro. Ez 26. Egito, Is 19; Jr 43; 46; Ez 29; 30. Etiópia, Is 18.1-6; 20.3-5; Ez 30.4. Nínive, Na 1; 2; 3.
Babilônia, Is 13; Jr 1; 51. Os quatro grandes impérios da antiguidade, o babilônio, o pérsico, o grego e o
romano.
 
Profecias: Dn 2.39, 40; 7; 8. Toda a história mostra o seu cumprimento literal.
 
III. Profecias relativas ao Messias.
 
1. Que Ele haveria de vir.
 
Profecia: Gn 3.15; Dt 18.15, 18; Is 9.6; Sl 1.7; Ag 2.7.
 
Cumprimento: Lc 2.11; Jo 1.14; Gl 4.4; 1Jo 3.8.
 
2. O tempo em que haveria de vir.
 
Profecia: Gn 49.10; Ag 2.6-9; Dn 9.23-25; Ml 3.1.
 
Cumprimento: Comparai Mt 22.20, 21; Lc 2.1-5; Jo 19.10-15. Pela expectação dos judeus, vejam-se Mt
2.46; Lc 2.25, 38.
 
3. De quem haveria de descender.
 
Profecia: Gn 3.15; 12.3; 18.18; 49.10; Is 7.14; 9.6, 7; 11.1; Jr 23.5, 6.
 
Cumprimento: Mt 1.1, 23; Lc 1.32, 33; Jo 7.42; Gl 4.4; At 3.25, 26; 13.32, 33; Rm 15.8-12.
 
4. Seria nascido de uma virgem.
 
Profecia: Is 7.14; Jr 31.22.
 
Cumprimento: Mt 1.22-25; Lc 1.26-35.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
5. Lugar de seu nascimento.
 
Profecia: Mq 5.2.
 
Cumprimento: Lc 2.4-7; Mt 2.4-8, etc.
 
6. Concernente ao precursor.
 
Profecia: Ml 3.1; 4.5; Is 40.3.
 
Cumprimento: Mt 3.1-3; Lc 1.13-17.
 
7. Deveria pregar primeiro na Galiléia.
 
Profecia: Is 9.1, 2.
 
Cumprimento: Mt 4.12-17.
 
8. Haveria de operar milagres.
 
Profecia: Is 35.5, 6.
 
Cumprimento: Mt 11.5.
 
9. Sua entrada triunfante em Jerusalém.
 
Profecia: Zc 9.9.
 
Cumprimento: Mt 21.5-11.
 
10. Circunstâncias de sua paixão e morte.
 
1) Profecia: Is 53.3; Sl 41.9; Lv 12-14; Zc 11.12, 13.
 
Cumprimento: Lc 8.53; 16.14; Mt 26.14, 15; 27.3.
 
2) Profecia: Is 1.6; 53.5-8.
 
Cumprimento: Mt 27.30; Lc 23.34; Jo 19.1, 2; 1Pe 2.23, 24.
 
3) Profecia: Sl 22.7, 8.
 
Cumprimento: Mt 27.39, etc.; Lc 23.35, etc.
 
4) Profecia: Sl 69.21; 22.18.
 
Cumprimento: Mt 27.34; Mc 15.36; 19.23-29.
 
5) Profecia: Is 34.20; Zc 12.10.
 
Cumprimento: Jo 19.32, 36.
 
6) Profecia: Is 53.9.
 
Cumprimento: Mt 27.57, 60.
 
            11. Ressurreição e Ascensão.
 
Profecia: Sl 16.9, 10. Pelo próprio Cristo. Mc 8.31; 10.34; Lc 9.22; Jo 2.19, 21; 10.17.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
Cumprimento: Mt 28.5, 6; At 1.3; 2.25-36; 13.34-37; Lc 24.5-7, 51; At 1.9-11; 1Tm 3.16.
 
12. Jesus mandaria o Espírito Santo.
 
Profecia: Jl 2.28. Por ele mesmo. Jo 7.38, 39; 14.16; 15.26; 16.7, 13.
 
Cumprimento: At 2.1-4, 33; 4.31; 10.44, etc.
 
13. Salvação somente por Cristo.
 
Profecia: Zc 13.1; Ml 4.2; Is 53.11; 59.20; Sl 118.22.
 
Cumprimento: Mt 1.21; Lc 1.76-78; 2.27-32; 24.47; At 4.10-12; 10.43; 13.38; 1Tm 2.4-6; 4.10.
 
14. Importância da fé nEle.
 
Profecia: Dt 18.18, 19.
 
Cumprimento: Mt 17.5; At 3.22, 23; Jo 3.18, 36; 2Ts 1.7, 8.
 
IV. Profecias feitas por Cristo e seus apóstolos.
 
1. Cristo prediz as circunstâncias de sua morte. Mt 16.21; 26.23, 31.
 
2. Ressurreição: Mt 16.21; 26.32.
 
3. Descida do Espírito Santo: Lc 24.49; Jo 14.16, 17, 26; 16.7, 13.
 
Cumprimento: At 2.1-4; 10.44.
 
4. Destruição de Jerusalém, com todos os sinais precursores e as circunstâncias concomitantes : Mt
24.1-26; Mc 13.1-23; Lc 21.5-24.
 
A mesma geração que ouviu as predições viveu para presenciar miserável o seu cumprimento.
 
EVIDÊNCIA EXTERNA, CONTINUAÇÃO
 
4) A maravilhosa preservação da Escritura é mais uma evidência externa de sua origem divina.
 
Os judeus, desde o princípio, têm conservado o Velho Testamento com diligência sagrada.
 
A tribo inteira de Levi era encarregada de guardar o Livro da Lei. Dt 31.25, 26.
 
Além dos exemplares em uso nas sinagogas, exemplares sobressalentes conservavam-se
cuidadosamente nos arquivos do templo, onde ninguém era admitido. 2Re 22.8; At 15.21.
 
Os manuscritos eram copiados com grande cuidado e exatidão. A troca de uma letra condenaria a cópia
às chamas. Os judeus registravam o número de palavras e letras em cada manuscrito, e marcavam a letra do
meio como recurso de segurança contra a corrupção.
 
Todo o Antigo Testamento foi traduzido do hebraico e do caldeu para o grego, em Alexandria, quase
trezentos anos antes da era cristã. Esta tradução é chamada a Septuaginta, e ainda existe.
 
O Pentateuco samaritano, que ainda existe, é também muito antigo, e concorda essencialmente com o
dos judeus.
 
Quando consideramos a inimizade existente entre os judeus e samaritanos, esta concordância entre os
seus exemplares é confirmação valiosa de sua genuinidade. Os MSS autógrafos da Escritura Hebraica estão
todos perdidos. Os mais antigos existentes pertencem ao oitavo e nono século. Contudo, circunstâncias há que,
acompanhando sua preservação e transmissão, comprovam sua genuinidade com quase a mesma certeza como

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
se os exemplares originais ainda existissem. Circunstâncias estas tais como: (1) A concordância entre
exemplares espalhados a grandes distâncias; (2) entre versões primitivas; (3) entre citações de escritores
antigos. A invenção da arte de imprimir resultou em grande proteção do texto; primeiro, pela multiplicação do
número de exemplares; segundo, pela dificuldade que há em alterar a impressão com a pena.
 
Os antigos MSS do Novo Testamento, e da Septuaginta ou versão grega do Antigo, têm quase mil e
quinhentos anos de idade. Destes, o de Alexandria está agora no British Museum; o “Vaticano” está na
Biblioteca Vaticana, em Roma; o Sinaítico, descoberto no Monte Sinai (1859), está em S. Petersburgo. Homens
de letras eminentes têm dedicado a sua vida a um exame crítico destes e de centenares de outros MSS, e têm
achado muitas divergências insignificantes, porém, concordância na essência. Nenhuma doutrina da Igreja é,
por leve que seja, abalada pelas diferentes versões. Por exemplo, a importante Epístola aos Romanos, que
possui quatrocentos e trinta versos, tem apenas quatro variações dignas de nota, a saber: Cap 7.6. Em alguns
MSS, lê-se: “estando para aquela;” em outros, “para que sendo mortos.” Cap 5.6, a última parte do verso é
omitida (Tradução de Almeida). No Cap 12.11, algumas Bíblias têm tempo em lugar de Senhor – a diferença no
Grego é apenas de uma letra. No Cap. 16.5, deve-se ler “Ásia” em vez de “Acaia” (Tradução de Almeida).
 
Quando, portanto, ouvimos falar das cento e vinte mil divergências notadas por Dr. Kennicott, no Novo
Testamento, devemos entender que elas são insignificiantes, tanto quanto diz respeito à significação, e
devemos lembrar-nos de que nos escritos de Terêncio (seis textos somente), há três mil divergências, e eles
têm sido copiados muito menos vezes. Bengel diz ao seu discípulo: “Comei em simplicidade o pão da Escritura,
tal como a possuís, e não vos inquieteis se aqui ou ali encontrardes algum grão de areia que a mó tenha
deixado passar. Se nas Santas Escrituras que têm sido copiadas tantas vezes, não se achasse nenhuma
divergência, seria isto um milagre tão grande que a fé nelas já não seria mais fé. Eu me admiro, ao contrário,
de como de todas essas transcrições não tenha resultado maior número de variações.”
 
Se os judeus tivessem bulido nas Escrituras, eles teriam apagado os seus crimes, suas idolatrias e
rebeliões contra Jeová.
 
Não há quase uma passagem do Novo Testamento que não seja citada pelos padres, ou por outros
escritores dos três primeiros séculos.
 
Os cristãos primitivos eram divididos em diversas seitas. Estas necessariamente não teriam permitido
umas às outras alterar o texto.
 
Observai a rivalidade constante entre judeus e samaritanos; entre essênios, saduceus e fariseus, e
entre as diferentes seitas cristãs de todas as idades.
 
Não seria possível a um Calvinista, ou a um Batista, ou a um Metodista, ou a um Unitariano, alterar a
Bíblia por menos que fosse para adaptá-la à sua seita, sem ser logo apanhado e desmascarado.
 
Cópias do Novo Testamento foram cedo espalhadas por várias partes do mundo. Muitos desses
manuscritos ainda existem, e em essência concordam com os outros.
 
Durante o primeiro e segundo séculos, como foi profetizado, levantaram-se por toda a parte falsos
Cristos, falsos evangelhos e falsas epístolas. Mc 13.22; Lc 1.1; Gl 1.6-9. 2Ts 2.2-12; 1Jo 2.18. Todos eles foram
de curta duração.
 
A integridade das Santas Escrituras tem provas dez vezes mais variadas, copiosas, e conclusivas do que
qualquer outro livro antigo, mesmo os mais apreciados clássicos gregos e latinos. Se, portanto, os fatos
relativos à origem, à natureza e ao progresso do Cristianismo não são verídicos, nada então da história do
mundo merece fé.
 
Enquanto milhões de livros, hoje ignorados, que prometiam imortalidade a seus autores, já caíram no
esquecimento, a Bíblia tem sobrevivido mesmo através de oposição tal como nenhum outro jamais conheceu.
 
As mais altas pretensões de sabedoria, de ciência e de filosofia; as artes mais malévolas do engenho,
da sátira e do impropério, têm sido empregadas contra a Bíblia mas em vão.
 
Milhares de vezes tem ela sido condenada, banida e queimada. Ainda assim ela vive e sobreviverá à
dissolução de mundos. 1Pe 1.24, 25.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
(B) EVIDÊNCIA INTERNA
 
Esta sorte de evidência se acha no conteúdo da própria Bíblia. Semelhante evidência deve ser
examinada com muita cautela. Porque, se o livro é realmente de Deus, deve ele ser aceito qualquer que seja o
seu conteúdo.
 
1. Considerai a harmonia entre suas diferentes partes. A Bíblia é mais uma biblioteca do que um livro.
Ela consta de muitos livros distintos, encadernados juntos.
 
Foi escrita por pelo menos quarenta diferentes autores, homens de grande variedade de talento, de
gênio e instrução, em várias partes da terra, sem existir entre eles prévio acordo, aliás em diferentes épocas,
ocupando um espaço de tempo de mil e quinhentos anos. E, não obstante, uma perfeita harmonia de
sentimento reina em todo ele. Quão diferentes dos outros escritos a esse respeito!
 
2. A simplicidade de todo o seu desígnio. A Bíblia tem um único e simples objeto em vista do princípio
ao fim: a história da redenção da espécie humana por Jesus Cristo. Este fio de ouro reúne em um todos os
livros.
 
Este objeto uniforme é tanto mais notável quando consideramos o número de escritores e o espaço de
tempo decorrido entre cada um deles.
 
Logo em um dos primeiros capítulos da Bíblia se prediz a vinda do Salvador. Desde esse tempo a
história sagrada aponta e segue a linha de sucessão que conduz a Cristo. Gn 3.15; Lc 24.27, 44.
 
No tempo em que os israelitas jaziam em cativeiro no Egito, existiam muitas outras nações, pelo menos
em embrião, cuja história é muito mais importante, salvo em um ponto, do que a dos judeus.
 
Havia os egípcios, os assírios e os persas. A história sagrada os deixa a todos de lado e limita toda a
sua atenção a um grupo de escravos egípcios, – e por quê? Porque entre esses escravos há o ascendente do
futuro Messias.
 
Os numerosos sacrifícios entre os judeus foram instituídos e constantemente observados, com o
mesmo simples desígnio: – familiarizar os escritos dos homens com a idéia da necessidade de mais alguma
coisa, além da penitência, para expiar os pecados . Todos eles apontam para Cristo, o Cordeiro de Deus. Jo
1.29.
 
A nação donde havia de vir o Salvador prometido é acompanhada em suas várias dificuldades e
aventuras, até se estabelecer definitivamente no país onde o Messias devia aparecer, e aí é deixada.
 
Não pode haver prova mais convincente de que a Bíblia tem como fim único a história de Cristo.
 
3. A Bíblia está em harmonia com a luz da natureza. Isto é um ponto fundamental e deve ser bem
observado.
 
Está incontestavelmente provado pelo bispo Butler, em sua “Analogia,” que todas as objeções contra o
Cristianismo podem ser levantadas, com igual força de argumento, contra a constituição e o curso da natureza,
a qual todos, excetuando os ateus, admitem proceder de Deus.
 
A Bíblia não é a única fonte de instrução religiosa. A natureza e a Providência têm voz neste assunto. Sl
19; Rm 1.20.
 
A luz da natureza, porém, comparada com a da revelação, é como a luz da Lua ou de uma estrela
comparada com a do Sol.
 
A Bíblia nunca eclipsa as luzes menores, senão por seu brilho superior. Em lugar de vendar-nos os
olhos às manifestações de Deus, reveladas na natureza, ela nos faz ver mais claramente. Sl 19.1-8.
 
A natureza mostra que o Autor do nosso ser é o mais benevolente possível no seu caráter.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
A Bíblia corresponde – “Deus é amor.” 1Jo 4.8, 16.
 
Toda a natureza o representa como mui resoluto e eficiente no seu governo: irando-se contra o pecado
e julgando-o com terrível severidade. A Bíblia corresponde – “Deus é um fogo consumidor,” é como um fogo
devorador para os ímpios. Hb 12.29; 10.27; 2Ts 2.8. Comparai: Dt 4.24; 9.3.
 
“O Senhor reina, regozije-se a terra” “O Senhor reina, tremam os povos.” Sl 97.1; 99.1.
 
Assim a Bíblia revela os mesmos princípios de governo moral que são revelados pela natureza, somente
de um modo mais claro.
 
E, em adição, ela descobre outras verdades, de muito mais valor para nós. Ela nos ensina que Deus é
santo, que o homem é imortal, que o pecado é um mal infinito, que só pode ser perdoado pela fé em Jesus
Cristo.
 
(C) EVIDÊNCIA EXPERIMENTAL
 
Esta espécie de evidência é de todas a mais convincente. Ela consiste no seu poder moral sobre o
coração humano. A Bíblia é conhecida por seus frutos.
 
Para dar uma demonstração: suponhamos que uma terrível praga se levantasse na cidade do Rio de
Janeiro e se espalhasse por toda a República, levando consigo a consternação e a morte a milhares de famílias.
 
Depois que ela grassasse no país durante muitos meses, aparecesse uma notícia de que na China se
descobrira determinada planta, remédio eficaz contra esta moléstia.
 
Nosso governo teria tomado a resolução de mandar um navio para fazer um carregamento de tal
planta, e nossos cidadãos estariam, por toda parte, ansiosos pela chegada do navio. Chegando afinal, o artigo
entra em plena circulação.
 
Ora, a pergunta é: Que nos interessaria mais? Seria um exame da prova de que o navio realmente teria
ido à China, ou que o seu carregamento consistiria do idêntico artigo que se mandou buscar? Não estaríamos,
antes, ansiosos por saber se o remédio cura?
 
Suponhamos que um indivíduo, interessado na continuação da peste, afirmasse não passar tudo isso
senão de imposturas. – “Vejamos,” diria ele, “como sabeis que este remédio é legítimo? Aquele navio nunca foi
à China. Os oficiais e a tripulação forjaram uma falsidade. Examinais os seus papéis e verificareis que tudo não
passa de ilusão.”
 
A massa do povo seria influenciada por tais objeções? Não. Sua resposta seria: “Deixamos isso para os
oficiais da Alfândega. Agora não temos tempo para indagar dessa questão. O remédio tem curado a milhares.
Está agora curando a milhares mais. Sim, nós estávamos enfermos e ele nos curou. Nossos vizinhos e amigos
estão morrendo e não há outra coisa a experimentar.”
 
Assim, nós confiamos na prova que temos. Ela é direta. É suficiente. Nós temos razão para acreditar
que o remédio cura. Seria este o teor de sua resposta e aqueles que desejam ser salvos do pecado deveriam
fazer o mesmo.
 
 Onde quer que abramos o sagrado volume, achamos alguma admoestação, que, sendo seguida direito,
nos fará bons cidadãos, bons vizinhos, bons amigos e bons homens.
 
Em toda a parte onde ele tem sido aceito e obedecido, têm-se seguido efeitos benéficos.
 
Todas as nações de todo o tempo através das quais ele nos tem sido transmitido, têm sido abençoadas
por ele.
 
Os lugares mais dotados no globo, em todos os sentidos – intelectual, social, civil, moral e religioso –
têm sido sempre aqueles onde a Bíblia foi mais honrada e obedecida.
 
Onde quer que missionários cristãos tenham ido, as nações mais bárbaras têm sido civilizadas e salvas.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
Os antigos habitantes da Alemanha, da Hungria, da Dinamarca, da Suécia, da Bretanha e da Irlanda,
assim como os das Américas Setentrional e Meridional, das Índias Orientais e Ocidentais, da Groelândia, da
África Meridional e Ocidental, etc., são todos dignos monumentos dos benéficos efeitos da Bíblia.
 
Outro efeito que as Escrituras produzem onde elas são devidamente respeitadas, é a resignação e a
paz diante da morte. Esta é uma hora honesta.
 
Enquanto os mais notáveis incrédulos muitas vezes renegam seus sistemas de infidelidade, mostrando
por aí a sua insinceridade, o crente cristão mais do que nunca se apega ao livro que lhe revela a vida eterna.
 
Outra manifestação dos bons resultados da Bíblia é o tratamento que ela recebe das mãos de homens
imorais.
 
Onde é que a Bíblia é desprezada e sua autoridade rejeitada? É entre os ignorantes e viciosos.
 
Onde é ela insultada e tratada com tanto desprezo, senão nas casas de jogo, de bebidas e em outros
lugares viciados?
 
Quais são os que falam com desdém das indecências da Bíblia senão aqueles cuja imaginação e
coração estão propensos a essas coisas?
 
Como, portanto, toda incredulidade tem antes uma causa moral no coração depravado do que uma
causa intelectual na não satisfação da razão humana, é de mais proveito aplicar as pungentes verdades do
Cristianismo aos corações dos incrédulos do que discutir acerca de suas evidências. Sl 14.1; Jo 9.27.
 
Examinando o assunto e suas evidências, devemos, primeiro que tudo, fazer a pergunta: “Estou eu
disposto a sujeitar-me a tudo que o Cristianismo requer, contanto que se possa provar que vem do céu?” Quem
puder responder a isto na afirmativa achará removidos todos os obstáculos à mais plena fé.
 
Nossa confiança nas verdades da religião revelada está quase em uma proporção exata com a
fidelidade com que cumpramos com o nosso dever. Jo 7.17.
 
Se deixarmos de lado o cumprimento dos nossos deveres, experimentaremos trevas e dúvidas.
Voltando ao nosso dever, logo nos vem luz para o entendimento e paz para o coração.
 
Finalmente, não há em todo o mundo a menor partícula de evidência contra serem as Escrituras de
inspiração divina.
 
“What none can prove a forgery may be true. What none but bad men wish exploded must.”
 
“O que ninguém pode provar ser falso pode ser verdadeiro; o que somente os homens maus desejam
ver acabado com certeza o é.”
 
(D) EVIDÊNCIAS COLATERAIS
 
1. A influência da Bíblia na formação dos caracteres mais nobres nos anais da história.
 
Exemplos: “Tenho lido a Bíblia de manhã, ao meio dia e à noite, e desde então me sinto um homem
mais feliz e melhor por causa desta leitura.” – Edmund Burk.
 
“A Bíblia é o melhor livro do mundo: Ela contém mais de minha parca filosofia do que todas as
bibliotecas que tenho visto.” – John Adams, segundo presidente dos Estados Unidos, a Thomas Jeferson,
terceiro presidente.
 
“Não há livro como a Bíblia para excelente instrução, sabedoria e uso.” – Sir Matthew Hale, juiz-
supremo da Inglaterra.
 
“Lede a Bíblia, lede a Bíblia.” – Últimas palavras de William Wilberforce, no seu leito de morte.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
“A Bíblia é adaptada às necessidades e enfermidades de todo o ser humano. Nenhum outro livro jamais
se dirigiu com tanta autoridade e de modo tão patético ao juízo e senso moral do gênero humano.” – Chanceler
James Kent.
 
“Uma corrente onde tanto o elefante pode nadar como o cordeiro vadear.” – Gregório, o Grande.
 
“Grato eu aceito e me regozijo na luz da revelação, que me tem dado descanso em muitas coisas, de
que maneira minha pobre razão de nenhum modo me pode descobrir.” – John Locke, filósofo.
 
“Na verdade, a Bíblia é entre os livros o que o diamante é entre as pedras – o mais precioso e o mais
brilhante; o mais apto para refletir a luz, e todavia o mais sólido e o melhor para fazer impressões.” – Robert
Boyle, filósofo cristão.
 
“O estudante mais sabido, mais perspicaz e mais aplicado não pode, na vida mais comprida, chegar a
um conhecimento perfeito deste único volume. Quanto mais profundamente ele trabalhar nesta mina, mais rico
e mais abundante ele acha o metal. Não há senão um livro – a Bíblia.” – Sir Walter Scott.
 
“Tenho lido com regularidade e atenção as Santas Escrituras e sou de opinião que este volume,
independentemente de sua origem divina, contém mais verdadeira sublimidade, mais rara beleza, mais pura
moralidade, mais importante história e mais belos trechos tanto de poesia como de eloquência, do que se
poderia compilar de todos os outros livros.” – Sir William Jones, grande orientalista.
 
“O livro mais maravilhoso que existe é, fora de toda a dúvida, a Bíblia.” – Professor O. M. Mitchell. LL.
D., astrônomo, general e patriota.
 
“Dizei ao príncipe que este (um exemplar de valor da Bíblia) é o segredo da grandeza da Inglaterra.” –
Mensagem da Rainha Vitória a um príncipe africano que mandara uma embaixada para aprender o segredo do
poder britânico.
 
2. A homenagem prestada por pessoas eminentes à Bíblia.
 
“É a Bíblia, a própria Bíblia, que combate e vence mais eficazmente na guerra contra a incredulidade e
a crendice.” – Mr. F. P. G. Guizot, estadista e historiador.
 
“Eu chamo a isto, independente de todas as teorias a seu respeito, uma das coisas mais grandiosas
jamais escritas com a pena. Um livro nobre! O livro de todos os homens!” – Thomas Carlyle, sobre o livro de Jó.
 
“Sobre tudo, a luz pura e benigna da Revelação têm exercido uma influência salutar sobre a
humanidade e aumentado as bênçãos da sociedade.” – Jorge Washington.
 
“Eu não creio que a sociedade humana, incluindo não um pequeno número de pessoas em alguma
localidade, mas grandes massas de homens, tenha atingido, ou venha jamais a atingir, um elevado estado de
inteligência, virtude, segurança, liberdade ou felicidade, sem as Santas Escrituras.” – William H. Seward.
 
“Eu tenho lido todo ele muitas vezes. Agora meu costume é lê-lo todo uma vez em cada ano. Ele é o
livro dos livros tanto para os advogados como para os teólogos. Eu tenho pena do homem que não pode achar
nele uma fonte rica de pensamentos e regras de conduta.” – Daniel Webster.
 
“Eu descubro na Bíblia marcas de autenticidade mais certas do que em qualquer história profana.” – Sir
Isaac Newton, filósofo e astrônomo.
 
“Eu sei que a Bíblia é inspirada, porque ela me sonda mais profundamente do que qualquer outro livro.”
– S. T. Coleridge.
 
“Tuas criaturas têm sido meus livros, mas tuas Escrituras, muito mais.” – Lord Bacon.
 
“Cristo provou que ele era o Filho do Eterno pelo seu menosprezo ao tempo. Todas as suas doutrinas
significam uma única e a mesma cousa: a eternidade.” – Napoleão Bonaparte.
 
3. As admissões dos céticos a respeito da Bíblia:

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
“Eu vos confesso que a grandeza das Escrituras me enche de admiração, assim como a pureza do
Evangelho tem sua influência no meu coração.” – Jean Jacques Rousseau.
 
“Tenho sempre dito e sempre direi, que o estudo cuidadoso do sagrado volume fará melhores cidadãos,
melhores pais, e melhores maridos.” – Thomas Jefferson.
 
“Eu desafio a todos quantos aqui se encontram, a preparar uma história tão simples e tão tocante como
a história da paixão e morte de Jesus Cristo, cuja influência seja a mesma depois de tantos séculos.” – Denis
Diderot, ateu francês.
 
“Encarada sob qualquer ponto de vista, a Bíblia é um fenômeno surpreendente. Os homens têm nela
suas esperanças mais caras. Ela lhes fala de Deus e do seu bendito Filho, dos deveres seculares e do descanso
celestial.” – Theodore Parker, panteísta.
 
4. A notável divulgação do Cristianismo, contra a oposição de todo o mundo, por intermédio de alguns
poucos discípulos sem instrução, sem posição, sem a influência de riqueza e sem o auxílio dos poderes civis.
 
5. A atual relação fundamental do Cristianismo com as artes, ciências, liberdades, leis e progresso,
especialmente o fato de que as nações mais cristãs são as mais adiantadas em inteligência e poder, demonstra
que o sistema é apropriado para assegurar a maior felicidade do homem neste mundo.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
SEGUNDA PARTE
 
DOUTRINAS DO CRISTIANISMO
 
I. A EXISTÊNCIA DE DEUS
 
Tendo já estabelecido a autoridade divina das Escrituras, examinaremos agora as doutrinas nelas
contidas.
 
A doutrina que a primeira frase da Bíblia revela é, a que HÁ UM DEUS, O CRIADOR de todas as cousas.
Gn 1.1.
 
A crença nessa doutrina é o PRINCÍPIO primeiro e FUNDAMENTAL de toda a religião verdadeira, e
portanto exige a nossa primeira consideração. Hb 11.6.
 
Os escritores inspirados ACEITAM ESTA DOUTRINA como verdade conhecida e admitida. Por isso eles
não se ocupam em dar nenhuma prova formal dela.
 
A existência de Deus se prova pela NOSSA PRÓPRIA EXISTÊNCIA, e pela existência do que se vê ao
redor de nós, assim como pelo que as Escrituras declaram.
 
Todas as cousas que se vêem COMEÇARAM A EXISTIR. Ora, ou elas se criaram a si próprias, ou
tiveram existência por mero acaso, ou foram criadas por outro ente.
 
SER CRIADA POR SI é uma contradição, pois pressupõe que um ente pode agir antes de existir, ou que
um efeito é a sua própria causa. Daí o escrever matéria com M maiúsculo e chamá-la Deus não remove
nenhuma dificuldade, e cria muitas.
 
CRIAÇÃO POR ACASO é um absurdo; porque dizer que uma cousa é produzida, e que não há causa de
sua produção, é dizer que alguma cousa se efetua quando não é efetuada por nada; isto é, nunca se efetua.
 
Todas as cousas que aparecem foram então necessariamente criadas por outro Ente – ESTE ENTE É
DEUS. Gn 1.1; At 14.15; 17.24; Hb 3.4; 11.3.
 
O PLANO, também, que se descobre na constituição, na harmonia, e no governo do universo visível
prova a existência de Deus.
 
As provas deste plano são óbvias demais para serem negadas. Plano implica haver um planejador; e
este planejador tem de existir antes da cousa planejada. Este PLANEJADOR É DEUS. Se a teoria moderna da
EVOLUÇÃO dos homens e dos animais de algum germe fosse verdadeira, deve ter havido um criador deste
germe. Evolução implica num Evolucionador. ESTE É DEUS.
 
Donde as OBRAS DA CRIAÇÃO provam a existência de Deus. Sl 19.1; 95.3-5; 100.3; Is 11.12; Zc 12.1;
At 17.24; Rm 1.20.
 
A existência de VIDA sobre a terra prova um Criador inteligente. A geologia nos leva ao remoto período
em que a terra, apenas então esfriada do seu estado de massa em fusão, não tinha nenhum sinal de vida.
Nenhum traço de vida se pode achar nas rochas mais antigas ou rochas ígneas. Mas, nas rochas de formação
d’água que lhes ficam logo próximas, descobrem-se os primeiros vestígios de vida orgânica. O abismo entre a
matéria morta e a vida orgânica é infinitamente profundo. Ele pode ser atravessado, não por alguma lei natural,
mas somente pela intervenção de um ato de poder onipotente em criação. Nas épocas geológicas há muitos
destes pontos em que raças antigas são destruídas e outras novas introduzidas, tão diferentes das primeiras
que de modo algum podiam ter-se originado delas, e portanto devem ter sido criações diretas.
 
Esta doutrina tem mais como prova de sua verdade os chamados ACONTECIMENTOS DA
PROVIDÊNCIA. Êx 5.1; 7.12; 8.16, 22; 14.3, 29; 18.10; 20.18, 22; 29.46; Dt 4.32-39; Sl 9.16.
 
O termo DEUS acha-se radicalmente no Sânscrito, e nos vem do grego e do latim, assim: DEUS (Port.);
DEUS (Latino); THEÓS (Grego); DYU ou DYAUS (Sânscrito); e no Sânscrito, diz Max Muller, significa O CÉU, O
ESPAÇO LUMINOSO, O SOL. Quando o termo chega ao Português, nos vem já impregnado do sentido O ENTE

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
SUPREMO, o DISPONIDOR, O JUIZ (Editor); e é aplicável, em sentido subordinado, a outros entes. Dt 10.17; Sl
97.7 (Almeida); Is 41.23; Jo 10.35; 1Co 8.5.
 
Este nome, entretanto, é dado por excelência ao autor de nossa existência, e só a ele é devido este
nome. Dt 6.4; 1Co 8.4-6. Seu nome mais apropriado é JEOVÁ, que não é um nome acidental, sem significação,
e sim um nome adotado por Deus mesmo, e dado a Israel para exprimir o mistério de seu ser. No Antigo
Testamento ele está em geral traduzido SENHOR, de modo que o nome memorial não é reparado pelo leitor. Êx
3.14, 15; Sl 83.18; Is 26.4. Ele denota existência eterna. Os hebreus tinham por ele tanta reverência que não o
pronunciavam. Ap 1.8; 4.8; 11.17.
 
Aqueles que crêem em um Deus pessoal, Autor da revelação, distinto do mundo natural, sobre o qual
ele preside, são chamados TEÍSTAS.1
 
Os crentes em um Deus pessoal, que não têm falado ao homem por uma revelação sobrenatural, são
chamados DEÍSTAS. Aqueles que negam uma personalidade distinta em Deus e o identificam com o universo
são os PANTEÍSTAS. Alguns destes crêem que a matéria é a única cousa que existe: são os PANTEÍSTAS
MATERIALISTAS. Outros negam a existência da matéria, e resolvem tudo em idéias. Estes são os PANTEÍSTAS
IDEALISTAS. Para o Panteísta, a personalidade humana e sua responsabilidade moral são ilusões. Se o homem
não é mais que uma parte de Deus ele não pode pecar. Aqueles que negam a existência de Deus são os
ATEUS. Todos que não são teístas rejeitam a Bíblia como a vontade revelada de Deus. O deísmo, panteísmo e
ateísmo são cada um deles uma credulidade da maior espécie, disfarçada como for nas vestes da filosofia,
igualmente degradante ao entendimento e ao coração. Sl 14.1; 10.4; 82.5; Jó 21.14, 15.

II. ATRIBUTOS DE DEUS


 
Os atributos de Deus são as diversas qualidades ou perfeições da natureza divina; ou, em outras
palavras, as diferentes partes do seu caráter. Estas são chamadas atributos porque Deus as atribui a si, e
perfeições porque eles são as diferentes representações daquela uma perfeição, que é ele próprio.
 
Estes atributos se dividem em duas classes, os NATURAIS e os MORAIS.
 
Os atributos NATURAIS são aquelas qualidades que não incluem imediatamente a noção de ação moral,
sendo independentes da vontade.
 
Os atributos MORAIS são os que dão merecimento a todas as suas perfeições, fazendo-o infinitamente
glorioso. Eles implicam no exercício de uma vontade. Assim como um homem não exerce a sua vontade para
ter seis pés de alto mais sim exerce-a para ser honesto, assim Deus não exerce a sua vontade para ser eterno,
e sim para ser justo. Se isto não é assim, Deus tem só atributos naturais e falta-lhe o caráter moral.
 
1. ATRIBUTOS NATURAIS
 
Quanto à natureza ou substância de Deus, o testemunho da Escritura é muito explícito. Jo 4.24; 2Co
3.17.
 
1. Sua UNIDADE está em primeiro lugar entre os seus atributos naturais. Deus é um. Dt 4.35; 6.4;
32.39; 2Sa 7.22; 2Re 19.15; Is 44.6, 8; 45.5; Jo 17.3; 1Co 8.4, 6; Ef 4.6; 1Tm 1.17; Tg 2.19.
 
O Dualismo é a crença em duas deidades antagônicas e eternas, uma boa e outra má. Seu culto
acarreta a confusão de todas as distinções morais.
 
O Politeísmo, ou uma pluralidade de deuses, é um erro perigosíssimo, porque envolve o culto de
concepções da imaginação, sanguinolentas e impuras, que por uma lei da nossa natureza assimila o adorador à
cousa adorada.
 
2. A Eternidade, existência passada e futura sem fim. Dt 33.27; Sl 90.2; 93.2; 102.24, 27; Is 44.6;
57.15; Hb 1.12; 1Tm 1.17; Ap 1.4, 8.

1 As palavras “teísmo” e “deísmo” são radicalmente idênticas, mas o uso tem admitido uma distinção prática.
Teísmo, propriamente, é a fé da razão precedendo a revelação; enquanto que Deísmo é a fé na razão,
contestando a revelação.

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3. Onipresença, existência em toda a parte, não por uma extensão de suas partes, mas pela essência
do seu ser. 1Re 8.27; Sl 139.7-10; Jr 23.23, 24; Ef 1.23. “Dize-me onde está Deus,” disse um ateu a uma
criança. “Eu digo,” respondeu a criança, “se me disserdes onde ele não está.”
 
4. Onisciência, ou o conhecimento de todas as cousas e todos os acontecimentos. 2Cr 16.9; Jó 34.21,
22; 37.16; Sl 139.1-6; 147.5; Pv 15.3, 11; 24.11, 12; Is 40.28; 42.9; Ez 11.5; Dn 2.22; Jo 21.17; At 1.24;
15.18; Hb 4.13; 1Jo 3.20. Este atributo abarca o que se tem chamado a presciência ou conhecimento prévio de
Deus. Estes termos, todavia, aplicados a Deus, são impróprios. Eles se aplicam só a inteligências finitas. Para
Jeová nada, rigorosamente falando, é futuro ou passado, mas o que ele sabe sabe como a cousa é e não como
há de ser. Duração, passado e futuro, é uma armação dentro da qual se limita todo o pensamento humano.
Não existe uma semelhante limitação para a inteligência de Deus. Não há com ele sucessão de pensamentos,
nem processos lógicos. Ele vê todas as verdades intuitivamente. Hb 4.13.
 
O simples fato de Deus ter ciência das cousas não influi em nada, nem de modo algum muda a
natureza das cousas, pela simples razão de que é CIÊNCIA, e NÃO INFLUÊNCIA, NEM CAUSA.
 
Algumas ações são necessárias, como o respirar e o dormir, outras são livres, e como tais são
conhecidas por Deus. Se qualquer causa fosse diversa do que é, o seu conhecimento dela seria diverso. A
ciência origina-se do ato e não o ato da ciência, assim como a impressão do selo, e não o selo da impressão.
Como Deus conhece as decisões futuras de um agente livre nos é um mistério, como o são todas as percepções
do espírito infinito. Jó 5.9; 26.14; Is 55.8, 9; Sl 139.6; Rm 11.33, 34.
 
5. Onipotência, ou poder de fazer qualquer cousa que de natureza não é absurdo nem repugnante à
sua natureza. Gn 17.1; Jó 9.12; Is 26.4; 43.13; Jr 27.5; 32.17; Dn 4.35; Mt 19.26; Ap 1.8; 19.6.
 
Este atributo é representado em uma variedade de formas, para o duplo fim de infundir temor e
reprimir aos ímpios, e proporcionar forças e consolação aos justos. Sl 1.21, 22; Rm 4.20, 21; 8.31.
 
6. Imutabilidade. Este atributo é indicado no seu augusto e majestoso títulos. “ Eu sou.” Êx 3.14; Jo
8.58. Comparai Nm 23.19; 1Sm 15.29; Jó 23.13; Sl 102.27; Is 26.4 (no hebraico lê-se ROCHA DAS IDADES); Ml
3.6; Tg 1.17.
 
Infere-se também a sua imutabilidade da ordem geral da natureza: a revolução dos corpos celestes, a
sucessão das estações, as leis da produção animal e vegetal, e a perpetuação de toda espécie de ser. Não se
deve interpretar este atributo como significado que suas OPERAÇÕES não admitem nenhuma mudança ou
contrariedade sob quaisquer circunstâncias. Êx 32.14; Ez 18.20-30.
 
Ele cria e ele destrói, ele ama e ele aborrece, etc. Isto é prova, não de mudança em Deus mas de
PRINCÍPIOS imutáveis.
 
Sua imutabilidade o qualifica para Supremo Governador de tudo, porque as cousas nos reinos da
natureza e da graça são governadas por LEIS FIXAS. Se fosse doutro modo não haveria segurança em nada,
nem nenhum curso uniforme da natureza.
 
Este atributo de Deus é a grande fonte de terror para os impenitentes, e de animação para os que são
de coração contrito. Sl 1.21, 22; Rm 2.2-11; 4.20, 21; 1Ts 5.24.
 
7. Invisibilidade. Êx 33.2-23; Jo 1.18; Cl 1.15; 1Tm 6.16; Hb 11.27.
 
8. Incompreensibilidade. Não se pode compreendê-lo com uma inteligência finita. Jó 11.7, 8; 26.14;
36.26; 37.23; Sl 145.3; Rm 11.33.
 
2. ATRIBUTOS MORAIS
 
1. A Sabedoria de Deus. Entre os seus atributos morais este ocupa o primeiro lugar. Ele é em parte
natural e em parte moral, visto que é um conjunto de ciência e benevolência.
 
Esta perfeição se prova pelas obras da criação, providência, redenção, e de declarações expressas das
Escrituras. Êx 34.6; Sl 104.24; Pv 3.19; 8.14; Jr 10.12; Dn 2.20; Rm 11.33; 1Co 3.19; Cl 2.3; Jd 25; Ap 5.12.

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2. Bondade, ou benevolência, é a disposição de Deus para conferir a maior felicidade. Prova-se da
mesma maneira que a sabedoria. Êx 34.5; Sl 33.5; 52.1; 107.8; 119.68; 145.7, 9; Mt 19.17; Tg 1.17.
 
3. Santidade, ou sua perfeita pureza absoluta e retidão de natureza. A prova disto acha-se no seu
tratamento uniforme a todo ser moral, e também na sua Palavra. Êx 15.11; Lv 11.44; Js 24.19; Sl 22.3; 111.9;
145.17; Is 6.3; 1Pe 1.15, 16; Ap 15.4.
 
4. Justiça, a expressão da santidade pelas ações, ou a sua disposição para dar a cada um o que este
mereça. Prova-se isto pelo que se vê no mundo moral, e pela Bíblia. Êx 34.6; Dt 32.4; Ne 9.13; Jó 8.3; Sl
89.14; Is 45.21; Ap 15.3.
 
5. Misericórdia denota a sua disposição para compadecer-se do miserável, e especialmente para
perdoar àqueles que o tenham ofendido. Desde que depende da existência do pecado, não é este um atributo
essencial, mas uma corrente que emana da bondade. Prova-se pelo dom de seu Filho, pelo provimento dos
meios de graça, e pelas Escrituras. Êx 34.6, 7; Nm 14.18; Dt 4.31; Sl 62.12; 86.15; 100.5; 103.8; 116.5; 138.8;
Lm 3.22; Jn 4.2; Mq 7.18; Rm 8.32; 2Co 1.3; Ef 2.4.
 
6. Verdade, ou perfeita veracidade. Sua fidelidade em cumprir as suas predições, em cumprir as suas
promessas, em executar as suas ameaças, é a evidência desta perfeição. Ela é também declarada em sua
Palavra. Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 32.4; Sl 100.5; 146.6; Is 25.1; 2Tm 2.13; Tt 1.2; Ap 15.3.

III. A TRINDADE
 
Pela Trindade, entende-se a união de três pessoas em uma só; Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Mt 3.16, 17; 28.19; Jo 14.16, 17, 26; 15.26; 2Co 13.14; Ef 2.18; Hb 9.14; 1Pe 1.2.
 
Quase todas as nações pagãs da antiguidade reconheciam uma trindade, o que constitui pequena
evidência da verdade desta doutrina.
 
Quase todo o mundo cristão está acorde neste ponto, não importa quanto difira em outros – os
Episcopais, os Presbiterianos, os Metodistas, os Batistas, os Luteranos, os Independentes, os
Congregacionalistas, os Valdenses, e muitas outras denominações menores, juntas com as Igrejas extensivas,
Grega e Romana.
 
A principal, senão a única, objeção levantada contra esta doutrina é que ela é absurda e contraditória.
Mas, não é tal, nem mais que a doutrina que ensina a sua existência eterna.
 
Ela é, na verdade, um mistério, e necessariamente assim permanecerá para nós. A sua
incompreensibilidade, contudo, apenas prova que nós somos entes finitos, e Deus não.
 
A doutrina não envolve nenhum absurdo nem contradição; porque, independente das Escrituras, ela
tem a razão e a analogia do seu lado.
 
Tome-se, por exemplo, o Sol no firmamento, e achar-se-á que ele é três em um. Há o orbe, a luz e o
calor. A cada uma destas partes chamamos Sol.
 
Quando se diz que o Sol tem quase novecentas mil milhas de diâmetro, fala-se do orbe; quando se diz
que o Sol está brilhando, fala-se da luz; quando se diz que o Sol está quente, fala-se do calor.
 
O orbe é Sol, a luz é Sol e o calor é Sol; estas partes são cousas diversas, e, entretanto, há só um Sol.
 
Por outro lado, examinemos o homem, e acharemos mais um exemplo desta mesma verdade. Todo
homem vivente é exemplo de uma trindade e unidade em sua própria pessoa. Ele tem uma alma, um espírito
racional, e o corpo, e chamamos a cada um pelo mesmo nome, homem.
 
Quando dizemos: “O homem é imortal,” falamos da sua alma; quando dizemos: “O homem é douto,”
falamos do seu espírito; quando dizemos: “O homem está doente ou morto,” falamos do seu corpo. A cada uma
destas partes chamamos “homem.” Elas são todas diferentes uma das outras, e contudo não há três homens,
mas um só.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
No próprio espírito discerne-se uma espécie de trindade. Há o juízo, a memória e a imaginação; três
faculdades, cada uma das quais chamamos espírito. O rol de cada uma é distinto; a imaginação inventa idéias,
a memória as retém e o juízo compara e decide. Ora, cada parte é chamada espírito, e não há três espíritos,
mas um só.
 
Outra prova da trindade se acha numa notável particularidade da língua hebraica, a qual não tem
paralelo em qualquer outra língua.
 
De imediato, a primeira e mais comum denominação da divindade nas Escrituras originais é Eloim. Que
esta palavra é plural não resta dúvida, não só pela sua formação, como também porque aparece unida a outras
palavras no plural.
 
O primeiro exemplo ocorre logo no primeiro período da Bíblia, e pelo menos em dois mil e quinhentos
outros lugares.
 
Esta particularidade de idioma supõe-se ter originado de um desígnio de imitar a pluralidade na
natureza da Divindade, e assim excitar e preparar os espíritos dos homens para a plena declaração deste
mistério que Deus tencionava fazer.
 
Não há outra razão a dar desta particularidade; e, enquanto ela por si só não é prova suficiente, como
a doutrina aparece em outras partes, ela constitui pelo menos um importante auxílio.
 
Posto que a mais forte tentação dos patriarcas e dos hebreus era abraçar o politeísmo predominante,
ainda assim Deus se lhes revelou por um nome plural, quando o nome singular JEOVÁ era mais adaptado ao
monoteísmo. Donde concluímos que o nome plural foi escolhido para prognosticar a futura revelação da
Trindade, da qual Jeová é uma das pessoas. Deveria haver por força alguma razão importante para tanto
arriscar a fé na Unidade de Deus.
 
A forma da bênção sacerdotal (Nm 6.24-26) é tríplice, como a bênção apostólica. 2Co 13.14.
 
As três pessoas em um só Deus, posto que distintas, não são separadas. Dá-se o mesmo com o corpo e
a alma do homem enquanto ele vive neste mundo, e assim também é com as faculdades do espírito.
 
Como no Sol material, a luz e o calor procedem do orbe, e contudo os três têm a mesma duração,
assim na Divindade, o Filho e o Espírito procedem do Pai e todos os três têm a mesma duração.
 
Os mesmos ATRIBUTOS e ATOS, nas Escrituras, são dados a cada uma das três pessoas sem distinção.
ETERNIDADE. Dt 33.27; Hb 1.8; 9.14. ONIPRESENÇA. Jr 23.24; Sl 139.7; Mt 18.20. ONISCIÊNCIA. At 15.18; Jo
21.17; 1Co 2.10. ONIPOTÊNCIA. Gn 17.1; Mt 28.18; Ap 11.11. SABEDORIA. Dn 2.20; Cl 2.3; Ef 1.17.
INSPIRAÇÃO. 2Tm 3.16; 1Pe 1.11; 2Pe 1.21. SANTIFICAÇÃO. 1Ts 5.23; Hb 13.12; 1Pe 1.2. O ato da CRIAÇÃO.
Gn 1.27; Jó 33.4; Jo 1.3. DOADOR DA VIDA. At 17.25; 2Co 3.6; Cl 3.4.
 
Em uma palavra, TODAS as operações divinas são atribuídas à mesma adorável Trindade (Ver 1Co
12.6; Cl 3.11).
 
A palavra “trindade” não se acha nas Escrituras nem mais que as palavras “onipresença,” “ubiquidade,”
etc. As doutrinas expressas por esses termos não são, entretanto, menos escriturísticas por isso.
 
Na teologia, os cinco livros de Moisés são chamados o Pentateuco, e os dez mandamentos o Decálogo.
Estes livros e leis não são menos reais pelo fato de não serem da Escritura os termos pelos quais são
conhecidos.
 
Os discípulos foram primeiro chamados cristãos em Antioquia, A. D. 42 ou 43. Mas de certo eles eram
tão verdadeiros cristãos muito antes de lhes ser dado este nome, quanto o foram depois.
 
Os principais erros com relação à Trindade são:
 

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1. O Sabelianismo, ou doutrina dos Quakers modernos, que afirma haver só uma Pessoa,
manifestando-se em três influências, operações ou ofícios. Esta doutrina conserva a divindade do Filho e do
Espírito Santo, sacrificando a sua personalidade.
 
2. O Swedenborgionismo, que afirma haver três essências em uma só Pessoa – Jesus Cristo. Isto
sustenta a divindade suprema do Filho, sacrificando a personalidade do Pai e do Espírito.
 
3. O Arianismo, que nega a Trindade, fazendo o Filho e o Espírito criaturas exaltadas de Deus. Sua
personalidade é conservada, com sacrifício de sua divindade.
 
O moderno Unitarianismo, ou assim chamado Cristianismo Liberal, considera o Espírito Santo como
uma influência, e Jesus Cristo como um simples homem, filho de José, de grande excelência moral, que é
possível igualarmos e até mesmo excedermos.

IV. JESUS CRISTO


 
Posto que as Escrituras que tratam do caráter de Jesus Cristo não tenham a forma de um sistema
regular, quando colecionadas, elas nos apresentam três classes particulares, cada uma das quais sustenta a sua
proposição correspondente.
 
I. A primeira classe sustenta a seguinte proposição, a saber, Jesus Cristo é real e verdadeiramente
homem.
 
Eis aqui algumas das passagens desta classe: “O Filho do homem,” oitenta vezes; “feito carne,” Jo
1.14; “nascido de mulher,” Gl 4.4; “semelhante aos homens,” Fl 2.7, 8; “criança nasceu” (Almeida), Is 9.6;
7.14; Mt 1.18-25; “crescia,” Lc 2.52; “varão de dores,” Is 53.3; Mt 26.38; “teve fome,” Mt 4.2; “fatigado,” Jo
4.6; “tentado,” Mt 4.2; “suor,” Lc 22.44; “chorou,” Jo 11.35; “ninguém sabe,” Mc 13.32; “indignado e
condoído,” Mc 3.5; “morto,” Jo 19.33; “enterraram,” Jo 19.42.
 
Finalmente, todas as passagens falam de seus sofrimentos e morte, ou indicam de qualquer modo a
sua inferioridade, são todas elas provas de sua verdadeira humanidade.
 
Elas não provam que ele fosse meramente homem, como alguns têm suposto, nem que ele fosse um
anjo ou arcanjo, como querem outros; mas elas provam que ele foi realmente homem, possuidor como os
demais homens, de um corpo e alma humanos.
 
II. A segunda classe sustenta a seguinte proposição, a saber, Jesus Cristo é o próprio Deus sem
princípio. As seguintes são algumas destas passagens:
 
1. As que falam dele como Deus. Jo 1.1; 20.28; At 20.28; Rm 9.5; Cl 1.9; Fl 2.6; 1Tm 3.16; Tt 2.10; Hb
1.8; 1Jo 5.20.
 
2. As que falam dos seus ATRIBUTOS.
 
Sua eternidade: Is 9.6; Mq 5.2; Jo 1.1; 8.58; Cl 1.17; Hb 7.3; 13.8; Ap 1.8.
 
Títulos divinos: “Alfa e Ômega”: Ap 1.8; 21.6; 22.13; “Emanuel”: Mt 1.23; “Primeiro e o Último”: Ap
1.17; “Pai Eterno”: Is 9.6; “Deus Poderoso”: Is 9.6; “Condutor”: Mt 2.6; “O Santo”: Lc 4.34; At 3.14; “O Justo”:
At 7.52; “Rei eterno”: Lc 1.33; “Rei dos reis e Senhor dos senhores”: 1Tm 6.15; “Deus da Glória”: 1Co 2.8;
“Autor da vida”: At 3.15; “Salvador”: Lc 2.11; “Filho do Altíssimo”: Lc 1.32; “Filho de Deus”: Mt 16.16; e muitas
outras passagens.
 
Onipresença: Mt 18.20; Jo 3.13.
 
Onisciência: Mt 9.4; Mc 2.8; Jo 2.24; 6.64; 16.30; 21.17; At 1.24.
 
Onipotência: Is 9.6; Mt 28.18; Jo 3.31; 10.18; Rm 9.5; Ef 1.21; Cl 1.16-18; 2.10; Hb 1.3; Ap 1.8.
 
Sabedoria: Cl 2.3.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
Santidade: Mc 1.24.
 
Justiça: At 22.14.
 
Verdade: Jo 14.6.
 
Bondade: At 10.38.
 
3. As que falam de seus atos.
 
Criação: Jo 1.3, 10; Cl 1.16; 1Co 8.6; Hb 1.2.
 
Inspiração: 1Pe 1.11; Jo 14.26; 18.37.
 
Salvação: Comparai Is 45.21, 22; 1Tm 4.10; At 4.12; Hb 5.9; 7.25.
 
Ressurreição: Jo 5.21, 28, 29; 6.40; 11.25.
 
Juízo: Mt 24.30; 25.31; At 17.31; Rm 14.10; 2Co 5.10; 2Tm 4.1.
 
4. As que falam de suas honras.
 
Adoração: Comparai Mt 2.11; 14.33; Lc 24.52; Hb 1.6; Jo 5.23; Ap 5.12, 13. A palavra adoração em
geral significa homenagem suprema; como tal é aplicada quinze vezes no Novo Testamento a Jesus Cristo, e
em nenhum caso há exprobação, como quando a adoração é oferecida a uma criatura. At 14.13-18; Ap 19.10.
Desde que noventa e nove centésimos de todos os cristãos, de todas as idades, têm prestado adoração divina a
Cristo, segue-se que ou a ele é devida a adoração, ou ele tem, como educador religioso, falhado tanto na sua
missão de maneira a conduzir a quase totalidade de seus discípulos à idolatria de adoração à criatura. O
embaixador de Deus a uma raça pecaminosa perverteu de modo tal o seu ofício a ponto de assegurar aliança a
si, e não à Autoridade Suprema por quem ele foi comissionado. Em outras palavras, se Jesus não é digno de
honras divinas, ele tem, então, com sucesso, rivalizado com Deus em chamar a si o amor e a homenagem da
humanidade. Tal conclusão destrói a sua integridade moral.
 
III. A terceira classe de escrituras sustenta a seguinte proposição, a saber: uma divindade em essência
e uma humanidade real acham-se combinadas na pessoa de Jesus Cristo.
 
1. O próprio nome Jesus Cristo é prova suficiente. Sendo JESUS, Salvador, a apelação humana, e
CRISTO, o Ungido, seu título oficial. “Emanuel”: Mt 1.23. Comparai também 1Tm 3.16; Jo 1.14.
 
2. Outra vez: “De quem descende também Cristo segundo a carne” (aqui está a sua humanidade), que
é Deus sobre todas as cousas bendito por todos os séculos” (aqui está a sua divindade). Rm 9.5.
 
Uma distinção semelhante acha-se em Rm 1.3, 4: “Segundo a carne” ( humanidade), “segundo o
Espírito de santificação,” ou o espírito cujo atributo é a santidade (divindade).
 
3. Como Deus, ele é a raiz, fonte ou origem da família e do reino de Davi. Como homem, ele
descendeu dos lombos de Davi. Ap 22.16.
 
4. Como homem, ele chora à sepultura de Lázaro. Como Deus, ele o levanta dos mortos. Jo 11.35, 43,
44.
 
5. Como homem, ele sofre e morre. Mc 14.34, 35; 15.34, 37. Mas como Deus, ele levanta o seu próprio
corpo da sepultura. Jo 10.18.
 
Não há mais razão para negar a divindade de Cristo, pelo fato de que há tantos textos que falam de
sua humanidade, do que negar a sua humanidade porque há tantos textos que falam de sua divindade.
 
Como essas duas naturezas estão unidas nele, ele tem necessariamente dois modos de falar de si. E
isto tem alguma analogia conosco. Por exemplo, quando dizemos: “Estou doente,” falamos do nosso corpo;
quando dizemos: “Estou contente,” falamos de nossa alma, etc.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
Como pensaríeis se alguém tomasse metade de vossas palavras, não fazendo caso do resto, e assim
procurasse provar que não éreis tanto mortal como imortal? É justamente neste erro que caem os homens a
respeito de Jesus Cristo.
 
Jesus abertamente apropria a si a divindade suprema quando diz a Filipe, “Aquele que tem visto ao
Pai.” Jo 14.9. Isto é, visto ao Pai tanto quanto ele pode ser visto por mortais. Jesus era a personificação
humana de Deus invisível. Assim como a alma, que é invisível, é revelada pelo que ela faz por meio do corpo,
assim o Pai é visto somente no Filho. Jo 1.18. Jesus acidentalmente arroga a si posição igual à do Pai, fazendo
uso dos pronomes NÓS e NOS, o que seria cúmulo da presenção a uma criatura fazer. Jo 14.23; 17.21, 22.
 
As escrituras citadas contra esta doutrina são Jo 14.28, “Meu Pai é maior do que eu sou.”
 
No seu ofício de Mediador, sendo mandado, ele era inferior ao Pai, que o mandou. Jesus não se refere
à sua natureza mas ao seu ofício. Jesus por estas mesmas palavras dá a entender, de algum modo, uma
igualdade divina, porque que homem iria dizer, “Deus é maior do que eu”!
 
Outra citação é Mc 10.18. Aqui o Unitário cai neste dilema – ou, “Não há nenhum bom senão Deus:
Cristo é bom; logo ele É DEUS;” ou, “Não há nenhum bom senão Deus: Cristo não é Deus; logo, ele NÃO É
BOM.” Em vista das muitas passagens em que Cristo diz ser Deus, ou ele é Deus ou não é um homem bom. Por
isso aqueles que começam negando a suprema divindade de Cristo, acabam logicamente atacando a sua
integridade moral.
 
Em Mc 13.32, sua ignorância do dia e hora da vinda do Filho do homem não prova nada contra a sua
divindade, desde que pode ter sido uma parte de sua humilhação no seu ofício mediatório o ser isto oculto dele.
Suas preces ao Pai não provam uma inferioridade em essência. Ele não podia ser um exemplo perfeito para nós
sem piedade, e ele não podia mostrar a sua piedade sem oração, louvor e culto ao seu Pai Celestial.
 
PRINCIPAIS ERROS a respeito da Pessoa de Jesus Cristo.
 
1. OS DOCETISTAS, “os aparentistas,” ensinavam que a humanidade de Jesus não era real, mas
aparente, e que ele sofreu e morreu só na aparência.
 
2. Apolinário ensinava que Jesus só tinha um corpo humano dotado com uma alma capaz de sentir,
mas não racional, e que a Divindade supria a falta da inteligência humana.
 
3. Os Monotelistas ensinavam que Jesus só tinha uma vontade nas suas duas naturezas.
 
4. Aqueles que negam a Filiação eterna ensinam que o Logos, ou o Verbo (Jo 1.1, 14), não foi filho de
Deus senão quando o foi de Maria. Esta opinião nunca foi aceita como ortodoxa, nem tão pouco a seguinte:
 
5. Que o Logos se tornou Filho de Deus unindo-se a uma alma humana preexistente séculos antes de
ele incarnar-se, da qual alma ele, no fim, se separará.
 
A preexistência de almas humanas não é ensinada nas Escrituras, mas é uma parte da transmigração
das almas encontradas na antiga mitologia.
 
MEDITAÇÃO. A união das duas naturezas inteiras e perfeitas, a Divindade e a Humanidade, qualificam a
Jesus Cristo para ser o Mediador, isto é, para representar perfeitamente Deus ao pecador e o homem decaído a
Deus, e prova, pelo derramamento do seu sangue e pela agência do Espírito Santo, uma reconciliação entre
eles. 1Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24.

V. O ESPÍRITO SANTO
 
Existem três erros principais e fundamentais que dizem respeito ao Espírito Santo:
 
1. Ele é simplesmente outro nome para o Pai.
 
2. É mera figura de retórica para a influência da Divindade.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
O autor do “Ecce Homo” considera o Espírito Santo como o “Esprit de corps,” ou o entusiasmo da
Sociedade de Cristãos.
 
As várias formas do Racionalismo consideram-no como uma energia de Deus e não como uma pessoa,
isto é, como ente racional e inteligente.
 
3. É mera criatura.
 
Em refutação dos dois primeiros erros, nossa atenção depara com o importante fato que
frequentemente este Espírito é associado, nas Escrituras, com o Pai e o Filho, de ambos os quais não se nega a
personalidade distinta. Vejam-se os argumentos sobre a Trindade.
 
Sua personalidade é indicada não só pelo batizar-se e abençoar-se em seu NOME, Mt 28.19; 2Co 13.14,
como também pelo seu amor sentimental, Rm 15.30, e dor, Ef 4.30; pelo seu ato de permissão, At 14.16;
presença, Jo 14.16; ensino, Jo 14.26; 1Jo 2.27; nomeação, At 13.2; mandato, At 13.4; intercessão, Rm 8.26;
convicção do pecado, Jo 16.8; regeneração, Jo 6.63; Tt 3.5; testemunho, Rm 8.16; santificação, 1Co 6.11;
inspiração, 2Pe 1.21; e especialmente pelo fato de que o pecado contra ele é imperdoável, Mt 12.31.
 
Em refutação da terceira heresia, a terceira pessoa na associação tem todos os nomes, perfeições e
obras peculiares à Divindade, imputadas a ela, e é, portanto, essencialmente divina.
 
O Espírito é chamado Deus, At 5.3, 4; Senhor, 2Co 3.17; Ele é Eterno, Hb 9.14; onipresente, Sl 139.7;
1Co 3.16; onisciente, 1Co 2.10; onipotente, 1Co 12.4-11.
 
A Ele é atribuída a sabedoria, Ef 1.17; bondade, Sl 143.10; criação, Jó 26.13; 33.4; especialmente da
natureza humana de Jesus Cristo, Mt 1.20; Lc 1.35; inspiração, 2Pe 1.21; ressurreição de Cristo, Rm 8.11; 1Pe
3.18.
 
Tanto a divindade como a personalidade do Espírito Santo são provadas fazendo-se ver que o Jeová do
Antigo Testamento e o Espírito Santo do Novo Testamento são a mesma pessoa. Comparai At 28.25-27 com Is
6.8, 9; também, Hb 3.7 com Êx 17.7; finalmente Hb 10.15, 16 com Jr 31.31-34.
 
Mas como a divindade do Espírito Santo é inseparavelmente ligada ao assunto da Trindade, seria
supérfluo estender mais longe esta evidência.
 
A Igreja grega nega que o Espírito Santo proceda do Filho (Filioque), e ensina que ele procede somente
do Pai. Refutada em Jo 15.26; 20.22; Rm 8.9.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
VI. OS ANJOS
 
Estes são inteligências espirituais, os primeiros entre os entes criados em posição e quanto ao tempo.
Jó 38.7; Sl 8.5; Hb 2.5, 7; 2Pe 2.11. Os povos de todas as idades, nações e religiões têm crido na sua
existência. Nas Escrituras eles são chamados por vários nomes, como anjos ou espíritos administradores, Hb
1.7, 14; filhos de Deus ou estrelas da manhã, Jó 38.7; serafins, Is 6.2-6; querubins, Ez 11.22; vigias, Dn 4.13,
17; principados e poderes, Rm 8.38; Ef 1.21; 6.12. Eles são representados como inumeráveis. Hb 12.22; Mt
26.53; Sl 68.17. Como empregados de Deus a favor dos justos na terra. Gn 19.15-22; Sl 34.7; 103.20, 21; Dn
6.22; 9.21, 22; At 12.7; 27.23; Lc 16.22; Hb 1.14; 12.22. Para executar os seus juízos contra os ímpios e por
isso chamados anjos maus. Sl 78.49; Is 37.36; At 12.23; Ap 15.6. Eles foram ordenados por Deus para anunciar
a vinda do Messias, Lc 2.9-14; para adorá-lo, Hb 1.6; para administrar-lhe nas suas tentações, Mt 4.11; 26.53;
Lc 22.43; para assistir a sua ascenção e anunciar a segunda vinda, At 1.9-11; quando eles o acompanharão e
lhe servirão como seus agentes no juízo final, Dn 7.9, 10; Mt 13.39, 41, 49; 16.27; 24.31; 2Ts 1.7, etc.
 
Alguns anjos são chamados os eleitos, isto é, anjos santos, 1Tm 5.21, para distingui-los dos réprobos,
anjos pecadores, 2Pe 2.4; Jd 6. O chefe ou príncipe dos anjos é chamado o arcanjo, e se aplica a Miguel, cuja
posição e ofício são tais que indicam ser o Messias o significado. Comparai Dn 10.13, 21; Ap 12.7-11; 1Ts 4.16.
Alguns julgam que ele é o mesmo que Gabriel. Dn 8.16; 9.21; Lc 1.19, 26.
 
  Eles não devem ser adorados. Jz 13.16; Cl 2.18; Ap 19.10; 22.9.
 
As Escrituras favorecem a opinião de sua existência anterior à formação do nosso sistema solar. Jó
38.4-7.
 
Os anjos foram constituídos noviços, e a regra de sua conduta foi provavelmente a mesma em
substância que a dada ao homem na sua inocência. Sl 103.19, 20; Mt 6.10; Jd 6.

VII. O DEMÔNIO E SEUS ANJOS


 
No Novo Testamento a palavra demônios é frequente e erroneamente empregada em vez de anjos
maus. Sl 78.49; Mt 4.24; Lc 8.27, etc. Daí a frase o demônio e seus anjos, Mt 25.41; Ap 12.7, 9: o primeiro,
significando o chefe ou príncipe dos demônios. Mt 12.24.
 
A crença geral da Igreja tem sempre sido que eles foram anjos apóstatas expulsos do céu, ou de algum
lugar de provação por rebelião contra Deus. A tradição de sua queda se acha em todos os países e em todas as
religiões, e é claramente ensinada nas Escrituras. Jó 4.18; Jo 8.44; 1Jo 3.8; 2Pe 2.4; Jd 6; Ap 12.7-12.
 
Aqueles que rejeitam esta opinião não estão de acordo quanto à sua fé neste ponto. Alguns supõem
que por “demônio” se deseja significar um princípio de mal personificado; outros, as más inclinações dos
homens; e outros, qualquer inimigo.
 
Estes três erros contradizem-se e destroem-se mutuamente e esta mesma contenda é prova não
pequena da exposição da Escritura de um demônio real e pessoal. Consideremos:
 
1. Algumas pessoas que foram tentadas não tinham propensão para o mal, a saber, Adão, Gn 3.13;
Cristo, Mt 4.1.
 
2. Alguns tinham muitos demônios em si. Lc 8.2, 30. E estes foram transferidos do homem para
animais. Lc 8.33.
 
3. Atos, atributos e paixões são atribuídos ao demônio e a anjos maus. 1Sm 16.14, 23; Lc 8.31; 22.3;
Tg 2.19; 1Pe 5.8.
 
Quanto aos seus nomes, eles em geral são chamados demônios; o cabeça ou chefe deles é distinguido
por outros títulos tais como “Satanás” e “Abaddon,” no hebraico, e “Demônio” ou “Apollyon,” no grego. Ele é
chamado também o “anjo do abismo,” Ap 9.11. “Acusador,” Ap 12.10. “Belial,” 2Co 6.15. “Adversário,” 1Pe 5.8.
“Besta,” Ap 19.19. “Belzebu,” Mt 12.34. “Enganador,” Ap 12.9. “Dragão,” Ap 12.7. “Deus deste mundo,” 2Co
4.4. “Mentiroso e homicida,” Jo 8.44. “Príncipe deste mundo,” Jo 12.31. “Príncipe das potestades deste ar,” Ef
2.2. “Serpente,” Ap 12.9. “Tentador,” 1Ts 3.5. “O mau,” Mt 13.19, 38.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
Alguns dos estratagemas do demônio usados para perder os homens são notados. Gn 3.1-13; 2Co
2.11; 11.3, 14; Jó 1.6, etc.; Mt 13.19-39; Jo 8.44; 13.2; At 5.3; 2Ts 2.9; 1Tm 4.1-3; Ap 16.14.
 
Visto que toda espécie humana é tentada pelo demônio, seu dever é vigiar e resistir aos seus
estratagemas para não ser por ele subjugado. 1Co 10.12, 13; 2Co 11.13; Ef 4.27; 6.11-18; 2Tm 2.26; Tg 4.7;
1Pe 5.8, 9.
 
O próprio Cristo sendo manifestado para destruir as obras do demônio, 1Jo 3.8, foi tentado em todos
os pontos como nós somos e deixou-nos um exemplo de resistir a ele eficazmente, Mt 4.1-11, e auxiliará
qualquer que lhe pedir e resistir-lhe igualmente. 1Co 10.13; 2Co 12.7-9; Hb 2.18; 4.15, 16; Ap 12.9-11.
 
De tudo que é dito sobre o seu número infere-se ser ele muito grande. Ef 2.2. Eles são tantos que uma
legião, seis mil, se apoderara de uma só pessoa. Mc 5.9. Por isto pode-se supor que eles excedem em número
os habitantes da terra. Isto explica a aparente onipresença do tentador.
 
Seus nomes dão a conhecer a sua natureza, e suas ocupações correspondem. Ap 20.2; Mt 4.1; 13.38;
Lc 8.12; 22.31; Jo 13.27; At 5.3; 2Co 4.4; Ef 2.2; 1Tm 4.1; 1Jo 3.8; Ap 12.9. Eles nada podem fazer sem a
permissão de Deus. Jz 9.23; 1Re 22.22; Jó 1.12; Mt 10.1; 2Ts 2.11.
 
Eles serão encarcerados durante o milênio, depois por certo tempo soltos, e, finalmente, serão punidos.
Ap 20.1-10; Mt 25.41.
 
A obra de mediação de Cristo não os abrange. Mt 25.41.
 
Os mesmos princípios de interpretação que eliminam da Bíblia um demônio individual corresponderiam
à negação de todo o ente invisível, não excetuando a Deus, e também à rejeição das verdades fundamentais da
Bíblia. Êx 5.2; Jó 21.14, 15; Sl 14.1; Jd 4; 2Pe 2.1; 3.3-5.

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VIII. O HOMEM – A HUMANIDADE
 
Este termo genérico abrange toda a raça ou espécie de entes humanos, descendentes de Adão e Eva.
Que a raça tem uma origem comum e que todas as variedades do homem têm a mesma natureza é ensinado
nos seguintes textos. Gn 1.27, 28; 2.7, 18, 21-24; 3.20; Ml 2.10; At 17.26; Rm 5.12; 1Co 15.22, 45.
 
O homem é um ente composto, tendo um corpo mortal, e um espírito destituído de qualidades
materiais, imortal, continuando a viver depois da separação do corpo em um estado de cônscia existência. Ec
3.21; 1Re 17.21, 22; Lc 8.55; 16.22, 23; 23.43; Mt 10.28; 22.32; At 7.59; 2Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9-11; 14.13.
 
O corpo é formado do pó da terra dotado dos sentidos de tato, gosto, olfato, audição e vista. O espírito
é racional, tendo entendimento, afeição e vontades. Gn 2.7; Ec 12.7.
 
Paulo fala de um terceiro elemento, a alma. 1Ts 5.23. Por ela quer ele falar do psiquê, a alma inferior
ou animal, dotada de paixões e desejos a qual nós temos em comum com os animais, Ec 3.19-21, mas no
cristão esta alma é enobrecida e espiritualizada. O espírito é aquela parte por onde podemos receber o Espírito
Santo. No incrédulo, ela é subjugada e subordinada à alma animal e daí o homem é chamado “natural” ou
meramente animal. 1Co 2.14; Jd 19.
 
O homem foi feito reto, Ec 7.29, isto é, em um sentido moral, por natureza semelhante a Deus, tendo
retidão moral, chamado a imagem de Deus, Gn 1.27; explicado em Ef 4.24. Mas também foi feito agente
responsável livre e noviço, colocado sob a lei divina, quebrando a qual, ele incorreu na pena da morte temporal
e espiritual. Gn 2.16, 17; Rm 5.12; 6.23; Hb 2.14.
 
O primeiro pecado do primeiro homem mudou toda a sua natureza moral de santa para um estado de
pecado, da qual condição mudada, sendo ela hereditária, tem participado todos os seus descendentes. Rm
5.12; 1Co 15.22; Ef 2.3, 5; Jó 15.14; Sl 14.2, 3; Sl 51.5; 58.3. Contudo cada um é responsável pelos seus
pecados. Dt 24.16; 2Re 14.6; Pv 11.19; Ed 18.4, 20; Jr 31.30; Rm 1.20, 21; Jo 3.19, 20.
 

LIVRE AGÊNCIA
 
Posto que o homem tenha caído e esteja lamentavelmente depravado, de modo que há na sua
natureza uma forte tendência para o pecado, todavia ele ainda retém o atributo divino da liberdade. Em toda
opção de natureza moral, tem ele a liberdade de agir como lhe parece. Nenhum decreto de Deus, nenhuma
combinação de elementos na sua constituição, o coage em sua ação moral.
 
O auxílio gracioso do Espírito Santo é somente persuasivo, não obrigatório. At 7.51; Ef 4.30; 1Ts 5.19.
A vontade livre é uma causa original, determinadora de si mesma2 e não efeito de causa nas suas opções. Ela é
uma nova e responsável fonte de causa no universo.
 
Provas: 1. Consciência: “Eu sei que sou livre e está acabado.” – Dr. Samuel Johnson.
 
2. Semelhante liberdade é inferida do sentimento de obrigação moral e da convicção de culpa pelos
nossos delitos.
 
“Se o homem tem de ser punido no futuro estado, Deus é quem há de punir.

2 “Determinadora de si mesma.” – A expressão é infeliz e tem sido justamente criticada na controvérsia calvinista. A
vontade é determinadora, não “de si mesma,” pois ela não precisa ser determinada, mas da conduta, do proceder duma
criatura responsável.
Originou-se a expressão no argumento calvinista: “a vontade só opera à vista de motivos, portanto ela é motivada, ou
determinada.” A resposta era: “não, ela é determinadora de si mesma.”
Mas, não éramos obrigados a escolher entre “uma vontade determinada por motivos” e “uma vontade determinadora de si
mesma.” Optamos por uma vontade livre, causa simples e final. A vontade de Deus não é “determinadora de Si mesma,” ela
determina, “e está acabado.” Assim, pela graça e sabedoria de Deus, o homem é dotado de uma vontade livre, simples, e,
absolutamente, em certa esfera uma nova causa final no universo de Deus: uma vontade determinadora.
Sem motivos para exercer-se a vontade nunca se exerceria, justamente como Deus mesmo, sem causas para decidir, nunca
poderia exercer a justiça, mas, em um e outro caso, resta sempre a capacidade de querer e a capacidade de ser justo. Deus
nos deu uma faculdade de determinar: é a vontade.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
“Se é Deus que pune, o castigo é justo.
 
“Se o castigo é justo, é porque o castigado podia ter obrado de outro modo.
 
“Se o castigado podia ter obrado de modo diverso, ele era agente livre.
 
“Portanto, se os homens têm de ser punidos no mundo vindouro, eles não podem deixar de ser agentes
livres neste.”
 
3. As Escrituras em qualquer parte presumem que os homens são livres para obedecer à lei de Deus e
conformarem-se às condições da salvação. Pv 1.23-31; Mt 23.37; Jo 7.17.
 
4. Se os atos morais dos homens são efeitos de causas determinadas por Deus, então Deus ou é o
autor do pecado, ou seus próprios atos, sendo os efeitos de alguma coisa irresistível, tal como o motivo mais
forte, ou a constituição de sua natureza. O universo está debaixo da lei de ferro do acaso e o pecado é uma
ilusão e uma impossibilidade.

IX. REDENÇÃO-PROPICIAÇÃO
 
Pela redenção entende-se a libertação do homem do pecado e da morte pela obediência e sacrifício de
Jesus Cristo, que por isso é chamado o Redentor. Is 59.20; 60.16; Rm 3.24-26; Gl 3.13; Ef 1.7; 1Pe 1.18-19.
 
A culpa do pecado original é coberta pela propiciação e não é imputada a nenhum dos descendentes de
Adão, senão quando o seu remédio é, voluntariamente, rejeitado. Portanto todos os que morrem na infância
são salvos por Cristo, o segundo Adão, de toda conseqüência penal do pecado do primeiro Adão. Rm 5.18, 19;
1Co 15.22.
 
A propiciação impediu a extinção da raça humana e a propagação desta depois da Queda é sob as
provisões da graça. Gn 3.15; Hb 2.14.
 
A causa atuante da redenção é o amor de Deus. Jo 3.16; 1Jo 4.9.
 
A causa eficiente é a morte propiciadora de Cristo. Mt 20.28; 2Co 5.21; 1Tm 2.5, 6; Hb 2.9, 10; 9.12-
15; 1Pe 1.18, 19.
 
O fim da redenção é libertar o homem da ira da lei do pecado, da morte e do inferno e enchê-lo de
bem-aventurança eterna. Jó 19.25, etc; Is 15; 9.11; Jo 3.15, 35; 10.10; 17.12, 3.
 
Pela propiciação entende-se a satisfação dada à justiça divina por Jesus Cristo, que pagou pela sua
paixão e morte, a pena devida aos nossos pecados. Is 43.4-8; Gl 3.13; 4.4, 5.
 
A palavra hebraica significa cobertura e dá a entender que as nossas ofensas são, por uma propiciação
adequada, postas ao abrigo da justiça vingativa de Deus. Sl 32.1, 2; Rm 4.7, 8. As seguintes passagens
ensinam clara e distintamente esta doutrina. Mt 20.28; Jo 1.29; Rm 3.25, 26; 1Co 15.3; 2Co 5.18-21; 1Tm 2.5,
6; Hb 2.10-14; 1Jo 2.2; 4.10.
 
A propiciação era necessária para que Deus pudesse mostrar seu ódio ao pecado e seu amor à
santidade, e para que ele pudesse ser honrado e justo, e, todavia, misericordioso. Rm 3.25, 26. Foi designada
para ser satisfatória a Deus e de influência com o homem, removendo de diante de ambos todos os obstáculos
a uma completa reconciliação do crente penitente. Jo 14.6; Ef 2.15, 16; Cl 2.13-15.
 
Se a propiciação não fora necessária, nem o Pai nem o Filho teriam consentido na morte do último para
efetuá-la. Mt 26.39; Hb 2.10; 9.22, 28; Ap 5.9; 7.14.
 
O arrependimento, posto que acompanhado de obediência presente e futura, não pode expiar os
pecados passados, nem mais do que a obediência passada pode expiar os pecados presentes e futuros. Jo
22.3; Sl 24.7; Lc 17.10.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
A propiciação é universal e não particularizada; isto é, ela estende a sua eficácia condicional a todos os
pecados do gênero humano, e não aos pecados de somente uns poucos chamados eleitos.
 
Vê-se isto pelo caráter de Cristo, pessoa de dignidade infinita.
 
Por isso sua paixão e morte são de infinito valor e eficácia. Concluir de modo diverso seria duvidar do
caráter do divino Redentor.
 
Fica isto mais evidente considerando-se mandamentos, convites e exortações da Escritura. Deus é
sincero e não podia tentar as suas criaturas. Mc 16.15, 16; At 17.30; Is 45.22; 55.1; Ap 22.17; At 2.21; 1Tm
2.1.
 
As Escrituras ensinam esta doutrina por declarações expressas. 1Jo 2.2; Hb 2.9; 1Tm 2.6; 2Co 5.14,
15; Jo 1.29. Entre todas as variedades de entes no universo, Cristo é o único qualificado para fazer a
propiciação, sendo ele mesmo ao mesmo tempo divino e humano. Jo 1.18; 1Tm 2.5, 6; 3.16; Hb 2.9-18.
 
Há uma diferença entre a propiciação e a redenção. A propiciação é pelo pecado; a redenção é do
pecado e do sofrimento. Podemos fazer distinção entre a propiciação e a sua aplicação, mas não entre a
redenção e a sua aplicação. Podemos orar pedindo a redenção, mas não podemos pedir a propiciação.
 
É muito importante que se faça esta distinção: o não fazê-la dá origem a graves erros. Fazendo-se esta
distinção, ninguém cairia na doutrina da salvação universal baseada na extensão universal da propiciação.
 
Existe grande diferença entre fazer-se uma festa e participar desta festa. Assim também há muita
diferença entre a suficiência da propiciação e a sua eficácia. Ela é suficiente para o mundo inteiro, mas só é
eficaz para a salvação daqueles que se arrependem e crêem. Lc 13.3; Mc 16.16; Jo 1.11, 12; 3.14-18; 5.38, 40;
Rm 3.22-26; 1Tm 2.4-6; 4.10.
 
A propiciação é uma doutrina fundamental do Evangelho. O Cristo crucificado é o tema e a glória do
Evangelho. Rm 1.15, 16; 1Co 1.23, 24; 22.2; Gl 6.14.
 
A doutrina da propiciação é toda tirada das Sagradas Escrituras. É ela que distingue o Cristianismo do
Deísmo, do Maometismo, do Paganismo e de todas as outras religiões.
 
Erros a respeito da propiciação:
 
1. Que a ira do Pai contra os pecadores é aplacada pelos sofrimentos de Cristo, que derramou seu
sangue para satisfazer a exigência pessoal do Pai. Refutação: a propiciação originou-se do Pai. Jo 3.16; Rm 5.8;
Tt 2.11.
 
2. Que na propiciação não há satisfação e sim uma exposição da misericórdia de Deus como uma forte
persuasão moral para atrair o pecador dos seus pecados, vestida na linguagem figurada do sistema
sacrificatório dos hebreus. Refutado em Jo 1.29; At 20.28; Ef 1.7; Cl 1.14; Hb 9.12, 14; 1Jo 1.7; 2.2; Ap 1.5;
5.9. “A doutrina da Epístola aos Hebreus é, portanto, clara, isto é, que os sacrifícios legais eram alusão à
grande e final propiciação operada pelo sangue de Cristo, e não que esta fosse uma alusão ÀQUELES.” – Butler,
bispo.
 
3. Que os sofrimentos de Cristo são exatamente iguais à miséria eterna de todos os pecadores da
família humana, e que, portanto, é injusto punir tanto o pecador como o seu substituto. Refutação: não há
equação algébrica entre os sofrimentos de Cristo e os pecados do mundo. A propiciação foi o estabelecimento
de um novo princípio sob o reinado da lei, a demonstração do fato que Deus pode “ser justo e justificador
daqueles que crêem.” Rm 3.26. O mesmo sofrimento seria necessário para remir um pecador como para remir
mil milhões.

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X. A JUSTIFICAÇÃO
 
No sentido teológico, ela é legal ou evangélica. É de importância que se observe esta diferença.
 
A justificação legal é a que demanda estritamente a lei. Os anjos santos são justificados deste modo,
como podia ter sido a humanidade se ela nunca tivesse pecado. Qualquer tentativa para o pecador justificar-se
pela lei é em vão. Sl 119.3, 4; 142.2; Rm 3.20, 28.
 
Entretanto, o crente, que já foi perdoado, ou justificado, pela fé em Cristo, se diz ser justificado pelas
obras quando Deus aprova as suas obras como prova da genuinidade da sua fé. Tg 2.14-26.
 
Aquela justificação de que tratam as Escrituras principalmente, e que toca o caso do pecador, é
chamada justificação evangélica ou perdão; pelo que se quer dizer a aceitação por Deus de alguém, que é e
que se confessa culpado e que se arrepende e crê em Jesus Cristo. Mc 1.14, 15; 16.16; Rm 1.16, 17; 4.3-7;
5.1; Gl 2.16, 17.
 
Quanto ao método da justificação, há três causas a considerar: a causa originadora, a meritória e a
instrumental. A causa originadora é a graça de Deus, que levou quando estávamos expostos à morte, como
conseqüência da nossa ofensa, a prover um substituto em seu Filho. Rm 3.24-26; 2Co 5.18-21; Gl 2.16-20; Ef
2.4-8, 15, 16; 5.2; Tt 3.4-7.
 
Este substituto é a causa meritória da nossa justificação. O que Jesus Cristo fez em obediência aos
preceitos da lei, e o que ele sofreu em satisfação à penalidade dela, constituem a base de nosso perdão e da
nossa justificação, perante Deus. At 13.38, 39; Rm 3.21, 22.
 
Quanto à causa instrumental da nossa justificação, o mérito de Cristo não opera de modo a produzir o
perdão como um efeito necessário e inevitável, mas pela instrumentalidade da fé.

XI. A FÉ SALVADORA
 
A fé pela qual somos justificados é a fé presente; uma fé existindo e exercida presentemente. Jo 1.12;
3.18, 36.
 
Nós não somos justificados pela fé de amanhã prevista, porque isto implicaria numa justificação desde
a eternidade. Nem também somos justificados pela fé de ontem recordada ou lembrada, porque isto implicaria
numa justificação que não é reversível. Ez 18.24; 33.12, 13.
 
Os atos desta fé são três. Eles são distintos e todavia exercitados simultaneamente pelo espírito.
 
1. O assentimento do entendimento à verdade de Deus no Evangelho, especialmente aquela parte que
se refere à morte de Cristo como um sacrifício pelo pecado.
 
2. O consentimento da vontade e das afeições a este plano de salvação; uma aprovação e escolha dela
tal que indique a renunciação de todo outro refúgio.
 
3. Deste assentimento da inteligência esclarecida, e do consentimento da vontade retificada, resulta
uma confiança real no Salvador, e na apropriação pessoal de seus méritos. Isto necessariamente é precedido
por um verdadeiro arrependimento. Mc 1.15; Lc 24.47; At 2.38; 3.19; 20.20, 21.
 
2. Erros relativos à fé salvadora:
 
1. Que ela não é um ato do penitente auxiliado da graça divina, mas sim o dom de Deus, concedido
com soberania quando e a quem ele quer. Refutado em Mc 16.16; 2Ts 2.12; Hb 3.18. Em 1Co 12.9, a fé não é
uma graça, mas uma milagrosa doação. Em Ef 2.8, o dom não é fé, mas a salvação pela graça.
 
2. Que os não regenerados são incapazes do ato da fé salvadora, e que ela não precede à regeneração
como condição, mas segue-se como um resultado. Refutado em Jo 3.18, 36; At 10.43; Rm 1.16; 3.26; Ef 1.13.
 

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O ARREPENDIMENTO
 
Isto, conforme a palavra original da Escritura, significa mudança de espírito: uma vontade fervorosa de
que alguma cousa que nós fizemos seja desfeita. Quando o arrependimento é só quanto às consequências do
pecado, como quando um malfeitor, que ainda ama o seu pecado, se arrepende porque ele o expõe ao castigo,
então ele é algumas vezes chamado arrependimento mundano ou legal, para distingui-lo do arrependimento
segundo Deus ou evangélico. 2Co 7.9-11.
 
O arrependimento evangélico é chamado o “arrependimento para com Deus,” porque ele consiste em
voltar-se do pecado para a santidade: implica um sentimento de ódio ao pecado e um amor à santidade.
 
As provas de um verdadeiro arrependimento salvador encerram a consciência e a confissão do pecado,
assim como uma profunda tristeza pelo pecado e a sua renunciação de coração. Lv 26.40; Nm 5.7; 2Cr 7.14;
2Re 22.19; Ed 9.5-7; Sl 32.5; 34.18; 38.4, 18; 51.3, 4, 17; Pv 28.13; Is 55.7; 57.15; 66.2; Jr 3.12, 13, 22; 7.3;
Ez 20.43; 36.31; Dn 9.5-8; Jl 2.12, 13; Zc 1.3; Mt 3.2, 8; 4.17; 26.75; Mc 1.15; Lc 13.3; 15.18, 21; 18.13; At
2.38; 3.19; 8.22; 17.30; 20.21; 26.20; 2Co 7.9-11; 1Jo 1.9; Ap 2.5.

XII. A REGENERAÇÃO
 
Esta é aquela obra do Espírito Santo pela qual experimentamos uma mudança no coração; a
recuperação, no coração, da imagem moral de Deus. Ef 4.23, 24. Esta obra é expressa na Escritura de diversos
modos. Dt 30.6; Sl 2.10; Jr 24.7; 31.33; Ez 11.19; 36.25, 26; Jo 1.12, 13; 3.5-8; At 3.19; Rm 12.2; 13.14; 2Co
3.18; 5.17; Cl 1.12-15; 3.10; 1Pe 1.22, 23; 2Pe 1.4.
 
Que não pode haver salvação independente da regeneração, ficará claro, se refletirmos:
 
1. Que todos os homens são pecadores de natureza e por prática, e que eles não podem se reconstruir
inocentes. Sl 51.5-10; Jr 13.23; Rm 3.19; 8.7, 8; 11.32; 2Co 5.17; Gl 3.10-22; 5.19-24; Ef 2.1-5; 4.22-24; 1Pe
1.23; 1Jo 4.7; 5.4.
 
2. Que Deus é santo, e não pode contemplar entes pecadores com aprovação e deleite. Ha 1.13; 1Pe
1.15, 16.
 
3. O céu é um lugar santo, e ninguém senão entes santos estão aptos para os seus empregos e gozos.
Sl 24.3, 4; Hb 12.14.
 
4. As Escrituras declaram que só os regenerados podem ser salvos. Mt 18.3; Jo 3.3, 7; Rm 8.7, 8; Gl
6.15; Hb 12.14.
 
Erros relativos à regeneração:
 
1. Que ela é idêntica ao batismo pela água administrado por um ministro apostolicamente ordenado.
Refutado em At 13.38, 39; 16.31; Rm 5.1; 10.9; Ef 2.8; 1Jo 5.10.
 
2. Que ela é uma mudança operada sobre as paixões, pela vontade humana. Refutação: Gn 5.3; 6.5; Jó
14.4; Sl 51.5; Is 1.5, 6; Jr 13.23; Jo 3.5, 8.

XIII. A ADOÇÃO
 
Este é um ato pelo qual uma pessoa toma outra para o seio de sua família, a reconhece como seu filho,
e a constitui seu herdeiro.
 
No sentido teológico, é aquele ato da livre graça de Deus, pelo qual, depois de justificados e renovados
pela fé em Cristo, somos recebidos na família de Deus, chamados seus filhos e feitos herdeiros da herança
celestial. Ef 1.3-14; 1Pe 1.2-5.
 
O TESTEMUNHO DO ESPÍRITO
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
É o privilégio e o direito de toda a pessoa assim adotada ter um certo conhecimento desta sua nova
relação para com Deus, como o único fundamento da verdade, paz, conforto e esperança. Is 26.3; 32.17, 18; Sl
119.165; Rm 5.1-5; 8.1; Fl 4.7; Ef 1.3-14; 1Ts 1.4, 5; 1Pe 1.2-9; 1Jo 2.20, 27.
 
Esta bênção consiste no testemunho do Espírito Santo ao espírito do crente da sua filiação e aceitação
para com Deus. 1Jo 5.10. Ele é chamado o espírito de adoção, Rm 8.15, 16; Gl 4.6; o selo e a prenda do
Espírito, 2Co 1.22; 5.5; Ef 1.13, 14; 4.30; e perfeita inteligência (Figueiredo) ou inteira certeza de inteligência
(Almeida), Cl 2.2; traduzido de modos diversos em 1Ts 1.5; Hb 6.11; 10.22. Este testemunho interno é
chamado, às vezes, o testemunho direto do Espírito, distinguindo-o do indireto ou testemunho externo,
chamado o fruto do Espírito. Gl 5.22, 23; Ef 5.9.
 
As duas espécies de testemunhos devem ir juntas. A primeira como guarda contra a dúvida aflitiva, a
segunda para livrar da ilusão e da presunção. Is 26.3; Rm 8.14.
 
O selo e a prenda do Espírito implica numa certeza absoluta de salvação atual: porque, posto que a
eficácia do Espírito seja por si mesma suficiente para garantir a salvação eterna, todo o crente fica livre para
conservar este Espírito selador ou entristecê-lo de tal modo a fazê-lo afinal retirar-se para sempre. Is 63.10; Ef
4.30; Hb 3.7-19; 6.4-6; 10.26-29; 2Pe 2.20.

XIV. A CONVERSÃO
 
Este termo, no seu sentido restrito, descreve a parte humana da mudança chamada regeneração, pela
qual o pecador é trazido ao reino do céu, Mt 18.3. Em um sentido mais lato, a conversão é aquela mudança nos
pensamentos, desejos, inclinações e vida do pecador que sucede quando ele é renovado pelo Espírito Santo,
como resultado de ele voltar-se do pecado para Deus, pela fé em Jesus Cristo. Ez 18.21-23, 30-32; At 9.35;
11.21; 15.3, 19; 26.20; 1Ts 1.9. Esta obra se diz ser operada por intermédio de outras pessoas. Sl 51.10-13; Lc
1.16; Tg 5.20.

XV. A SANTIDADE – SANTIFICAÇÃO


 
Este estado é expresso de modos diversos na Escritura, de modo que não precisamos ater-nos a
qualquer frase particular para designá-lo. Ele é chamado santidade, santificação, pureza, perfeição, plenitude
de Deus, e de Cristo e do Espírito Santo, e inteira certeza da fé (Almeida).
 
Por estas expressões se entende aquela participação da natureza divina que exclui do coração toda a
depravação original e pecado inato, e enche-o de um amor perfeito para com Deus e os homens – amor
perfeito, a unção do Santo, e o batismo do Espírito Santo.
 
A santificação começa quando o princípio de pureza, isto é, o amor de Deus, é derramado no coração
no novo nascimento.
 
Porém a santificação completa é aquele ato do Espírito Santo pelo qual a alma justificada é feita santa.
Esta obra instantânea do Santificador é geralmente precedida e seguida de um crescimento gradual em graça.
O Espírito certifica esta purificação. 1Co 2.12. É a vinda da presença do Confortador para a consciência do
crente trazendo consigo a sua própria luz. Jo 14.16, 17. Nós não necessitamos de uma lâmpada para ver o
nascer do Sol. Suas principais evidências inferenciais são a unificação com Cristo, fácil vitória sobre o pecado,
gozo constante, oração sem intermitência e ação de graças em todas as cousas.
 
A profissão sem o exame e a certeza destas evidências não é recomendada. 1Ts 5.21; 1Jo 4.1. Depois
disto ela é ordenada. Mt 5.16; Rm 10.10; 2Co 1.4.
 
Deve-se distinguir a pureza da madureza. Quando o pecado inato é destruído não pode haver
crescimento de pureza, mas pode haver um aumento eterno no amor e em todos os frutos do Espírito. A
santificação não é a mesma cousa que a justificação. Justificação é a mudança de nosso estado de culpa para o
de perdão; santificação é uma mudança da natureza do pecado para a santidade. Ela tem, com a regeneração,
a relação do todo para uma parte.
 
Esta doutrina não é de modo nenhum envolvida em obscuridade, embora tenha ela sido o assunto de
muita controvérsia e ceticismo na Igreja Cristã.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
Todavia, não é tanto o poder chegar-se a este estado, como é o tempo em que somos autorizados a
procurar e esperá-lo, que constitui assunto de debate entre os cristãos.
 
Enquanto alguns aderem à doutrina do purgatório, isto é, que é necessário para as almas de todos
aqueles que não merecem o castigo eterno irem, com o fim de serem purificados, para um suposto lugar ou
estado depois da morte, outros sustentam que este estado de pureza é não só atingível, mas necessário nesta
vida atual. Lc 1.74, 75; Tt 2.12; 1Jo 4.17; Gl 1.4.
 
1. A doutrina de santificação completa imediata é sustentada por aquelas passagens da Escritura que
exprimem a vontade de Deus. Jo 7.17; Rm 12.1, 2; Ef 5.17, 18; Cl 4.12; 1Ts 4.3; Hb 10.9, 10.
 
2. Por aquelas que exprimem seu comando. Gn 17.1; Êx 19.6; Lv 11.44; 19.2; 20.7, 26; Dt 6.5; 18.13;
1Re 8.61; Mt 5.48; 22.37; Jo 5.14; Rm 12.1, 2; 2Co 7.1; 13.11; Ef 5.17, 18; Hb 6.1; Tg 1.4; 1Pe 1.15, 16.
 
3. Por aquelas que exprimem sua promessa. Sl 118.1-3; Is 1.18; Jr 33.8; Hb 7.25; 10.16-22; 1Jo 1.7, 9.
 
4. Aquelas em que a bênção é procurada em oração. Sl 1.2, 7, 9; Os 14.2; Mt 6.10; Jo 17.17; 1Ts 5.23.
 
5. Aquelas que dão exemplo; embora não houvesse exemplos não deixaria de ser verdadeira por isso,
desde que ela é revelada claramente e exigida por Deus. Gn 6.9; 2Re 20.3; 23.25; Jó 1.1; Sl 36.37; Lc 1.6; 1Co
2.6; Fp 3.15; 1Ts 2.10; Hb 12.23.
 
6. Aquelas donde se infere a doutrina. Pv 11.5; Ef 3.16, 19; 4.12-16, 22-24; 5.26, 27; Cl 1.28; Tt 2.14;
Hb 12.14; Tg 3.2; 1Pe 1.22; 2.9; 2Pe 1.4, etc.; 1Jo 3.3, 9; 4.12, 16-18; Ap 7.14.
 
Os seguintes trechos são, muitas vezes, citados para mostrar que não há remissão de todo o pecado
nesta vida; que nenhum homem pode viver sem cometê-lo. 1Re 8.46; Jó 25.4; Pv 29.9; Ec 7.20; Rm 3.20, 23;
1Jo 1.8, 10. Mas um pouco de atenção para o texto original, e o contexto, provará claramente que eles apenas
ensinam que todos têm pecado, e que estão sujeitos a pecar. Isto está de acordo com o plano de Jesus, que
veio salvar o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21), isto é, do poder e da contaminação do pecado, de modo
que, de hora em diante ele seja liberto da escravidão do pecado, e se faça servo de Deus, e produza fruto para
a santidade. Rm 6.1-22; 8.1, 2; 1Pe 2.24; 1Jo 1.7-9; 3.5-9; 5.18.
 
Erros em juízo, enfermidades do corpo, temores ocasionados por surpresa, sonhos desagradáveis,
pensamentos errantes em oração, ocasiões sem alegria, um sentimento de ineficácia na obra cristã e fortes
tentações, não são de modo nenhum incompatíveis com o amor perfeito. Contudo os erros necessitam de uma
propiciação. Hb 11.7.
 
Não há estado de madureza cristã nesta vida que não admita crescimento. Jó 17.9; Sl 83.8; Pv 4.18; Ml
4.2; Ef 4.15, 16; Fp 3.13-17; Hb 6.1; 1Pe 2.2-5; e 2Pe 3.18.
 
Todos os crentes que perseveram estão-se adiantando para uma santificação completa. Estes tais
obterão esta graça antes da morte, porquanto a promessa de vida eterna traz consigo o penhor da parte de
Deus, de conceder toda a graça necessária. Ef 5.27; Fp 1.6; Jd 24.
 
O fato de muitos cristãos não experimentarem esta graça, senão já próximo à morte, apenas prova a
fraqueza de sua fé ou sua imperfeita compreensão do sangue purificador de Jesus Cristo. Devemos tomar o
cuidado de não medir o possível pelo existente. “É, portanto, sem dúvida, do vosso dever orar e esperar por
uma perfeita salvação todo dia, toda hora, todo momento, sem esperar até que tenhais feito ou sofrido mais.” –
John Wesley. A santificação perfeita é a grande salvaguarda contra a apostasia.
 
Erros sobre a santificação completa:
 
1. Que ela não pode ter lugar senão quando a morte vem libertar a alma do corpo, sede presumida do
pecado. Refutação: Vejam-se os comandos, promessas, etc., acima falados.
 
2. O erro do Dr. Chalmers, que é pelas obras e não pelo sangue de Cristo aplicado pelo Espírito Santo
por meio da fé. Refutado em At 15.9; 2Ts 2.13; Hb 9.14; 1Pe 1.2; 1Jo 1.7-9.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
3. A doutrina do Conde Zinzendorf, que ela é idêntica ao novo nascimento. Refutado em Jo 15.2; 1Co
3.1-3; 2Co 7.1; Gl 5.17; 1Ts 5.23.
 
4. Que o pecado original ou inato num crente pode desaparecer imperceptível sem ter-se consciência
da operação do Espírito Santo. Refutado pelos textos do nº 2 acima, e também pela identificação da purificação
completa com a plenitude ou o batismo do Espírito, que é sempre dado instantaneamente.
 
5. Que a santificação perfeita nunca pode ser certificada pela consciência porque a natureza da alma
está abaixo de contemplá-la, e que ela não pode ser atestada pelo próprio Santificador porque ela é a
testemunha da adoção. Refutação: 1Co 2.11, 12; 1Jo 2.20, 27.

XVI. A PERSEVERANÇA – APOSTASIA


 
É do direito de todo o filho de Deus não só ser purificado de todo o pecado nesta vida, mas também
conservar-se isento da corrupção deste mundo, e assim viver de modo a nunca mais ofender ao seu Mestre. Sl
36.37; Hb 11.5; 7.25; 1Pe 1.5; 1Jo 3.9; 4.7; 5.18; Jd 24.
 
Contudo o melhor dos crentes está sujeito a apostatar e afinal perecer. Torna-se isto evidente pela
história.
 
1. De certos anjos. Jó 4.18; 2Pe 2.4; Jd 6.
 
2. De Adão. Gn 1.27, 31; 3.6-10; Ec 7.29.
 
3. Dos judeus. 1Co 10.1-12; Hb 3.17-19; Jd 5.
 
4. De Saul. 1Re 10.9, 10; 15.23, 24; 16.14.
 
5. De Judas. Sl 40.10; Jó 13.18; Mt 26.24, 25; Jo 17.12; At 1.25.
 
Os numerosos mandamentos e exortações à perseverança, e as muitas admoestações contra a
apostasia, são outras tantas provas desta doutrina. 1Cr 28.9; Ez 18.24; 33.12, 13, 18; Mt 5.13; Lc 9.62; Jo
15.1-6; Rm 11.20-22; 1Co 9.27; 10.12; 1Tm 1.19, 20; 5.12, 15; 2Tm 1.14, 15; Hb 4.1, 11; 6.4-6; 10.26-29, 38,
39; 12.14, 15; 2Pe 1.3-10; 2.18-22; Ap 2.4, 5; 3.10, 11.

XVII. ÚLTIMAS COUSAS


 
1. A Morte
 
Esta é a extinção da vida animal, e a separação da alma do corpo. É o efeito de uma causa desoladora
– esta causa é o pecado. Rm 5.12; Gn 3.19; Ec 7.2; 8.8; Jó 8.9; 14.1, 2; 16.22; 30.23; Sl 88.49; 89.10; Hb
9.27; Tg 4.14.
 
Achamos na história duas exceções a esta calamidade geral. Estes foram trasladados da terra. 2Re
2.11; Hb 11.5.
 
A alma nem morre nem dorme com o corpo. Ec 3.21; 12.7. Veja-se sobre o HOMEM, pág. 96.
 
Como a vida temporal do homem é dom de Deus (Gn 2.7; Jó 33.4; At 17.25), todo o homicídio é
proibido sob pena de perda de vida temporal e eterna. Gn 9.6; Lv 24.17, 21; Mt 19.18; 1Jo 3.15; Ap 21.8.
 
Como esta vida é curta e o tempo da morte é incerto (Jó 8.9; 9.25; Ec 9.12), e como com a morte
termina o nosso estado probatório, é muito importante que estejamos sempre devidamente preparados. Ec
9.10; Sl 89.12; Mt 24.44; Lc 12.35-37; Rm 13.11; etc.; Tt 2.12, 13; 1Pe 4.7; 2Pe 3.11; Ap 22.11.
 
2. O Estado Intermediário
 
O termo futuro estado é usado em relação à existência do homem numa vida futura incluindo a
existência separada da alma depois da morte do corpo, e sua final e eterna reunião com o corpo ressurgido.
Aquele estado em que existe a alma entre a morte e a ressurreição do corpo é chamado estado intermediário.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
(A) Estado Intermediário dos Justos
 
Em alguns lugares chamados paraíso, termo asiático usado para denotar os parques e jardins dos
monarcas do oriente. É usado também na versão grega do Antigo Testamento, falando do jardim do Eden (Gn
2.8, etc.), e daí veio a ser usado para designar o céu. Lc 24.43; 2Co 12.2-4; Ap 2.7.
 
Pensa-se em geral que ele representa o estado intermediário dos justos entre a morte e a ressurreição
(Lc 24.43), como o é a frase “seio de Abraão”. Lc 16.22. Entretanto, as Escrituras, digam o que queiram sobre
este estado, nada falam de um lugar intermediário, isto é, um lugar do céu e distinto dele que é a morada de
Cristo. Comparai Mc 16.19; Ap 7.55, 59; 2Co 5.1-8; Fp 1.23; Hb 9.24.
 
As almas dos justos que morrem entram imediatamente para este estado. Lc 16.22; Ap 14.13. Isto é
claramente ensinado por Cristo. Lc 23.43. Aqueles que ensinam a não-imortalidade da alma torcem estas
palavras de Cristo fazendo como se ele dissesse: “O que te digo, e digo hoje”. Mas isto é um absurdo tão
grande como seria perverter do mesmo modo as seguintes passagens: Êx 9.5; Lc 19.9; Tg 4.13; Hb 3.7; 4.7.
 
(B) Estado Intermediário dos Ímpios
 
As almas dos ímpios não são lançadas no tanque do fogo senão depois da ressurreição e do juízo final.
Mt 25.41; 2Ts 1.7-10; Ap 14.10, 11; 20.10-15.
 
Mas, elas permanecem em um estado de sofrimento com consciência como consequência de seus
pecados. Lc 16.22-28.
 
Consistirá este sofrimento no remorso por causa de suas ações más, e uma separação dos objetos
sensuais em que tinham presos os seus corações (Lc 12.19-21), e na consciência de perda dos sorrisos de Deus
e dos gozos do paraíso. Lc 13.28; 16.26.
 
Todos os desejos, paixões e propensões pecaminosas subsistindo mas já não achando gratificação,
naturalmente se inflamarão mais e as atormentarão antes da inflição das penas positivas no dia de Juízo. Pv
14.32; Lc 16.24; Ap 20.11, 12.
 
3. O Reino do Messias – Seu Progresso e Triunfo Final
 
A doutrina relativa a este glorioso acontecimento acha-se nas promessas divinas:
 
1. Reveladas diretamente a Abraão, Isac e Jacó. Gn 12.3; 13.14-16; 15.1-5; 18.18; 22.17, 18; 26.3, 4;
28.13, 14. Que esta promessa se refere à semente espiritual de Abraão vê-se comparando Rm 4.13-25; Gl 3.6-
29.
 
2. Expressas pelos profetas inspirados no Antigo Testamento. Gn 49.10; Nm 14.21; 24.17-19; Sl 2.7, 8;
21.27, 28; 71.8, 11, 17, 19; Is 2.2-4; 9.9, 10; Ez 47.1-22; Dn 2.44; 7.13, 14, 27; Jl 2.28, 29; Mq 4.1-7; Ml 1.11.
 
3. Expressas naquelas profecias que se referem distintamente à restauração final dos judeus por sua
conversão ao Cristianismo. Dt 30.3-6; Is 1.24-27; 49.5-26; 40.15-22; 42.4-12; Jr 3.12-18; 23.5-8; 31.10-12, 31,
34; 32.37-44; 33.7-16; Ez 20.34, 40, 42; 28.25; 36.24-29; 37.21-28; Os 3.4, 5; Am 9.11-15; Mq 7.18-20; Sf
3.19, 20; Zc 8.1-9. Que estas profecias se referem à salvação deles por Cristo vê-se comparando Rm 11.26; Gl
3.7-16.
 
4. A Igreja Cristã é o instrumento escolhido e apropriado para esta obra. Pela sua oração, como
ensinou Cristo. Mt 5.14, 16; Fp 2.15. Pela divulgação universal do Evangelho. Mt 28.19, 20; 24.14; At 1.8; Ap
14.6; 22.17.
 
Por menor que seja o começo desta obra e por menos coragem que inspire, por mais vagaroso e
imperceptível que seja o seu progresso ela tem de ser afinal coroada por um sucesso universal. Comparai Is
60.22; Dn 2.35, 45; Ez 47.3-5; Mt 13.31-33.
 
Este glorioso período é chamado o milênio, palavra usada para denotar os mil anos mencionados no Ap
20.4-6, durante os quais Satanás será amarrado, e Cristo reinará com a sua presença espiritual aqui na terra

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
com os seus santos. Mas pelos mil anos provavelmente se quer dizer, não exatamente dez vezes cem anos,
mas um período indefinidamente longo, porque este é o uso escriturístico da frase. Dt 7.9; Sl 83.11; 89.4; Is
60.22; Ec 6.6; 2Pe 3.8.
 
4. A Segunda Vinda de Cristo
 
A vinda de Cristo para julgar o mundo em sua forma humana será a segunda aparição, em relação à
sua primeira aparição na terra, com sua natureza humana. Mt 25.31; At 1.11; 1Ts 4.16; 2Ts 1.7, 8; Hb 9.27,
28. Será uma aparição corpórea e visível (Ap 1.7), surpreendendo a raça humana entregue às suas ocupações e
prazeres diários. Mt 24.36-51; 25.1-14. O tempo da segunda vinda de Cristo estava, durante a sua encarnação,
como parte da sua humilhação, encoberto a ele, mas era um segredo com o Pai. Mc 13.32. O motivo de sua
vinda será para ressuscitar os mortos, julgar a família humana, sentenciar os ímpios ao castigo eterno e reunir
os justos para gozarem da recompensa eterna no céu. Mt 25.31-46; Jo 5.28, 29; At 17.31; 2Ts 1.7-10; Ap
20.10-15; 21.8.
 
É do dever de todo crente viver esperando diariamente este grande acontecimento (Mc 13.33-36), e
amar a vinda de seu Senhor. Rm 8.23; 1Ts 1.10; Tt 2.13; Hb 9.8; 2Pe 3.11-14; Ap 22.20.
 
5. A Ressurreição Final
 
Entende-se por isto o surgirem da morte para a vida os corpos de toda humanidade incorrutíveis e a
reunião deles às suas almas. Os corpos ressurgidos devem substancialmente ser os mesmos corpos, do
contrário o termo ressurreição seria absurdo; e se Deus desse um corpo inteiramente novo seria isso antes uma
nova criação. Esta doutrina, embora superior à nossa razão, não é contrária a ela, e, portanto, não menos crível
do que a primeira criação. Gn 2.2; At 26.8; 1Co 15.22, 23, 45-58.
 
Não é mais difícil a Deus mudar as nossas pureza e beleza evangélicas, do que transformar o carvão
em refulgente diamante; porque este difere daquele apenas no arranjo cristalino dos seus átomos. Há também
exemplos que indicam a ressurreição entre os insetos, vegetais e árvores de ano para ano. Enquanto estes
ensinam a possibilidade e probabilidade da ressurreição do homem, a Bíblia declara explicitamente a doutrina.
Jó 14.12-15; 19.25-27; Sl 15.9-11; Is 26.19; Dn 12.2; Os 13.14; Mt 22.28-32; Jo 5.28, 29; At 17.31, 32; 24.14,
15; 26.8; 1Co 15.12-55; 2Co 5.1-10; Fp 3.20, 21; 1Ts 4.13-17; Ap 20.12, 13.
 
A doutrina da ressurreição é fundamental ao Cristianismo porquanto o Evangelho inteiro é baseado na
verdade dela, especialmente na de Cristo. At 2.23-36; 13.3-37; Rm 1.4; 1Co 15.12, etc.
 
O termo “ressurreição” é usado também num sentido simbólico para significar a mudança das almas de
um estado de pecado para um estado de vida de verdadeira santidade. Ez 37.1-14; Jo 5.21, 25; Rm 6.1-7; Ef
2.1, 5, 6. Mas a ressurreição do corpo é sempre representada como sendo para o futuro e a da alma no tempo
presente.
 
6. O Juízo Final
 
Entende-se por isto aquele importante período que deve terminar o presente estado de existência e no
qual haverá um julgamento geral dos anjos, dos homens justos e ímpios. At 17.31; 24.15; Jd 6, 7, 14, 15.
 
As evidências de um tal dia são:
 
1. A justiça de Deus o requer, porque este atributo não é claro e plenamente revelado nesta vida
presente. Ed 9.13; Sl 72.1-19; 91.8; 102.10; Jó 21.7-34; Ec 8.11, 14; Lc 6.24, 25; 16.25; Rm 9.22.
 
2. Os ditames da consciência e da razão o pedem. At 24.25; Rm 2.15, 16.
 
3. A ressurreição de Cristo é uma prova dele. At 17.31; Rm 14.9; Fp 3.10, 11.
 
4. Aquelas passagens que limitam o juízo a um tempo futuro e definido. Ec 11.9; 12.14; Ml 3.16-18;
4.1; Mt 12.36; 13.38-43; 16.27; 25.31, etc.; Jo 5.28, 29; 12.48; At 17.31; 24.25; Rm 2.5-16; 1Co 3.13; 4.5;
2Co 5.10; 2Tm 4.1; 2Pe 2.9; 3.7; Jd 6; Ap 20.12, 13.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
5. Aquelas que falam de gerações anteriores reservadas para o juízo. Mt 10.15; 11.23, 24; Lc 11.31,
32; Jd 6, 7, 14, 15.
 
O dia de juízo deve ser considerado como o mais sublime, solene e interessante de todos os
acontecimentos. Então o tempo e a provação humana terminarão. Ap 10.6; 22.11, 12. O mundo material será
mudado, e os homens e os demônios receberão a sua sentença irrevogável às mãos do justo Juiz. 2Pe 2.7-12;
Jd 6, 14, 15; Ap 20.10-15.
 
7. O Céu
 
As Escrituras usam desta palavra em três sentidos diferentes: 1) pela atmosfera que nos cerca, onde se
vêem as nuvens e as aves. Gn 1.7, 8, 20; Mt 24.30. 2) Por este espaço incomensurável no qual estão
estacionados o Sol e as estrelas. Gn 1.14, etc; 15.5; Js 10.13. 3) Por aquela morada gloriosa, onde habita mais
especialmente o onipotente Deus, chamado o terceiro céu, 2Co 12.2; o céu dos céus. Dt 10.14; 1Re 8.27; Ne
9.6; Sl 67.34; o estado e o lugar de bem-aventurança para o qual vão os santos depois desta vida. 2Re 2.1, 11;
2Co 5.1, 2; Hb 10.34; 11.16.
 
Quanto à localidade exata deste lugar, a Escritura não fala, e as conjecturas humanas são várias e se
contradizem. Em geral ele é representado como sendo em algum lugar separado desta terra, e portanto para
cima no sentido mais rigoroso da palavra. Mc 16.19; Lc 24.51; Jo 3.13; 6.63; At 1.9-11; Ef 3.10; 1Ts 4.16, 17;
1Tm 3.16; Hb 9.24.
 
Nada é revelado deste mundo celeste para satisfazer a nossa curiosidade nesta vida; mesmo aos
espíritos dos mortos, ao voltar para a terra, não tem sido permitido revelar o que se lhes fora desvendado.
Comparai Mt 17.3; 27.52; Lc 7.15; Jo 11.44; 2Co 12.4; todavia, sabe-se o bastante para despertar em nós
desejos sinceros por este estado celestial e a fim de preparar-nos para ele. 2Co 5.1-8; Fp 1.21-23; Hb 11.13-
16; 1Jo 3.2, 3.
 
Os caracteres proeminentes dessa vida bem-aventurada são a sua santidade, sua felicidade e a
presença do Senhor. Sl 15.10; 16.15; Jó 19.26, 27; Jo 14.1-3; 17.24; 1Co 13.9-12; 2Co 5.1-8; Fp 3.20, 21; 1Ts
4.16, 17; Hb 12.14; 1Jo 3.2, 3; Ap 3.21; 21.3, 4, 7, 22-27; 22.1-5.
 
O céu foi preparado para os justos desde o princípio, Mt 25.34; e Jesus está lá com o fim de
aperfeiçoá-lo e preparar o caminho, por sua mediação, para todos os que vão a ele. Jo 14.1-3, 6; Hb 7.25.
 
Há diferentes graus de glória no céu – chamados moradas, Jo 14.2 – adaptados às diferentes
capacidades e aquisições morais dos fiéis. Dn 12.2; Mt 18.4; 20.23; 1Co 15.41.
 
John Newton, uma vez, disse que se ele um dia chegar ao céu, provavelmente encontrará lá três
grandes maravilhas: 1) Em achar alguns que ele não supunha estivessem lá. 2) Em não achar alguns que ele
supunha estarem. 3) E mais que tudo em achar-se a si próprio lá. “O Senhor não vê como os homens vêem”.
1Re 16. 6, 7; Ml 3.17, 18; 2Tm 2.19.
 
8. O Inferno
 
Esta palavra traduzida do hebraico sheol, e do grego hades, originalmente significa o lugar escondido, o
estado ou condição de todos os espíritos dos mortos, quer dos justos quer dos ímpios, e, portanto, não designa
necessariamente um lugar de tormento. Comparai At 2.27, 31; Lc 16.23.
 
Quando se trata do lugar do castigo final ele é designado por outras palavras, tais como gehnna, Mt
5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6; e tartarus, 2Pe 2.4 (Grego).
 
Posto que muitos dos termos e das palavras usadas na Escritura para descrever este castigo são
metafóricos, eles representam uma medonha realidade, e são calculados para dar a idéia dos maiores e mais
terríveis tormentos possíveis. Sl 9.18; 49.22; Ml 4.1; Mt 3.12; 8.12; 13.42; 25.41, 46; Mc 9.43, 44; Lc 13.28;
16.24, 28; Rm 2.8, 9; 2Ts 1.8, 9; Jc 13-15; Ap 6.15-17; 14.10, 11; 20.14, 15; 21.8.
 
Os termos mais fortes possíveis são usados para exprimir a duração eterna deste castigo. Mt 25.41, 46;
Mc 3.29; 9.43-48; Lc 16.26; 2Ts 1.9; Jd 7.13; Ap 20.10.
 

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
Os mesmos termos são algumas vezes aplicados em sentido limitado a cousas tais que devem
certamente ter um fim; como parece comparando-se os seguintes textos: Gn 49.26; Hc 3.6; 2Pe 3.10; Ap 6.14;
16.20.
 
A representação do castigo dos ímpios é de tal modo ligada à da felicidade dos justos quanto ao tempo
e duração que prova ser ele futuro e eterno. Dn 12.2; Is 45.16, 17; Mt 25.46; Jo 5.28, 29; Rm 2.5-11; Ap
22.11, 12.
 
A grande solicitude de Cristo e dos seus Apóstolos pela salvação dos homens mostra que os ímpios
estão expostos a um castigo eterno. Dt 30.15-19; 32.29; Jr 8.18-22; 9.1, 2; Ez 18.30-32; Lc 13.24-28, 34; At
20.17-31; 21.13; Rm 9.1-3; 2Co 6.1-9; 8.9; 1Pe 2.21-24; 3.17, 18; Ap 6.9-11.
 
Sócrates e Platão, expositores da mais elevada razão humana não inspirada, ensinavam a doutrina do
sofrimento interminável para as almas incorrigíveis. Nisto eles concordavam com a antiga mitologia. Daí o
dogma não é irrazoável, porquanto ele é um princípio da religião natural, e da filosofia moral, resultante da
perversão da livre agência. Comparai Pv 1.31, 32; Gl 6.7, 8; Ap 22.11, 12.
 
A aplicação do sofrimento como pena pelo pecado não está em desacordo com a misericórdia divina,
mas é antes uma amostra dessa misericórdia que merece um louvor adequado. Êx 15.1-21; 34.6, 7; Sl 57.11,
12; 61.12; 135.1, 10, 15, etc.; 148.5-9.
 
Se, portanto, em todos os tempos a misericórdia divina tem não só permitido mas até infligido o
sofrimento como um castigo aos pecadores, assim como meio de disciplina e correção, por que não pode o
castigo eterno ser compatível com a misericórdia divina? Lv 24.10-16; Nm 15.30-36; Js 7.1-9; Is 66.24; 1Co
10.5-11; 2Pe 2.6; Jd 7; Ap 9.1-6.
 
O castigo futuro não pode significar o aniquilamento, extinção ou não-existência, porque o que cessa
de ser cessa de sofrer, enquanto que o sofrer implica uma existência consciente continuada: por isso chamado
castigo eterno. Mt 25.46; 2Ts 1.9; Jd 7.
 
No aniquilamento não pode haver mais nem menos; é, portanto, incompatível com a doutrina da
Escritura de diferentes graus de castigo. Mt 10.15; 11.22-24; 12.41, 42; 13.14; Lc 12.47, 48; Hb 10.26-29.
 
Os partidários modernos do aniquilamento sustentam que a alma morre como o corpo; que esta morte
constitui o castigo do pecado; e que esta é a condição de todos os mortos, a de uma não-existência. Que a
única diferença entre os justos e os ímpios é que os justos são castigados deste modo, alguns por milhares de
anos, até que Cristo os ressuscite para a imortalidade; enquanto que os ímpios permanecem na morte eterna.
Esta doutrina é contrária às Escrituras em geral, especialmente às seguintes: Sl 16.10; Dn 12.2; Lc 15.22-28;
23.43; Jo 5.28, 29; At 7.55, 59; 2Co 5.1-8; Fp 1.21-23; Ap 14.10-13; Mt 22.32.
 
Alguns querem afirmar que o castigo do pecado está, na maior parte, no remorso da consciência, e que
todo o pecador sofre em proporção à sua culpa, e no tempo da transgressão.
 
Esta doutrina não pode ser verdadeira. – 1. Porque nem em todos os indivíduos a consciência é a
mesma; enquanto em um ela o condena por fazer cousas que em si estão certas, em outro ela o absolve na
prática de ações realmente injustas. At 26.9, etc; 1Tm 1.13.
 
2. Porque quanto mais um indivíduo peca mais se torna insensível a ele; enquanto o primeiro desvio do
caminho do dever é acompanhado de um sentimento profundo de culpa, na segunda ofensa a consciência
sente menos, e assim até que ela seja adormecida. Ef 4.19; 1Tm 4.2; Tt 1.15.
 
Se não há castigo depois desta vida, e se todos os que morrem ficam logo felizes, então se pode
concluir de sua administração que Deus é mais o amigo dos pecadores do que dos justos. Assim os ante-
diluvianos e os Sodomitas foram levados do meio dos seus crimes diretamente para o céu, enquanto que o
justo Noé e Lot foram deixados para atuar mais tribulações e sofrimentos nesta vida. Mas veja-se 2Pe 2.4-9.
 
Se, depois do castigo, pode-se ser admitido às recompensas do céu, então pode haver salvação sem
ser pelo sangue de Cristo, e a sua cruz é tornada de nenhum efeito. Jo 14.6; Hb 9.12-28; Ap 1.5.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
TERCEIRA PARTE
 
A MORAL DO CRISTIANISMO
 
A LEI MORAL
 
Esta é aquela revelação da vontade divina que diz respeito aos deveres dos homens para com o seu
Criador e para com seus semelhantes ou próximos, como é explicado em Lc 10.33-37.
 
Esta lei é espiritual e perfeita, estendendo-se a todas as criações internas e as ações externas dos
homens, e nunca poderá ser mudada nem aniquilada. Sl 18.8, 9; Pv 30.5, 6; Rm 7.12, 14; Ap 22.18, 19.
 
Esta lei foi primeiramente escrita nos corações e nas consciências dos homens, de maneira que por um
uso próprio de suas faculdades racionais e morais eles pudessem chegar ao conhecimento de todo o seu dever.
Jo 1.9; 3.19, 20; Rm 1.19, 20; 2.14, 15.
 
“Duas cousas há que quanto mais vezes e com mais atenção as consideramos, tanto mais nos enchem
o espírito de uma sempre nova e crescente admiração e respeito: o CÉU ESTRELADO acima; a LEI MORAL
interior.” – Emanuel Kant.
 
Para conformar essa lei original da natureza, ela foi escrita pelo dedo de Deus em forma de dez
mandamentos, e entregue a Moisés no monte Sinai. Êx 20.1-17; 21.12; 31.18; 32.15, 16.
 
O sumário desta lei, como foi explicado por Cristo e seus apóstolos, é o amor supremo a Deus, o amor
imparcial aos homens. Mt 22.36-40; Lc 10.35-37; Rm 13.9, 10; Tg 2.8.
 
“Do seio Universal a síntese se exala: –
Se a Deus folgas amar de toda a devoção,
Consiste o teu amor na humanidade inteira,
O bem que anseias faze, a ti, a teu irmão;
 
Deleita, é tão doce e simples isso é bom,
Tão fácil de atrair, quão leve relembrar;
Que nos renove o ser do Ser-divino a graça
Que simples é cumprir melhor que o desejar.”
(J. de S. Gayozo).

I. DEVERES PARA COM DEUS


 
Estes deveres são internos e externos; isto é, há uns que se referem aos nossos princípios e
disposições internos, e há outros que dizem respeito às nossas ações externas, quer públicas, quer privadas.
 
1. Os deveres internos são:
 
1) A submissão a Deus. 1Re 3.18; Jó 1.21, 22; Sl 38.10; Is 45.9, 23; Tg 4.7, 16.
 
2) O amor a Deus. Dt 6.5; Js 22.5; Pv 8.17; Jo 14.21; Rm 8.28; Ef 1.4; Jd 21.
 
3) A confiança em Deus. Sl 4.6; 36.3; 54.23; 61.8; Pv 3.5; 16.3; 29.25; Is 26.4; 1Pe 4.19.
 
4) O temor de Deus. Dt 6.21; 10.12; Js 24.14; Sl 32.8; 95.4, 9; Pv 23.17; Ec 12.13; Mt 10.28.
 
2. Os deveres externos incluem todos os meios apontados para promover a sua religião. Tais como o
culto a Deus, público e social, inclusive a leitura e a pregação de sua palavra, a exortação, a conversão mútua,
o sacramento, o canto e a oração. Ne 8.1-12; Sl 99.1-4; 149.3-6; Ml 3.16; Mt 18.20; 28.19, 20; Lc 4.15-21; At
16.13; 17.1-13; 1Co 11.23-27; Cl 3.16; Hb 10.25; 1Tm 4.11-16.
 
Estes meios de graça são todos indispensáveis, mais especialmente a oração, pela qual se entende a
apresentação a Deus dos nossos desejos pelas cousas agradáveis à sua vontade. Ez 36.37; Jr 29.12, 13; 1Jo
5.14, 15.

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
 
A importância deste dever é manifestado dos mandamentos expressos e das promessas de Deus. Is
62.6, 7; 65.24; Jr 33.3; Ez 36.37; Jl 2.32; Mt 6.9-13; 7.7-11; Lc 18.1-8; Rm 10.12, 13; Fl 4.6; Cl 4.2, 3; Tg 1.5;
5.13-16.
 
O dever geral da oração inclui quarto espécies ou classes:
 
a) A oração mental, chamada a oração da alma, e do coração, distinta da que é chamada vocal. 1Re
1.12, 13, 15; Sl 61.9.
 
A principal importância desta espécie de oração é que pode ser oferecida em todas as ocasiões, em
qualquer lugar, e por todos.
 
Ela é especialmnete mencionada em Lc 18.1, 7; At 10.2; Rm 12.12; Ef 6.18; 1Ts 5.17.
 
Nenhuma posição particular do corpo é recomendada como essencial à oração aceitável.
 
Os judeus usavam tanto o sentar-se como o estar de pé. 2Sm 7.18; Jz 20.28; Mt 6.5; Lc 18.11; exceto
em ocasiões de grande comoção, quando o ajoelhar ou o prostrar-se era comum. Jó 1.20; 2Cr 6.13; Es 9.5; Sl
94.6; Dn 6.10. Este era também o uso com Cristo e entre os cristãos primitivos. Mt 26.39; Lc 22.41; At 7.59;
20.36; 21.5; Ef 3.14.
 
b) A oração privada: cujo valor particular está em podermos aproximar-nos de Deus com mais
liberdade, e lhe abrirmos o nosso coração, melhor do que de qualquer outro modo.
 
Entre nós e Deus há interesses privados e pessoais; pecados a confessar, necessidades por serem
satisfeitas, que seria impróprio descobrir ao mundo.
 
Este dever é reforçado pelo exemplo dos homens bons de todos os tempos. Gn 32.25, etc.; 2Re 4.33;
At 10.2, 9, 30; e especialmente pelo ensino e exemplo de Jesus. Mt 6.6; 11.23; 26.36; etc.; Mc 1.35; Lc 5.16.
 
c) A oração de família. A falta de um preceito expresso sobre o culto de família tem sido solicitada
contra a obrigação que temos de sustentá-los. Mas não há necessidade de semelhante preceito, desde que esse
dever está claramente incluído no mandamento geral de inculcar a religião na família, que tem sido praticado
pela Igreja de todos os tempos. Gn 18.19; Dt 6.6, 7; At 10.2; 16.31-33; Ef 6.4.
 
d) A oração pública e social: uma importante parte do culto público. Vejam-se os deveres externos para
com Deus, referidos.
 
As orações de pecadores impenitentes são desprezadas por Deus. Sl 49.16; Pv 1.28, 29; 28.1; Is 1.15;
Jo 9.31; Tg 4.3. Ele ouve ao penitente. Lc 15.17, etc.; 18.9-14.

II. OS DEVERES PARA COM O PRÓXIMO


 
Por aquela bela parábola do bom Samaritano se nos ensina que o termo próximo compreende todo o
ente humano. Lc 10.25-37.
 
Esta relação é independente de nacionalidade, vizinhança ou religião. Ml 2.10; Pv 22.2; At 17.26; Gl
3.28.
 
Todo o dever para com o nosso próximo encerra-se no que se tem com razão chamado a lei régia. Tg
2.8; e a regra de ouro de nosso Salvador. Mt 7.12.
 
O fim óbvio desta regra é, sendo guiado pela justiça e pela misericórdia, fazer aos outros o que
queriamos que eles nos fizessem a nós, se as circunstâncias deles e nossas fossem invertidas. Esta lei,
portanto, em um sentido tanto positivo como negativo, abrange um campo muito largo. Sl 119.96.
 
1. Esta lei de amor universal proíbe que nos entreguemos a qualquer disposição ou sentimento menos
santo para com o nosso próximo tais como: o ódio, Lv 19.17; 1Jo 3.14, 15; 4.20. A inveja, Pv 24.1; Sl 37.1; Rm
13.13; 1Pe 1. A malícia, 1Co 5.8; 14.20; Ef 4.31; Cl 3.8. A ira, Ec 7.9; Mt 5.22; Ef 4.31; Cl 3.8. A cólera, Rm

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Amos Binney - Compêndio de Teologia
12.19; Ef 4.26, 31; Tg 1.19. A vingança, Lv 19.18; Pv 24.29; Zc 7.10; Rm 12.19. A cobiça, Êx 20.17; Lc 12.15;
Ef 5.3; Cl 3.5.
 
2. Ela proíbe toda a conduta pecaminosa para com o nosso próximo como: o homicídio, Êx 20.13; Mt
5.21, 22; 19.18. A mentira e o falso testemunho, Êx 20.16; Pv 24.28; Zc 8.16, 17; Ml 3.5; Ef 4.25; Cl 3.9. O
furto, Êx 20.15; Lv 19.11; Mt 19.18; Ef 4.28. A disputa e as contendas, Gn 13.8; Pv 20.3; 25.8; Rm 13.8; Cl
3.13; Tt 3.9. A prostituição e embriaguês, Êx 20.14; Jó 31.1; Pv 6.25, 29, 32; 23.20, 31-33; Is 5.11, 22; Hc
2.15, 16; Mt 5.27, 28; Rm 13.13; 14.21; 1Pe 2.11. O falar mal e contumélia, At 23.5; Ef 4.31; Tg 4.11. A
opressão, Sl 12.5; Pv 24.11, 12; Is 1.17; 58.6; Ml 3.5; Am 4.1; Zc 7.10; Tg 5.4. O pagar-se o mal com o mal, Lv
19.18; Pv 24.29; 1Ts 5.15; Mt 5.39-44.
 
3. Ela manda que cultivemos todos os sentimentos e disposições santas para com o nosso próximo, tais
como: o amor, Lv 19.18, 34; Mt 5.44; Jo 13.34; Rm 12.10; 13.8; 1Co 13.1-8; Gl 5.13, 14; Cl 3.14; Hb 10.24;
13.1; 1Pe 2.17; 1Jo 3.18; 4.7, 8, 20, 21. A longanimidade, Pv 19.11; 1Co 13.4-7; Ef 4.2; Cl 3.13; 1Pe 2.19-23.
 
4. Ela requer a prática de todas as ações boas para com o nosso próximo, tais como: o bom exemplo,
Ne 5.9; Mt 5.16; Cl 4.5; 1Tm 4.12; Tt 2.7, 8. A honra, Rm 12.10; 13.7; Fp 2.3; 1Pe 2.17. A misericórdia, Dn
4.27; Mq 6.8; Lc 6.36; Cl 3.12. A compaixão, Lc 10.33-37; 1Pe 3.8; Jo 3.17.
 
5. Ela, com especialidade, designa o nosso comportamento para com certas classes particulares de
nossos próximos, tais como: os governadores, At 23.5; Rm 13.1-7; Hb 13.7; 1Ts 5.12, 13; 1Tm 2.1-3; Tt 3.1;
1Pe 2.13-17. Senhores e servos, Ef 6.5-9; Cl 3.22; 4.1. Pais e filhos, Ef 6.1-4; Cl 3.20, 21. Maridos e mulheres,
Ef 5.22-25; Cl 3.18, 19. Os velhos, Lv 19.32; 1Tm 5.1, 2; 1Pe 5.5. Viúvas e órfãos, Êx 22.22-24; 1Tm 5.3; Tg
1.27. Os enfermos, Tg 1.27; 5.14. Os estrangeiros, Êx 22.21; Hb 13.2. Os inimigos, Mt 5.44; Rm 12.20. Os
ímpios, Lv 19.17; 1Sm 12.20, 23. Os gentios, Mt 9.38; 28.19, 20.

FIM

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