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Artigo original Pan American Journal

of Public Health

Classificação antropométrica de gestantes:


comparação entre cinco métodos diagnósticos
utilizados na América Latina
Suzana Lins da Silva,1 Cristiane Campello Bresani-Salvi,2
Maria de Fátima Costa Caminha,1 José Natal Figueiroa1 e Malaquias Batista Filho1

Como citar Silva SL, Bresani-Salvi CC, Caminha MFC, Figueiroa JN, Batista Filho M. Classificação antropométrica
de gestantes: comparação entre cinco métodos diagnósticos utilizados na América Latina. Rev Panam
Salud Publica. 2017;41:e85.

RESUMO Objetivo.  Verificar a concordância entre cinco métodos antropométricos na classificação


nutricional de gestantes e comparar as classificações obtidas com a classificação nutricional da
população brasileira de mulheres jovens não gestantes.
Método.  Estudo transversal com dados de 1 108 gestantes com idade de 19 a 35 anos aten-
didas de setembro de 2011 a abril de 2012 em serviços de pré-natal no estado de Pernambuco,
Brasil. A classificação nutricional (baixo peso, peso adequado e sobrepeso/obesidade) foi reali-
zada conforme os critérios de Mardones e Rosso, de Mardones et al., de Atalah et al., do Centro
Latino Americano de Perinatologia (CLAP) e do Institute of Medicine de 2009 (IOM-2009).
Estimaram-se os coeficientes kappa de concordância para os pares de métodos. O teste do qui-­
quadrado de bondade de ajuste foi utilizado para comparar a distribuição de frequências de cada
categoria nutricional em cada método com a distribuição em não gestantes classificadas de
acordo com índice de massa corporal (IMC, pontos de corte da OMS).
Resultados.  Os métodos concordaram entre si para o diagnóstico de sobrepeso/obesidade
(kappa > 0,60) e discordaram em relação ao baixo peso (kappa ≤ 0,60), particularmente nas
comparações do IOM-2009 (que utiliza o IMC pré-gestacional) com os demais. As distribuições
de frequências amostrais obtidas com os cinco métodos diferiram da população de referência de
não gestantes (P < 0,001), observando-se percentuais de sobrepeso/obesidade inferiores à preva-
lência nacional e percentuais de baixo peso superiores à prevalência nacional.
Conclusão.  As disparidades observadas podem ser atribuídas à heterogeneidade entre os
métodos, justificando a realização de inquéritos para definir padrões antropométricos específi-
cos para determinadas populações.

Palavras-chave Antropometria; diagnóstico; gestação; índice de massa corporal; sobrepeso; América


Latina.

Embora a gestação seja um processo portamentais, configurando um ciclo de (restrição de crescimento intrauterino,
f­ isiológico, seu desenvolvimento implica reconhecida vulnerabilidade para a mãe baixo peso ao nascer, macrossomia,
em marcantes alterações hormonais, me- e para o feto, principalmente nos países ­prematuridade e mortalidade perinatal)
tabólicas, morfofuncionais e psicocom- em desenvolvimento (1). Em contextos (5, 6), o estado nutricional da gestante
de pobreza, a carga simultânea de carên- não tem recebido a atenção devida no
1
Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando
cia nutricional e de excesso calórico po- campo da investigação científica e da vi-
Figueira (IMIP), Grupo de Pesquisa Estudos da dem constituir-se em risco obstétrico gilância nutricional (7).
Nutrição, Recife (PE), Brasil. Correspondência: (2–4). No entanto, a despeito de sua va- No caso da classificação nutricional
Suzana Lins da Silva, suzanalinsilva@gmail.com
2
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Serviço riabilidade epidemiológica e de sua rela- de gestantes baseada na antropometria,
de Saúde do Trabalhador da GEX, Recife (PE), Brasil. ção com desfechos gestacionais negativos a diversidade de métodos limita a

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Artigo original Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes

c­ ompilação de estimativas e o direciona- gestantes atendidas em três serviços de de 40% de anemia (erro amostral ± 3%)
mento das ações de saúde (8, 9). Na pré-natal obtida com cinco métodos antro- em gestantes brasileiras (27), 15% de de-
América Latina, sete instrumentos de pométricos utilizados na América Latina: ficiência de vitamina A (erro amostral de
classificação baseados em peso, estatura nomogramas de Atalah et al. (16), Mardo- ± 2%) (28) e 45% de sobrepeso/obesida-
e idade gestacional têm sido aplicados nes e Rosso (17) e Mardones et al. (18), de (erro amostral ± 3%) na população de
na prática clínica do pré-natal (10–12): IOM-2009 (19) e CLAP (14). Apesar de o gestantes pernambucanas (26). Uma
1) método de Rosso (13); 2) método do método do CLAP ter sido construído com amostra de 1 200 gestantes seria necessá-
Centro Latino-Americano de Perinatolo- medidas seriadas de apenas 43 gestantes e ria para estimar a menor dessas propor-
gia (CLAP)(14); 3) método do Institute of de seu progressivo desuso, optamos por ções (15% de deficiência de vitamina A)
Medicine de 1992 (IOM-1992) (15); 4) no- incluí-lo, por ter sido o mais compatível com nível de significância de 95% (1-α).
mograma de Atalah et al. (16); 5) nomo- com a classificação de não gestantes em Ao final do inquérito, haviam sido recru-
grama de Mardones e Rosso (17); 6) um estudo anterior na nossa região (23). tadas 1 516 gestantes, considerando-se
nomograma de Mardones et al. (18); e 7) A classificação das gestantes obtida com uma perda de dados em torno de 20%.
método do IOM de 2009 (19). Esses ins- cada um desses métodos foi ainda compa- Para o presente estudo, selecionaram-
trumentos de avaliação foram elaborados rada com a classificação da população bra- se, a partir do banco de dados original,
e testados em populações com caracterís- sileira de mulheres jovens (idade de 19 a 35 todas as gestantes que atendiam os crité-
ticas específicas, havendo escassez de es- anos) não gestantes obtida pelo critério da rios de inclusão (idade de 19 a 35 anos e
tudos de validação nos países da América OMS: baixo peso, IMC < 18,5 kg/m2; peso ter registro sobre peso e estatura), ex-
Latina, o que leva a questionamentos so- adequado, IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2; so- cluindo-se aquelas de alto risco, o que
bre a sua validade e comparabilidade brepeso, IMC de 25,0 a 29,9 kg/m2; e obesi- resultou em uma amostra de 1 108 parti-
ampliadas a contextos epidemiológicos dade, IMC≥ 30,0 kg/m2 (24). cipantes. A faixa etária adotada para es-
com fenótipos e condições socioambien- Este estudo utilizou o banco de dados sas análises objetivou excluir o período
tais distintos (20–22). primários do inquérito “Estado nutricio- da adolescência, caracterizado por parti-
De fato, estudos têm relatado discor- nal de gestantes: aspectos metodológi- cularidades antropométricas, e a idade
dâncias na avaliação nutricional de ges- cos, epidemiológicos e implicações na materna acima de 35 anos, que implica
tantes por esses diferentes instrumentos assistência pré-natal”, realizado pelo gestações de alto risco.
(9). Além disso, há indícios de que a an- Grupo de Pesquisa Estudos da Nutrição
tropometria tende a superestimar as pre- do Instituto de Medicina Integral Prof. Métodos de classificação
valências de baixo peso e subestimar Fernando Figueira (IMIP) e pelo Depar- ­antropométrica
sobrepeso e obesidade gestacionais (20). tamento de Nutrição da Universidade
A propósito, um estudo realizado no Federal de Pernambuco (UFPE) (25). O estado nutricional das gestantes foi
Nordeste brasileiro há mais de 10 anos O projeto original teve como objetivo classificado nas categorias de baixo peso,
(23) destacou discrepâncias entre as descrever a situação nutricional (anemia, peso adequado e sobrepeso/obesidade
frequências de baixo peso, sobrepeso e deficiência de vitamina A e classificação segundo cada um dos métodos de estu-
obesidade ao comparar gestantes classifi- antropométrica) de gestantes atendidas do. A classificação pelo método de
cadas de acordo com os critérios de Rosso em três serviços de assistência pré-natal Mardones e Rosso (17) baseia-se no
(13), Atalah et al. (16) ou CLAP (14) com do estado de Pernambuco: Centro de As- percentual do peso padronizado (= peso
não gestantes classificadas pelo critério sistência à Mulher do IMIP, localizado observado × 100/peso esperado para al-
de índice de massa corporal (IMC) da em Recife, capital do estado, e unidades tura) por semana gestacional de acordo
Organização Mundial da Saúde (OMS). de assistência pré-natal de Vitória de com um nomograma, iniciando com
Tendo em vista a carência de estimati- Santo Antão (zona da Mata) e de Carua- pontos de corte para a 10ª semana gesta-
vas de validação das classificações de ru (Agreste Pernambucano). A coleta de cional: baixo peso, < 95% do previsto no
maior uso na atualidade no nosso conti- dados foi realizada de setembro de 2011 nomograma; peso adequado, 95 a 109%;
nente, o objetivo do presente estudo foi a abril de 2012. sobrepeso, 110 a 119%; e obesidade,
comparar a classificação nutricional de A população alvo incluiu mulheres em ≥ 120%. Na 40ª semana, a classificação
gestantes obtida com esses métodos an- acompanhamento pré-natal de baixo ris- prevê como baixo um peso < 119,2% do
tropométricos. Além disso, partindo-se co, provenientes da região metropolitana nomograma, peso adequado de 119,2 a
do pressuposto de que a gestação fisioló- e da zona rural do estado de Pernambu- 129,7%, sobrepeso de 129,8 a 134,7% e
gica não deveria modificar a antropome- co. Na III Pesquisa Estadual de Saúde e obesidade > 134,7% do previsto no
tria a ponto de alterar a classificação Nutrição (III PESN 2006) (26), a média de nomograma.
nutricional pré-gestacional da mulher, idade da população de mulheres não A classificação pelo método de
realizamos uma comparação entre a clas- gestantes adultas jovens (19 a 35 anos) de Mardones et al. (18) aplica o IMC por
sificação nutricional obtida para as ges- Pernambuco foi de 27 anos, sendo que semana gestacional em um nomograma
tantes com cada método e a classificação 75% tinham até 9 anos de escolaridade, que inicia na 10ª semana gestacional (bai-
nutricional de jovens brasileiras não 55% possuíam renda per capita abaixo de xo peso, < 21,1 kg/m2; peso adequado,
gestantes. um quarto de salário mínimo, 30% eram 21,1 a 24,4 kg/m2; sobrepeso 24,5 a 26,7
primíparas e 54% apresentavam IMC kg/m2; e obesidade ≥ 26,7 kg/m2) e ter-
MATERIAIS E MÉTODOS adequado. mina na 40ª semana (baixo peso, < 26,5
A amostra final do estudo primário foi kg/m2; peso adequado, 26,5 a 28,9 kg/m2;
Trata-se de um estudo transversal que calculada com base no desenho transver- sobrepeso, 29,0 a 30,0 kg/m2; e obesida-
comparou a classificação nutricional de sal descritivo para detectar prevalências de, ≥ 30,0kg/m2).

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Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes Artigo original

O método de Atalah et al. (16) também videz, com suas variações para mais ou 95% (IC95%) com base na escala propos-
utiliza um nomograma, aplicando pon- para menos, deve refletir a condição pré- ta por Landis e Koch (31): concordância
tos de corte do IMC por semana gestacio- gestacional, que, por sua vez, deveria fraca (0,00 a 0,20), regular (0,21 a 0,40),
nal para classificar a mulher a partir da 6ª coincidir com a distribuição de frequên- moderada (0,41 a 0,60), boa (0,61 a 0,80) e
semana de gestação (baixo peso, < 19,9 cias esperada para mulheres brasileiras muito boa (0,81 a 1,00). Nas análises de
kg/m2; peso adequado, 20,0 a 24,9 kg/ não gestantes em idade adulta jovem. concordância do método do CLAP com
m2; sobrepeso, 25,0 a 30,0 kg/m2; e obesi- Assim, com base na convenção bioesta- os demais métodos, foram excluídas as
dade, ≥ 30,1 kg/m2) até a 42ª semana tística de normalidade, a classificação observações das mulheres com estatura
(baixo peso, < 25,0 kg/m2; peso adequa- nutricional conforme peso e estatura pré- fora do intervalo de 140 a 169 cm ou ida-
do, 25,1 a 29,2 kg/m2; sobrepeso, 29,3 a gestacionais da amostra (método do de gestacional abaixo de 13 ou acima de
33,2 kg/m2; e obesidade, ≥ 33,3kg/m2). IOM-2009) (19), assim como a classifica- 39 semanas, devido aos limites dos crité-
O método do CLAP (14) relaciona in- ção da população brasileira de não ges- rios do CLAP (14). Além disso, o sobre-
tervalos de peso com intervalos de esta- tantes, foram consideradas como os peso e a obesidade foram agrupados em
tura em cada semana gestacional desde a padrões de referência nas análises e in- uma única categoria (sobrepeso/obesi-
13ª até a 39ª semana, classificando a ges- terpretações. dade), já que esse método não distingue
tante de acordo com os seguintes percen- as duas situações.
tis: baixo peso < P10, peso adequado P10 Dados e análises Por fim, as frequências obtidas com a
a P90 e sobrepeso/obesidade > P90. classificação das gestantes utilizando-se
O método do IOM-2009 (19) propõe Um questionário pré-testado foi apli- cada um dos métodos foram comparadas
classificar o estado de nutrição antes da cado por entrevistadores treinados para com a classificação de não gestantes bra-
gestação com base no IMC pré-gestacio- coletar dados sobre características socio- sileiras da Pesquisa Nacional de Saúde
nal para então prescrever o ganho de peso demográficas (idade, anos de estudo, do IBGE/Ministério da Saúde de 2013
adequado semanal e total para cada cate- renda mensal per capita) e obstétricas (nú- (32). Os dados referentes a mulheres jo-
goria: baixo peso, peso adequado, sobre- mero de gestações anteriores, data da úl- vens não gestantes disponíveis no relató-
peso e obesidade. Para classificar o estado tima menstruação e número de consultas rio do IBGE estão agregados em um
nutricional pré-gestacional, o IOM-2009 de pré-natal) e medidas antropométricas intervalo de idade de 18 a 34 anos, apro-
utiliza o IMC calculado com peso e esta- (peso e estatura). A renda mensal per ca- ximando-se da faixa etária na nossa
tura informados ou aferidos no 1° trimes- pita foi calculada em salários mínimos. amostra de gestantes (19 a 35 anos). Cabe
tre de gestação e classifica as gestantes No período entre 2011 e 2012, o valor do observar que, em anos recentes, as dife-
em baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2), peso salário mínimo em reais (moeda brasilei- renças regionais dos padrões antropomé-
adequado (18,5 ≤ IMC ≤ 24,9 kg/m2), ra) era de R$ 622,00, ou US$ 342,69, de tricos de mulheres brasileiras em idade
sobrepeso (25,0 ≤ IMC ≤ 29,9 kg/m2) e acordo com o câmbio monetário no mes- reprodutiva foram significativamente
obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2). Assim, o mo período (US$ 1,00 = R$ 1,815) (29). reduzidas, evoluindo, de fato, para uma
método recomenda um ganho de peso A idade gestacional foi calculada utili- homogeneização em escala nacional (33).
total adequado de 12,5 kg a 18 kg para as zando a estimativa do exame ultrassono- Utilizamos o teste do qui-quadrado
gestantes classificadas como baixo peso; gráfico no 1° trimestre de gravidez, e, na (χ2) de bondade de ajuste com a finalida-
de 11,5 kg a 16,0 kg para as classificadas ausência desse exame, a data da última de de comparar a classificação nutricio-
como peso adequado; de 7,0 a 11,5 kg nas menstruação. Para aferição dos dados nal das gestantes (frequências amostrais)
classificadas com sobrepeso; e de 5,0 a antropométricos (peso e estatura das com a das não gestantes (probabilidades
9,0 kg nas obesas. gestantes), usou-se balança digital da esperadas) (32). Nesse teste, um valor de
No nosso estudo, a classificação das marca Plenna®, com leitura para 100 gra- P < 0,05 implica que, em nível de signifi-
gestantes pelos métodos Mardones e mas. A estatura foi medida em estadiô- cância de 5%, a distribuição amostral não
Rosso (17), Mardones et al. (18), CLAP metro (Alturaexata) com divisões em é compatível com a distribuição espera-
(14) e Atalah et al. (16) utilizou peso e es- centímetros e milímetros e leitura aproxi- da. Obtivemos como distribuição espera-
tatura aferidos, enquanto que a classifi- mada para valores inteiros ou fracioná- da na população de não gestantes as
cação pelo IOM-2009 (19) utilizou peso e rios (0 ou 0,5 cm). As gestantes foram frequências de 5,5% para baixo peso,
estatura informados. Essa conduta foi medidas e pesadas descalças, sem obje- 33,5% para peso adequado, 44,3% para
corroborada por uma análise de concor- tos nas mãos ou nos bolsos (30). Antes da sobrepeso e 16,7% para obesidade, se-
dância realizada na subamostra de 159 realização das medidas antropométricas, gundo a classificação do IMC pelo crité-
gestantes que estavam no 1o trimestre de as gestantes informavam seu peso e esta- rio da OMS (24).
gestação. Para essa subamostra havia re- tura antes de engravidarem. Como as classificações foram realizadas
gistros de peso e altura informados e afe- As análises estatísticas foram realiza- a posteriori em banco de dados, não foi pos-
ridos. Os coeficientes de correlação das com o programa Stata versão 12.1SE. sível tomar condutas quanto aos desvios
intraclasse foram iguais a 0,94 para o Em todos os testes foi adotado um nível nutricionais, nem tampouco identificar as
peso e 0,97 para estatura. Esses valores de significância de 0,05. Foram calcula- puérperas e comunicar-lhes os resultados.
indicaram uma concordância muito boa das as frequências absolutas e relativas O estudo foi aprovado pelo Comitê de Éti-
entre peso informado e peso aferido, da classificação antropométrica com ca em Pesquisa com Seres Humanos do
bem como entre estatura informada e cada método. As concordâncias entre pa- IMIP (n° CAAE: 13448413.6.0000.5201).
aferida. res de métodos de classificação gestacio- Todas as participantes assinaram um ter-
O presente estudo partiu do pressu- nal foram avaliadas pelo coeficiente mo de consentimento livre e esclarecido.
posto de que o estado nutricional na gra- kappa com intervalo de confiança de A confidencialidade e o anonimato foram

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Artigo original Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes

garantidos através do manuseio do banco e Rosso e Mardones et al., 1 070 no méto- dicaram que um quarto das mulheres te-
de dados em local sigiloso, exclusivamente do do IOM e 877 no método do CLAP. ria baixo peso e cerca de 50% teriam
pelos autores, sendo as participantes regis- Na tabela 2 observa-se que o maior co- sobrepeso/obesidade (tabela 3).
tradas com códigos únicos. eficiente de correlação kappa ocorreu Os percentuais das categorias nutricio-
para a comparação entre as duas versões nais obtidas com todos os métodos diferi-
RESULTADOS de Rosso e Mardones, atingindo concor- ram significativamente das frequências
dância muito boa (kappa > 0,80) tanto esperadas com base no IMC da população
A tabela 1 descreve as características para baixo peso como para sobrepeso/ de não gestantes (valor de P do teste do χ2
sociodemográficas, obstétricas e as medi- obesidade. Para os demais pares de com- de bondade de ajuste < 0,001). A f­igura 1
das antropométricas da população amos- parações, as concordâncias foram regula- ilustra visualmente essas diferenças, mais
tral de estudo, reunindo um mínimo de res ou moderadas (kappa ≤ 0,60) para o acentuadas para o baixo peso, cujas ra-
1 068 observações em relação à renda per diagnóstico de baixo peso e boas ou mui- zões de prevalências chegaram a variar de
capita e um máximo de 1 108 referentes to boas (kappa > 0,60) para o sobrepeso/ quase duas a cinco vezes em relação às
ao registro de idade, trimestre de gravi- obesidade. As frequências de baixo peso, classificações do CLAP (9,0 versus 5,5%),
dez e estatura das gestantes. Para as clas- peso adequado, sobrepeso e obesidade de Atalah (15,9% versus 5,5%), Mardones e
sificações nutricionais, foram incluídas diferiram entre os métodos de classifica- Rosso (23,2% versus 5,5%) e Mardones
1 108 gestantes no método de Atalah et al., ção, exceto entre as duas versões de et al. (25,2% versus 5,5%).
1 071 gestantes no método de Mardones Rosso e Mardones, sendo que ambas in-
DISCUSSÃO
TABELA 1. Características sociodemográficas e obstétricas e medidas antropométricas
Nas gestantes estudadas, os métodos
de gestantes atendidas em serviços de pré-natal no estado de Pernambuco, Brasil,
2011 e 2012 de classificação antropométrica, no geral,
concordaram entre si para o diagnóstico
Variável No. %
de sobrepeso/obesidade e discordaram
em relação ao baixo peso, particularmen-
Idade (anos) (n = 1 108)
te nas comparações do IMC pré-gestacio-
  19 a 24 525 47,4
nal (método do IOM-2009) (19) com os
  25 a 29 326 29,4
demais. As distribuições de frequências
  30 a 35 257 23,2
amostrais de baixo peso, peso adequado
Escolaridade (anos) (n = 1 098) e sobrepeso/obesidade obtidas com to-
  Até 9 anos 294 26,8 dos os métodos não foram compatíveis
  10 ou mais 804 73,2 com os resultados da população de refe-
Renda mensal per capita (salários (n = 1 068) rência de não gestantes. Os métodos
mínimos)a
baseados em peso-estatura gestacional
­
  < 0,25 196 18,4
geraram frequências de sobrepeso/obe-
  0,25 a 0,50 442 41,4
sidade inferiores à prevalência na popu-
  > 0,50 430 40,2 lação de referência, enquanto o baixo
Número de gestações (n = 1 107) peso apresentou ampla variação, com
 1 490 44,3 percentuais superiores à estimativa
  2 ou 3 522 47,1 nacional (34). O IMC pré-gestacional
­
  4 ou mais 95 8,6 (IOM-2009) resultou nas mais baixas fre-
Trimestre gestacional (n = 1 108) quências das duas alterações nutricio-
 Primeiro 159 14,4 nais, aproximando-se da prevalência na-
 Segundo 666 60,1 cional para baixo peso e afastando-se da
 Terceiro 283 25,5 prevalência nacional de sobrepeso/obe-
Consultas no pré-natal (n = 1 105) sidade (metade do esperado) (34).
  1a3 794 71,9 Parte dessas discordâncias pode ter
  4a5 248 22,4 sido originada nas diferenças meto­
  ≥6 63 5,7 dológicas entre os cinco modelos de
Classificação nutricional pré- (n = 1 070) ­classificação (35, 36). A esse respeito, a
gestacionalb metodologia de Rosso e Mardones, Mar-
  Baixo peso 90 8,4 dones et al. (17, 18) e Atalah et al. (16)
 Adequado 613 57,3 baseou-se em gestantes chilenas, a do
 Sobrepeso 254 23,7 CLAP baseou-se em gestantes uruguaias
 Obesidade 113 10,6 (14) e a classificação do IOM-2009 (19) foi
Estatura (cm) (n = 1 108) derivada de populações de países desen-
  < 150 56 5,0 volvidos. Com relação aos parâmetros, a
  150 a 160 577 52,1 classificação de Rosso e Mardones (17)
  ≥ 160 475 42,9 adota o percentual peso/estatura, en-
a 
Salário mínimo correspondente a US$ 342,70 no momento da entrada no estudo. quanto que a de Mardones et al. (18) e
b 
Índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional de acordo com o método do Institute of Medicine (IOM-2009) (19). a de Atalah et al. (16) utilizam o IMC,

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Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes Artigo original

TABELA 2. Análise de concordância (kappa) entre cinco classificações antropométricas para o diagnóstico do déficit nutricional
gestacionais aplicadas a gestantes atendidas em serviços de pré-natal, estado de e menos sensíveis para o sobrepeso/obe-
Pernambuco, Brasil, 2011 e 2012 sidade (19).
A falta de um padrão ouro para definir
No. de gestantes na Total Baixo peso Sobrepeso/obesidade excesso e déficit nutricionais na gestação
Classificaçãoa
análise kappa (IC95%)b kappa (IC95%)b kappa (IC95%)b dificulta a realização de estudos de acu-
IOM-2009 vs. 0,46 0,37 0,59 rácia diagnóstica dos instrumentos base-
1 070
Mardones e Rosso (0,42 a 0,49) (0,31 a 0,44) (0,55 a 0,64) ados na relação peso-estatura. Sendo
IOM-2009 vs. 1 070 0,46 0,35 0,62 assim, análises comparativas entre os
Mardones et al. (0,42 a 0,50) (0,28 a 0,41) (0,57 a 0,66) métodos existentes, como as apresenta-
IOM-2009 vs. Atalah 1 070 das neste estudo e em estudos prévios,
0,56 0,48 0,66
et al. (0,52 a 0,61) (0,40 a 0,55) (0,61 a 0,70) são úteis para verificar precisão e confia-
IOM-2009 vs. CLAP 877 bilidade. Um estudo conduzido no Nor-
0,55 0,44 0,52
(0,50 a 0,60) (0,34 a 0,54) (0,47 a 0,57)
deste do Brasil relatou frequências de
baixo peso distintas e acima da prevalên-
Atalah et al. vs. 1 071 0,55 0,77 0,82 cia nacional ao classificar gestantes com
Mardones e Rosso (0,51 a 0,58) (0,72 a 0,82) (0,79 a 0,86)
os métodos de Rosso (40%), de Atalah
Atalah et al. vs. 1 071 0,72 0,72 0,88
Mardones et al.
et al. (18%) e do CLAP (20%) (23), em con-
(0,68 a 0,76) (0,67 a 0,77) (0,85 a 0,90)
formidade com nossos resultados. Outro
Atalah vs. CLAP 877 0,72 0,68 0,81 estudo relatou que o IMC pré-gravídico
(0,69 a 0,77) (0,60 a 0,75) (0,77 a 0,85) pelo método do IOM superestimou o so-
Mardones e Rosso 1 071 0,89 0,93 0,94 brepeso em gestantes adolescentes do
vs. Mardones et al. (0,86 a 0,92) (0,90 a 0,96) (0,92 a 0,96) Sudeste do Brasil (37) em comparação
Mardones e Rosso 877 0,58 0,49 0,94 com o critério dos Centers for Disease Con-
vs. CLAP (0,54 a 0,62) (0,42 a 0,56) (0,92 a 0,96) trol and Prevention 2000 (38). Alguns auto-
Mardones et al. vs. 0,60 0,45 0,92 res têm avaliado a acurácia desses
877
CLAP (0,63 a 0,71) (0,38 a 0,52) (0,90 a 0,94) instrumentos para predizer o baixo peso
a
 IOM-2009: Institute of Medicine 2009 (19); CLAP: Centro Latino Americano de Perinatologia (14); Atalah et al. (16); ao nascer (21, 22, 39). Kac et al. (39) obser-
Mardones e Rosso (17); Mardones et al. (18). varam baixo poder discriminatório da
b
 Valor P para o teste kappa de concordância: < 0.001 para todos os testes. Concordância conforme escala proposta por classificação de Atalah et al. (área sob a
Landis e Koch (31): fraca (0,00 a 0,20), regular (0,21 a 0,40), moderada (0,41 a 0,60), boa (0,61 a 0,80) e muito boa
(0,81 a 1,00).
curva ROC < 0,7) (16), enquanto Barros
et al. (21) e Padilha et al. (22) encontra-
ram sensibilidade e especificidade em
TABELA 3. Classificação antropométrica de gestantes a partir de cinco métodos torno de 70% pelo método do IOM.
comparada com classificação de brasileiras jovens, não gestantes, de acordo com o Com base no pressuposto de que o qua-
índice de massa corporal pelo critério da Organização Mundial da Saúde, Pernambuco, dro epidemiológico antropométrico de
Brasil, 2011 e 2012 não gestantes deveria refletir-se nas esti-
mativas gestacionais de uma mesma po-
Método de classificação antropométrica de gestantesa
pulação, a classificação do IOM-2009
Categoria de Mardones e
Não IOM-2009 CLAP Atalah et al. Mardones et al. (IMC pré-gestacional) pareceu mais apro-
peso Rosso
gestantesb No. = 1 070 No. = 877 No. = 1 108 No. = 1 071 priada para detectar o baixo peso gesta-
No. = 1 071
cional em nossa realidade, enquanto os
Baixo peso 5,5 8,4 9,0 15,9 23,2 25,2
métodos baseados em peso-estatura ges-
Adequado 33,5 57,1 39,9 42,1 27,3 27,8
tacionais foram mais adequados para
Sobrepeso/ 61,0 34,3 51,1 42,0 49,6 47,0
classificar o excesso de peso, já que con-
obesidade
P c < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001
cordaram entre si e apresentaram estima-
tivas próximas à esperada. Por sua vez, os
a
 IOM-2009: Institute of Medicine 2009 (19); CLAP: Centro Latino Americano de Perinatologia (14); Atalah et al. (16);
Mardones e Rosso (17); Mardones et al. (18). altos percentuais de baixo peso encontra-
b
 Não gestantes classificadas de acordo com o índice de massa corporal pelo critério da Organização Mundial da Saúde dos com os métodos de Rosso e Mardones
(24). Pontos de corte: baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2), peso adequado (18,5 ≤ IMC ≤ 24,9 kg/m2), sobrepeso (25,0 ≤ IMC (17), Mardones et al. (18) e de Atalah et al.
≤ 29,9 kg/m2) e obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2). (16) indicam baixa precisão e pouca con-
c
 Teste do qui-quadrado de bondade de ajuste para a comparação entre frequências observadas e frequência esperada
conforme Pesquisa Nacional de Saúde (32).
fiabilidade para detectar déficit ponderal.
Nesse contexto, é importante observar o
fenômeno da transição nutricional que
­ orém com pontos de corte distintos.
p vez, os pontos de corte desses dois méto- vem ocorrendo tanto nos países desenvol-
Como exemplo, na 10ª semana de gesta- dos para baixo peso e sobrepeso/obesi- vidos quanto nos países em desenvolvi-
ção, casos fora da faixa de peso adequa- dade durante a gravidez situam-se acima mento. Dentre esses, o Brasil foi marcado,
do (IMC de 21,1 a 24,4 kg/m2) por dos pontos de corte da OMS (IMC baixo nos últimos 40 anos, pela redução do bai-
Mardones et al. (18) estariam na faixa peso < 18,5 kg/m2; sobrepeso/obesidade xo peso feminino, que atingiu prevalên-
adequada (IMC de 20,3 a 25,2 kg/m2) de > 24,9 kg/m2) (24), o que os torna mais cias consideradas aceitáveis (< 5%), e pela
acordo com Atalah et al. (16). Por sua sensíveis do que o método do IOM-2009 duplicação da prevalência de excesso de

Rev Panam Salud Publica 41, 2017 5


Artigo original Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes

FIGURA 1. Frequência de baixo peso e sobrepeso/obesidade em não gestantes comparações das distribuições de fre-
e  em gestantes classificadas de acordo com cinco métodos de avaliação quências. Devido à inexistência de in-
­antropométrica, Brasil, 2011 e 2012a quéritos locais e regionais recentes,
70 tivemos como única opção utilizar dados
Não gestantes nacionais.
61,0
Gestantes Em suma, nossas análises sugerem
60
% esperada que o método do IOM-2009 deixou de
51,1 49,6
50 47,0 detectar uma parcela de casos de exces-
so de peso gestacional e que os métodos
42,0
de Rosso e Mardones, Mardones et al.,
Porcentagem

40
34,3 Atalah et al. e CLAP classificaram parte
30 das gestantes normais como de baixo
25,2
23,2 peso. É fundamental que sejam desen-
20 15,9
volvidos critérios antropométricos espe-
cíficos para cada população, e também
8,4 9,0 que sejam validados para o diagnóstico
10 5,5
nutricional de gestantes. Para tal, reco-
0 mendamos que os inquéritos de saúde e
nutrição nas diferentes regiões do mun-
al.

so

al.

l.
al.
3)
3)

9)
9)

AP

AP

ss

ta
os

01
01

00
00

do passem a incluir amostras represen-


et

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et
CL

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Ro

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eR

(2
(2

(2
(2

ah

es

es

ala
e
on

on
S

M
al
M

es

es
tativas de gestantes e que a iniciativa
PN
PN

At

At
IO
IO

ard

ard
on

on
ard

ard

M
pública e privada fomente pesquisas
M

M
Classificação do estado nutricional sobre novos métodos de diagnóstico
­
­nutricional.
Baixo peso Sobrepeso ou obesidade
a
PNS: Pesquisa Nacional de Saúde (32); IOM: Institute of Medicine (19); CLAP: Centro Latino Americano de Agradecimentos. Os autores agrade-
Perinatologia (14); Atalah et al. (16); Mardones e Rosso (17); Mardones et al. (18). Método do IOM-2009
baseado no índice de massa corporal pré-gestacional. CLAP relaciona intervalos de peso com intervalos de
cem ao Conselho Nacional de Desenvol-
estatura em cada semana gestacional. Método de Mardones e Rosso baseia-se no percentual do peso padro- vimento Científico e Tecnológico (CNPq)
nizado (= peso observado × 100/peso esperado para altura). Mardones et al. e Atalah et al. baseados no índice pelo apoio financeiro ao inquérito intitu-
de massa corporal por idade gestacional.
lado “Estado nutricional de gestantes: as-
pectos metodológicos, epidemiológicos e
implicações na assistência pré-natal” (n°
peso (40–44), havendo indícios de aumen- As mulheres tendem a subestimar o seu de aprovação 475868/08, em nome de
to também entre gestantes (5, 45). Além peso real (19), o que poderia explicar MBF), que resultou no banco de dados
das limitações específicas de cada instru- a reduzida frequência de sobrepeso/­ analisado neste artigo. O CNPq não inter-
mento, um problema comum a todos é a obesidade entre as participantes com o feriu no desenho do estudo, na coleta e
ausência de informações sobre a composi- método do IOM-2009. Todavia, a análise análise dos dados, na decisão de publicar
ção corporal (46); consequentemente, ne- de correlação dos valores informados ou na preparação do manuscrito.
nhuma das classificações traduz o balanço com os aferidos para peso e estatura nas
entre os ganhos de massa magra e gorda gestantes de 1º trimestre resultou em Conflitos de interesse. Nada declara-
durante a gestação. ­altos coeficientes, o que sugere confiabi- do pelos autores.
Limitações do presente estudo tam- lidade interna desses dados. Quanto à
bém podem estar implicadas nas validade externa, a estimativa do baixo Declaração de responsabilidade. A
divergências comparativas encontradas. peso pelo método do IOM-2009 pode responsabilidade pelas opiniões expres-
Particularmente, nos casos de resultados ser corroborada pelo percentual igual- sas neste manuscrito é estritamente dos
relacionados com o IMC pré-gestacional mente baixo de baixa estatura amostral. autores e não reflete necessariamente as
(35), o peso e a estatura autorreferidos po- Outro ponto importante relaciona-se à opiniões ou políticas da RPSP/PAJPH
dem ter sido fonte de viés de informação. população adotada como ­referência nas nem da OPAS.

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ABSTRACT Objective.  To determine the agreement between five anthropometric methods used
for nutritional assessment in pregnancy and to compare the distribution of nutritional
status obtained with each method to that of the population of non-pregnant young
women in Brazil.
Method.  This is a cross-sectional study with data from 1 108 pregnant women aged
Anthropometric assessment 19 to 35 years who received prenatal care from September 2011 to April 2012 in health
services in the state of Pernambuco, Brazil. Nutritional status (underweight, appro-
of nutritional status in priate weight, overweight/obesity) was determined using the criteria of Mardones
pregnancy: comparison of and Rosso, Mardones et al., Atalah et al., Centro Latino Americano de Perinatologia
five diagnostic methods (CLAP), and the Institute of Medicine (IOM-2009). Kappa agreement was estimated
for the pairs of methods, and the chi-square goodness of fit test was performed to
used in Latin America compare the frequency distribution of each nutritional category in each of the methods
in comparison to the distribution in non-pregnant women classified according to body
mass index (BMI, WHO cut-off points).
Results.  Agreement between the methods was observed for overweight/obesity
(kappa > 0.60), but not for underweight (kappa ≤ 0.60), particularly in the comparison
of IOM-2009 (which relies on prepregnancy BMI) with other methods. The frequency
distributions obtained with the five methods showed lower percentages of overwei-
ght/obesity and higher percentages of underweight as compared to the reference
population of non-pregnant women (P < 0.001),
Conclusion.  The disparities observed in the present study may have resulted from
the heterogeneity among the methods. This suggests that additional surveys are
needed to establish population-specific anthropometric standards.

Keywords Anthropometry; diagnosis; pregnancy; body mass index; overweight; Latin America.

8 Rev Panam Salud Publica 41, 2017


Silva et al. • Métodos de classificação antropométrica de gestantes Artigo original

RESUMEN Objetivo.  Verificar si hay concordancia entre cinco métodos antropométricos de


­clasificación nutricional de las embarazadas y comparar las clasificaciones obtenidas
con la clasificación nutricional de la población brasileña de mujeres jóvenes no
embarazadas.
Método.  Estudio transversal con datos de 1 108 embarazadas de 19 a 35 años atendi-
Clasificación antropométrica das desde septiembre del 2011 hasta abril del 2012 en servicios de atención prenatal en
el estado de Pernambuco (Brasil). La clasificación nutricional (peso bajo, peso adecu-
de las embarazadas: ado y sobrepeso u obesidad) se realizó de acuerdo con los criterios de Mardones y
comparación de cinco Rosso, de Mardones et al., de Atalah et al., del Centro Latinoamericano de Perinatología
métodos de diagnóstico (CLAP) y del Instituto de Medicina del 2009 (IOM-2009). Se estimaron los coeficientes
kappa de concordancia para los pares de métodos y la prueba del ji-cuadrado de la
utilizados en América Latina bondad del ajuste para comparar la distribución de frecuencias de cada categoría
nutricional obtenida con cada método con la distribución en las mujeres que no están
embarazadas clasificadas según el índice de masa corporal (IMC, puntos de corte de
la OMS).
Resultados.  Los métodos concordaron en lo que respecta al diagnóstico de sobre-
peso y obesidad (kappa 0,60) y no concordaron en relación con el peso bajo (kappa
≤ 0,60), particularmente cuando se compararon las clasificaciones basadas en los crite-
rios de la IOM-2009 (que utiliza el IMC pregestacional) con los demás. Las distribucio-
nes de frecuencias muestrales obtenidas con los cinco métodos difirieron de la pobla-
ción de referencia de mujeres no embarazadas (P < 0,001), observándose porcentajes
de sobrepeso y obesidad inferiores a la prevalencia nacional y porcentajes de peso bajo
superiores a la prevalencia nacional.
Conclusión.  Las disparidades observadas pueden atribuirse a la heterogeneidad
de los métodos. Se justifica la realización de investigaciones para definir patrones
antropométricos específicos para determinadas poblaciones.

Palabras clave Antropometría; diagnóstico; embarazo; índice de masa corporal; sobrepeso; América
Latina.

Rev Panam Salud Publica 41, 2017 9

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