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Belo Horizonte
2017
LUCIO FLAVIO DE PAULA
BELO HORIZONTE
2017
AGRADECIMENTOS
VI
ABSTRACT
The metropolitan regions in Brazil have been a territory of conflicts in several sectors
of society. Urban public transport, as one of the most important public functions of
common interest in metropolitan areas, has been a subject much debated due to the
juxtaposition or overlap of different jurisdictions about the service. The fragmentation
in the public management of an activity involving different municipalities has often
limited the feasibility of policies that will make the public transport system more
efficient for and more attractive to users. In this line, even though it is one of the
smallest, the Vale do Aço Metropolitan Region already presents serious problems
related to the lack of integration of transport networks and even competitions
between the systems managed individually by the municipalities and the state.
Brazilian federation entities now have the Public Consortium instrument, based on
Federal Law No. 11,107 of 2005, as an alternative for cooperation among members
of the federation, although this is a very little used resource in the transport sector.
So, this paper explores the complications in the Vale do Aço and proposes the
management model by Public Consortium as a means to improve the public
transportation service in this Metropolitan Region. Taking the transportation system
of other Brazilian cities and metropolitan regions as a model, and also illustrating the
interactions between the municipalities of the Vale do Aço Metropolitan Region, this
study points out the possible advantages - such as the integration and rationalization
of the network, as well as economies of scale - when by means of a Public Transport
Consortium among the federated entities that compose this arrangement. The paper
concludes that the formation of a Public Transport Consortium is complex, but that,
nevertheless, is an option to be considered as a solution to the issues related to
public transportation in Vale do Aço.
VII
LISTA DE FIGURAS
VIII
LISTA DE TABELAS E QUADRO
IX
LISTA DE ABREVIATURAS
CF Constituição Federal
X
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
EC Emenda Constitucional
LC Lei Complementar
LF Lei Federal
LP Lei Provincial
XI
OD Origem e destino
PP Partido Progressista
RM Região Metropolitana
XII
SUMÁRIO
1 Introdução........................................................................................................... 1
1.1 Por que Consórcio Público como modelo? .................................................... 2
1.2 Por que a Região Metropolitana do Vale do Aço? ......................................... 5
1.3 Objetivos ........................................................................................................ 6
1.4 Metodologia .................................................................................................... 7
1.5 Estrutura do trabalho ...................................................................................... 9
2 O cenário metropolitano no Brasil.................................................................. 11
2.1 Conceituação de nomenclaturas usadas no Brasil ...................................... 12
2.2 Criação das primeiras regiões metropolitanas e o governo centralizador .... 13
2.3 Os impactos da Constituição de 88 sobre as regiões metropolitanas .......... 16
2.4 Estatuto da Cidade, Estatuto da Metrópole e Lei da Mobilidade .................. 19
2.5 Legislação metropolitana no estado de Minas Gerais .................................. 22
3 O Consórcio Público ........................................................................................ 25
3.1 Legislação e suas motivações ..................................................................... 25
3.2 Os diferentes contratos exigidos pela Lei..................................................... 28
3.3 Aplicabilidades setoriais do consórcio Público ............................................. 33
3.4 O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano ........................... 35
4 Políticas em transportes adotadas em municípios do porte da RMVA ....... 51
4.1 Uberlândia .................................................................................................... 53
4.2 Juiz de Fora ................................................................................................. 55
4.3 Montes Claros .............................................................................................. 58
4.4 Comparação................................................................................................. 59
5 A Região Metropolitana do Vale do Aço ........................................................ 61
5.1 Origens......................................................................................................... 63
5.2 A Primeira República e a Ferrovia Vitória – Minas ....................................... 64
5.3 As indústrias siderúrgicas e a emancipação dos principais municípios ....... 65
5.4 Definição do Aglomerado Urbano do Vale do Aço ....................................... 67
5.5 A criação e estruturação da Região Metropolitana do Vale do Aço ............. 68
5.6 A Agência de Desenvolvimento da RMVA e o PDDI .................................... 76
6 O transporte público na RMVA ....................................................................... 83
6.1 Os sistemas municipais de transporte.......................................................... 83
XIII
6.2 Cálculo da tarifa e isenções tributárias nas linhas intermunicipais ............... 85
6.3 Dificuldades na adequação à Lei 8.987/1995 no sistema intermunicipal ..... 89
6.4 Disposição atual das linhas intermunicipais ................................................. 91
6.5 As limitações decorrentes da fragmentação ... Erro! Indicador não definido.
7 Desejos de deslocamentos entre os municípios .......................................... 99
7.1 Relevância dos dados sobre local de trabalho e estudo .............................. 99
7.2 Os deslocamentos entre os municípios segundo Censo 2010 ................... 101
7.3 Peso dos deslocamentos intermunicipais sobre os intramunicipais ........... 110
8 Consórcio Público na gestão do transporte na RMVA ............................... 117
8.1 Em quais municípios vale discutir sobre um consórcio público .................. 117
8.2 Integração, Racionalização e Economias de escala .................................. 120
8.3 Conclusões ................................................................................................ 122
8.4 Considerações finais .................................................................................. 125
Referências bibliográficas .................................................................................... 127
Apêndice ................................................................................................................ 133
Pessoas que saem dos quatro municípios da RMVA .......................................... 133
Por motivo de Trabalho .................................................................................... 133
Por motivo de Estudo ....................................................................................... 135
Por motivo de Trabalho e/ou Estudo ................................................................ 136
Pessoas que entram nos quatro municípios da RMVA ........................................ 140
Por motivo de Trabalho .................................................................................... 140
Por motivo de Estudo ....................................................................................... 144
Por motivo de Trabalho e/ou Estudo ................................................................ 147
Anexo: Nota da SETOP ......................................................................................... 153
XIV
1 Introdução
1
1.1 Por que Consórcio Público como modelo?
Foi tido como base inicial deste trabalho o livro “Território metropolitano,
políticas municipais: por soluções conjuntas de problemas urbanos no âmbito
metropolitano” (IPEA, 2013) e ainda o texto para discussão denominado “A
Governava Metropolitana da Mobilidade: Uma Análise a Partir dos Estados” (IPEA:
LIMA NETO & ORRICO FILHO, 2015). No livro de 2013, o IPEA apresenta as
complexidades que envolvem a questão metropolitana no Brasil, em todos os
aspectos, sendo que os autores convergem para o Consórcio Público como
alternativa para solução de muitas questões. Na publicação de 2015, os autores do
IPEA fazem uma avaliação comparativa sobre os sistemas de transporte público de
14 Regiões Metropolitanas brasileiras, com base em relatórios enviados pelos
estados. Tal análise abordou aspectos relativos à existência ou não de integração
tarifária, modo de organização e gestão dos sistemas, se o serviço estava de acordo
com a Lei das Concessões, e, frequentemente, remetendo ao modelo de um
Consórcio Público de transportes como um tipo de parâmetro.
Com base nestas publicações do IPEA, foram separados três principais
exemplos de arranjo institucional de planejamento e gestão do serviço de transporte
público de maneira centralizada nas Regiões Metropolitanas: a Urbanização de
Curitiba S/A (URBS), na RM de Curitiba; a Câmara Deliberativa de Transportes
Coletivos (CDTC), em Goiânia; e o Grande Recife – Consórcio de Transporte
Metropolitano (CTM), em Recife1.
O primeiro exemplo, a URBS, em Curitiba, consiste numa empresa de
economia mista, hoje com 99,9% das ações pertencentes à Prefeitura Municipal de
Curitiba. A URBS é responsável pela chamada Rede Integrada de Transportes (RIT)
em Curitiba, que passou a abranger também municípios da Região Metropolitana a
partir de 1996. Naquele ano, a integração com a RM se deu através de um convênio
que o estado do Paraná celebrou com a URBS “passando a esta a administração
operacional do sistema e a integração física e tarifária” (IPEA: LIMA NETO e
ORRICO FILHO, 2015). Durante a vigência deste primeiro convênio, a o estado do
Paraná possuía participação acionária na URBS, mas não mais a partir de 2012,
1 Além de Curitiba, Goiânia e Recife os autores do IPEA: Lima Neto e Orrico Filho (2015) abordam
outros exemplos de regiões metropolitanas aonde há algum tipo de centralização da gestão do
transporte público, porém são organizações pouco consistentes, havendo até a situação em que o
estado exerce a função que é própria do município sem nenhuma anuência formal deste.
2
quando o estado reouve a administração e planejamento do sistema metropolitano.
Desde então o estado mantém apenas algumas linhas troncais metropolitanas
integradas à RIT por meio de novo convênio com a URBS, que por sua vez oferece
auxílio técnico ao estado.
Então, no exemplo paranaense, por 16 anos o transporte metropolitano em na
Grande Curitiba esteve em poder de um organismo municipal e ainda hoje o
município de Curitiba participa de alguma forma no gerenciamento do serviço
metropolitano, sem nenhuma participação dos demais municípios que compõem a
RM.
Esse modelo que foi usado na RM de Curitiba, em que a cooperação se dá por
simplesmente por convênios, foi descartado considerando sua relativa fragilidade, já
que podem ser encerrados por qualquer decisão política. Assim aconteceu quando o
convênio que permitia a URBS gerir as linhas metropolitanas, fora do município de
Curitiba, foi substituído por outro que se limita à integração. De qualquer forma, um
município exercendo funções próprias de outros entes federados, sem nenhuma
base legal própria, é algo que pode ser contestado juridicamente.
Já no exemplo da Região Metropolitana de Goiânia, a CDTC é uma câmara
deliberativa, integrada ao o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana
de Goiânia. Além de representantes do estado de Goiás, A CDTC possui
representações dos municípios, com maior peso ao município de Goiânia que hoje
tem maior número de representantes.
À CDTC está subordinada a Companhia Metropolitana de Transportes
Coletivos (CMTC), empresa pública criada por lei estadual, mas sendo o município
de Goiânia o ente majoritário2.A CMTC consiste em membro executivo da CDTC,
que “exerce a missão de entidade gestora pública da Rede Metropolitana de
Transportes Coletivos (RMTC), cabendo-lhe, dentre outras atribuições, o
gerenciamento, o controle e a fiscalização tanto da operação como da infraestrutura
do serviço” (RMTC, 2017). Mas, ainda que o município de Goiânia exerça algum tipo
2A redação do artigo 9º da Lei Complementar Estadual (Goiás) nº 27, de 30 de dezembro de 1999 diz
que: "Fica instituída a entidade gestora da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, com a
denominação social de Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos - CMTC, sob a forma de
empresa pública regida pela lei federal das sociedades por ações, a qual será protocolarmente
constituída pelo Estado de Goiás e pelos municípios, para ser por estes provida e administrada
majoritariamente, sob a liderança do Município de Goiânia, assegurada a participação do Estado de
Goiás, desde já autorizada, até o limite de 25% (vinte e cinco por cento) do seu capital social. § 1°. A
Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) subordina-se à Câmara Deliberativa de
Transportes Coletivos..."
3
de tutela sobre os demais, os autores consideram que a gestão do transporte
público é estruturada pela “forte posição do governo do estado” (LIMA NETO e
ORRICO FILHO, 2015).
O modelo usado na RM de Goiânia também foi descartado por este estar
baseado especificamente no arcabouço legal daquele estado. Com isso, este caso
não se aplicaria no estado de Minas Gerais, a não ser que fosse criada uma lei
complementar à Constituição Estadual que contemplasse tal prerrogativa. Além
disso, também foi descartado o exemplo goiano pois, embora haja espaço para
representantes dos municípios metropolitanos, esse tipo de artifício usado na RM de
Goiânia pode ser polêmico, já que por força de lei estadual os municípios
metropolitanos são obrigados a fazerem parte da RMTC e apenas exercerem sua
autonomia sobre o serviço de transporte quando na CDTC3. Neste caso, a
autonomia conferida aos municípios na Constituição de Federal de 1988 pode estar
sendo desmantelada.
Por seu turno, no terceiro exemplo, o caso do CTM na Região Metropolitana do
Recife consiste em um consorcio público interfederativo, composto pelo estado de
Pernambuco, município de Recife e pelo município de Olinda. Este Consórcio,
liderado pelo governo de Pernambuco, constitui uma empresa pública
multifederativa, cuja adesão dos entes se deu de forma voluntária, mas
condicionada ao cumprimento de adequações necessárias, definidas no início das
negociações.
O modelo de gestão do transporte na Grande Recife é amparado pela Lei
Federal nº 11.107, de 6 de abril de 2005, a Lei dos Consórcios Públicos, e pelo
Decreto da Presidência da República nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. A formação
do consórcio na Região Metropolitana de Recife aconteceu ao longo do ano 2007,
após a ratificação por lei nas casas legislativas de cada um dos três membros que o
compõe. Assim, o CTM possui representações de todos os entes que o constitui,
1.3 Objetivos
1.4 Metodologia
Fonte: O autor.
8
1.5 Estrutura do trabalho
9
10
2 O cenário metropolitano no Brasil
11
2.1 Conceituação de nomenclaturas usadas no Brasil
4 A Lei Complementar Federal nº 14, de 1973, criou as regiões metropolitanas de Belém, Belo
Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo; Enquanto a Lei
Complementar Federal nº 20, de 1974, criou a região metropolitana do Rio de Janeiro, após a fusão
dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro.
5 O GEIPOT - Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes - existia desde 1965, criado
pelo decreto nº 57.003, de 11 de outubro de daquele ano; Em 1073, a Lei Federal nº 5.908, de 20 de
Agosto transforma o ‘Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes’ em ‘Empresa
Brasileira de Planejamento de Transportes’, mantendo a mesma sigla - GEIPOT - e passando a
atribuir ao órgão responsabilidades tipicamente urbanas, tais como elaboração de ‘Planos diretores
de transporte urbano’ e de ‘Planos diretores de trânsito e tráfego’.
14
de Transporte6; Em 1976, é criada a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos
(EBTU) para gerir o FDTU, além de planejar e executar políticas de transportes em
todo o país7.
Em âmbito local, ainda no setor de transportes urbanos, foram criadas, ou pelo
menos tentou-se implementar, as Empresas Metropolitanas de Transportes Urbanos
– EMTUs. Best (2011) pontua que o propósito das EMTUs era “constituir braços
metropolitanos da EBTU para implementar a Política Nacional de Transportes,
recebendo apoio financeiro do Governo Federal e apoio técnico tanto da EBTU
quanto do GEIPOT”.
As EMTUs e organizações similares foram criadas aparadas pela própria Lei
Complementar nº 14/1973, que criou as primeiras RMs. O parágrafo único do artigo
3º da referida lei rezava que a “unificação da execução dos serviços comuns” se
daria através da “concessão do serviço à entidade estadual, que pela constituição de
empresa de âmbito metropolitano, quer mediante outros processos que, através de
convênio, venham a ser estabelecidos.” Com esta prerrogativa, Ramalho (2009)
ressalta que “os estados estruturaram o funcionamento das Regiões Metropolitanas,
inclusive muitas vezes obtendo a concessão municipal de serviços de maneira
informal”.
A forma autoritária em que esses organismos estaduais eram instituídos nas
RMs, à revelia dos municípios, geravam conflitos de competências comprometendo
muitas vezes a viabilização de tais instrumentos. Best (2011) destaca que a
implantação das EMTUs não foi muito bem sucedida em função de entraves como o
“modelo verticalizado e centralizador imposto sobre os municípios, desconsiderando
sua autonomia e especificidades”.
Apesar dos conflitos, algumas regiões metropolitanas conseguiram instituir
estes organismos locais de atuação sobre os transportes de forma mais efetiva, por
um significativo período de tempo. É o caso de Belo Horizonte, com a METROBEL,
que funcionou entre os anos 1980 e 878; de Recife, com a EMTU-Recife entre os
anos de 1979 até 20089; de São Paulo com a EMTU-São Paulo, criada em 1977,
6 O SNTU e o FDTU foram criados pela Lei Federal nº 6.261, de 14 de Novembro de 1975.
7 Embora a criação sua criação já tivesse sido autorizada em 1975, juntamente com a criação do
SNTU, a EBTU foi efetivamente criada através do Decreto Federal nº 77.406, de 12 de Abril de 1976.
8 A criação da METROBEL foi autorizada pela Lei Estadual nº 7.275, de 28 de junho de 1978, com
seu estatuto social vindo a ser aprovado pelo Decreto Estadual nº 20.456, de 27 de março de 1980.
9 A EMTU-Recife foi criada pela Lei Estadual nº 7.832, de 06 de abril de 1979.
15
que permanece em atividade até a atualidade10. Nestes exemplos citados, o governo
estadual é o ente federado responsável majoritariamente por estas entidades
metropolitanas de transportes.
10 A EMTU-São Paulo foi criada pela Lei Estadual nº 1.492, de 13 de dezembro de 1977, mas foi
incorporada pela por outro órgão metropolitano em 1980. A EMTU-São Paulo foi reconstituída pelo
Decreto Estadual nº 27.411 de 24 de agosto de 1987, ficando responsável, até a atualidade, pelo
sistema de transporte intermunicipal de passageiros na Região Metropolitana de SP.
16
local. Em seu artigo 30º, a Constituição atribui competências específicas dos
municípios, dentre as quais:
“I - legislar sobre assuntos de interesse local; [...] V - organizar e prestar,
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;”
Dado o peso da autonomia municipal, amparada pelo Texto Constitucional, as
políticas metropolitanas desenvolvidas no período militar ficaram comprometidas.
Uma vez que os municípios receberam a competência por tratar de assuntos de
interesse local, incluindo a autonomia para prestar diretamente ou conceder os
serviços públicos de interesse local, as agências metropolitanas, dentre as quais
estão os órgãos que cuidavam dos sistemas de transportes e trânsito, não mais
possuíam respaldo jurídico e os municípios não eram obrigados a aceitar a
penetração de tais órgãos metropolitanos nos serviços municipais (GOUVÊA, 2005).
Com isso, para Klink (2013), “no debate sobre a governança, a região metropolitana
ficou ‘órfã’ no pacto federativo brasileiro. ”
Nesta mudança de cenário, especificamente no setor de transportes e trânsito,
alguns municípios reclamaram seu direito pela organização e concessão do serviço
de transporte urbano e trânsito, a exemplo do município de Belo Horizonte, que criou
uma empresa pública municipal - a BHTRANS - e assumiu todas as linhas
municipais, antes geridas pela METROBEL e depois pela TRANSMETRO11. Já
alguns outros municípios metropolitanos mantiveram uma organização metropolitana
central na gestão dos transportes, como, por exemplo, o município de Recife, que
manteve a EMTU ativa até o ano 2008 e até hoje mentem um consórcio público
interfederativo no controle do sistema de transporte da região metropolitana12.
Não obstante o enfraquecimento dos órgãos metropolitanos e seguindo os
ideais da descentralização de poder, a Constituição de 88 ainda transferiu da União
para os Estados a competência de criar ou mesmo alterar as regiões metropolitanas.
O parágrafo 3º do Artigo 25º da Carta Magna diz que:
11 A ‘Autarquia Transportes Metropolitanos’ - TRANSMETRO - foi criada pela Lei Estadual nº 9.527,
de 29 de dezembro de 1987, em substituição à METROBEL que funcionava desde 1980. Por sua vez,
a TRANSMETRO foi extinta pela Lei Estadual nº 11.403, de 21 de janeiro de 1994, após já ter
transferido a gestão do trânsito e das linhas urbanas municipais para a empresa municipal de Belo
Horizonte, BHTRANS.
12 Além de Recife, LIMA NETO e ORRICO FILHO (2015) destacam outras metrópoles como Grande
Vitória, Grande Belém, Grande Curitiba e Grande Goiânia que até então possuíam ou ainda possuem
algum organismo de corte supra municipal centralizando o controle do sistema de transportes em
municípios metropolitanos.
17
“Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de
municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução
de funções públicas de interesse comum” (BRASIL, 1988).
A Carta de 88 não especificou quais seriam as “funções públicas de interesse
comum”, ficando a cargo de cada estado a definição de o que e quais seriam estas.
Assim, autores têm criticado a atribuição dada aos estados na instituição das regiões
metropolitanas, sem critérios que garantam uma uniformidade na caracterização das
metrópoles enquanto espacialidade urbana. Castello Branco et al. (2013) avaliam
que cada estado tem adotado parâmetros próprios para a instituição de suas RMs,
com diversidade de critérios e até mesmo nomenclaturas diferentes. “Como
consequência, tem-se um conjunto de RMs extremamente heterogêneas.”
(CASTELLO BRANCO et al., 2013)
Aliás, a criação e delimitação das RMs não têm sido baseadas em critérios
técnicos, embora tais parâmetros existam. Com base nos estudos do IBGE, que
subsidiaram a criação das primeiras RMs no Brasil, Firkowski (2013: p 33) analisa
que “o divórcio entre a questão metropolitana e a criação das regiões metropolitanas
não se deu por falta de norteadores técnicos e teóricos, mas sim, em algum
momento, entre a proposição técnica e a viabilidade política. ”
Com o radical aumento de poder dos municípios, as regiões metropolitanas se
tornaram um território de ingovernabilidade devido a atribuições conflitantes de
competências aos entes federados: ao passo que a Carta conferiu autonomia ao
município, não foi criado nenhum instrumento que viabilizasse a governança
metropolitana, uma vez que o estado não pode mais intervir ou liderar efetivamente
ações sobre políticas públicas de interesse comum aos municípios metropolitanos,
sem a anuência destes. A autora Ana Lúcia Rodrigues (2013) elucida o aspecto
contraditório que a Carta de 88 trouxe:
“Quando a Constituição de 1988 transferiu aos estados a prerrogativa de instituir
RMs e de coordenar as ações nesta esfera – mas, ao mesmo tempo, reconheceu
os municípios como Entes Federados dotados de plena autonomia –, também
retirou dos entes estaduais legitimidade para interferir no território constituído
pelas municipalidades” (RODRIGUES, 2013, p.67).
Ainda em relação ao protagonismo dado pela Constituição ao ente estadual na
organização das regiões metropolitanas, compostas de municípios autônomos,
Pedroso & Lima Neto (2013) observam que:
18
“A Carta não define os procedimentos para que esta nova forma de organização
ocorra de forma coordenada e minimamente efetiva; tampouco estabelece os
critérios necessários para qualificação destas regiões” (PEDROSO & LIMA NETO
2013).
20
interfederativas.15
O Projeto de Lei no 3.460/2004 procurou também estabelecer uma metodologia
única para a delimitação das RMs no Brasil, mas o método proposto foi
extremamente restringente, não sendo possível sua aplicação, de fato. Segundo
Castello Branco et al. (2013), no método proposto, “um município precisaria ter um
tamanho populacional equivalente a pelo menos 5% da população nacional para ser
classificado como núcleo metropolitano”. Atendendo a este critério, os autores
avaliam que apenas São Paulo atenderia aos requisitos e seria a única RM do
Brasil.
Em 2015, após quase dez anos, é sancionada a Lei Federal nº 13.089 de 12 de
janeiro, o Estatuto da Metrópole. Em linhas gerais, o Estatuto dá diretrizes para o
planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse comum e
ainda dá uma definição mais específica do que seriam estas funções públicas de
interesse comum: “política pública ou ação nela inserida cuja realização por parte de
um Município, isoladamente, seja inviável ou cause impacto em Municípios
limítrofes”.
O Estatuto da Metrópole vem a ser um instrumento que busca
fundamentalmente nortear a gestão interfederativa das RMs, bem como fazer com
que cada município compatibilize seu plano diretor com o plano de desenvolvimento
urbano integrado da RM, ou seja, em consonância com os outros municípios da
metrópole. O Estatuto ainda condiciona o apoio da União aos Estados e Municípios,
nas ações voltadas à governança metropolitana, ao cumprimento de requisitos do
próprio Estatuto, tais como a gestão plena16.
O Estatuto (Art. 13.) reforça que, “em suas ações inclusas na política nacional
de desenvolvimento urbano, a União apoiará as iniciativas dos Estados e dos
Municípios voltadas à governança interfederativa [...]”, preconizando o Consórcio
Público como instrumento para tratamento das funções públicas de interesse
comum, mas deixando a definição dos requisitos adicionais para o regulador. Até
então, a Lei do Estatuto da Metrópole não foi ainda regulamentada.
21
Mas, talvez, a mais importante inovação trazida pelo Estatuto da Metrópole é
uma certa submissão das RMs, enquanto institucionalidades políticas, a critérios
técnicos do IBGE na delimitação da região de influência das metrópoles:
“Os critérios para a delimitação da região de influência de uma capital regional,
previstos no inciso V do caput deste artigo considerarão os bens e serviços
fornecidos pela cidade à região, abrangendo produtos industriais, educação,
saúde, serviços bancários, comércio, empregos e outros itens pertinentes, e serão
disponibilizados pelo IBGE na rede mundial de computadores” (BRASIL, 2015:
Estatuto da Metrópole, Parágrafo Único do inciso VII do caput do art. 2o).
Contudo, apesar do esforço do Estatuto da Metrópole em equacionar os
problemas na gestão metropolitana, as RMs continuam sendo um território de
conflito. O próprio Estatuto é paradoxal ao tratar da atuação do poder público entre
os entes federados: O art. 6º diz, no inciso I, que a governança interfederativa
respeitará o princípio da “prevalência do interesse comum sobre o local”, enquanto o
inciso III, do mesmo artigo, diz que a “autonomia dos entes da Federação” é outro
princípio a ser respeitado. Isto é, o interesse comum aos municípios metropolitanos
prevalecerá apenas até que algum destes deixe de concordar, já que, na federação,
o município permanece sendo um membro dotado de plena autonomia política e
administrativa, conforme reza a Lei Maior.
25
funções públicas de interesse comum”, sem ao menos apontar mecanismos que
viabilizassem este propósito. Neste sentido, em 2005 Gouvêa comentou:
“O arcabouço federativo brasileiro não facilita a cooperação entre municípios,
tendo em vista que inexistem, no direito público, mecanismos que posicionem
segurança política para que as administrações municipais estabeleçam processos
de gestão integrada de políticas de interesse plurimunicipal” (GOUVÊA, 2005);
Talvez em função desta lacuna existente entre os entes da federação foi que,
depois de dez anos após a promulgação da CF, aprovou-se a Emenda
Constitucional nº 19 de 1998. Esta emenda trouxe pela primeira vez a abordagem
sobre a ‘gestão associada de serviços públicos’, fazendo menção a consórcios
públicos e convênios de cooperação. A nova redação dada ao artigo 241 da CF é a
seguinte:
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de
lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade
dos serviços transferidos” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL/1988: Art. 241. EC nº
19/1998).
Então, a EC 19/1998 deu início a um longo processo de aprimoramento de um
importante instrumento de grande contribuição para com a cooperação entre os
entes federados. Vale, porém, ressaltar que os consórcios públicos, bem como os
convênios, já existiam e eram soluções já usadas no país, antes desta nova redação
da CF. No estado de São Paulo, por exemplo, o Consórcio Intermunicipal Grande
ABC, consórcio multe setorial, criado no ano 1990, é um caso bastante estudado e
citado, dado seu expressivo período de existência até os dias atuais.20
Ocorre que os consórcios públicos que antes existiam eram muito frágeis do
ponto de vista institucional e sem amparo legal específico. Os antigos consórcios
públicos eram caracterizados por só poderem ser constituídos de entidades da
mesma espécie e por serem desprovidos de personalidade jurídica, sendo portanto
também chamados de consórcios administrativos. Para Carvalho Filho (2013), estes
consórcios públicos tradicionais (ou administrativos) eram, na verdade, idênticos aos
convênios, cuja única diferença era que estes últimos podiam ser estabelecidos por
entidades de diferentes espécies, enquanto os primeiros não. Neste contexto, o caso
do exemplo de sucesso do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, em âmbito
21 Projeto de Lei nº 1.071/1999 da Câmara dos Deputados e Projeto de Lei nº 148/2001 do Senado.
22 O primeiro Projeto de Lei na ALMG foi o de nº 49/2003, mas o que realmente foi levado adiante e
transformado em lei foi o PL nº 116/2007.
23Artigo 20 da LF nº 11.107/2005.
27
gestão associada ao dos convênios. Os consórcios públicos, que antes se
confundiam com os convênios, agora não mais se confundem. Neste sentido,
Carvalho Filho (2013) explica que “se os entes federativos ajustam esforços comuns
sem formação de pessoa jurídica, firmarão um convênio administrativo, e se, ao
contrário, vierem a constituir pessoa jurídica, virá a lume o consórcio público”.
Outra diferença importante quanto à formação dos novos consórcios públicos é
que os membros só poderão contratar com outros entes federados se assim for
aprovado pelo Poder Legislativo. Enquanto os antigos consórcios públicos, similares
aos convênios, poderiam ser constituídos apenas por força de vontade do Executivo,
o novo modelo de consórcio público precisa, obrigatoriamente, passar pelo
Legislativo e, sendo autorizado, passa a valer mediante ratificação de uma Lei,
decorrente o chamado Protocolo de Intenções, que será discorrido a seguir.
O Jurista Carvalho Filho (2013) explica que os Consórcios Públicos, neste novo
modelo, têm instituto de natureza composta, resultando na celebração de mais de
um tipo de acordo. A Lei dos Consórcios Públicos determina a formulação de
diferentes tipos de contratos para diferentes fins, a saber: o Protocolo de Intenções,
o Contrato de Consórcio Público (ou Estatuto Social), o Contrato de Rateio e o
Contrato de Programa.
É no Protocolo de intenções que os Entes manifestam e formalizam sua
intenção inicial de formar o Consórcio Público para a gestão associada de
determinada função. De acordo com Decreto 6.017/2007, o Protocolo de Intenções é
o “contrato preliminar que, quando ratificado pelos entes da Federação interessados,
converte-se em contrato de consórcio público”. Carvalho Filho (2013) diz que em
decorrência do Protocolo de Intenções, “quando as entidades providenciarem o
contrato de consórcio, já terão inteiro conhecimento das cláusulas principais que lhe
constituição o objeto, porquanto tais cláusulas estão inseridas no acordo preliminar”.
Quanto ao conteúdo, tanto a Lei 11.107/2005 quanto o Decreto 6017/2007
elencam mais de dez cláusulas obrigatórias que o Protocolo de intenções deve
conter, sob pena de sua nulidade. Assim, o Protocolo de Intenções deve,
necessariamente, abordar aspectos como denominação, finalidade, duração e sede
do futuro consórcio, a identificação dos consorciados, sua área de atuação, o tipo de
personalidade jurídica, a constituição de uma assembleia geral, sobre eleição e
28
mandato do representante do consórcio, o recrutamento e cessão dos servidores, as
condições para a gestão associada, da exigência do cumprimento das obrigações,
dentre outros.24
É importante destacar que a Lei 11.107/2005, no parágrafo 3º do artigo 4º,
torna nulas as cláusulas que venham a dispor sobre contribuições financeiras ou
econômicas ao consórcio, no Protocolo de Intenções. Isto ocorre porque a legislação
já especifica um contrato específico para este fim, o Contrato de Rateio, separado
do Contrato de Consórcio Público advindo do Protocolo de Intenções.
Em se tratando da gestão de serviços públicos pelo Consórcio, como no caso
da gestão do serviço de transporte público de que trata este trabalho, há um outro
detalhe necessário e importante a ser considerado já no Protocolo de Intenções:
Trata-se da autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou
autorização da prestação dos serviços. A Lei 11.107/2005 (Art. 2º, § 3º) permite que
o Consórcio Público conceda a outorga para operação de serviços públicos, desde
que tal faculdade esteja contida e seja aprovada no Protocolo de Intenções, e
consequentemente no Contrato de Consórcio (Art. 4º, XI). Sobre esta possibilidade,
Carvalho Filho (2013) diz que o que ocorre é um “deslocamento do poder
concedente, que tem sua origem no ente federativo titular do serviço e se transfere
para o consórcio”. O autor esclarece ainda que “a titularidade do serviço continua
sendo da pessoa federativa, e esta, em nome da gestão associada na prestação do
serviço, delega o poder concedente para o consórcio”.
Uma vez definidos, pelos entes envolvidos, os objetivos do consórcio no
Protocolo de Intenções, abrangendo as cláusulas obrigatórias, o texto deve passar
pela Casa Legislativa de cada um dos entes que pretendem constituir o Consórcio
Público. Sendo o Protocolo de Intenções ratificado pelos membros da federação, ele
se torna então o Contrato de Consórcio Público. Este contrato, segundo Carvalho
Filho (2013), é “aquele que regula as relações jurídicas entre os consorciados”.
Conforme a Lei 11.107/2005 (Art. 5º), o contrato de consórcio público será
celebrado com a ratificação do protocolo de intenções, mediante lei promulgada por
cada ente que irá compor o consórcio. No entanto, a Lei (Art. 5º, § 2º) abre a
possibilidade de a ratificação ser feita com reservas, o que o Decreto 6.017/2007
(Art. 2º, Inciso V) define como “ato pelo qual ente da Federação não ratifica, ou
30
Em função dos diferentes sujeitos que constituem o Consórcio, haverá um
Contrato de Rateio específico a cada Ente consorciado para com o Consórcio
Público, dentro da respectiva lei orçamentária de cada Ente, conforme manda o
Decreto 6.017/2007 (Art. 13, § 1º). De tal forma, o Contrato de Rateio terá como
prazo máximo de validade o prazo da dotação financeira. Desta forma, segundo Lei
11.107/2005 (Art. 8º, § 1º) o Contrato de Rateio será firmado, ou reafirmado, a cada
um ano, de acordo com o exercício financeiro do ente federado.
Além do Contrato de Rateio, a legislação prevê a celebração do chamado
Contrato de Programa, em determinados casos. De acordo com Vasques (2005) o
Contrato de Programa “presta-se à efetivação da gestão associada de serviço
público, sendo celebrado em decorrência de um consórcio público ou de um
convênio de cooperação”. Carvalho Filho (2013) complementa a definição do
Contrato de Programa como sendo o
“Ajuste mediante o qual são constituídas e reguladas as obrigações dos
contratantes decorrentes do processo de gestão associada, quando dirigida à
prestação de serviços públicos ou a transferência de encargos, serviços e pessoal,
ou de bens necessários ao prosseguimento regular dos serviços transferidos”
(CARVALHO FILHO, 2013).
Segundo Carvalho filho (2013) será necessário o Contrato de Programa
apenas “no caso de a gestão associada envolver também a prestação de serviços
por órgão ou entidade de um dos entes da Federação consorciados”. Quer dizer que
se houverem autarquias ou empresas públicas municipais ou estaduais de que
dependerão o Consórcio Público para execução de suas funções, esta relação se
dará por meio do Contrato de Programa entre o Consórcio e tal ou tais órgãos.
No entanto, o contrato de programa não se limita a obrigações assumidas entre
a pessoa consorciai e o determinado órgão ou entidade de algum dos Entes
consorciados. Conforme Carvalho filho (2013) expõe, o contrato de programa pode
ser celebrado entre dois entes da federação; um ente federativo e um consórcio
público; entidade da administração indireta e um ente federativo ou um consórcio;
duas pessoas da administração indireta.
Porém, no contexto deste trabalho, que se refere à um Consórcio Público
encarregado do serviço de transporte público, haveria dispensa da celebração do
Contrato de Programa. Neste caso específico, se o Ente consorciado, através do
Contrato de Consórcio, já está delegando o serviço à pessoa do Consórcio Público,
31
segundo as regras de concessão, não caberá a criação de um Contrato de
Programa para a execução do serviço, o que seria redundante. Neste sentido
Carvalho Filho (2013) explica sobre a dispensa do Contrato de Programa:
“É de se distinguir a gestão associada para a prestação de serviço público
formalizada, de um lado, por contrato de programa e, de outro, por contrato de
concessão de serviços públicos. Se os interessados já firmaram o ajuste por
meio das regras de concessão, não haverá espaço para o Contrato de
Programa. No fundo, ambos os mecanismos espelham a delegação total ou
parcial da execução do serviço, mas na concessão o executor é empresa da
iniciativa privada, ao passo que na gestão associada os gestores são pessoas
administrativas” (CARVALHO FILHO, 2013).
Para melhor compreensão, vale observar a analogia entre dois atos: (1)
Quando o Ente Federado, titular do serviço de transporte, outorga operação do
serviço a uma empresa privada, por meio de licitação; e (2) Quando o Ente
Federado, titular do serviço de transporte, delega a um Consórcio Público a
responsabilidade sobre o serviço, sendo que o Consórcio compõe a administração
indireta de tal ente.
Em ambos os casos o efeito prático é o mesmo: o Ente titular está deixando de
executar diretamente o serviço e delegando sua execução a um terceiro. Então,
como consequência, quando o Consórcio Público recebe competência para gerir o
serviço de transporte, por analogia, ele será regido pelo regime de concessão e
permissão da prestação de serviços públicos, de acordo com a Lei Federal nº
8.987/1995.
Tal entendimento resulta em outros desdobramentos. Uma vez que o
Consórcio Público desempenha papel análogo ao de um concessionário, por força
da Lei Federal 8.987/1995 (Das concessões e permissões), será exigido um órgão
regulador que acompanhe a prestação dos serviços delegados ao Consórcio
(RAMALHO 2009, p. 127). Este é o caso do Consórcio Público de Transportes da
Região Metropolitana do Recife, que, conforme será exposto a seguir, necessitou
estar acompanhado de um arranjo que, de alguma forma, está vinculado a uma
agência reguladora.
32
3.3 Aplicabilidades setoriais do consórcio Público
33
além de prestar serviços relacionados e também oferecer apoio técnico aos
municípios (CISAB, 2017). Quanto ao CISAB-RC, este foi constituído no ano 2014,
também nos termos da Lei nº 11.107/2005. O objetivo desse consórcio é exercer a
regulação e fiscalização, bem como o planejamento dos serviços públicos de
saneamento básico prestados pelas prefeituras dos 19 municípios consorciados e
conveniados (CISAB-RC, 2017).
Outro serviço público que, mais recentemente, passou a ser alvo do
instrumento do consórcio público é da iluminação pública. Em 2010 a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) determinou a transferência da
responsabilidade sobre a iluminação pública nas cidades das concessionárias de
energia elétrica para as prefeituras locais25. Com isso, pequenas cidades do interior
têm procurado se consorciar para absorverem o impacto do gasto nos orçamentos
municipais, assim como também buscar reduzir os gastos com a manutenção do
serviço de iluminação pública. Este é o caso do Consorcio Público Para Gestão
Integrada, da região de Andradas, no Sul de Minas Gerias, criado em 2013 e
também do Consórcio Público Intermunicipal Multifinalitário da Microrregião do
Circuito das Águas (CIMAG), da região do Circuito das Águas, também no Sul de
Minas Gerais, formado no ano 2014 (CIMAG, 2017). Em ambos os exemplos, os
consórcios atuam com foco na gestão conjunta da manutenção da iluminação
pública dos municípios consorciados.
Apesar da observada disseminação de consórcios públicos em setores
diversos nas pequenas cidades do interior, nas regiões metropolitanas o uso desse
instrumento ainda é pontual. Além da Região Metropolitana de Recife, com o caso
do Consórcio de Transporte Metropolitano, que será abordado no subcapítulo
seguinte, e do tradicional Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que atua em multe
setores em alguns dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, caso já
mencionado no subcapítulo 3.1, não há muitas experiências metropolitanas relativas
a formação de consórcios públicos.
Um dos casos metropolitanos que vale citar aqui é o do Consórcio Regional
Metropolitano de Resíduos Sólidos de Alagoas, criado no ano 2013, em
conformidade com a Lei nº 11.107/2005. O consórcio exerce atividades de
planejamento, regulação e fiscalização dos serviços públicos de resíduos sólidos no
35
Juliette Best, de 2011, que com riqueza de detalhes abordaram este modelo de
gestão associada no setor de transportes em Recife.
Antes do Consórcio Grande Recife, o órgão responsável pelo sistema de
transporte público na RM de Recife era a Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos de Recife (EMTU), instituída em 6 de abril de 1979. Assim como nas outras
regiões metropolitanas instituídas nos anos 70, no regime militar, a EMTU em Recife
era um elo do governo central com região metropolitana na execução da política
nacional de transportes urbanos, mas sendo controlada pelo governo do estado.
A EMTU recebeu atribuições para operar e explorar os serviços do sistema de
transportes e a função de executar diretrizes referentes ao Sistema de Transporte
Público de Passageiros da Região Metropolitana de Recife (STPP). O STTP foi
criado pela Lei Estadual 8.043 de 19 de novembro de 1979, “compreendendo as
modalidades de transporte por ônibus, por táxi, por via fixa e por hidrovia, bem como
seus respectivos terminais e pátios de estacionamento”.
A relação da EMTU com os municípios se fazia por meio de delegação do
serviço de transporte através de convênios firmados entre cada municipalidade e o
estado de Pernambuco. O sistema de transporte municipal da capital, Recife, foi
delegado ao estado de Pernambuco por meio de convênios firmados em 1980 e em
1994, mas havia também municípios que não delegavam a operação do serviço à
EMTU.
Na atuação da EMTU houve a preocupação com equacionamento de itinerários
sobrepostos em linhas municipais e intermunicipais além da promoção do
atendimento às localidades de difícil acesso, nas periferias da metrópole; a gestão
do sistema se deu por meio do zoneamento, com delimitação de regiões para a
exploração do serviço de transporte pelas empresas (BEST, 2011).
Embora tenham surgido alguns conflitos em torno da questão de reajustes
tarifários e ainda a contestação feita pelo primeiro prefeito de Recife eleito com voto
direto, em 1985, à delegação do serviço de transporte ao estado de Pernambuco, a
EMTU se manteve firme até o ano 1988, quando foi promulgada a nova Constituição
Brasileira.
Como a Carta de 1988 conferiu aos municípios a competência pelo controle
dos serviços de transporte coletivo, o futuro da EMTU, que operava o serviço em
municípios metropolitanos, ficou incerto. Apesar desta não conformidade com a nova
36
Constituição, inicialmente não houve denúncias por parte das municipalidades ou
contestações judiciais sobre a atuação do estado no serviço de competência local.
Muito disso se deve à criação, em 1989, do Conselho Metropolitano de Transportes
Urbanos (CMTU), órgão deliberativo, que ampliou a participação dos municípios na
gestão dos transportes, com a participação de todos os prefeitos da região
metropolitana.
Contudo, desde então, a existência da EMTU tornou-se muito vulnerável a
denúncias perante a Constituição Federal, além de as delegações estabelecidas
entre municípios e estado, feitas por meio de convênios, serem muito frágeis. Essa
fragilidade institucional fez da entidade um alvo de questionamentos constantes,
conforme descreve Best (2011): “A cada nova eleição municipal, os novos políticos
eleitos eram questionados e pressionados a dar um posicionamento em relação à
questão do transporte urbano”.
Logo, as divergências político-partidárias entre Recife e o governo do estado se
acirraram, o que ensejou, a partir de 2002, a prefeitura do Recife a reformular a
estrutura municipal com vistas a municipalizar o sistema de transporte público: A
Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), por meio de decreto municipal,
recebe autorização para o gerenciamento do transporte público no município do
Recife; Também foi criado o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT).
Entretanto, à margem dos embates políticos, um sério problema crescia e
deteriorava o sistema de transporte público da EMTU e também os sistemas
municipais de alguns municípios: eram os transportes clandestinos, que tomaram
proporções alarmantes. Diante desta situação, o governo de Pernambuco e a
prefeitura do Recife se viram obrigados a juntos, enfrentar esta externalidade,
através de uma operação conjunta.
Alguns outros municípios metropolitanos também se uniram ao combate aos
clandestinos e, em 2004, esta operação foi então concluída. É neste contexto que
surgem afinidades e discussões acerca do órgão gestor dos transportes na Região
Metropolitana do Recife, ao mesmo tempo em que é aprovada a Lei dos Consórcios
Públicos – Lei Federal nº 11.107 de 6 de abril de 2005.
Em decorrência dessa parceria bem-sucedida entre estado e municípios no
enfrentamento de uma questão de interesse comum os Entes, surgiu um novo
horizonte de superação às divergências político-partidárias. Foi a partir de então que
37
houve de fato abertura do governo do estadual e da prefeitura do Recife para o
diálogo sobre a “adaptação do modelo vigente, transformando-o de modelo de
gestão delegada para modelo de gestão compartilhada” (BEST, 2011).
Apesar desse entrosamento entre Pernambuco e Recife, os demais municípios
metropolitanos se mostravam inseguros em relação a participarem como acionistas
do consórcio, tendo em vista aspectos políticos e financeiros de cada
municipalidade.
A participação acionária de cada ente no consórcio foi proposta de acordo com
número de viagens geradas em cada município metropolitano e considerando
também o número de viagens intermunicipais. Neste critério, as viagens municipais
de Recife mais as viagens intermunicipais na metrópole representavam 85% de
todas as viagens do sistema (RAMALHO, 2009 apud BEST, 2011).
De maneira a impedir que os dois membros mais fortes detivessem o domínio
sobre o consórcio, a participação destes foi ligeiramente menor em relação ao seu
peso no número de viagens dentro da RMR: O estado de Pernambuco, embora
representasse 45% das viagens intermunicipais, ficou com 40% das ações e Recife,
com 35%, embora as linhas internas no município equivalessem a quase 40% de
todo o sistema (RAMALHO, 2009 apud BEST, 2011). Esta reformulação na divisão
acionária foi tratada no Contrato de Rateio, em que as quotas de participação
financeira no consórcio foram tomadas com base no orçamento de cada município
da região metropolitana (RAMALHO, 2009 apud BEST, 2011).
Como foi decidido que as deliberações do Consórcio seriam votadas de acordo
com as cotas de participação de cada Ente, foi definido o voto de no mínimo 85% do
capital social para validação das deliberações da Assembleia Geral do Consórcio, de
modo que Pernambuco e Recife juntos (75%), em tese, não impusessem sua
vontade sobre os demais Membros. Neste mesmo desenho, todos os municípios
juntos (60%) não alcançariam votos necessários para aprovações contra o Estado,
ao passo que também os Municípios menores juntamente com o Estado (65%) não
poderiam contrariar Recife (RAMALHO, 2009). Cabe então chamar atenção para o
fato de que, no critério de votação escolhido, prevaleceu o voto com base em
características técnicas de cada membro dentro do sistema de transportes.
Outro detalhe que passou a constar no Protocolo de Intenções foi a criação do
Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), que passaria a substituir o
38
CMTU. No CSTM estariam representantes das prefeituras, do governo do estado, do
poder legislativo estadual e municipais, agência reguladora, da sociedade civil e do
próprio consórcio. O CSTM passaria a funcionar dentro das dependências da
Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Estado de Pernambuco
(ARPE), sendo as despesas do CSTM, inclusive, custeadas de acordo com a Lei de
Criação da ARPE26. Os detalhes do CSTM, bem como suas implicâncias e
desdobramentos, serão tratados no final deste subcapítulo.
Após este redesenho na proposta de constituição desta associação, o
Protocolo de Intenções, que é a base do consórcio, foi enviado aos entes da
federação para aprovação no governo estadual e nas municipalidades. Contudo,
além de Recife e estado de Pernambuco, apenas o município de Olinda aprovou e
integrou o Consórcio de Transportes da Região Metropolitana do Recife (CTM),
conforme tabela 1.
O Protocolo de Intenções que precisava ser ratificado por lei nos Poderes
Legislativos municipais e estadual ainda foi aprovado com reservas e também
enfrentou controvérsias entre o prefeito e vereadores do Recife. Além disso, como
apenas os municípios de Recife e Olinda aderiram ao CTM, as cotas acionárias
remanescentes dos demais municípios ficaram com o governo de Pernambuco.
Assim, o estado possui 57,57% das ações do consórcio, Recife se mantém com
35%, e o município de Olinda, com os 7,43% restantes27. Ademais, segue as
características do CTM:
distribuição permanece até que outros municípios se consorciem, e assumem as suas respectivas
quotas de acordo com o que foi estabelecida no Protocolo de Intenções.”
39
Tabela 1: Dados do Consórcio Grande Recife
28 Segundo BEST (2011) os operadores que atuam por meio de contrato de permissão, a título
precário, são os de veículos de pequeno porte (VPP), ou seja, que os que usam vans e micro-ônibus.
41
Figura 2: Organograma institucional do Consórcio Grande Recife
43
“A nossa hipótese era que os distintos sindicatos dos empresários de ônibus,
organizados por município, seriam a favor de um sistema mais fragmentado de
gestão do serviço em vez de um sistema mais integrado oferecido pelo Consórcio,
uma vez que quanto mais fragmentado o sistema, mais fácil seria para os
empresários expressarem seus interesses e exercerem seu poder de influência
sobre os políticos municipais. Essa hipótese não foi confirmada [...] Ao contrário
das nossas expectativas, [o sindicato dos empresários] não só é a favor do CTM,
como também tem auxiliado os municípios a se estruturar para atender às
exigências impostas pelo Protocolo de Intenções” (BEST, 2011).
Embora seja uma experiência consistente e bem-sucedida, o Consórcio
Grande Recife também possui também pontos controversos, conforme levantado por
alguns autores. As polêmicas começam pelo entendimento de que o sistema apenas
seria a continuidade de um modelo centralizado que já existia; passando pelo
congelamento do consórcio, que não evoluiu com a entrada de novos membros; com
a crítica ao estudo que deu origem às divisões das cotas; e até mesmo pela
vinculação do Consórcio com uma agência reguladora estadual.
Considerando que, anteriormente ao Consórcio Grande Recife, a EMTU
desempenhava um papel equivalente, embora de maneira substancialmente diversa,
não houve uma transformação de um sistema fragmentado para outro centralizado.
A mudança ocorrida se deu na constituição da entidade que geria o serviço de
transportes, que antes era uma empresa estadual e passou a ser uma empresa
aberta à participação dos Municípios. Com isso, os autores Nascimento &
Fernandes (2013) consideram que o que há na verdade é a continuação do modelo
de gestão que antes já existia, com a EMTU. Com base em entrevistas, que
preservavam o anonimato de membros do Grande Recife, os autores concluíram
que:
“A ideia de delegar a gestão do transporte ao CTM acarreta em uma postura de
inércia dos municípios. Ou seja, enquanto estiver dando certo e não tiver afetando
os interesses deles, não há maiores interesses em gerar conflitos nas decisões,
mesmo porque os sócios tentam não se indispor com os demais para não gerar
perdas políticas” (NASCIMENTO & FERNANDES, 2013).
E passados já dez anos desde a formação do Consórcio, em 2007, continuam
apenas os Municípios de Recife e Olinda consorciados com o Estado de
Pernambuco. Procurando entender esta questão, Ramalho (2009) constatou que (1)
as principais reivindicações postas pelos Municípios, na ocasião das reuniões para
apresentação do CTM, não proporcionaram mudanças ao modelo proposto pelo
44
Governo Estadual, independentemente do tamanho do Município ou da sua
condição partidária e (2) que o processo para a participação do Municípios no
Consórcio foi iniciado pela EMTU e Governo do Estado, mas não houve
continuidade depois de instituído o Consórcio.
Ainda existem pontos complicados remanescentes do processo de formação
do Consórcio. Certas municipalidades, principalmente as menores, se queixam das
poucas discussões sobre questões polêmicas, como a situação das cotas
acionárias: Como a divisão das cotas se baseou no número de viagens geradas por
cada Entre, os representantes dos Municípios argumentaram que o estudo que
indicou as viagens geradas era antigo, não correspondendo à situação atual.
Segundo apresentação de proposta de transição para o Consórcio, feita em Maio de
2007, por Dilson Peixoto, Diretor Presidente da EMTU/Recife,29 o estudo das
viagens geradas por cada município teve como base a Pesquisa Domiciliar do
realizada no ano 1997, ou seja, de dez anos antes da formação do consórcio. Os
municípios reclamaram ainda que, além de antigo, tal critério de participação teria
sido pouco explicado pela EMTU, quando da transição. Existem outros municípios
ainda que apresentaram interesse em participar do Consórcio desde seu início,
podendo se adequarem para tal, mas que não teria havido esforços de parte do
Estado de Pernambuco em inseri-los por não terem grande representatividade no
Consórcio (RAMALHO 2009).
Ainda sobre as cotas, não deixa de ser estranha a acomodação do Estado em
permanecer com mais da metade das cotas do Consórcio, sendo que a proposta
inicial era de que estas ações que ultrapassavam o mínimo estadual de 40% fossem
diluídas entre outros municípios que fossem entrando no Grande Recife. Esta
situação faz efetivamente do Estado o mandatário no CTM, reforçando aquela ideia
de que o sistema seja uma continuidade da antiga EMTU, ainda sob domínio do
Governo do Pernambuco. Já quanto à discrepância entre os valores dos votos na
Assembleia Geral, conforme a cota de cada Membro, RAMALHO (2009) argumenta
ainda que isso pode “pôr em risco a autonomia, bem como a qualidade da
cooperação proposta, pois em nenhum tipo de assunto as decisões poderão ser
deliberadas equitativamente”.
29Dilson Peixoto foi nomeado Diretor Presidente da EMTU/Recife através do ato do governador de nº
038, de 02 de janeiro de 2007, conforme publicado no Diário Oficial do Estado de Pernambuco em 03
de janeiro de 2007.
45
O número de cotas excedentes do Consórcio em poder do Estado provoca
questionamentos sobre o porquê de os outros Municípios metropolitanos ainda não
serem sócios do consórcio. Passados praticamente 10 anos desde a formação do
Consórcio, em 2007, continuam apenas os Municípios de Recife e Olinda
consorciados com o Estado de Pernambuco. Com relação a este engessamento, a
autora RAMALHO (2009) verificou que “o processo para a participação do
Municípios no Consórcio foi iniciado, mas não teve continuidade”.
Por outro lado, observa-se também que há uma postura de acomodação por
parte de municípios metropolitanos não consorciados, no sentido de estes não se
engajarem para virem então a ser sócios do Grande Recife. Na observação de
Ramalho (2009), a maioria dos municípios fica apenas aguardando serem chamados
a discutir sua participação no Consórcio: “Observou-se que os Municípios de põem
de forma passiva no processo, à medida que esperam ser procurados para retomar
as negociações quanto ao ingresso no Consórcio”.
Considerando a descontinuidade nas negociações da parte do Estado e do
próprio Grande Recife para estímulo aos Municípios a participarem do Consórcio, e
considerando também a acomodação dos Municípios em não tomarem iniciativas
para ingressarem no Consórcio, pode-se dizer que o Grande Recife na prática não
evoluiu no sentido de abranger todos os municípios metropolitanos. Para Ramalho
(2009), a causa desta situação é “ausência de uma liderança aglutinadora que
articule os municípios em torno do interesse coletivo, além dos mesmos não
priorizarem os problemas metropolitanos”.
O último ponto controverso é quanto à vinculação do Consórcio a uma agência
reguladora estadual. Conforme colocado na parte 3.2 deste capítulo, a peculiaridade
de um Consórcio Público exercer serviços públicos delegados pelos Entes titulares
espelha uma concessão destes serviços. Com este entendimento, ao delegar o
serviço de transporte ao Grande Recife, os Entes o fizeram em conformidade com
Lei Federal 8.987/1995 - Lei das Concessões e Permissões - o que ensejou a
criação de um órgão regulador para o concessionário do serviço, neste caso, o
Consórcio Público.
A polêmica surge quando é feito proveito de uma entidade estadual já
existente, a Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de
Pernambuco (ARPE), para de exercer a regulação da delegação ao Consórcio,
46
ainda que de forma indireta. A Lei Estadual 12.524/2003 que criou a ARPE, com a
ratificação do Protocolo de Intenções do CTM pelo Estado, recebeu a seguinte
redação (Art. 3º § 3º): “A atividade reguladora relacionada ao transporte público de
passageiros no âmbito da Região Metropolitana do Recife - RMR, será exercida pela
ARPE, por meio do Conselho Superior de Transporte Metropolitano - CSTM”.
A autora Best (2013) pondera que apesar de polêmico, considerando que o
Consórcio multifederativo não devesse ser regulado por uma agência estadual, “a
ARPE é a instância reguladora hierarquicamente superior às agências reguladoras
municipais”. Foi portanto, com o propósito de minimizar polêmicas em torno da
questão, que o Protocolo de Intenções previu a criação do Conselho Superior de
Transporte Metropolitano (CSTM), no âmbito da ARPE, para exercer o papel de
regulador em relação ao Grande Recife. Apesar da criação do CSTM para regular o
Consórcio, críticos ainda consideram que
“A vinculação de um arranjo multifederativo como é o Consórcio Grande Recife a
uma agência reguladora Estadual colabora para que ele esteja subjugado aos
interesses do Estado – ainda que seu funcionamento busque equidade entre os
membros. O Estado passa a ter representação dobrada nessa instância
deliberativa, pois tem a ARPE e os representantes no CSTM” (NASCIMENTO &
FERNANDES, 2013).
Vale observar que, na composição do CSTM, o número de representantes
diretos e indiretos do Estado é significativamente maior que a dos municípios,
conforme pode ser observado na tabela 2. Considerando a influência que o Governo
de Pernambuco tem na indicação dos diretores do Grande Recife, os dois
representantes do Consórcio no CSTM poderiam se somar aos outros cinco
representantes de secretarias e órgãos estaduais, constituindo um total de sete
representantes do Estado, número concluído assim concluído por Nascimento &
Fernandes (2013). Evidentemente que esta preponderância do Estado no CSTM
poderia ser atenuada caso os 12 municípios restantes da Região metropolitana se
juntassem ao Consórcio. Mas mesmo assim nenhum Ente municipal possuiria tanta
representatividade como o Ente estadual.
47
Tabela 2: Composição do CSTM na Região Metropolitana de Recife
Por fim, sobre o caso do Consórcio Grande Recife, este trabalho não entrará
nos detalhes operacionais do sistema tendo em vista que a magnitude da Região
Metropolitana de Recife, com quase quatro milhões de habitantes, é muito maior que
a da Região Metropolitana do Vale do Aço, localidade que aqui está sendo tratada,
cuja população é de aproximadamente meio milhão de habitantes. Neste sentido, o
48
próximo capítulo cuidará de apresentar soluções operacionais em transportes
adotadas em cidades com população na faixa de meio milhão de habitantes, como
referência mais apropriada à dimensão da RMVA, soluções estas que poderiam ser
facilitadas por meio de um consórcio público no Vale do Aço.
49
50
4 Políticas em transportes adotadas em municípios do porte da
RMVA
51
Figura 3: Comparação com outras cidades
MONTES CLAROS
População: 398.288 (Estimativa IBGE 2016)
Município: 3.568 km² (IBGE 2017)
Área urbana: 59 km² (IBGE 2005)
Montes Claros
Municípios da RMVA
População: 489.668 (Estimativa IBGE 2016)
Ipatinga: 259.324
Coronel Fabriciano: 109.857
Timóteo: 88.255
Santana do Paraíso: 32.232
Municípios: 807 km² (IBGE 2017)
Área urbana: 94 km² (IBGE 2005)
RMVA
JUIZ DE FORA
População: 559.636 (Estimativa IBGE 2016)
Município: 1.435 km² (IBGE 2017)
Área urbana: 107 km² (IBGE 2005)
Juiz de Fora
UBERLÂNDIA
População: 669.672 (Estimativa IBGE 2016)
Município: 4.115 km² (IBGE 2017)
Área urbana: 132 km² (IBGE 2005)
Uberlândia
Fonte: IBGE, Áreas Urbanizadas no Brasil - Grandes
52
Concentrações Urbanas (2005).
Isso leva a interpretação de que enquanto as três grandes cidades citadas têm
autonomia total para elaborarem e implementarem suas políticas de transportes em
toda sua área urbana e todos os habitantes da cidade, a RMVA, sendo uma só área
urbana gerida por quatro municipalidades distintas, têm suas redes de transportes
fragmentadas e limitadas pelos municipais, embora grande parte de seus habitantes
necessitem cruzar estas fronteiras diariamente.
Uma outra observação que se extrai da comparação é que, isoladamente, os
municípios da RMVA não alcançam um contingente populacional suficiente para
viabilização e implantação de sistemas de transporte de maior capacidade, e que
propiciem maior acessibilidade entre um município metropolitano e outro.
Para melhor elucidar as políticas em transportes que poderiam ser viabilizadas
na RMVA, considerando sua população total sem considerar os limites municipais,
será exposto o que tem sido implementado nos três maiores municípios do interior
do estado, que foram citados.
4.1 Uberlândia
Uberlândia, a maior cidade do interior mineiro, desde 1997 possui sua rede de
transporte coletivo municipal estruturada no Sistema Integrado de Transporte (SIT).
Em 1997, a população total do município era de 456.920 habitantes, segundo
estimativas do IBGE daquele ano, isto é, população menor que a da RMVA hoje.
Mas o planejamento do que viria a ser o SIT começou bem antes, ainda em
1987, quando foi realizada uma pesquisa de origem e destino dos usuários.
Posteriormente, em 1991, quando Uberlândia tinha apenas 367.061 habitantes, de
acordo com o Censo Demográfico do IBGE, o diagnóstico da pesquisa OD foi
reavisto, onde ficou constatado que 25% dos usuários realizavam transbordos,
pagando duas passagens para chegar ao seu destino (UBERLÂNDIA, 2015).
O diagnóstico extraído a partir da pesquisa OD em Uberlândia mostra-se
compatível com a realidade atual da RMVA, com base nas queixas que têm sido
apresentadas. Mas a administração municipal de Uberlândia não ficou parada e
realizou estudos para encontrar uma solução que melhorasse a situação do
transporte público:
53
“Este número de transbordos comprometia a mobilidade da população e onerava a
renda familiar dos usuários. Após vários estudos optou-se pela implantação de um
sistema tronco-alimentador com integração físico-tarifário. Os objetivos eram a
eliminação dos transbordos onerativos e a racionalização do sistema na busca de
maior qualidade e produtividade” (UBERLÂNDIA, 2015).
Então foi assim que surgiu o SIT de Uberlândia. O sistema foi inaugurado pela
Prefeitura, através da Secretaria Municipal de trânsito e Transportes em 5 de julho
de 1997. O sistema é constituído basicamente de cinco terminais, sendo um na área
central e os outros quatro na periferia da cidade. A ligação entre os terminais é feita
por quatro tipos de linhas: troncais, interbairros, alimentadoras e distritais conforme
representação na figura 4. Segundo relatório da prefeitura de Uberlândia (2015), o
SIT permite que o usuário se desloque para qualquer ponto da cidade pagando
somente uma passagem.
54
Evidentemente uma rede de integrada de transportes no Vale do Aço não teria
uma configuração do mesmo tipo mostrado na figura 4, pelas próprias
características físicas da região e disposição das centralidades no espaço urbano da
RMVA. O que vale neste exemplo é a ação tomada na organização dos corredores
de transportes, das linhas e dos terminais urbanos para possibilitar a integração e
otimizar o sistema.
Importante detalhe que o Sistema Integrado de Transporte de Uberlândia faz
parte de um plano maior, não sendo um plano de governo, mas desde cedo fazendo
parte o Plano Diretor Municipal: “O SIT não se constitui um plano isolado, pois é
parte integrante do Plano Diretor de Uberlândia, elaborado em 1991/92, e visa a
estruturação da cidade através do transporte coletivo” (UBERLÂNDIA, 2015).
Além da conveniência oferecida pelo SIT desde os anos 90, Uberlândia
continuou inovando no serviço de transporte coletivo e em 9 de setembro de 2006
inaugurou o ‘Corredor Estrutural Sudeste’ (Avenida João Naves de Ávila) o primeiro
corredor de BRT da cidade. O corredor possui 7,5 quilômetros de extensão, ligando
o Terminal Central ao Terminal de Santa Luzia. Além deste corredor operante, há
planos para criação de mais outros quatro corredores de BRT em Uberlândia (BRT
BRASIL, 2017).
Lote 1
Lotes
1e2 Lote 2
Lote 2
Lote 1
56
concessão se organizaram em três consórcios para disputa dos dois lotes licitados.
De acordo com o edital, o procedimento licitatório teve início em 30 de novembro de
2015, tendo ocorrido a das propostas dos consórcios de empresas em 23 de
dezembro do mesmo ano. Em 28 de abril de 2016, o município de Juiz de Fora da
publicidade ao nome dos dois consórcios de empresas que venceram cada um dos
dois lotes. As novas concessionárias assinaram os contratos de concessão em 3 de
junho de 2016, sendo que o inicio da exploração do serviço se iniciou em 1º de
setembro de 2016, 90 dias após assinatura dos contratos, conforme previa o edital.
A justificativa para o instrumento licitatório de outorga do serviço de transporte
coletivo considerou o “Estudo Técnico de Reestruturação do Sistema de Transporte
Coletivo Urbano de Juiz de Fora”, concluído em 2015. Tal concepção sugere que a
proposta do município não de limitava a uma nova concessão, simplesmente, mas
também a uma reorganização da rede municipal de transportes. Assim, o projeto
básico, anexo ao edital, ditou novas diretrizes para construção de uma nova
estrutura operacional do sistema de transporte licitado se baseando numa matriz de
origem e destino dos usuários do transporte coletivo.
Tal reestruturação do sistema de transporte urbano definida para esta nova
concessão tem como conceito básico o sistema tronco-alimentado constituído por
terminais de integração. “Esta rede está fundamentada na integração físico-tarifária,
via bilhetagem eletrônica, que atenda com racionalidade às demandas existentes,
podendo, inclusive, incorporar novas tecnologias de ônibus” (JUIZ DE FORA, 2015).
Para longo prazo, a partir do segundo ano desta concessão, o projeto básico
prevê o funcionamento de onze terminais de integração. Mas até que os terminais
sejam construídos, foram definidos cinco ‘pontos de integração’ (PDI), que devem
ser implementados ao longo dos dois primeiros anos da concessão, até 2018.
Com isso, segundo o projeto, a racionalização do sistema será possível “a
partir da criação de linhas alimentadoras, integradas ao sistema existente, nos
períodos de fora-pico, com objetivo de minimizar a frequência de ônibus nos
corredores, mantendo o atendimento e a frequência das áreas periféricas”. Ainda
segundo o projeto proposto, tal configuração da rede “possibilitará ofertar maiores
destinos aos usuários, ao disponibilizar um leque maior de itinerários que poderão
passar no PDI” (JUIZ DE FORA, 2015).
Enfim, alguns dos principais objetivos da implantação desta rede tronco-
57
alimentada no município de Juiz de Fora identificadas no projeto básico são:
Melhorar as condições de mobilidade, circulação e acessibilidade; Racionalizar a
oferta devido à redução da superposição de linhas; Integração física e tarifária para
dispensar a criação de novas linhas com extensões elevadas, sem custos adicionais
ao sistema; inserção da tarifa regional nas linhas alimentadoras; possibilitar que os
usuários se desloquem para qualquer destino através do sistema de bilhetagem
eletrônica com integração temporal, já desde o início da operação das novas
concessionárias.
4.4 Comparação
Com base nas soluções operacionais identificadas nestas três cidades mineiras
(Uberlândia, Juiz de Fora e Montes Claros) e considerando o contingente
populacional semelhante ao da RMVA, entende-se que há soluções que podem de
viabilizar no Vale do Aço: alternativa da integração temporal, como ocorre em
montes claros; um sistema tronco-alimentado também com integração temporal,
como ocorre em Juiz de Fora; ou até mesmo a criação de um corredor do BRT e a
construção de uma rede de estações de integração, como o exemplo de Uberlândia.
Tanto no caso de Uberlândia como no Juiz de Fora fala-se em racionalização
do sistema de transporte. Isso diz respeito a tornar o sistema mais eficaz tanto do
ponto de vista de um melhor atendimento ao usuário, com maior oferta de opções de
destino, quanto do ponto de vista operacional, no que tange a economias de escala
para o sistema. As questões do Vale do Aço serão melhor detalhadas e estudadas
nos próximos capítulos, mas desde já pode-se dizer que a racionalização da rede de
transportes na RMVA, como uma só, poderia trazer as mesmas melhorias para os
usuários, que passariam a contar com alternativas para o deslocamento de maneira
mais rápidas, e também para as empresas operadoras, que com a eliminação de
linhas sobrepostas na rede estariam otimizando sua operação, evitando perdas.
É evidente que nos exemplos citados a adoção de novas políticas públicas
sobre o transporte público foi facilitada pelo fato de se tratar de um sistema único,
gerido unicamente pelo respectivo município. No caso do Vale do Aço, como são
quatro redes de transportes municipais separadas, que por sua vez são também
separadas da rede de transporte intermunicipal, as experiências bem-sucedidas nos
exemplos poderiam talvez se materializar na RMVA através de um consórcio público
entre os quatro municípios metropolitanos e o estado.
Tal concepção tornaria a rede de transportes do Vale do Aço compatível a dos
municípios da comparação, constituindo uma rede única cujos poder concedente e
gestão do sistema estariam centralizados apenas no consórcio público. De tal forma,
toda a rede de transportes (intramunicipal e intermunicipal) na RMVA estaria para o
59
Consórcio público assim como o as redes dos exemplos (Uberlândia, Juiz de Fora e
Montes Claros) estão para as respectivas prefeituras municipais.
60
5 A Região Metropolitana do Vale do Aço
Região Metropolitana
do Vale do Aço:
Timóteo
Fonte: O Autor.
61
A institucionalização da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) é
relativamente recente, bem como a emancipação e o desenvolvimento dos
municípios que a compõe. Ao longo dos próximos subcapítulos, o fluxograma
cronológico da figura 7 será analisado com base nos processos políticos-
institucionais que deram origem à RMVA: Em um primeiro nível, a atual região do
Vale do Aço como insignificante parte do território das primeiras vilas e municípios
da província das Minas Gerais, no Brasil Imperial; no segundo momento, como parte
de municípios de territórios ainda muito vastos; no terceiro nível, como municípios
emancipados; num quarto momento, como aglomerado urbano; e por último, como
região metropolitana instituída.
Fonte: O Autor.
Nota: O território de Santana do Paraíso só passou a pertencer a Ferros no ano 1911, quando a LE nº 556/1911
transferiu o então distrito de Itabira para aquele município.
62
Na sequência, o subcapítulo 5.1 retoma às origens mais antigas da região onde
hoje se encontram os municípios metropolitanos do Vale do Aço. Já os subcapítulos
5.2 e 5.3 abordam principais os marcos que estimularam o crescimento e o
desenvolvimento da RMVA, que culminaram na emancipação dos principais
municípios. Os subcapítulos 5.4 e 5.5 concentram-se especificamente nos estudos e
embates políticos que levaram a constituição da região metropolitana. Por fim, o
subcapítulo 5.6 fala sobre a criação da Agência de Desenvolvimento da Região
Metropolitana do Vale do Aço, bem como dos impasses acerca do Plano Diretor de
Desenvolvimento Integrado da RMVA.
5.1 Origens
63
5.2 A Primeira República e a Ferrovia Vitória – Minas
33Ao que consta na edição de 20 de janeiro de 2013 do jornal Diário do Aço, já existia o povoado de
Ipatinga, antes da construção da Vila Operária. No entanto este povoado não recebeu nenhuma
melhoria por parte da Usiminas, passando esta área a concentrar uma ocupação desordenada pelas
pessoas que não conseguiram trabalho na indústria. O Centro original de Ipatinga só viria a se tornar
o que é hoje depois de amplo projeto de revitalização executado no início dos anos 1990. Além do
povoado em Ipatinga, Mendonça (2006) demonstra que antes da Usiminas preexistia também o
povoado de Barra Alegre, enquanto o bairro Bom Jardim se assentou concomitantemente à Usiminas,
embora não fizesse parte da Vila Operária.
34A Lei Estadual nº 2764 de 30 de dezembro de 1962 estabeleceu uma nova organização
administrativa de todo o estado de Minas Gerais, na qual foram criados mais de 200 novos
municípios, dentre os quais estavam Ipatinga e Timóteo.
66
cinco foram eleitos pelo município de Timóteo, quatro pelo distrito de Ipatinga e
outros quatro pela sede, Coronel Fabriciano.
Desta forma ficou claro que o poder político dominante, sobretudo no poder
legislativo municipal, estava nas mãos dos distritos, que elegeram o total de nove
vereadores, ante apenas quatro da sede. Nesta nova legislatura iniciada em 1963,
foi exatamente o número de nove, dos 13 vereadores, que aprovou o envio de uma
mensagem ao governador do estado defendendo a emancipação político-
administrativa como a “única solução para os graves problemas dos distritos de
Timóteo e Ipatinga” (DIÁRIO DO AÇO, 2014).
Mas foi o esforço dos membros associação dos moradores pró-emancipação
na, com ajuda do deputado estadual Geraldo Quintão, que fez concretizar a
emancipação dos dois distritos. Documentos reunidos e assinados por esses
moradores possibilitaram que o anteprojeto de emancipação fosse discutido e então
aprovado pelos deputados (DIÁRIO DO AÇO, 2014). Então, em 29 de abril de 1964
a Assembleia Legislativa de Minas Gerais derruba o veto do governador à Lei
Estadual nº 2764 de 1962 e enfim passa a valer a emancipação político-
administrativa de Ipatinga e Timóteo, do município de Coronel Fabriciano.
Figura 8: Mancha urbana das quatro cidades que hoje compõem a RMVA
Bugre
Santana
do Paraíso
Ipaba
Ipatinga
Coronel
Fabriciano
Caratinga
Antônio
Dias
Timóteo
Jaguraçu Marliéria
Fonte: O autor, com base em áreas urbanizadas do Brasil de 2005 do IBGE (amarelo) e imagens de satélite
Google Maps em 2017 (vermelho).
71
Figura 9: Os Municípios do Colar Metropolitano da RMVA
RMVA
Fonte: O autor
Tribunal de Justiça de
1 Indicado
Minas Gerais
22
TOTAL
Representantes
73
Complementar nº 90, atendendo ao mandamento da Emenda, passou a substituir a
LC 51/1998, agregando novos elementos à gestão metropolitana. A priori, a LC
90/2006 determinou a criação do Conselho Deliberativo de Desenvolvimento
Metropolitano, que inicialmente foi distribuído conforme mostra a tabela 4.
Entidade Representantes
2 indicados do Poder
Ipatinga
Executivo
1 Indicado do Poder
Coronel Fabriciano
Executivo
1 Indicado do Poder
Timóteo
Executivo
1 Indicado do Poder
Santana do Paraíso
Executivo
75
5.6 A Agência de Desenvolvimento da RMVA e o PDDI
77
projeto. Somado ao fato de o segundo semestre de 2014 ser o período de
encerramento de mandato no governo estadual, a apresentação do PDDI definitivo
ficaria comprometida, dependendo de aditivos contratuais para sua conclusão.
Fato é que o PDDI não se concluiu em 2014 e no ano seguinte inicia-se novo
governo de posição político-partidária oposta: Sai um governo do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB), de direita, e entra um governo do Partido dos
Trabalhadores (PT), de esquerda40. A despeito destas oposições partidárias, não
fazendo aqui nenhum julgamento partidário, é natural que a diretoria da Agência
RMVA, que conduzia os trabalhos do PDDI, fosse substituída. Ainda assim, em maio
de 2015 a Unileste entregou as “propostas” e o “macrozoneamento”, produtos da
terceira etapa do projeto, conforme figura 10.
Então, com o novo governo, uma nova diretoria foi nomeada para a Agência
RMVA em 2015. Detalhe importante que, desde 2013, os prefeitos das quatro
cidades da RMVA também eram do PT, mesmo partido do governo estadual
empossado em 201541. Com isso, apesar de uma nova equipe estar assumindo os
40 A contratação do PDDI, assim como a própria criação da Agência RMVA, aconteceu no mandato
2011-2014 de Antônio Augusto Junho Anastasia (PSDB), que renunciou ao governo do estado em
abril de 2014, quando assumiu o vice-governador Alberto Pinto Coelho Júnior, do Partido
Progressista (PP), base aliada do PSDB. Já o governador eleito para o mandato de 2015-2018, no
estado de Minas Gerais, foi Fernando Damata Pimentel (PT).
41 Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral, os prefeitos eleitos para mandato de 2013-2016
eram: em Coronel Fabriciano, Rosangela Mendes Alves (PT); em Ipatinga, Maria Cecília Ferreira
78
trabalhos relativos ao PDDI, o processo de continuação da supervisão do projeto
talvez possa ter sido facilitado pela afinidade partidária entre os quatro prefeitos e o
governo estadual. Sobre a importância do apoio recebido pelos municípios nesta
transição, a atual equipe da Agência RMVA responde que:
“A atual gestão da Agência Metropolitana buscou se apoiar na análise das equipes
municipais sobre os produtos do PDDI, tendo em vista que a nova equipe da
Agência tomou posse com o PDDI já em andamento. Do período a partir de 2015,
foi extremamente intensa a participação do corpo técnico dos municípios, que
muito contribuíram para análise dos produtos finais (que foram os recebidos pela
atual gestão da Agência) ” (Agencia RMVA, 2017).
A Agência complementa que tão logo a nova diretoria toma posse em junho de
2015, foi iniciado um intenso trabalho com as equipes municipais, entre os meses de
agosto e outubro, para detalhamento de todos os materiais do PDDI. Segundo a
Agência, nesse curto período foram realizadas 44 reuniões com intensa
representação dos municípios metropolitanos. Segundo a Agência RMVA, a nova
diretoria já recebeu o contrato em seu primeiro termo aditivo, uma vez que o prazo
contratual inicial era dezembro do ano anterior.
Então, das constantes reuniões entre a Agência RMVA com as prefeituras
entre agosto e outubro de 2015, originou-se a necessidade de revisões nos produtos
entregues pela contratada, a Unileste. Uma vez que as duas primeiras etapas, onde
se inclui o diagnóstico, já haviam sido concluídas e pagas, a Agência se concentrou
sua atenção ao produto das propostas, constantes da terceira etapa do projeto.
A partir de então, a Unileste seguiu fazendo alterações recomendadas, no
período entre outubro de 2015 e março de 2016. Ao mesmo tempo, a equipe técnica
da Agência RMVA passa a estudar mais com mais afinco os materiais produzidos
que já haviam sido entregues e “atribuiu grande parte das falhas apontadas na etapa
de Propostas como decorrência de falhas metodológicas principalmente na etapa de
diagnóstico” (AGÊNCIA RMVA, 2017).
Com isso, partir de março de 2016, a agência passou a Agência passou a se
colocar em prol de correções de falhas não apenas na etapa das propostas, mas
também no diagnóstico que havia sido concluído em 2014. Especificamente sobre a
questão dos transportes e trânsito, a Agência RMVA buscou apoio técnico da
Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (SETOP) para tratar da
Delfino (PT); em Santana do Paraíso, Antônio Afonso Duarte (PT); e em Timóteo, Cleydson
Domingues Drumond (PT).
79
revisão dos produtos referentes ao Eixo Mobilidade. Em 31 de março de 2016, em
reunião entre a Agência RMVA, a SETOP e a Unileste, foram apresentadas à
contratada as preocupações dos órgãos estaduais quanto às “fragilidades"
identificadas tanto na proposta como no diagnóstico do PDDI.
Segundo relato da Agência, sete meses após a reunião não houveram
alterações nos trabalhos do PDDI por parte da Unileste. Então, em novembro de
2016 a SETOP emitiu Nota Técnica pontuando os aspectos que foram discutidos na
reunião de março, o que também não surtiu o efeito esperado nos produtos do PDDI
trabalhados pela contratada.
Depois, em dezembro de 2016, a Auditoria Seccional da Agência RMVA
conclui um relatório recomendando antes da conclusão da terceira etapa, fossem
corrigidos os problemas encontrados nos trabalhos já entregues, incluindo das
etapas anteriores. Em face desta situação atual, a Agência responde que:
“Então, em 2017, a Agência está negociando com a contratada o espoco das
alterações a serem realizadas. No momento, o contrato encontra-se suspenso, até
que as partes contratantes pactuem o novo escopo de alterações, novo
cronograma, e novas cláusulas financeiras, se for o caso” (Agencia RMVA, 2017).
Quanto ao envolvimento com as prefeituras, as reuniões com a Agência RMVA
continuavam no ano 2016. Relativo à questão dos transportes, a Agência informa
que em 2016 foram realizadas quatro reuniões com autoridades municipais do
trânsito, juntamente com a SETOP, no sentido de se estabelecer algum tipo de
cooperação entre os organismos gestores dos sistemas de transportes existentes no
Vale do Aço. No entanto era ano de eleições municipais e, com isso, no segundo
semestre de 2016 as agendas metropolitanas ficaram comprometidas. A Agência
avalia que a partir de julho de 2016 “as reuniões perderam o ritmo devido à dinâmica
eleitoral que impactou fortemente a agenda das administrações municipais”.
Enfim, o resultado das eleições de 2016 trouxe nova mudança ao cenário
político no Vale do Aço, onde nenhum prefeito foi reeleito e o PT também não
conseguiu eleger nenhum prefeito nos quatro municípios metropolitanos. De acordo
com o Tribunal Superior Eleitoral, em Coronel Fabriciano foi eleito Marcos Vinicius
da Silva Bizarro (PSDB); em Ipatinga, Sebastião de Barros Quintão, do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); em Santana do Paraíso, Luzia Teixeira
De Melo, do Partido Republicano Brasileiro (PRB); e em Timóteo, Geraldo Hilário
Torres, do Partido Progressista (PP).
80
Apesar da diversidade de partidos nos municípios, a Agência RMVA diz estar
conseguindo estabelecer uma relação com os municípios, que têm sido
participativos nas discussões dos assuntos. Entretanto, ainda é muito prematura
uma avaliação mais precisa, tendo em vista que a Agência só conseguiu retomar as
agendas com as prefeituras a partir de abril de 2017, depois que as novas gestões
municipais estivessem com suas equipes devidamente constituídas.
Então, observa-se que o impasse que envolve o PDDI, pelo menos no
momento deste trabalho, não é necessariamente causado por divergências políticas,
mas é de cunho técnico e contratual, relativo à revisão e aprovação dos trabalhos
apresentados à Agência RMVA pela contratada, a Unileste. Nesta linha, a própria
Agência reconhece que “o impasse existente está nas diferentes visões que a
contratada pela elaboração do PDDI tem dos produtos, com relação a visão do
Estado (tanto Agência quanto SETOP)”.
Para a Unileste, contratada para elaborar o PDDI, o entendimento é de que a
fase do diagnóstico já teria sido aprovada, sob a supervisão da diretoria anterior da
Agência RMVA. Neste sentido, no ponto de vista da contratada, não faria sentido a
revisão do produto já entregue, que inclusive já havia sido pago.
Ainda há o entendimento de que a Unileste exige novo termo aditivo ao
contrato para que sejam realizadas as revisões e alterações apontadas pela Agência
RMVA e também pela SETOP. Já os órgãos estaduais entendem que os produtos
entregues, tanto na fase do diagnóstico como na fase das propostas, não teriam
atendido aos requisitos do termo de referência do contrato e que, portanto, a
contratada não deve receber pagamentos extras para adequar o produto àquilo que
foi contratado. Mesmo o diagnóstico, que já foi pago, a tem responsabilidade pela
entrega de um produto bem feito, segundo o entendimento do governo do estado.
Por fim, apesar do impasse como o PDDI, a percepção é de que a Agência
RMVA tem conseguido desempenhar bem seu papel executivo no que tange à
articulação com as quatro municipalidades da RMVA. Além disso, tem levado o
assessoramento técnico de outros departamentos do estado para o Vale do Aço,
como o exemplo da presença da SETOP em reuniões com as empresas operadoras
dos sistemas de transporte na região, bem como os departamentos municipais que
cuidam do transporte. Esse papel da Agência constitui um elemento necessário na
condução das políticas públicas de interesse comum aos municípios metropolitanos
81
no que diz respeito a uma instituição cujo propósito pactuar tais políticas entre os
municípios membros bem como ancorar a continuidade destas políticas através dos
mandados que se sucedem.
Por último, quanto ao PDDI, como um plano diretor metropolitano, faz-se
necessário sim que esteja bem formulado de modo constituir de fato uma referência
que possa orientar com segurança as políticas públicas metropolitanas. Neste
sentido, não faria sentido que o instrumento fosse aprovado, que simplesmente
existisse, sendo que suas diretrizes não se aplicassem com exatidão ao contexto
real da região metropolitana estudada.
82
6 O transporte público na RMVA
Fonte: O autor.
TABELA
VEÍCULO SERVIÇO com sem
ICMS ICMS
Convencional AeB –
Convencional Executivo E –
Rodoviário
Leito D –
Semi Leito G –
Comercial C F
Comercial Executivo H I
Urbano
Comercial Metropolitano CM FM
Comercial Metropolitano Executivo HM IM
86
tabelas, foi motivada pela Lei Federal nº 12.860/2013 que a desonerou o serviço de
transporte público coletivo de passageiros municipal e metropolitano, com a redução
a zero da alíquota dos tributos federais PIS e COFINS sobre o transporte urbano.
88
6.3 Dificuldades na adequação à Lei 8.987/1995 no sistema intermunicipal
45 Processo 1.0024.01.588157-6/003
46Segundo apelação do Ministério Público, os artigos 20 da Lei Estadual nº 10.453/91, 33 da Lei
Estadual nº 11.403/94, 17 do Decreto Estadual nº 30.937/90 e 11 do Decreto Estadual nº 32.656/91
dispunham sobre a dispensa de licitação para a formação e renovação de alguns contratos.
47 Processo nº 1.0000.10.046372-8/000
48 Acórdão n° 046372-8.64.2010.8.13.0000
89
Atendendo tal acórdão favorável à reclamação do SINDPAS, a SETOP excluiu
do processo licitatório as linhas determinadas pelo Tribunal de Justiça de Minas
Gerais. Com isso, seguindo orientação da Advocacia Geral do Estado (AGE), estas
linhas que não puderam entrar na licitação foram tratadas à parte. A AGE
recomendou a que fosse formalizado “instrumento contratual” que contemplasse a
“continuidade das concessões das empresas detentoras de contratos que possuíam
cláusula de prorrogação da concessão”, contratos estes que tivessem sido
celebrados antes da LF 8.987/1995. Desta forma, atendendo recomendação da
AGE, a SETOP:
“Convocou as empresas para apresentar documentação visando formalização de
instrumento contratual oneroso para regularizar a situação das linhas excluídas do
certame, com prazo definido no Estudo Viabilidade e com cláusula de rescisão em
caso de decisão judicial superveniente que venha revogar a decisão exarada nos
autos da Ação Judicial citada” (SETOP, 2017).
Dentre as empresas nestas condições estava a UNIVALE, que então operava
as linhas na região do Vale do Aço. Os contratos da empresa foram renovados pelo
prazo de 28 anos, com pagamento da outorga, conforme indicado pelo estudo de
viabilidade técnica da renovação da concessão. Como esse ajuste não decorreu de
processo licitatório, mas atendendo a mandados judiciais, os contratos de
concessão ressaltaram os dispositivos jurídicos que fundamentaram sua celebração:
“O presente instrumento destina-se à renovação do contrato de concessão, com
fundamento no art. 42 da Lei nº 8.987/95, em cumprimento dos acórdãos
preferidos pela 1ª Câmara Cível e pela Corte Superior do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais, nos julgamentos da Apelação nº 1.0024.01.588157-6/003
(Ação Civil Pública) e da Reclamação nº 1.0000.10.046372-8/000,
respectivamente, em conformidade com a Nota Jurídica nº 3.324 de 31/08/2012,
da Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais e Nota Técnica da Subsecretaria
de Regulação de Transportes (Estudo de Viabilidade Técnica da Renovação da
Concessão)” (SETOP, 2012: Contratos nº 109; nº 110, nº 111, nº 112).
Os contratos das linhas intermunicipais no Vale do Aço foram assinados no dia
12 de outubro de 2012, na modalidade de concessão. Conforme tabela 7, são
apenas quatro as linhas concedidas com origem e dentinho dentro da RMVA.
Porém, a concessionária, com anuência da SETOP, cria derivações destas linhas de
modo a melhor atender os desejos de deslocamentos entre os quatro municípios do
Vale do Aço.
90
Tabela 7: Contratos do transporte intermunicipal dentro da RMVA
Fonte: SETOP
91
ao longo de cada linha. A tabela 8 apresenta todos os dados disponibilizados pela
SETOP bem como os dados que não que a Secretaria não possui.
92
Tabela 8: Dados disponíveis sobre as linhas urbanas intermunicipais da RMVA
Começa e Media Media Índice de
Linha Carrega- Tarifa
Tabela termina simples de simples de passagei-
Contrato Linha Sub-linha Nome da linha mapeada mento por Km média no
Tarifária dentro da passageiros viagens por ros por
? seção? período
RMVA? por dia dia Km - IPK
3021 CORONEL FABRICIANO - SANTANA DO PARAÍSO FM SIM NÃO NÃO 38,9 25 1 0,54 R$ 8,83
30211 IPATINGA - SANTANA DO PARAÍSO (ATP) FM SIM NÃO NÃO 20,4 4.032 182 1,08 R$ 4,62
109/2012 3021
30212 IPATINGA - BAIRRO INDUSTRIAL (ATP) FM SIM NÃO NÃO 13,0 4.574 220 1,60 R$ 2,95
3021A IPATINGA - ÁGUAS CLARAS (ATP) FM SIM NÃO NÃO 13,8 839 40 1,51 R$ 3,12
3179 CEL.FABRICIANO - BAIRRO CARIRU FM SIM NÃO NÃO 19,1 2.048 99 1,08 R$ 4,32
110/2012 3179
3179B BAIRRO ENG.AMARO - BAIRRO CARIRU FM SIM NÃO NÃO 11,6 628 31 1,77 R$ 3,11
111/2012 3181 3181 BAIRRO ENGENHEIRO LANARI - IPATINGA FM SIM NÃO NÃO 13,8 2.507 121 1,50 R$ 3,11
3182 TIMOTEO - IPATINGA FM SIM NÃO NÃO 30,5 2.841 137 0,68 R$ 6,92
31821 TIMOTEO - IPATINGA (ATP) CM SIM NÃO NÃO 34,3 0 0 – –
31822 BAIRRO CALADINHO CIMA - TIMÓTEO (TER. RODOVIÁRIO) (ATP) FM SIM NÃO NÃO 15,2 772 37 1,36 R$ 3,46
31823 CORONEL FABRICIANO - CACHOEIRA DO VALE (ATP) FM SIM NÃO NÃO 7,1 978 47 2,91 R$ 2,80
31824 CORONEL FABRICIANO - BAIRRO ALPHAVILE (ATP) FM SIM NÃO NÃO 13,8 1.756 84 1,51 R$ 3,11
31825 CORONEL FABRICIANO - IPATINGA (URBANO EXECUTIVO) (ATP) IM SIM NÃO NÃO 17,6 0 0 – –
31826 MACUCO - IPATINGA (ATP) FM SIM SIM NÃO 32,0 0 0 – –
112/2012 3182
3182A CORONEL FABRICIANO - BAIRRO VILA CELESTE (ATP) FM SIM NÃO NÃO 20,7 88 4 0,98 R$ 4,71
3182B CORONEL FABRICIANO - BAIRRO BOM JARDIM (ATP) FM SIM NÃO NÃO 20,7 1.425 69 1,00 R$ 4,71
3182C CORONEL FABRICIANO - TIMÓTEO (TER. RODOVIÁRIO) (ATP) FM SIM NÃO NÃO 11,5 2.888 140 1,80 R$ 2,80
3182D TIMOTEO - CORONEL FABRICIANO (ATP) FM SIM NÃO NÃO 16,0 2.862 139 1,29 R$ 3,63
3182E CORONEL FABRICIANO - IPATINGA (ATP) FM SIM NÃO NÃO 17,6 9.295 448 1,18 R$ 4,01
3182F BAIRRO SANTA CRUZ - IPATINGA (ATP) FM SIM NÃO NÃO 22,9 2.179 104 0,91 R$ 5,21
3182G BAIRRO FLORESTA - TIMÓTEO (TER. RODOVIÁRIO) (ATP) FM SIM NÃO NÃO 16,0 1.506 73 1,29 R$ 3,63
3183 IPATINGA - SAO CANDIDO F NÃO SIM NÃO 36,6 1.205 49 0,68 R$ 7,11
113/2012 3183
3183A IPATINGA - IPABA (ATP) F NÃO SIM NÃO 19,0 5.863 251 1,23 R$ 4,47
3962 IPATINGA - S.JOAO ORIENTE C NÃO SIM NÃO 54,0 1.192 36 0,61 R$ 9,23
114/2012 3962 39621 IPATINGA - DISTR.INDUSTRIAL (ATP) FM SIM NÃO NÃO 6,3 152 7 3,29 R$ 2,80
3962A IPATINGA - IAPU - ATP F NÃO SIM NÃO 34,0 120 6 0,61 R$ 8,03
Fonte: O autor, com informações fornecidas pela SETOP (tratamento de dados referentes ao período de janeiro de 2016 a abril de 2017).
93
A intenção inicial neste trabalho era fazer um estudo em cima da rede de
transporte, mas com a limitação dos dados disponíveis poderiam ser feitas
interpretações equivocadas sobre o padrão de funcionamento do sistema. A
informação sobre o número de passageiros que usam cada linha seria muito útil se
houvessem os dados de carregamento divididos em seções da linha, mas conforme
informado pela SETOP não há esse tipo de informação.
Conforme consta na tabela 8, pode-se considerar que não existe o
mapeamento da rede de transporte intermunicipal na RMVA. Das cinco linhas, de
um total de 26, que estão georreferenciadas, apenas a linha 31826 fica dentro dos
limites metropolitanos, mas trata-se de uma linha inoperante. Todas as outras quatro
linhas mapeadas são ligações com cidades do colar metropolitano, tendo relevância
apenas a sub-linha 39621 da qual foi falado anteriormente.
94
“Apesar de algumas tentativas pouco eficientes, outro fator que contribui para
piorar o sistema é a falta de integração atual dos sistemas. [...] Um usuário que
pretenda se deslocar, por exemplo, da Prefeitura de Timóteo até a Prefeitura de
Santana do Paraíso, passando por Coronel Fabriciano e Ipatinga, terá que trocar
de ônibus quatro vezes [pagando quatro passagens], ou se utilizando de linhas
intermunicipais, trocar de ônibus duas vezes, tendo que aguardar muito mais
tempo e gastar mais dinheiro” (UNILESTE, 2014).
“Há um clamor popular muito forte por mais integração do sistema de transporte
coletivo na RMVA. Além de linhas desarticuladas, há muita queixa com relação ao
preço das tarifas atualmente praticas. Este cenário inviabiliza o deslocamento
cotidiano de um trabalhador de um município que resida em outro, haja vista que o
custo com o transporte fica caro tanto para empregadores quanto para
empregados. A classe política metropolitana tem essa percepção, tendo em vista
tratar-se de um assunto de forte interesse popular” (João Luiz Teixeira Andrade,
Agência RMVA, 2017).
Portanto, a possibilidade de unir os diferentes sistemas municipais e o
intermunicipal de transportes em um só por meio de um consórcio público poderia
trazer facilidades e modicidade nos custos com pagamento de várias tarifas pelo o
usuário e também pelos empregadores.
Outro aspecto que merece consideração são os conflitos entre as empresas,
principalmente na divisa entre Ipatinga e Santana do Paraíso. Os bairros que se
formaram no município de Santana do Paraíso ao longo dos limites com Ipatinga não
possuem vias que liguem esses bairros à sede daquele município, conforme figura
12. Com isso, os veículos e linhas municipais de Santana do Paraíso precisam
passar por dentro da cidade de Ipatinga para que moradores de bairros como o
Cidade Nova possam acessar o Centro do seu respectivo município. Existem
algumas estradas vicinais que ligam esses bairros à sede de Santana do Paraíso,
passando pelo interior deste município, mas precárias para o transporte coletivo
urbano.
Existe uma linha municipal de Santana do Paraíso, operada pela Univale, que
liga o Bairro cidade Nova à sede de Santana do Paraíso, passando pela cidade de
Ipatinga, situação que gera conflitos, segundo relatos. Da mesma forma houve linha
municipal de Ipatinga, operada pela Saritur/Autotrans, que simplesmente fazia
retorno no bairro de Santana do Paraíso, o que também gerou atrito entre as
empresas. Situações como estas também poderiam ser mitigadas se por uma
concessão única da rede de transportes, com a distribuição de linhas à iniciativa
95
privada de forma mais equitativa através de lotes de concessão. Um recurso que
também poderia ser usado por meio de um consórcio público como único poder
concedente.
Bairro Cidade
Nova
96
“O Plano de Trabalho prevê para o Eixo Mobilidade um Estudo de Alternativas de
Transporte Público de Massa para a RMVA, de implantação a longo prazo. Trata-
se de estudo que deve ter continuidade na próxima fase do PDDI, e que só deve
se apresentar finalizado no relatório de proposições” (UNILESTE, 2014).
Não é de se descartar a possibilidade de implantação dos referidos recursos
em transpores. No entanto, entende-se que seja um tanto ousado a definição de
itinerários e estações de BRT ou VLT sem uma base de dados que exponha com
clareza os principais desejos de viagens entre zonas de tráfego determinadas, de
modo a possibilitar as necessárias estimativas de demanda. A estimação do número
de passageiros é importante para assegurar a viabilidade operacional e financeira do
sistema. Conforme exposto na figura 13, a capacidade mínima de um sistema BRT é
de três mil passageiros por hora em cada sentido, enquanto que o VLT é capaz de
transportar a partir de seis mil pessoas por sentido a cada hora.
Fonte: Ministério das Cidades, 2008: Manual do BRT, p. 78. (Adaptado pelo autor)
98
7 Desejos de deslocamentos entre os municípios
99
Tabela 9: Porcentagem das viagens a trabalho nas RMs.
VIAGENS A
TRABALHO (%)
39,1% 36,1% 41,4% 41,1% 45,0% 54,1% 52,1% 57,2% 41,6% 46,5%
Fonte: Mobile/BNDES (2002), apud Villavicencio et al. (2006), adaptado pelo autor.
Notas: (1) Amostra total de 6.158 casos; (2) A proporção das viagens realizadas a trabalhos refere-se às viagens
intrametropolitanas de modo geral, sejam dentro do mesmo município ou entre municípios diferentes.
100
Figura 14: Viagens para o trabalho e Figura 15: Viagens para o trabalho e
escola na RMBH escola na RMBH (exceto residência)
101
Quadro 1: Variáveis de identificação de onde o informante trabalhava/ estudava
Fonte: Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE: Documentação / Layout microdados Amostra.
Nota: As variáveis V6364 e V6604 foram usadas para extrair principalmente os dados para o
subcapítulo 7.2; As variáveis V0636 e V0660 foram usadas principalmente no subcapítulo 7.3; Nas
variáveis V6364 e V6604 são usados os códigos dos municípios e nas variáveis V0636 e V0660 são
usados os números de acordo com as opções disponibilizadas para resposta. Quando não o
informante.
102
Tabela 10: Pessoas que trabalham e/ou estudam em outro município
MUNICÍPIO ONDE TRABALHA E/OU ESTUDA – CENSO 2010
Antônio Dias
Entre Folhas
Belo Oriente
São José do
Dom Cavati
Santana do
Bom Jesus
Fabriciano
Total geral
Jaguaraçu
Caratinga
Mesquita
do Galho
Periquito
Joanésia
Marliéria
Dionísio
Timóteo
Ipatinga
Coronel
Goiabal
Paraíso
d'Água
Pingo-
Naque
Bugre
Ipaba
SOMA DE
Iapu
PESSOAS
104
Figura 16: Intensidade dos deslocamentos entre os municípios da RMVA
Belo
Oriente
Santana do
Paraíso
Ipaba
Iapu
Ipatinga
Coronel Caratinga*
Fabriciano
Timóteo
Jaguaraçu
Marliéria
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
* Diferente das demais cidades, a posição de Caratinga neste mapa não equivale à localização da sede
municipal, mas apenas os assentamentos urbanos deste município nas proximidades da RMVA. A sede
municipal de Caratinga fica muito distante da RMVA, conforme já mostrado na figura 9, do subcapítulo 5.5.
105
No município de Belo Oriente é onde fica a planta industrial da Celulose Nipo-
Brasileira (CENIBRA), grade fabricante mundial de celulose branqueada (insumo da
fabricação de papel, dentre outros). Por tal motivo, Belo Oriente é o único município
fora da RMVA a recebe um número relativamente grande de trabalhadores
residentes de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso: são
1.218 pessoas que saiam da RMVA para trabalhar no município de Belo Oriente,
segundo os dados do Censo 2010, não havendo nenhuma pessoa se deslocando
por estudo nesse número. Mas apesar da grande indústria em Belo Oriente, muitas
pessoas se deslocavam daquela cidade para estudar e/ou trabalhar na RMVA,
sendo 1.432 ao todo no sentido contrário.
Já Caratinga é um município muito peculiar pela disposição geográfica de seu
território. Dentre os municípios do Colar Metropolitano, Caratinga é de longe o mais
populoso, com 85 mil habitantes de acordo com o Censo 2010. Se fosse membro
pertencesse à RMVA, Caratinga seria o terceiro município mais populoso, à frente
de Timóteo e Santana do Paraíso. Entretanto, a sede municipal de Caratinga é uma
das mais distantes da RMVA, não aparentando (a sede) ter nenhuma interação
relevante com os quatro municípios metropolitanos do Vale do Aço.
Contudo, a extremidade noroeste do território de Caratinga se limita
diretamente com os municípios da RMVA, mais precisamente com o aeroporto
regional, em Santana do Paraíso, e também próximo ao centro da cidade de
Ipatinga. Segundo informações do Eixo de Ordenamento Territorial do Diagnóstico
do PDDI nesta parte de Caratinga, mais próxima à RMVA, existem pelo menos três
loteamentos, incluído um condomínio, além de chácaras, constituindo-se uma área
de expansão urbana, por ser uma área favorável para ocupação (UNILESTE, 1014).
Quanto ao município de Ipaba, há um expressivo movimento pendular em
direção a Ipatinga. De todos os municípios do Colar Metropolitano, Ipaba é o que
mais produz deslocamentos relativos a trabalho e/ou estudo em direção a RMVA.
Aliás, um quarto de todos os deslocamentos do Colar Metropolitano para a RMVA é
proveniente de Ipaba, conforme pode se extrair da tabela 11, a seguir. A localização
da sede municipal de Ipaba também merece atenção, por esta estar literalmente na
divisa com o município de Santana do Paraíso, na RMVA.
Confirmando o relativo destaque destes três municípios do Colar Metropolitana
– Belo Oriente, Caratinga e Ipaba –, a tabela 11 mostra a geração de deslocamentos
106
em cada município. Neste caso, geração é o resultado da soma entre produção e
atração dos deslocamentos intermunicipais de cada município, conforme definido por
Campos (2013, p. 50) se referindo à geração de viagens. Lembrando ainda que os
deslocamentos entre municípios do Colar Metropolitano estão sendo
desconsiderados, mas considerados apenas os deslocamentos entre estes e a
RMVA.
Número de Número de
Município pessoas que pessoas que Total
entram saem
Ipatinga 28.741 5.578 34.319
Coronel Fabriciano 6.690 14.884 21.573
Timóteo 5.285 7.543 12.827
Santana do Paraíso 1.169 7.448 8.617
Belo Oriente 1.218 1.432 2.650
Ipaba 147 2.352 2.499
Caratinga 534 738 1.272
Jaguaraçu 155 462 616
Marliéria 124 480 604
Iapu 34 521 555
Mesquita 88 369 458
Antônio Dias 47 350 397
Bom Jesus do Galho 71 316 386
Naque 57 264 320
Dionísio 21 269 289
Joanésia 30 256 286
São João do Oriente 0 196 196
Pingo-d'Água 42 144 185
Bugre 49 125 174
Açucena 0 171 171
Vargem Alegre 0 154 154
Dom Cavati 11 142 152
Periquito 19 120 139
Entre Folhas 25 55 80
Braúnas 0 75 75
São José do Goiabal 19 42 61
Córrego Novo 0 57 57
Sobrália 0 32 32
Total 44.574 44.574
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do
IBGE.
Nota: Aqui, a soma entre pessoas que entram e que saem de cada município
equivalem aos resultados apresentados no estudo dos Arranjos populacionais e
concentrações urbanas no Brasil (IBGE, 2015), porém, esta tabela não abrange
apenas os 10 municípios do arranjo considerado no referido estudo, mas todos os
28 municípios da RMVA e Colar Metropolitano. Dados completos no Apêndice.
107
A tabela 11 mostra mais claramente, em números absolutos, o quanto Ipatinga
polariza a RMVA e o Colar Metropolitano ao atrair quase dois terços de todos os
deslocamentos intermunicipais por trabalho e/ou estudo produzidos pelos outros 27
municípios. Também não deixa de chamar atenção a proporção dos deslocamentos
produzidos por Coronel Fabriciano, que equivale a um terço de todos os
deslocamentos atraídos pelos outros municípios do Vale do Aço.
Para uma visão mais clara da proporção e perfil dos deslocamentos gerados
por cada município, motivados por trabalho e/ou estudo, foi gerado o mapa da figura
17, a partir dos dados da tabela 11.
108
Figura 17: Geração de deslocamentos intermunicipais por trabalho e estudo
Mesquita Naque
Belo
Oriente
Santana do
Paraíso
Ipaba Bugre
Ipatinga
Iapu
Coronel
Fabriciano Caratinga*
Timóteo
Jaguaraçu
Marliéria
Pingo-d’Água
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
* Diferente das demais cidades, a posição de Caratinga neste mapa não equivale à localização da sede
municipal, mas apenas os assentamentos urbanos deste município nas proximidades da RMVA. A sede
municipal de Caratinga fica muito distante da RMVA, conforme já mostrado na figura 9, do subcapítulo 5.5.
109
colar (44.574, conforme tabela 10). Percebe-se nestes dados a preponderância do
município de Ipatinga em centralizar a atração de pessoas para trabalhar e estudar
na cidade, enquanto Coronel Fabriciano é o município metropolitano de onde mais
saem pessoas para exercer tais atividades nas outras cidades, em números
absolutos.
Ainda tomando a ilustração das linhas de desejo de deslocamento da figura 16
fica claro também que são exatamente os quatro municípios metropolitanos que
concentram a grande maioria das relações de trabalho e estudo intermunicipais,
confirmando estas quatro cidades como limite e cenário mais adequado para se
tratar de uma possível integração de transportes, com base nestes dados do IBGE.
Coronel
10.694 – 3.397 95 14.186
Fabriciano
Santana
7.166 98 18 – 7.282
do Paraíso
Fonte: O autor com dados dos resultados gerais da amostra do Censo 2010 do
IBGE
111
Tabela 13: Relação de pessoas que trabalham e que estudam no mesmo município fora do município
de residência
% que
Em outro realizam
No município
Cidade Atividade município na atividade
de residência
RMVA em outro
município
Só estudam 6.657 534 7%
Belo Só trabalham 7.022 937 12%
Oriente Trabalham e Estudam 662 38 5%
Trabalham e/ou Estudam 13.016 1.432 10%
Só estudam 22.644 178 1%
Só trabalham 33.459 594 2%
Caratinga
Trabalham e Estudam 3.682 33 1%
Trabalham e/ou Estudam 52.420 738 1%
Só estudam 25.781 3.080 11%
Coronel Só trabalham 29.574 11.815 29%
Fabriciano Trabalham e Estudam 2.769 809 23%
Trabalham e/ou Estudam 52.586 14.086 21%
Só estudam 4.577 310 6%
Só trabalham 3.516 2.151 38%
Ipaba
Trabalham e Estudam 352 128 27%
Trabalham e/ou Estudam 7.741 2.332 23%
Só estudam 66.216 1.867 3%
Só trabalham 99.140 2.338 2%
Ipatinga
Trabalham e Estudam 11.433 100 1%
Trabalham e/ou Estudam 153.922 4.105 3%
Só estudam 5.189 1.870 26%
Santana
Só trabalham 5.411 5.734 51%
do
Paraíso Trabalham e Estudam 487 377 44%
Trabalham e/ou Estudam 10.113 7.228 42%
Só estudam 20.958 2.639 11%
Só trabalham 28.597 4.783 14%
Timóteo
Trabalham e Estudam 2.244 441 16%
Trabalham e/ou Estudam 47.311 6.980 13%
Fonte: O autor com dados dos resultados gerais da amostra do Censo 2010 do IBGE.
Nota: Na última coluna, a porcentagem das pessoas que “só trabalham” “em outro município da
RMVA” está destacada por esta ter tipicamente uma proporção maior.
Figura 18: Pessoas que trabalham em outro município da RMVA X pessoas que trabalham no mesmo
município de residência
Belo
Oriente
Santana do
Paraíso Ipaba
Ipatinga
Coronel Caratinga*
Fabriciano
Timóteo
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
* Diferente das demais cidades, a posição de Caratinga neste mapa não equivale à localização da sede
municipal, mas apenas os assentamentos urbanos deste município nas proximidades da RMVA. A sede
municipal de Caratinga fica muito distante da RMVA, conforme já mostrado na figura 9, do subcapítulo 5.5.
114
uma polarização sobre os demais municípios, a justificativa se dá pelo
distanciamento do contexto urbano deste município em relação à RMVA.
115
116
8 Consórcio Público na gestão do transporte na RMVA
Considerando tudo que foi estudado nos capítulos anteriores e com base nos
problemas identificados nas redes de transportes públicos da Região Metropolitana
do Vale do Aço, esta parte traz uma abordagem das possíveis soluções que a
formação de um consórcio público talvez pudesse proporcionar com a unificação das
redes hoje existentes. Inicialmente, o subcapítulo 8.1 faz um adendo sobre quais os
municípios fariam sentido participar de um consórcio público em transporte no Vale
do Aço, considerando as interações entre os municípios estudadas no capítulo 7. Na
sequência, o subcapítulo 8.2 aponta, genericamente, a integração, racionalização e
economias de escala como resultados esperados com a constituição de um
consórcio público. O subcapítulo 8.3 já apresenta as conclusões obtidas neste
trabalho e, finalmente, o subcapítulo 8.4 apresenta termina com as considerações
finais a serem levadas em conta.
117
metropolitano, ou mesmo se fundamentando na percepção equivocada de conferir
maior importância a município não metropolitano, simplesmente por este estar se
associando a um conjunto maior. Em ambas as situações estaria havendo desvio da
finalidade relativa ao objeto do Consórcio Público. Neste sentido, o consorciamento
dos municípios deve se fundamentar apenas com base na relevância destes no
contexto da área de atuação do consórcio público, neste caso, o transporte coletivo.
Cabe lembrar que o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano,
modelo institucional deste trabalho, contemplou somente os municípios que
compõem a região metropolitana legalmente instituída. Além disso, conforme já dito
no subcapítulo 3.4, o Consórcio Grande Recife somente usou como critério para
definição das cotas de participação dos municípios no consórcio o número de
viagens geradas por cada um, isto é, a composição do consórcio foi baseada em um
critério técnico de acordo com o objeto.
De acordo com o que foi apresentado no subcapítulo 7.2, com base nos dados
do Censo 2012 do IBGE, a maior intensidade dos deslocamentos motivados pelas
atividades de trabalho e de estudo se concentra exatamente entre os quatro
municípios metropolitanos – Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo. Os
deslocamentos gerados pelos municípios de Belo Oriente, Caratinga e Ipaba,
embora se destaquem em relação ao demais municípios do Colar Metropolitano, não
necessariamente justificariam a participação destes municípios no Consórcio
Público.
Belo Oriente atrai significativo número de pessoas dos municípios da RMVA
muito em função da planta industrial da Cenibra, instalada neste município, embora
ainda exista algum número expressivo de pessoas também se deslocando em
direção à Ipatinga. Há que se considerar que Belo Oriente não é contiguo com os
municípios da RMVA, muito ao contrário, o município fica a mais de 40 quilômetros
de Ipatinga, ou seja, fora do contexto da área metropolitana propriamente dita. Já
unidade fabril da Cenibra fica a aproximadamente 30 quilômetros de Ipatinga e,
embora mais perto, também fica muito distante da realidade urbana da RMVA. Além
de tudo, não nos parece razoável que um sistema de transporte público seja
configurado para promover um atendimento tão pontual e específico, como no caso
da planta industrial da Cenibra, que, aliás, deve oferecer um transporte especial para
seus operários.
118
O caso de Caratinga é totalmente excepcional pela disparidade por causa da
disposição espacial do território do município. Mesmo que tenha sido identificado
alguma relação com a RMVA em referente a deslocamentos por trabalho e estudo,
tais viagens não fazem nenhum sentido se com a sede municipal de Caratinga, que
está a cerca de 90 quilômetros de Ipatinga. Se existe certa intensidade de
deslocamentos de Caratinga com o Vale do Aço, esta só pode ser explicada em
função nos novos bairros que crescem nas proximidades da divisa com municípios
da RMVA. Assim tal, relação seria muito pontual no próprio contexto municipal de
Caratinga, o que, portanto, não justificaria que este município viesse a constituir
consórcio de transportes com o Vale do Aço.
Já o caso de Ipaba é um pouco diferente. O número de deslocamentos gerados
pelo município por trabalho e estudo é quase todo constituído de pessoas que saem
da cidade. Além disso, a cidade já é atendida com uma linha de caráter urbano que
a liga à Ipatinga (linha 3183A), sendo esta incrivelmente a segunda linha mais
movimentada de toda a relação informada pela SETOP. Tais características são
compatíveis com a de uma cidade dormitório, o que pode requerer estudos mais
detalhados. Ainda assim, considerando o relativo distanciamento da sede municipal
de Ipaba em relação ao centro da RMVA e a pouca representatividade no contexto
da região metropolitana como um todo, não caberia a participação de Ipaba em um
consórcio com os municípios metropolitanos. Neste caso, em particular, o município
de Ipaba, fora da área de atuação de um eventual consórcio público de transportes
no Vale do Aço, ainda poderia ser atendido por meio de um convênio entre o estado
e o possível consórcio público.
Por fim, com base nos dados que foram possíveis levantar até aqui e expostos
nos subcapítulos 6.4 e 7.2 e nas considerações feitas neste capítulo, entende-se
que só faria sentido a constituição de um consórcio público se na região
metropolitana legalmente instituída. Assim, os possíveis membros só seriam os
municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo, além do
governo do estado de Minas Gerais. Uma composição mais abrangente que esta
poderia acarretar profundas discrepâncias, podendo ocasionar desequilíbrios na
rede de transporte. Tais desequilíbrios poderiam ser ocasionados pelo acúmulo de
linhas relativamente deficitárias para localidades mais distantes, com índices de
passageiros por quilômetro (IPK) bastante reduzido nestas linhas em razão de a
119
concentração da entrada e saída de passageiros se localizar basicamente nas duas
pontas de determinadas linhas (comportamento típico de linhas rodoviárias).
Integração
Racionalização
Economias
de Escala
Fonte: O autor.
120
usuários do serviço. Com isso, a unificação destes sistemas, geridos por uma única
entidade, no caso o consórcio público, abre a possibilidade da implantação de uma
política tarifária única para toda a região metropolitana, onde fosse possível a
inserção da integração tarifária. De imediato, a integração temporal, por meio de um
sistema de bilhetagem eletrônica unificado, é uma solução relativamente simples, já
que não se fazem necessárias obras estruturais, não requerendo grandes
investimentos para sua implantação. Contudo, há certa complexidade no que diz
respeito à situação contratual já em curso com as empresas operadoras do sistema,
havendo a necessidade de aditivos contratuais que considerem o equilíbrio
econômico-financeiro. No mais, havendo um planejamento, em especial para novas
licitações do serviço, eventualmente feitas diretamente pelo consórcio público, é
perfeitamente cabível a adoção da integração tarifária que atenda os anseios dos
usuários por este recurso.
Quanto a Racionalização do sistema de transporte ela está mais relacionada
ao planejamento e diz respeito a tornar o sistema mais eficaz, mais produtivo, e mais
lógico. Neste sentido, em vez de se ter quatro órgãos municipais e mais um órgão
estadual planejando isoladamente, o consórcio público propõe que esse
planejamento se dê a um nível macro, que trate não apenas das questões locais ou
pontuais, mas destas questões dentro de um contexto maior, isto é, dentro do
contexto metropolitano. Na prática, racionalizar o sistema significa, por exemplo,
eliminar as sobreposições que gerem competições entre linhas municipais e
intermunicipais; da mesma forma tratar as justaposições e conflitos entre diferentes
linhas municipais nos limites territoriais, como o de Ipatinga e Santana do Paraíso; e
fundamentalmente criar uma rede que seja lógica e funcional para o usuário no
sentido de facilitar o deslocamento entre diversas áreas da região metropolitana,
com itinerários que favoreçam a integração entre diferentes linhas. Por último, é
importante ressaltar que a racionalização também deve abranger a metodologia do
cálculo tarifário, unificando uma planilha para todas as linhas geridas pelo consórcio
e específica para o Vale do Aço, de acordo com as próprias características locais.
Já a economia de escala pode ser um resultado natural da criação de um
consórcio público, uma vez que se pressupõe ofertar pelo menos o mesmo serviço,
mas com recursos e estrutura mais enxuta através da unificação ou centralização da
gestão. Em termos práticos, as economias de escala podem ser observadas tanto
121
para o poder público quanto para as empresas operadoras do serviço. Na esfera
pública, quando da constituição de um consórcio haverá uma convergência das
prefeituras e governo do estado para um único arranjo, especializado, neste caso,
na gestão do serviço de transporte coletivo. Com isso, em vez de se ter vários
departamentos municipais e estadual fazendo o mesmo trabalho, tarar-se-á um
órgão apenas que realiza todos estes trabalhos para todos os membros
consorciados.
Já a empresa que opera o sistema teria ganho de escala ao também poder
unir suas operações: uma empresa que hoje possui relações contratuais com
municípios diferentes, como a Saritur/Autotrans, poderia unificar seus processos de
modo a reduzir gastos e melhorar seus resultados. Mas o maior ganho econômico
para as empresas seria resultado da racionalização do sistema, já que se eliminadas
as competições que ocasionem perda de passageiros nas linhas sobrepostas ou
justapostas, consequentemente a operação será otimizada, o que significa redução
de custos operacionais ou mesmo perdas.
8.3 Conclusões
123
Metropolitana do Recife, além de Olinda e Recife, foi descontinuado também em
função da “ausência de uma liderança aglutinadora que articule os municípios em
torno do interesse coletivo”, conforme conclui Ramalho (2009).
Diferente da Região Metropolitana de Recife, o Vale do Aço já possui o que
seria uma “liderança aglutinadora” que é a Agência RMVA. Esta Agência já funciona
hoje como uma âncora que reúne os municípios e o estado em torno dos assuntos
metropolitanos. Assim, é fundamental o papel da Agência RMVA na promoção da
articulação entre prefeitos e vereadores dos municípios metropolitanos do Vale do
aço e com o governo estadual para discutir as alternativas para solução dos
problemas de interesse comum.
Outro aspecto facilitador para as negociações políticas em torno da
constituição de um Consórcio Público é o pequeno número de municípios que
compõem a região metropolitana de fato: apenas quatro municipalidades na RMVA.
A título de comparação, a Região Metropolitana de Belo Horizonte possui 34
municípios ao todo, onde seria moroso e muito difícil o estabelecimento de
negociações. Além disso, os municípios do da RMVA não possuem uma assimetria
populacional tão acentuada como em grandes regiões metropolitanas: O município
menos populoso, Santana do Paraíso, possui população equivalente a cerca de 13%
do município mais populoso, Ipatinga, que tem 240 mil habitantes, segundo
estimativa do IBGE para 2016. Voltando à comparação com a RMBH, 14 dos 34
municípios tem população inferior a 1% da população do município mais populoso,
Belo Horizonte, com 2,5 milhões de habitantes, segundo estimativas do IBGE de
2016. Também a Região Metropolitana de Recife, mesmo sendo formada de apenas
14 municípios, quatro destes possuem população inferior a 5% em relação a maior
cidade, Recife, com 1,6 milhão de habitantes em 2016, segundo o IBGE.
Tais assimetrias em grandes regiões metropolitanas como a de Belo Horizonte
e Recife são, por si só, fatores de dificultam a negociação em função da grande
diferença de realidade entre os municípios. Talvez este seja um dos motivos que faz
com que, na Região Metropolitana do Recife, muitos municípios menores não
ingressassem no Consórcio de Transporte Metropolitano já que, conforme constatou
Ramalho (2009), “não houve maior esforço por parte da gestão estadual em inseri-
los por não terem grande peso no consórcio”.
124
8.4 Considerações finais
125
126
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132
Apêndice
133
Soma de PESSOAS Município de RESIDÊNCIA
Coronel Santana do
Município onde TRABALHA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Manhuaçu 13 8 21
Paracatu 9 12 20
Simonésia 20 20
Ouro Preto 10 10 19
Periquito 7 12 19
Conselheiro Lafaiete 11 7 18
Inhapim 17 17
Divinolândia de Minas 16 16
Sete Lagoas 15 15
Felixlândia 14 14
Frei Inocêncio 13 13
Ponte Nova 13 13
Três Marias 12 12
Catas Altas 12 12
São José da Lapa 12 12
Itajubá 12 12
Janaúba 12 12
Tiros 12 12
Senhora do Porto 12 12
Muriaé 11 11
Itatiaiuçu 11 11
Divino das Laranjeiras 11 11
Barroso 11 11
Pedra Azul 11 11
Galiléia 10 10
Igarapé 10 10
Juiz de Fora 10 10
Rio Casca 10 10
Patos de Minas 10 10
Serro 10 10
São José do Goiabal 10 10
Itabira 10 10
Santa Maria do Suaçuí 10 10
Fortaleza de Minas 10 10
Dionísio 9 9
Lagoa Santa 9 9
Montes Claros 9 9
Ribeirão das Neves 8 8
Tarumirim 8 8
Ubá 8 8
Barão de Cocais 8 8
Central de Minas 8 8
Viçosa 7 7
Divinópolis 7 7
Dom Silvério 7 7
Virginópolis 6 6
Santa Maria de Itabira 3 3
134
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE. * O IBGE
contou pessoas que trabalhavam em outro município, mas não sabia informar qual, com a opção
"Não sabe município", conforme documentação.
135
Soma de PESSOAS Município de RESIDÊNCIA
Coronel Santana do
Município onde ESTUDA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Central de Minas 11 11
Dom Cavati 11 11
Tiradentes 10 10
Manhuaçu 10 10
Montes Claros 10 10
Vespasiano 10 10
Malacacheta 10 10
Barão de Cocais 10 10
São José do Goiabal 10 10
Guanhães 9 9
Galiléia 9 9
Joanésia 9 9
Divinópolis 9 9
Divinolândia de Minas 8 8
Vermelho Novo 7 7
Rio Casca 7 7
Pocrane 6 6
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE. * O IBGE
contou pessoas que estudavam em outro município, mas não sabia informar qual, com a opção "Não
sabe município", conforme documentação.
136
Soma de PESSOAS Município de RESIDÊNCIA
137
Soma de PESSOAS Município de RESIDÊNCIA
138
Soma de PESSOAS Município de RESIDÊNCIA
139
Pessoas que entram nos quatro municípios da RMVA
140
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
141
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
142
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Catuji 4 4
Rio Doce 4 4
Galiléia 4 4
Araújos 4 4
Poté 4 4
Alto Rio Doce 4 4
Senhora do Porto 4 4
Inhaúma 4 4
Urucânia 4 4
Central de Minas 4 4
Chalé 3 3
Dona Eusébia 3 3
Marilac 3 3
Vieiras 3 3
Bom Jesus do Amparo 3 3
Datas 3 3
Reduto 3 3
São Geraldo do Baixio 3 3
Materlândia 3 3
Comercinho 3 3
Cristiano Otoni 3 3
Alvarenga 2 2
Alpercata 2 2
São Sebastião do Rio Preto 2 2
Mathias Lobato 2 2
Santa Bárbara do Tugúrio 2 2
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
143
Por motivo de Estudo
144
Soma de PESSOAS Município onde ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Dores de Guanhães 28 28
Córrego Novo 7 13 6 27
São João Evangelista 27 27
São José do Goiabal 8 16 3 27
Virginópolis 26 26
Ferros 14 8 22
Serro 12 9 21
Divinolândia de Minas 6 11 3 20
Manhuaçu 7 12 19
Rio Piracicaba 5 14 18
Ibirité 16 16
Pocrane 15 15
Igarapé 14 14
Bela Vista de Minas 9 5 14
Alvinópolis 10 4 14
Itabirinha 5 9 14
Mendes Pimentel 4 9 13
Minas Novas 12 12
Peçanha 5 7 12
Pedra Azul 12 12
Capelinha 11 11
Alvarenga 11 11
Ouro Branco 11 11
Central de Minas 11 11
Teófilo Otoni 10 10
Itaúna 10 10
Sobrália 7 3 10
Sabinópolis 10 10
Água Boa 10 10
Mutum 10 10
Santa Maria do Suaçuí 10 10
Jordânia 9 9
Lajinha 5 4 9
Viçosa 9 9
Pirapora 8 8
Araguari 8 8
Ouro Verde de Minas 8 8
Conselheiro Lafaiete 8 8
Imbé de Minas 2 5 8
Nanuque 8 8
Uberlândia 6 6
Conceição dos Ouros 6 6
Caraí 6 6
Ladainha 6 6
145
Soma de PESSOAS Município onde ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Capitão Andrade 3 3 6
Coroaci 6 6
Caputira 6 6
Águas Formosas 6 6
Padre Paraíso 6 6
Virgolândia 6 6
Itaipé 6 6
Gonzaga 3 3 5
Conselheiro Pena 5 5
São Gonçalo do Rio Abaixo 5 5
Eugenópolis 5 5
Tombos 5 5
Bom Jesus do Amparo 3 2 5
Montezuma 5 5
São Pedro do Suaçuí 5 5
Porto Firme 5 5
Santa Maria de Itabira 5 5
Urucânia 5 5
Ubaporanga 5 5
Rio Novo 4 4
Paulistas 4 4
Rio Vermelho 4 4
Resplendor 4 4
Jacinto 4 4
Mathias Lobato 4 4
Santa Rita do Itueto 4 4
São João do Manteninha 4 4
Santa Rita de Minas 4 4
Santa Bárbara do Leste 4 4
São Geraldo 4 4
São Gonçalo do Abaeté 4 4
Sardoá 4 4
Nacip Raydan 4 4
Frei Inocêncio 3 3
São Geraldo do Baixio 3 3
São Roque de Minas 3 3
Durandé 3 3
São Félix de Minas 3 3
São Miguel do Anta 3 3
Tumiritinga 3 3
Itueta 3 3
Joaíma 3 3
Felício dos Santos 3 3
Bias Fortes 3 3
146
Soma de PESSOAS Município onde ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Dom Silvério 3 3
Pescador 3 3
Bandeira 2 2
Passabém 2 2
Belo Vale 2 2
Goiabeira 2 2
São Sebastião do Anta 2 2
São José do Jacuri 1 1
Oratórios 1 1
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
147
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA/ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
148
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA/ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Piedade de Caratinga 25 25
São Geraldo da Piedade 24 24
Gonzaga 6 17 23
Igarapé 23 23
Ouro Branco 22 22
Alvinópolis 14 7 21
Aimorés 21 21
Serro 12 9 21
Santa Bárbara do Leste 7 13 20
Conselheiro Lafaiete 8 12 19
Araguari 19 19
Santa Bárbara 18 18
Coroaci 12 6 18
Caeté 17 17
Lagoa da Prata 17 17
Sete Lagoas 17 17
Manga 16 16
Pocrane 15 15
Sardoá 14 14
São Pedro do Suaçuí 14 14
Capitão Andrade 3 11 14
Riacho dos Machados 14 14
Itabirinha 5 9 14
Caputira 13 13
Alvarenga 13 13
Mendes Pimentel 4 9 13
Visconde do Rio Branco 13 13
Minas Novas 12 12
Pedra Azul 12 12
Felício dos Santos 11 11
Capelinha 11 11
Águas Formosas 11 11
Itabirito 11 11
Padre Paraíso 6 5 11
Central de Minas 11 11
Teófilo Otoni 10 10
Itaúna 10 10
São João del Rei 10 10
Sabinópolis 10 10
Água Boa 10 10
Pedro Leopoldo 10 10
Tombos 5 5 10
São Gonçalo do Rio Abaixo 5 5 10
149
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA/ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Perdões 10 10
Santa Rita de Minas 6 4 10
Divisa Alegre 10 10
Ouro Preto 10 10
Santa Maria do Salto 10 10
Mutum 10 10
Santa Maria do Suaçuí 10 10
Almenara 10 10
Santa Maria de Itabira 5 5 10
Carangola 10 10
Tumiritinga 3 6 9
Divinópolis 9 9
Itambacuri 9 9
Mateus Leme 9 9
Montes Claros 9 9
Jordânia 9 9
Lajinha 5 4 9
Nova Lima 9 9
Dom Silvério 6 3 9
Viçosa 9 9
Pirapora 8 8
Urucânia 5 4 8
Ouro Verde de Minas 8 8
Imbé de Minas 2 5 8
Nanuque 8 8
Coronel Xavier Chaves 8 8
Jaboticatubas 7 7
Nazareno 6 6
Uberlândia 6 6
Conceição dos Ouros 6 6
Mathias Lobato 6 6
Caraí 6 6
São Geraldo do Baixio 6 6
Ladainha 6 6
São Pedro dos Ferros 6 6
Simonésia 6 6
Virgolândia 6 6
Piraúba 6 6
Astolfo Dutra 6 6
Guaraciaba 6 6
Itaipé 6 6
Eugenópolis 5 5
Fernandes Tourinho 3 2 5
150
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA/ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Matipó 5 5
Novo Oriente de Minas 5 5
Várzea da Palma 5 5
Bom Jesus do Amparo 3 2 5
Bicas 5 5
Montezuma 5 5
Rio Casca 5 5
Porto Firme 5 5
Ponte Nova 5 5
Rio Novo 4 4
Santa Cruz de Minas 4 4
Paulistas 4 4
São Gonçalo do Rio Preto 4 4
Rio Vermelho 4 4
Resplendor 4 4
Jacinto 4 4
Santa Rita do Itueto 4 4
Catuji 4 4
São João do Manteninha 4 4
Rio Doce 4 4
Galiléia 4 4
São Geraldo 4 4
Araújos 4 4
Poté 4 4
Alto Rio Doce 4 4
Senhora do Porto 4 4
São Gonçalo do Abaeté 4 4
Inhaúma 4 4
NacipRaydan 4 4
Frei Inocêncio 3 3
Chalé 3 3
São Roque de Minas 3 3
Durandé 3 3
São Félix de Minas 3 3
Dona Eusébia 3 3
Marilac 3 3
São Miguel do Anta 3 3
Vieiras 3 3
Itueta 3 3
Datas 3 3
Joaíma 3 3
Reduto 3 3
Bias Fortes 3 3
151
Soma de PESSOAS Município onde TRABALHA/ESTUDA
Coronel Santana do
Município de RESIDÊNCIA Ipatinga Timóteo Total geral
Fabriciano Paraíso
Materlândia 3 3
Comercinho 3 3
Cristiano Otoni 3 3
Pescador 3 3
Bandeira 2 2
Passabém 2 2
Belo Vale 2 2
Alpercata 2 2
São Sebastião do Rio Preto 2 2
Goiabeira 2 2
Santa Bárbara do Tugúrio 2 2
São Sebastião do Anta 2 2
São José do Jacuri 1 1
Oratórios 1 1
Fonte: O autor, com dados dos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010 do IBGE.
152
Anexo: Nota da SETOP
1. O Ministério Público, em 2003 ajuizou Ação Civil Pública contra o DER-MG e o Estado
de Minas Gerais (processo 1.0024.01.588157-6/003), com o pedido da
obrigatoriedade de promover as licitações de todas as linhas de transporte coletivo
intermunicipal de passageiros, vedadas novas prorrogações, culminando no Acórdão
proferido pela 1ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça de Minas Gerais;
2. Em 05 de junho de 2007, o Meritíssimo Juiz de Direito da 6ª Fazenda Pública Estadual
emitiu sentença, através do qual julgou-se procedente o pedido aviado pelo
Ministério Público;
3. Posteriormente o Tribunal de Justiça de Minas Gerais exarou Acórdão (Apelação
Cível, n° 1.0024.01.588157-6/003) através da 1ª Câmara Civil, por unanimidade de
votos, em rejeitar seis preliminares, “acolher preliminar de perda de objeto, dar
provimento parcial ao segundo, terceiro e quarto recursos voluntários, prejudicado o
primeiro, e, no mais, confirmada a sentença no reexame necessário;”
4. Esta Secretaria tomou as providências preliminares à publicação do Aviso de Licitação
– Audiência Pública realizada em 13/01/2010 – cuja ata foi publicada no Minas Gerais
de 23/01/2010, publicando-se a seguir o Ato de Justificação Prévia, no Minas Gerais
de 22/06/2010, para licitação de todas as linhas intermunicipais, em acatamento ao
Acórdão citado no item 3;
5. Ultimados os Projetos Básicos e os editais, deveria ser publicado o aviso de licitação.
Entretanto, o SINDPAS – Sindicato das Empresas de Transporte Intermunicipal de
Passageiros por ônibus ajuizou reclamação perante a Corte Superior do Tribunal de
Justiça (Processo 1.0000.10.046372-8/000) sob o fundamento de que o Ato de
Justificação prévia afrontou a autoridade do Acórdão ao incluir na licitação as linhas
com contrato de concessão, celebrados antes da Lei 8987/95.
6. Parte da preliminar foi acatada, determinando-se a exclusão de contratos celebrados
em data anterior a Lei 8.987/1995, que possuíam cláusula de prorrogação através do
Acórdão n° 046372-8.64.2010.8.13.0000 (Anexo I);
7. A SETOP em 06/09/2011, cumprindo a determinação deste Acórdão, republicou o
Ato de Justificação Prévia do processo licitatório de Concorrência Pública, dele
excluindo as linhas com contrato de concessão com cláusula de renovação e
celebrados antes da Lei Federal n° 8.987/1995;
8. A Advocacia Geral do Estado, respondendo consulta desta Secretaria (Anexo II), a
respeito de como proceder em relação às linhas excluídas do certame, emitiu a Nota
Jurídica n° 3.324, de 31.08.12 (Anexo III), a qual em resumo orientou:
A. “deverá a Administração prosseguir no procedimento licitatório para outorga
das concessões de linhas de ônibus do transporte rodoviário intermunicipal de
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passageiros, nos termos do Aviso de Licitação publicado com a exclusão das
linhas de ônibus determinada pela Corte Superior do Estado TJMG;
B. proceder à formalização de instrumento contratual que contemple a
continuidade das concessões das empresas detentoras de contratos celebrados
em data anterior à Lei 8.987/1995, desde que contenham cláusula de
prorrogação da concessão, observando, para tanto (...)”
9. Face a orientação recebida da AGE, esta Secretaria convocou as empresas para
apresentar documentação visando formalização de instrumento contratual oneroso
para regularizar a situação das linhas excluídas do certame, com prazo definido no
Estudo Viabilidade e com cláusula de rescisão em caso de decisão judicial superveniente
que venha revogar a decisão exarada nos autos da Ação Judicial citada. Foram firmados 621
contratos.
10. As empresas que não apresentaram documentos, bem como aquelas que não
atenderam as disposições do Acórdão tiveram suas linhas incluídas em Audiência
Pública para serem licitadas em número de 343 linhas.
11. Foi publicado Edital nº 001/2014 de licitação de 94 linhas.
12. Foram publicados os Editais nºs 02/2014 a 11/2014, com o protocolo das propostas
em 18/08/2014, englobando 67 linhas que não tiveram seus contratos renovados e a
linha de Uberaba / Água Comprida.
13. Também foram publicados os Editais 13/2014 a 25/2014, com o protocolo em 08 de
setembro de 2014, contemplando as demais linhas do sistema, num total de 182 e
também 11 linhas que já foram licitadas no Edital 01/2014 e não foram apresentadas
propostas.
Fonte: SETOP, 2017.
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