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Módulo de Títulos de Crédito – 2008

Data: 13/08/08

Aula 01

O título de crédito, por ser título executivo extrajudicial, ele mexe com processo civil,
especificamente processo de execução, ou seja, se você for estudar processo civil, se você for estudar
processo de execução, se a execução envolver título de crédito, você tem que saber processo civil com as
peculiaridades dos títulos de crédito, você tem que saber processo civil mais principiologia cambiária.

O título de crédito, além de mexer com processo executivo, vai mexer com intervenção de
terceiros, porque havendo mais de um devedor no título de crédito há solidariedade. Então, pode haver
chamamento ao processo, como veremos.

O título de crédito mexe com crime, portanto quem vem assistir o módulo quer aprender título de
crédito para passar, ele não quer aprender título de crédito para aprender a matéria.

Eu já tive um caso no MP, eu estava com um inquérito policial na central de inquéritos que
envolvia um crime contra o patrimônio tipificado no artigo 172 do CP que é o crime contra o patrimônio de
duplicata simulada... Um tipo de fraude, um tipo de estelionato, duplicata é título de crédito, simulada é
aparente. Mas para saber duplicata simulada tem que saber o que? O que é uma duplicata.

Mexe também com os crimes contra a ordem tributária. A lei 8137, no artigo 1º, II que diz lá:
suprimir ou reduzir tributo mediante as seguintes condutas e uma das condutas envolve duplicata. Então,
duplicata tem a ver com ordem tributária e tem a ver com crime contra o patrimônio, estelionato.

Título de crédito tem a ver com processo civil? Tem. Tem a ver com crime? Tem. Tem a ver com
direito internacional? Tem. A nota promissória e a letra de câmbio estão previstas em tratado internacional,
na Convenção de Genebra.

O título de crédito, além do processo civil, além do direito penal, além do direito internacional tem
a ver com direito civil, porque o título de crédito tem natureza jurídica de bem móvel.

Então, tem a ver com bem móvel. Se tem a ver com bem móvel, o que acontece? Pode ser objeto
inclusive de garantia real. Se você tem um veículo, se você tem um relógio você não pode dar em penhor
para garantir uma obrigação? Se você tem um título de crédito e ele tem natureza jurídica de bem móvel, o
título de crédito pode ser objeto de uma garantis real.

Você é credora, alguém promete pagar a você um valor de R$ 100.000,00, está pretendendo
comprar um imóvel e você tem uma nota promissória de R$ 100.000,00 para garantir a obrigação você
pode dar em penhor uma nota promissória, bem móvel, garantia pignoratícia, direitos reais envolvendo
títulos de credito. Vocês estão entendendo a interligação de títulos de crédito dentro de direito civil?

O título de crédito tem a ver com falência, é instrumento hábil ao requerimento, você pode
requerer a falência com base no título de crédito. O Título de crédito tem a ver com recuperação, título de
crédito tem a ver com tudo. Na verdade é multidisciplinar, é um aspecto do direito empresarial que é
multidisciplinar, mexe com tudo, mexe com direito administrativo, mexe com bastante coisa.

O livro que eu recomendo é o livro do Luiz Emygdio, da editora Renovar, é um livro bom. Gosto
também do livro do Fran Martins que hoje virou volume único. Gosto do livro do Ricardo Negrão. Estou
falando na ordem de importância. O livro do Requião. O livro do Luiz Emygdio é um livro muito espesso,
mas é um livro didático.

Vamos iniciar pelo sentido da expressão título de crédito. Qual o sentido da expressão título de
crédito? Existem títulos de créditos propriamente ditos e títulos de créditos impropriamente ditos. Quer
dizer, na primeira parte da matéria o nosso módulo envolve título de crédito em sentido estrito e envolve
titulo de crédito em sentido estrito que pode ser próprio ou impróprio.

Por que é importante verificar o sentido? Na hora da prova, se vocês tiverem que conceituar título
de crédito, cuidado, pois uma coisa é ele ser título de crédito outra coisa é ser título do crédito. Podemos ter
um título do crédito, outra coisa é termos título de crédito em sentido estrito.

Qualquer documento que representa um crédito é um título do crédito, mas não necessariamente é
um título de crédito em sentido estrito.

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Nós não vamos estudar nada com contrato, mas vamos estudar os aspectos contratuais? Vamos. A
fiança do direito civil tem um correspondente no título de crédito que é o aval. São diferentes, mas
semelhantes. Nós não vamos estudar contratos.

O Master celebra um contrato de locação com a Rebeca. O Master locatário e a Rebeca locadora,
contrato de locação. A Rebeca nesse contrato de locação tem dinheiro a receber, ela tem que receber por
mês R$ 2.500,00 de aluguel. Alugueres mensais no valor de R$2.500,00.

O contrato é um documento, o contrato é um título originário da vontade. É um contrato, um


documento, um título que está representando um valor, que valor? R$ 2.500,00. A Rebeca é credora,
locadora e o Master é devedor, locatário de mensalmente R$ 2.500,00. O contrato é um documento que
representa um valor, é um título de crédito ou do crédito em sentido amplo. Não nos interessa.

Nós aqui não vamos estudar os princípios cambiários? Vocês já escutaram falar em princípio da
cartularidade, princípio da literalidade, não escutaram? Autonomia, abstração, independência, legalidade,
uma série de princípios que informam os títulos de crédito e esses princípios que informam os títulos de
crédito não se aplicam aos contratos. Os princípios cambiários são aplicáveis aos títulos de crédito, mas que
tipo de títulos de crédito, em que sentido? No sentido mais fechado, no sentido estrito.

Então, quando vocês estiverem estudando o caderno do módulo, o título do caderno do módulo
não é título de crédito e sim título de crédito em sentido estrito. Eu não vou dar contrato, eu não vou falar
nada sobre boleto bancário. O boleto bancário tem até uma guia de compensação, tem um carnê. O carnê
para pagar todo mês, esse carnê que eu tenho aqui é um documento, com vencimento, com valor, há
credor, eu sou o devedor, eu pago mensalmente um valor. Isso aqui é um documento que representa um
valor, um crédito a pagar para o seu credor.

Agora, isso aqui seu eu não pagar, você não pode me executar, pois isso não é título executivo e
muito menos um título de crédito em sentido estrito. Se eu tivesse emitido 10 cheques nós teríamos títulos
de créditos e poderíamos formar título executivo judicial. O carnê é um documento que representa o valor,
que representa uma dívida, mas que não tem valor cambiário. É um título de crédito em sentido amplo, mas
não é título de crédito em sentido estrito.

O que não for título de crédito em sentido estrito e não for valor mobiliário (debêntures, ações)...
Então nós temos títulos de crédito em sentido estrito, nós temos valores mobiliários, ações, debêntures que
são títulos emitidos pelas SA. E o que não for título de crédito em sentido estrito (cheque, nota promissória,
duplicata, letra de câmbio) e o que não for valor mobiliário serão chamados de documentos quirógrafos, que
são documentos que representam valor.

Tem título de crédito em sentido estrito e tem valor mobiliário, são títulos de investimento, títulos
emitidos pelas sociedades por ações que visam captar recurso. Se você quer investir na Vale, você compra
ação, se você quer emprestar dinheiro a Vale, você compra debêntures... São valores mobiliários. O que não
for título de crédito em sentido estrito, o que não for valor mobiliário é documento quirógrafo, documento
comum. Isso aqui não é título de crédito em sentido estrito, isso aqui não é uma ação, não é uma
debênture, isso aqui não é valor mobiliário. Então, isso aqui não é nem título de crédito em sentido estrito e
nem valor mobiliário, isso aqui é o que? É um documento quirógrafo.

Pode o documento quirógrafo ensejar uma execução, pois para ser título executivo não precisa ser
título de crédito, para ser título executivo, o que precisa no direito brasileiro? Tem que a lei dizer. Contrato é
título de crédito em sentido estrito? Não. É valor mobiliário? Não, é contrato, mas é título executivo porque
o CPC diz que é. O título é executivo quando a lei estabelecer a executoriedade dele. Para isso aqui não tem
lei dizendo que é título executivo. Então, para o devedor pagar, o credor terá que entrar com ação
monitória. É um título de crédito em sentido amplo, mais precisamente, documento quirógrafo. Pode ser
documento quirógrafo, comum e ter força executória, pois a executoriedade decorre da lei.

Então, o nosso módulo é sobre título de crédito em sentido estrito. Então, a expressão título de
crédito tem vários sentidos. Tem o sentido amplo, qualquer documento que representa uma dívida, que
representa um valor. Exemplo: boleto bancário (carnê), contrato de locação... Qualquer documento que
representa um valor sem atributos cambiários.

Para você saber se o documento é quirógrafo você tem que saber o que é título de crédito em
sentido estrito, o que é valor mobiliário. Então, título de crédito em sentido amplo é qualquer documento
que represente um crédito, um valor como um contrato de locação.

O título de crédito em sentido estrito é o nosso módulo. Título de crédito em sentido estrito é em
sentido fechado. É aquele que a lei diz que é ou tem os atributos e princípios cambiários. Como se identifica

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o título de crédito em sentido estrito? Como você sabe que a nota promissória é título de crédito em sentido
estrito? Das duas uma: ou tem uma lei expressa dizendo que aquele documento é título de crédito ou a lei
não diz, mas a lei que regula aquele instituto, aquele documento confere atributos e princípios cambiários.

Não basta saber isso, não basta dizer que título de crédito em sentido estrito é aquele que a lei
diz, pois a lei pode não estabelecer isso, mas o que acontece? Pode a lei estabelecer os atributos e
princípios. Então, o que é fundamental? Você tem que saber quais são os atributos, quais os princípios e
quais as características e trabalhar com elas para identificar. Não adianta, não basta dizer que para ser
título de crédito em sentido estrito tem que ter os atributos e princípios cambiários, tem que saber quais são
os atributos e princípios. Vamos ficar uns dois meses só nessa primeira parte.

Então, é importante que na hora da prova, na hora de vocês conceituarem títulos de crédito vocês
sempre acrescentem a expressão “em sentido estrito”. “Segundo Vivante, título de crédito em sentido
estrito...” porque a maioria não vai colocar, a minoria vai colocar. Então, se você colocar na prova “título de
crédito” você não está se diferenciando, mas se você colocar a expressão “título de crédito em sentido
estrito”, você já está mostrando implicitamente que existe título de crédito em sentido amplo, que você
sabe que há dualidade de sentidos, você já está mostrando conhecimento. O examinador vai dar mais ponto
para o candidato que colocou “título de crédito em sentido estrito”.

Agora, como é que se identifica isso? Vou dar dois exemplos em que você identifica que o título de
crédito é título de crédito em stricto sensu e depois vamos chegar no próprio e impróprio.

O título de crédito em sentido estrito derivado da lei, a lei diz que é, vou dar um exemplo: artigo
26 da Lei 10931/04. Em 2004, surgiu essa Lei 10931 que regula várias coisas e inclusive regula títulos de
crédito, regula uma espécie de título de crédito. A Lei 10931 mexe com alienação fiduciária, mexe com uma
série de coisas e mexe também com um título de crédito que estava regulado por uma Medida Provisória
que é a cédula de crédito bancária... Isso caiu na prova do MP recentemente.

O que diz o artigo 26? Vocês lembram do contrato de abertura de crédito? Em duas súmulas, em
dois verbetes o STJ falou o seguinte: aquele cheque especial, o contrato de abertura de crédito ainda que
assinado por duas testemunhas, ainda que o contrato de abertura de crédito esteja instruído com extratos
bancários, o banco não pode executar o correntista, porque não é título executivo, só pode ajuizar ação
monitória.

Aí veio o Poder Executivo e criou um título de crédito através de uma Medida Provisória de
relevância e urgência... Medida Provisória é algo urgente, relevante. A Medida Provisória criou a cédula de
crédito bancária e, depois, essa medida provisória virou lei e passou a tratar da cédula de crédito bancária
no artigo 26, vamos ver isso mais a frente.

O que diz o artigo 26? “A cédula de crédito bancário é título de crédito...” Está dizendo que é e,
além disso, tem os atributos também, mas está dizendo que é. “A cédula de crédito bancário é título de
crédito que representa uma promessa de pagamento em favor de uma instituição financeira em decorrência
de uma operação de crédito de qualquer natureza”. Ou seja, você é devedor de uma instituição financeira.

Pode a instituição financeira te pedir a assinatura de uma cédula de crédito bancário. Quando você
assina uma cédula de crédito bancário é uma promessa de que você vai pagar e com base no conceito legal
ela é um título de crédito, a lei está dizendo expressamente.

Observação: parece que toda promessa de pagamento é uma nota promissória... Toda nota
promissória é promessa de pagamento, mas nem toda promessa de pagamento é nota promissória. A
cédula de crédito bancário é uma promessa de pagamento, mas não é nota promissória.

A lei está dizendo o que? Que é título de crédito. Então, ela não é valor mobiliário, ela não é
documento quirógrafo, porque é título de crédito e por quê? Porque a lei está dizendo que é.

Agora, pergunto a vocês: é título executivo por ser título de crédito? O artigo 26 está dizendo que
ela é título de crédito, se a lei está dizendo é uma das hipóteses de você ter título de crédito em sentido
estrito, a minha pergunta é: por ela ser título de crédito, é título executivo? O artigo 26 diz que é título de
crédito que representa uma promessa de pagamento de pagar um valor a uma instituição financeira, então
diz que é um título de crédito. É título executivo por ser título de crédito?

Normalmente, o título de crédito é também executório. O cheque, o artigo 585 diz; a duplicata, o
artigo 585 diz; a letra de câmbio, o artigo 585 diz. O artigo 585, inciso I diz também que são títulos
executivos extrajudiciais: o cheque, a letra de câmbio, a duplicata, a nota promissória e as debêntures, e as

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debêntures não são tecnicamente títulos de crédito, debêntures são valores mobiliários, mas as debêntures
estão inseridas junto com os títulos de crédito propriamente ditos.

Por ser título de crédito não será título executivo, mas normalmente é, eu não conheço nenhum
título de crédito que não tenha força executória. Se a cédula bancária fosse título executivo tão somente por
ser título de crédito, o artigo 28 seria letra morta.

O artigo 26 diz que a cédula bancária é título de crédito, aí vem o artigo 28 da mesma lei e diz que
a cédula de crédito bancário é título executivo. Se você falar que é título executivo por força da lei, você
está certo. A executoriedade não necessariamente está no CPC, a executoriedade necessariamente está na
lei. Até porque o artigo 585 do CPC diz bem como aqueles títulos que a lei conferir força executória (inciso
VIII). Ou seja, a executoriedade decorre da lei. Ser título de crédito pode estar na lei expressamente
dizendo ou não.

Então título de crédito em sentido estrito a lei diz expressamente. Título de crédito em sentido
estrito às vezes não está expresso na lei, porém a sua lei, a lei que regula aquele título em espécie confere
os atributos, princípios, a cartularidade, a autonomia, independência, enfim...

Vou dar um exemplo, lembrando a vocês que há cinco posições, vamos trabalhar nesse momento
com a posição majoritária. O exemplo é o cheque. O entendimento dominante é que o cheque é título de
crédito em sentido estrito. Qual é a lei que regula o cheque? Lei 7357/85. Então, estou tratando de uma
hipótese em que a lei não diz expressamente, porém a lei confere os atributos, os princípios e as
características cambiárias.

Então, título de crédito em sentido estrito é aquele que decorre da lei ou a lei estabelece os
atributos e princípios. Exemplo, o cheque.

Uma característica do título de crédito é ser formal, ou seja, ser formal significa que ele tem que
preencher os requisitos da lei. O cheque tem formalismo? Tem. Vamos ler o artigo 1º. Então o formalismo é
característica do título de crédito e o cheque tem formalismo. Artigo 1º: o cheque contém o nome, a ordem,
a indicação, a assinatura, ou seja, vários requisitos. O cheque tem formalismo, o artigo 1º exige o
formalismo. Então, é uma característica, mas não por isso, isso também.

Outro aspecto dentro do cheque: artigo 13. Artigo 13: “As obrigações contraídas do cheque são
autônomas e independentes”. Ou seja, o artigo 13 está dizendo que dentro do cheque existe o princípio da
autonomia, que é o princípio cambiário mais importante.

Pode o cheque ter mais de um devedor, não pode? O credor pode pedir um avalista. São dois
credores e são obrigações distintas, mas o título é o mesmo. São obrigações autônomas. No contrato isso
não acontece, o contrato é título de crédito em sentido amplo.

Se o Master fizer um contrato de locação com você... Você é o locador e o Master é o locatário e há
um fiador. O fiador está garantindo, mas está garantindo um título de crédito em sentido amplo e não tem o
princípio da autonomia. A fiança é contrato acessório que segue o principal. A fiança é um contrato, uma
garantia do contrato principal. Se houver nulidade no contrato de locação, o fiador vai falar isso: é nula lá.

O que é autonomia? Soraia é autônoma em relação a Fernanda. São autônomas e independentes.


Se eu for exigir uma obrigação da Fernanda, a Fernanda não pode alegar uma defesa dessa área. Se eu for
exigir uma obrigação da Soraia, a Soraia não pode alegar em sua defesa alguns efeitos da minha relação
com Fernanda. Autônomo é cada um por si. O título é um, mas as obrigações, que podem ser duas ou mais
em um só título, são independentes, uma não se confunde com a outra. Apesar do título ser único, o
avalista tem uma obrigação independente da sua.

O princípio da autonomia é um princípio informador do título de crédito em sentido estrito, o


princípio da autonomia acaba tornando o título de crédito em sentido estrito peculiar. É o princípio da
autonomia que difere endosso de cessão, aval de fiança, solidariedade cambiária de solidariedade civil.

O que artigo 13 está dizendo? Se no cheque houver duas ou mais obrigações... Se você emitir o
cheque para o Master, quantos devedores tem? Um, não vai ter autonomia com você mesmo. Agora, se o
Master endossar para mim, passa a ter dois devedores... Se o seu pai avalizar, passa a ter mais uma
obrigação. As obrigações por ventura existentes no cheque são todas independentes.

O que o artigo 13 está dizendo? No cheque, que eu legislador não estou dizendo expressamente
que é título de crédito, o cheque é informado pelo princípio da autonomia. E o que é princípio da autonomia?
É um princípio cambiário.

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Agora, o princípio da autonomia não informa o contrato de locação. O Master celebra contrato de
locação com você, eu sou o fiador. Tem mais de uma obrigação, porque tem a obrigação do afiançado, mas
não são autônomas, porque é contrato. Não é título de crédito, então não é informado pelo princípio
cambiário. Tanto que se houver nulidade no contrato de locação e você executar o fiador, o fiador vai alegar
a mesma nulidade.

No título de crédito, pode haver nulidade da sua obrigação com o Master, mas não vai haver
nulidade da obrigação do avalista com o Master.

O que eu quero dizer é que o artigo 13 está dizendo que as obrigações são autônomas e
independentes, princípio da autonomia que é um princípio cambiário. Então, será título de crédito em
sentido estrito quando a lei disser ou quando conferir atributos, não está conferindo?

Outro ponto: artigo 17. O artigo 17 trata da transmissão, da circulabilidade. Não é só o título que
circula. Você é locadora do Master, o Master é o locatário, é um contrato, não é título de crédito em sentido
estrito, mais você pode transferir o direito de crédito. Isso é uma cessão de crédito, é um contrato. Se você
quiser transferir esse crédito, você não vai fazer endosso, porque não se endossa direito contratual, você vai
transferir através de cessão.

Agora, em termos de título de crédito em sentido estrito ele também circula, você não pode
impedir jamais a circulação de um título, é atributo, é inerente ao título de crédito a possibilidade de
circular. Não é que ele tenha que circular, mas você não pode impedir a circulação. E tem várias formas de
um título circular, título de crédito em sentido estrito. Quando eu falar em título de crédito, é o título de
crédito em sentido estrito.

Você emite um cheque para o Master, nada impede que o Master pegue esse cheque e coloque ao
portador para mim. O Master transferiu o crédito para mim com a mera tradição, mas nada impede que
você coloque o nome Master. Ele vai poder circular, mas terá que fazer um endosso, vai assinar e vai me
entregar, ou seja, tem um plus. Se você colocar a ordem aquele título vai circular por cessão.

A cessão é instituto civilista, mas pode título de crédito circular por cessão, depende do título de
crédito. O que não pode é um contrato circular por endosso. Um endosso é instituto cambiário e diz respeito
a título de crédito, mas não significa que a cessão não possa ser utilizada no título de crédito. Alguns títulos
de crédito, dependendo das circunstâncias, podem circular por cessão. Agora, você não vai endossar os
aluguéis do contrato de locação.

O endosso é instituto cambiário e tudo o que for cambiário é título de crédito, o endosso é um
instituto de transmissão de título de crédito, não significa que todo título de crédito será endossado.

Se você está dizendo que o cheque é passível de endosso, você está dizendo: se o endosso é
instituto cambiário e se o cheque é passível de endosso é porque o cheque é mais disciplinado pelo direito
cambiário do que por qualquer outra coisa.

O que diz o artigo 17? Fala da transmissão. "O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem
cláusula expressa "à ordem", é transmissível por via de endosso". O que interessa agora não é o artigo e
sim o seguinte: o cheque é passível de endosso? Sim. Se você colocar o nome do Master no cheque, você
não está impedindo a circulação, você está dificultando a circulação. Então, o fato do artigo 17 prever a
possibilidade de circular por endosso e o endosso é um instituto cambiário é porque o cheque é regulado
pelo direito cambiário.

Outro ponto: artigo 29. O que diz o artigo 29? O pagamento do cheque pode ser garantido no
todo ou em parte por aval prestado por terceiro, exceto o sacado (o banco), ou mesmo por signatário do
título. O que é aval? O aval é uma garantia cambiária. O aval não é uma garantia real, para uma garantia
pessoal, fidejussória. É semelhante a fiança, não é igual, é semelhante porque a fiança também não é uma
garantia real, é uma garantia pessoal, fidejussória.

Só que a fiança é uma garantia dos contratos, você não pode a financiar um título de crédito,
como você também não pode avalizar um contrato. Então, se você avalizar um contrato, se tivesse escrito
no contrato "avalista", toda a disciplina será a da fiança. Então, não basta chamar de avalista, tem que
saber se é avalista.

O aval é um instituto cambiário garantidor. Se o cheque é passível de aval, você está colocando
cheque direito cambiário.

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Outra hipótese: artigo 47 da lei de cheque combinado com artigo 585, inciso I do CPC. O artigo 47
diz: pode o portador (o credor) promover a execução do cheque. Ou seja, um dos atributos do título de
crédito é a executoriedade, a autoexecutoriedade. Se você tem um título executivo você tem um atalho para
cobrar e a autoexecutoriedade é um atributo do título de crédito. O artigo 47 da lei de cheque diz que ele
tem autoexecutoriedade.

Diante disso tudo, eu particularmente entendo que cheque é título de crédito, eu e a maioria.

Para você saber se a matéria cambiária você precisa saber os princípios, os atributos, a parte
geral e você vai aplicar a parte geral aos títulos em espécie.

Vamos ver o artigo 12: feita indicação da quantia em algarismos... Em algarismos, você coloca
R$1.500 e você escreve R$15.000, a lei está dizendo aí o princípio da literalidade... "Feita a indicação da
quantia em algarismos e por extenso, prevalece esta no caso de divergência". Então, vai valer o que:
R$1.500 ou R$15.000? R$15.000, princípio da literalidade. Até porque, qual é a idéia do legislador? É mais
fácil você colocar um algarismo errado do que propriamente você escrever errado. Escrever R$15.000 é
mais difícil de você errar.

Então, voltando. Título de crédito em sentido amplo e título de crédito em sentido estrito que é
aquele que a lei diz expressamente ou confere os atributos e princípios cambiários.

O título de crédito em sentido estrito, com a primeira coisa que vem a cabeça? Quem direito você
tem para exercer? Se você tem um título de crédito em seu poder, se você tem uma nota promissória, qual
o direito que você tem aqui? Nesse título de crédito em sentido estrito, nós temos uma obrigação cambial de
pagar R$500. Quando você fala em título de crédito, o que vem logo a mente é o que? Obrigação
pecuniária, o direito de crédito, valor, quantia, pecúlio, grana e isso não é uma verdade absoluta.

O título de crédito em sentido estrito ele pode ser próprio e impróprio. Temos que aprender
primeiro o próprio, o impróprio é importante, mas só pode aprender o impróprio se você souber o que é o
propriamente dito.

O que é o próprio? O próprio é aquele título que documenta, que representa, materializa um
direito de crédito. O título de crédito em sentido estrito que representa um crédito é o próprio. Então, a nota
promissória que a Soraya me emitiu, é título de crédito em sentido estrito? Sim e como representa um
direito creditício que eu tenho em relação a ela, é um título de crédito em sentido estrito enquadrado como
próprio, propriamente dito que é o mais comum.

Mas tem também título de crédito em sentido estrito denominado impróprio. O impróprio é aquele
título de crédito que representa qualquer direito que não de crédito. Pode ter título de crédito representando
direito de propriedade. Se você titularizado esse título de crédito você não tem direito a receber um crédito,
você tem direito o direito de propriedade sobre algum bem, o domínio. Você pode ter um título de crédito
que representa um direito pignoratício, se você tem um título de crédito em seu poder, você tem um direito
real de garantia sobre bem móvel. São títulos impróprios você tem outros direitos que não o de crédito.

Há quem diga, e isso é polêmico, mas há quem diga que as ações da Vale do Rio Doce, da
Petrobrás, de sociedades por ações são títulos de crédito impróprio, representa um direito de participação e
não de crédito, porque você tem direito a participar da SA.

Então, o impróprio é o título de crédito representa um direito que não o de crédito, por isso é
chamado de impróprio. Todos acham que todo título de crédito representa um direito de crédito. Não! O
próprio representa um direito de crédito, mas não o impróprio.

Então, nós vamos trabalhar com os títulos de crédito em sentido estrito, em primeiro lugar, com
os próprios e, por último, vamos ver os impróprios.

Então, dentro dessa expressão títulos de crédito em sentido estrito próprio significa que
representa um direito de crédito. O que é crédito? Crédito é aquilo que está sendo representado,
materializado no título de crédito em sentido estrito próprio. Que o título de crédito em sentido próprio
representa? Representa o crédito. Então, o título de crédito é o documento que está comprovando o crédito.
Ela promete pagar para mim R$5.000, é um título que está representando a obrigação dela de me pagar
R$5.000.

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Que é o crédito? Estou dando um crédito a ela, ela não está pagando, ela está prometendo pagar.
Qual é a função desse crédito? O agente econômico ao dar crédito para vocês ele está gerando riqueza. A
função econômica do crédito, não do título, a função do crédito é evitar a estagnação de riquezas, é
possibilitar a circulação de riquezas.

Agora, para dar segurança é emitido título de crédito, porque se você esquecer de pagar ele vai te
lembrar, ele tem um documento comprovando o crédito que foi concedido, é o direito que ele tem de exigir
o valor de vocês na data aprazada. Ou seja, o título de crédito acaba dando segurança a circulação de
riquezas, porque é um documento que tem todos requisitos que a lei estabelece, que inclusive tem força
executória.

Então, a função econômica do crédito é possibilitar circulação de riquezas. Eu estou dando aula e
o Master ainda não recebeu.

Conceito de crédito: crédito é a possibilidade de ser utilizado no presente de um recurso próprio


ou de terceiro que estará disponível no futuro. Vocês estão se utilizando de um recurso hoje, prestação de
serviço, mas com um recurso que estará disponível no futuro. Exemplo: cheque pós datado, nota
promissória. O conceito é esse e a função é proporcionar riquezas.

Quais os elementos do crédito? Isso é importante. Eu disse que a maioria da doutrina diz que
cheque é título de crédito. O Luiz Emygdio sustenta posição de que o cheque é título de crédito e um dos
argumentos dele é que tanto o cheque é título de crédito que o cheque tem os dois elementos do crédito, há
os dois elementos do crédito no cheque. É mais um argumento que o professor Luiz Emygdio usa no sentido
de que o cheque é título de crédito.

Quais são os dois elementos essenciais do crédito? Prazo e confiança, também chamada de
fidúcia. São dois elementos cumulativos e essenciais. Prazo é a tempo. Confiança/fidúcia, só se dá crédito
porque confia que você vai satisfazer aquilo.

Só para dar um exemplo: cheque é ordem de pagamento à vista. Pela lei cambiária, cheque é
ordem de pagamento à vista. Nós vamos ver o cheque pós datado, artigo 32 da Lei 7357/85. O que diz lá?
Cheque é ordem de pagamento à vista, ou seja, se o Master depositar aquele cheque que vocês emitiram
para o dia 13 de setembro, o banco vai pagar, agora se vai ter conseqüências para o Master é outra coisa.
Cambiariamente o artigo 32 ele manda. O que diz o artigo 32? Cheque é ordem de pagamento à vista,
considera-se não escrita qualquer menção em contrário.

Então, o fato de você colocar um cheque para o Master para o dia 13 de setembro, 3 de outubro, o
seu banco não está nem aí para isso. Se depositar, ele vai pagar e se não tiver ele vai devolver. O cheque
vence com a apresentação. Agora, o Master vai sofrer conseqüências em virtude dele ter desrespeitado
aquela data que você colocou e isso é outra coisa.

Vocês têm que observar que tem várias relações jurídicas, tem várias formas de você cobrar o
crédito, tem várias obrigações: tem a obrigação civilista, tem a obrigação cambiária. O que a lei está
dizendo é que cheque é ordem de pagamento à vista, ou seja, o banco vai pagar no momento em que o
cheque for apresentado a ele para.

Tem gente que coloca, por exemplo, todos os cheques pós datados para dia 13 de agosto e coloca
um papel escrito "bom para 13 de setembro ", "bom para 13 de outubro " e assim sucessivamente,
confiando que essas datas serão respeitas. Mas a pessoa pode tirar aquilo ali e como depois você vai fazer
prova que os cheques eram pós datados? Então, coloca 13 de setembro, 13 de outubro e não " bom para".

Então, o cheque é ordem de pagamento a vista, artigo 32 da lei de cheque, então o banco vai
pagar independentemente da data que esteja ali. Agora, o fato do cheque ser ordem de pagamento à vista
não significa que não tenha prazo. O vencimento não é a prazo, mas o cheque tem prazo e chama-se prazo
para apresentação, prazo de apresentação. Então, o cheque tem um elemento do crédito que é o prazo de o
artigo 33 da lei 7357/85. Artigo 33, prazo decadencial. Tem gente que erra, tem gente que acha que esse o
prazo para executar o cheque, mas não é.

O que diz o artigo 33 da lei 7357/85? O prazo para apresentar o cheque é de 30 ou 60 dias. A
data de emissão do cheque é 13 de agosto de 2008. Na data que você emitiu um cheque começa a correr
para o credor o prazo para apresentá-lo ao sacado, a instituição financeira. Isso não há data para executar,
é prazo para você apresentar ao banco.

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Módulo de Títulos de Crédito – 2008

E como você apresenta o cheque? Se o cheque não foi cruzado, você vai até a agência bancária e
saca o dinheiro ou, cruzado ou não, você deposita na sua conta e o banco vai apresentar na sua agência.
Então, os 30 dias ou 60 dias começam a correr a partir da data de emissão. Agora, é 30 ou 60 dependendo
do local da emissão e o local do pagamento, o local onde será pago.

A minha agência é a agência Castelo, no Rio de Janeiro. Se eu emitir um cheque o pagamento


será aqui. Se a minha agência é aqui e eu emito um cheque em Fortaleza, o cheque é sem fundos, quem vai
apurar eventual crime é o MP do estado do Rio de Janeiro, quem vai denunciar é o MP do Rio de Janeiro, da
Capital. Por quê? Qual o local em que vai haver o pagamento? Eu dei uma ordem de pagamento para o Itaú
Castelo, Castelo, Rio de Janeiro. Não é o local da emissão que vai decidir. Tem até a súmula do STF sobre
isso.

O local da emissão para Fortaleza, CE. O local do pagamento é qual? É onde está a sua agência,
Castelo no Rio de Janeiro. Eu vou colocar no cheque "Fortaleza, 13 de agosto de 2008". Ele terá o prazo de
60 dias para apresentar o cheque a partir da data de emissão. Passado esse prazo, começará a contar o
prazo para executar que é o prazo de seis meses.

Agora, o local da emissão é no Master, no Rio de Janeiro, capital. A sua agência bancária é em
Icaraí, Niterói. Mesmo estado, outro município. O local da emissão é a capital e o local do pagamento é a
agência do Itaú em Icaraí. Qual é o prazo para apresentação? O que vai definir são os municípios.
Municípios diferentes, o prazo é 60 dias. Se for o mesmo município, o prazo é 30 dias.

O que eu quero mostrar é que o cheque tem prazo que é o prazo de apresentação, 30 ou 60 dias,
então o elemento essencial do crédito tem no cheque. É mais um argumento que o professor Luiz Emygdio
traz.

Se o Master apresenta o cheque de vocês, o cheque é de Niterói, o cheque é sem fundos, é bem
capaz de registrar ocorrência na delegacia do centro do Rio, quando na verdade não é. Não é crime contra o
patrimônio? O bem jurídico tutelado é o patrimônio e o bem jurídico do Master foi lesado no local em que o
pagamento foi frustrado. Então, o Master tem fazer o registro da ocorrência na delegacia de Icaraí, o
promotor da central de inquéritos com atribuição na delegacia de Icaraí vai investigar e uma vara criminal
em Niterói, livre distribuição, que vai processar.

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