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Resumo
Introdução
*Trabalho elaborado pelo grupo de estudos sobre Globalização e Direitos Humanos, composto por:
Frank Moraes, Jackson Leal, Letícia Hernandorena, Lucas Machado e Thiago Rafagnin, Wagner
Pedrotti.
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(educação e comunicação) e outros inscritos nesta dinâmica relacional, todos
igualmente conflituosos e produtores de sofrimento; demarcados e traçados
historicamente. Os quais deverão ser abordados, obviamente sem a pretensão de
esgotar qualquer dos temas, dado a relevância e complexidade que envolve cada
uma das discussões/mecanismos pelos quais se desenvolve e se sustenta este
processo social, político e cultural.
As origens da Dominação
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ainda hoje, predominantemente masculina e opressora desde que o homem
conseguiu apreender os processos de manipulação/dominação da natureza.
Não obstante todo esse movimento político cultural, mesmo assim, embora
todos os argumentos de inferioridade intelectual, inaptidão para a vida fora do lar,
ou melhor, no mundo público, fraqueza física ou psicológica, ou qualquer outra
maneira de tentar confirmar a subalternidade do outro. Ainda assim, as mulheres,
conseguiram alçar posições sociais, em diversos momentos da história da “idade
das trevas”, como é chamada a idade media. Haviam mulheres, como abadessas
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que tomavam conta, gerenciavam vários monastérios na França, mesmo dentro de
uma instituição Católica, altamente sexista; ressalta-se também a coroação de
rainhas pelo mesmo processo de coroação dos reis em Reims, e a produção
intelectual e cultural, salientando que antes mesmo de os homens influenciarem de
maneira incisiva com suas obras sobre educação, mulheres já haviam se projetado
sobre esse tema com brilhantismo. A medicina acadêmica emergente teve que
guerrear para conseguir este monopólio, pois quem detinha os conhecimentos
iniciais sobre medicina eram as curandeiras. Curiosamente, é a mesma classe
médica que as diagnostica como loucas, descontroladas, desfavorecidas
fisicamente, psicologicamente e intelectualmente. Ainda, referente à participação
política, encontra-se documentos esparsos provando a presença das mulheres em
decisões importantes nas suas comunas, povoados, regiões. Acabando com os
argumentos da inferioridade de todas as formas. E, demonstrando que, exemplos
como Joana D’Arc não foram sombras solitárias e esparsas perturbadoras da paz,
como muitas vezes demonstram a literatura histórica tradicional.
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Para os defensores deste processo de globalização nada mais que a criação
de um espaço mundial de intercambio econômico, produtivo, financeiro, político,
ideológico e cultural. Ou como conceitua Boaventura de Sousa Santos referindo -se
ao avanço intenso nas ultimas décadas, no que diz respeito às interações
transnacionais, a globalização dos sistemas de produção e da circulação financeira,
a proliferação em uma escala mundial de informação e imagens através dos meios
de comunicação ou as deslocações em massa de pessoas, quer como turistas, quer
como trabalhadores. No entanto, mesmo que se pareça como sendo um projeto
benéfico e viável, na verdade o neoliberalismo não pretende satisfazer
necessidades, senão criar demandas, não é nada além do capitalismo em escala
global, acompanhado de suas aspirações, da qual a principal é o lucro e a
conseqüente potencialização da dominação e exploração.
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problemas privados. (BAUMAN, Zygmunt. Em Busca da
Política. pág. 10)
2 CARVALHO, Marie Jane Soares; ROCHA, Cristianne Maria Famer (orgs.). Produzindo Gênero. pág.
45)
3 GIDDENS, Anthony apud BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Pág. 136.
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em diante tudo virá em torno da ideologia liberal, como propõe Joaquín Herrera
Flores;
como consecuencia de esa “naturalización” de valores
masculinos y femininos, el patriarcalismo há inducido una
construcción social del derecho y la política instituyendo dos
situaciones: uma visible, la llamada esfera de los iguales ante
la ley y outra invisible, la de los y las diferente. (FLORES,
Joaquín Herrera. De habitaciones propias y otros espacios
negados. pág. 31)
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transparente, confuso o que deve ser uma coerente receita
para a ação, e impedem a satisfação de ser totalmente
satisfatória; se eles poluem a alegria com angustia, ao
mesmo tempo que fazem atraente o fruto proibido; se,
em outras palavras, eles obscurecem e tornam tênues as
linhas de fronteira que devem ser claramente vistas; se,
tendo feito tudo isso, geram a incerteza, que por sua vez dá
origem ao mal-estar de se sentir perdido – então cada
sociedade produz esses estranhos (O mal-estar da pós-
modernidade, pág. 27 – grifo nosso).
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Concluindo-se e concordando com Aura Violeta Aldana, quando propõe que
se percebe que a ordem social vigente é mais a continuação da anterior do que a
sua superação. Com raras exceções, em geral se atua como o acordado por um
poder que dita e prescreve o que se pode ou não fazer e dizer.
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compõem o corpo da sociedade. Só se é livre e autônomo, isto é, livre para optar e
se governar, se seus membros tem o direito e os meios de escolher e jamais
renunciam a esse direito nem o entregam a outro (ou a alguma coisa). Uma
sociedade autônoma é auto constitutiva e os indivíduos constituem a si mesmos,
vindo a tona os interesses globalizados, seduzindo, mais uma vez, com a promessa
de igualdade, e oportunidade, ao passo que arrancando a autonomia individual, o
direito de escolher, querer, seduzir, influindo no que será escolhido, quando quisto,
e por quanto tempo sedutor. Em outras palavras “não é o estado de indecisão, mas
o de impossibilidade de decisão 8” A. Giddens propõe ainda que a nossa indecisão é
fabricada “é algo que não reparamos, mas algo que criamos e recriamos sempre de
modo novo e em maior quantidade e criamos através dos esforços para repará -la9”.
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problemas comunitários, sociais como um todo, sendo uma questão de analgésico
social - para amenizar, mas não resolver os problemas da dominação, pois dela se
sustenta e como afirma Boaventura, para manter dentro de um nível tolerável de
desigualdade, sem de fato enfrentar tais situações, um esquema de dominação
onde a sociedade civil através de seu procurador (o Estado) assinou um contrato
oneroso com o mercado.
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em cargos onde quem de fato decidiu e decide até os dias de hoje, é a mesma
estrutura patriarcal, basta ver um exemplo onde as mulheres ocupam cargos
políticos, pois, devemos levar em conta que na ampla maioria das vezes estão nesta
condição política por razões de serem mulheres e não cidadãs; basta para isso
analisarmos as leis que garantem quotas mínimas de participação feminina na
política, de fato o que de transformador existe nesse contexto? Apenas incluiu
dentro do sistema patriarcal a presença sem força de decisão, um “ser” por “ser
mulher” e não por “ser humano”, afinal se inclui por ser diferente ou por ser igual?
Na realidade, ao longo da história a mulher tem desempenhado um papel
fundamental no desenvolvimento da família, um papel que nunca foi valorizado.
Essa desconsideração para com o sexo feminino é histórica como salienta He leieth
I. B. Saffioti: “quando se afirma que é natural que a mulher se ocupe do espaço
doméstico, deixando livre para o homem o espaço público, está-se, rigorosamente,
naturalizando um resultado da história 10”.
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mudança nas relações domésticas foi no sentido de ajudar a dividir as despesas do
lar, as mulheres aos poucos passavam a vida pública, mal remunerada e explorada,
porém, sempre com a submissão no âmbito privado em relação ao macho
dominante, ou seja, dupla submissão.
Nota-se que enquanto as mulheres são “toleradas” neste meio público única
e exclusivamente por exigência do mercado que necessita de mão -de-obra, neste
caso, mais barata; os homens “dominam” este meio, pois este é o espaço natural
deles.
Na realidade o que estava sendo semeado era um fértil terreno para a nova
estrutura econômica, o novo contrato baseado na inclusão do cidadão enquanto
individuo e ignorando-o enquanto ser social, o que de pronto leva a um sistema de
incluir/excluindo.
11 CARVALHO, Marie Jane Soares; ROCHA, Cristianne Maria Famer (orgs.). Produzindo Gênero.
Pág. 47
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Estes códigos de ambivalência criam “o mundo social como corpo de
realidade sexuada e como depositário de princípios de visão e de divisão
sexualizantes12”. Trabalhando claramente com a criação de valores identificadores
e legitimadores do poder masculino sobre os inversos, femininos, automatizados,
inquestionados e imutáveis como conseqüência de sua natureza.
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detentores atuais terão menor poder. Ainda, quanto à relação tanto indispensável
quanto entrelaçada da liberdade e da igualdade bem como uma imprescindível
interpretação do mesmo:
15
No intuito de poder criar, ou começar a, uma inteligibilidade que possa
romper com a lógica atual e bem antiga e planejar o traçado de outros rumos de
sociabilidade de caráter emancipatório.
Neste sentido, permite fazer uma análise, como a abordagem realizada por
Joaquín Herrera Flores, onde trata das dimensões sobrepostas de opressão ou
sobreposição de planos de dominação – donde as mulheres, ademais também
sofrerem os homens, estão sujeitas à potencialização desta sobreposição
impetrada pelo sistema – econômico, o qual no mundo do consumo e da
globalização hegemônica das facilidades de consumo, onde tudo é consumível e
está sendo consumido por essa lógica, onde quem não tem poder de compra não
tem poder algum, e a mulher, como se verá adiante tem poder de consumo bem
resumido.
15 FLORES, Joaquín Herrera. De habitaciones propias y otros espacios negados: uma teoría crítica de
las opresiones patriarcales. Pág. 18
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problemática da igualdade formal e sua implicação dentro da estrutura patriarcal.
Fazendo com que, alguns avanços político-jurídicos, como a Constituição Federal
de 1988 e seu aprimoramento em termos de concessões de direitos, traçando um
novo parâmetro garantidor; bem como novo código civil de 2002; além da lei de
quotas para participação política das mulheres; a lei que regulamenta questões de
saúde como o planejamento familiar, acompanhada de toda carga cultural sobre a
questão da mulher não ser mais mero repositório do poder reprodutor masculino,
bem como intensificação dos debates e coligações nacionais e transnacionais de
tensionamento através de grupos temáticos sobre gênero, classe social, raça (...)
enfim, demonstrando avanços no sentido da publicização de problemas que até
então eram postos nos porões das democracias liberais igualitaristas.
Estes países, incluindo o caso do Brasil, não são os únicos ‘’afetados’’ pelo
fenômeno da globalização, no mercado de trabalho, as desigualdades entre homens
e mulheres não se limitam às desigualdades profissionais. Nesse quadro o
desemprego feminino é de primeira importância para análise. Na União Européia a
taxa de desemprego é de 9,8% para os homens e de 12,4% para as mulheres. As
dinâmicas do sistema patriarcal são fundamentais à compreensão do desemprego,
deixando o problema de ser uma questão meramente quantitativa 16.
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são mais diplomadas, as suas carreiras avançam menos
rapidamente e essa desigualdade aumenta no decorrer dos
anos”. (Maruani, M. Travail et emploi des femmes. pág. 70)
Ainda, a mulher que tiver de suportar outra carga, a de ser negra ou asiática,
ou idosa, ou, por demais nova e sem experiência, ou pior ainda, se for egressa do
sistema penitenciário - por todas razões, todas elas discriminatórias e seletivas,
apartam a mulher de avançar socialmente, em termos de qualificação profission al,
econômica, psicológica ...; e por fim, ou talvez apenas o principio, de uma nova
cadeia de situações ou efeitos cascata, se situa a mulher que, já ostentar, ou diante
de todas as formas de separação do mundo produtivo vier a ocupar a posição de
pobre, quando não miserável, que em muitos casos é causa e conseqüência da
situação do individuo. Atualmente se afirma que a pobreza no mundo é feminina -,
com certeza ela (a pobreza) não passou por um processo de feminilização, mas o
mundo feminino, sim, passou e passa por um processo de empobrecimento.
São vários dos subterfúgios utilizados pelo sistema para descartá -lo, afinal
de contas é um individuo falho ou talvez não seja nem um indivíduo, pois nasceu
mulher, de cor não-branca e veio a ficar pobre. A sobreposição que se dá no plano
18 Fonte: World Council of Churches, 2004, Women and Economic Globalization, A discussion
paper, December.
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cultural e social, reflete diretamente ao plano jurídico -político, que por sua vez é o
legitimador e ao mesmo tempo instituidor, alem de reforçar a ordem desordenada
do sistema da sobreposição de planos de opressão / dominação e apartação
(overlapping opressions).
19 BRUSCHINI, Cristina; UNBEHAUM, Sandra G. Gênero, Democracia e Sociedade Brasileira. Pág. 125
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também adentra, influencia e condiciona a partir do jurídico. O espaço jurídico,
constituído por indivíduos mundanos, como não poderia deixar de ser, e por este
mundo estar permeado desta lógica que segrega, por vezes e não raras reproduz
este código cultural interiorizado e automatizado de pré-estabelecidos espaços e
condições de acordo com o sexo, raça e condição social. Não permitindo que se
modifique, apenas juridicamente a dinâmica social, carecendo de toda uma
harmoniosa e conjunta mudança de valores. Ainda, cumpre ressaltar a importância
da necessidade de democratização do espaço jurídico, ou seja, a popularização do
acesso ao poder judiciário, tendo em vista uma parcela muito pequena dos
conflitos e necessidades estarem sob os cuidados deste, na maioria das vezes pelo
fato do individuo desconhecer que sua situação é ensejadora de um direito e por
conseqüência da possibilidade da reclamação do mesmo, ou melhor, que o
judiciário é incumbido de fazer com que se cumpra este direito, para dirimir o
conflito ou satisfação de uma necessidade. Sendo, desta feita, um poder
imprescindível para a amenização das desigualdades, incluídas as de gênero.
Alguns modelos libertários e identitários que assim não poderiam ser sem
uma distribuição da riqueza, visto que todas as formas de dominaçã o se
entrelaçam com a econômica; além do reconhecimento da diversidade vêm sendo
crescentemente adotados com maior ou menor sucesso ao longo do século XX e
XXI, sucesso variante de acordo com o contexto em que estão inseridas e com o
grau de desigualdade e dominação cultural, político, social e jurídica, muito
embora ainda não sejam suficientes para subverter o sistema e modificá -lo de
maneira mais profunda, no entanto vão criando e aproveitando o contexto de
20
descontentamento e transformando em resposta, utilizando-se o que o próprio
Boaventura chama de utilização de determinadas situações de fato para criar as
imagens desestabilizadoras que impulsionarão as modificações, darão ensejo à
consciência rebelde.
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produza, alimente ou reproduza desigualdades 20”. E após as leituras e análise de
diversas proposições teóricas parece ser a postura político -social ou identitária
que permitirá percorrer o caminho para a proliferação de esferas públicas locais
simultaneamente capazes de articulação sem fronteiras, nas palavras de
Boaventura de subpolíticas globais de sentido emancipatório e de cidadanias
substancialmente constituídas e atenta às particularidades nacionais, regionais e
individuais.
Seguindo ainda a linha proposta por Boaventura Santos, vale dizer que
vivemos em um mundo/espaço tempo paradoxal, no qual a cultura ocidental é tão
indispensável quando inadequada para compreensão e transformação social.
Trata-se de atentar para, se a critica deve ser feita de dentro do sistema meta -
estável como denominou Célia Amorós, ou se pressupõe, com imprescindibilidade
– dado que apenas fizeram parte da modernidade pela exclusão, dominação e
sofrimento - a exterioridade das vítimas para a sua modificação.
Conclusão / Possibilidades
http://alainet.org/active/1375&lang=es
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que a liberdade pressione a igualdade para que ela não acabe com a liberdade. Mas
que a igualdade pressione a liberdade para que ela não transforme a liberdade de
todos na liberdade de poucos.22”
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começar reconhecendo as conquistas no terreno dos direitos; de voto, de
expressão, de autonomia na relação conjugal, abertura de espaços no âmbito
publico, entre outros; analisar no sentido do quanto é necessário, a partir dessas
“conquistas” avançar em termos que, de fato, não submetam e posteriormente não
venham a manter a mesma estrutura que gerou essas lutas, ou seja , sugerimos,
também, dessa forma, a busca de possibilidades no interior da ordem estabelecida,
dentro dos mínimos espaços que nos foram legados pelos documentos político -
jurídicos, criar campos de luta e espaços de libertação dessas “amarras“ que a
“pseudo-liberdade” oriunda da política liberal dominadora, global e excludente
gerou e mantém dessa forma, ambos os sexos, submetidos á sua expressão
cultural: o sistema patriarcal.
Bibliografia
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___________. Modernidade e ambivalência. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1999.
LAPUENTE, Chusa Lamarca. Ella para él, él para el estado y los três para el
mercado: Globalización y gênero. In:
HTTP.//WWW.rebelion.org/cultura/genero260701.htm. acessado em: 10.01.2008
às 11:06 h.
25
PATEMAN, Carole. El Estado de Bienestar Patriarcal. – Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1993.
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