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Questão de Aula – Ficha de Compreensão da Leitura – 11º ano

NOME: _____________________________________________________ N.º: ______ TURMA: ______

Apreciação crítica

É possível considerar a obra Os Maias como uma interrogação sobre Portugal. Esta interrogação também
interessa aos cineastas portugueses. Leia a apreciação crítica de Luís Miguel Oliveira. Posteriormente,
responda ao questionário.

BARRO POR MODELAR


LUÍS MIGUEL OLIVEIRA
04.11. 2015

O Portugal dito «profundo» tem sido um interesse cultivado ao longo dos anos por João Canijo, vá ele
encontrá-lo à noite do interior (Noite escura, mal nascida) ou aos arrabaldes de Lisboa (Sangue do meu
sangue). Mais recentemente, com É o amor, filmado nas Caxinas de Vila do Conde, Canijo ensaiou uma
abordagem documental, largando a ficção temperada, ou «travestida», pelas ressonâncias mitológicas (a
5 tragédia grega, sanguínea e telúrica) com que cobrira esses filmes, mas utilizando uma atriz, Anabela
Moreira, lançada para o convívio «documental», como uma espécie de gazua1. Em Portugal — um dia de cada
vez, Anabela Moreira passa para detrás da câmara e é creditada como correalizadora, mas pressente-se um
projeto nascido da experiência de É o amor, pela proximidade, se não mesmo imersão, e pela adoção de
uma estrutura docu-mental clássica. Trata-se aparentemente de um primeiro relatório de um work in
10 progress, que dará origem a mais filmes, cobrindo outras zonas do país (este centra-se em Trás-os-Montes),
e a uma versão em formato de série de televisão.
Talvez seja preciso esperar pela conclusão do projeto para formular um juízo definitivo sobre a real
natureza do trabalho de Canijo e Anabela. Este primeiro filme ressente-se dum excesso de placidez descritiva.
Filmando fragmentos do quotidiano em localidades esquecidas ou pelo menos longe da vista citadina —
15 casas, cafés, festas populares, igrejas, o trabalho no campo —, parece sobretudo movido por uma lógica de
recolha, eventualmente «etnográfica»2, orientada numa estrutura a que parece faltar decisão, incisão ou
concisão (escolher a melhor palavra), algo ampliado por uma duração (duas horas e meia) que propicia a
impressão duma certa redundância. Apesar de tudo, trata-se de terreno que o cinema português tem batido
muito nos últimos anos, por vezes de forma extremamente criativa e original (os filmes de Miguel Gomes,
20 por exemplo, do Aquele querido mês de agosto a certos momentos das Mil e uma noites). Canijo não é um
cineasta sem «olhar», pelo contrário, e qualquer dos filmes que citámos lá em cima o prova. Mas aqui sente--
se falta disso, dum «olhar», que enforme, que deixe um vinco para além do maior ou menor interesse intrín-
seco desta ou daquela sequência. Ou, metaforizando: um filme que tem imenso barro, mas que ficou por
modelar. Vê-se como qualquer coisa que ainda está incompleta. Prestaremos atenção aos próximos episó-
dios.

http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/barro-que-ficou-por-modelar-1713293

(1) gazua: chave falsa.


(2) etnográfica: relativo à etnografia (estudo descritivo das instituições dos diversos povos ou etnias).

1. Para responder a cada um dos itens, de 1.1 a 1.10, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.

1.1. A expressão «Portugal profundo» (l. 1) refere-se a uma realidade


(A) que não está confinada aos limites geográficos da cidade de Lisboa.
(B) que está confinada aos limites geográficos da cidade de Lisboa.
(C) que só muito recentemente interessou João Canijo.
(D) distante do trabalho de João Canijo até há pouco tempo.
1.2. A referência à «tragédia grega» (l. 4) permite ao autor
(A) antecipar uma informação que aparecerá no texto.
(B) confirmar a existência de elementos da mitologia em obras de João Canijo.
(C) provar que a obra de João Canijo rejeita a herança da mitologia.
(D) mostrar que a obra É o amor apresenta muitas referências mitológicas.
1.3. Portugal — um dia de cada vez é
(A) o primeiro filme de um projeto que substitui o documentário pela ficção.
(B) um filme em que as ressonâncias mitológicas estão bem presentes.
(C) um filme que pretende documentar a vida de certas zonas do país.
(D) um filme que se distancia substancialmente da obra É o Amor.
1.4. Um dos aspetos criticados no filme Portugal — um dia de cada vez é
(A) a sua redundância.
(B) o seu carácter documental.
(C) a ausência de uma dimensão ficcional.
(D) a ausência de interesse etnográfico nessa obra.
1.5. A expressão «apesar de tudo» (l. 18) introduz uma ideia de
(A) concessão.
(B) adição.
(C) certeza.
(D) consequência.
1.6. A referência a Miguel Gomes prova
(A) o desinteresse do cinema português pelo Portugal profundo.
(B) que o cinema português prefere a ficção.
(C) que o quotidiano do Portugal profundo suscita o interesse dos cineastas
portugueses.
(D) a ausência de interesse etnográfico na obra dos cineastas portugueses.
1.7. A ideia de um olhar que «enforme» permite ao autor do texto
(A) indicar um aspeto positivo no filme Portugal — um dia de cada vez.
(B) elogiar o filme Portugal — um dia de cada vez.
(C) indicar um aspeto negativo no filme Portugal — um dia de cada vez.
(D) explicar o tema principal do filme Portugal — um dia de cada vez.
1.8. O título da apreciação crítica constitui uma metáfora
(A) que permite ao autor do texto elogiar o olhar do realizador João Canijo.
(B) que sintetiza a principal qualidade do filme Portugal — um dia de cada vez.
(C) sobre as várias leituras do filme Portugal — um dia de cada vez.
(D) que permite ao autor explicar melhor os seus argumentos.
1.9. O antecedente do pronome «-lo» (l. 2) é
(A) «interesse».
(B) «Portugal dito "profundo"».
(C) «Portugal».
(D) «interesse cultivado».
1.10.O antecedente do pronome «o» (l. 21) é
(A) «qualquer dos filmes».
(B) «Canijo».
(C) «olhar».
(D) «Canijo não é um cineasta sem "olhar"».

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