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LITERATURA

PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR

Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,
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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —


Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer

Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico

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Romantismo

Domínio público.
O Romantismo surge quase que simultaneamen-
te em três países europeus. Na Alemanha ele nasce
no ano de 1774 com a publicação do romance Os
sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang
von Goethe (1749-1832). Tal obra tematizava o so-
frimento por amor e a morte como solução dos con-
flitos existenciais do ser humano. Esse romance foi
traduzido para diversas línguas, obtendo imediata Liberdade Conduzindo o Povo, de Delacroix (1798-1863).
aceitação do público. Werther influenciou jovens Obra símbolo do Romantismo e seus ideais.
leitores a ponto de se suicidarem devido a amores
não correspondidos, à semelhança do que aconteceu No Brasil, o Romantismo tem seu início com a
com o protagonista. A obra chegou a ser proibida em obra Suspiros Poéticos e Saudades, do poeta Gon-
alguns países. çalves de Magalhães, em 1836. O Romantismo é a
primeira corrente estética que não vem de Portugal
Domínio público.

para o Brasil, e, sim, da França. A razão disso é o fato


de haver, na época em que nasce, um sentimento de
independência, politicamente recém-conquistada;
logo, a consequência só poderia ser a negação de
tudo aquilo que pudesse vir dos colonizadores. A arte
romântica representa a negação do lusitanismo na
Literatura Brasileira.
Num contexto geral, o Romantismo simbolizou
a negação de tudo aquilo que representasse tradição
em arte. Tal afirmação relaciona-se principalmente
aos ideais clássicos de composição artística. O Ro-
A obra Os sofrimentos do Jovem Werther mantismo foi, na arte, a busca da libertação já então
comoveu multidões de leitores. conquistada pela sociedade.

Na Inglaterra vemos as primeiras manifesta-


ções artísticas românticas nas primeiras décadas
Contexto histórico
do século XIX. Destacam-se os escritores Lord Byron Na segunda metade do século XVII, presencia-
com suas obras desveladoras da exacerbação das se a modificação das relações econômicas na Europa
paixões, o típico ultrarromântico, e Walter Scott com devido ao forte processo de industrialização que lá
seus romances históricos. estava ocorrendo.
Contudo, é na França que teremos o grande A Revolução Francesa, no ano de 1789, altera
desenvolvimento e disseminação do Romantismo completamente as estruturas sociais e políticas
pelo Ocidente, inclusive no Brasil. até então vigentes, fazendo com que a mobilidade
Manifestação artística, por excelência, da bur- social fosse mais viável. As classes estáticas desa-
guesia, essa corrente estética revela os ideais liberais pareceram de vez. Agora quem estava no poder era
da nova classe dirigente da sociedade, consolidada a burguesia. A aristocracia encontrava-se em plena
pela Revolução Francesa em 1789. O escritor Vitor derrocada e nascia o proletariado.
Hugo chegou a dizer que o Romantismo era o libe- O Romantismo surge como a expressão artísti-
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ralismo na arte. Essa estética tem suas primeiras ca da nova classe dominante. Teremos então os valo-
manifestações na França com os escritores Chatau- res burgueses, sua ideologia, como o liberalismo e o
briand e Madame de Stäel. republicanismo expressos nas obras românticas.
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Resumidamente observa-se, dessa forma, o Sentimentalismo
seguinte processo:
No Romantismo temos uma exacerbação dos
Industrialização sentimentos, a qual chamamos sentimentalismo. Os
↓ dramas existenciais serão manifestados em toda sua
Produção em massa potencialidade. Uma tendência ao exagero emocional
↓ permeará toda a literatura romântica. Essa mani-
Urbanização festação é alcançada pela utilização excessiva de
↓ adjetivos e pontuação expressiva, como exclamações,
Formação das classes médias reticências e travessões.

Maior alfabetização
↓ Fuga ou escapismo
Novo público leitor, mais diversificado e
numeroso e consumidor de livros Consequência do sentimentalismo é o desejo
↓ de fuga da realidade. O romântico tem consciência
O escritor vive da sua produção literária de que não pode apreender a realidade como um
↓ todo, logo, sabe que, mesmo querendo, não conse-
Democratização da arte guirá expressar tudo o que sente através das pala-
(consequência da Revolução) vras. Entretanto ele não se conforma com isso, mas
também sabe que não há solução. Dessa forma, a
única alternativa é fugir para onde os problemas não
No Brasil, temos em 1808 o prenúncio de modi- existem, para onde a realidade não o oprime, para
ficações políticas com a chegada do rei de Portugal os lugares e tempos ideais. O romântico fugirá no
D. João VI e sua corte no país, devido ao Bloqueio espaço e no tempo.
Continental imposto por Napoleão e que o governo
português não aderiu. A solução foi fugir para a
colônia. Fuga para a natureza
Pouco tempo depois, em 1815, o Brasil é eleva-
A natureza é o local onde o romântico pode ficar
do à condição de Reino Unido de Portugal. No ano
longe da sociedade opressora. Por se considerar um
de 1822 acontece a independência do Brasil. Nessa
ser à parte, um incompreendido, encontrará aconche-
época estão no poder as oligarquias cafeicultoras.
go e paz no mundo natural. Não é à toa que vemos
“O movimento romântico foi a expressão viva e nos textos românticos muitas cenas naturais, com a
contraditória da nova realidade. Filho da burguesia, construção de paisagens ideais.
mostrou-se ambíguo diante dela, ora a exaltando,
ora protestando contra seus mecanismos (...)”
Fuga no tempo
Sergius Gonzaga
A fuga no tempo divide-se em dois tipos dife-
rentes: a fuga para o passado histórico e a fuga para
o passado individual.
Características gerais Na fuga para o passado histórico temos a volta
à Idade Média, no caso dos países europeus, e a
O Romantismo é o momento em que a arte deixa
volta a tempos próximos do descobrimento no Bra-
de ser uma atividade social e torna-se uma atividade
sil. Consequência disso é a valorização dos homens
individual.
desse tempo. Então teremos a valorização do cava-
leiro medieval, o qual terá ressaltadas suas virtudes
Subjetivismo como a honra e a coragem. No caso do Romantismo
brasileiro, o que vemos é a valorização do índio. Em
Reflexo do individualismo, o subjetivismo é verdade um índio artificial, parecendo mais um ca-
resultado de uma série de fatores. O individualismo valeiro medieval dos trópicos do que propriamente
leva o artista a uma maior introspecção, a qual um nativo. Isso se deve ao desejo de equiparação
resultará numa arte que se baseia no “eu”, logo te- com os europeus por parte dos artistas românticos
mos uma arte egocêntrica e observa-se a expressão brasileiros, pois o modelo ideal de civilização que
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sentimental do artista. tínhamos era a Europa. Dessa maneira, tal atitude


torna-se completamente compreensível, porém, ar-
tificializa a criação.
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Nacionalismo

Domínio público.
A valorização do que é nacional vem de carona
com o desejo de estabelecimento de identidade dos
povos. O que acontece é a individuação nacional.
Uma nação é única, diferente de todas as outras,
e o Romantismo exaltará isso. Essa característica
estabelece, no Brasil, íntima relação com o processo
de independência. A arte romântica simboliza no
Brasil a conquista da independência estética, prin-
cipalmente na figura do índio.

Sentimento de missão
Entrada dos Cruzados em Constantinopla, de Delacroix.
O escritor romântico sente-se um ser à parte da
sociedade, dotado de capacidades especiais. Logo,
Já na fuga para o passado individual vemos o
ele sente que tem a missão de expressar, professar
romântico em busca de um momento em sua vida em
suas ideias e sentimentos através de seus textos. Ha-
que não havia problemas. Os conflitos existenciais
bilidade que existiria unicamente em seres dotados
ainda não estavam presentes em sua vida na infân-
de gênio. Daí que vem a ideia do gênio romântico,
cia. No presente, a realidade era hostil, no passado,
do gênio inspirado, que até hoje fazemos de muitos
a vida era ideal.
artistas.
Oh ! Que saudades que tenho No ideal romântico, o que produz a obra de arte
Da aurora da minha vida, bela não é o trabalho minucioso do artista e sim sua
inspiração.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
(...) Liberdade de expressão
Leia o artigo 11 da Declaração de Direitos do
Como são belos os dias Homem e do Cidadão, elaborado no período de seu
Do despontar da existência! surgimento:
(...) “A livre comunicação dos pensamentos e opi-
Ah ! dias da minha infância! niões é um dos direitos mais preciosos do homem;
(...) todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente.”
Casimiro de Abreu
Liberdade era a palavra de ordem na Literatura
Romântica. A forma, dessa maneira, é influenciada
Valorização da natureza pela ideologia da época. Utilizar-se-ão, então, o ver-
so livre e o verso branco, a tentativa de linguagem
A natureza é valorizada em duas situações no coloquial e a expressão de todos os sentimentos
Romantismo. do escritor, independente do que os outros possam
A primeira é a utilização dela como extensão pensar, pois todos são livres para dizerem aquilo que
sentimental do artista. O romântico se utilizará di- lhes parecer melhor.
Domínio público.

versas vezes de metáforas que envolvem a natureza


para manifestar suas mais fortes emoções. Assim, um
poeta pode dizer que derramou uma chuva de lágri-
Outras artes
mas, ou que seu coração bate mais violentamente do É importante salien-
que uma tempestade balança as árvores etc. tar que o Romantismo não
A segunda forma de valorizar a natureza relacio- se restringiu à Literatura.
na-se à exaltação nacional. Assim, a natureza seria a Nas artes plásticas e na
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representação ao mesmo tempo de algo belo e único Música surgiram grandes


de uma nação. É a idealização desta através de seus nomes dessa corrente
elementos naturais nativos.
Delacroix (1798-1863). 3
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estética. O crítico Arnold Hauser diz em seu livro linguística deve-se também ao sentimento antilusita-
História da Arte e da Literatura que a arte essen- no que envolvia os intelectuais da época. Entretanto,
cialmente romântica seria a música, devido à sua esse objetivo fica quase que somente na teoria.
extrema subjetividade, característica principal do
Romantismo.
Nomes de destaque nas artes plásticas: Dela-
Autores e obras
croix, Turner e Géricault.
Nomes de destaque na música: Beethoven,
Tchaikovsky, Grieg, Granados, Wagner e Verdi.
As gerações da poesia
romântica
Características do A poesia romântica brasileira divide-se em três
Romantismo brasileiro gerações com traços bem distintos. Cada uma delas
revela uma das diversas faces do Romantismo. A
primeira nos mostra a face nacionalista, a segunda,
a face da exacerbação sentimental e a terceira a face
Consciência nacional de cunho social-liberal.
Cada uma das três gerações da poesia românti-
Como já vimos, o Romantismo nasce no Brasil
ca possui temas e visões de mundos distintos. Como
em 1836. De caráter nacionalista, essa estética sig-
consequência disso vemos poesias diferentes umas
nificará o momento de conscientização nacional (um
das outras. Cada uma delas durou um período de, em
dos aspectos da independência), que se revelará a
média, quinze anos. Elas possuem nomes que defi-
partir da dialética entre o próprio (o que é daqui) e o
nem seus traços principais e influências (oriundas de
imposto (o que vem de fora). Temos então no nosso
escritores ingleses e franceses) também distintas.
Romantismo o desejo de individualização nacional.

Primeira geração – geração


Indianismo
nacionalista
O índio será a figura representativa da inde-
pendência estética do Romantismo Brasileiro em Essa geração caracteriza-se fundamentalmente
relação aos dos outros países. O indianismo repre- por abordar os seguintes temas: a saudade da pátria,
sentou na arte romântica brasileira a peça-chave do o índio, exaltação da natureza, religiosidade, impos-
nacionalismo. sibilidade amorosa.
Outro aspecto relevante é que com o índio, Os dois nomes dessa geração são os de Gon-
transformando-se em objeto literário da corrente çalves de Magalhães e Gonçalves Dias. O primeiro,
romântica, tem-se a valorização do passado mítico e autor da primeira obra romântica, Suspiros Poéticos
do passado histórico brasileiro. Conforme dito ante- e Saudades, e de uma tentativa de épico-indianista
riormente, tal fato serviu de equiparação com o perso- Confederação dos Tamoios, possui apenas impor-
nagem símbolo do Romantismo europeu – o cavaleiro tância histórica. Sua poesia, de pequena relevância
medieval. Os escritores brasileiros demonstravam, estética, tem como função marcar o nascimento do
dessa forma, que o Brasil também era detentor de um Romantismo no Brasil.
passado de glórias e de homens valorosos. Lembre- O principal nome dessa geração é indubitavel-
-se de que a valorização do autóctone tem influên- mente o de Gonçalves Dias.
cia direta da teoria do bon sauvage de Rosseau (já
estudada no módulo sobre Arcadismo). Gonçalves Dias
Domínio público.

Procura da identidade Antônio Gonçalves


Dias nasceu em Caxias,
linguística Maranhão, no ano de 1823.
Formou-se em Direito pela
Ainda relacionado à questão nacionalista temos faculdade de Coimbra. De
o desejo de alguns escritores românticos de especi- volta ao Brasil conhece o
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ficarem uma língua brasileira. Principalmente por grande amor de sua vida,
parte de José de Alencar, temos a inserção de termos Ana Amélia, cuja família
indígenas nos textos. Essa procura pela identidade não aceita o pedido de casa-
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mento de Gonçalves por ele ser mulato e de origem
Que não encontro por cá;
bastarda. Desolado, o escritor vai morar no Rio de
Janeiro, lá trabalha para o Império, fazendo diversas Sem qu’inda aviste as palmeiras,
viagens. Falece em 1864 num naufrágio na costa ma- Onde canta o Sabiá.
ranhense, quando voltava da França já desenganado Na temática indianista, observa-se a coragem, a
em relação ao sério caso de tuberculose que tinha. generosidade e a honra do índio em I-Juca Pirama.
Suas principais obras são: Primeiros Cantos Esse poema conta a história de um índio tupi
(1846); Segundos Cantos (1848); Sextilhas do Frei que vai ser sacrificado num ritual antropofágico.
Antão (1848); Últimos Cantos (1851); Os Timbiras Emocionado por saber que com sua morte seu pai,
(1857). cego, ficaria perdido na floresta, implora para não
ser morto.
Características e temas
Meu canto de morte,
Sua obra caracteriza-se pela exaltação da pá- Guerreiros, ouvi:
tria, pela tematização indianista e pela idealização Sou filho das selvas,
do amor.
Nas selvas cresci;
Canção do Exílio é o seu exemplo bem mais
Guerreiros, descendo
acabado de poesia nacionalista. A pátria é exaltada
a partir da forte saudade que sente do Brasil. Para en- Da tribo tupi.
grandecer sua terra e, ao mesmo tempo, demonstrar Da tribo pujante,
o que ela tem de único, de exclusivo, centra-se nos Que agora anda errante
aspectos naturais. Aí se revela mais uma caracterís-
Por fado inconstante,
tica de sua poesia: a exaltação da natureza.
Guerreiros, nasci;
Canção do Exílio Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Minha terra tem palmeiras, Meu canto de morte,
Onde canta o Sabiá; Guerreiros, ouvi.
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. O cacique da tribo o liberta, não querendo se
alimentar da carne de um covarde.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, — Mentiste, que um Tupi não chora nunca,
Nossos bosques têm mais vida, E tu choraste!... parte; não queremos
Nossa vida mais amores. Com carne vil enfraquecer os fortes.

Em cismar, sozinho, à noite, O índio tupi vai embora à procura de seu velho
Mais prazer encontro eu lá; pai. Quando encontra seu pai, este sente o cheiro das
Minha terra tem palmeiras, tintas do ritual antropofágico e pede a seu filho que
o leve imediatamente à tribo inimiga. Chegando lá,
Onde canta o Sabiá.
pede ao cacique que sacrifiquem seu filho, pois ele
era digno de morte. O cacique conta-lhe o acontecido;
Minha terra tem primores,
envergonhado, o velho índio renega seu filho.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite — Tu choraste em presença da morte?
Mais prazer encontro eu lá; Na presença de estranhos choraste?
Minha terra tem palmeiras, Não descende o cobarde do forte;
Onde canta o Sabiá. Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
Não permita Deus que eu morra, De uma tribo de nobres guerreiros,
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Sem que eu volte para lá; Implorando cruéis forasteiros,


Sem que desfrute os primores Seres presa de via Aimorés.(...)
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Entretanto, o índio tupi avança sobre os inimi-
Louco, aflito, a saciar-me
gos e luta bravamente, recuperando sua estima de
guerreiro e se tornando digno da morte honrosa. D’agravar minha ferida,
Ao final, vemos que na verdade tal história Tomou-me tédio da vida,
aconteceu em um passado longínquo e está sendo Passos da morte senti;
contada por um índio timbira. Mas quase no passo extremo,
Assim o Timbira, coberto de glória, No último arcar da espr’ança,
Guardava a memória Tu me vieste à lembrança,
Do moço guerreiro, do velho Tupi. Quis viver mais e vivi!(...)
E à noite nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,
Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”. Gonçalves Dias produziu ainda poesia medieval.
A obra Sextilhas do Frei Antão demonstra grande
domínio de linguagem, porém não teve grande
Em seus poemas indianistas Gonçalves Dias aceitação do público, sendo somente considerada
demonstra um espetacular domínio de ritmo. No no meio intelectualizado.
texto lido, as sílabas tônicas de cada verso marcam
o bater do tambor indígena. I-Juca Pirama significa
“aquele que é digno de ser morto”. Outros poemas
Segunda geração –
com essa temática que se destacam são Marabá, O individualista, ou egótica
Canto do Piaga e Leito de Folhas Verdes.
Quando trata do amor, Gonçalves Dias revela Nessa geração temos o quase total abandono da
toda a desilusão que sente. Para o poeta, amar é so- temática nacionalista e indianista. O que se destaca
frer, o amor é sinônimo de solidão. Nesses poemas, nessa fase é o caráter confessional das poesias.
todas as ilusões são perdidas, devido à inatingibi- Estamos na geração ultrarromântica, fortemente
lidade da amada. Muitas vezes, a morte permeia o influenciada pelos textos do inglês Byron, símbolo
tema amoroso. da libertação juvenil, e do francês Musset. Os poetas
centram-se nos seus dramas existenciais, revelam em
Vamos ler o poema feito após o escritor ter en- seus poemas sua subjetividade, suas paixões, seus
contrado, acidentalmente, sua amada Ana Amélia desejos mais recônditos.
em Lisboa.
Coincidentemente todos os poetas dessa gera-
ção, que apresentava uma tendência muitas vezes
Ainda uma vez – Adeus! suicida em suas obras, morreram muito jovens.
Foram integrantes dessa geração: Álvares de
Enfim te vejo! – enfim posso, Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e
Curvado a teus pés, dizer-te Junqueira Freire, merecendo destaque os dois pri-
Que não cessei de querer-te, meiros.
Pesar de quanto sofri.
Muito penei. Cruas ânsias,
Álvares de Azevedo
Dos teus olhos afastado, Manuel Antônio Álvares
Domínio público.

Houveram-me acabrunhado de Azevedo nasceu em 1831,


A não lembrar-me de ti! na cidade de São Paulo. Filho
de família abastada, fez seus
Dum mundo a outro impelido, estudos em Portugal, retor-
Derramei os meus lamentos nando para cursar a Faculdade
Nas surdas asas dos ventos de Direito de São Paulo. No ano
de 1852 os sintomas da tuber-
Do mar na crespa cerviz! culose manifestaram-se. Com
Baldão, ludíbrio da sorte o tratamento feito apresentou
Em terra estranha, entre gente melhoras. Na fazenda do tio,
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Que alheios males não sente, onde estava para se recuperar da doença, caiu de
um cavalo, afetando sua região ilíaca. Os médicos
Nem se condói do infeliz! resolveram operá-lo. Na época não havia anestesia
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e Álvares suportou as dores da cirurgia, porém, já
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
enfraquecido pela tísica, veio a morrer no mesmo ano.
Nenhuma das suas obras foi publicada em vida. Se um suspiro nos seios treme ainda,
Suas principais obras são: Lira dos Vinte Anos É pela virgem que sonhei... que nunca
(1853); Noite na Taverna (1855, contos); O Conde Lopo Aos lábios me encostou a face linda!
(1886); Macário (1855, poema dramático).
Só tu à mocidade sonhadora
Características e temas Do pálido poeta deste flores.
Se viveu, foi por ti! e de esperança
Típica poesia “mal do século”, sua obra tem De na vida gozar de teus amores.
como temas principais a morte que permeia todos
os outros temas o amor impossível e o tédio da vida, Beijarei a verdade santa e nua,
tratado com humor irônico.
Verei cristalizar-se o sonho amigo.
A morte, tema favorito do poeta, simboliza a
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
solução de todos os seus problemas. Na verdade
seu grande problema é viver, pois viver é passar Filha do céu, eu vou amar contigo!
por sofrimentos e conflitos internos dilacerantes.
Diferentemente dos poetas da segunda geração Descansem o meu leito solitário
que demonstravam um certo medo diante da morte, Na floresta dos homens esquecida,
Álvares de Azevedo assume uma postura simpática À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
a tal acontecimento. Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra, O tema do amor caracteriza-se por apresentar
Que o espírito enlaça à dor vivente, sempre uma mulher inatingível, intocável. Há duas
situações diversas para a impossibilidade do contato.
Não derramem por mim nenhuma lágrima
A primeira relaciona-se à amada virginal adormeci-
Em pálpebra demente. da, que não pode ser maculada com as mãos de um
simples apaixonado. A segunda situação refere-se à
E nem desfolhem na matéria impura mulher desprezível, em que o poeta jamais colocaria
A flor do vale que adormece ao vento: as mãos. Mário de Andrade define primorosamente o
Não quero que uma nota de alegria sentimento dialético revelado nas poesias amorosas
de Álvares de Azevedo; é a relação amor e medo
Se cale por meu triste passamento.
(medo do contato físico, possivelmente motivada
Eu deixo a vida como deixa o tédio pela inexperiência amorosa do poeta devido à sua
pouca idade).
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo Não acordes tão cedo! enquanto dormes
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; Eu posso dar-te beijos em segredo...
Como o desterro de minh’alma errante, Mas, quando nos teus olhos raia a vida,
Onde fogo insensato a consumia: Não ouso te fitar... eu tenho medo!
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia. A poesia do tédio (poesia típica do mal du siècle)
Só levo uma saudade – é dessas sombras revela o cansaço existencial do poeta. Vivendo na
provinciana São Paulo, o jovem intelectualizado não
Que eu sentia velar nas noites minhas. tinha muitas opções de entretenimento (bebedeiras,
De ti, ó minha mãe, pobre coitada, orgias, entorpecimento com ópio que lia nas obras ro-
Que por minha tristeza te definhas! mânticas europeias). Já pendente a um pessimismo
racional, o poeta completa sua ideia do não-sentido
De meu pai... de meus únicos amigos, da existência.
Poucos – bem poucos – e que não zombavam O humor é um dos grandes temas desenvol-
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Quando, em noites de febre endoudecido, vidos pelo jovem romântico. Aqui, destaca-se a
autoironia e a construção de situações cômicas do
Minhas pálidas crenças duvidavam.
cotidiano, como no poema É ela! É ela!.
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É ela! é ela! — murmurei tremendo, Casimiro de Abreu
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Casimiro de Abreu nas-

Domínio público.
Eu a vi... minha fada aérea e pura — ceu no ano de 1839, na cida-
a minha lavadeira na janela. de de Barra de São João, no
Estado do Rio de Janeiro.
Dessas águas furtadas onde eu moro Filho de comerciante por-
eu a vejo estendendo no telhado tuguês, fez seus primeiros
estudos em Nova Friburgo,
os vestidos de chita, as saias brancas;
sendo mandado mais tarde
eu a vejo e suspiro enamorado! à Lisboa. Retorna depois
de quatro anos, vivendo na boemia e trabalhando
Esta noite eu ousei mais atrevido, no comércio. Sua obra Primaveras teve imediata
nas telhas que estalavam nos meus passos, aceitação do público, tornando-se um poeta célebre,
ir espiar seu venturoso sono, ainda em vida, ao contrário de Álvares de Azevedo.
vê-la mais bela de Morfeu nos braços! Faleceu no ano de 1860.
Sua principal obra é: Primaveras (1859).
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado... Características e temas
Como roncava maviosa e pura!...
A poesia de Casimiro caracteriza-se pelo la-
Quase caí na rua desmaiado!
mento sentimental gracioso, sem grandes arroubos
emocionais, ao gosto do pequeno burguês. Logo sua
Afastei a janela, entrei medroso...
poesia caiu nas graças do público de classe média da
Palpitava-lhe o seio adormecido... época. Temos em seus versos uma atmosfera amena,
Fui beijá-la... roubei do seio dela situada numa poesia diurna, onde vemos jardins flo-
um bilhete que estava ali metido... ridos. É a poesia inofensiva, plenamente de acordo
com os sentimentos medianos do público leitor.
Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores; Segredos
são versos dela... que amanhã decerto
Eu tenho uns amores – quem é que os não
ela me enviará cheios de flores... tinha
Nos tempos antigos? – Amar não faz mal;
Tremi de febre! Venturosa folha!
As almas que sentem paixão como a minha,
Quem pousasse contigo neste seio!
Que digam, que falem em regra geral.
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio... – A flor dos meus sonhos é moça bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar;
É ela! é ela! — repeti tremendo;
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
mas cantou nesse instante uma coruja...
Não quero, não posso, não devo contar!
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja! Oh! Ontem no baile, com ela valsando
Senti as delícias dos anjos do céu!
Na dança ligeira, qual silfo voando
Álvares de Azevedo produziu também obra em Caiu-lhe do rosto o seu cândido véu!
prosa, são os contos de Noite na Taverna. Um grupo
de jovens embriagados contam histórias satânicas, – Que noite e que baile! Seu hálito virgem
onde são feitos relatos de orgias, assassinatos, in-
Queimava-lhe as faces no louco valsar,
cestos e canibalismo.
As falas sentidas que os olhos falavam,
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Não quero, não posso, não devo contar!

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Depois indolente firmou-se em meu braço, Meus oito anos
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Oh! Que saudades que tenho
Inda era mais bela rendida ao cansaço,
Da aurora da minha vida,
Morrendo de amores em tal languidez!
Da minha infância querida
– Que noite e que festa! e que lânguido Que os anos não trazem mais!
rosto Que amor, que sonhos, que flores,
Banhado ao reflexo do branco luar! Naquelas tardes fagueiras,
A neve do colo e as ondas dos seios À sombra das bananeiras,
Não quero, não posso, não devo contar! Debaixo dos laranjais!
A noite é sublime! Tem longos queixumes, Como são belos os dias
Mistérios profundos que eu mesmo não sei: Do despontar da existência!
Do mar os gemidos, do prado os perfumes, – Respira a alma inocência
De amor me mataram, de amor suspirei! Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
Agora eu vos juro... Palavra! – Não minto! O céu – um manto azulado,
Ouvi a formosa também suspirar: O mundo – um sonho dourado,
Os doces suspiros que os ecos ouviram A vida – um hino d’amor!
Não quero, não posso, não devo contar!
Que auroras, que sol, que vida,
Então nesse instante nas águas do rio Que noites de melodia
Passava uma barca, e o bom remador Naquela doce alegria,
Cantava na flauta: – “Nas noites d’estio Naquele ingênuo folgar!
O céu tem estrelas, o mar tem amor!” O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
E a voz maviosa do bom gondoleiro
As ondas beijando a areia
Repete cantando: “viver é amar!”
E a lua beijando o mar!
Se os peitos respondem à voz do barqueiro...
Não quero, não posso, não devo contar! Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Trememos de medo... A boca emudece
Que doce a vida não era
Mas sentem-se os pulos do meu coração
Nessa risonha manhã!
Seu seio nevado de amor se intumesce
Em vez das mágoas de agora,
E os lábios se tocam no ardor da paixão.
Eu tinha nessas delícias
Depois... mas já vejo que vós, meus De minha mãe as carícias
senhores, E beijos de minha irmã!
Com fina malícia quereis me enganar;
Aqui faço ponto; – segredos de amores Livre filho das montanhas,
Não quero, não posso, não devo contar! Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Seus temas não fogem à tradição romântica da Correndo pelas campinas
segunda geração, abordando o amor inatingível,
À roda das cachoeiras,
também motivado pelo medo, e a saudade da infân-
cia, poesia sobre o passado individual. A poesia de Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
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Casimiro de Abreu é permeada por uma constante


melancolia.

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atinge seu pé, o qual teve que ser amputado, sem
Naqueles tempos ditosos
anestesia. Em pouco mais de um ano após o ocorrido,
Ia colher as pitangas, já com a saúde debilitada, vem a falecer vitimado pela
Trepava a tirar as mangas, tuberculose em 1871, demarcando o fim da poesia
Brincava à beira do mar; romântica no Brasil.
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo, Características e temas
Adormecia sorrindo A obra de Castro Alves pode ser dividida em
E despertava a cantar! (...) dois temas básicos: a poesia social e a poesia amo-
rosa.
Oh ! Que saudades que tenho
Na poesia social vemos a projeção do “eu” do
Da aurora da minha vida, poeta sobre o mundo e não mais sobre si mesmo,
Da minha infância querida como acontecia na geração anterior. Aqui a voz poéti-
Que os anos não trazem mais! ca é arma contra as injustiças sociais, o lirismo cede
lugar à opinião. A arte literária serve como arma de
Que amor, que sonhos, que flores,
denúncia e combate, como instrumento da igualdade,
Naquelas tardes fagueiras, da liberdade e da fraternidade.
À sombra das bananeiras, Observa-se o engajamento social, principalmen-
Debaixo dos laranjais! te em relação à causa abolicionista. Os principais
poemas dessa temática são Navio Negreiro e Vozes
​As poesias de Casimiro de Abreu possuem um d’África.
ritmo fluente e de fácil assimilação do conteúdo e da Vamos ler trechos do primeiro.
forma, lembrando muito a música popular.
IV
Teceira geração – geração Era um sonho dantesco... o tombadilho
condoreira, ou liberal, ou social Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Como o nome já evidencia, observa-se nessa Tinir de ferros... estalar de açoite...
geração a poesia engajada, com a finalidade prática
de protesto contra as injustiças sociais. Legiões de homens negros como a noite,
O poeta dessa geração é Castro Alves. Sua prin- Horrendos a dançar...
cipal influência foi o escritor francês Vitor Hugo.
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Castro Alves
Rega o sangue das mães:
Domínio público.

Antônio de Castro Outras moças, mas nuas e espantadas,


Alves nasceu no ano de No turbilhão de espectros arrastadas,
1847, na Fazenda das Ca-
Em ânsia e mágoa vãs!
beceiras, próxima à cidade
de Curralinho, Bahia. Aos E ri-se a orquestra irônica, estridente...
sete anos vai morar com a E da ronda fantástica a serpente
família em Salvador, onde Faz doudas espirais ...
faz seus estudos no Colé- Se o velho arqueja, se no chão resvala,
gio Abílio. Já no Recife,
quando se preparava para Ouvem-se gritos... o chicote estala.
ingressar na Faculdade de E voam mais e mais... (...)
Direito, conhece a célebre atriz portuguesa Eugênia
Câmara, com quem teve um caso aos dezenove anos V
de idade. Viaja com ela por algumas cidades, apresen- Senhor Deus dos desgraçados!
tando a peça Gonzaga, escrita especialmente para sua Dizei-me vós, Senhor Deus!
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amada. Entretanto, após o período de felicidade veio


Se é loucura... se é verdade
a decepção, ela o abandona. Para esquecer a solidão
o escritor começa a praticar tiro. Acidentalmente Tanto horror perante os céus?!
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Ó mar, por que não apagas Mas não digas assim por entre beijos...
Co’a esponja de tuas vagas Mas não me digas descobrindo o peito,
De teu manto este borrão?... Mar de amor onde vagam meus desejos. (...)
Astros! noites! tempestades!
É noite ainda! Brilha na cambraia
Rolai das imensidades!
– Desmanchando o roupão, a espádua nua –
Varrei os mares, tufão! (...)
O globo do teu peito entre os arminhos*
VI Como entre as névoas se balouça a lua...
Existe um povo que a bandeira empresta
É noite, pois! Durmamos, Julieta!
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
Recende a alcova ao trescalar* das flores.
E deixa-a transformar-se nessa festa
Fechemos sobre nós estas cortinas...
Em manto impuro de bacante fria!...
São as asas dos arcanjos dos amores.
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é
esta,
A frouxa luz da alabastrina* lâmpada
Que impudente na gávea tripudia?
Lambe voluptuosa os teus contornos
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Ao doido afago de meus lábios mornos.
Auriverde pendão de minha terra,
Mulher do meu amor! Quando aos meus
Que a brisa do Brasil beija e balança, beijos
Estandarte que a luz do sol encerra Treme tua alma, como a lira ao vento,
E as promessas divinas da esperança... Das teclas de teu seio que harmonias,
Tu que, da liberdade após a guerra, Que escalas de suspiros, bebo atento!
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha, Ai! Canta a cavatina do delírio,
Que servires a um povo de mortalha!...(...) Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
A poesia social de Castro Alves é escrita em Que importa os raios de uma nova aurora?!
linguagem grandiloquente, pois tinha o fim de ser
declamada ao povo. Outro recurso interessante uti- Como um negro e sombrio firmamento,
lizado: as imagens de ascensão, isto é, passa-se de Sobre mim desenrola teu cabelo...
uma imagem negativa para uma positiva: da morte à
E deixa-me dormir balbuciando:
vida, do mal ao bem, da terra ao céu, da treva à luz,
da tirania à liberdade etc. Tal recurso conferia grande – Boa-noite! – formosa Consuelo!...
emoção aos poemas.
Em relação à temática amorosa, Castro Alves é Sousândrade
um caso à parte na poesia romântica. Em seus versos
a mulher não é inatingível, o amor é concretizado. Joaquim de Sousa An-
Domínio público.

Desvela-se por vezes um certo erotismo e um caráter drade nasceu no ano de 1833
donjuanesco, em que a mulher passa a ser simples na cidade de Alcântara, no
objeto do desejo amoroso. Maranhão. Filho de família
Veja estes versos em que o poeta estabelecerá tradicional, teve a oportuni-
diálogo com diversas personagens da literatura. dade de viajar por diversos
países europeus. Formou-se
em Letras pela Sorbonne e
Boa-noite, Maria — Eu vou-me embora.
em Engenharia de Minas, em
A lua nas janelas bate em cheio. Paris (França). Viajou a partir
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... de 1870 por vários países da
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Não me apertes assim contra teu seio. América Latina. Fixou residência em Nova York. No
Boa noite!... E tu dizes – Boa noite. ano de 1889 retornou ao seu Estado de origem. Fa-
leceu em São Luís do Maranhão em 1902.
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Características e temas Muitos autores faziam da produção de folhetins
seu sustento, escrevendo simultaneamente um texto
A poesia de Sousândrade é um caso à parte na que seguia os padrões do folhetim e outro que ia de
literatura romântica. A sua obra mais importante acordo com suas ideias. O grande escritor Dostoievski
é O Guesa, baseada numa lenda indígena de tribos tinha uma produção paralela de folhetins à sua pro-
habitantes da região da Colômbia. dução estética independente, para ganhar algum
Nessa epopeia ameríndia inacabada vemos dinheiro. Certos escritores fizeram fortuna com a
Guesa ser raptado aos cinco anos pelo deus sol Bi- produção de folhetins.
chica, para ser sacrificado quando atingisse quinze
anos. O ritual baseia-se na educação do menino até
os dez anos, período em que faz peregrinação pela Estrutura
estrada do Suna, para somente depois ser morto.
A estrutura do romance romântico se dava da
Nessa estrada, o jovenzinho passa por diversos
seguinte forma (baseado em Curso de Literatura
lugares: América, Europa, África e Ásia, chegando
Brasileira, de Sergius Gonzaga):
a passar pela Bolsa de Valores de Nova York (numa
crítica evidente ao poder destruidor do capitalismo). Harmonia
Desarmonia
Harmonia
Essa trajetória pode ser interpretada como metáfora inicial final
da vida do poeta.
“Deus
Essa obra estabelece uma severa crítica à Ordem dos Crise dos ex machina”
mutilação causada aos povos indígenas após o valores valores
burgueses burgueses Restabelecimento dos
descobrimento da América. Diferentemente do ca- valores burgueses e da
ráter conciliador do indianismo de Gonçalves Dias, ordem patriarcal
vemos em O Guesa um canto de protesto em defesa
do autóctone, sintetizado na figura do herói inca (O Primeiramente tudo se encontra de acordo com
Guesa), representação de todos os índios da América os valores burgueses e patriarcais da sociedade. Logo
Latina. após, ocorre o desequilíbrio, a desestabilização, a
Esse poema narrativo possui treze cantos e é desarmonia desses valores. É nesse momento de
repleto de metáforas que, de certa forma, antecipam conflito que o escritor prende a atenção do seu pú-
algumas técnicas utilizadas pelas vanguardas do blico, mantendo os dramas que estão em curso de
início do século XX. acordo com as reações positivas ou não dos leitores
O romance torna-se muito popular a partir (similar ao que acontece atualmente nas novelas e
de 1830 com sua publicação em jornais. As obras nas pesquisas de opinião pública para se saber como
de Vitor Hugo, Walter Scott e Alexandre Dumas deve continuar a trama). Após conseguir aproveitar
popularizaram-se graças a sua grande disseminação ao máximo as tais reações, é chegada a hora de pôr
em fascículos em diversos jornais. Eram os folhetins um fechamento à história, para que outra, na semana
que começavam fazer parte dos hábitos culturais da seguinte, torne-se o mais novo sucesso de público.
classe média brasileira. Para dar um fim ao enredo, o escritor, seguindo sem-
Os capítulos dos romances eram publicados pre o gosto dos leitores e as exigências dos editores,
diariamente ou semanalmente, os leitores espera- restabelece os valores da sociedade burguesa, os
vam ansiosos pelos próximos acontecimentos. Com conflitos se acabam, os dramas se extinguem, tudo
tramas simples, linguagem clara e fortes emoções, volta ao normal, o final é invariavelmente feliz.
os romances em folhetins atraíam um público cada Muitas vezes, devido ao desenrolar da história,
vez maior. Esses romances eram publicados antes não havia mais possibilidade de o escritor conseguir
em folhetim para somente depois serem vendidos solucionar os problemas desestabilizadores da ordem
como livros. burguesa com recursos já existentes no enredo que
estava sendo contado. Quando isso ocorria, fazia-se
O romance romântico necessária aplicação de um último recurso, o Deus ex
machina, uma solução completamente inverossímil,
O escritor de folhetins necessariamente deve- por vezes ridícula, mas que servia para estabelecer o
ria se adaptar ao gosto do público e às exigências equilíbrio novamente e satisfazer àqueles que liam.
dos editores dos jornais. Portanto, essas obras iam Para a estrutura ficar mais clara, vamos exem-
ao encontro da ideologia dos leitores, não devendo
plificar:
nunca entrar em conflito com aquilo que pensavam
(o escritor francês Eugêne Sue, em um de seus ro- Uma jovem, filha de um rico comerciante, vive
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mances em folhetim se viu obrigado a ressuscitar sozinha e infeliz no seu quarto. Passa os dias esperan-
um de seus personagens, pelo fato dos leitores não do que surja o seu príncipe encantado. Certo dia, pas-
se conformarem com sua morte). sa diante da janela de sua casa um catador de papel,
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por quem ela se apaixona, e ele corresponde. Come- Suas principais obras são: A Moreninha (1844);
çam os encontros escondidos. O pai, descobrindo o O Moço Loiro (1845), Memórias do Sobrinho do Meu
namorico, apressa os preparativos para o casamento Tio (1867); A Luneta Mágica (1869).
de sua filha com um jovem proveniente de família
abastada, ao qual desde o nascimento a jovenzinha
estava prometida (embora não soubesse). Ao tomar
Características e temas
conhecimento da história a jovem cai em desespero e
Joaquim Manuel de Macedo é o iniciador da
adoece, os médicos não encontram a causa (o amor).
tradição narrativa não só do Romantismo, mas de
Já à beira da morte, acontece algo inacreditável (o
toda a Literatura Brasileira. Depois dele é que sur-
Deus ex machina) surge em sua casa o verdadeiro
gem os demais grandes nomes do gênero, dentre
amor de sua vida, muito bem vestido, com aparên-
eles o grande expoente da prosa romântica José de
cia de lord inglês e ao lado do pai da moça, a qual
imediatamente melhora. É que dias antes ele havia Alencar.
ganhado duas heranças milionárias dos seus avós, O que Macedo fez foi relativamente simples, po-
que nunca havia conhecido e cuja existência não rém de grande importância para o desenvolvimento
sabia. Pronto, o obstáculo amoroso para o casal – a da narrativa. Ele se baseou na estrutura do romance
diferença de classes, o que causava a desarmonia à romântico europeu e o adaptou aos cenários brasi-
ordem burguesa – havia ruído. O pai aceita o pedido leiros, mais especificamente aos cenários da cidade
de casamento do mais novo milionário da sociedade. do Rio de Janeiro.
Os preparativos são feitos. A cerimônia pomposa Seus romances mostram os costumes (festas,
(tudo pago com o dinheiro do noivo) acontece como tradições etc.) da sociedade urbana carioca da pri-
o planejado, a festa é espetacular, e o que resta para meira metade do século XIX. São tramas fáceis, cons-
eles é serem felizes para sempre. truídas de acordo com o gosto do público burguês,
possuindo um alto grau de previsibilidade, como as
Características telenovelas a que assistimos hoje. Tudo escrito em
linguagem muito simples e sem apresentar fortes
Todo romance romântico apresenta um herói emoções que pudessem chocar os leitores. Mace-
(entenda-se protagonista). Ele está em constante do foi o responsável pela amenização do folhetim,
conflito/comunhão com o meio social em que vive. pois os textos europeus apresentavam cenas fortes
É através do romance que o escritor faz uma de paixão e violência, algo que não se adaptava à
interpretação da sociedade que tematiza. No caso mentalidade moralista provinciana e patriarcalista
do romance romântico, temos uma interpretação da época no Brasil.
feita a partir da construção de um romance que O primogênito do romance romântico no Brasil
mistura sonho e documentário. Ou seja, o enredo do é A Moreninha, que narra o amor do estudante de
romance romântico, pelo fato de nele se encontrar a medicina Augusto e da jovem Carolina – a moreninha.
idealização, seja de personagens seja de situações, Após dificuldades impostas pelas convenções sociais
não é verossímil. os dois vêm a se casar e tudo acaba bem, sendo os
Estamos diante de uma literatura que visa à dois felizes para sempre.
acessibilidade, à facilitação do entendimento.

Joaquim Manuel de Macedo


Joaquim Manuel de
Domínio público.

Macedo nasceu no ano de Deus ex machina: lat-Um deus por meio de


1820 em Itaboraí, Rio de uma máquina. Expediente da tragédia grega (e
Janeiro. Formou-se em Me- romana) para solucionar casos complicados, o qual
dicina, porém não exerceu a fazia de súbito aparecer um deus para explicar
profissão. Foi preceptor dos como se devia proceder naquele embaraço. Em-
filhos da princesa Isabel e prega-se a locução para designar um fim forçado.
professor de História no Co- Quando o autor não sabe resolver a situação que
légio Dom Pedro II. Também criou, interpõe um Deus ex machina.
foi deputado por diversas
legislaturas. Escreveu dezoito romances, quinze peças Disponível em: <www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.
EM_V_LIT_007

de teatro, dois livros de poemas e sete volumes de php?op=curiosidades/docs/expressoeslatinas>.


variedades em pouco mais de trinta anos de carreira!
Faleceu em 1882, na cidade do Rio de Janeiro.
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José de Alencar, importante escritor da prosa •• Busca das virtudes humanas: José de Alen-
romântica, em sua obra de caráter fortemente nacio- car busca apresentar em seus romances;
nalista, buscou apresentar uma “suma romanesca” indivíduos que tenham como características
do seu país, abrangendo o campo e a cidade, o sertão fundamentais a pureza, a lealdade e a cora-
e o litoral, o passado e o presente. Escritor de gran- gem. Assim são os protagonistas das suas
des qualidades, foi uma das grandes influências de principais obras. Peri, de O Guarani, é um
um dos maiores escritores da Literatura Ocidental: índio que vive para proteger Ceci, cumprindo
ninguém mais, ninguém menos do que Machado de a promessa feita ao pai da moça no momen-
Assis. to mais dramático da obra, enfrentando os
inimigos com a coragem que somente ele
José de Alencar é quem consolida e consagra poderia ter. Iracema doa sua vida ao seu amor,
o romance na Literatura Brasileira. Martim. Aurélia, de Senhora, desde o início
da obra, apesar de não parecer, é leal aos
Autores e obras seus sentimentos e princípios. Todos esses
personagens são puros, indivíduos de honra,
até mesmo a prostituta Lúcia, de Lucíola, que
José de Alencar somente entrou para essa vida com o objeti-
vo de salvar a família que se encontrava em
José Martiniano de Alencar extrema pobreza.
Domínio público.

nasceu no ano de 1829, na cida- •• O passado: nas obras de Alencar, o passado


de de Macejana, interior do Ce- tem um papel decisivo nas histórias. Ele é a
ará. Filho de tradicional família, explicação, a justificativa para o que acontece
fez seus primeiros estudos já no no presente. Em O Guarani, devido ao autor
Rio de Janeiro, quando contava nos reportar ao passado, um ano antes dos
nove anos de idade. Seu pai foi fatos que estão transcorrendo, descobrimos
homem de grande importância o porquê de Peri ser tão dedicado à Ceci – o
na política, exerceu o cargo de pai da moça havia salvado a vida da mãe do
senador liberal do império e índio e ele considerava Ceci igual à Nossa
participou de revoluções como, Senhora – , e quem é na verdade o aventureiro
por exemplo, a Confederação do Equador, em 1824. Loredano – o malvado frei Ângelo di Luca.
Em São Paulo, José de Alencar concluiu os estudos Em Senhora, através do retorno ao passado
secundários e cursou Direito, formando-se em 1851. compreendemos as razões e seu desejo de
Retornando ao Rio de Janeiro, trabalhou como advo- vingança em relação a Fernando Seixas – ele
gado e jornalista. No ano de 1857 lança em folhetim, a havia abandonado por receber um bom dote
dividido em capítulos, o romance O Guarani, atin- de casamento do pai de Adelaide. No roman-
gindo um sucesso nunca antes visto em todo o país. ce Lucíola, ficamos sabendo pelo passado as
Casa-se, tornando-se pai de quatro filhos. Quando razões da moça ter se tornado uma cortesã.
seu nome já era conhecido em todos os recantos da •• Aspectos negativos do ser humano: apesar
nação, elege-se deputado pelo estado do Ceará. Logo de seus romances pertencerem ao Roman-
se torna ministro da Justiça dos conservadores. Após tismo e ainda não poderem ser considerados
esse período, continuou deputado até a sua morte, plenamente verossímeis, devido à idealização
em 1877, vitimado pela tuberculose. de alguns personagens ou situações, Alencar
Suas principais obras são: Romances urbanos: antecipou aquilo que seria o fulcro da obra de
Cinco Minutos (1856); A Viuvinha (1857); Lucíola Machado de Assis: a percepção do mal, do
(1862); Diva (1864); A Pata da Gazela (1870); Sonhos anormal e do recalque. Esses elementos são
D’ouro (1872); Senhora (1875); Encarnação (1877). apresentados como constantes na conduta
Romances indianistas: O Guarani (1857); Iracema dos indivíduos, como características imanen-
(1865); Ubirajara (1874). Romances históricos: As Mi- tes ao ser humano. Encontramos aí um traço
nas do Prata (1873); Alfarrábios (1873); A Guerra dos realista da obra alencariana.
Mascates (1873). Romances regionalistas: O Gaúcho •• Tentativa de estabelecer a língua brasilei-
(1870); O Tronco do Ipê (1871); Til (1877). ra: Alencar buscou, através da utilização de
palavras indígenas e da forma de falar do
Características gerais brasileiro, constituir em seus romances uma
língua brasileira, indo ao encontro do ideal
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As obras de José de Alencar, romances urbanos, antilusitano presente na estética romântica


regionalistas, históricos ou indianistas, possuem brasileira. Contudo, não atingiu plenamente
alguns traços em comum. Veja: seus objetivos.
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Temas Mãe e filho morrem. Lúcia faz Paulo prometer
que será um verdadeiro pai para Ana. Ele cumpre.
Os romances de Alencar são divididos em qua-
tro tipos: romances urbanos, indianistas, históricos Senhora
e regionalistas.
Senhora é uma narrativa que revela uma das
Romances urbanos poucas formas de ascensão social na época do II
Reinado: o casamento por interesse.
Caracterizam-se por apresentar intrigas amo-
rosas motivas pela desigualdade econômica. As Enredo
histórias transcorrem durante o Segundo Reinado e
são ambientadas na cidade do Rio de Janeiro, a então Senhora narra a história de Aurélia Camargo,
capital federal. Outro traço importante dos romances uma jovem da alta classe que surge na sociedade
é a apresentação dos diálogos de forma idealizada, carioca e logo se torna rainha dos salões, rejeitando
como se os personagens fossem constantemente as mais diversas propostas de casamento, que ela
senhores de si, sem medos, dúvidas, aflições. Ob- chamava de “caça-dotes”.
servamos isso claramente na obra Senhora, na figura Aurélia era apaixonada por Fernando Seixas,
da jovem Aurélia, com apenas dezoito anos, órfã, jovem ambicioso que mesmo não tendo posses vivia
rica, administra sua fortuna e sua vida praticamente luxuosamente, despendendo o dinheiro que sua mãe
sem a ajuda de ninguém (lembre-se da condição da guarda na poupança. Fernando Seixas estava noivo
mulher no século XIX), o que confere artificialismo de Adelaide, por interesse econômico.
ao romance.
Aurélia, rica, por intermédio de seu tio e tutor,
Os dois principais romances urbanos são Lucíola Lemos, oferece ao pai de Adelaide a quantia de cin-
e Senhora. quenta contos de reis para que sua filha se case com
seu verdadeiro amor, Torquato Ribeiro, um homem
Lucíola muito pobre. A condição era Adelaide desfazer o
noivado com Seixas, pessoa que ela não amava ver-
É a história da impossibilidade amorosa entre dadeiramente. O plano é bem-sucedido.
pessoas de classes sociais diferentes. Seixas encontrava-se desesperado, quando sua
mãe, com o instinto de fazer o enxoval de casamento
Enredo para a filha, pede ao jovem que resgate o dinheiro
guardado na poupança da Caixa Econômica. É nesse
Narra a história do jovem Paulo, bacharel em momento que Lemos, por ordem de Aurélia, oferece-
Direito que, recém-chegado de Olinda, apaixona-se lhe uma vultosa quantia de cem contos de réis como
pela bela Lúcia. Entretanto, logo se decepciona ao dote de casamento, com a condição de que não to-
saber de um amigo que a moça era uma cortesã de masse conhecimento da identidade da noiva. Num
luxo. primeiro momento não aceita, mas depois acaba
O rapaz não consegue mais vencer sua paixão cedendo.
e o sentimento de Lúcia é recíproco. Ela abandona O casamento se realiza. Ao chegar na sua nova
a prostituição e explica a Paulo os motivos de haver casa com sua esposa, esta conta-lhe sua vida pas-
entrado nesse mundo. Tornou-se cortesã para ajudar sada de pobrezas, a morte de sua mãe, o abandono
a família que estava em grande pobreza, e acabou de seu noivo e a herança de um avô desconhecido,
sendo expulsa pelo pai. Ao retornar da Europa, des- que a torna milionária. Nesse momento, Seixas
cobre que seus pais estavam mortos, restando da fa- reconhece Aurélia, sua antiga namorada, pobre, a
mília somente a sua irmã Ana. Coloca-a num colégio quem abandonou. A vingança se concluía, a jovem já
interno e segue na prostituição para sustentá-la. havia se vingado da sociedade, rejeitando, de forma
Lúcia abandona a profissão e Paulo quer casar- implacável, diversos pretendentes e, agora, havia
-se com ela. Porém, a moça diz que isso não seria comprado seu marido, comprovando seu caráter
possível, pois precisava abrir mão daquilo que sentia interesseiro. Ela diz que haviam feito um negócio,
para conseguir libertar-se da condição de prostituta. pois ele precisava do dinheiro e ela de um marido
Vemos um processo de purificação da personagem. para apresentar à sociedade.
A partir daí, dormindo em quartos separados,
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Ela pede, então, para que Paulo se case com


Ana. Ele não aceita tal proposta. Lúcia se emociona manterão a imagem de casal feliz, porém estarão
e desmaia, revelando estar grávida do bacharel. em constante conflito. Estabelecerão discussões
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violentas, todavia alimentam secretamente o amor Iracema. O índio de Alencar somente é glorificado
recíproco. quando se submete à cultura branca, ou seja, só
Não suportando mais tanto sofrimento, devido à há a valorização do nativo quando este perde sua
sua condição no casamento e aos ciúmes crescentes identidade cultural. É o que acontece com Peri, que
que sentia de Aurélia – sempre visitada por Eduardo chega a ser batizado e, com Iracema, que aban-
Abreu, rapaz que declaradamente a amava – Seixas dona sua tribo pelo amor a Martim. Os índios que
consegue levantar o dinheiro que recebera com o dote não se entregam à cultura branca – os aimorés, em
por meio de um investimento na bolsa que havia feito O Guarani, por exemplo – são vistos como selvagens
e nem se recordava mais. canibais, violentos e maus.
Na cena final vemos Seixas entregando à Aurélia
o cheque com a quantia do dote, a fim de desfazer o Iracema
casamento. Aurélia, que o amava (e também sentia
muito ciúme quando Fernando Seixas conversava Iracema, escrito em prosa poética, é a Lenda do
com Adelaide), pede que esqueçam tudo e recome- Ceará – terra natal do autor. Alencar celebra nesse
cem. Emocionados, os dois se abraçam e, a partir texto o fictício nascimento do primeiro brasileiro,
desse momento, viverão felizes para sempre. mistura das raças portuguesa e indígena. Leia o
célebre início da obra.
– O passado está extinto. Esses onze meses,
não fomos nós que os vivemos, mas aqueles que Verdes mares bravios de minha terra natal,
se acabam de separar e para sempre. Não sou onde canta a jandaia nas frondes da carnaú-
mais sua mulher; o senhor já não é meu marido. ba.
Somos dois estranhos. Não é verdade? Verdes mares, que brilhais como líquida es-
Seixas confirmou com a cabeça. meralda aos raios do sol nascente, perlongando
as alvas praias ensombradas de coqueiros.
– Pois bem, agora ajoelho-me a teus pés,
Fernando, e suplico-te que aceites meu amor, Serenai, verdes mares, e alisai docemente a
este amor que nunca deixou de ser teu, ainda vaga impetuosa, para que o barco aventureiro
quando mais cruelmente ofendia-te. manso resvale à flor das águas.
(...) Onde vai aflouta jangada, que deixa rápi-
da a costa cearense, aberta ao fresco terrala
Esta riqueza causa-te horror? Pois faz-me
grande vela?
viver, meu Fernando. E o meio de a repelires.
Se não for bastante, eu a dissiparei. Onde vai como branca alcíone buscando o
rochedo pátrio nas solidões do oceano?

Romances indianistas Perceba a idealização da figura do índio na


descrição de Iracema.
Nesses romances, o que se observa é a ideali-
Além, muito além daquela serra, que ainda
zação do índio e a descrição das magníficas paisa-
azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a
gens naturais brasileiras. Constrói-se, a partir dessa
virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos
imagem idealizada, o mito heroico, com o fim de
mais negros que a asa da graúna, e mais longos
exaltação nacional. O Brasil exuberante, magnífico,
que seu talhe de palmeira.
é demonstrado a partir do indianismo. Entretanto,
esse índio apresenta as características de um cava- O favo da jati não era doce como seu sorriso;
leiro medieval – José de Alencar chega a dizer que nem a baunilha recendia no bosque como seu
Peri tinha todas as virtudes de um desses cavaleiros, hálito perfumado.
em O Guarani.
Vemos então que a figura do nativo, inserido
nos romances indianistas, serve como uma espécie Enredo
de compensação nacional, em relação à Europa, pelo
curto passado histórico, fazendo com que o autor Iracema, a virgem dos lábios de mel, com os
recorra à criação de um passado lendário, onde o cabelos mais negros do que a asa da graúna, está
autóctone é a figura imponente. se banhando em um rio. Percebe a presença de um
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Entretanto, encontramos uma forte contradição estranho e imediatamente desfere uma flechada que
nas obras indianistas de Alencar, principalmente nos atinge de raspão a face de Martim, homem branco,
seus dois romances mais importantes, O Guarani e português, que havia se perdido de seus compa-
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nheiros pitiguaras – Pitiguara era a tribo inimiga dos guns dias depois Iracema não sente-se à vontade por
Tabajara, esta era aliada dos franceses, aquela, dos estar em tribo inimiga. Martim decide ir morar com
portugueses. ela em local mais afastado. Poti os acompanha.
Percebendo o erro que tinha cometido, Iracema Iracema percebe que Martim está lhe dando
leva Martim até sua tribo, abrigando-o na oca de menos atenção. Ele vai à guerra contra os franceses
Araquém, seu pai e cacique da tribo dos Tabajara em auxílio dos pitiguaras. Quando retorna, tem que
(tribo inimiga dos portugueses). Araquém hospeda partir novamente para novo combate, juntamente
cordialmente Martim, mesmo sabendo que ele era com Poti. É nessa segunda ausência do marido que
português, e o deixa aos cuidados de Iracema. Iracema dá à luz Moacir (que significa, em tupi, o
O nobre homem encanta-se pela índia e a de- filho da dor).
seja, entretanto ela não podia ceder aos encantos e Solitária, fraca, com o leite secando, Iracema re-
desejo que também sentia, pois era a “virgem dos siste até a volta de Martim, morrendo em sua chega-
lábios de mel” e detentora do “segredo da jurema” da e deixando-lhe o filho. O português retorna à sua
(planta da qual se extraía um líquido alucinógeno e terra natal. Quatro anos depois regressa ao Brasil e
que os índios, em noite de lua cheia, bebiam e reve- funda o Ceará, em companhia de Poti, agora batizado
lavam seus segredos ao cacique). com o nome católico de Antônio Felipe Camarão.
No outro dia, Irapuã, guerreiro tabajara apai- Quando Iracema morreu, a arara que sempre a
xonado por Iracema, ao saber da presença de um acompanhava subiu até a parte mais alta da palmeira
inimigo português, tenta matar Martim, mas é im- em que Iracema foi enterrada por Martim e ficou a
pedido por Iracema. A batalha entre os tabajaras cantar ininterruptamente o nome de sua dona. Daí
e os pitiguaras acirra-se. Caubi, irmão de Iracema, a origem do nome Ceará, pois “ce” vem do vocábulo
guia Martim na floresta para que fuja, todavia Irapuã, tupi “cemo”, que significa grito, canto, clamor e “ará”
juntamente com outros guerreiros, havia preparado significa arara.
uma emboscada. Exige que Caubi entregue Martim,

Domínio público.
atitude a que ele se nega.
Já protegidos na oca, Martim e Iracema en-
tregam-se à paixão, o que provoca a ira de Irapuã.
Araquém invoca, então, Tupã (deus dos índios), e
pela abertura de uma fenda na Terra, dentro da oca
do cacique, emana a voz do deus, que afugenta mo-
mentaneamente os revoltosos (na verdade, Alencar
explica que a suposta voz de Tupã era o som que o
vento fazia quando passava pela gruta secreta que
Araquém tinha em sua oca.
Iracema (1881), de José Maria de Medeiros.
Quando a noite chega Martim encontra-se com
Poti – seu amigo e irmão do chefe da nação pitiguara,
Jacaúna – através da fenda secreta da oca de Ara- Fundamentação histórica
quém, para combinarem um plano de fuga. O plano
consistia em aproveitarem a noite de lua cheia para Tanto em O Guarani quanto em Iracema, José
fugir, pois os tabajaras beberiam o vinho de Tupã de Alencar utiliza-se de alguns personagens que
e entrariam em transe, completamente alucinados. realmente existiram. É o caso de D. Antônio de Ma-
No momento em que traçara o plano, Martim pede riz, nobre português, fundador do Rio de Janeiro, no
a Iracema um pouco do vinho de Tupã. O português primeiro romance, e Martim e Poti na segunda obra,
tem alucinações e sonha abraçar Iracema e possuí- sendo o português o real fundador do Ceará e, Poti,
-la na rede. Antônio Felipe Camarão, homem de importância
fundamental para o surgimento do Estado.
Na noite da fuga, Iracema acompanha Poti e Mar-
tim, ultrapassando as fronteira das terras dos Tabajara.
Martim não compreende tal atitude, mas Iracema lhe Romances históricos
explica: na verdade, as alucinações do nobre guerreiro
foram a mais concreta realidade, agora a índia não Os romances históricos de José de Alencar
era mais a “virgem dos lábios de mel”, pertencia ao seguem o estilo dos modelos europeus de Alexan-
português e carregava no ventre um filho seu. dre Dumas e Walter Scott, supervalorizando ações
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Seguem juntos a viagem até a tribo Pitiguara. específicas, deixando em plano secundário os fatos
Chegando lá, são muito bem recebidos; contudo, al- concretos. Em verdade, o passado histórico serve
como pano de fundo para a narrativa.
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Romances regionalistas se casou e trabalhou como professor secundário.
Devido ao grande sucesso de A Escrava Isaura, foi
Os romances regionalistas têm por objetivo visitado pelo Imperador. Faleceu em 1884, coberto
simbolizar a essência brasileira. No interior é que de prestígio.
se encontra o verdadeiro Brasil, sem a influência
estrangeira que locais “abertos”, como as cidades Características e temas
litorâneas, que, em geral, eram as capitais esta­duais,
estavam sujeitas. Também tinham o objetivo de, ao As obras de Bernardo Guimarães caracterizam-
falar de várias regiões do país, abranger todo o terri- -se por apresentar um estilo simples de linguagem.
tório brasileiro no intento de unificação nacional. Os dois temas mais bem desenvolvidos do autor
Os sertanistas ou regionalistas são um grupo encontram-se em suas duas obras mais importantes:
de escritores românticos que trataram do universo A Escrava Isaura e O Seminarista. A primeira trata da
interiorano brasileiro. O verdadeiro Brasil poderia ser questão abolicionista e, a segunda, faz uma crítica ao
encontrado no sertão brasileiro, ainda não atingido celibato clerical e à estrutura patriarcal opressora.
pelas influências externas. Um mundo de natureza
exótica e de relativa ingenuidade é apresentado A Escrava Isaura
nessas obras.
Romance de denúncia social, A Escrava Isaura,
Tais romances mostram, em parte, um caráter
quando publicado, provocou grande reação junto aos
realista quanto à descrição da natureza (com o fim de
leitores fazendo com que muitos apoiassem a causa
valorização daquilo que é nacional), dos costumes,
abolicionista.
dos valores e da linguagem do interior. Sendo assim,
o que vemos é um realismo externo, pois as tramas e Narrado em terceira pessoa, conta a história
os desenlaces continuam plenamente românticos. da jovem escrava Isaura, mulher branca, habitante
do interior do Rio de Janeiro, filha de um feitor por-
O regionalismo, nos romances sertanistas, é
tuguês, Miguel. Quando a mãe da moça faleceu, foi
uma forma de nacionalismo, ou seja, o ideal patri-
adotada pela proprietária da fazenda em que vivia,
ótico romântico encontra-se vigorosamente em tais
sendo tratada como legítima filha. Foi educada se-
textos.
gundo os mais altos padrões da época. Sabia falar
Domínio público.

línguas estrangeiras, tocava piano muito bem e era


extremamente inteligente.
Quando a fazendeira morreu, seu filho, Leôncio
(o vilão da história), que já alimentava sórdidos de-
sejos pela escrava, começa a persegui-la e maltratá-
-la. Miguel, ao saber disso, consegue raptar a filha e
fugir com ela para Recife. Com os nomes de Elvira e
Anselmo, apresentam-se à sociedade. Isaura (Elvira)
encanta a todos com sua beleza, principalmente o
jovem, belo e rico Álvaro. Ambos se apaixonam.
No baile, Isaura é descoberta. Álvaro a protege.
Começam as disputas entre ele e Leôncio, que havia
Moendas de Açúcar. Rugendas (1815-1858).  saído à caça da escrava fugida. O vilão consegue
prendê-la, e a traz de volta à fazenda, no estado do
Rio de Janeiro. Malvina, esposa de Leôncio, perce-
Bernardo Guimarães bendo a atração voluptuosa que o marido sentia por
Isaura, pede a ele que a liberte. O vilão, disfarçando-
-se de bem-intencionado, impõe a condição de li-
Domínio público.

Bernardo Guimarães
nasceu no ano de 1825, na bertar a escrava se esta se casasse com o jardineiro
cidade de Ouro Preto. Cur- Belchior, um anão peludo e com feições de macaco.
sou Direito em São Paulo, No dia da cerimônia, quando Isaura não tinha
onde foi colega de Álvares mais esperanças de ser feliz, aparece Álvaro. O moço
de Azevedo. Trabalhou havia comprado todos os bens penhorados por
como juiz no interior de Leôncio, que se encontrava na miséria. Entre os bens
Goiás, até ser exonerado. estavam os escravos, logo, Isaura era sua. Desespe-
EM_V_LIT_007

Depois de breve passa- rado, Leôncio foge e se suicida com um tiro.


gem pelo Rio de Janeiro, Álvaro e Isaura estão livres para serem felizes
retornou à terra natal, onde para sempre.
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Artes do Rio de Janeiro. Félix Taunay, pintor e precep-

Domínio público.
tor de D. Pedro II, era seu pai. Depois de participar da
batalha contra os paraguaios que dominavam o sul
de Mato Grosso, torna-se professor de Geologia da
Escola Militar. Foi presidente de Santa Catarina e do
Paraná. Também foi senador, mas abandonou o cargo
quando da Proclamação da República, demonstrando
fidelidade ao imperador. Faleceu em 1899, vitimado
por complicações em consequência da diabetes.

Negros no Porão do Navio. Rugendas. Características e temas


O Seminarista O romance de Visconde de Taunay caracteriza-
-se por apresentar, quanto à linguagem, estilo mes-
Romance de crítica contra o celibato e o sistema clado entre o nível culto e o falar interiorano. Inocên-
patriarcal, O Seminarista narra a história do amor cia é uma obra de crítica ao patriarcalismo rural. Por
impossível entre Eugênio, filho de um rico fazendeiro vezes, o escritor utiliza-se de momentos engraçados
no interior de Minas Gerais, e Margarida, filha de uma para ridicularizar o machismo que imperava nessa
agregada da fazenda. As diferenças sociais serão o estrutura social.
impedimento da relação.
Eugênio e Margarida foram amigos na juventu- Inocência
de. O rapaz, então, é enviado para a um seminário em
Congonhas do Campo. Quando retorna de férias, os Em terceira pessoa, com narrador onisciente, a
dois se apaixonam e fazem juras de amor. Eugênio obra é mais uma história de amor impossível. Cirino,
promete não se ordenar padre. médico autodidata, viaja pelo interior do Mato Grosso
fazendo consultas, sendo muito bem-sucedido. Cer-
Depois da volta de seu filho ao seminário, os
to dia conhece Pereira, fazendeiro que estava com
pais de Eugênio, já sabendo do afeto entre os jovens,
sua filha, a bela Inocência, doente. O rapaz aceita o
expulsam da fazenda Margarida e a mãe, mentindo a
convite para se hospedar em sua propriedade e cura
Eugênio que Margarida estava se casando. Comple-
Inocência. Apaixona-se pela moça. Entretanto, a
tamente desiludido, o rapaz entrega-se às atividades
jovem já estava prometida a Manecão, filho de outro
sacerdotais.
proprietário de terras.
Certo dia, é chamado para atender uma moça
Também chega à casa de Pereira o naturalista
que estava muito doente. A moça era Margarida. O
alemão, amante de borboletas, Meyer. O estrangeiro
reencontro faz com que a paixão se fortaleça. Naquele
chega com uma carta de recomendação do irmão de
mesmo dia amam-se desesperadamente.
Pereira, o que faz com que esse receba muito bem
No dia seguinte, Eugênio realizaria sua primeira o naturalista, que fica por algum tempo hospedado
missa. Antes de começar é chamado para enco- na fazenda.
mendar um cadáver que já se encontrava na Igreja. Devido à sua personalidade rude e certa in-
Era o cadáver de Margarida. Volta para começar a genuidade, o fazendeiro pensa que os agrados e
missa, mas, de repente, arranca sua batina e corre cavalheirices do alemão para com sua filha são uma
pela igreja no meio de todos, desaparecendo. Havia tentativa de flerte. Preocupado, pede para que Cirino
enlouquecido. permaneça e o ajude a vigiá-lo. Também solicita ajuda
de seu fiel empregado, o anão mudo Tico.
Visconde de Taunay Nesse período, Cirino e Inocência quase não se
comunicam, contudo, certo dia, à janela do quarto de
Domínio público.

Alfredo d’Escragnolle– Inocência, ele declara seu amor. A princípio, a moça,


Taunay nasceu em 1843, na ingênua, estranha tamanho arrebatamento, porém
cidade do Rio de Janeiro. mostra afeição pelo rapaz. Também está apaixonada.
Oriundo de uma família de Planejam fugir, mas a moça, com medo de ser amal-
aristocratas, muito cedo foi diçoada pelo pai, pede para que Cirino peça o apoio
influenciado pelas artes – do padrinho dela, Antônio Cesário, senhor pelo qual
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seu avô paterno, francês, Pereira tem alto apreço.


Nicolau Antônio, foi o funda- Nesse ínterim, Meyer descobre uma espécie
dor da Academia de Belas nova de borboleta e a batiza de Inocência, atitude que
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aumenta a desconfiança do pai da rapariga. Todavia, haviam falecido. Trabalha,

Domínio público.
ele logo parte, eliminando as suspeitas do pai. então, como jornalista e tra-
Enquanto Cirino faz a viagem para encontrar dutor. Em 1852, publica em
Cesário, Manecão chega à propriedade do pai de folhetim mensal Memórias
Inocência. Ela se recusa a aceitar o casamento e de um Sargento de Milícias.
acaba sendo espancada pelo pai. Tico, o anão mudo, Foi nomeado, em 1857, dire-
denuncia Cirino. Manecão, irado e com sede de vin- tor da Tipografia Nacional,
gança, persegue o rapaz e assassina-o. Ao saber do tornando-se protetor de um
ocorrido, Inocência encontra a solução do sofrimento jovem de dezesseis anos –
na morte. Machado de Assis. Devido
Enquanto isso, na Alemanha, alheio aos últimos a problemas econômicos,
acontecimentos, o naturalista Meyer é homenageado muda-se para Nova Friburgo.
pela descoberta da borboleta Papilio Innocentia. Candidata-se a deputado da Assembleia Provincial.
Em viagem de campanha em 1861, abordo do vapor
Hermes, naufraga e morre.
Franklin Távora
Franklin Távora nasceu em 1842, em Baiturité,
Características e temas
no interior do Ceará. Cursou Direito na Faculdade
Autor de um único romance, Manuel Antônio
do Recife. Mudou-se para o Rio de janeiro no ano de
de Almeida escreveu uma obra que se caracteriza
1874, trabalhando em setores relacionados à buro-
por contrariar os valores estéticos românticos da
cracia. Também trabalhou no Instituto Histórico e
época. Memórias de um Sargento de Milícias é uma
Geográfico Brasileiro. Faleceu em 1888. exceção dentro do período romântico. Apresenta
um anti-herói, Leonardo, o primeiro malandro da
Características e temas Literatura brasileira. Não idealiza personagens nem
situações; não mostra cenas melodramáticas e não
Seu romance O Cabeleira também pode ser vê no casamento um final feliz. Temos, em verdade,
classificado como romance histórico, por tratar do um legítimo antirromance romântico.
passado nordestino. Sua obra possui, portanto, va- Classificado como romance de costumes, mes-
lor documental por fazer um estudo do cangaço no mo não sendo o fulcro da obra evidenciar os hábitos
século XVII. A obra apresenta ideologia progressista do grupo ao qual se refere – a classe popular –, a
embasada na educação como solução dos problemas obra tem como característica fundamental o humor,
nordestinos. o riso fácil. Algo que não encontramos nos demais
romances do período. A partir da ridicularização de
O Cabeleira personagens e situações observamos o desmasca-
ramento dos indivíduos.
Conta a história do reencontro do cangaceiro Encontramos em Memórias de um Sargento de
José Gomes, o Cabeleira, com Luisinha, seu antigo Milícias personagens-tipo, ou seja, são representan-
afeto. A paixão entre os dois faz com que ele se re- tes da classe social a qual pertencem. Muitos deles
genere e abandone a vida do cangaço. Entretanto, a nem nome possuem, como é o caso da madrinha e
polícia o persegue. Num acidente, Luisinha se fere do padrinho de Leonardo, a “comadre” e o “compa-
e morre. Cabeleira, desiludido, rende-se, é julgado e dre”.
condenado à forca. O romance é escrito em terceira pessoa, o nar-
No final do romance, percebe-se severa crítica rador é onisciente e faz constantes interrupções na
à pena de morte e a justificativa da existência do narrativa, comentando sobre o passado dos persona-
cangaço pela falta de assistência ao povo. gens e os acontecimentos futuros, sempre com muito
humor e ironia. Pode-se dizer que tais interrupções
narrativas são o embrião do que chamaremos na obra
Manuel Antônio de Almeida realista de Machado de Assis de “digressões” – aná-
lises profundas acerca de algo relevante à história, ao
Manuel Antônio de Almeida nasceu em 1831, contrário do que acontece no romance de Almeida,
na cidade do Rio de Janeiro. Estudou curto período que caracteriza-se por ser superficial.
na Academia de Belas Artes. Depois cursou a facul- A visão desenganada da realidade e a relativi-
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dade de medicina, formando-se no ano de 1855. Não zação dos valores são traços fundamentais da obra.
pôde seguir a carreira médica por ter de trabalhar Tais características evidenciam sua separação da es-
muito para sustentar seu irmão, já que seus pais tética romântica. Entretanto, também não o podemos
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enquadrar na estética realista, pois ainda não temos viúva, está livre para se casar novamente. É o que
a objetividade e a análise psicológica presentes. acontece. Leonardo e a moça se casam.

Memórias de um Sargento de Ordem e desordem


Milícias Percebemos nessa obra, como diz Sergius
Um navio parte de Portugal para o Brasil. Nele Gonzaga, uma “condescendência em relação às
encontram-se Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça. transgressões”. Tal característica foi brilhantemente
Ele a vê, aplica-lhe uma pisadela no pé, ao que a moça esclarecida no texto Dialética da Malandragem, de
responde com um beliscão na mão. Nove meses de- Antônio Cândido, em que o crítico estabelece para
pois, nascia, na cidade do Rio de Janeiro, Leonardo, o romance a seguinte dialética: ordem versus desor-
“filho de uma pisadela e de um beliscão”. dem. Em que temos a ordem (organização social es-
tabelecida) e a desordem (transgressão) interagindo
Maria da Hortaliça foge com um capitão de na- constantemente, num verdadeiro relativismo da mo-
vio, abandonando Leonardo Pataca (apaixonado por ral, indo totalmente contra a relação maniqueísta do
uma cigana que o abandonou), o qual, por sua vez, romance romântico de bem e mal, certo e errado.
expulsa Leonardo, o filho, de casa com um pontapé
nas nádegas. O rapazinho é recolhido e criado por seu Um exemplo da ordem e da desordem em inte-
padrinho barbeiro, o “compadre”. O menino cresce e ração se dá a partir do momento em que Maria Re-
se torna uma verdadeira peste, é muito abusado e não galada (mulher de vida não-exemplar), representante
tem muita afinidade com os estudos. Como desejava da desordem, convence o Major Vidigal, represen-
que Leonardo seguisse a carreira de padre, o “compa- tante da ordem, a libertar Leonardo, representante
dre” põe-no de sacristão na Igreja. Porém, o traquinas da desordem, que se torna sargento, um agente da
não dura muito tempo em tal posição. Leonardo, não sociedade organizada, ou seja, da ordem. O “jeitinho
gostando do padre, resolve desmascará-lo, e faz com brasileiro” se revela em Memórias de um Sargento
que todos saibam do seu caso com a cigana, a mesma de Milícias.
que abandonara Leonardo Pataca. Nesse exemplo podemos perceber que a realida-
À medida que torna-se adulto, o rapaz se mostra de não mais tem duas faces opostas, mas diversas,
cada vez mais desinteressado pelo trabalho e pelos que não se excluem, mas coexistem.
estudos. Torna-se um vadio, contudo é extremamente Leia um trecho dessa excelente e divertida
simpático e cativante, conseguindo sempre a prote- obra:
ção de alguém.
Capítulo I — Origem, nascimento e batizado
Acaba conhecendo Luisinha, moça “sem sal”, (fragmento)
sobrinha de Dona Maria. Mesmo não apresentando
nada de interessante, Leonardo afeiçoa-se à Luisinha. Sua história tem pouca cousa de notável.
Porém, surge um concorrente que logo o vence, José Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria;
Manuel. Tempos depois, este e a jovem se casam. aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil.
Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem,
Leonardo não se entristece com o acontecido, alcançou o emprego de que o vemos empossado,
tinha um caso com a sensual mulata Vidinha. No e que exercia, como dissemos, desde tempos re-
período em que está com a mulata, o rapaz mete-se motos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei
em diversas confusões e acaba sendo detido pelo fazer o quê, uma certa Maria-da -Hortaliça, quitan-
major Vidigal, uma espécie de “caça-malandros”. deira das praças de Lisboa, saloia rechonchuda e
Leonardo é preso, foge, mas é preso novamente. bonitona. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não
Como punição, Vidigal o faz soldado, contudo, para era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado,
vingar-se, o malandro prega-lhe uma peça, no que é e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando
severamente punido com açoitadas. a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo
Comovida com a situação do afilhado, a “co- fingiu que passava distraído por junto dela, e com o
madre” resolve interceder. Recruta Dona Maria e ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela
Maria Regalada (antigo caso do major) para livrarem no pé direito. A Maria, como se já esperasse por
Leonardo. A “comadre” faz o pedido, todavia Vidigal aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo,
cede somente quando Maria Regalada promete-lhe, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo
em segredo, reatarem o antigo romance. beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto
EM_V_LIT_007

Imediatamente, Leonardo é libertado e, ainda uma declaração em forma, segundo os usos da


mais, é elevado ao posto de sargento. José Manuel, terra; levaram o resto do dia de namoro cerrado;
um péssimo marido, morre de apoplexia. Luisinha, ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela
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e beliscão, com diferença de serem desta vez um O Noviço
pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os
dois amantes tão extremosos e familiares, que Uma das poucas peças de Martins Pena em três
pareciam sê-lo de muitos anos. atos. O Noviço começa com Ambrósio se casando
por interesse com Florência, uma rica viúva, mãe de
Quando saltaram em terra começou a Maria
Emília e Juca, e tutora do sobrinho Carlos.
a sentir certos enjôos; foram os dois morar jun-
tos: e daí a um mês manifestaram-se claramente Ambrósio convence sua esposa a colocar Carlos
os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses em um seminário. Tem a ideia de também enviar
depois teve Maria um filho, formidável menino de Emília para o convento e fazer de Juca, frade. Assim,
quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, não seria necessário Florência gastar dinheiro com
cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo de- um dote, pois a filha estava em idade de casar, todos
pois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem estariam internados e a fortuna de Florência ficaria
largar o peito. E este nascimento é certamente de toda para ele.
tudo o que temos dito o que mais nos interessa, Carlos foge do seminário e se esconde na casa
porque o menino de quem falamos é o herói desta de uma tia, pois não queria ser padre, desejava se-
história. guir carreira militar e se casar com a prima Emília.
Em dado momento surge Rosa, a primeira esposa de
Ambrósio, da qual ele não havia se separado legal-
O teatro romântico mente, e o Mestre dos Noviços, perseguindo Carlos.
O rapaz, então, convence Rosa a trocarem de vestes.
Ele foge vestido de mulher e ela, de batina, é presa
Martins Pena por engano pelo mestre.
Carlos retorna à casa de Florência e, mesmo
Luís Carlos Martins vestido de mulher, desmascara o vilão. Agora o
Domínio público.

Pena nasceu no ano de caminho está livre para se casar com a prima que
1815, na cidade do Rio de tanto ama.
Janeiro. Estudou desenho,
música e arquitetura na
Academia de Belas Artes.
Os dois ou o inglês maquinista
No ano de 1838, sua primei-
Essa peça trata do amor impossível entre Felí-
ra comédia, O juiz de paz na
cio, o primo pobre, e Mariquinha. A moça tem dois
roça, foi encenada, e tam-
pretendentes: Negreiros, um traficante de escravos e
bém tornou-se diplomata.
Gainer, um inglês velhaco. Depois da chegada do pai
Quando enviado a Londres
da rapariga, que todos pensavam estar morto, tudo
foi infectado pela tuberculose. Acabou falecendo em
se resolve. Felício e Mariquinha podem se casar.
Lisboa, no ano de 1848.
Nessa peça, Negreiros seria a metáfora do ca-
pital provindo do tráfico e Gainer, do capital estran-
Características e temas geiro, que disputavam o domínio sobre a nação. Ao
final, um brasileiro consegue ficar com as riquezas
Martins Pena foi o fundador do teatro nacional. do Brasil, neste caso, representadas pela figura de
Escreveu comédias e dramas, porém as que se desta- Mariquinha.
caram foram as primeiras. Caracterizam-se por serem
comédias de costumes, ou seja, demonstrarem os Leia um trecho da obra.
hábitos da sociedade da época. O autor ambientava
suas peças ou na cidade ou na roça. CENA VII
Assim como Manuel Antônio de Almeida, FELÍCIO e GAINER
Martins Pena utilizava-se de personagens-tipo: o FELÍCIO — Estou admirado! Excelente
roceiro, o burguês da classe média, o estrangeiro ideia! Bela e admirável máquina!
etc. Criando situações satíricas, o autor, com muita GAINER, contente — Admirável, sim.
ironia, ridicularizava personagens e situações para a
FELÍCIO — Deve dar muito interesse.
partir daí revelar a verdadeira face do indivíduo, da
mesma forma que vimos Almeida fazer. GAINER — Muita interesse o fabricante.
EM_V_LIT_007

Quando este máquina tiver acabada, não


Pode-se dizer que Manuel Antônio de Almei-
precisa mais de cuzinheiro, de sapateira e
da é uma espécie de discípulo de Martins Pena no
de outras muitas ofícias.
romance.
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cenários, por exemplo, há a idealização de personagens
FELÍCIO — Então a máquina supre todos
e situações, tornando a obra inverossímil.
estes ofícios?
GAINER — Oh, sim! Eu bota a máquina Instrução: O texto a seguir refere-se à questão 1.
aqui no meio da sala, mandar vir um boi, 3. (Unicamp) “A moça trazia nessa ocasião um roupão de
bota a boi na buraco da maquine e depois cetim verde cerrado à cintura por um cordão de fios
de meia hora sai por outra banda da de ouro. Era o mesmo da noite do casamento, e que
maquine tudo já feita. desde então ela nunca mais usara. Por uma espécie de
FELÍCIO — Mas explique-me bem isto. superstição lembrara-se de vesti-lo de novo, nessa hora
na qual, a crer em seus pressentimentos, iam decidir-se
GAINER — Olha. A carne do boi sai feita
afinal o seu destino e a sua vida.(...)
em beef, em roast-beef, em fricandó e
outras muitas; do couro sai sapatas, Ergueu-se então, e tirou da gaveta uma chave;
botas... atravessou a câmara nupcial (...) e abriu afoitamente
FELÍCIO, com muita seriedade — aquela porta que havia fechado onze meses antes, num
Envernizadas? ímpeto de indignação e horror.”
GAINER — Sim, também pode ser. Das No trecho citado, extraído do capítulo final do romance
chifres sai bocetas, pentes e cabo de faca; ­Senhora, de José de Alencar, o narrador faz referência
das ossas sai marcas... a uma outra cena, passada no mesmo lugar, muito
importante para o desenrolar do enredo. Pergunta-se:
FELÍCIO, no mesmo — Boa ocasião para
aproveitar os ossos para o seu açúcar. Que personagens protagonizam as duas cenas e qual a
relação entre essas personagens no romance?
GAINER — Sim, sim, também sai açúcar,
balas da Porto e amêndoas. `` Solução:
FELÍCIO — Que prodígio! Estou
Aurélia e Fernando Seixas. São casados através de
maravilhado! Quando pretende fazer
contrato.
trabalhar a máquina?
4. (Elite) Em qual das alternativas há somente romances
sertanistas?
a) Iracema, O Seminarista, Inocência.
b) O Guarani, O cabeleira, A escrava Isaura.
1. (Mackenzie) Assinale a alternativa em que a caracte- c) A Moreninha, Iracema, Lucíola.
rística apresentada não pode ser atribuída à poesia
romântica brasileira. d) Memórias de um Sargento de Milícias, O Guarani,
O Tronco do Ipê.
a) Impessoalidade e objetividade.
e) O Gaúcho, A Escrava Isaura, Inocência.
b) Idealização da mulher.
c) Apego à natureza. `` Solução: E
d) Atmosfera noturna e misteriosa. Além dos sertanistas estudados nesse módulo, temos
também José de Alencar escrevendo romances do gê-
e) Presença da morte. nero. Os termos “regionalista” e “sertanista” designam o
mesmo tipo de literatura.
`` Solução: A
A partir do momento em que uma estética tem como
característica fundamental a subjetividade e o senti-
mentalismo, como é o caso do Romantismo, torna-se
contraditório ter como características a objetividade e a
impessoalidade. 1. (Cesgranrio) O Romantismo e o Modernismo repre-
sentam, no panorama literário brasileiro, momentos de
2. (Elite) Por que pode-se afirmar que no romance român- renovação e intensa criatividade. Assinale a opção que
tico há a mistura de sonho e documentário? aponta problemática trabalhada anteriormente pelos
românticos e que foi retomada pelos modernistas.
`` Solução:
EM_V_LIT_007

a) lrreverência.
Porque no romance romântico, paralelamente ao emba-
samento nos elementos concretos da realidade como os b) “Arte pela arte”.
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c) Nacionalismo idealizado c) 3 - 5 - 7 - 11 - 9.
d) Visão ufanista-irônica. d) 1 - 6 - 4 - 11 - 13.
e) Criação de uma identidade brasileira. e) 1 - 4 - 8 - 13 - 10.
2. (FAAP) Texto I 4. (Cesgranrio) A S. PAULO
“Minha terra tem palmeiras
1 Terra da liberdade!
Onde canta o sabiá;
2 Pátria de heróis e berço de guerreiros,
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.” 3 Tu és o louro mais brilhante e puro,
4 O mais belo florão dos Brasileiros!
Gonçalves Dias

5 Foi no teu solo, em borbotões de sangue


O texto I pertence ao estilo de época do:
a) Barroco. 6 Que a fronte ergueram destemidos bravos,

b) Arcadismo. 7 Gritando altivos ao quebrar dos ferros:

c) Romantismo. 8 Antes a morte que um viver de escravos!

d) Parnasianismo. 9 Foi nos teus campos de mimosas flores,


e) Modernismo. 10 À voz das aves, ao soprar do norte,
3. (ITA) Assinale a opção que preenche correta e adequa- 11 Que um rei potente às multidões curvadas
damente os espaços do excerto a seguir.
12 Bradou soberbo - Independência ou morte!
“É com o (.......) que se inicia (.......) da arte: a literatura
passa a ser divulgada pela imprensa; escolhem-se 13 Foi de teu seio que surgiu, sublime,
temas e conteúdos acessíveis a todos; substitu(i) (em)-
14 Trindade eterna de heroísmo e glória,
se (........) pelos mitos nacionais; valoriza-se a cultura
popular; e a literatura é utilizada como arma de ação 15 Cujas estátuas, - cada vez mais belas,
política e social mediante romances (........) e poesia
16 Dormem nos templos da Brasília história!
(.......).”
(1) Modernismo 17 Eu te saúdo, ó majestosa plaga,
(2) Realismo 18 Filha dileta, - estrela da nação,
(3) Romantismo 19 Que em brios santos carregaste os cílios
( 4 ) a idealização 20 À voz cruenta de feroz Bretão!
( 5 ) a revolução
21 Pejaste os ares de sagrados cantos,
( 6 ) a democratização
22 Ergueste os braços e sorriste à guerra,
( 7 ) os símbolos cristãos
23 Mostrando ousada ao murmurar das turbas
( 8 ) a mitologia clássica
24 Bandeira imensa da Cabrália terra!
( 9 ) o escapismo
(10) indianista(s) 25 Eia! - Caminha o Partenon da glória

(11) regionalista(s) 26 Te guarda o louro que premia os bravos!

(12) de teses sociais e de costumes 27 Voa ao combate repetindo a lenda:

(13) saudosista(s) 28 - Morrer mil vezes que viver escravos!

(14) reformista(s) (VARELA, Fagundes. O estandarte auriverde. ln:


(15) revolucionári(o)(a) ___. Poesias Completas. São Paulo: Saraiva,
EM_V_LIT_007

1956. p. 85-86.)
a) 3 - 6 - 8 - 12 - 15.
b) 2 - 5 - 7 - 10 - 14. Tendo em vista o texto, assinale a opção com duas
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características do Romantismo presentes no poema: b) Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de
a) entendimento racional do mundo / adjetivação Magalhães, é considerado seu marco inicial.
abundante. c) o indianismo se verificou tanto em prosa como em
b) polarização entre o Bem e o Mal / rigidez métrica. verso.
c) exaltação do heroísmo / musicalidade acentuada. d) os poetas ultrarromânticos como Casimiro de
Abreu e Álvares de Azevedo pertencem à segunda
d) assimilação do ideário liberal / valorização da sim- geração.
plicidade do povo brasileiro.
e) José de Alencar, seu maior prosador, dedicou-se
e) temática de fundo histórico / presença da cor lo- exclusivamente a romances indianistas e urbanos.
cal.
8. (Unesp) Identifique os movimentos literários a que
5. (Fuvest) “A identificação da natureza com o sofrimento pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas
humano, a tragédia perene do amante rejeitado, o jovem se apresentam.
andarilho condenado à vida errante em sua curta eter-
nidade, a solidão do artista. E, enfim, a resignação e a I. “A praça! A praça é do povo
reconciliação – ressentidas um pouco, por certo.” Como o céu é do condor
O texto acima enumera preferências temáticas e E o antro onde a liberdade
concepções existenciais dos poetas:
Cria águias em seu calor.”
a) barrocos.
II. “Vozes veladas, veludosas vozes,
b) arcádicos.
Volúpia dos violões, vozes veladas,
c) românticos.
Vagam nos velhos vórtices velozes
d) simbolistas.
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
e) parnasianos.
III. “Anjo no nome, Angélica na cara!
6. (Fuvest) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves
Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
que, no Brasil, a poesia romântica: Ser Angélica flor, e Anjo florente,
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, consolidan- Em quem, senão em vós, se uniformara:”
do de forma homogênea a inclinação sentimental e
o anseio nacionalista dos escritores da época. IV. “Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,

b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores e Fui honrado Pastor da tua aldeia;
tonalidades da literatura europeia: a dignidade do Vestia finas lãs, e tinha sempre
homem natural, a exacerbação das paixões e a
crença em lutas libertárias. A minha choça do preciso cheia.

c) constituiu um painel de estilos diversificados, cada Tiraram-me o casal, e manso gado,


um dos poetas criando livremente sua linguagem, Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.”
mas preocupados todos com a afirmação dos ide-
ais abolicionistas e republicanos. V. “Torce, aprimora, alteia, lima

d) refletiu as tendências ao intimismo e à morbidez de A frase, e enfim,


alguns poetas europeus, evitando ocupar-se com No verso de ouro engasta a rima,
temas sociais e históricos, tidos como prosaicos.
Como um rubim.
e) cultuou sobretudo o satanismo, inspirado no poeta
Quero que a estrofe cristalina,
inglês Byron, e a memória nostálgica das civiliza-
ções da Antiguidade clássica, representadas por Dobrada ao jeito
suas ruínas.
Do ourives, saia da oficina
7. (Mackenzie) Sobre o Romantismo no Brasil, é incorreto
Sem um defeito.”
afirmar que:
a) Romantismo, Simbolismo, Barroco, Arcadismo e
a) já se verificam traços condoreiros na obra de Fa-
EM_V_LIT_007

Parnasianismo.
gundes Varela, embora tal tendência apresente seu
ponto mais alto na poesia de Castro Alves. b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e
Romantismo.
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c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e 11. (Unesp) LEITO DE FOLHAS VERDES
Simbolismo.
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianis- À voz do meu amor moves teus passos?
mo e Barroco.
Da noite a viração, movendo as folhas,
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo Já nos cimos do bosque rumoreja.
e Arcadismo.
E sob a copa da mangueira altiva
9. (FAAP)
Nosso leito gentil cobri zelosa
Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada. Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
Como prece de amor, como estas preces,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
No silêncio da noite o bosque exala.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada. Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
A cujo influxo mágico respira-se
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
podes partir de novo, ó nômade formosa!
A flor que desabrocha ao romper d’alva
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Eu sou aquela flor que espero ainda
Hás de levar contigo uma saudade minha...
Doce raio do sol que me dê vida.
(Alceu Wamosy)
Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Já se disse que o poema é do Simbolismo. Contudo, se Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
você tivesse que enquadrá-lo em outra escola, optaria Vai seguindo após ti meu pensamento;
pelo: Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
a) Renascimento.
Meus olhos outros olhos nunca viram,
b) Arcadismo. Não sentiram meus lábios outros lábios,
c) Romantismo. Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
d) Realismo. A arazoia na cinta me apertaram.
e) Futurismo. Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
10. (ITA)
Também meu coração, como estas flores,
“Descansem o meu leito solitário
Melhor perfume ao pé da noite exala!
Na floresta dos homens esquecida.
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida. “ À voz do meu amor, que em vão te chama!
O excerto acima é de autoria de........ , importante poeta Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
do ultrarromantismo brasileiro, autor de......... A brisa da manhã sacuda as folhas!
a) Casimiro de Abreu - Primaveras
(DIAS, Gonçalves. Obras Poéticas, II, p. 17.)
b) Álvares de Azevedo - Lira dos Vinte Anos
VOCABULÁRIO
c) Fagundes Varela - Contos e Fantasias
EM_V_LIT_007

arazoia - variante de araçoia, saiote de penas usado


d) Gonçalves Dias - Últimos Contos pelas mulheres indígenas.
e) Castro Alves - Espumas Flutuantes bogari - arbusto, trepador, cultivado em jardins, que
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apresenta flores alvas, de perfume penetrante. do movimento romântico brasileiro, também conhe-
tapiz - tapete. cido como “geração do spleen” ou “mal do século”.
viração - vento brando e fresco, aragem, brisa. b) A presença da mulher amada torna-se o ponto
Baseando-se nos temas presentes no poema de central do poema. Isso é claramente manifestado
Gonçalves Dias, bem como nos recursos estilísticos pelas recordações do “eu lírico”, marcado por um
usados para expressá-los, situe o texto em um passado vivido, que sempre volta em imagens e
movimento literário e justifique sua resposta. sonhos.
12. (UFV) Fazendo um paralelo entre Romantismo e Mo- c) O texto reflete um articulado jogo entre o plano do
dernismo, assinale a alternativa falsa: imaginário e o plano real. Um dos elementos, entre
outros, que articula essa construção é a alternância
a) autores românticos e modernistas expressam a
dos tempos verbais presente/passado.
realidade por meio dos sentimentos, enfatizando a
idealização da natureza brasileira. d) Realidade e fantasia tornam-se a única realidade no
espaço da poesia lírica romântica gênero privilegia-
b) autores românticos como José de Alencar e alguns
do dentro desse movimento.
modernistas denominados verde-amarelistas, como
Cassiano Ricardo, preocupados com a identidade e) Apesar de utilizar decassílado, esse poema possui
cultural brasileira, procuram criar a imagem de uma o andamento próximo ao da prosa. Esse aspecto
raça brasileira heroica. formal é importante para intensificar certo prosaís-
mo intimista da poesia romântica.
c) escritores românticos e modernistas demonstram
consciência da necessidade de se criar uma litera- 14. (Mackenzie) Assinale a alternativa em que aparece
tura que traduza a realidade brasileira. um trecho de poema com claras características con-
doreiras.
d) escritores românticos e modernistas utilizam o in-
dianismo como elemento definidor da nacionalida- a) “Auriverde pendão de minha terra,
de brasileira. Que a brisa do Brasil beija e balança,
e) românticos e modernistas reaproveitam lendas e Estandarte que a luz do sol encerra,
mitos da cultura popular brasileira.
E as promessas divinas da esperança...”
13. (Unesp) Baseando-se na leitura do texto de Álvares de
Azevedo, assinale a única alternativa incorreta. b) “Oh! ter vinte anos sem gozar de leve

“Junto a meu leito, com as mãos unidas, A ventura de uma alma de donzela!
Olhos fitos no céu, cabelos soltos, E sem na vida ter sentido nunca
Pálida sombra de mulher formosa Na suave atração de um róseo corpo
Entre nuvens azuis pranteia orando. Meus olhos turvos se fechar de gozo”
É um retrato talvez. Naquele seio
c) “Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Porventura sonhei doiradas noites.
Ali vem lazarenta e desdentada...
Talvez sonhando desatei sorrindo
Alguma vez nos ombros perfumados Que noiva!... E devo então dormir com ela?...
Esses cabelos negros, e em delíquio Se ela ao menos dormisse mascarada!...”
Nos lábios dela suspirei tremendo. d) “Era a virgem do mar! na escuma fria
Foi-se minha visão. E resta agora Pela maré das águas embaladas!
Aquela vaga sombra na parede
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
- Fantasma de carvão e pó cerúleo,
Que em sonhos se banhava e se esquecia!”
Tão vaga, tão extinta e fumarenta
Como de um sonho o recordar incerto.” e) “Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
(AZEVEDO, Álvares de. VI Parte de Ideias Íntimas. In: CÂNDIDO, A.;
CASTELLO, J. A. Presença da Literatura Brasileira. São Paulo, Difu- Os poetas da minha terra
são Europeia do Livro, 1968. v 2, p. 26.) são pretos que vivem em torres de ametista,
EM_V_LIT_007

os sargentos do exército são monistas, cubistas,


a) Considerando os aspectos temáticos e formais do
poema, pode-se vinculá-lo ao segundo momento os filósofos são polacos vendendo a prestações.”
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Os textos abaixo referem-se às questões 15 e 16. saíram dele mesmo estas verdades
(Unesp) num dia em que se achou mais pachorrento.
Primeiro texto:
(In: Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 497.)

Autorretrato Os dois textos pertencem a artistas bastante afastados


entre si, no tempo. Trata-se de Bocage (Manuel Maria
Juca Chaves Barbosa du Bocage – 1765-1805), poeta neoclássico
português, e Juca Chaves (Jurandyr Chaves – 1938),
Simpático, romântico, solteiro, compositor, intérprete e showman brasileiro. Ambos
autodidata, poeta, socialista. líricos e sentimentalistas, muitas vezes são ásperos
Da classe 38, reservista, em críticas e sátiras sociais. Lendo-se os poemas (o
de outubro, 22, Rio de Janeiro. de Juca é letra de uma de suas canções), verificamos
que apresentam pontos em comum, embora sejam
Com a bossa de qualquer bom brasileiro, inconfundíveis pelo estilo e atitudes.
possuo o sangue quente de um artista, Juca Chaves afirma-se “romântico”. Releia o poema e,
Sou milionário em senso de humorista, a seguir, responda:
mas juro que estou duro e sem dinheiro. 15. Que características do romantismo literário podem ser
notadas na última estrofe de “Autorretrato”?
Há quem me julgue um poeta irreverente,
16. Justifique sua resposta com base na análise e interpre-
mentira, é reação da burguesia, tação dessa estrofe.
que não vive, vegeta falsamente,
O texto abaixo refere-se às questões 17 e 18.
num mundo de doente hipocrisia.
(Unesp) “Seja qual for o lugar em que se ache o
Mas o meu mundo é belo e diferente: poeta, ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua
bela, embalado pelos prazeres; no cárcere, como no
vivo do amor ou vivo de poesia...
palácio; na paz, como sobre o campo de batalha; se
E assim eu viverei eternamente, ele é verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de
se não morrer por outra Ana Maria. sua missão, e acha sempre o segredo de encantar
os sentidos, vibrar as cordas do coração, e elevar
(1962, disco RGE.) In: História da Música Popular Brasileira, fascí- o pensamento nas asas da harmonia até as ideias
culo número 41, São Paulo, Abril Cultural, 1971.) arquétipas.”
17. O trecho foi extraído da “Advertência” ao leitor feita por
Segundo texto:
Domingos José Gonçalves de Magalhães nas páginas
iniciais de seu livro Suspiros Poéticos e Saudades. O
Retrato Próprio (Soneto LXXXI) que representa essa obra na História da Literatura
Brasileira?
Bocage
18. A leitura do trecho citado nos permite identificar o
Magro, de olhos azuis, carão moreno, período literário a que pertence a obra. Comente duas
passagens desse trecho que revelem características da
bem servido de pés, meão na altura,
literatura do período em questão.
triste de facha, o mesmo de figura,
(PUC Minas)
nariz alto no meio, e não pequeno:
O texto a seguir refere-se às questões 19 e 20.
Incapaz de assistir num só terreno,
mais propenso ao furor do que à ternura Oh! Que saudades que eu tenho
bebendo em níveas mãos por taça escura Da aurora da minha vida,
de zelos infernais letal veneno: Da minha infância querida,
Devoto incensador de mil deidades Que os anos não trazem mais!
(digo, de moças mil) num só momento, Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
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e somente no altar amando os frades:


À sombra das bananeiras
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Debaixo dos laranjais!
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[...] Inspiram minha canção.
19. Assinale o dado linguístico que liga o trecho ao estilo Sou poeta porque és bela,
romântico.
Tenho em teus olhos, donzela,
a) Pontuação expressiva.
A musa do coração!
b) Predominância de adjetivos.
4.
c) Elementos sofisticados para cenário.
Se na lira voluptuosa
d) Verbos para exaltação do tempo presente.
Entre as fibras que estalei
e) Pronomes possessivos garantem o egocentrismo.
Um dia atei uma rosa
20. Todas as alternativas apresentam características român-
ticas do texto, exceto: Cujo aroma respirei...

a) o “eu lírico” foge da realidade presente para um Foi nas noites de ventura,
passado idealizado. Quando em tua formosura
b) o eu poético expressa suas emoções. Meus lábios embriaguei!
c) o autor dissocia os aspectos formais dos emocio- 5.
nais.
E se tu queres, donzela,
d) a voz poética revela-se saudosista.
Sentir minh’alma vibrar
e) o autor apresenta elementos de brasilidade.
Solta essa trança tão bela
21. (UFRJ)
Quero nela suspirar!

Minha Musa Descansa-me no teu seio

1. Ouvirás no devaneio

Minha musa é a lembrança A minha lira cantar!

Dos sonhos que eu vivi, (AZEVEDO, Álvares. Obras Completas. Homero Pires. (Org.) 8. ed. São
É de uns lábios a esperança Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942.)

E a saudade que eu nutri! Na literatura romântica, o homem coloca-se, com


É a crença que alentei, frequência, numa posição simulada de vassalo, a cortejar
e a adorar passivamente sua senhora, figura em geral
As luas belas que amei, idealizada.
E os olhos por quem morri! Que função sintática revela esse posicionamento da
2. figura masculina, no verso “Descansa-me no teu seio”
(última estrofe)? Justifique sua resposta.
Os meus cantos de saudade
22. (Fuvest)
São amores que eu chorei:
I. “Ah! enquanto os destinos impiedosos
São lírios da mocidade
Não voltam contra nós a face irada,
Que murcham porque te amei!
Façamos, sim façamos, doce amada,
As minhas notas ardentes
Os nossos breves dias mais ditosos.”
São as lágrimas dementes
II. “É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Que em teu seio derramei!
Rosa, que da manhã lisonjeada
3.
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Do meu outono os desfolhos,
Airosa rompe, arrasta presumida.”
EM_V_LIT_007

Os astros do teu verão,


III. “E quando, eu durmo, e o coração ainda
A languidez de teus olhos
Procura na ilusão tua lembrança,
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Anjo da vida, passa nos meus sonhos - Tu pertences àquelas senhoras que estão no camarote,
a cuja porta te encostavas?... perguntei.
E meus lábios orvalha de esperança!”
- Sim, senhor, me respondeu ele, e elas moram na rua
Associe os trechos anteriores com os respectivos de... n... ao lado esquerdo de quem vai para cima.
movimentos literários, cujas características estão
- E quem são?...
enunciadas a seguir.
- São duas filhas de uma senhora viúva, que também
Romantismo: evasão e devaneio na realização de um
aí está, e que se chama a Ilma. sra. d. Luiza. O meu
erotismo difuso.
defunto senhor era negociante e o pai de minha senhora
Arcadismo: aproveitamento do momento presente é padre.
(carpe diem).
- Como se chama a senhora que está vestida de
Barroco: efemeridade da beleza física, brevidade branco?
enganosa da vida.
- A sra. d. Joana... tem 17 anos, e morre por casar.
a) I - Romantismo; II - Arcadismo; III - Barroco.
- Quem te disse isso?...
b) I - Barroco; II - Arcadismo; III - Romantismo. - Pelos olhos se conhece quem tem lombrigas, meu
c) I - Arcadismo; II - Romantismo; III - Barroco. senhor!...
- Como te chamas?
d) I - Arcadismo; II - Barroco; III - Romantismo.
- Tobias, escravo de meu senhor, crioulo de qualidade,
e) I - Barroco; II - Arcadismo; III - Romantismo. fiel como um cão e vivo como um gato.
O maldito do crioulo era um clássico a falar português.
Eu continuei:
- Hás de me levar um recado à sra. d. Joana.
- Pronto, lesto e agudo, respondeu-me o moleque.
1. (UEL) O romance é um gênero literário que veio a se
desenvolver no século ....., retratando sobretudo .....; - Pois toma sentido.
era muito comum publicar-se em partes, nos jornais, - Não precisa dizer duas vezes.
na forma de ..... . - Ouve. Das duas uma: ou poderás falar com ela hoje,
Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, ou só amanhã...
pela ordem: - Hoje... agora mesmo. Nestas coisas Tobias não cochila:
a) XVII – a alta aristocracia – conto. com licença de meu senhor, eu cá sou doutor nisto;
meus parceiros me chamam orelha de cesto, pé de
b) XVIII – o mundo burguês – folhetim. coelho e boca de taramela. Vá dizendo o que quiser,
c) XVIII – o mundo burguês – crônica. que em menos de 10 minutos minha senhora saberá
tudo: o recado de meu senhor é uma carambola que,
d) XIX – o mundo burguês – folhetim. batendo no meu ouvido vai logo bater no da senhora
e) XIX – a alta aristocracia – crônica. d. Joaninha.
Instrução: O texto abaixo refere-se às questões 2 e 3. - Pois dize-lhe que o moço que se sentar na última
cadeira da 4.ª coluna da superior, que assoar-se com um
CARTA DE FABRÍCIO A AUGUSTO lenço de seda verde, quando ela para ele olhar, se acha
(fragmento) loucamente apaixonado de sua beleza etc., etc., etc.
Ah! maldito crioulo... estava-lhe a todo dizendo o para - Sim, senhor, eu já sei o que se diz nessas ocasiões: o
que servia!... Pinta na tua imaginação. Augusto, um discurso fica por minha conta.
crioulo de 16 anos, todo vestido de branco com uma cara - E amanhã, ao anoitecer, espera-me na porta de tua
mais negra e mais lustrosa do que um gotim envernizado, casa.
tendo, além disso, dois olho belos, grande, vivíssimos
e cuja esclerótica era branca como o papel em que te - Pronto, lesto e agudo, repetiu de novo o crioulo.
escrevo, com lábios grossos e de nácar, ocultando duas - Eu recompensar-te-ei, se fores fiel.
ordens de finos e claros dentes, que fariam invejar a - Mais pronto, mais lesto e mais agudo!
uma baiana; dá-lhe a ligeireza, a inquietação e rapidez - Por agora toma estes cobres.
de movimentos de um macaco e terás feito ideia desse
- Oh, meu senhor! prontíssimo, lestíssimo e
diabo de azeviche, que se chama Tobias.
agudíssimo.
EM_V_LIT_007

Não me foi preciso chamá-lo: bastou um movimento


de olhos para que o Tobias viesse a mim, rindo-se (MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. 5. ed.
desavergonhadamente. Levei-o para um canto. São Paulo: Ática, 1973. p. 18-19.)
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No fragmento que lhe apresentamos, Joaquim Manuel te de mulheres e estudantes.
de Macedo transfere ao personagem Fabrício a visão
II. Com a popularização do romance romântico, obras
racista e o preconceito de cor vigente na sociedade
passaram a ser escritas para o consumo.
brasileira de sua época. Nessa linha depreciativa, são
várias as caracterizações que definem Tobias em sua III. O romance romântico veio atender uma necessida-
figura e personalidade. Releia o texto, e de de um público predominantemente rural.
2. Explique como se dão as características de figura e a) Apenas I é verdadeira.
personalidade do jovem escravo;
b) Apenas II é verdadeira.
3. Justifique sua resposta, apontando pelo menos um
exemplo de cada caso. c) Apenas III é verdadeira.

4. (UFSM) Joaquim Manuel de Macedo não só escreveu d) Apenas I e II são verdadeiras.


romances, mas também algumas peças de teatro, entre e) I, II e III são verdadeiras.
elas “Romance de uma velha”. Nessa peça, uma perso-
nagem chamada D. Violante afirma: 7. (UFRGS) Considere as afirmações abaixo, referen-
tes ao romance romântico no Brasil.
“Minha sobrinha, agora não há mais amor, há cálculo;
não há mais amantes, há calculistas; não há mais I. A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, in-
amadas, há calculadas”. sere-se na linha primitivista da corrente romântica,
em que as personagens vivem em contato constan-
Percebe-se que D. Violante considera o amor equivalente te com a natureza.
a negócios. Essa relação amor / negócios pode ser
identificada em Senhora, de José de Alencar, se for(em) II. Uma das fontes de inspiração do romance Memó-
observado(s) rias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio
I. os títulos das quatro partes do romance: “O preço”, de Almeida, é a novela picaresca espanhola.
“Quitação”, “Posse” e “Resgate”. III. A heroína de A Escrava Isaura, de Bernardo Guima-
II. que Aurélia utiliza-se de dinheiro para comprar um rães, é mestiça; porém, na sua apresentação inicial,
marido e que o dinheiro é a causa da separação são destacadas sua tez clara “como marfim” e sua
entre Aurélia e Seixas. beleza “branca”.

III. que Aurélia propõe-se a casar com Seixas median- Quais estão corretas?
te recebimento de dote, mas ele não consegue le- a) Apenas I.
vantar o dinheiro e fica preso a essa dívida até o fim b) Apenas II.
do romance.
c) Apenas I e II.
Está(ão) correta(s):
d) Apenas II e III.
a) apenas I.
e) I, II e III.
b) apenas II.
8. (UFC) Assinale a alternativa correta quanto às as-
c) apenas I e II.
sertivas sobre Joaquim Manoel de Macedo.
d) apenas I e III.
I. O escritor iniciou sua carreira literária, quando o
e) apenas II e III. movimento romântico já sofria declínio.
5. (UFC) O espírito crítico e brincalhão, visível na narrativa II. Macedo primou pela originalidade e fez de cada
de A Luneta Mágica, é também uma das características romance seu uma obra que não lembrava as an-
mais fortes de: teriores.
a) “Helena”. III. O romancista aliou a observação da realidade e a
b) “Beira-sol”. espontaneidade inventiva ao representar a vida so-
cial de sua época.
c) “Dôra, Doralina”.
a) Apenas I é verdadeira.
d) “Os Verdes Abutres da Colina”.
b) Apenas II é verdadeira.
e) “Memórias de um Sargento de Milícias”.
c) Apenas III é verdadeira.
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6. (UFC) Analise as declarações sobre o Romantismo no


Brasil. d) Apenas I e II são verdadeiras.

I. O público leitor romântico se constituiu basicamen- e) Apenas II e III são verdadeiras.


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9. (UFPR) Sobre o romance Senhora, de José de Alencar, II. Em Senhora, Aurélia herda uma fortuna que a sal-
é correto afirmar. va da pobreza e lhe permite comprar um marido,
Seixas, de quem já fora namorada e com quem
01) Ambientado no Rio de Janeiro do Segundo Império,
manterá um casamento perturbado por conflitos e
trata-se de caso de exceção na ficção do autor, uma
acusações mútuas.
vez que o restante de sua obra romanesca é dedicado
à reelaboração das origens históricas do país ou à III. Em O Guarani, as aventuras de Peri, bravo guerreiro
apresentação romântica de cenários regionais. indígena, são norteadas pela necessidade de servir
02) Heroína romântica, Aurélia recusa-se a utilizar-se e proteger a jovem virgem loira Ceci, cuja integri-
do dinheiro para alcançar seus objetivos, servindo dade física é ameaçada por malfeitores e indígenas
como porta-voz direta das críticas do autor aos valores perigosos.
burgueses. Quais estão corretas?
04) Em sua trajetória ao longo da narrativa, Fernando a) Apenas I.
passa por uma transformação que o redime de suas
atitudes iniciais, oferecendo condições para um b) Apenas III.
desfecho feliz ao lado de Aurélia. c) Apenas I e II.
08) Escrito na forma de um relato de memórias da
d) Apenas II e III.
protagonista, o romance apresenta os fatos do enredo
em ordem cronológica, iniciando-se a narrativa com as e) I, II e III.
recordações da infância de Aurélia. 12. (UEL) No romance Iracema, José de Alencar:
16) Até o final do romance, o autor consegue sustentar a
atenção dos leitores, ocultando habilmente as razões que a) desenvolve, na linha mesma do enredo, valores
levaram ao desentendimento entre os protagonistas. éticos e estéticos próprios da sociedade burguesa
europeia.
32) A escassez de detalhes descritivos e a incorporação
de elementos da cultura popular são algumas das b) busca fundir num mesmo código as imagens de um
características fundamentais do estilo de Alencar, o que lirismo romântico e alguns modos de nomeação e
o opõe aos autores da geração literária que sucedeu à construção da língua tupi.
sua. c) defende a superioridade da cultura indígena sobre
64) A transação que resulta no vínculo entre Aurélia a europeia, tal como o demonstra o desfecho desse
e Fernando acaba por permitir que outro casal, ligado romance idealizante.
por laços afetivos sinceros, mas dividido por razões
d) faz confluírem o plano lendário e o plano histórico,
econômicas, possa encontrar sua felicidade.
o primeiro representado por Martim, e o segundo,
a) Soma ( ) por Iracema.
10. (UFSM) Assinale a alternativa incorreta a respeito da e) dispõe-se a desenvolver a história de uma virgem
ficção urbana de José de Alencar. que, resistindo ao colonizador, representa o poder
a) Os relatos oscilam entre a armação folhetinesca e a da natureza indomável.
percepção da realidade brasileira. 13. (UEL) Nesse romance, o autor atingiu três propósitos
b) No enredo de Senhora, o sentimento amoroso sem- de seu projeto de ficcionista:
pre é mais forte que o interesse financeiro. I. exaltar as virtudes do “homem natural”;
c) Romances como Senhora relacionam drama indivi- II. fundir fato histórico e lenda, numa mesma narrativa
dual e organismo social. poética;
d) As personagens frequentemente são donzelas e III. idealizar o amor que leva à renúncia, ao sacrifício
mancebos que participam das rodas da Corte. e à morte.
e) Os romances fixam costumes e ações que definem O autor e o romance de que trata o fragmento anterior
uma forma de representar a cidade. são
11. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre a a) Visconde de Taunay e Inocência.
obra de José de Alencar.
b) Machado de Assis e Helena.
I. Em Iracema, narram-se as aventuras e desventuras
c) José de Alencar e Lucíola.
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de Martim, português, e Iracema, a indígena dos


lábios de mel, casal que simboliza a união dos dois d) Machado de Assis e Iaiá Garcia.
povos nas matas brasileiras inexploradas.
e) José de Alencar e Iracema.
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14. (UFRGS) Além do romance de que foi retirado o texto, d) Senhora.
José de Alencar escreveu:
e) Cinco Minutos.
a) Inocência, cuja ação se passa no sertão, onde mora
16. (Mackenzie) O romance regionalista brasileiro teve
Pereira, que divide as mulheres entre prostitutas e
importância fundamental em nossa literatura. Desde
“famílias”, estas as filhas e esposas mantidas isola-
o Romantismo, deu ao País uma visão de si mesmo,
das em casa, pois, se vissem homem que não o pai
valorizando as diferenças que ainda hoje marcam as
ou marido, fatalmente se igualariam às prostitutas
regiões do Brasil.
devido a sua condição de fêmeas, por definição
depravadas. Assinale a alternativa em que aparece o nome de um
romancista que não desenvolveu tal tendência.
b) O Seminarista, romance passional que discute a
instituição do celibato clerical: o Padre Eugênio, re- a) Graciliano Ramos.
tornando à cidade natal, sente reacender-se uma b) José de Alencar.
antiga paixão; apesar de tentar resistir, acaba por
cair em tentação, e a quebra do voto de castidade c) Manuel Antônio de Almeida.
o leva à loucura. d) Visconde de Taunay.
c) A Moreninha, narrativa de intriga simples e temáti- e) Erico Verissimo.
ca mundana, em que os sentimentos e motivações
jamais adquirem profundidades impróprias para a 17. (Unesp) Leia, atentamente, o texto de Antônio Cândido
conversação em sociedade na presença de moci- e assinale a alternativa que julgar incorreta.
nhas e senhoras respeitáveis. “Na literatura brasileira, há dois momentos decisivos
d) Ubirajara, um de seus romances voltados para a que mudam os rumos e vitalizam toda a inteligência:
recriação do passado do Brasil, narrando os feitos o Romantismo, no século XIX (1836-1870) e o ainda
heroicos de um índio capaz de permanecer impas- chamado Modernismo, no presente século (1922-1945).
sível enquanto formigas saúvas lhe devoram a mão, Ambos representam fases culminantes de particularismo
numa das provas a que se submete para fazer jus à literário na dialética do local e do cosmopolita; ambos
mão de sua pretendida. se inspiram, não obstante, no exemplo europeu. Mas,
enquanto o primeiro procura superar a influência
e) Memórias de um Sargento de Milícias, que apresen- portuguesa e afirmar contra ela a peculiaridade literária
ta o quotidiano da “arraia-miúda” do Rio de Janeiro, do Brasil, o segundo já desconhece Portugal, pura e
composta de personagens permanentemente em simplesmente: o diálogo perdera o mordente e não ia
luta pela satisfação das necessidades humanas além da conversa de salão. Um fato capital se torna
mais elementares e sempre ávidos de gozar os mo- deste modo claro na história da nossa cultura; a velha
mentos de sorte favorável. mãe pátria deixara de existir para nós como termo a ser
15. (Mackenzie) “...com a morte do avô, Aurélia recebe enfrentado e superado. O particularismo se afirma agora
inesperadamente uma grande herança e torna-se muito contra todo academismo, inclusive o de casa, que se
rica da noite para o dia. Movida pelo despeito, resolve consolidara no primeiro quartel do século XX, quando
tentar comprar seu ex-noivo; está disposta, no entan- chegaram ao máximo o amaciamento do diálogo e a
to, a confessar-lhe que ainda o ama e o quer, se ele consequente atenuação da rebeldia.”
mostrar dignidade, recusando a proposta degradante.
(CÂNDIDO, A. Literatura e Sociedade. São Paulo:
Ela incumbe seu tutor, Lemos, de propor a Fernando,
Ed. Nacional, 1975. p. 112.)
através de negociações secretas, o casamento com uma
rica jovem, que poderia oferecer-lhe um dote; em troca,
a) Na dialética do local e do cosmopolita, o Romantis-
exige que ele assine um contrato aceitando a condição
mo e o Modernismo são os movimentos da história
de vir a conhecer a noiva apenas alguns dias antes do
literária brasileira que mais enfatizaram a expressão
casamento.”
dos dados locais.
As informações anteriores referem-se a importante obra
b) Embora decisivos, tanto o Romantismo quanto o
da prosa romântica brasileira.
Modernismo inspiraram-se no exemplo europeu.
Assinale a alternativa em que aparece o nome da
mesma. c) Uma diferença marcante entre o Romantismo e o
Modernismo brasileiro é que, ao procurar afirmar a
a) A Moreninha.
peculiaridade literária do Brasil o Romantismo des-
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b) Inocência. conhece Portugal, enquanto o Modernismo retoma


o velho diálogo.
c) Memórias de um Sargento de Milícias.
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d) O Modernismo marca uma ruptura fundamental na e) Romance histórico que pretende narrar fatos de to-
história da nossa cultura: a velha mãe pátria deixa nalidade heroica da vida brasileira, como os vividos
de existir para nós como termo a ser enfrentado e pelo Major Vidigal, ambientados no tempo do rei.
superado.
e) O particularismo romântico diferencia-se do Mo-
dernismo porque esse movimento se volta princi-
palmente contra o academicismo que se manifesta-
va em nossa literatura.
18. (Elite) Assinale o item que contém características do
Romance Sertanista.
a) Objetivismo, bucolismo, sentimentalismo.
b) Subjetivismo, nacionalismo, pastoralismo.
c) Gosto pelo exótico, nacionalismo, culto ao contras-
te.
d) Conceptismo, liberdade de formas, cultismo.
e) Nacionalismo, valorização natureza, gosto pelo
exótico.
19. (ITA) Assinale a opção correta com relação à obra Me-
mórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio
de Almeida.
a) O livro trata da história de um amor impossível pas-
sada no século XIX.
b) A história é contada numa linguagem popular da
mesma maneira como foram escritas outras obras
da época.
c) O livro trata das peripécias do protagonista, perso-
nagem cômico, pobre e sem nobreza de caráter.
d) A história se passa num ambiente rural, tal como a
história de O Sertanejo, de José de Alencar.
e) A história é contada numa linguagem que segue os
padrões clássicos da época.
20. (PUC-SP) Das alternativas abaixo, indique a que
contraria as características mais significativas do ro-
mance Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
Antônio de Almeida.
a) Romance de costumes que descreve a vida da co-
letividade urbana do Rio de Janeiro, na época de
D. João VI.
b) Narrativa de malandragem, já que Leonardo, perso-
nagem principal, encarna o tipo do malandro amo-
ral que vive o presente, sem qualquer preocupação
com o futuro.
c) Livro que se liga aos romances de aventura, marca-
do por intenção crítica contra a hipocrisia, a venali-
dade, a injustiça e a corrupção social.
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d) Obra considerada de transição para um novo estilo


de época, ou seja, o Realismo/Naturalismo.
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15. A preferência pelo mundo de sentimento e fantasia, e a
ideia de morte por amor.
16. O tom geral do poema é irônico, fazendo com que o
1. E romantismo da estrofe seja pautado pela ironia.
2. C 17. É considerada a obra iniciadora do Romantismo no
Brasil.
3. A
18. “encantar os sentidos, vibrar as cordas do coração”:
4. C
sentimentalismo, valorização da emoção.
5. C
“elevar o pensamento nas asas da harmonia”:
6. B idealização.
7. E 19. A

8. A 20. C

9. C 21. O eu lírico revela sua passividade ao colocar-se sintati-


camente como objeto direto de descansar, sofrendo o
10. B efeito da ação desencadeada por sua amada.
11. Romantismo, pelo tema amoroso e indianista. Também 22. D
pelo sentimentalismo expresso pelas exclamações.
12. A
13. B
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14. A
1. D

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2. A descrição de escravo é feita por contrastes de preto
e branco. Quanto à sua personalidade, era ligeiro, de-
savergonhado, interesseiro e matreiro.
3. Descrição: “todo vestido de branco com uma cara mais
negra e mais lustrosa”.
Personalidade: “diabo de azeviche”.
4. C
5. E
6. D
7. D
8. C
9. F, F, V, F, F, F, V. Soma = 68.
10. B
11. E
12. B
13. E
14. D
15. D
16. C
17. C
18. E
19. C
20. E

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