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PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR
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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do
detentor dos direitos autorais.
ISBN: 978-85-387-0573-4
CDD 370.71
Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico
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Romantismo
Domínio público.
O Romantismo surge quase que simultaneamen-
te em três países europeus. Na Alemanha ele nasce
no ano de 1774 com a publicação do romance Os
sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang
von Goethe (1749-1832). Tal obra tematizava o so-
frimento por amor e a morte como solução dos con-
flitos existenciais do ser humano. Esse romance foi
traduzido para diversas línguas, obtendo imediata Liberdade Conduzindo o Povo, de Delacroix (1798-1863).
aceitação do público. Werther influenciou jovens Obra símbolo do Romantismo e seus ideais.
leitores a ponto de se suicidarem devido a amores
não correspondidos, à semelhança do que aconteceu No Brasil, o Romantismo tem seu início com a
com o protagonista. A obra chegou a ser proibida em obra Suspiros Poéticos e Saudades, do poeta Gon-
alguns países. çalves de Magalhães, em 1836. O Romantismo é a
primeira corrente estética que não vem de Portugal
Domínio público.
ralismo na arte. Essa estética tem suas primeiras ca da nova classe dominante. Teremos então os valo-
manifestações na França com os escritores Chatau- res burgueses, sua ideologia, como o liberalismo e o
briand e Madame de Stäel. republicanismo expressos nas obras românticas.
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Resumidamente observa-se, dessa forma, o Sentimentalismo
seguinte processo:
No Romantismo temos uma exacerbação dos
Industrialização sentimentos, a qual chamamos sentimentalismo. Os
↓ dramas existenciais serão manifestados em toda sua
Produção em massa potencialidade. Uma tendência ao exagero emocional
↓ permeará toda a literatura romântica. Essa mani-
Urbanização festação é alcançada pela utilização excessiva de
↓ adjetivos e pontuação expressiva, como exclamações,
Formação das classes médias reticências e travessões.
↓
Maior alfabetização
↓ Fuga ou escapismo
Novo público leitor, mais diversificado e
numeroso e consumidor de livros Consequência do sentimentalismo é o desejo
↓ de fuga da realidade. O romântico tem consciência
O escritor vive da sua produção literária de que não pode apreender a realidade como um
↓ todo, logo, sabe que, mesmo querendo, não conse-
Democratização da arte guirá expressar tudo o que sente através das pala-
(consequência da Revolução) vras. Entretanto ele não se conforma com isso, mas
também sabe que não há solução. Dessa forma, a
única alternativa é fugir para onde os problemas não
No Brasil, temos em 1808 o prenúncio de modi- existem, para onde a realidade não o oprime, para
ficações políticas com a chegada do rei de Portugal os lugares e tempos ideais. O romântico fugirá no
D. João VI e sua corte no país, devido ao Bloqueio espaço e no tempo.
Continental imposto por Napoleão e que o governo
português não aderiu. A solução foi fugir para a
colônia. Fuga para a natureza
Pouco tempo depois, em 1815, o Brasil é eleva-
A natureza é o local onde o romântico pode ficar
do à condição de Reino Unido de Portugal. No ano
longe da sociedade opressora. Por se considerar um
de 1822 acontece a independência do Brasil. Nessa
ser à parte, um incompreendido, encontrará aconche-
época estão no poder as oligarquias cafeicultoras.
go e paz no mundo natural. Não é à toa que vemos
“O movimento romântico foi a expressão viva e nos textos românticos muitas cenas naturais, com a
contraditória da nova realidade. Filho da burguesia, construção de paisagens ideais.
mostrou-se ambíguo diante dela, ora a exaltando,
ora protestando contra seus mecanismos (...)”
Fuga no tempo
Sergius Gonzaga
A fuga no tempo divide-se em dois tipos dife-
rentes: a fuga para o passado histórico e a fuga para
o passado individual.
Características gerais Na fuga para o passado histórico temos a volta
à Idade Média, no caso dos países europeus, e a
O Romantismo é o momento em que a arte deixa
volta a tempos próximos do descobrimento no Bra-
de ser uma atividade social e torna-se uma atividade
sil. Consequência disso é a valorização dos homens
individual.
desse tempo. Então teremos a valorização do cava-
leiro medieval, o qual terá ressaltadas suas virtudes
Subjetivismo como a honra e a coragem. No caso do Romantismo
brasileiro, o que vemos é a valorização do índio. Em
Reflexo do individualismo, o subjetivismo é verdade um índio artificial, parecendo mais um ca-
resultado de uma série de fatores. O individualismo valeiro medieval dos trópicos do que propriamente
leva o artista a uma maior introspecção, a qual um nativo. Isso se deve ao desejo de equiparação
resultará numa arte que se baseia no “eu”, logo te- com os europeus por parte dos artistas românticos
mos uma arte egocêntrica e observa-se a expressão brasileiros, pois o modelo ideal de civilização que
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Domínio público.
A valorização do que é nacional vem de carona
com o desejo de estabelecimento de identidade dos
povos. O que acontece é a individuação nacional.
Uma nação é única, diferente de todas as outras,
e o Romantismo exaltará isso. Essa característica
estabelece, no Brasil, íntima relação com o processo
de independência. A arte romântica simboliza no
Brasil a conquista da independência estética, prin-
cipalmente na figura do índio.
Sentimento de missão
Entrada dos Cruzados em Constantinopla, de Delacroix.
O escritor romântico sente-se um ser à parte da
sociedade, dotado de capacidades especiais. Logo,
Já na fuga para o passado individual vemos o
ele sente que tem a missão de expressar, professar
romântico em busca de um momento em sua vida em
suas ideias e sentimentos através de seus textos. Ha-
que não havia problemas. Os conflitos existenciais
bilidade que existiria unicamente em seres dotados
ainda não estavam presentes em sua vida na infân-
de gênio. Daí que vem a ideia do gênio romântico,
cia. No presente, a realidade era hostil, no passado,
do gênio inspirado, que até hoje fazemos de muitos
a vida era ideal.
artistas.
Oh ! Que saudades que tenho No ideal romântico, o que produz a obra de arte
Da aurora da minha vida, bela não é o trabalho minucioso do artista e sim sua
inspiração.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
(...) Liberdade de expressão
Leia o artigo 11 da Declaração de Direitos do
Como são belos os dias Homem e do Cidadão, elaborado no período de seu
Do despontar da existência! surgimento:
(...) “A livre comunicação dos pensamentos e opi-
Ah ! dias da minha infância! niões é um dos direitos mais preciosos do homem;
(...) todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir
livremente.”
Casimiro de Abreu
Liberdade era a palavra de ordem na Literatura
Romântica. A forma, dessa maneira, é influenciada
Valorização da natureza pela ideologia da época. Utilizar-se-ão, então, o ver-
so livre e o verso branco, a tentativa de linguagem
A natureza é valorizada em duas situações no coloquial e a expressão de todos os sentimentos
Romantismo. do escritor, independente do que os outros possam
A primeira é a utilização dela como extensão pensar, pois todos são livres para dizerem aquilo que
sentimental do artista. O romântico se utilizará di- lhes parecer melhor.
Domínio público.
ficarem uma língua brasileira. Principalmente por grande amor de sua vida,
parte de José de Alencar, temos a inserção de termos Ana Amélia, cuja família
indígenas nos textos. Essa procura pela identidade não aceita o pedido de casa-
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mento de Gonçalves por ele ser mulato e de origem
Que não encontro por cá;
bastarda. Desolado, o escritor vai morar no Rio de
Janeiro, lá trabalha para o Império, fazendo diversas Sem qu’inda aviste as palmeiras,
viagens. Falece em 1864 num naufrágio na costa ma- Onde canta o Sabiá.
ranhense, quando voltava da França já desenganado Na temática indianista, observa-se a coragem, a
em relação ao sério caso de tuberculose que tinha. generosidade e a honra do índio em I-Juca Pirama.
Suas principais obras são: Primeiros Cantos Esse poema conta a história de um índio tupi
(1846); Segundos Cantos (1848); Sextilhas do Frei que vai ser sacrificado num ritual antropofágico.
Antão (1848); Últimos Cantos (1851); Os Timbiras Emocionado por saber que com sua morte seu pai,
(1857). cego, ficaria perdido na floresta, implora para não
ser morto.
Características e temas
Meu canto de morte,
Sua obra caracteriza-se pela exaltação da pá- Guerreiros, ouvi:
tria, pela tematização indianista e pela idealização Sou filho das selvas,
do amor.
Nas selvas cresci;
Canção do Exílio é o seu exemplo bem mais
Guerreiros, descendo
acabado de poesia nacionalista. A pátria é exaltada
a partir da forte saudade que sente do Brasil. Para en- Da tribo tupi.
grandecer sua terra e, ao mesmo tempo, demonstrar Da tribo pujante,
o que ela tem de único, de exclusivo, centra-se nos Que agora anda errante
aspectos naturais. Aí se revela mais uma caracterís-
Por fado inconstante,
tica de sua poesia: a exaltação da natureza.
Guerreiros, nasci;
Canção do Exílio Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Minha terra tem palmeiras, Meu canto de morte,
Onde canta o Sabiá; Guerreiros, ouvi.
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. O cacique da tribo o liberta, não querendo se
alimentar da carne de um covarde.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores, — Mentiste, que um Tupi não chora nunca,
Nossos bosques têm mais vida, E tu choraste!... parte; não queremos
Nossa vida mais amores. Com carne vil enfraquecer os fortes.
Em cismar, sozinho, à noite, O índio tupi vai embora à procura de seu velho
Mais prazer encontro eu lá; pai. Quando encontra seu pai, este sente o cheiro das
Minha terra tem palmeiras, tintas do ritual antropofágico e pede a seu filho que
o leve imediatamente à tribo inimiga. Chegando lá,
Onde canta o Sabiá.
pede ao cacique que sacrifiquem seu filho, pois ele
era digno de morte. O cacique conta-lhe o acontecido;
Minha terra tem primores,
envergonhado, o velho índio renega seu filho.
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite — Tu choraste em presença da morte?
Mais prazer encontro eu lá; Na presença de estranhos choraste?
Minha terra tem palmeiras, Não descende o cobarde do forte;
Onde canta o Sabiá. Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
Não permita Deus que eu morra, De uma tribo de nobres guerreiros,
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Que alheios males não sente, onde estava para se recuperar da doença, caiu de
um cavalo, afetando sua região ilíaca. Os médicos
Nem se condói do infeliz! resolveram operá-lo. Na época não havia anestesia
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e Álvares suportou as dores da cirurgia, porém, já
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
enfraquecido pela tísica, veio a morrer no mesmo ano.
Nenhuma das suas obras foi publicada em vida. Se um suspiro nos seios treme ainda,
Suas principais obras são: Lira dos Vinte Anos É pela virgem que sonhei... que nunca
(1853); Noite na Taverna (1855, contos); O Conde Lopo Aos lábios me encostou a face linda!
(1886); Macário (1855, poema dramático).
Só tu à mocidade sonhadora
Características e temas Do pálido poeta deste flores.
Se viveu, foi por ti! e de esperança
Típica poesia “mal do século”, sua obra tem De na vida gozar de teus amores.
como temas principais a morte que permeia todos
os outros temas o amor impossível e o tédio da vida, Beijarei a verdade santa e nua,
tratado com humor irônico.
Verei cristalizar-se o sonho amigo.
A morte, tema favorito do poeta, simboliza a
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
solução de todos os seus problemas. Na verdade
seu grande problema é viver, pois viver é passar Filha do céu, eu vou amar contigo!
por sofrimentos e conflitos internos dilacerantes.
Diferentemente dos poetas da segunda geração Descansem o meu leito solitário
que demonstravam um certo medo diante da morte, Na floresta dos homens esquecida,
Álvares de Azevedo assume uma postura simpática À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
a tal acontecimento. Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra, O tema do amor caracteriza-se por apresentar
Que o espírito enlaça à dor vivente, sempre uma mulher inatingível, intocável. Há duas
situações diversas para a impossibilidade do contato.
Não derramem por mim nenhuma lágrima
A primeira relaciona-se à amada virginal adormeci-
Em pálpebra demente. da, que não pode ser maculada com as mãos de um
simples apaixonado. A segunda situação refere-se à
E nem desfolhem na matéria impura mulher desprezível, em que o poeta jamais colocaria
A flor do vale que adormece ao vento: as mãos. Mário de Andrade define primorosamente o
Não quero que uma nota de alegria sentimento dialético revelado nas poesias amorosas
de Álvares de Azevedo; é a relação amor e medo
Se cale por meu triste passamento.
(medo do contato físico, possivelmente motivada
Eu deixo a vida como deixa o tédio pela inexperiência amorosa do poeta devido à sua
pouca idade).
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo Não acordes tão cedo! enquanto dormes
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; Eu posso dar-te beijos em segredo...
Como o desterro de minh’alma errante, Mas, quando nos teus olhos raia a vida,
Onde fogo insensato a consumia: Não ouso te fitar... eu tenho medo!
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia. A poesia do tédio (poesia típica do mal du siècle)
Só levo uma saudade – é dessas sombras revela o cansaço existencial do poeta. Vivendo na
provinciana São Paulo, o jovem intelectualizado não
Que eu sentia velar nas noites minhas. tinha muitas opções de entretenimento (bebedeiras,
De ti, ó minha mãe, pobre coitada, orgias, entorpecimento com ópio que lia nas obras ro-
Que por minha tristeza te definhas! mânticas europeias). Já pendente a um pessimismo
racional, o poeta completa sua ideia do não-sentido
De meu pai... de meus únicos amigos, da existência.
Poucos – bem poucos – e que não zombavam O humor é um dos grandes temas desenvol-
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Quando, em noites de febre endoudecido, vidos pelo jovem romântico. Aqui, destaca-se a
autoironia e a construção de situações cômicas do
Minhas pálidas crenças duvidavam.
cotidiano, como no poema É ela! É ela!.
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É ela! é ela! — murmurei tremendo, Casimiro de Abreu
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Casimiro de Abreu nas-
Domínio público.
Eu a vi... minha fada aérea e pura — ceu no ano de 1839, na cida-
a minha lavadeira na janela. de de Barra de São João, no
Estado do Rio de Janeiro.
Dessas águas furtadas onde eu moro Filho de comerciante por-
eu a vejo estendendo no telhado tuguês, fez seus primeiros
estudos em Nova Friburgo,
os vestidos de chita, as saias brancas;
sendo mandado mais tarde
eu a vejo e suspiro enamorado! à Lisboa. Retorna depois
de quatro anos, vivendo na boemia e trabalhando
Esta noite eu ousei mais atrevido, no comércio. Sua obra Primaveras teve imediata
nas telhas que estalavam nos meus passos, aceitação do público, tornando-se um poeta célebre,
ir espiar seu venturoso sono, ainda em vida, ao contrário de Álvares de Azevedo.
vê-la mais bela de Morfeu nos braços! Faleceu no ano de 1860.
Sua principal obra é: Primaveras (1859).
Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado... Características e temas
Como roncava maviosa e pura!...
A poesia de Casimiro caracteriza-se pelo la-
Quase caí na rua desmaiado!
mento sentimental gracioso, sem grandes arroubos
emocionais, ao gosto do pequeno burguês. Logo sua
Afastei a janela, entrei medroso...
poesia caiu nas graças do público de classe média da
Palpitava-lhe o seio adormecido... época. Temos em seus versos uma atmosfera amena,
Fui beijá-la... roubei do seio dela situada numa poesia diurna, onde vemos jardins flo-
um bilhete que estava ali metido... ridos. É a poesia inofensiva, plenamente de acordo
com os sentimentos medianos do público leitor.
Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores; Segredos
são versos dela... que amanhã decerto
Eu tenho uns amores – quem é que os não
ela me enviará cheios de flores... tinha
Nos tempos antigos? – Amar não faz mal;
Tremi de febre! Venturosa folha!
As almas que sentem paixão como a minha,
Quem pousasse contigo neste seio!
Que digam, que falem em regra geral.
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio... – A flor dos meus sonhos é moça bonita
Qual flor entreaberta do dia ao raiar;
É ela! é ela! — repeti tremendo;
Mas onde ela mora, que casa ela habita,
mas cantou nesse instante uma coruja...
Não quero, não posso, não devo contar!
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja! Oh! Ontem no baile, com ela valsando
Senti as delícias dos anjos do céu!
Na dança ligeira, qual silfo voando
Álvares de Azevedo produziu também obra em Caiu-lhe do rosto o seu cândido véu!
prosa, são os contos de Noite na Taverna. Um grupo
de jovens embriagados contam histórias satânicas, – Que noite e que baile! Seu hálito virgem
onde são feitos relatos de orgias, assassinatos, in-
Queimava-lhe as faces no louco valsar,
cestos e canibalismo.
As falas sentidas que os olhos falavam,
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Depois indolente firmou-se em meu braço, Meus oito anos
Fugimos das salas, do mundo talvez!
Oh! Que saudades que tenho
Inda era mais bela rendida ao cansaço,
Da aurora da minha vida,
Morrendo de amores em tal languidez!
Da minha infância querida
– Que noite e que festa! e que lânguido Que os anos não trazem mais!
rosto Que amor, que sonhos, que flores,
Banhado ao reflexo do branco luar! Naquelas tardes fagueiras,
A neve do colo e as ondas dos seios À sombra das bananeiras,
Não quero, não posso, não devo contar! Debaixo dos laranjais!
A noite é sublime! Tem longos queixumes, Como são belos os dias
Mistérios profundos que eu mesmo não sei: Do despontar da existência!
Do mar os gemidos, do prado os perfumes, – Respira a alma inocência
De amor me mataram, de amor suspirei! Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
Agora eu vos juro... Palavra! – Não minto! O céu – um manto azulado,
Ouvi a formosa também suspirar: O mundo – um sonho dourado,
Os doces suspiros que os ecos ouviram A vida – um hino d’amor!
Não quero, não posso, não devo contar!
Que auroras, que sol, que vida,
Então nesse instante nas águas do rio Que noites de melodia
Passava uma barca, e o bom remador Naquela doce alegria,
Cantava na flauta: – “Nas noites d’estio Naquele ingênuo folgar!
O céu tem estrelas, o mar tem amor!” O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
E a voz maviosa do bom gondoleiro
As ondas beijando a areia
Repete cantando: “viver é amar!”
E a lua beijando o mar!
Se os peitos respondem à voz do barqueiro...
Não quero, não posso, não devo contar! Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Trememos de medo... A boca emudece
Que doce a vida não era
Mas sentem-se os pulos do meu coração
Nessa risonha manhã!
Seu seio nevado de amor se intumesce
Em vez das mágoas de agora,
E os lábios se tocam no ardor da paixão.
Eu tinha nessas delícias
Depois... mas já vejo que vós, meus De minha mãe as carícias
senhores, E beijos de minha irmã!
Com fina malícia quereis me enganar;
Aqui faço ponto; – segredos de amores Livre filho das montanhas,
Não quero, não posso, não devo contar! Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Seus temas não fogem à tradição romântica da Correndo pelas campinas
segunda geração, abordando o amor inatingível,
À roda das cachoeiras,
também motivado pelo medo, e a saudade da infân-
cia, poesia sobre o passado individual. A poesia de Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
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atinge seu pé, o qual teve que ser amputado, sem
Naqueles tempos ditosos
anestesia. Em pouco mais de um ano após o ocorrido,
Ia colher as pitangas, já com a saúde debilitada, vem a falecer vitimado pela
Trepava a tirar as mangas, tuberculose em 1871, demarcando o fim da poesia
Brincava à beira do mar; romântica no Brasil.
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo, Características e temas
Adormecia sorrindo A obra de Castro Alves pode ser dividida em
E despertava a cantar! (...) dois temas básicos: a poesia social e a poesia amo-
rosa.
Oh ! Que saudades que tenho
Na poesia social vemos a projeção do “eu” do
Da aurora da minha vida, poeta sobre o mundo e não mais sobre si mesmo,
Da minha infância querida como acontecia na geração anterior. Aqui a voz poéti-
Que os anos não trazem mais! ca é arma contra as injustiças sociais, o lirismo cede
lugar à opinião. A arte literária serve como arma de
Que amor, que sonhos, que flores,
denúncia e combate, como instrumento da igualdade,
Naquelas tardes fagueiras, da liberdade e da fraternidade.
À sombra das bananeiras, Observa-se o engajamento social, principalmen-
Debaixo dos laranjais! te em relação à causa abolicionista. Os principais
poemas dessa temática são Navio Negreiro e Vozes
As poesias de Casimiro de Abreu possuem um d’África.
ritmo fluente e de fácil assimilação do conteúdo e da Vamos ler trechos do primeiro.
forma, lembrando muito a música popular.
IV
Teceira geração – geração Era um sonho dantesco... o tombadilho
condoreira, ou liberal, ou social Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Como o nome já evidencia, observa-se nessa Tinir de ferros... estalar de açoite...
geração a poesia engajada, com a finalidade prática
de protesto contra as injustiças sociais. Legiões de homens negros como a noite,
O poeta dessa geração é Castro Alves. Sua prin- Horrendos a dançar...
cipal influência foi o escritor francês Vitor Hugo.
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Castro Alves
Rega o sangue das mães:
Domínio público.
Desvela-se por vezes um certo erotismo e um caráter drade nasceu no ano de 1833
donjuanesco, em que a mulher passa a ser simples na cidade de Alcântara, no
objeto do desejo amoroso. Maranhão. Filho de família
Veja estes versos em que o poeta estabelecerá tradicional, teve a oportuni-
diálogo com diversas personagens da literatura. dade de viajar por diversos
países europeus. Formou-se
em Letras pela Sorbonne e
Boa-noite, Maria — Eu vou-me embora.
em Engenharia de Minas, em
A lua nas janelas bate em cheio. Paris (França). Viajou a partir
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... de 1870 por vários países da
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Não me apertes assim contra teu seio. América Latina. Fixou residência em Nova York. No
Boa noite!... E tu dizes – Boa noite. ano de 1889 retornou ao seu Estado de origem. Fa-
leceu em São Luís do Maranhão em 1902.
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Características e temas Muitos autores faziam da produção de folhetins
seu sustento, escrevendo simultaneamente um texto
A poesia de Sousândrade é um caso à parte na que seguia os padrões do folhetim e outro que ia de
literatura romântica. A sua obra mais importante acordo com suas ideias. O grande escritor Dostoievski
é O Guesa, baseada numa lenda indígena de tribos tinha uma produção paralela de folhetins à sua pro-
habitantes da região da Colômbia. dução estética independente, para ganhar algum
Nessa epopeia ameríndia inacabada vemos dinheiro. Certos escritores fizeram fortuna com a
Guesa ser raptado aos cinco anos pelo deus sol Bi- produção de folhetins.
chica, para ser sacrificado quando atingisse quinze
anos. O ritual baseia-se na educação do menino até
os dez anos, período em que faz peregrinação pela Estrutura
estrada do Suna, para somente depois ser morto.
A estrutura do romance romântico se dava da
Nessa estrada, o jovenzinho passa por diversos
seguinte forma (baseado em Curso de Literatura
lugares: América, Europa, África e Ásia, chegando
Brasileira, de Sergius Gonzaga):
a passar pela Bolsa de Valores de Nova York (numa
crítica evidente ao poder destruidor do capitalismo). Harmonia
Desarmonia
Harmonia
Essa trajetória pode ser interpretada como metáfora inicial final
da vida do poeta.
“Deus
Essa obra estabelece uma severa crítica à Ordem dos Crise dos ex machina”
mutilação causada aos povos indígenas após o valores valores
burgueses burgueses Restabelecimento dos
descobrimento da América. Diferentemente do ca- valores burgueses e da
ráter conciliador do indianismo de Gonçalves Dias, ordem patriarcal
vemos em O Guesa um canto de protesto em defesa
do autóctone, sintetizado na figura do herói inca (O Primeiramente tudo se encontra de acordo com
Guesa), representação de todos os índios da América os valores burgueses e patriarcais da sociedade. Logo
Latina. após, ocorre o desequilíbrio, a desestabilização, a
Esse poema narrativo possui treze cantos e é desarmonia desses valores. É nesse momento de
repleto de metáforas que, de certa forma, antecipam conflito que o escritor prende a atenção do seu pú-
algumas técnicas utilizadas pelas vanguardas do blico, mantendo os dramas que estão em curso de
início do século XX. acordo com as reações positivas ou não dos leitores
O romance torna-se muito popular a partir (similar ao que acontece atualmente nas novelas e
de 1830 com sua publicação em jornais. As obras nas pesquisas de opinião pública para se saber como
de Vitor Hugo, Walter Scott e Alexandre Dumas deve continuar a trama). Após conseguir aproveitar
popularizaram-se graças a sua grande disseminação ao máximo as tais reações, é chegada a hora de pôr
em fascículos em diversos jornais. Eram os folhetins um fechamento à história, para que outra, na semana
que começavam fazer parte dos hábitos culturais da seguinte, torne-se o mais novo sucesso de público.
classe média brasileira. Para dar um fim ao enredo, o escritor, seguindo sem-
Os capítulos dos romances eram publicados pre o gosto dos leitores e as exigências dos editores,
diariamente ou semanalmente, os leitores espera- restabelece os valores da sociedade burguesa, os
vam ansiosos pelos próximos acontecimentos. Com conflitos se acabam, os dramas se extinguem, tudo
tramas simples, linguagem clara e fortes emoções, volta ao normal, o final é invariavelmente feliz.
os romances em folhetins atraíam um público cada Muitas vezes, devido ao desenrolar da história,
vez maior. Esses romances eram publicados antes não havia mais possibilidade de o escritor conseguir
em folhetim para somente depois serem vendidos solucionar os problemas desestabilizadores da ordem
como livros. burguesa com recursos já existentes no enredo que
estava sendo contado. Quando isso ocorria, fazia-se
O romance romântico necessária aplicação de um último recurso, o Deus ex
machina, uma solução completamente inverossímil,
O escritor de folhetins necessariamente deve- por vezes ridícula, mas que servia para estabelecer o
ria se adaptar ao gosto do público e às exigências equilíbrio novamente e satisfazer àqueles que liam.
dos editores dos jornais. Portanto, essas obras iam Para a estrutura ficar mais clara, vamos exem-
ao encontro da ideologia dos leitores, não devendo
plificar:
nunca entrar em conflito com aquilo que pensavam
(o escritor francês Eugêne Sue, em um de seus ro- Uma jovem, filha de um rico comerciante, vive
EM_V_LIT_007
mances em folhetim se viu obrigado a ressuscitar sozinha e infeliz no seu quarto. Passa os dias esperan-
um de seus personagens, pelo fato dos leitores não do que surja o seu príncipe encantado. Certo dia, pas-
se conformarem com sua morte). sa diante da janela de sua casa um catador de papel,
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por quem ela se apaixona, e ele corresponde. Come- Suas principais obras são: A Moreninha (1844);
çam os encontros escondidos. O pai, descobrindo o O Moço Loiro (1845), Memórias do Sobrinho do Meu
namorico, apressa os preparativos para o casamento Tio (1867); A Luneta Mágica (1869).
de sua filha com um jovem proveniente de família
abastada, ao qual desde o nascimento a jovenzinha
estava prometida (embora não soubesse). Ao tomar
Características e temas
conhecimento da história a jovem cai em desespero e
Joaquim Manuel de Macedo é o iniciador da
adoece, os médicos não encontram a causa (o amor).
tradição narrativa não só do Romantismo, mas de
Já à beira da morte, acontece algo inacreditável (o
toda a Literatura Brasileira. Depois dele é que sur-
Deus ex machina) surge em sua casa o verdadeiro
gem os demais grandes nomes do gênero, dentre
amor de sua vida, muito bem vestido, com aparên-
eles o grande expoente da prosa romântica José de
cia de lord inglês e ao lado do pai da moça, a qual
imediatamente melhora. É que dias antes ele havia Alencar.
ganhado duas heranças milionárias dos seus avós, O que Macedo fez foi relativamente simples, po-
que nunca havia conhecido e cuja existência não rém de grande importância para o desenvolvimento
sabia. Pronto, o obstáculo amoroso para o casal – a da narrativa. Ele se baseou na estrutura do romance
diferença de classes, o que causava a desarmonia à romântico europeu e o adaptou aos cenários brasi-
ordem burguesa – havia ruído. O pai aceita o pedido leiros, mais especificamente aos cenários da cidade
de casamento do mais novo milionário da sociedade. do Rio de Janeiro.
Os preparativos são feitos. A cerimônia pomposa Seus romances mostram os costumes (festas,
(tudo pago com o dinheiro do noivo) acontece como tradições etc.) da sociedade urbana carioca da pri-
o planejado, a festa é espetacular, e o que resta para meira metade do século XIX. São tramas fáceis, cons-
eles é serem felizes para sempre. truídas de acordo com o gosto do público burguês,
possuindo um alto grau de previsibilidade, como as
Características telenovelas a que assistimos hoje. Tudo escrito em
linguagem muito simples e sem apresentar fortes
Todo romance romântico apresenta um herói emoções que pudessem chocar os leitores. Mace-
(entenda-se protagonista). Ele está em constante do foi o responsável pela amenização do folhetim,
conflito/comunhão com o meio social em que vive. pois os textos europeus apresentavam cenas fortes
É através do romance que o escritor faz uma de paixão e violência, algo que não se adaptava à
interpretação da sociedade que tematiza. No caso mentalidade moralista provinciana e patriarcalista
do romance romântico, temos uma interpretação da época no Brasil.
feita a partir da construção de um romance que O primogênito do romance romântico no Brasil
mistura sonho e documentário. Ou seja, o enredo do é A Moreninha, que narra o amor do estudante de
romance romântico, pelo fato de nele se encontrar a medicina Augusto e da jovem Carolina – a moreninha.
idealização, seja de personagens seja de situações, Após dificuldades impostas pelas convenções sociais
não é verossímil. os dois vêm a se casar e tudo acaba bem, sendo os
Estamos diante de uma literatura que visa à dois felizes para sempre.
acessibilidade, à facilitação do entendimento.
Entretanto, encontramos uma forte contradição estranho e imediatamente desfere uma flechada que
nas obras indianistas de Alencar, principalmente nos atinge de raspão a face de Martim, homem branco,
seus dois romances mais importantes, O Guarani e português, que havia se perdido de seus compa-
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nheiros pitiguaras – Pitiguara era a tribo inimiga dos guns dias depois Iracema não sente-se à vontade por
Tabajara, esta era aliada dos franceses, aquela, dos estar em tribo inimiga. Martim decide ir morar com
portugueses. ela em local mais afastado. Poti os acompanha.
Percebendo o erro que tinha cometido, Iracema Iracema percebe que Martim está lhe dando
leva Martim até sua tribo, abrigando-o na oca de menos atenção. Ele vai à guerra contra os franceses
Araquém, seu pai e cacique da tribo dos Tabajara em auxílio dos pitiguaras. Quando retorna, tem que
(tribo inimiga dos portugueses). Araquém hospeda partir novamente para novo combate, juntamente
cordialmente Martim, mesmo sabendo que ele era com Poti. É nessa segunda ausência do marido que
português, e o deixa aos cuidados de Iracema. Iracema dá à luz Moacir (que significa, em tupi, o
O nobre homem encanta-se pela índia e a de- filho da dor).
seja, entretanto ela não podia ceder aos encantos e Solitária, fraca, com o leite secando, Iracema re-
desejo que também sentia, pois era a “virgem dos siste até a volta de Martim, morrendo em sua chega-
lábios de mel” e detentora do “segredo da jurema” da e deixando-lhe o filho. O português retorna à sua
(planta da qual se extraía um líquido alucinógeno e terra natal. Quatro anos depois regressa ao Brasil e
que os índios, em noite de lua cheia, bebiam e reve- funda o Ceará, em companhia de Poti, agora batizado
lavam seus segredos ao cacique). com o nome católico de Antônio Felipe Camarão.
No outro dia, Irapuã, guerreiro tabajara apai- Quando Iracema morreu, a arara que sempre a
xonado por Iracema, ao saber da presença de um acompanhava subiu até a parte mais alta da palmeira
inimigo português, tenta matar Martim, mas é im- em que Iracema foi enterrada por Martim e ficou a
pedido por Iracema. A batalha entre os tabajaras cantar ininterruptamente o nome de sua dona. Daí
e os pitiguaras acirra-se. Caubi, irmão de Iracema, a origem do nome Ceará, pois “ce” vem do vocábulo
guia Martim na floresta para que fuja, todavia Irapuã, tupi “cemo”, que significa grito, canto, clamor e “ará”
juntamente com outros guerreiros, havia preparado significa arara.
uma emboscada. Exige que Caubi entregue Martim,
Domínio público.
atitude a que ele se nega.
Já protegidos na oca, Martim e Iracema en-
tregam-se à paixão, o que provoca a ira de Irapuã.
Araquém invoca, então, Tupã (deus dos índios), e
pela abertura de uma fenda na Terra, dentro da oca
do cacique, emana a voz do deus, que afugenta mo-
mentaneamente os revoltosos (na verdade, Alencar
explica que a suposta voz de Tupã era o som que o
vento fazia quando passava pela gruta secreta que
Araquém tinha em sua oca.
Iracema (1881), de José Maria de Medeiros.
Quando a noite chega Martim encontra-se com
Poti – seu amigo e irmão do chefe da nação pitiguara,
Jacaúna – através da fenda secreta da oca de Ara- Fundamentação histórica
quém, para combinarem um plano de fuga. O plano
consistia em aproveitarem a noite de lua cheia para Tanto em O Guarani quanto em Iracema, José
fugir, pois os tabajaras beberiam o vinho de Tupã de Alencar utiliza-se de alguns personagens que
e entrariam em transe, completamente alucinados. realmente existiram. É o caso de D. Antônio de Ma-
No momento em que traçara o plano, Martim pede riz, nobre português, fundador do Rio de Janeiro, no
a Iracema um pouco do vinho de Tupã. O português primeiro romance, e Martim e Poti na segunda obra,
tem alucinações e sonha abraçar Iracema e possuí- sendo o português o real fundador do Ceará e, Poti,
-la na rede. Antônio Felipe Camarão, homem de importância
fundamental para o surgimento do Estado.
Na noite da fuga, Iracema acompanha Poti e Mar-
tim, ultrapassando as fronteira das terras dos Tabajara.
Martim não compreende tal atitude, mas Iracema lhe Romances históricos
explica: na verdade, as alucinações do nobre guerreiro
foram a mais concreta realidade, agora a índia não Os romances históricos de José de Alencar
era mais a “virgem dos lábios de mel”, pertencia ao seguem o estilo dos modelos europeus de Alexan-
português e carregava no ventre um filho seu. dre Dumas e Walter Scott, supervalorizando ações
EM_V_LIT_007
Seguem juntos a viagem até a tribo Pitiguara. específicas, deixando em plano secundário os fatos
Chegando lá, são muito bem recebidos; contudo, al- concretos. Em verdade, o passado histórico serve
como pano de fundo para a narrativa.
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Romances regionalistas se casou e trabalhou como professor secundário.
Devido ao grande sucesso de A Escrava Isaura, foi
Os romances regionalistas têm por objetivo visitado pelo Imperador. Faleceu em 1884, coberto
simbolizar a essência brasileira. No interior é que de prestígio.
se encontra o verdadeiro Brasil, sem a influência
estrangeira que locais “abertos”, como as cidades Características e temas
litorâneas, que, em geral, eram as capitais estaduais,
estavam sujeitas. Também tinham o objetivo de, ao As obras de Bernardo Guimarães caracterizam-
falar de várias regiões do país, abranger todo o terri- -se por apresentar um estilo simples de linguagem.
tório brasileiro no intento de unificação nacional. Os dois temas mais bem desenvolvidos do autor
Os sertanistas ou regionalistas são um grupo encontram-se em suas duas obras mais importantes:
de escritores românticos que trataram do universo A Escrava Isaura e O Seminarista. A primeira trata da
interiorano brasileiro. O verdadeiro Brasil poderia ser questão abolicionista e, a segunda, faz uma crítica ao
encontrado no sertão brasileiro, ainda não atingido celibato clerical e à estrutura patriarcal opressora.
pelas influências externas. Um mundo de natureza
exótica e de relativa ingenuidade é apresentado A Escrava Isaura
nessas obras.
Romance de denúncia social, A Escrava Isaura,
Tais romances mostram, em parte, um caráter
quando publicado, provocou grande reação junto aos
realista quanto à descrição da natureza (com o fim de
leitores fazendo com que muitos apoiassem a causa
valorização daquilo que é nacional), dos costumes,
abolicionista.
dos valores e da linguagem do interior. Sendo assim,
o que vemos é um realismo externo, pois as tramas e Narrado em terceira pessoa, conta a história
os desenlaces continuam plenamente românticos. da jovem escrava Isaura, mulher branca, habitante
do interior do Rio de Janeiro, filha de um feitor por-
O regionalismo, nos romances sertanistas, é
tuguês, Miguel. Quando a mãe da moça faleceu, foi
uma forma de nacionalismo, ou seja, o ideal patri-
adotada pela proprietária da fazenda em que vivia,
ótico romântico encontra-se vigorosamente em tais
sendo tratada como legítima filha. Foi educada se-
textos.
gundo os mais altos padrões da época. Sabia falar
Domínio público.
Bernardo Guimarães
nasceu no ano de 1825, na bertar a escrava se esta se casasse com o jardineiro
cidade de Ouro Preto. Cur- Belchior, um anão peludo e com feições de macaco.
sou Direito em São Paulo, No dia da cerimônia, quando Isaura não tinha
onde foi colega de Álvares mais esperanças de ser feliz, aparece Álvaro. O moço
de Azevedo. Trabalhou havia comprado todos os bens penhorados por
como juiz no interior de Leôncio, que se encontrava na miséria. Entre os bens
Goiás, até ser exonerado. estavam os escravos, logo, Isaura era sua. Desespe-
EM_V_LIT_007
Domínio público.
tor de D. Pedro II, era seu pai. Depois de participar da
batalha contra os paraguaios que dominavam o sul
de Mato Grosso, torna-se professor de Geologia da
Escola Militar. Foi presidente de Santa Catarina e do
Paraná. Também foi senador, mas abandonou o cargo
quando da Proclamação da República, demonstrando
fidelidade ao imperador. Faleceu em 1899, vitimado
por complicações em consequência da diabetes.
Domínio público.
ele logo parte, eliminando as suspeitas do pai. então, como jornalista e tra-
Enquanto Cirino faz a viagem para encontrar dutor. Em 1852, publica em
Cesário, Manecão chega à propriedade do pai de folhetim mensal Memórias
Inocência. Ela se recusa a aceitar o casamento e de um Sargento de Milícias.
acaba sendo espancada pelo pai. Tico, o anão mudo, Foi nomeado, em 1857, dire-
denuncia Cirino. Manecão, irado e com sede de vin- tor da Tipografia Nacional,
gança, persegue o rapaz e assassina-o. Ao saber do tornando-se protetor de um
ocorrido, Inocência encontra a solução do sofrimento jovem de dezesseis anos –
na morte. Machado de Assis. Devido
Enquanto isso, na Alemanha, alheio aos últimos a problemas econômicos,
acontecimentos, o naturalista Meyer é homenageado muda-se para Nova Friburgo.
pela descoberta da borboleta Papilio Innocentia. Candidata-se a deputado da Assembleia Provincial.
Em viagem de campanha em 1861, abordo do vapor
Hermes, naufraga e morre.
Franklin Távora
Franklin Távora nasceu em 1842, em Baiturité,
Características e temas
no interior do Ceará. Cursou Direito na Faculdade
Autor de um único romance, Manuel Antônio
do Recife. Mudou-se para o Rio de janeiro no ano de
de Almeida escreveu uma obra que se caracteriza
1874, trabalhando em setores relacionados à buro-
por contrariar os valores estéticos românticos da
cracia. Também trabalhou no Instituto Histórico e
época. Memórias de um Sargento de Milícias é uma
Geográfico Brasileiro. Faleceu em 1888. exceção dentro do período romântico. Apresenta
um anti-herói, Leonardo, o primeiro malandro da
Características e temas Literatura brasileira. Não idealiza personagens nem
situações; não mostra cenas melodramáticas e não
Seu romance O Cabeleira também pode ser vê no casamento um final feliz. Temos, em verdade,
classificado como romance histórico, por tratar do um legítimo antirromance romântico.
passado nordestino. Sua obra possui, portanto, va- Classificado como romance de costumes, mes-
lor documental por fazer um estudo do cangaço no mo não sendo o fulcro da obra evidenciar os hábitos
século XVII. A obra apresenta ideologia progressista do grupo ao qual se refere – a classe popular –, a
embasada na educação como solução dos problemas obra tem como característica fundamental o humor,
nordestinos. o riso fácil. Algo que não encontramos nos demais
romances do período. A partir da ridicularização de
O Cabeleira personagens e situações observamos o desmasca-
ramento dos indivíduos.
Conta a história do reencontro do cangaceiro Encontramos em Memórias de um Sargento de
José Gomes, o Cabeleira, com Luisinha, seu antigo Milícias personagens-tipo, ou seja, são representan-
afeto. A paixão entre os dois faz com que ele se re- tes da classe social a qual pertencem. Muitos deles
genere e abandone a vida do cangaço. Entretanto, a nem nome possuem, como é o caso da madrinha e
polícia o persegue. Num acidente, Luisinha se fere do padrinho de Leonardo, a “comadre” e o “compa-
e morre. Cabeleira, desiludido, rende-se, é julgado e dre”.
condenado à forca. O romance é escrito em terceira pessoa, o nar-
No final do romance, percebe-se severa crítica rador é onisciente e faz constantes interrupções na
à pena de morte e a justificativa da existência do narrativa, comentando sobre o passado dos persona-
cangaço pela falta de assistência ao povo. gens e os acontecimentos futuros, sempre com muito
humor e ironia. Pode-se dizer que tais interrupções
narrativas são o embrião do que chamaremos na obra
Manuel Antônio de Almeida realista de Machado de Assis de “digressões” – aná-
lises profundas acerca de algo relevante à história, ao
Manuel Antônio de Almeida nasceu em 1831, contrário do que acontece no romance de Almeida,
na cidade do Rio de Janeiro. Estudou curto período que caracteriza-se por ser superficial.
na Academia de Belas Artes. Depois cursou a facul- A visão desenganada da realidade e a relativi-
EM_V_LIT_007
dade de medicina, formando-se no ano de 1855. Não zação dos valores são traços fundamentais da obra.
pôde seguir a carreira médica por ter de trabalhar Tais características evidenciam sua separação da es-
muito para sustentar seu irmão, já que seus pais tética romântica. Entretanto, também não o podemos
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enquadrar na estética realista, pois ainda não temos viúva, está livre para se casar novamente. É o que
a objetividade e a análise psicológica presentes. acontece. Leonardo e a moça se casam.
Pena nasceu no ano de caminho está livre para se casar com a prima que
1815, na cidade do Rio de tanto ama.
Janeiro. Estudou desenho,
música e arquitetura na
Academia de Belas Artes.
Os dois ou o inglês maquinista
No ano de 1838, sua primei-
Essa peça trata do amor impossível entre Felí-
ra comédia, O juiz de paz na
cio, o primo pobre, e Mariquinha. A moça tem dois
roça, foi encenada, e tam-
pretendentes: Negreiros, um traficante de escravos e
bém tornou-se diplomata.
Gainer, um inglês velhaco. Depois da chegada do pai
Quando enviado a Londres
da rapariga, que todos pensavam estar morto, tudo
foi infectado pela tuberculose. Acabou falecendo em
se resolve. Felício e Mariquinha podem se casar.
Lisboa, no ano de 1848.
Nessa peça, Negreiros seria a metáfora do ca-
pital provindo do tráfico e Gainer, do capital estran-
Características e temas geiro, que disputavam o domínio sobre a nação. Ao
final, um brasileiro consegue ficar com as riquezas
Martins Pena foi o fundador do teatro nacional. do Brasil, neste caso, representadas pela figura de
Escreveu comédias e dramas, porém as que se desta- Mariquinha.
caram foram as primeiras. Caracterizam-se por serem
comédias de costumes, ou seja, demonstrarem os Leia um trecho da obra.
hábitos da sociedade da época. O autor ambientava
suas peças ou na cidade ou na roça. CENA VII
Assim como Manuel Antônio de Almeida, FELÍCIO e GAINER
Martins Pena utilizava-se de personagens-tipo: o FELÍCIO — Estou admirado! Excelente
roceiro, o burguês da classe média, o estrangeiro ideia! Bela e admirável máquina!
etc. Criando situações satíricas, o autor, com muita GAINER, contente — Admirável, sim.
ironia, ridicularizava personagens e situações para a
FELÍCIO — Deve dar muito interesse.
partir daí revelar a verdadeira face do indivíduo, da
mesma forma que vimos Almeida fazer. GAINER — Muita interesse o fabricante.
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a) lrreverência.
Porque no romance romântico, paralelamente ao emba-
samento nos elementos concretos da realidade como os b) “Arte pela arte”.
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c) Nacionalismo idealizado c) 3 - 5 - 7 - 11 - 9.
d) Visão ufanista-irônica. d) 1 - 6 - 4 - 11 - 13.
e) Criação de uma identidade brasileira. e) 1 - 4 - 8 - 13 - 10.
2. (FAAP) Texto I 4. (Cesgranrio) A S. PAULO
“Minha terra tem palmeiras
1 Terra da liberdade!
Onde canta o sabiá;
2 Pátria de heróis e berço de guerreiros,
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.” 3 Tu és o louro mais brilhante e puro,
4 O mais belo florão dos Brasileiros!
Gonçalves Dias
1956. p. 85-86.)
a) 3 - 6 - 8 - 12 - 15.
b) 2 - 5 - 7 - 10 - 14. Tendo em vista o texto, assinale a opção com duas
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características do Romantismo presentes no poema: b) Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de
a) entendimento racional do mundo / adjetivação Magalhães, é considerado seu marco inicial.
abundante. c) o indianismo se verificou tanto em prosa como em
b) polarização entre o Bem e o Mal / rigidez métrica. verso.
c) exaltação do heroísmo / musicalidade acentuada. d) os poetas ultrarromânticos como Casimiro de
Abreu e Álvares de Azevedo pertencem à segunda
d) assimilação do ideário liberal / valorização da sim- geração.
plicidade do povo brasileiro.
e) José de Alencar, seu maior prosador, dedicou-se
e) temática de fundo histórico / presença da cor lo- exclusivamente a romances indianistas e urbanos.
cal.
8. (Unesp) Identifique os movimentos literários a que
5. (Fuvest) “A identificação da natureza com o sofrimento pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas
humano, a tragédia perene do amante rejeitado, o jovem se apresentam.
andarilho condenado à vida errante em sua curta eter-
nidade, a solidão do artista. E, enfim, a resignação e a I. “A praça! A praça é do povo
reconciliação – ressentidas um pouco, por certo.” Como o céu é do condor
O texto acima enumera preferências temáticas e E o antro onde a liberdade
concepções existenciais dos poetas:
Cria águias em seu calor.”
a) barrocos.
II. “Vozes veladas, veludosas vozes,
b) arcádicos.
Volúpia dos violões, vozes veladas,
c) românticos.
Vagam nos velhos vórtices velozes
d) simbolistas.
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
e) parnasianos.
III. “Anjo no nome, Angélica na cara!
6. (Fuvest) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves
Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
que, no Brasil, a poesia romântica: Ser Angélica flor, e Anjo florente,
a) pouco deveu às literaturas estrangeiras, consolidan- Em quem, senão em vós, se uniformara:”
do de forma homogênea a inclinação sentimental e
o anseio nacionalista dos escritores da época. IV. “Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
b) repercutiu, com efeitos locais, diferentes valores e Fui honrado Pastor da tua aldeia;
tonalidades da literatura europeia: a dignidade do Vestia finas lãs, e tinha sempre
homem natural, a exacerbação das paixões e a
crença em lutas libertárias. A minha choça do preciso cheia.
Parnasianismo.
gundes Varela, embora tal tendência apresente seu
ponto mais alto na poesia de Castro Alves. b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e
Romantismo.
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c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e 11. (Unesp) LEITO DE FOLHAS VERDES
Simbolismo.
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianis- À voz do meu amor moves teus passos?
mo e Barroco.
Da noite a viração, movendo as folhas,
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo Já nos cimos do bosque rumoreja.
e Arcadismo.
E sob a copa da mangueira altiva
9. (FAAP)
Nosso leito gentil cobri zelosa
Ó tu que vens de longe, ó tu que vens cansada,
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho.
Vives sozinha sempre e nunca foste amada. Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
A neve anda a branquear lividamente a estrada,
Como prece de amor, como estas preces,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
No silêncio da noite o bosque exala.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada. Brilha a lua no céu, brilham estrelas,
Correm perfumes no correr da brisa,
E amanhã quando a luz do sol dourar radiosa
A cujo influxo mágico respira-se
essa estrada sem fim, deserta, horrenda e nua,
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
podes partir de novo, ó nômade formosa!
A flor que desabrocha ao romper d’alva
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
Um só giro do sol, não mais, vegeta:
Há de ficar comigo uma saudade tua...
Eu sou aquela flor que espero ainda
Hás de levar contigo uma saudade minha...
Doce raio do sol que me dê vida.
(Alceu Wamosy)
Sejam vales ou montes, lago ou terra,
Já se disse que o poema é do Simbolismo. Contudo, se Onde quer que tu vás, ou dia ou noite,
você tivesse que enquadrá-lo em outra escola, optaria Vai seguindo após ti meu pensamento;
pelo: Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
a) Renascimento.
Meus olhos outros olhos nunca viram,
b) Arcadismo. Não sentiram meus lábios outros lábios,
c) Romantismo. Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
d) Realismo. A arazoia na cinta me apertaram.
e) Futurismo. Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já solta o bogari mais doce aroma;
10. (ITA)
Também meu coração, como estas flores,
“Descansem o meu leito solitário
Melhor perfume ao pé da noite exala!
Na floresta dos homens esquecida.
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida. “ À voz do meu amor, que em vão te chama!
O excerto acima é de autoria de........ , importante poeta Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil
do ultrarromantismo brasileiro, autor de......... A brisa da manhã sacuda as folhas!
a) Casimiro de Abreu - Primaveras
(DIAS, Gonçalves. Obras Poéticas, II, p. 17.)
b) Álvares de Azevedo - Lira dos Vinte Anos
VOCABULÁRIO
c) Fagundes Varela - Contos e Fantasias
EM_V_LIT_007
“Junto a meu leito, com as mãos unidas, A ventura de uma alma de donzela!
Olhos fitos no céu, cabelos soltos, E sem na vida ter sentido nunca
Pálida sombra de mulher formosa Na suave atração de um róseo corpo
Entre nuvens azuis pranteia orando. Meus olhos turvos se fechar de gozo”
É um retrato talvez. Naquele seio
c) “Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Porventura sonhei doiradas noites.
Ali vem lazarenta e desdentada...
Talvez sonhando desatei sorrindo
Alguma vez nos ombros perfumados Que noiva!... E devo então dormir com ela?...
Esses cabelos negros, e em delíquio Se ela ao menos dormisse mascarada!...”
Nos lábios dela suspirei tremendo. d) “Era a virgem do mar! na escuma fria
Foi-se minha visão. E resta agora Pela maré das águas embaladas!
Aquela vaga sombra na parede
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
- Fantasma de carvão e pó cerúleo,
Que em sonhos se banhava e se esquecia!”
Tão vaga, tão extinta e fumarenta
Como de um sonho o recordar incerto.” e) “Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
(AZEVEDO, Álvares de. VI Parte de Ideias Íntimas. In: CÂNDIDO, A.;
CASTELLO, J. A. Presença da Literatura Brasileira. São Paulo, Difu- Os poetas da minha terra
são Europeia do Livro, 1968. v 2, p. 26.) são pretos que vivem em torres de ametista,
EM_V_LIT_007
a) o “eu lírico” foge da realidade presente para um Foi nas noites de ventura,
passado idealizado. Quando em tua formosura
b) o eu poético expressa suas emoções. Meus lábios embriaguei!
c) o autor dissocia os aspectos formais dos emocio- 5.
nais.
E se tu queres, donzela,
d) a voz poética revela-se saudosista.
Sentir minh’alma vibrar
e) o autor apresenta elementos de brasilidade.
Solta essa trança tão bela
21. (UFRJ)
Quero nela suspirar!
1. Ouvirás no devaneio
Dos sonhos que eu vivi, (AZEVEDO, Álvares. Obras Completas. Homero Pires. (Org.) 8. ed. São
É de uns lábios a esperança Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942.)
III. que Aurélia propõe-se a casar com Seixas median- Quais estão corretas?
te recebimento de dote, mas ele não consegue le- a) Apenas I.
vantar o dinheiro e fica preso a essa dívida até o fim b) Apenas II.
do romance.
c) Apenas I e II.
Está(ão) correta(s):
d) Apenas II e III.
a) apenas I.
e) I, II e III.
b) apenas II.
8. (UFC) Assinale a alternativa correta quanto às as-
c) apenas I e II.
sertivas sobre Joaquim Manoel de Macedo.
d) apenas I e III.
I. O escritor iniciou sua carreira literária, quando o
e) apenas II e III. movimento romântico já sofria declínio.
5. (UFC) O espírito crítico e brincalhão, visível na narrativa II. Macedo primou pela originalidade e fez de cada
de A Luneta Mágica, é também uma das características romance seu uma obra que não lembrava as an-
mais fortes de: teriores.
a) “Helena”. III. O romancista aliou a observação da realidade e a
b) “Beira-sol”. espontaneidade inventiva ao representar a vida so-
cial de sua época.
c) “Dôra, Doralina”.
a) Apenas I é verdadeira.
d) “Os Verdes Abutres da Colina”.
b) Apenas II é verdadeira.
e) “Memórias de um Sargento de Milícias”.
c) Apenas III é verdadeira.
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8. A 20. C
14. A
1. D
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2. A descrição de escravo é feita por contrastes de preto
e branco. Quanto à sua personalidade, era ligeiro, de-
savergonhado, interesseiro e matreiro.
3. Descrição: “todo vestido de branco com uma cara mais
negra e mais lustrosa”.
Personalidade: “diabo de azeviche”.
4. C
5. E
6. D
7. D
8. C
9. F, F, V, F, F, F, V. Soma = 68.
10. B
11. E
12. B
13. E
14. D
15. D
16. C
17. C
18. E
19. C
20. E
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