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XV SEMANA DE HISTÓRIA: USOS DO PASSADO


Universidade Federal de Goiás – Goiânia – de 30 de agosto a 1º de setembro de 2016

SIMPÓSIO III - PODER, LITERATURA E RELIGIÃO NO MEDIEVO: USOS E


ABUSOS DE SUAS (COM)POSIÇÕES HISTORIOGRÁFICAS

Dra. Armênia Maria de Souza - UFG


Doutoranda Cleusa Teixeira de Sousa – UFG

OS CONTOS DE CANTUÁRIA: DOIS RETRATOS DA MULHER MEDIEVAL


SEGUNDO CHAUCER1

Johnwill Costa Faria2


Taynara Paula Barbosa Silva Dias3

Resumo: Os diálogos entre História e Literatura possibilitam a análise do mundo medieval sob novas
formas de abordagem. Nesse sentido, o enfoque será dado à condição feminina retratada a partir de
dois contos selecionados da obra literária Os contos de Cantuária, do escritor inglês medieval
Geoffrey Chaucer. Em O conto do Estudante, a protagonista é uma mulher frágil e submissa ao seu
marido, enquanto que em O conto da Mulher de Bath, a personagem-título é irreverente e
contestadora, que reclama, por exemplo, o direito ao prazer sexual, além de afirmar que a mulher deve
comandar a relação no casamento. Pretende-se, portanto, a partir dessas duas histórias, apresentar a
percepção desse autor sobre os papéis da mulher na sociedade inglesa de seu tempo.

Palavras-chave: História e literatura. Literatura inglesa medieval. Condição feminina.

Introdução

O senso comum e a tradição costumam retratar a mulher como frágil, submissa e


inferior ao homem, encaixada numa sociedade de costumes patriarcais. Nesse sentido,
procura-se relativizar tal questão, posto que o escritor medieval inglês Geoffrey Chaucer
apresenta em The Canterbury Tales (Os contos de Cantuária) tanto a figura feminina
                                                            
1
Este artigo baseia-se no Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Letras – Licenciatura Plena em
Língua Portuguesa, Língua Inglesa e suas respectivas literaturas, de Taynara Paula Barbosa Silva Dias, da
Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Inhumas, no ano de 2015, orientada pelo professor Johnwill Costa
Faria.
2
  Professor do Curso de Letras – Licenciatura Plena em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Respectivas
Literaturas na Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Inhumas; Mestre – Linguística Aplicada – Estudos da
Tradução; e-mail: johnmagister@gmail.com
 
3
 Graduada em Letras – Licenciatura Plena em Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Respectivas Literaturas pela
Universidade Estadual de Goiás – Câmpus Inhumas.
 

 

tradicional como o seu oposto: no primeiro caso, a personagem Griselda, em O conto do


Estudante; no segundo, a personagem Alice, em O conto da Mulher de Bath.
Em primeiro lugar, apresenta-se o retrato4 feminino tradicional, incorporado por
Griselda; em seguida, de modo comparativo e crítico, é tecida a desconstrução desse padrão –
ainda que de forma parcial – por meio da personagem Alice. Por meio de pesquisa
bibliográfica, busca-se relativizar esses retratos antagônicos.
O interesse em discutir essas questões surgiu principalmente da urgência de questionar
e refletir sobre estigmas que se aplicam ao gênero feminino. Além de retratar questões
históricas que perpassam a atualidade, busca-se reconhecer a mulher não como objeto
estático, mas sim como um ser dinâmico, como sujeito ativo em seu meio social. O recorte,
como já mencionado, se refere a dois perfis da mulher medieval, inseridos no mesmo contexto
histórico da recepção literária: a sociedade inglesa do século XIV.
O eixo central deste trabalho, portanto, consiste em analisar as percepções desse
escritor inglês sobre perfil da mulher da Baixa Idade Média, com suas características
incorporadas nos contos supracitados. Assim, pretende-se analisar aspectos históricos que
podem ter contribuído para a recriação literária da identidade dessas personagens, bem como
refletir em que dimensões esses retratos femininos foram ou ainda são assimilados e
reproduzidos na sociedade atual.

1. A construção do papel social da mulher

Para que se possa compreender, ainda de que forma superficial, como os papéis
desempenhados pelo homem e a mulher na sociedade ocidental na Baixa Idade Média – ponto
chave desta discussão – e, até certa extensão, na contemporaneidade, é necessário visualizar
um panorama que exibe uma dinâmica em que esses papéis se alternam no que diz respeito a
certa preponderância de um sobre o outro, dinâmica essa que dispõe o que se convencionou
chamar de matriarcalismo e patriarcalismo.
A mulher foi por muitos séculos a base estrutural de sociedades primitivas matriarcais,
em que desempenhava um papel de igual ou superior importância ao do homem. Segundo
Leite (1994, p. 20), a mulher seria responsável por manter a cabana em ordem, ela
                                                            
4
Uma observação particular merece ser dada à escolha da palavra “retrato”, no contexto deste artigo: trata-se do
que se pode entender por um tipo de representação do que se vê e do que se concebe sobre algo – no caso, aqui,
uma ideia preconcebida e idealizada do que é e do que constitui a mulher, ou o ser feminino, o que, portanto, não
pode ter significado preciso e “verdadeiro”, “real”.

 

desenvolveu a agricultura ao redor do acampamento e foi quem inventou a tecelagem, a


esteira e a cerâmica. A diferença em força física que hoje divide os sexos não era tão notória
naqueles tempos.
A mudança social provocada pela mudança da maneira de entender o poder é refletida
também na maioria das teorias criacionistas. Para Muraro (2009, p. 8), há quatro principais
crenças criacionistas. A primeira delas é a de que o mundo teria sido criado por uma deusa
mãe sem o auxílio de ninguém; posteriormente passou-se a crer que o mundo foi criado por
um deus andrógino ou um casal criador; mais à frente, um deus macho ou toma o poder da
deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial, e por fim, um deus macho cria o
mundo sozinho.
Nota-se então que as mudanças sociais, principalmente no que diz respeito à mudança
de uma sociedade matriarcal para a patriarcal, provocam as mudanças de pensamento acima
citadas. A mulher era o centro da sociedade, assim, havia a crença de que o mundo havia sido
criado por uma deusa, quando a sociedade muda e passa a ver o homem como o ser mais
importante, automaticamente passa a ser mais viável a ideia de que o mundo foi criado por
um Deus masculino.
O mito da deusa mãe é citado por Campbell (1997, p. 64):

Nos livros do Tantra da Índia medieval e moderna, o local onde habita a deusa é
denominado Mani-dvipa, "Ilha das Jóias". Seu divã e trono ali se
encontram, num bosque de árvores que atendem a desejos. As praias da ilha
têm areias de ouro. São banhadas pelas águas calmas do oceano do néctar da
imortalidade. A deusa é vermelha como o fogo da vida; a terra, o
sistema solar, as galáxias do incomensurável espaço — tudo isso cresce no seu
útero. Pois ela é a criadora do mundo, sempre mãe e sempre virgem. Ela abrange o
abrangente, nutre o nutriente e é a vida de tudo o que vive. Ela é também a morte de
tudo o que morre. Todas as etapas da existência são realizadas sob sua influência, do
nascimento — passando pela adolescência, maturidade e velhice — à morte. Ela
é o útero e o túmulo: a porca que come seus próprios leitões. Assim
sendo, ela une o "bom" e o "mau", exibindo as duas formas que a mãe
rememorada assume, em termos pessoais e universais.

Esta visão da deusa está mais intimamente ligada à cultura oriental, ao passo que a
crença da criação do mundo através de um deus masculino está ligada principalmente a
cultura ocidental, principalmente na crença judaico-cristã e bíblica de que Deus criou o
mundo e tudo que nele há em cinco dias, no sexto dia criou o homem e, da costela de Adão,
criou Eva:

Quando todas as outras criaturas tiveram suas companhias, Adão quis a dele: apesar
de ser o Imperador da Terra, e o Almirante dos Mares, ainda assim, no Paraíso sem

 
uma companheira, embora fosse verdadeiramente feliz, ainda assim não o era por
completo: embora tivesse o suficiente para a sua mesa, não o tinha para a sua cama;
embora tivesse muitas criaturas para servi-lo, ainda assim queria uma criatura que o
consolasse; quando foi composto pela Criação, deveria ser completado pela
conjunção; quando não tinha nenhum pecado que o feria, então deveria ter uma
mulher para ajudá-lo; não é bom que o homem fique sozinho. (SECKER apud
LEITES, 1987, p. 126)

A mulher foi “feita” única e exclusivamente para servir ao homem. De acordo com
esse mito, a criação da mulher não estava nos planos do Criador: ela existe simplesmente para
suprir as necessidades e carências masculinas. A Bíblia tem interferência na vida dos
indivíduos oriundos da religião cristã desde a infância, as tradições cristãs ressaltam a
superioridade masculina, ditando como deve ser a forma de agir da comunidade, o perfil do
cristão e principalmente a submissão da mulher ao homem. Como já dito anteriormente, a
mulher, desde criança, deve se subordinar ao homem, pois esta foi criada para servir aos
interesses masculinos. Desse modo, na Bíblia encontram-se poucas figuras femininas de
grande expressão, que foram verdadeiramente importantes ou que tiveram um papel de
destaque no lugar social em que estavam inseridas.
Outro mito que tenta explicar a criação da primeira mulher diz que Lilith foi criada por
Deus no momento em que Este criou a Adão. Eva teria sido criada posteriormente, pois a
primeira mulher não aceitou ser vista como um ser inferior ao homem. Eva só teria sido
criada devido ao insucesso da primeira mulher.
Segundo Sicuteri (1985, p. 35), Lilith teria se revoltado com Adão por sempre ser
inferior a ele. Ela se diz feita do mesmo pó que ele, portanto pensava não ter nenhuma
obrigação de se sujeitar a ele. Também não se agradava de ter que ficar em uma posição
inferiorizada no ato sexual, portanto, pede que Adão mude de posição, permitindo que ela
também fique por cima dele em determinado momento. Assim, eles teriam uma relação igual,
mas Adão não aceita a condição. Consequentemente, há o primeiro conflito entre os dois:

__ Por que ser dominada por você? Contudo eu também fui feita de pó e por
isso sou tua igual". Ela pede para inverter as posições sexuais para
estabelecer uma paridade, uma harmonia que deve significar a igualdade
entre os dois corpos e as duas almas. Malgrado este pedido, ainda úmido de
calor súplice, Adão responde com uma recusa seca: Lilith é submetida a ele,
ela deve estar simbolicamente sob ele, suportar o seu corpo. Portanto: existe
um imperativo, uma ordem que não é lícito transgredir. A mulher não aceita
esta imposição e se rebela contra Adão. É a ruptura do equilíbrio.

O mito de Lilith é encontrado em muitas tradições e retrata a repressão sexual,


principalmente a feminina. Ela é o espírito de liberdade religiosamente reprimido dentro da

 

maioria das mulheres, que devem todo o tipo de submissão a seus maridos. A história de
Lilith teria sido supostamente removida da maioria das versões bíblicas por se tornar um mau
exemplo para as mulheres cristãs que, sabendo da história desta, provavelmente também
questionariam os maridos acerca da submissão sexual.
Com a constante mudança social, passa-se a ser notório o imperialismo patriarcal,
principalmente a partir das teorias criacionistas próprias da cultura ocidental, explicitando que
o mundo foi criado por um Deus masculino. Entretanto, esses mitos são repassados ao longo
da história por meio de escrituras sagradas ou de tradições orais. Assim, a mulher, que antes
tinha o papel de conhecedora, levando uma vida igual ou superior à do homem, agora,
passava a ser inferiorizada, tornando-se objeto de posse, sendo uma ameaça para a sociedade,
não podendo se intrometer em assuntos relativos à política, à sociedade e à cultura,
estritamente exclusivos ao sexo masculino.
Pode-se perceber, portanto, que a imagem da mulher, de seu papel social, de suas
características físicas, comportamentais e morais passou por várias reformulações, enquanto
clichê ou estereótipo – e, por isso mesmo, são visões simplistas, reducionistas e que negam a
complexidade e a dinamicidade que constitui qualquer ser humano.
É, sobretudo, a partir do advento do Cristianismo e sua propagação pelo mundo que a
concepção do ser feminino se confere como tradição e adquire as feições de um ideal que
atende às perspectivas do mundo dominado pelo sexo masculino, ainda como clichê ou
estereótipo, sem levar em conta toda uma gama de variáveis e possibilidades do que faz um
ser humano “ser humano”.

2. Sobre a mulher medieval

No âmbito da sociedade medieval, seja ela aristocrática ou menos favorecida,


imperava o poder patriarcal, os homens mantinham um poder social elevado como papel de
chefe de família, eram destinados à guerra e à caça, bem como corrigir, vigiar e, se preciso,
punir severamente (às vezes, com a morte) a má conduta das mulheres da casa, fossem elas
irmãs, filhas, viúvas ou até mesmo as filhas de seus vassalos. Segundo Duby (1985, p. 85), “O
poder patriarcal sobre a feminilidade via-se reforçado, porque a feminilidade representava o
perigo.” Vistas como ameaça capaz de desestabilizar a ordem estabelecida, destinada aos
trabalhos de dona de casa, as mulheres eram extremamente vigiadas e submetidas aos homens
com tais princípios apoiados nas escrituras sagradas.

 

O problema da paz, da paz privada, colocava-se a propósito das bem-nascidas. Elas


eram por isso estreitamente vigiadas, subjugadas. O eixo mais sólido do sistema de valores a
que se fazia referência na casa nobre para bem conduzir-se apoiava-se sobre este postulado,
ele próprio fundado na Escritura: que as mulheres, mais fracas e mais inclinadas ao pecado,
devem ser trazidas à rédea (DUBY,1985, p.84).
Segundo Leites (1987, p. 33), na Alta Idade Média, acreditava-se que as mulheres
eram mais luxuriosas que os homens e também era difundida a ideia de que o homem era um
ser superior à mulher. Desta forma, os homens frequentavam as universidades e a mulheres,
por representarem uma “ameaça” (sexualmente falando), eram proibidas de estudar. Este
pensamento de que a mulher é um ser “carnal” que corrompe ao homem, é basicamente o eixo
gerador do processo inquisitivo.
Para Nascimento (1997, p.85), a sociedade feudal, indubitavelmente, era patriarcal,
período em que as mulheres eram obrigadas a circular exclusivamente na esfera privada,
somente permitida “dentro dos limites da casa paterna, da casa marital ou do convento”.
Essa mesma autora menciona que essa concepção patriarcal foi reforçada pela grande
difusão de ideias misóginas durante a Idade Média, ou seja, o uso recorrente de teóricos
antigos e medievais – tais como Aristóteles, São Paulo, Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino – para afirmar a condição submissa da mulher. Mas, antes mesmo do século XIII, a
Igreja já estava muito afetada pela imagem negativa da mulher, seguindo o que apregoava a
tradição judaica em torno do mito de Eva – um ser pecador, suscetível à tentação e, por isso, a
mulher teria de ser submetida à tutela masculina (NASCIMENTO, 1997, p. 85).
Nascimento (op. cit., p. 86), entretanto, contesta a validade desse pensamento,
considerando que ele não representava com fidelidade o que pensava a sociedade medieval
como um todo em relação à mulher, pois alega que a produção literária que continha tal
conteúdo foi, em primeiro lugar, escrita por celibatários do sexo masculino, os quais
apresentavam em sua produção escrita reflexos de suas convicções, desejos e fobias em
relação à mulher (p. 86). Além do mais:

Embora estas construções teóricas tenham influenciado de alguma maneira os


comportamentos sociais, não se pode incorporá-las à construção histórica sem levar
em consideração a existência de outras fontes. A condição feminina era algo que
preocupava mais os teóricos e eclesiásticos que a sociedade laica em geral.
(NASCIMENTO, 1997, p. 86)

 

Faz-se necessário, também, compreender que, dada a complexidade natural que faz
parte do ser – e de ser – humano, não se pode simplesmente colocar rótulos sobre esse ou
aquele indivíduo, ou sobre um conjunto de indivíduos desse ou daquele sexo, sociedade,
cultura etc. Há variáveis demais, em uma dinâmica constante, provocando mudanças nessa
constituição do que é “humano”. A mulher, nesse contexto, portanto, é um ser ativo também,
que também deixa suas marcas, além de ser meramente um fantoche à mercê do que a cultura
e a sociedade constrói a respeito dela:

A mulher, ao longo dos anos e das transformações sofridas pelas sociedades


ocidentais, deixa sua marca de várias formas, deixa seu aprendizado e sua sabedoria
nos vários níveis de tais sociedades. Desafiando as leis que lhe são impostas, dos
abusos físicos, psicológicos e emocionais, a mulher vai deixando seu rastro, sua
marca, seja em palavras, gestos, ações e até mesmo a morte, pois muitas tiveram
suas vidas prematuramente ceifadas por ousarem falar, transgredir e, principalmente,
transformar normas, comportamentos e pensamentos que eram enraizados nas
tradições religiosas, políticas e sociais das épocas em que viveram. (CABREIRA,
2006, p.230)

Desta forma, essas mulheres desafiadoras das leis deixam suas marcas, abrindo terreno
fértil para outros modos de pensar e agir. De acordo com Rank (2014, p.9): “Apesar de elas
não se terem buscado derrubar o mundo de dominância masculina em que viviam, fica claro
que elas não eram mais donzelas em perigo. Muitas delas foram lideres mais poderosas de seu
tempo”.

3. Geoffrey Chaucer: alguns dados biográficos

Até aqui, após algumas considerações e um breve panorama do que se sabe sobre a
complexa dinâmica de papéis exercidos pela mulher e pelo homem na História, desde seus
primórdios até a prevalência do patriarcalismo difundido principalmente pela cultura judaico-
cristã, lançando seus reflexos na sociedade ocidental, chega-se ao ponto em que se desejava
chegar: a Baixa Idade Média no contexto da Inglaterra do tempo de Geoffrey Chaucer.
Desse modo, antes de se mergulhar diretamente na questão masculino X feminino em
Os contos de Cantuária, é necessário um preâmbulo acerca de Chaucer e de sua importância
para a sociedade de seu tempo e também para a sociedade atual.
Conforme Vizioli (1988, p. X-XI), há poucos dados concretos sobre a vida de
Geoffrey Chaucer, mas sabe-se que nasceu em Londres, por volta de 1340, e era filho de um

 

comerciante de vinhos, tendo falecido em 25 de outubro de 1400. Dentre seus atributos,


Vizioli destaca:
a flexibilidade métrica, a frequente precisão e adequação de imagens, o uso de
trocadilhos, a sutil ironia verbal, a eficiente ironia dramática, e, principalmente, a
atitude objetiva (que permite vida própria às suas personagens, boas ou ruins), a
profundidade da observação psicológica (que lhe consente retratar um indivíduo
com apenas alguns traços essenciais), a variedade e o enfoque realista. Se ele deveu
as primeiras qualidades ao trato com outros autores, sobretudo os italianos, deveu as
últimas exclusivamente à sua genialidade, que o levou a tirar o máximo proveito de
tudo o que aprendeu em seu convívio com homens de todas as classes sociais, reis,
fidalgos, mercadores e artesãos. (p. XIII)

Já Burgess (2004, p. 40) afirma que Chaucer – a quem chama de “moderno – possuía
olhar observador sobre a vida como de fato ela era vivida, por meio de personagens
verossímeis e sua visão tolerante, humorada, com doses de ceticismo, além de sua paixão e
amor pela humanidade. Há outros traços de inovador na escrita de Geoffrey Chaucer, no que
se refere à transformação da língua inglesa, segundo seus propósitos literários, deixando-a um
pouco mais parecida com o inglês atual, além de estabelecer suas tradições literárias.

3.1 Os contos de Cantuária

Chaucer redigiu sua obra Os contos de Cantuária (The Canterbury Tales) entre 1386 a
1400, ano de sua morte. O enredo tem como advento inicial quando todos os personagens se
encontram em uma estalagem e todos se juntam a Chaucer com o mesmo objetivo: partir de
Londres até a Catedral de Cantuária (Canterbury) venerar São Tomás Becket. Assim, o
Albergueiro aconselha que todos façam a viagem juntos, sendo mais seguro para todos e, para
que a viagem seja mais agradável, ele propõe que cada um conte duas histórias na ida e duas
na volta. Como prêmio, quem contasse a melhor história seria brindado com um banquete
pago por todos. Por conseguinte, os contos são apresentados, um a um, e cada conto junto a
seu prólogo, compondo cada conto, um capítulo.
Sua obra retrata um amplo panorama social da época, a começar pelo prólogo geral,
composto por homens e mulheres das mais diversas classes e ofícios, os peregrinos, reunindo
relatos e acontecimentos dos diversos personagens. Vizioli (1988) afirma que, embora as
classes mais altas e as mais baixas não façam parte da comitiva, eles são abordados no corpo
dos textos. Além da sociedade, no livro estão presentes traços da cultura e da literatura
medieval.

 

3.1.1 O conto do Estudante

Griselda é um personagem folclórico, conhecida por sua paciência e obediência. Surge


na literatura de Boccaccio, Petrarca e Chaucer, além de Charles Perrault e outros literatos e
artistas. Em linhas gerais, na história contada por Chaucer, ela se casa com Valter (Gualtieri,
na versão de Boccaccio), Marquês de Saluzzo, que a testa, declarando que sua primeira filha
deveria ser morta, bem como seu segundo filho, um menino. Griselda obedece sem protesto,
enquanto Valter, em segredo, envia seus filhos para serem criados em Bolonha. Como teste
final, o Marquês repudia Griselda, afirmando que ele obteve permissão do papa para se
divorciar dela e se casar com uma mulher “melhor”. Assim, a pobre mulher vai viver com o
pai. Alguns anos mais tarde, Valter anuncia que vai se casar novamente, e chama Griselda
para servi-lo, preparando as núpcias. Ele a apresenta a uma garota de doze anos, que afirma
ser sua noiva, mas, que na verdade é a filha do casal. O comportamento da protagonista é
ainda subserviente, quando ela deseja felicidade aos supostos noivos. Por fim, Valter, conta
toda a verdade e restaura seu antigo casamento com Griselda.

3.1.2 O conto da Mulher de Bath

Narrado por Alice, a Mulher de Bath – uma mulher com atitudes bastante “atípicas”
para o que o senso comum confere às mulheres da época – que decide relatar suas vivências
após contrair o matrimônio. Fundamentada em preceitos bíblicos, a personagem os utiliza
para defender sua conduta. Ainda no prólogo, a narradora faz uma introdução sobre os males
do casamento a partir de suas experiências, para que estas possam servir de instrução aos
inexperientes. Desde seus doze anos, até então, a senhora contraíra cinco matrimônios.
Quando questionada a tal atitude, ela mesma diz: “deixo que os outros façam suas suposições
e as suas interpretações; quanto a mim, o que sei é que Deus, expressamente e sem mentira,
ordenou-nos claramente isto: Crescei e multiplicai-vos!” (CHAUCER, 1988, p.105).
Alice retrata a história de um cavaleiro da corte do Rei Artur que é condenado por
deflorar uma donzela. Segundo a lei convencional, ele deveria ser condenado à morte. A
rainha condiciona a vida ou a morte do jovem à resposta para a pergunta: “o que as mulheres
mais desejam?”. Ele aceita e busca resposta em vários lugares, até que já cansado conhece
10 
 

uma velha muito feia que lhe responde que “as mulheres desejam dominar os homens” em
troca dele se casar com ela.
A resposta do jovem à rainha é satisfatória, tornando-o um homem livre para se casar
com a sábia idosa correndo o risco de perder sua liberdade, pois “o casamento tira a
liberdade”. Então, se casam e o a velha propõe que ele escolha entre ter uma esposa velha e
feia, porém fiel e humilde, ou uma jovem e atraente, porém dominadora e promíscua. O
jovem deixa a velha escolher e ela se transforma em uma linda donzela capaz de realizar
todos os desejos do marido e assim ambos são felizes “sempre em perfeita harmonia”.

4. Entre questões literárias e históricas: duas personagens femininas em análise

O conto a Mulher de Bath é estruturado em duas partes: O prólogo e o conto, este


conto possui forma atípica, pois o Prólogo é mais extenso que a história narrada. A narradora
personagem, Mulher de Bath, é apresentada no prólogo geral da obra Os contos de Cantuária.
No que se refere às suas características, o autor destaca:

Nenhuma paroquiana ousava passar-lhe à frente na fila dos devotos que


levavam ofertas à relíquia na igreja, pois, se o fizesse, ela certamente ficaria
furiosa, perdendo por completo as estribeiras. O capeirote, que aos domingos
colocava na cabeça, era da melhor fazenda; e tão cheio de dobras, que eu
juraria que pesava umas dez libras. De belo escarlate eram suas calças, bem
justas; e seus sapatos eram de couro macio e ainda úmido de tão novo. Tinha
um rosto atrevido, bonito e avermelhado. Havia sido em toda a vida uma
mulher de respeito: tivera cinco maridos à porta da igreja, – além de alguns
casos em sua juventude (mas disso não é preciso falar agora). Em suas
peregrinações já estiver a três vezes em Jerusalém, atravessando muitos rios
estrangeiros; também visitara Roma, Boulogne-sur-Mer, Colônia e Santiago
de Compostela. Aprendeu muito nessas andanças. (CHAUCER, 1988, p.19)

Muito mais do que expressar suas características físicas, o autor destaca o perfil de
Alice como uma mulher destemida, que não perde a oportunidade de falar o que pensa.
Percebemos também que a personagem, além de possuir um grande poder monetário em
decorrência de seus vários casamentos, ela possui experiências de vida e mundo.

Embora ela seja encrenqueira e faladeira, é inteligente, à sua maneira, em


vez de intelectual. Por meio de suas experiências com seus maridos, ela
aprendeu a cuidar de si mesma em um mundo onde as mulheres tinham
pouca independência ou poder. A maneira principal com que ela controlava
seus maridos foi por meio de seu corpo. A Mulher de Bath usa o seu corpo
11 
 
como um instrumento de barganha, negando-lhes o prazer sexual até que
dessem o que ela exige. (SPARKNOTES EDITORS, 2003)5

Segundo a visão da Mulher de Bath, o casamento é uma negociação: em busca de sua


autonomia, Alice utiliza seu corpo, revelando uma liberdade em meio a tantas restrições.
Entretanto, a personagem está presa em uma sociedade na qual o patriarcado e a religião
reinam. Desta forma, ela não consegue se desvincular de tais referências.
Segundo Vizioli (1988), esse conto inaugura uma temática inovadora, pois a Mulher
de Bath apresenta uma vida sem repressão à vida sexual, conseguindo assim estabelecer-se
sem chegar às extremidades entre uma santa e uma prostituta, fato que até então não se
considerava para uma mulher com essas atitudes. Deste modo, a personagem expõe seu juízo
de valor favorável às mulheres por meio de suas experiências amorosas e seu conhecimento
de mundo, tendo muito a dizer tanto para que acompanhara na comitiva quanto aos leitores.
Segundo Wetherbee (2004, p.77) “O prólogo autobiográfico da Mulher de Bath é, em
grande parte, uma história de seu corpo – a sua comercialização, os seus desejos, o seu
envelhecimento, e o efeito de suas vicissitudes conforme o próprio entendimento da
personagem”.6 No prólogo, Alice relata suas experiências amorosas que tivera com seus cinco
maridos. Para justificar sua atitude, usa a Bíblia. Como exemplo, cita alguns personagens
bíblicos que possuíram mais de uma esposa e ainda relembra que a virgindade e a perfeição
fora apenas recomendadas. Ela questiona ainda que Deus não deixou explícito quantos
casamentos uma mulher poderia ter. Deus apenas ordenou “crescei e multiplicai-vos!”. Desta
forma, afirma Wetherbee (2004), a personagem repudia a virgindade como juízo de valor
imposto para o feminino e assume sua sexualidade de forma natural e fecunda.
A personagem expõe em público suas histórias com conteúdos bastante questionáveis
para a época. Segundo Sparknotes Editors (2003), seu prólogo é baseado no gênero medieval
alegórico “confissão”, no qual a personagem expõe através de um jogo de moralidade a
luxúria, confessando seus pecados por meio da narrativa. Sparknotes Editors (2003) afirmam
que, “A Mulher de Bath é exatamente o que a Igreja medieval viu como uma ‘mulher má’, e
                                                            
5
  Although she is argumentative and enjoys talking, the Wife is intelligent in a commonsense, rather than
intellectual, way. Through her experiences with her husbands, she has learned how to provide for herself in a
world where women had little independence or power. The chief manner in which she has gained control over
her husbands has been in her control over their use of her body. The Wife uses her body as a bargaining tool,
withholding sexual pleasure until her husbands give her what she demands.  
6
The Wife’s autobiographical prologue is largely a history of her body – its marketability, its desires, its aging,
and the effect of its vicissitudes on her sense of self.
12 
 

ela se orgulha desde o início, seu discurso tem tons de conflito com sua sociedade
patriarcal”.7
Outro ponto relevante a se destacar é a beleza como comercialização sexual, pela voz
da personagem-título:

Senhor meu Jesus, quando me lembro dos tempos em que era jovem e
bonita, meu coração até bate mais depressa… ainda hoje sinto lá dentro uma
satisfação enorme só de pensar como aproveitei bem a vida enquanto pude.
Mas depois veio a idade, que envenena tudo, e me roubou a beleza e o
pique… Não faz mal. Adeuzinho! Vão para o diabo! Acabou-se a farinha,
não há o que discutir: agora faço o que posso para vender o farelo, sem
perder a alegria de viver. (p. 109)

Segundo Wetherbee (2004), a personagem havia aproveitado a vida em quanto pode


na “flor da idade”, mas por um trocadilho do inglês moderno, flower (flor) tornou-se flour
(farinha) - uma mercadoria de pouca duração e como consequência esta em breve será
substituída pelo mais grosseiro “farelo” da velhice.
De acordo com Sparknotes Editors (2003), a personagem se apresenta de forma
caricata, no entanto, no momento em que a mulher de Bath relata suas experiências com seu
quarto e quinto marido, mostra-se de forma mais sensível em relação à sua idade, e sua
profundidade psicológica se tornando mais realista, simpática e convincente. Pois, quando
descobre que seu quarto marido tinha uma amante, ela revela no seu íntimo que se sentiu
inferior. Já com o seu quinto marido, ela reconhece que se casou por amor e caíra na mesma
tática que ela usou contra os outros maridos. Mesmo mantendo um grande afeto, ela não
possuía controle sobre ele, tanto que confiou a ele todos os seus bens.
Alice – a Mulher de Bath – utiliza a Bíblia e obras literárias da Antiguidade para tecer
o caráter inverso ao que é pregado por elas. De acordo com Wetherbee (2004, p.73) nas mãos
de Alice “clichês misóginos se transformam em estoques de algo semelhante a uma crítica
feminista sobre a autoridade masculina”. Em contrapartida, tais ideologias de liberdade que a
personagem defende se tornam contraditórias, pois essa mulher só consegue autonomia
transformando seu corpo em objeto de troca.
Para Wetherbee (op. cit.), essas limitações são evidentes devido à sociedade patriarcal
da época, da qual Alice não consegue se desvincular, ao contrário, ela apenas se molda diante
das lacunas que a sociedade oferece.

                                                            
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The Wife is exactly what the medieval Church saw as a “wicked woman,” and she is proud of it—from the
very beginning, her speech has undertones of conflict with her patriarchal society.
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Já no Conto do Estudante, tem-se a afirmação do modelo da mulher idealizada para


época. A exaltação das mulheres era comum na poesia medieval. Estas eram vistas como uma
fonte de inspiração no romance cortês.
Griselda se materializa nesta idealização, pois a personagem equivale a um ser divino,
compensando todas as maldades causadas por Valter. Com isso, ela mitifica o poder da
autoridade masculina, alcançando um nível de pureza e bondade transcendental do ser
humano.
Wetherbee (2004, p. 73) afirma que “A função social da mulher é suficientemente
definida pelas críticas geradas por homens sobre a pureza e o dever de esposa, de modo que
nenhuma imagem autônoma da mulher existe e ‘feminismo’ é inconcebível”. Para esse autor,
portanto, há uma leitura feminista que não cabe para o período, é um anacronismo. Desta
forma, a mulher necessita constantemente de uma autoridade masculina superior para julgá-la
e discipliná-la. A valorização da mulher não é vista como uma afirmação de seu valor e sim
como para dignificar quem a exalta.
No entanto, ainda que Wetherbee (op. cit) possa enxergar na Mulher de Bath alguma
espécie de sujeição dela ao sistema patriarcal, por causa de suas barganhas, trata-se de uma
mulher que, por conhecer muito bem o sistema de dominação masculina em que se encontra,
sabe manobrar tais barganhas em proveito próprio. Nesse sentido, ela acaba se tornando
protagonista, mesmo dentro de um contexto de dominação masculina.

Considerações finais

Assim como o Estudante – personagem narrador do conto homônimo – desconstrói a


aplicabilidade de todas as mulheres da época serem como Griselda, constante e paciente
diante das imposições e dificuldades, Alice reforça ainda mais a visão contemporânea de que
as mulheres não necessariamente precisam aceitar o que lhes é imposto. A seu modo, a
personagem busca sua autonomia, se sujeitando aos caprichos de seus maridos apenas quando
lhe convém.
Ao dar voz aos seus personagens, Chaucer transcende sua época, abrindo um vasto
campo de questionamentos, interligando-o à contemporaneidade, pois estigmas do passado
ainda respingam nos tempos atuais. Assim, Alice, como tantas outras mulheres destacadas
neste trabalho, busca galgar novas possibilidades dentro da história aproveitando as lacunas
do que é imposto na sociedade patriarcal.
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Por fim, a crítica tecida por Nascimento (1997) à corrente historiográfica chamada
História das Mulheres é salutar, no que consiste em realizar, sim, o estudo do papel da mulher
na História, na constatação de que “o cotidiano do homem ou da mulher de qualquer época
histórica pode romper qualquer arcabouço teórico, e de que a existência humana vai muito
além da oposição entre o preto e o branco; ela permite infinitas possibilidades de cores e
matizes” (p. 84).
O contexto medieval estabelece novas relações e comportamentos de gênero que
muitas vezes podem ser entendidos de forma generalizadora. A leitura de Chaucer se torna
interessante, porque confere o espaço para se observar formas de diferentes diálogos que o
feminino estabelece com esse contexto patriarcal, nem sempre o reforçando, mas, algumas
vezes, até mesmo estabelecendo contestações, como no conto da Mulher de Bath, o que, de
certa forma, nos conduz a um conceito não estático da cultura, em que se pode perceber
diversas formas de diálogos que podem se estabelecer com os padrões culturais.

Referências

BURGESS, Anthony. A literatura inglesa. 2. ed. São Paulo: Ática, 2004.


CABREIRA, Regina Helena Urias. A condição feminina na sociedade ocidental
contemporânea: uma releitura de A letra escarlate, de Nathaniel Hawthorne. 311 f. Tese de
Doutorado – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces. Tradução: Adail Ubirajara Sobral. São Paulo:
Pensamento, 1997.
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Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988.
DIAS, Taynara Paula Barbosa Silva. The Canterbury Tales: dois retratos da mulher medieval
segundo Chaucer. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Estadual de Goiás –
Câmpus Inhumas, 2015.
DUBY, Georges. História da vida privada: da Europa Feudal à Renascença. In: ARIÉS,
Philippe; DUBY, Georges (orgs.). A história da vida privada. São Paulo: Cia. das Letras,
1990. 2 v.
LEITE, Christina Larroudé de Paula. Mulheres: muito além do teto de vidro. São Paulo:
Atlas, 1994.
LEITES, Edmund. A consciência puritana e a sexualidade moderna. São Paulo: Brasiliense,
1987.
15 
 

MURARO, Rose Marie. Breve Introdução histórica. In: KRAMER; SPRENGER. O martelo
das feiticeiras. Tradução: Paulo Fróes. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2009.
NASCIMENTO, Maria Filomena Dias. Ser mulher na Idade Média. In: Textos de História, v.
5, n" I, 1997, p.82-91.
RANK, Michael; RANK, Melissa. Mulheres na Idade Média: rainhas, santas, assassinas de
Vikings, de Teodora a Elizabeth Tudor. Five Minute Books, 2014.
SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Trad. Norma Telles e J. Adolpho S. Gordo. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985.
SPARKNOTES Editors. SparkNote on The Canterbury Tales. SparkNotes LLC. Disponível
em: <Http://www.sparknotes.com/lit/canterbury/ 2003>. Acesso em: 10/10/15.
VIZIOLI, Paulo. Apresentação. In: GEOFFREY, Chaucer. Os Contos de Cantuária: The
Canterbury Tales. Tradução de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, p. VII-XXIV.
WETHERBEE, Winthrop. Chaucer: the Canterbury Tales – a student guide. 2nd ed. New
York: Cambridge University Press, 2004.
 

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