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Direito Internacional Público

A DENUNCIA DOS
TRATADOS
INTERNACIONAIS
AO ABRIGO DA
CONSTITUIÇÃO
ANGOLANA
Formador: Dr. José Galiano
Formando: Lic. Nilton J. da Cruz de
Castro
INTRODUÇÃO.
O princípio do Direito Internacional de cumprir de boa fé o pactuado num Tratado
Internacional constitui a base de segurança jurídica no sistema internacional. Por
esta razão, a rescisão de um acordo internacional por decisão unilateral é
limitada e sujeita às condições estabelecidas no texto do próprio do Tratado ou
ao consentimento entre as Partes, uma questão que a Convenção de Viena
sobre o Direito os Tratados de 1969 positiva como marco geral do Direito
Internacional.
No entanto, o quadro jurídico interno observa que o Direito Constitucional dos
Estados, independentemente de reconhecer que é um poder do Poder Executivo,
tem dado pouca relevância para o desenvolvimento deste mecanismo,
mantendo-se em silêncio no que diz respeito à participação do Poder Legislativo
neste processo.
Este trabalho descreve o conceito de renuncia de Tratados Internacionais e a
sua materialização no texto constitucional da república de Angola.

1. RESCISÃO DE TRATADOS EM DIREITO INTERNACIONAL.


O princípio do direito internacional "Pacta Sunt Servanda", uma locução de
origem latina que se traduz como "Os Pactos devem ser Cumpridos", implica que
o consentimento concedido por um Estado para fazer cumprir as condições
estabelecidas em um Tratado Internacional também exige que se cumpra de boa
fé, uma disposição nos termos do artigo 26º da Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados de 19691.
Esta obrigação de cumprir os compromissos serve de base para reafirmar a força
obrigatória e a intangibilidade dos tratados, o que contribui para a segurança
jurídica do direito internacional, razão pela qual as condições para impugnar a
validade de um Tratado e o dar termino são restritos2. Sobre isto, a Convenção
de Viena prevê, no nº 2 do artigo 42.º.3
Não obstante o anterior, para que a rescisão ou a retirada de um tratado possa
ter efeito, precisa-se que a condição é necessária esteja prevista nas
disposições do próprio texto ou por consentimento entre as partes.4 No entanto,
se estas condições não forem cumpridas, procede-se a denuncia do tratado.5
Nesta área, a doutrina debate sobre o limite ao que um Estado pode se ver
forçado a cumprir um Tratado, e neste sentido, quando as condições para a
rescisão de um tratado não foram estabelecidas, existe uma cláusula de
excepcionalidade para cessá-lo e que pode ser aplicada pelo Estado
1
Convenção de Viena de 1969, artigo 26° -Pacta Sunt Servanda-: Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser
cumprido por elas de boa fé
2
Vargas Carreño, E., Direito Público Internacional. Editorial Jurídica do Chile, 2007, pp 166.
3
Convenção de Viena de 1969, artigo 42.2: A extinção de um tratado, sua denúncia ou a retirada de uma das partes só
poderá ocorrer em virtude da aplicação das disposições do tratado ou da presente Convenção. A mesma regra aplica-
se à suspensão da execução de um tratado.
4
Idem, artigo 54º -Extinção ou Retirada de um Tratado em Virtude de suas Disposições ou por consentimento das
Partes-: A extinção de um tratado ou a retirada de uma das partes pode ter lugar:
a) De conformidade com as disposições do tratado;
b) Qualquer momento, pelo consentimento de todas as partes, após consulta com os outros Estados contratantes.
5
Idem, artigo 56 -Denúncia, ou Retirada, de um Tratado que não Contém Disposições sobre Extinção, Denúncia ou
Retirada-
1. Um tratado que não contém disposição relativa à sua extinção, e que não prevê denúncia ou retirada, não é
suscetível de denúncia ou retirada, a não ser que:
a. Se estabeleça terem as partes tencionado admitir a possibilidade da denúncia ou retirada;
b. Um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado.
2. Uma parte deverá notificar, com pelo menos doze meses de antecedência, a sua intenção de denunciar ou de
se retirar de um tratado, nos termos do parágrafo 1.
unilateralmente, a partir do momento que se faça presente uma mudança
fundamental das circunstâncias que motivaram a conclusão do Acordo. Esta
cláusula denomina-se “Rebus Sic Stantibus”, um aforismo que, no seu sentido
literal, significa "Estando as Coisas como Estão", e que geralmente é empregue
para justificar “o incumprimento de uma promessa que se tenciona ser cumprida,
quando as circunstâncias mudaram"6. A Convenção de Viena positiva o sentido
de mudanças fundamentais nas circunstâncias no artigo 62º.7
Contudo, a jurisprudência internacional sobre a aplicação de mudanças
fundamentais nas circunstâncias com base na cláusula “Rebus Sic Stantibus”
não é muito numerosa e as decisões do Tribunal Internacional de Justiça, a
respeito disto, não permitiriam a plena determinação da do seu alcance. Porem,
explicitamente o processo do Tribunal reconheceu que a sua utilização é de
natureza excepcional.8
Em suma, a principal consequência da rescisão de um tratado nos termos do
artigo 70.º da Convenção de Viena é que as partes estão aliviadas da obrigação
de continuar a cumprir os termos do acordo. Além disso, nenhuma situação
correta, obrigação ou legal criada pela execução desse tratado de forma antes
de sua rescisão será afetada pela rescisão do tratado.

2. MATERIALIZAÇÃO CONSTITUCIONAL DO MECANISMO DE


DENUNCIA OU RETIRADA DO TRATADO.
A Convenção de Viena de 1969 estabelece explicitamente a aplicação dos
tratados e a aplicação do direito interno no artigo 27º9 que, na prática, os efeitos
internos de um tratado são determinados apenas pelo direito constitucional de
cada Estado.
Por tanto, o Direito Internacional deixa o Direito Constitucional o cuidado de
definir quais são as regras do direito interno de Acordo segundo as quais um
Tratado deve ser concluído. Assinado o Tratado, apenas o Direito Internacional
é que pode estabelecer a sua forma e os seus efeitos. Não obstante, só o Direito
Constitucional pode determinar em que condições este Tratado pode ser
considerado válido. Só o Direito Constitucional poderá determinar quais serão
6
Henriquez, S. et als, A cláusula de rebus sic stantibus na jurisprudência actual. Revista de Llengua i Dret, Journal of
Language and Law, nº 66, 2006. Pp. 189.
7
Convenção de Viena de 1969, artigo 62º -Mudança Fundamental de Circunstâncias-
1. Uma mudança fundamental de circunstâncias, ocorrida em relação às existentes no momento da conclusão
de um tratado, e não prevista pelas partes, não pode ser invocada como causa para extinguir um tratado ou
dele retirar-se, salvo se:
a. A existência dessas circunstâncias tiver constituído uma condição essencial do consentimento das
partes em obrigarem-se pelo tratado; e
b. Essa mudança tiver por efeito a modificação radical do alcance das obrigações ainda pendentes de
cumprimento em virtude do tratado.
2. Uma mudança fundamental de circunstâncias não pode ser invocada pela parte como causa para extinguir
um tratado ou dele retirar-se:
a. Se o tratado estabelecer limites; ou
b. Se a mudança fundamental resultar de violação, pela parte que a invoca, seja de uma obrigação
decorrente do tratado, seja de qualquer outra obrigação internacional em relação a qualquer outra
parte no tratado.
Se, nos termos dos parágrafos anteriores, uma parte pode invocar uma mudança fundamental de circunstâncias como
causa para extinguir um tratado ou dele retirar-se, pode também invocá-la como causa para suspender a execução do
tratado.
8
Abello, R., Da cláusula “rebus sic stantibus” a mudança fundamental nas circunstancias. Em Direito Internacional
Contemporâneo, Liber Amicorum em homenagem a Germán Cavelier, 2006. pp. 218.
9
Convenção de Viena de 1969, artigo 27º -Direito Interno e Observância de Tratados-: Uma parte não pode invocar
as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo
46.
os efeitos internos de um Tratado. O Estado recebe direitos na comunidade
internacional, mas a execução do Acordo é obtido por obra dos Órgãos do
Estado, que devem obedecer às regras do Direito Constitucional.10
No entanto, e como acontece no que diz respeito à celebração de tratados, a
sua denúncia é um poder que recai principalmente sobre o Poder Executivo. E
enquanto alguns legisladores desempenham um papel significativo no processo
de aprovação do tratado, no caso da rescisão de um acordo internacional, o
papel do Legislativo é escasso e constitucionalmente consagrado em pequenas
exceções.
Para o autor M. Mendez11, dado o papel constitucional que desempenham as
legislaturas no processo de aprovação dos Tratados, seria de esperar também
que estas tivessem um papel equiparável na sua conclusão. Os primeiros textos
constitucionais previam expressamente a aprovação parlamentaria dos tratados,
foram conspicuamente silenciosas sobre esta importante questão constitucional,
que é a rescisão dos Acordos Internacionais. Porém no século XX e com
crescente frequência, a partir da ultima parte do século e princípios do século
XXI, os textos constitucionais outorgaram expressamente ao legislativo o papel
de aprovação da renuncia dos Tratados, e concordamos que seja o caso de
Angola, que está positivado no artigo 161º da Constituição da República, na
alinha l), concernente a aprovação da retirada dos Tratados Internacionais.
Considerando o exposto infra, as normas ius cogens, isto é, aquelas normas que
tem valor universal são de valor imperativo e não permitem disposição contraria,
todos os Tratados deveriam ser potencialmente alcançados pelo
constitucionalismo interno, como uma forma mais de conciliar o interesse interno
com o externo ou internacional.

3. NORMATIVA APLICÁVEL AO MECANISMO CONSTITUCIONAL DE


DENUNCIA.
A continuação segue-se o quadro jurídico aplicável ao mecanismo de notificação
em Angola e uma tabela comparativa é apresentada no que diz respeito à
aplicação constitucional do mecanismo de notificação com alguns países,
nomeadamente Espanha e Portugal.
A partir do exposto, foi determinado que o reconhecimento constitucional de
participação do Poder Legislativo na adopção do mecanismo de denuncia do
Tratado está consagrado apenas em alguns sistemas jurídicos. A respeito deste,
como dito anteriormente, a Constituição da República de Angola expõe
explicitamente a aprovação da denúncia pelo Poder Legislativo, ou seja, a
Assembleia Nacional. No caso do Reino de Espanha, o seu texto constitucional
estabelece explicitamente a matéria respeito da qual se exigirá a aprovação
legislativa da denuncia.

A. Angola.
A Constituição da Republica de Angola estabelece que em matéria de qualquer
tratado internacional, a sua denuncia ou retirada deve ser aprovada pela

10
Mirkine-Guetzevitch, B., Derecho constitucional internacional. Madrid, Editorial Reus, 2006. Pp. 486.
11
Mendez, M., Constitutional Review of Treaties: Lessons for Comparative Constitutional Design and Practice Jean
Monnet Working Paper 8/16, 2016. Pp. 18.
Assembleia Nacional, isto é, o Poder Legislativo, isto expressado no artigo 161º
na sua alínea l).

B. Espanha.
A Constituição Política de Espanha estabelece as questões que exigem a
autorização prévia do Parlamento, os Tribunais Gerais, para a aprovação de um
Tratado Internacional. Entretanto, o artigo 96º estipula que a revogação e
denúncia de tratados internacionais exige a utilização do mesmo mecanismo
pelo qual a aprovação foi concedida. Desta forma, será necessária a aprovação
do Parlamento para denúncia ou revogação em caso de tratados da seguinte
forma:
1. Tratados de natureza política.
2. Tratados ou convenções de natureza militar.
3. Tratados ou convenções que afetam a integridade territorial do Estado ou
os direitos e deveres fundamentais estabelecidos no Título I.
4. Tratados ou acordos que envolvam obrigações financeiras para com o
Tesouro.
5. Tratados ou convenções que envolvem a alteração ou revogação de
qualquer lei ou exigindo medidas legislativas para a sua implementação
(Constituição Política da Espanha, artigo 94).

C. Países Baixos
O artigo 91º da Constituição Política dos Países Baixos, prevê que qualquer
denúncia de um tratado requer a aprovação prévia do Parlamento, os Estados
Gerais, excepto nos casos em que uma lei determina o contrário.

CONCLUSÃO.
Pode se dizer que nos textos, das Cartas Magnas, pesquisados existe uma coisa
em comum, todos os tratados são aprovados pelo poder legislativo sem duvida
alguma, existindo assim algumas diferenças sobre tudo na saída ou aprovação
de retirada ou renuncia de tais tratados, evocando no que concerne a excepção
da clausula do “Pacta Sunt Servanda”, isto é, a “rebus sic stantibus”. Mesmo
assim, para isto acontecer, e de uma maneira homogénea nas constituições
estudadas, a aprovação para a saída dos tratados, ou denuncia, é regida pelo
poder legislativo, com algumas diferenças entre os diferentes Estados, em que
em alguns específica as questão passíveis de aprovação do parlamento,
enquanto outros, como é o caso de Angola, todas as matérias são susceptíveis
de aprovação previa da Assembleia Nacional.
CITAÇÕES TEXTUAIS DAS FONES CONSTITUCIONES
UTILIZADAS.
1. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA.
a. Artigo 161º: Compete à Assembleia Nacional, no domínio político
e legislativo:
i. L) Aprovar a desvinculação de tratados, convenções,
acordos e outros instrumentos internacionais.

2. CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO REINO DE ESPANHA.


a. Artigo 94º:
i. A disposição do consentimento do Estado para ser
vinculado por tratados ou convenções deve exigir a
autorização prévia dos Tribunais Gerais, nos seguintes
casos:
1. Tratados de natureza política;
2. Tratados ou convenções de natureza militar;
3. Tratados ou convenções que afetam a integridade
territorial do Estado ou os direitos e deveres
fundamentais estabelecidos nos Tratados ou
Convenções do Título I;
4. obrigações financeiras para o Tesouro;
5. Tratados ou convenções que envolvem a alteração
ou revogação de qualquer lei ou a exigência de
medidas legislativas para aplicá-la.
ii. O Congresso e o Senado serão imediatamente informados
da conclusão dos restantes tratados ou convenções.
b. Artigo 96º: O mesmo procedimento previsto para a sua adopção no
artigo 94 º será usado para a denúncia de tratados e convenções
internacionais. (Constituição espanhola, 2011).

3. CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DOS PAÍSES BAIXOS.


a. Artigo 91º: O Reino não deve ser vinculado por Tratados, nem tais
tratados serão denunciados sem a aprovação prévia dos Estados-
Gerais. Os casos em que a aprovação não é necessária devem ser
especificados pela Lei do Parlamento.

REFERENCIAS
Abello, R., De la cláusula rebus sic stantibus al cambio fundamental en las
circunstancias. En Derecho Internacional Contemporáneo, Liber Amicorum en
homenaje a Germán Cavelier, 2006.

Henriquez S., La cláusula rebus sic stantibus en la jurisprudencia actual.


Revista de Llengua i Dret, Journal of Language and Law, núm. 66, 2006.
Mendez, M., Constitutional Review of Treaties: Lessons for Comparative
Constitutional Design and Practice Jean Monnet Working Paper 8/16, 2016.

Mirkine-Guetzevitch, B., Derecho constitucional internacional. Madrid, Editorial


Reus, 2008.
Vargas Carreño, E., Derecho Internacional Público. Editorial Jurídica de Chile,
2007.

NORMATIVA UTILIZADA
Constituição da República de Angola de 2010

Constituição do reino de Espanha. Texto consolidado a partir de 27/09/2011.


Disponível em: https://www.boe.es/buscar/act.php?id=BOE-A-1978-31229
(Dezembro, 2019).

Constituição Política dos Países Baixos. Disponível em:


https://www.government.nl/binaries/government/documents/regulations/2012/10
/18/the-constitution-of-the- kingdom-of-the-netherlands-2008/the-constitution-of-
the-kingdom-of-the-netherlands-2008.pdf (Dezembro, 2019).

Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 23 de maio de 1969.

Lei nº 4/11 de 14 de Janeiro, sobre os Tratados Internacionais

ANEXO 1.
Tabela n°1: Participação do Legislativo na denuncia de Tratados
Internacionais.

Países com
Aplicação Geral Matérias específicas de tratados que
Aprovação
a todos os requerem aprovação legislativa
Legislativa
Tratado
Angola Sim Todas as matérias
a) Tratados de natureza política.
b) Tratados ou convenções de natureza
militar.
c) Tratados ou convenções que afetam a
integridade territorial do Estado ou os
Não, apenas os direitos e deveres fundamentais
que receberam estabelecidos no Título I.
Espanha
aprovação d) Tratados ou acordos que envolvam
legislativa obrigações financeiras para com o
Tesouro.
e) Tratados ou convenções que envolvem
a alteração ou revogação de qualquer
lei ou exigindo medidas legislativas
para a sua implementação
Sim, excepto se Constitucionalmente toda a denuncia requere
uma lei a aprovação legislativa, mas uma lei
Países Baixos
determina o especifica poderá determinar que o tratado
contrario está eximido de este tramite

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