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https://www.efdeportes.com/efd127/exercicio-fisico-e-reabilitacao-cardiovascular.htm
Resumo
Reabilitação cardiovascular define-se como processo de restabelecer o indivíduo com problemas cardíacos ao seu nível máximo
de atividades, compatível com a capacidade funcional do seu coração. O exercício físico é aceito como parte integrante do tratamento
para recuperação de um indivíduo que sofreu algum tipo de doença coronariana e/ou vascular. Este estudo apresenta uma revisão de
literatura da anatomia e função do sistema cardiovascular e dos princípios da reabilitação cardiovascular. Foram abordados
conceitos e definições incluindo coração e vasos sangüíneos, os efeitos fisiológicos causados pelos exercícios físicos, os princípios
da reabilitação cardiovascular, bem como a descrição de cada uma de suas fases e seus objetivos.
Unitermos: Reabilitação cardiovascular. Exercício físico.
1/1
Introdução
A reabilitação cardiovascular é
designada como o processo de
restabelecer o indivíduo com
problemas cardíacos ao seu nível
máximo de atividades, compatível
com a capacidade funcional do seu
coração (FARDY e YANOWITZ e
WILSON, 2004).
Atualmente, o treinamento físico
é aceito como parte integrante do
tratamento utilizado para
recuperação de um indivíduo que
sofreu algum tipo de doença
coronariana. Há evidências
científicas significativas de que a
atividade física aeróbica regular
reduz o risco de doença
cardiovascular e de que o estímulo
de vida é freqüentemente
considerado um dos cinco maiores
fatores de risco para doença
cardiovascular (MARQUES, 2004).
O benefício fisiológico mais
importante é a melhoria da
capacidade funcional. Isto significa
que aumenta o limiar para sintomas
como a angina de peito, a dispnéia,
a fadiga e o esgotamento, e um
aumento na capacidade para o
trabalho (LONGO, A; FERREIRA, D.;
CORREIA, M. J., 1995).
Este trabalho tem por objetivo
realizar uma revisão de literatura
sobre a anatomia do sistema
cardiovascular, efeitos fisiológicos
dos exercícios e descrever as
etapas da reabilitação
cardiovascular promovida por
exercícios físicos em solo.
1. Anatomia e fisiologia do
sistema cardiovascular
1.1. Coração
O coração é uma bomba
muscular cônica envolvida
por um saco fibroso – o
pericárdio. Seu tamanho é
associado ao tamanho e
massa corporal, com
dimensões que se
assemelham ao punho
fechado do indivíduo.
Encontra-se posicionado
no centro do peito, atrás
da metade inferior do
esterno. A maior porção do
coração está à esquerda
da linha que marca a
metade do esterno, com o
ápice encontrando-se
aproximadamente a nove
centímetros à esquerda no
quinto espaço intercostal
(FROWNFELTER e DEAN,
2004,).
O coração é dividido em
metades direita e esquerda
por um septo oblíquo que
se coloca verticalmente.
Cada metade tem duas
câmaras – o átrio, que
recebe sangue das veias, e
o ventrículo que ejeta
sangue nas artérias (FIG.
1). A veia cava superior,
veia cava inferior e as
veias intrínsecas do
coração depositam sangue
venoso no átrio direito, que
passa para o ventrículo
direito. O ventrículo direito
projeta o sangue nas
artérias pulmonares ( que
são as únicas artérias do
corpo que contêm sangue
desoxigenado). As veias
pulmonares devolvem o
sangue para o átrio
esquerdo e daí para o
ventrículo esquerdo. Do
ventrículo esquerdo ele é
ejetado na principal artéria
do corpo – a aorta
(FROWNFELTER e DEAN,
2004).
Cada ventrículo tem
duas valvas, uma de
entrada e outra de saída
que controlam a direção
do fluxo do sangue pelo
coração. A valva do lado
direito do coração é
denominada tricúspide e à
esquerda, mitral ou
bicúspide. As valvas de
saída ou semilunares são
as pulmonares e aórtica.
Todas as valvas
apresentam três folhetos,
exceto a mitral que possui
dois. Elas são formadas
pela duplicação do
endocárdio reforçado por
tecido fibroso e por umas
poucas fibras musculares
(DOWNIE, 1987).
O coração é dividido em
três camadas – o
epicárdio, o miocárdio e o
endocárdio. A camada
mais externa, o epicárdio, é
um pericárdio visceral
geralmente infiltrado com
gordura. O sangue dos
vasos coronarianos que
supre o coração corre por
esta camada antes de
adentrar o miocárdio. O
miocárdio consiste em
fibras musculares
cardíacas. A espessura
das camadas de fibras
musculares cardíacas é
diretamente proporcional
com a quantidade de
trabalho que elas realizam.
Os ventrículos trabalham
mais que os átrios, e suas
paredes são mais
espessas. A pressão na
aorta é maior que no
tronco pulmonar. Isto
requer um esforço maior
do ventrículo esquerdo,
logo suas paredes são
duas vezes mais espessas
que as do ventrículo
direito. A camada mais
interna, o endocárdio, é um
fino revestimento do
interior do coração
(FROWNFELTER e DEAN,
2004, p. 36).
Figura 1. Anatomia do coração
Fonte: http://www.msd-
brazil.com/msdbrazil
1.2. Circulação
sangüínea
Os tipos de circulação
abaixo foram descritos por
Dângelo e Fattini em 1998:
Circulação pulmonar
ou pequena
circulação
, tem início
no ventrículo direito,
de onde o sangue é
bombeado para a
rede de capilares dos
pulmões. Depois de
sofrer hematose, o
sangue oxigenado
retorna ao átrio
esquerdo. Em síntese,
é uma circulação
coração-pulmão-
coração (Fig. 2).
Circulação sistêmica
ou grande circulação ,
tem início no
ventrículo esquerdo,
de onde o sangue é
bombeado para a
rede de capilares dos
tecidos de todo
organismo, e após as
trocas o sangue
retorna pelas veias ao
átrio direito. Em
resumo, é uma
circulação coração-
tecidos-coração (Fig.
2).
Circulação colateral.
Normalmente existem
anastomoses
(comunicações) entre
ramos de artérias ou
de veias entre si, e
variam de tamanho
dependendo da
região do corpo. No
caso de haver uma
obstrução (parcial ou
total) de um vaso
mais calibroso que
participe da rede
anastomósica, o
sangue passa a
circular ativamente
por estas variantes,
estabelecendo-se
uma efetiva
circulação colateral.
Circulação portal. A
veia portal interpõe-se
entre duas redes de
capilares, sem passar
por um órgão
intermediário.
1.3. Sistema de
condução
O controle da atividade
cardíaca é feito através do
nervo vago (atua inibindo)
e do nervo simpático (atua
estimulando). De acordo
com a fig. 3, estes agem
sobre uma formação,
situada na parede do átrio
direito, o nó sino-atrial,
considerado como o
“marcapasso” do coração.
Daí ritmicamente o
impulso espalha-se ao
miocárdio, resultando em
contração. Este impulso
chega ao nodo átrio
ventricular, localizado na
porção inferior do septo-
atrial e propaga aos
ventrículos através do
feixe átrio-ventricular. Este,
ao nível da porção superior
do septo interventricular,
emite os ramos direito e
esquerdo, e assim, o
estímulo alcança o
miocárdio dos ventrículos.
Ao conjunto destas
estruturas do tecido
especial é dada
denominação de sistema
de condução
(BRAUNWALD, 1991).
Melhorar a função
cardiovascular, a
capacidade física de
trabalho, força, e
flexibilidade;
Detectar arritmias e
outras alterações
durante o exercício
que contra indiquem
a atividade física;
Educar os pacientes
quanto a atividade
física;
Trabalhar com o
paciente e seus
familiares em um
programa adequado
de manuseio e
modificações do
estilo de vida;
Melhorar o perfil
psicológico dos
pacientes
5.2.1. Prova de
esforço máximo
limitada por
sintomas
É uma
avaliação
eletrocardiografi
camente
monitorizada do
consumo
máximo de
oxigênio de uma
pessoa durante
trabalho
dinâmico
(exercício),
utilizando
grandes grupos
musculares. A
prova começa
com esforço
submáximo, dá
tempo para
adaptações
fisiológicas e
aumenta
progressivament
e a carga de
trabalho, até que
sejam
determinados
pontos finais de
fadiga
individualmente
determinados ou
ocorram sinais
ou sintomas
limitantes
(IRWIN e
TECKLIN, 1994).
Segundo
Kappert (1978),
essa prova é
talvez a
avaliação mais
definitiva para
um paciente
antes de entrar
em um programa
de reabilitação
cardíaca. É
utilizada na
previsão da
gravidade da
doença. A prova
fornece dados
importantes na
hora de
prescrever o
plano de
reabilitação,
porque fornece
parte dos dados
úteis para a
decisão sobre a
freqüência das
atividades.
5.2.2.
Intensidade
A intensidade
do exercício
prescrito tem
base nos
resultados do
teste de esforço.
Uma intensidade
de treinamento
adequada cai
dentro de 60 a
80 por cento da
absorção
máxima de
oxigênio pelo
paciente, ou da
capacidade de
trabalho físico
(ARAKAKI e
MAGALHÃES,
1996).
5.2.3. Duração
As sessões de
tratamento
deverão ter
duração total de
aproximadament
e uma hora e
deverão ser
realizadas três
vezes por
semana, em dias
alternados
(REGENGA,
2000).
5.2.4.
Freqüência
A freqüência,
em parte, é
também
dependente da
intensidade e da
duração. São
recomendadas
três a cinco
sessões de
exercícios
(regularmente
espaçadas) por
semana. A
prescrição do
exercício é
baseada em
atividades
físicas com
gastos
energéticos
conhecidos que
ficam dentro da
capacidade do
paciente,
determinado
pelo teste de
esforço máximo
(IRWIN e
TECKLIN, 1994).
5.2.5. Etapas
de tratamento
O programa de
treinamento
físico envolve
três etapas,
sendo uma de
aquecimento,
outra de
treinamento e
uma outra de
desaquecimento
. Deve-se fazer
um registro
diário do
programa, das
respostas de
freqüência
cardíaca e
pressão arterial
e dos sinais e
sintomas
apresentados
durante as
sessões de
tratamento
(REGENGA,
2000).
Após a
chegada do
paciente ao
setor, deverão
ser aferidos e
registrados os
valores
pressóricos e de
freqüência
cardíaca antes
da sessão de
atendimento.
Isso é
necessário pois,
a partir de um
certo período, se
pode traçar o
perfil de cada
paciente, o que
permite
modificar ou não
o protocolo de
tratamento
previsto, caso
percebida
alguma
alteração da
freqüência
cardíaca e
pressão arterial
anteriormente à
sessão
(REGENGA,
2000).
Aquecimento
Deverá ter
duração de 5 a
10 min, sendo
efetuados
exercícios de
alongamento,
dinâmicos
aeróbios e de
coordenação,
associados a
exercícios
respiratórios.
Essa fase tem
por objetivo
preparar os
sistemas
musculoesquelét
ico e
cardiorrespiratóri
o para a fase de
condicionament
o propriamente
dito. No final,
afere-se
freqüência
cardíaca do
paciente
(REGENGA,
2000).
Segundo
Oliveira, et al
(2002) o
aquecimento
tem como
principais efeitos
fisiológicos:
promover o
aumento da
temperatura
corporal,
proporcionando
um maior
relaxamento do
tecido colágeno,
que é o principal
componente do
tecido conectivo
muscular,
diminuindo
assim os riscos
de lesão;
diminuir as
concentrações
de lactato
sangüíneo e
aumentar o fluxo
sangüíneo local,
afim de oxigenar
os músculos e
também remover
mais rápido os
elementos
catabólicos
formados pelo
metabolismo
celular.
Condicionament
o
Tem como
objetivo exercitar
o paciente a uma
freqüência
cardíaca
programada a
fim de obter
efeito de
treinamento. A
intensidade do
esforço deve ser
aumentada
gradualmente
até o nível de
treino
programado. Os
exercícios
aeróbicos,
rítmicos e
dinâmicos são
enfatizados e
planejados de
maneira a
exercitar os
grupos
musculares das
extremidades
superiores e
inferiores
(MARQUES,
2004).
Essa etapa
poderá ser
composta por
trotes,
caminhadas ou
outra
modalidade de
exercício físico
em bicicleta e
esteira
ergométrica ou
em outro tipo de
equipamento
que permita
aferir freqüência
cardíaca e
pressão arterial
sistêmica
durante sua
realização. A
duração total
varia até cerca
de 40 min
(REGENGA,
2000).
Desaquecimento
e relaxamento
A atividade
física deve ser
mantida com
baixa
intensidade de
esforço,
mantendo em
atividade
particularmente
os músculos
mais
trabalhados
durante a
sessão, para
facilitar a
remoção do
ácido láctico
(produto do
metabolismo)
desses
músculos e
beneficiar a
circulação
sistêmica
através de um
massageamento
. Deve-se manter
um débito
cardíaco
adequado
através do
aumento do
retorno venoso
pela ação de
massageamento
das veias
através da
contração e
relaxamento
muscular
(MARQUES,
2004).
Quando
exercícios
intensos são
subitamente
interrompidos,
principalmente
se o indivíduo
permanece de
pé, há uma
tendência do
sangue em
estasiar nos
membros
inferiores,
resultando em
uma diminuição
do retorno
venoso ao
coração. Em
conseqüência
disso há
elevação da
freqüência
cardíaca e
aumento da
demanda
miocárdica de
oxigênio.
Hipotensão
arterial,
hipofluxo
cerebral com
cefaléia, tonteira
ou desmaio
também podem
ocorrer como
conseqüência
(FARDY e
YANOWITZ e
WILSON, 2004).
Os exercícios
de relaxamento
podem ser
realizados no
final do
desaquecimento,
e reduzir a
freqüência
cardíaca, a
pressão arterial
e a incidência de
arritmias
cardíacas
(MARQUES,
2004).
Se o paciente
apresentar
hipertensão
arterial logo à
chegada,
deverão ser
aplicados
somente
exercícios de
relaxamento por
um período de
maior duração.
Se o quadro
persistir, ele
deverá ser
encaminhado ao
médico antes da
próxima sessão
(REGENGA,
2000).
5.3. Fase III e IV
São programas a longo
prazo que enfocam a
aptidão física e
manutenção do ganho
funcional. Após o término
bem sucedido da fase II, o
paciente passa para a III,
que pode ser realizada em
casa, clínicas
especializadas, programas
comunitários ou em outro
local com supervisão.
Durante a fase III a
prescrição de exercícios
deve ser revista
periodicamente,
incorporando os ganhos
obtidos (MARQUES, 2004).
Em contraste, a fase IV é
geralmente considerada
um programa de
manutenção, quando a
maioria dos parâmetros
físicos e fisiológicos estão
estagnados. Representa
um compromisso com a
prática regular de atividade
física e controle do estilo
de vida, construindo
hábitos que necessitam
ser levados para toda a
vida. Esta fase é também
apropriada para indivíduos
sedentários sem doença
cardíaca, cujo objetivo é
melhorar a aptidão física e
prevenir problemas de
saúde associados à
inatividade física. Para
estes indivíduos, a fase IV
destaca primeiro os
ganhos funcionais, o
condicionamento e a sua
manutenção
posteriormente
(MARQUES, 2004).
As duas fases
apresentam como
objetivos (FARDY e
YANOWITZ e WILSON,
2004):
Melhorar o
condicionamento
físico seguido de
manutenção
Reduzir fatores de
risco de doenças
coronarianas
Aumentar a auto-
estima e a confiança
quando novas
atividades são
introduzidas e quando
o paciente for
adaptado
progressivamente
fora do ambiente de
supervisão
Introduzir atividades
seguras e
diversificadas que
possam ser
realizadas pelos
métodos usuais de
aptidão e recreação
Melhorar o
conhecimento da
habilidade de auto
monitorizar
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