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“Kurt Lewin, psicólogo da Escola de Berlim, que emigrou em 1930 para os Estados
Unidos, trouxe, princípios da Gestalttheorie para o estudo da personalidade e
posteriormente para o estudo dos grupos [...]. Lewin explicará a ação individual a
partir da estrutura que se estabelece entre o sujeito e seu ambiente em um
momento determinado. Tal estrutura é um campo dinâmico, isto é, um bom
sistema de forças em equilíbrio. Quando o equilíbrio se rompe, cria-se tensão no
indivíduo e seu comportamento tem por finalidade restabelecê-lo” (Fernandez,
2006, p. 62-63).
“A partir daí, Lewin começa a desenvolver suas hipóteses centrais sobre os
grupos: o grupo é um todo cujas propriedades são diferentes da soma das partes.
O grupo e seu ambiente constituem um campo social dinâmico, cujos principais
elementos são os subgrupos, os membros, os canais de comunicação, as
barreiras. Modificando um elemento, pode-se modificar a estrutura” (Fernandez,
2006, p. 65-66).
“O funcionamento do grupo se explica pelo sistema de interdependência próprio
daquele grupo em determinado momento, seja esse funcionamento interno
(subgrupos, afinidades ou papeis) ou referido à ação sobre a realidade exterior.
Nisso reside a força do grupo ou, em termos mais precisos, nisso reside o sistema
de forças que o impulsiona, isto é, sua dinâmica” (Fernandez, 2006, p. 67).
“O momento e o lugar em que a Dinâmica de Grupo surgiu não foram acidentais.
A sociedade norte-americana dos anos 30 proporcionou o tipo de condições
necessárias para que esse movimento surgisse. Entre elas, merece destaque aa
posta que os setores hegemônicos dessa sociedade haviam feito na ciência, na
tecnologia e na solução racional de seus problemas como pilares de seu
progresso. A convicção de que uma democracia pode melhorar tanto a natureza
humana como a sociedade a partir da educação, da religião, da legislação e do
trabalho duro. Dessa perspectiva, começa a haver um investimento econômico na
investigação e esta começa a ser considerada um motor fundamental da
resolução dos problemas da sociedade; ou seja, vai se consolidando a crença de
que a descoberta sistemática dos fatos facilitaria a solução de ‘problemas sociais’.
Assim, quando depois da Segunda Guerra Mundial começou a rápida expansão
norte-americana, já estavam preparados para dar apoio financeiro a essa
investigação; este apoio proveio não só de instituições e fundações acadêmicas,
mas também de empresas e organizações interessadas em ‘melhorar as relações
humanas’ e do próprio governo federal. Além desses fatores, cabe assinalar que
parte do mundo acadêmico norte-americano da época havia iniciado sua ‘rebelião
empírica nas ciências sociais’, que viria a opor à especulação sobre a natureza
dos fenômenos humanos a necessidade de investigar experimentalmente os
fenômenos sociais, ganhando assim um desenvolvimento rápido e importante uma
psicologia social de metodologia experimental” (Fernandez, 2006, p. 80-81).
“[..] faz-se necessário esclarecer o sentido com que são utilizados os termos
Dispositivo dos Grupos e dispositivos grupais. O primeiro se refere ao surgimento
histórico – a partir de 1930, 1940 aproximadamente – de alguns critérios em
virtude dos quais se começou a pensar em artifícios grupais para ‘resolver’ alguns
conflitos que surgiam nas relações sociais. Adquirem visibilidade conflitos
humanos na produção econômica, na saúde, na educação, na família e as
instâncias organizativas da sociedade passam a considerar essas questões como
parte dos problemas que devem resolver” (Fernandez, 2006, p. 86-87).
“De diferentes pontos de partida inventa-se uma nova tecnologia: O Dispositivo
dos Grupos; aparece um novo técnico: o coordenador de grupos; nasce uma nova
convicção: as abordagens grupais podem operar como espaços táticos com os
quais se tentará dar resposta a múltiplos problemas que o avanço da modernidade
gera. O Dispositivo dos Grupos conta com várias localizações fundacionais, que
criam as condições para a institucionalização de tecnologias grupais nos mais
diversos campos de aplicação [...]” (Fernandez, 2006, p. 87).
“Em contrapartida, quando utilizamos a expressão dispositivos grupais, fazemos
referência às diversas modalidades de trabalho com grupos que ganharam certa
presença própria em função das características teórico-técnicas escolhidas, bem
como dos campos de aplicação em que se difundiram. Assim, por exemplo, pode-
se falar de dispositivos grupais psicanalíticos, psicodramáticos, de grupo
operativo, gestálticos etc. Cada um deles cria condições para a produção de
determinados efeitos de grupo – e não outros –; nesse sentido, são virtualidades
específicas, artifícios locais dos quais se esperam determinados efeitos”
(Fernandez, 2006, p. 88).