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26.04.12
PROVA
Momentos da Prova
O juiz, no processo penal, deve buscar a verdade real dos fatos, comprovar o que
realmente aconteceu. Essa ideia é bastante ultrapassada e se sabe que não é possível. O
juiz não tem como saber como as coisas aconteceram. O problema é que, partindo da
premissa de que o juiz vai decidir com base numa versão do fato, não chegando à
verdade material, não seria possível um sistema inquisitório, eis que seria
constantemente questionado. Não há motivo para sustentar um sistema inquisitório,
dando todas as possibilidades ao juiz, se ele não vai chegar à verdade material.
O que se diz, então, é que o juiz deve sempre buscar, ainda que nunca alcance, a
verdade material. Deve decidir com base no maior número de provas possível, o que
não acontece na prática. O princípio da verdade material, portanto, serve para legitimar
o sistema inquisitório. Coloca-se uma meta inalcançável para o juiz que, na dúvida,
sabendo que não pode analisar todas as implicações do fato, condena.
Serve para determinar a quem incumbe provar a versão dos fatos, sobre quem
recai a carga de provar determinada versão dos fatos. De acordo com o art. 156/CPP,
essa carga incumbe à parte que trouxer a versão dos fatos ao processo. Em tese, assim
que se distribui o ônus da prova, mas o juiz pode produzir provas de ofício. Diante
disso, não faz sentido falar em ônus: mesmo que a acusação alegue fato e não prove,
não surge para ela o ônus de sentença desfavorável, porque o juiz poderá produzir prova
em determinado sentido.
Numa interpretação constitucional, o art. 156 deve ser entendido da seguinte
forma: O MP acusa e deve apresentar provas para comprovar suas alegações. Somente
depois de comprovada a acusação é que surge o ônus do acusado de comprovar a sua
versão dos fatos.
O problema está na jurisprudência. Em caso de prisão em flagrante, para o que
basta que a pessoa seja encontrada com os instrumentos ou produtos do crime, de
acordo com a jurisprudência, o MP não tem ônus de produzir prova. Nesse caso, o ônus
da prova seria afastado do MP e recairia todo sobre o acusado.
Outro exemplo: empresa apresenta documento falso para processo de licitação
(normalmente certidão negativa). Imediatamente, pressupõe-se que o sócio da empresa
tinha condições de saber que a certidão era falsa. Recairá sobre ele o ônus de comprovar
que não tinha conhecimento das ações do departamento responsável pelas licitações, em
clara inversão do ônus da prova. Os crimes societários em geral são assim.
Uma distinção importante é que a prova ilegítima é nula, mas a prova ilícita não
é nula. Não será causa de nulidade, como se vê nos manuais. A prova ilícita deverá ser
desentranhada, enquanto a prova ilegítima não necessariamente precisa ser
desentranhada.
09.05.12
Quanto aos dados telefônicos, pode o juiz oficiar a operadora para que
disponibilize esses dados. O próprio cliente pode requerer. Somente a parte contrária,
por uma questão de contrato entre o cliente e a operadora, não poderá requerer. Dados
telefônicos são os registros de chamadas, realizadas e recebidas, constando horário e
tempo.
e) Dados obtidos por meio de gravação ambiental. Em relação a conversas que
não são reservadas, é possível o uso da escuta ambiental, como numa repartição pública,
onde não é lugar para conversar reservadas. Já num consultório, não seria possível o uso
de escuta ambiental. A exceção que nossa lei traz é quanto às organizações criminosas,
casos em que, mesmo para conversas reservadas, é possível colocar escuta ambiental,
sempre dependendo de autorização judicial.
10.05.12
Ainda, as provas derivadas da ilícita serão aceitas se puderem ser obtidas por
fontes independentes. A professora diz que os juízes justificam a utilização dessas
provas dizendo que “qualquer um teria descoberto mesmo assim”. A lei criou uma
“muleta” para o juiz. Se ele justificar adequadamente, a prova poderá ser utilizada. A
questão da prova decorrente da ilícita ocorre muito no caso das interceptações
telefônicas.
Provas em espécie
Prova testemunhal
15.05.12
a) Testemunha direta. É aquela que presenciou os fatos e vai depor sobre suas
impressões pessoas, sensoriais, dos fatos.
b) Testemunha indireta. Não presenciou o fato, somente “ouviu dizer”.
Deveres da Testemunha
Momentos do depoimento
O terceiro momento é o das perguntas, que serão feitas diretamente pelas partes.
Tudo será registrado por áudio e fica disponibilizado nos autos.
O juiz pode indeferir a pergunta quando induz a testemunha, quando é pergunta
repetida ou quando ofende a honra da testemunha.
Cabe ressaltar que o acusado deve estar presente na oitiva das testemunhas,
salvo se sua presença constranger a vítima. A solução, nesses casos, é a
videoconferência, mas não há esse recurso em todos os fóruns, o que é um problema,
porque o acusado, no interrogatório, está praticando autodefesa, inclusive do que foi
dito pelas testemunhas, daí a necessidade de presenciar todos os autos.
Prova pericial
Nada mais é que um exame pericial sobre os vestígios deixados pelo crime.
Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo crime. Os vestígios podem ser
permanentes ou transeuntes. Se permanentes, é mais fácil, porque o exame pode ser
feito inclusive durante o processo. Por outro lado, se for transeunte, é necessário fazer
durante o inquérito policial, sem contraditório.
Nos crimes que deixam vestígios, o exame de corpo de delito é imprescindível,
sob pena de não se ter comprovada a materialidade do delito. Se falta materialidade,
falta justa causa para acusar e comprovação da materialidade para condenar, devendo o
juiz absolver.
Além disso, de acordo com o art. 564/CPP, a ausência do exame de corpo de
delito é causa de nulidade absoluta. Para a professora, essa previsão está errada, porque
seria causa de absolvição. Ou não será recebida a peça acusatória e, se for um lapso do
juiz, for recebida, deverá ocorrer absolvição.
De regra, não se admite a substituição do exame de corpo de delito. Somente é
cabível o chamado exame de corpo de delito indireto quando não for possível o exame
de corpo de delito direto. Não se pode incluir aqui a desídia do Estado. Se não deu para
fazer porque o Estado foi negligente, deverá o juiz absolver o acusado ou nem receber a
denúncia. Se a droga sumiu ou a arma do crime sumiu, absolve ou desconsidera a
violência, grave ameaça. Exemplo de impossibilidade de realização do exame de corpo
de delito é quando a pessoa foi jogada no mar.
22.05.12
Prova indiciária
É a prova obtida a partir de circunstâncias conhecidas e provadas que nos
permitem deduzir algo a respeito do fato supostamente delituoso. Temos, por exemplo,
o conhecimento de que no dia do crime estava chovendo; isso é uma circunstância
conhecida e provada. O fato de estar chovendo nos permite deduzir, por exemplo, num
acidente de trânsito, que o sujeito tentou frear e não conseguiu, o que poderia mudar um
homicídio doloso para um homicídio culposo. A partir dessas circunstâncias deduz-se o
resto, a partir de relações de causalidade.
Essa questão é muito polêmica no processo penal, porque a maioria das provas
no processo penal é indiciária. Por exemplo, o caso da Isabela Nardoni. A única prova
concreta era a de que a menina caiu e morreu em razão dos ferimentos da queda. Essa é
a única prova pericial, a única prova que incide diretamente sobre os vestígios deixados
pelo crime. O resto é prova indiciária. Em tese, teria sido periciada uma camiseta do
Alexandre Nardoni, e nela teriam sido encontradas marcas da rede de proteção. Isso é
prova de que ele se debruçou e jogou a menina? Não, a prova que existe é a de que ele,
em algum momento, se debruçou sobre a janela. Além da prova encontrada pela perícia,
todas as demais são indiciárias, fruto de dedução.
A prova indiciária, como diz o próprio Código, é uma prova frágil, que só pode
ser aceita se for corroborada por outras provas. É difícil ter uma prova pericial robusta
no processo penal; geralmente as provas são indiciárias e testemunhais. Neste aspecto, o
processo penal tem muito a evoluir.
A prova indiciária deve ser, necessariamente, corroborada pelas demais provas
para ser aceita, porque ela parte de probabilidades.
Confissão
Prova Documental
Espécies de Documentos/Classificação:
Nominativos
Anônimos: aqueles cujo autor não se sabe quem é, como fotos, filmagens,
gravação de áudio.
23.05.12
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Procedimento do Juizado
19.09.12
Tribunal do Júri
20.09.12
O juiz irá proferir decisão de impronúncia quando verificar que não está
comprovada a materialidade como deveria e não há indícios suficientes de autoria. Essa
decisão é interlocutória mista terminativa. Nessa decisão, o juiz se manifesta sobre a
regularidade do processo e coloca fim ao processo. Tanto a decisão de pronúncia quanto
impronúncia tratam de condição da ação, razão pela qual se fala em regularidade do
processo. No entanto, há muita discussão na doutrina, porque também haveria certa
análise de mérito. Com a reforma de 2008, inclusive, alterou-se o recurso para apelação.
Quando o juiz impronuncia o acusado, é uma decisão gravada dos efeitos
análogos ao da cláusula rebus sic standibus, pois se surgirem novas e melhores provas,
pode o MP oferecer a denúncia novamente. Na reforma, perderam uma boa
oportunidade de retirar essa decisão, porque o juiz deixa o sujeito na condição de
“acusado”, restando sobre ele uma presunção de culpa, ferindo o texto constitucional,
que garante a presunção de inocência. Na dúvida, o juiz deve absolver, o in dúbio pro
reu deve ser aplicado nesse momento.
A impronúncia do acusado não impede o julgamento dos demais crimes, sendo
os crimes conexos mandados para o juiz competente.
Quando o juiz tiver certeza de que o fato não aconteceu, não está provada a
materialidade e jamais será provada, ou se ficar provado que o sujeito não é autor do
fato, ou a conduta não constitui crime (excludente), ocorrerá a absolvição sumária.
Se o sujeito for mentalmente enfermo, e esta for a única tese da defesa, será
possível absolver sumariamente e aplicar a medida de segurança. No entanto, se a
defesa apresentar outras teses, deve o juiz dar a oportunidade para que o indivíduo seja
absolvido propriamente pelo júri e não seja aplicada medida de segurança. No entanto, é
muito complicado levar a julgamento em plenário pessoa inimputável. De qualquer
forma, a ideia é que o sujeito possa se defender perante o tribunal do júri, que é
competente, e seja absolvido propriamente.
Ao absolver sumariamente, o juiz envia os crimes conexos para o juiz
competente.
Da decisão sumária caberá apelação, pois se trata de decisão de mérito.
25.09.12
26.09.12
Estávamos vendo a votação dos quesitos. O primeiro dos quesitos diz respeito à
materialidade do delito. Os jurados recebem cédulas contendo “sim” e “não”. O Oficial
de Justiça passa com uma urna e em seguida são contados os votos. O segundo quesito é
relativo à autoria, repetindo-se o aquele processo. Nesse momento, em tese, os jurados
não podem mais fazer perguntas ao juiz, o que poderia induzir a resposta, mas na prática
isso acontece.
A grande novidade da quesitação foi o terceiro quesito, se o jurado absolve o
acusado, momento que trata das excludentes. Essa pergunta vem em terceiro lugar se
não houver tese de desclassificação, caso contrário essa pergunta deve vir antes que a da
absolvição. Se a resposta for maioria “sim” para a existência de dolo, a competência do
júri é fixada. Caso contrário, se a maioria dos jurados entender que o acusado não queria
a morte da vítima, afasta-se a competência do júri e a sentença será fixada pelo juiz.
Em seguida, vem as causas de diminuição de pena. Por fim, são quesitadas
qualificadoras e causas de aumento (agiu o acusado por motivo fútil, torpe). Essa é a
quesitação básica, certamente que, dependendo do caso, haverá outros quesitos. Se
houver, por exemplo, crimes conexos, também serão quesitados.
Feita a quesitação, o juiz elabora a sentença com base nas respostas dadas pelos
jurados. O juiz, portanto, está limitado pelo veredicto dado pelos jurados. Nesse
momento ele irá considerar atenuantes e agravantes, que influenciam na dosimetria da
pena. Como em qualquer decisão, o juiz deverá fundamentar, sobretudo explicando
porque fixou determinada pena. O juiz também irá decidir sobre a necessidade de
continuidade da medida cautelar. Por se tratar de sentença, cabe apelação e apelação
pode ser tanto no sentido de buscar o novo júri como no sentido da reforma da decisão
elaborada pelo juiz, porque o erro pode ser na dosimetria na pena, pela
incompatibilidade da sentença com o veredicto. Por outro lado, se a decisão dos jurados
for manifestamente contrária às provas dos autos, pode ocorrer nulidade, sendo
necessária a realização de um novo júri.
Discute-se muito acerca da soberania do veredicto do júri, o que acaba mitigado
pela possibilidade de reforma pela revisão criminal. Se o júri fosse realmente soberano,
o máximo que poderia acontecer seria a anulação de realização de novo júri. Outra
questão é a comunicação dos jurados, sendo que o PLS 156 prevê a possibilidade de
discussão entre os jurados, com decisão unânime. A ideia era colocar 8 jurados no
tribunal do júri para evitar a decisão que dá 4 a 3, ou seja, por um voto, que pode ser de
um jurado que sequer sabe o que está fazendo, o acusado irá passar um bom tempo na
prisão. Em relação aos demais aspectos, o júri fica praticamente igual.