:> Manuel Teixeira e Gonçalo Lobo Xavier conhecem a indústria portuguesa por dentro e estão de acordo quanto ao camínho

ao camínho a seguir: criar valor

o País devia era estar a pensar em cenários pós-crise

Indústria + A Europa quer conservar a indústria que lhe resta, evitando ficar à mercê do estado de espírito da China
ISABELCRISTINACOSTA
isabel.costalagrandeportoonline.com
ANTÓNIO RILO (FOTOS)
antoniosilolilgrandeportoonline.com
A sombra do Fundo
Monetário Internacional
(FMI) ficou à porta deste
almoço, que juntou o pre-
sidente executivo da Asso-
ciá! Nacional de Jovens Em-
presários (ANJE) , Manuel
Teixeira, e o director exe-
cutivo da Rede de Centros
Tecnológicos de Portugal
(RECET), Gonçalo Lobo
Xavier, que preferiram fa-
lar nos cenários pós-crise.
"Não quero falar de cri-
se", começou por-dizer
c;rl>nçalo Lobo Xavier, que
entende que o País devia
estar preocupado, tam-
bém, com o rumo a seguir.
"Compreende-se alguma
obsessão pelo défice, agora
temos é que pensar em ce-
nários pós-crise. Os diag-
nósticos já estão feitos, ago-
ra é concentrarmo-nos no
essencial, que é a criação
de valor", atirou.
E Manuel Teixeira ace-
nou com um ponto a favor
de Portugal. O,aumento
de 15por cento das expor-
tações no terceito trimes-
tre deste ano (Iulho, Agos-
to e Setembro) face a igual
período do ano passado, O
que permitiu atenuar o sal-
do negativo da balança co-
mercial portuguesa. "É um
sinal de esperança, o cami-
nho é por aqui e não como
ainda oiço algumas vozes
a dizer que é preciso rea-
nimar o consumo interno,
 GRANDE
IzNovembro~olO
PORTO
isso nem pensar, é insus-
tentável", afiançou o presi-
dente executivo da AN]E.
Quisemos saber como é
que no actual contexto as
empresas conseguem ino-
var. Gonçalo Lobo Xavier
apontou de imediato os
novos modelos de inova-
ção aberta, que favorecem
a partilha de trabalho nas
chamadas redes de conhe-
cimento.
VALES DE IDT
E DE INOVAÇÃO
O director executivo da
RECET trouxe pata cima
da mesa os Vales de IDT
e de Inovação, ou seja, ins-
trumentos pará aquisição
de serviços de investigação
ou consultoria. O Minísté-
rio da Economia cenrrncou
120 entidades, "mas só cer-
ca de 60 é que foram pro-
curadas pelas empresas".
Gonç'alo Lobo Xavier
-'deindústria
l~,'",::r~t~~ excessiv~ carga
~ratlca destes ínstru-
mentes e a falta de conti-
núidade dos mesmos. Por-,
que "continua a haver da
parte de quem define os
apoios e os incentivos pú-
blicos' um relativo desco-
- nhecimento da realidade
",,' émpresaríal.equando digo
':"rélàti~Ó desconhecimento
;éstou a ser muito educado",
acabou por íronizar,
Maslembra que "há ópti-
mos exemplos de universi-
dades que têm já unidades
orgânicas vocacionadas
para trabalharpara o clien-
te e a empresa, mas conti-
nuam a ser exemplos pon-
tuais porque o empresário
tem uma forma de falar e
de identificar os seus pro-
blemas que ínuitas vezes
não se compadece com a
forma de trábalhar de uma
universidade, que tem que
compreender a linguagem
do empresário".
E Manuel Teixeiraacres-
centou: "O caminho é ter
mais inovação, mais mar-
ca, mais qualidade, mas fa-
zer isto de uma forma sus-
tentada. O que aconteceu
nos últimos dez anos é que
demos um salto demasia-
do grande para aquilo que
era a capacidade das nos-
sas empresas e matámos
as indústrias, falo também
das tradicionais, que agora
nos fazem falta nas expor-
tações e no emprego".
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,
D'llerenças
c a' Mesa
Política Agora a Europa
já precisa da indústria
Na Europa há um novo brou que a ideia vigente a todos os níveis. Manuel
sIogan: ''A Europa precisa era a de que os fundos co- Teixeira diz que esta tem
da indústria e a indústria munitários eram ilimita- sido a estratégia de muitas
precisa da Europa". Para dos e tivemos anos segui- empresas que procuram
Gonçalo Lobo Xavier "isto' dos de políticas g()verna- afirmar-sefora deportas.
é Iindíssímo", sobretudoe.. mentais orientad~p.,,!aa E com um constante
quando "nos últimos dez" dinamízaçãó do consumo "update" tecnológíco.have-
anos matámos as empre- interno, o que não ficou, rá sempre"oportunidades
sas que agora nos fazem bein na fotografia da, eco- à nossa dimensão, ou seja,
falta nas exportações e 110 nomia portuguesa. enveredando por nichos de
emprego", acrescentou E Gonçalo LoboXavier mercado", frisou o director
Manuel Teixeira atira mais uma acha para a executivo da Rede de Cen-
Sendo a competitivida- fogueira "Há uma desade- tros Tecnológicos de Por-
de pelo preço uma realida- quação gritante ao nível da tugal (RECET). Gonçalo
de" a indústria portuguesa oferta de ensino e as reais Lobo Xavieracredita.que
deve bater-se pela criação necessidades do País", su- os tempos difíceis contínu-
de valor. O porta-voz dos blinhou. arão, "mas sáberemos estar
GONÇALO LOBO
jovens empresárioslem- Agora, há que inovar e à altura".
XAVIER
Em Portugal só
se vai falar de in-
ternaclcnalíza-
çào enaEuropa
MANUEL TEIXE1RA
O aumento das
exportações é
umsinaldees-
perança, o carni-
nho é por aqui
GONÇALO LOBO
XAVIER
Osdiaqnósticos
já estão feitos.
agC?ra é concen-
trarmo-nos no
essencial.que é
a criação de valor
MANUEL TEIXEIRA
Nos últimos dez :l Um almoço dedicado não só aos problemas, mas também às soluções para o País
anos matámos
as empresas que
agora nos fazem
falta nas expor-
tações e no em-
prego
Incentivos Um QREN
desajustado da realidade
Sem ''Diferenças àMesa, QREN nos projectos de jo- do 'que nunca, o QREN
Manuel Teixeirae Gonçalo vens empresários. tem um problema de ajus-
'Lobo Xavier também con- ''A avaliação do QREN tamento à realidade".
cordam quanto ao facto de não é negativa", respon- Segundo o presidente
o Quadro de ReferênciaEs- deu Gonçalo Lobo Xavier, exeCutivo da AN]E, apoia-
tratégioo Nacional (QREN) identificando os grandes do pelo director executi-
estar desajustado da rea- males: "Continua a haver voda RECET, o que falta é
lidade. "O senhor minis- muita burocracia, falta agi- orientar as políticas públi-
tro da Economia disse há lizar processos. Agora es- cas para o que é realmente
dias que só gastámos cin- tamos numa fase em que prioritário. "Primeira coi-
co mil milhões do QREN, tudo o que se possa fazer é sa, exportações e segunda,
que ainda tem um bolo de bom, mas é um pouco tar- inovação. É uma questão
cerca de 20 mil milhões de. Temo pela execução do de sobrevivência", disse. E
de euros", disse Manuel QREN". Gonçalo Lobo Xavier che-
Teixeira, adiantando que Manuel Teixeira inter- gou à conclusão de que "f0-
a ANJE tem vindo a re- rompeu dizendo que "fal- mos maus alunos na utili-
clamar sem sucesso uma ta visão e clareza nas polí- zação de fundos comunitá-
maior comparticipação do ticas públicas e hoje, mais rios ao longo dos anos".
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